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DIREITO

CONSTITUCIONAL
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AVISO DE DIREITOS AUTORAIS
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temos dedicado todas nossas energias nos últimos meses.

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consigamos atingir essa meta, sua ajuda é imprescindível.

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Bons estudos!
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Aula revisada e atualizada em 24/05/2023

DIREITO CONSTITUCIONAL – AULA 18


INTERVENÇÃO
INTERVENÇÃO ....................................................................................................................................... 4
ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO ..................................................................................................................... 4
PRINCÍPIOS QUE REGEM A INTERVENÇÃO .............................................................................................. 5
Princípio da excepcionalidade (ou não-intervenção) ............................................................................ 5
Princípio da necessidade....................................................................................................................... 5
Princípio da temporariedade ................................................................................................................ 5
Princípio da formalidade ...................................................................................................................... 6
MOTIVOS AUTORIZADORES DA INTERVENÇÃO (PRESSUPOSTOS DE FUNDO DA INTERVENÇÃO) ........ 6
Defesa do Estado .................................................................................................................................. 7
Defesa do princípio federativo na CF/88 .............................................................................................. 7
Defesa das finanças estaduais .............................................................................................................. 8
Defesa das finanças municipais ............................................................................................................ 8
Defesa da ordem constitucional ........................................................................................................... 9
ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO FEDERAL À LUZ DA SUA FORMA .............................................................. 13
Intervenção ex officio ......................................................................................................................... 14
Intervenção provocada ....................................................................................................................... 18
CESSAÇÃO DA INTERVENÇÃO ................................................................................................................ 23
CONTROLES DA INTERVENÇÃO ............................................................................................................. 24
Controle político ................................................................................................................................. 24
Controle judicial .................................................................................................................................. 24
INTERVENÇÃO (FEDERAL E ESTADUAL) ESQUEMATIZADA ................................................................... 25
PRINCIPAIS JULGADOS SOBRE INTERVENÇÃO ESTADUAL .................................................................... 32
Simetria constitucional ....................................................................................................................... 33
Legitimidade ....................................................................................................................................... 34
Irregularidade nas contas municipais: atribuição para requerer a intervenção e devido processo
legal .................................................................................................................................................... 35
Representação interventiva perante o Tribunal de Justiça................................................................. 37
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INTERVENÇÃO
A intervenção é um dos pontos mais delicados da federação. A regra é que cada
entidade federada exerça as competências materiais e legislativas que a Constituição
lhe confere, respeitando as demais entidades. A exceção é uma entidade intervir nos
negócios (competências) de outra entidade federada. Portanto, intervenção é uma
situação excepcional em que a repartição de competências é, de certa forma, abalada,
porque uma entidade passa a exercer as competências (totais ou parciais) de outra
entidade que sofre a intervenção, mas com autorização constitucional para isso.

Sobre o conceito de intervenção, cabe lembrar o professor José Afonso da Silva,


que diz que a intervenção “é ato político que consiste na incursão da entidade
interventora nos negócios da entidade que a suporta”. Na expressão “negócios”, devem
ser compreendidas as competências materiais e legislativas. Portanto, a intervenção é
uma situação extraordinária em que uma entidade exerce, de maneira temporária e com
autorização constitucional, parcela da competência de outra entidade.

Nesta aula, abordaremos a intervenção federal e a estadual em conjunto,


deixando claro se eventualmente algum tópico disser respeito apenas à intervenção
federal ou à intervenção estadual. Dessa forma, podemos tornar as coisas mais
dinâmicas. E, considerando a possibilidade de permanecerem dúvidas ao fim do estudo
do esquema traçado pelo texto constitucional, haverá em tópico próprio dois quadros
esquematizados com o objetivo de deixar ainda mais claro o regramento da intervenção
contido na Constituição Federal de 1988.

ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO
São as seguintes as espécies de intervenção previstas na CF/88:
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1 - Intervenção da União nos Estados;


2 - Intervenção dos Estados nos Municípios; e

3 - Intervenção da União em Município situado em Território. Aqui, é necessário


lembrar que, atualmente, não existe Território no Brasil, mas, quando houver, essa
intervenção poderá ocorrer.

Quando realizada pela União, ela é chamada de intervenção federal; quando


realizada por um Estado, de intervenção estadual.

PRINCÍPIOS QUE REGEM A INTERVENÇÃO


Os princípios que regem a intervenção são os apontados a seguir.

Princípio da excepcionalidade (ou não-intervenção)

Significa que a regra é a não intervenção, é que cada entidade federada exerça o
seu rol de competências sem que as outras se metam nos seus negócios.
Excepcionalmente, admite-se que uma entidade exerça competências de outra.

Princípio da necessidade

Significa que, para a intervenção ocorrer, a sua necessidade deve ser


comprovada (deve haver motivos que justifiquem a necessidade da intervenção).
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Princípio da temporariedade
Significa que a intervenção é sempre uma situação temporária, nunca definitiva.

Princípio da formalidade

Significa que há formalidades necessárias na decretação/implementação da


intervenção.

MOTIVOS AUTORIZADORES DA INTERVENÇÃO


(PRESSUPOSTOS DE FUNDO DA INTERVENÇÃO)
Quais são os motivos que podem levar a uma intervenção? Evidentemente, não
é qualquer motivo, mas apenas aqueles constitucionalmente previstos, que são os
seguintes:

1 – Necessidade da defesa do Estado;

2 – Necessidade da defesa do princípio federativo;

3 – Necessidade da defesa das finanças estaduais ou municipais; e

4 – Necessidade da defesa da ordem constitucional.

O que se pode perceber, em última análise, é que esses pressupostos são, na


verdade, as finalidades da intervenção (defender o Estado, defender o princípio
federativo, defender as finanças estaduais ou municipais e defender a ordem
constitucional).
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Enfim, como a CF/88 disciplina cada um desses pressupostos (ou motivos)?
Vejamos.

Defesa do Estado

Quanto à defesa do Estado, o art. 34 da CF/88 assim dispõe:

“Art. 34. A União não intervirá [princípio da não


intervenção, que é a regra] nos Estados nem no Distrito
Federal, exceto [a expressão “exceto” mostra que a
intervenção é uma medida de caráter excepcional] para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira (...);”

Esses incisos I e II elencam motivos ligados à defesa do Estado, pressuposto esse


que apenas se aplica à intervenção decretada pela União (intervenção federal).

Defesa do princípio federativo na CF/88

Quanto ao motivo relativo à defesa do princípio federativo, assim dispõe a CF/88:

“Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no


Distrito Federal, exceto para:
(...)
II - repelir invasão (...) de uma unidade da Federação em
outra;”
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Assim, se uma entidade federada invadir outra, a União deve realizar a
intervenção para que se retorne à normalidade federativa. Esse pressuposto também
diz respeito apenas à intervenção federal.

Defesa das finanças estaduais

Quanto ao motivo interventivo relativo à defesa das finanças estaduais, assim


dispõe a CF/88:

“Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no


Distrito Federal, exceto para:
(...)
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias
fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei;”

Nesses casos, pode ocorrer a intervenção da União nos Estados, para reorganizar
as finanças estaduais. Cuida-se de pressuposto atinente apenas à intervenção federal.

Defesa das finanças municipais

Ainda no que diz respeito à defesa das finanças, assim dispõe a CF/88 a respeito
do motivo interventivo consistente na defesa das finanças MUNICIPAIS:

“Art. 35. O Estado não intervirá [aqui também há


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referência ao princípio da não intervenção, que é a


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regra] em seus Municípios, nem a União nos Municípios


localizados em Território Federal, exceto [aqui também
o caráter excepcional da intervenção é destacado pela
CF/88] quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
dois anos consecutivos, a dívida fundada;”

Pergunta: o que é dívida fundada? Ela tem seu conceito previsto no art. 98 da Lei
4.320/64:

“Art. 98. A dívida Fundada compreende os


compromissos de exigibilidade superior a doze meses,
contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário
ou a financeiro de obras e serviços públicos.” → ISSO É
DÍVIDA FUNDADA E ESSE CONCEITO É O QUE SE
CONSIDERA PARA FINS DE INTERVENÇÃO.

Esse pressuposto, como se pode perceber, relaciona-se apenas à intervenção


decretada pelos Estados-membros (intervenção estadual).

Defesa da ordem constitucional

Quanto à defesa da ordem constitucional, esse motivo interventivo recebe a


seguinte disciplina na CF/88:

“Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no


Distrito Federal, exceto para:
(...)
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
pública;
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IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
nas unidades da Federação;
(...)
VI – prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime
democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta
e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.”

Esses princípios elencados no inciso VII são os chamados princípios


constitucionais sensíveis (que são muito cobrados em provas). A violação a esses
princípios pode dar ensejo a uma representação interventiva, conforme será visto à
frente.

Quanto à intervenção dos Estados nos Municípios, é possível a sua decretação


para defesa da ordem constitucional nas seguintes hipóteses, previstas no art. 35 da
CF/88:

“Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios,


nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando:
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(...)
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II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;


III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde;”
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a
representação para assegurar a observância de
princípios indicados na Constituição Estadual, ou para
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.” → ESSES PRINCÍPIOS INDICADOS NA
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL SÃO OS PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS ESTADUAIS (QUE SÃO
DETERMINADOS PELOS PRÓPRIOS ESTADOS EM SUAS
CONSTITUIÇÕES).

O pressuposto da defesa da ordem constitucional, como se pode notar, diz


respeito tanto à intervenção federal quanto à intervenção estadual.

A respeito da aplicação do mínimo exigido da receita de impostos em ensino e


em saúde, é importante conhecer o teor do art. 212 da CF/88 (que trata do tema em
relação ao ensino) e o art. 198, § 2º, da CF/88 (que trata do tema em relação à saúde,
remetendo a matéria a uma lei complementar, que é a LC 141/2012, cuja leitura
também é importante).

Além disso, é importante registrar que a EC 119/2022 incluiu na CF/88 uma regra
importante relacionada à intervenção estadual. Nos termos do art. 2º dessa emenda
constitucional, especifica e exclusivamente nos anos 2020 e 2021, o descumprimento,
pelos Municípios, da aplicação do mínimo de recursos constitucionalmente exigido na
educação não autoriza a responsabilização dos entes públicos e/ou de seus agentes nem
tampouco a decretação de intervenção estadual. Essa “anistia” se deveu ao fato de que,
segundo juízo realizado pelo Congresso Nacional, nos anos 2020 e 2021, a pandemia de
COVID-19 foi um fator dificultador do cumprimento do comando constitucional que
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estabelece os recursos que devem ser destinados à educação.


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Essas disposições constam do art. 119 do ADCT (incluído pela EC 119/2022) c/c o
art. 2º da EC 119/2022. Veja:

Art. 1º, EC 119/22. O Ato das Disposições


Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido do
seguinte art. 119:

"Art. 119. Em decorrência do estado de


calamidade pública provocado pela pandemia
da Covid-19, os Estados, o Distrito Federal, os
Municípios e os agentes públicos desses entes
federados não poderão ser responsabilizados
administrativa, civil ou criminalmente pelo
descumprimento, exclusivamente nos
exercícios financeiros de 2020 e 2021, do
disposto no caput do art. 212 da Constituição
Federal.
Parágrafo único. Para efeitos do disposto no
caput deste artigo, o ente deverá
complementar na aplicação da manutenção e
desenvolvimento do ensino, até o exercício
financeiro de 2023, a diferença a menor entre
o valor aplicado, conforme informação
registrada no sistema integrado de
planejamento e orçamento, e o valor mínimo
exigível constitucionalmente para os exercícios
de 2020 e 2021."

Art. 2º, EC 119/22. O disposto no caput do art. 119 do


Ato das Disposições Constitucionais Transitórias impede
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a aplicação de quaisquer penalidades, sanções ou


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restrições aos entes subnacionais para fins cadastrais,


de aprovação e de celebração de ajustes onerosos ou
não, incluídas a contratação, a renovação ou a
celebração de aditivos de quaisquer tipos, de ajustes e
de convênios, entre outros, inclusive em relação à
possibilidade de execução financeira desses ajustes e de
recebimento de recursos do orçamento geral da União
por meio de transferências voluntárias.
Parágrafo único. O disposto no caput do art. 119 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias também
obsta a ocorrência dos efeitos do inciso III do caput do
art. 35 da Constituição Federal.

Enfim, esses são os motivos que podem levar a uma intervenção.

Esses motivos estão ligados a determinadas formas. Não há um modelo formal


único de intervenção, mas sim várias espécies formais de intervenção, podendo haver
uma forma diferente para cada motivo interventivo. Em outras palavras: há mais de um
procedimento a ser seguido para as diferentes hipóteses de intervenção. Vejamos.

ESPÉCIES DE INTERVENÇÃO FEDERAL À LUZ DA SUA


FORMA
A intervenção federal recebeu tratamento da CF/88 mais minucioso do que a
intervenção estadual. Assim, a Constituição Brasileira em vigor, disciplinando a
intervenção decretada pela União, permite que sejam apontadas as seguintes espécies
interventivas, levando em conta a forma de decretação (isto é, o procedimento que
deve ser observado):
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1 – Intervenção ex officio; e
2 – Intervenção provocada. Essa provocação pode se dar (art. 36, I, II e III, CF/88):

a) Por solicitação;
b) Por requisição; ou
c) Por provimento judicial de representação interventiva (aqui é importante
lembrar que a Lei 12.562/2011 trata da representação interventiva no STF).

Intervenção ex officio

A intervenção ex officio é aquela cuja forma atende a uma regra geral (isto é, a
intervenção ex officio é o modelo básico de intervenção na CF/88). Ela é decretada (ex
officio) pelo Presidente da República, com base em seu juízo pessoal de conveniência e
oportunidade.

Qual é o procedimento formal básico da intervenção ex officio? É o seguinte:

1 – Há a oitiva do Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional (arts. 90, I,


e 91, § 1º, II, CF/88);

2 – Há a edição do decreto presidencial de intervenção; e

3 – Há a submissão do decreto de intervenção à apreciação do Congresso Nacional em


24 horas.

Segundo a doutrina dominante, a oitiva dos conselhos tem natureza opinativa,


e não vinculante. Essa oitiva é obrigatória nos casos de intervenção ex officio e no caso
da intervenção provocada por solicitação (porque, nesses casos, há juízo de
conveniência e oportunidade do Presidente da República, e, na formação desse juízo de
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conveniência e oportunidade, o Presidente da República deve ouvir o Conselho da


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República e o Conselho de Defesa Nacional).


Note-se, ainda, que essa oitiva dos conselhos não se aplica nos casos de
intervenção provocada por requisição ou por provimento judicial de representação
interventiva, pois, nesses casos, não há juízo de conveniência e oportunidade sobre a
decretação da intervenção. Observe-se, assim, que requisição difere de solicitação
(enquanto na solicitação há liberdade para atender ou não o pedido, na requisição há
obrigatoriedade de atendimento do pedido).

Ademais, no que tange à intervenção provocada por provimento judicial, a Lei


12.562/2011 não prevê oitiva do Conselho da República nem do Conselho de Defesa
Nacional.

Portanto, há essa distinção importante: se há discricionariedade do Presidente


de República, devem ser ouvidos os referidos conselhos; se não há discricionariedade
do Presidente da República, não há oitiva desses conselhos (pois, a bem da verdade,
sequer há motivo para isso).

ATENÇÃO! Discricionariedade, segundo a doutrina, existe na intervenção ex officio e na


intervenção provocada por mera solicitação.

Após a oitiva dos conselhos, se o Presidente da República entender que é caso


de intervenção, ele irá editar o decreto de intervenção, que possui requisitos e limites
constitucionais, e, em seguida, irá submeter esse decreto à apreciação do Congresso
Nacional, conforme consta do art. 36, § 1º, da CF/88:

“Art. 36, § 1º - O decreto de intervenção, que


especificará a amplitude, o prazo e as condições de
execução e que, se couber, nomeará o interventor, será
submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da
Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e
quatro horas.”
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Como se percebe, nem sempre haverá interventor, mas apenas quando isso for
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necessário.
Ainda, o § 2º do art. 36 da CF/88 assim dispõe:

“Art. 36, § 2º - Se não estiver funcionando o Congresso


Nacional ou a Assembléia Legislativa, far-se-á
convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e
quatro horas.”

O art. 49 da CF/88 prevê a competência exclusiva do Congresso Nacional para


APROVAR ou SUSPENDER a intervenção federal. Esse tema também merece atenção.

“Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso


Nacional:
(...)
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma
dessas medidas;”

Conforme mencionado acima, se couber, haverá nomeação de interventor (tanto


na intervenção federal quanto na estadual), que poderá substituir qualquer autoridade
da entidade que sofre a intervenção. Além disso, o interventor praticará atos no
exercício da intervenção, atos esses que podem ser de duas espécies, a saber:

1 – Atos ligados diretamente à intervenção (isto é, diretamente ligados ao


motivo/objeto da intervenção); e

2 – Atos da gestão (comum, cotidiana, do dia-a-dia) da entidade que sofre a intervenção.

Qual é a diferença prática entre essas duas espécies de atos do interventor no


exercício da intervenção? É a RESPONSABILIDADE CIVIL.
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Segundo a doutrina, nos atos ligados diretamente ao objeto/motivo da


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intervenção, a responsabilidade civil principal é da entidade que promove a intervenção.


Por outro lado, nos atos da vida cotidiana, a responsabilidade civil principal é da
entidade que sofre a intervenção, mas a entidade que promove a intervenção pode ter
uma responsabilidade subsidiária. Exemplo: o interventor, substituindo o Governador
do Estado que sofre a intervenção, além de praticar os atos necessários para resolver o
problema que deu origem à intervenção, também terá de gerir o Estado no dia-a-dia (irá
nomear, exonerar servidores etc.). Nos atos do dia-a-dia quem primeiro responde é o
próprio Estado, tendo a União responsabilidade apenas subsidiária; e, nos atos que
dizem respeito ao objeto da intervenção, a responsabilidade da União é direta (é a União
que responde diretamente em relação a esses atos).

Segundo o STF, a escolha do interventor é ato político de juízo exclusivo do Chefe


do Executivo (seja qual for a espécie e a hipótese de intervenção), de modo que não
pode haver a exigência (nem mesmo por norma inserida em Constituição Estadual) de
que essa escolha seja submetida à apreciação do Poder Legislativo, para que sabatine o
interventor e aprove a sua escolha, já que não há previsão na Constituição Federal nesse
sentido. Conforme destacou o Ministro Alexandre de Moraes na ADI 2167 (julgada em
03/06/2020), “o que a Constituição estabelece é que, em vinte e quatro horas, o decreto
deve ser analisado, no caso aqui pela Assembleia Legislativa, para verificar as condições,
para verificar as hipóteses, para verificar a extensão, para verificar a legalidade. O
interventor - e essa é a divisão entre o Executivo e o Legislativo na intervenção - é de
escolha e confiança do Chefe do Executivo. Ao colocar, na legislação do Estado a
necessidade de sabatina, da participação do Legislativo para escolha do interventor,
acaba quebrando, ao meu ver, (...) determinação expressa da Constituição (...)”.

Por fim, é importante destacar que o art. 36, § 3º, da CF/88 traz a possibilidade
clara de haver intervenção sem necessidade de apreciação do Legislativo e de nomeação
de interventor. Vejamos:

“Art. 36, § 3º - Nos casos do art. 34, VI [prover a


execução de lei federal, ordem ou decisão judicial] e VII
[violação de princípios constitucionais sensíveis –
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representação interventiva], ou do art. 35, IV [ADI


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interventiva estadual], dispensada a apreciação pelo


Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o
decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato
impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento
da normalidade.” → NESSE CASO NÃO É NECESSÁRIO
NOMEAR INTERVENTOR, PORQUE BASTA SUSPENDER
O ATO IMPUGNADO.

Intervenção provocada

No caso da intervenção provocada, a edição do decreto interventivo já não é ex


officio, sendo outra a forma. Nesse caso, a edição do decreto interventivo depende de
um requisito prévio, o qual pode ser uma solicitação, uma requisição ou um provimento
judicial do STF (ou do TJ, no caso de intervenção estadual).

A exigência do referido requisito prévio está vinculada a qual é o motivo


ensejador da intervenção.

No caso da requisição e no caso do provimento judicial, há uma espécie de


controle diferenciado da intervenção, tendo em vista o princípio da excepcionalidade.
Nesse caso, a intervenção não se dá de ofício, sendo necessário algo mais (isto é, uma
requisição ou um provimento judicial).

Nesse contexto, sendo caso de requisição ou de provimento judicial, esvazia-se


o exame da conveniência e da oportunidade do Executivo (e, justamente por isso, não é
preciso ouvir o Conselho da República nem o Conselho de Defesa Nacional, pois já terá
havido outra espécie de controle, seja por meio de uma requisição ou de um provimento
judicial).

As hipóteses de intervenção por provocação mediante solicitação e requisição


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estão previstas na CF/88, e são as seguintes (art. 36, CF/88):


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“Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:


I – no caso do art. 34, IV [garantir o livre exercício de
qualquer dos Poderes nas unidades da Federação], de
solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo
coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo
Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o
Poder Judiciário;
II – no caso de desobediência a ordem ou decisão
judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior
Eleitoral;”

Essas, então, são as hipóteses de solicitação e de requisição. Perceba que, na


solicitação, continua havendo juízo (maior) de conveniência e de oportunidade do
Presidente da República (que continua tendo de ouvir o Conselho da República e o
Conselho de Defesa Nacional); já no caso de requisição, o âmbito de discricionariedade
do Presidente da República é muito menor (e, portanto, não há necessidade de oitiva
dos referidos conselhos).

Importante registrar que, no caso de requisição de intervenção federal


decorrente de descumprimento de ordem ou decisão judiciária (arts. 34, VI, e 36, II,
CF/88), o STF possui o entendimento de que essa hipótese de intervenção só é possível
se a desobediência ao comando judicial for voluntária e intencional, isto é, for dolosa.
Dessa forma, o descumprimento da ordem ou decisão em virtude de impossibilidade ou
incapacidade do Estado de lhe dar cumprimento não autoriza a medida interventiva. O
exemplo clássico disso é a situação em que o Estado deixa de pagar precatório (que
representa uma obrigação de pagar decorrente de decisão judicial) por insuficiência de
recursos que não tenha sido causada por desídia na elaboração do orçamento, e sim por
falta de capacidade financeira. Esse entendimento pode ser encontrando nos seguintes
precedentes: IF 1.917 AgR, j. 17/03/2004; IF 4.640 AgR, j. 29/03/2012; IF 298, j.
27/02/2004; IF 5.101, IF 5.105, IF 5.106 e IF 5.114, j. 28/03/2012.
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Além disso, segundo o Supremo Tribunal Federal, a competência para requisitar
a intervenção nessa hipótese (de descumprimento de ordem ou decisão judicial) caberá
ao próprio ao STF, ao STJ ou ao TSE de acordo com a matéria envolvida. Se envolver
matéria eleitoral, caberá ao TSE; se envolver matéria infraconstitucional comum, caberá
ao STJ; se envolver matéria constitucional, caberá ao STF.

E se a matéria for trabalhista ou militar? Nesse caso, embora se trate de questões


infraconstitucionais, a atribuição para requisitar a intervenção também será do STF, pois
esses temas não se inserem no âmbito de atuação do STJ nem tampouco do TSE.

Nas palavras utilizadas pelo STF, ao interpretar o art. 36, II, da CF/88, “define-se
a competência pela matéria, cumprindo ao STF o julgamento quando o ato inobservado
lastreia-se na CF; ao STJ quando envolvida matéria legal e ao TSE em se tratando de
matéria de índole eleitoral” (IF 2.792, j. 04/06/2003). Igualmente, afirmou que “cabe
exclusivamente ao STF requisição de intervenção para assegurar a execução de decisões
da Justiça do Trabalho ou da Justiça Militar, ainda quando fundadas em direito
infraconstitucional: fundamentação” (IF 230, j. 24/04/1996).

Importante registrar a esse respeito, também, que as partes da ação em que foi
proferida a ordem ou decisão descumprida só podem se dirigir diretamente ao STF, para
solicitar que a Corte requisite a intervenção, caso se trate de decisão proferida pelo
próprio STF. Se, por outro lado, tratar-se de decisão (ou ordem) proferida por outro
Tribunal, as partes do processo de origem devem se dirigir ao próprio Tribunal prolator
da decisão, para que este se dirija, em seguida, ao STF, representando pela requisição
da intervenção.

Conforme já esclareceu o STF, “a parte interessada na causa somente pode se


dirigir ao STF, com pedido de intervenção federal, para prover a execução de decisão da
própria corte. Quando se trate de decisão de tribunal de justiça, o requerimento de
intervenção deve ser dirigido ao respectivo presidente, a quem incumbe, se for o caso,
encaminhá-lo ao STF” (IF 105 QO, j. 03/08/1992). Nesse mesmo sentido, a Corte se
manifestou na IF 4.677, julgada em 19/03/2012.
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Quanto à representação interventiva, ela (e seu provimento) pode ser
necessária para que o decreto de intervenção ocorra. Isso está previsto no art. 36, III, da
CF/88, que assim dispõe:

“Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:


(...)
III – de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
representação [é a chamada representação
interventiva] do Procurador-Geral da República
[somente o PGR tem legitimidade para essa
representação], na hipótese do art. 34, VII [violação dos
princípios constitucionais sensíveis], e no caso de
recusa à execução de lei federal.”

Esses são os casos de representação interventiva no STF e estão de acordo com


o art. 129, IV, da CF/88, que trata das atribuições do MP. Lembre-se, mais uma vez, que
apenas o PGR tem legitimidade ativa para apresentar, no STF, a representação
interventiva.

Se o STF der provimento à representação interventiva, o Presidente da República


irá praticar um ato (de intervenção) vinculado, não havendo mais discricionariedade,
conforme já mencionado anteriormente.

ATENÇÃO!

Mesmo na hipótese de requisição ou de provimento judicial, o Presidente da


República pode ter ainda algum espaço (menor) de discricionariedade. Esse espaço
(menor) diz respeito ao conteúdo do decreto de intervenção, como, por exemplo, quem
será nomeado interventor, qual será a duração e a amplitude da intervenção etc. Mas,
nesses casos, o Presidente da República TEM (obrigatoriamente) de editar o decreto
interventivo.
21
Página
Quanto à representação perante o STF, conforme já mencionado, a Lei
12.562/2011 disciplinou o art. 36, III, da CF/88, isto é, disciplinou a representação
interventiva perante o STF (que é a representação para decretação de intervenção
federal). A leitura dessa lei é muito importante (recomendo que o aluno a faça como
complementação a esta aula).

Além da representação perante o STF, há ainda a representação interventiva


estadual, que será apreciada pelo TJ do respectivo Estado, na forma prevista no art. 35,
IV, da CF/88 (provimento pelo TJ de representação para assegurar a observância dos
princípios constitucionais sensíveis estaduais ou para prover a execução de lei, de ordem
ou de decisão judicial). Aqui, o Governador também terá o seu âmbito de
discricionariedade reduzido, porque, em sendo provida uma representação interventiva
estadual, ele não pode decidir se realizará ou não a intervenção, tendo ele de editar o
decreto interventivo, possuindo discricionariedade apenas a respeito do conteúdo
desse decreto (como, por exemplo, quem será o interventor, qual será a duração e a
amplitude da intervenção etc.).

ATENÇÃO!

Ao contrário da intervenção federal, que tem seu procedimento mais detalhado


pela CF/88, a intervenção estadual não recebe esse mesmo tratamento minucioso, o
que parece dar certa liberdade aos Estados-membros para dispor sobre alguns aspectos
do trâmite da medida interventiva (por exemplo, de onde deve vir, sendo caso, a
provocação para que o Governador decrete a intervenção nas hipóteses que não se
submetem à necessidade de ADI interventiva estadual). É justamente por isso (falta de
regramento direcionado à intervenção dos Estados nos Municípios) que, quando
apontamos as espécies de intervenção à luz da forma de decretação da medida,
restringimos essa classificação à intervenção federal.

É importante registrar que, segundo entende o Supremo Tribunal Federal, não


há prazo decadencial para a apresentação da representação interventiva (ADI
22

interventiva), tal qual inexiste prazo decadencial para a instauração de controle de


Página
constitucionalidade em geral, já que vícios de inconstitucionalidade não são
convalidados pelo decurso do tempo.

Esse entendimento encontra-se estampado na Súmula 360/STF, que foi editada


na vigência da Constituição de 1946 e diz que “não há prazo de decadência para a
representação de inconstitucionalidade prevista no art. 8º, parágrafo único, da CF”.

O dispositivo mencionado nessa súmula era o que previa, no texto constitucional


de 1946, a ADI interventiva, mas essa linha de raciocínio encontra-se presente no STF
até os dias atuais, como ficou claro, por exemplo, na ADI 3920, julgada em 05/02/2015,
na qual a Corte afirmou que “a instauração do controle concentrado de
constitucionalidade não está sujeita à observância de qualquer prazo decadencial,
porquanto a norma inconstitucional jamais fica convalidada pelo decurso do tempo.
Assim está revelado o Verbete 360 da Súmula do Supremo (...)”.

CESSAÇÃO DA INTERVENÇÃO
Veja que a necessidade, a excepcionalidade e a temporariedade da intervenção
impõem que esta, em qualquer caso, deve cessar assim que for possível. Ora, se a
intervenção é medida excepcional e temporária, uma vez desaparecido o motivo que
levou à sua decretação, deve ela ser suspensa imediatamente. Isso, inclusive, está
expressamente previsto no art. 36, § 4º, da CF/88:

“Art. 36, § 4º - Cessados os motivos da intervenção, as


autoridades afastadas de seus cargos a estes voltarão,
salvo impedimento legal.”

Portanto, se a União intervém no Estado ou se o Estado intervém no Município


23

(e havendo afastamento de alguma autoridade, que não necessariamente deve ser o


Página

Chefe do Poder Executivo, podendo ser afastada qualquer autoridade estadual ou


municipal, que será definida em cada caso concreto), uma vez cessada a necessidade da
intervenção, ela deve parar. Isso é decorrência dos princípios da temporariedade, da
excepcionalidade e da necessidade.

CONTROLES DA INTERVENÇÃO
O caráter excepcional e o caráter temporário da intervenção indicam que ela
sempre deve ser submetida a certos controles. Esses controles podem ser de duas
naturezas, conforme consta a seguir.

Controle político

É exercido pelo Congresso Nacional (ou, no caso dos Estados, pela Assembleia
Legislativa respectiva); e pelo PGR (ou, no caso dos Estados, pelo PGJ respectivo, nos
termos do art. 29, II, da Lei Federal 8.625/93), que exerce esse controle quando realiza
o juízo (de conveniência) sobre promover ou não a representação interventiva. Há,
portanto, esses dois controles de natureza política.

Controle judicial

O controle judicial pode ser:

a) Em relação aos pressupostos e requisitos constitucionais da intervenção.


Assim, por exemplo, pode se tratar de uma intervenção decretada de ofício em
que o Presidente da República enxergou a necessidade da medida, podendo isso
ser judicializado sob a alegação de não estarem presentes os pressupostos e os
24
Página
requisitos constitucionais da intervenção, o que pode ser analisado pelo
Judiciário (por exemplo, pelo STF).
b) Por meio do provimento ou não da representação interventiva. Nesse caso, o
PGR ou o PGJ apresenta a representação interventiva e o STF ou o TJ respectivo
decide se dá ou não provimento a essa representação.
c) Em relação aos atos praticados pelo interventor. Assim, se o interventor
exorbitar dos limites da intervenção, os seus atos poderão ser contestados e
controlados judicialmente.

Como se pode perceber, a intervenção terá sempre controle, seja ele político
ou judicial.

Além disso, é necessário lembrar que a vigência de uma intervenção federal é


uma limitação circunstancial ao poder de reforma, conforme prevê o art. 60, § 1º, da
CF/88:

“Art. 60, § 1º - A Constituição não poderá ser emendada


na vigência de intervenção federal, de estado de defesa
ou de estado de sítio.”

Portanto, se estiver vigente uma intervenção federal, seja ela de ofício ou


provocada, os procedimentos de elaboração de emenda constitucional ficam
paralisados no Congresso Nacional.

INTERVENÇÃO (FEDERAL E ESTADUAL)


ESQUEMATIZADA
Com o intuito de facilitar o estudo do tema, esquematizei de forma
25

correlacionada os motivos e as formas de intervenção federal e estadual. Veja abaixo.


Página
MOTIVO DA INTERVENÇÃO FORMA DA INTERVENÇÃO
FEDERAL FEDERAL
Manter e integridade nacional (art. 34, I) De ofício pelo Presidente da República,

Repelir invasão estrangeira ou de um ouvidos o Conselho da República (CR) e o


Estado da Federação em outro (art. 34, II) Conselho de Defesa Nacional (CDN),
Pôr termo a grave comprometimento da mediante decreto de intervenção que
ordem pública (art. 34, III) deve ser submetido à apreciação do
Congresso Nacional em 24 horas.
Reorganizar as finanças públicas: não
pagamento por mais de dois anos da
dívida fundada ou não repasse de verbas
aos Municípios (art. 34, V)
Garantir o livre exercício do Poder Por solicitação do Poder Executivo ou do
Executivo ou do Poder Legislativo (art. 34, Poder Legislativo ao Presidente da
IV) República, devendo ser ouvidos o CR e o
CDN, mediante decreto de intervenção
submetido à apreciação do Congresso
Nacional em 24 horas.
Garantir o livre exercício do Poder Por requisição do STF ao Presidente da
Judiciário (art. 34, IV) República, mediante decreto de
intervenção, que será submetido ao
Congresso Nacional.
Prover a execução de ordem ou decisão Por requisição do STF, do STJ ou do TSE ao
judicial (art. 34, VI) Presidente da República, mediante
decreto de intervenção, sem necessidade
de oitiva do CR e do CDN, nem de
submissão ao Congresso Nacional se a
mera suspensão da execução do ato
impugnado bastar ao restabelecimento
da normalidade.
Prover a execução de lei federal (art. 34, Por provimento, pelo STF, de
26

VI) representação interventiva ajuizada pelo


Página
Assegurar a observância dos princípios Procurador-Geral da República, mediante
constitucionais sensíveis (art. 34, VII) decreto presidencial de intervenção, sem
necessidade de oitiva do CR e do CDN,
nem de submissão ao Congresso Nacional
se a mera suspensão da execução do ato
impugnado bastar ao restabelecimento
da normalidade.

MOTIVO DA INTERVENÇÃO FORMA DA INTERVENÇÃO


ESTADUAL ESTADUAL
Não pagamento de dívida fundada por De ofício pelo Governador do Estado,
dois anos consecutivos (art. 35, I) mediante decreto de intervenção que
Não prestação de contas (art. 35, II) deve ser submetido à apreciação da
Assembleia Legislativa em 24 horas.
Não aplicação do mínimo exigido na
saúde e na educação (art. 35, III)
Assegurar a observância de princípios Por provimento, pelo Tribunal de Justiça,
indicados na Constituição Estadual; de representação do Procurador-Geral de
prover a execução de lei, de ordem ou de Justiça, mediante decreto governamental
decisão judicial (art. 35, IV) de intervenção que não precisa ser
submetido à Assembleia Legislativa se a
mera suspensão da execução do ato
impugnado bastar ao restabelecimento
da normalidade (mas, se a suspensão do
ato não se mostrar suficiente e houver
efetiva adoção de medidas interventivas,
deverá haver o controle político pelo
Legislativo).
27

COMO O ASSUNTO JÁ FOI COBRADO EM CONCURSOS?


Página
(FCC – PGE/MA – 2016) Segundo a Constituição Federal, o Estado que não investir
no mínimo 25% da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a
proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino ficará
sujeito à intervenção federal, decretada pelo Presidente da República,
(A) independentemente de prévio julgamento da matéria pelo STF, devendo o decreto
interventivo ser submetido à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas;
retenção, pela União, de transferências de recursos previstas na Constituição Federal.
(B) após o julgamento, pelo STF, de representação interventiva proposta pelo
Procurador-Geral da República, dispensada a submissão do decreto interventivo à
apreciação do Congresso Nacional; retenção, pela União, de transferências de
recursos previstas na Constituição Federal; vedação de aumento das despesas com
pessoal.
(C) após o julgamento, pelo STF, de representação interventiva proposta pelo
Procurador-Geral da República, devendo o decreto limitar-se a suspender a execução
do ato impugnado perante o STF, se essa medida bastar ao restabelecimento da
normalidade, caso em que será dispensada sua submissão à apreciação do Congresso
Nacional; retenção, pela União, de transferências de recursos previstas na
Constituição Federal.
(D) após o julgamento, pelo STF, de representação interventiva proposta pelo
Procurador-Geral da República, devendo o decreto limitar-se a suspender a execução
do ato impugnado perante o STF, se essa medida bastar ao restabelecimento da
normalidade, caso em que será dispensada sua submissão à apreciação do Congresso
Nacional.
(E) independentemente de prévio julgamento da matéria pelo STF, devendo o decreto
interventivo ser submetido à apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas;
retenção, pela União, de transferências de recursos previstas na Constituição Federal;
vedação de aumento das despesas com pessoal.
COMENTÁRIOS:
Nessa questão, a banca exigiu justamente o conhecimento do que esquematizamos
nas tabelas acima: a hipótese de intervenção e a respectiva forma de decretação. As
28

várias assertivas mesclaram as disposições constitucionais tentando confundir o


Página
candidato e é por esse motivo que é importante uma leitura atenta da Constituição
Federal sobre o tema e consolidar o conhecimento estudando o esquema que
traçamos nesta aula.
GABARITO: D
(CESPE – PGM/BH – 2017) Julgue:
Em relação à ADI interventiva, a intervenção estadual em município será possível
quando o Poder Judiciário verificar que ato normativo municipal viola princípio
constitucional sensível previsto na Constituição estadual.
COMENTÁRIOS:
Estamos diante de mais uma questão que exigia simplesmente o conhecimento do
teor da Constituição Federal acerca das hipóteses de cabimento da intervenção (no
caso, da intervenção estadual). A hipótese descrita na assertiva encontra-se prevista
no art. 35, IV, da CF/88.
GABARITO: CERTO
(CESPE – PGE/AM – 2016) Julgue:
No caso de representação com vistas à intervenção estadual em município para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição estadual, o
provimento do pedido pelo tribunal de justiça não pode consistir na suspensão da
execução do ato normativo impugnado, mesmo que essa medida baste ao
restabelecimento da normalidade.
COMENTÁRIOS:
Conforme consta da tabela esquematizada, na hipótese de provimento da ADI
interventiva estadual, a medida pode consistir na simples suspensão do ato
impugnado, desde que seja suficiente para restabelecer a normalidade, situação em
que não será necessário haver controle pelo Poder Legislativo (art. 36, § 3º, CF/88).
Como se pode perceber, novamente, o candidato, para resolver a questão, precisava
apenas conhecer a literalidade do texto constitucional.
“§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV,
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou
pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
29
Página
suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida bastar ao restabelecimento da normalidade.”
GABARITO: ERRADO
(CESPE – PGM/Manaus – Procurador do Município – 2018) Conforme regras e
interpretação da CF, julgue o item subsequente, relativos a autonomia municipal e
intervenção de estado-membro em município.
Diante de descumprimento de princípios indicados na Constituição estadual, poderá
o TCE/AM dar provimento a representação a fim de assegurar a observância de tais
preceitos através de intervenção do estado-membro no município.
COMENTÁRIOS:
Conforme vimos, essa representação interventiva é apreciada pelo Tribunal de Justiça
do Estado respectivo, não pelo Tribunal de Contas.
GABARITO: ERRADO
(CESPE – MPC/PA – Procurador de Contas – 2019 – Adaptada) À luz da doutrina e da
jurisprudência do STF acerca da organização do Estado brasileiro e da distribuição
de competências federativas, julgue:
Cabe intervenção federal em município em caso de descumprimento de decisão de
tribunal federal.
COMENTÁRIOS:
Conforme vimos, a União não pode intervir em Município, exceto se o Município
estiver localizado em Território Federal (art. 35, caput, CF/88).
GABARITO: ERRADO
(CESPE – PGM/Campo Grande – Procurador Municipal – 2019) Com relação à
organização do Estado e às funções essenciais à justiça, julgue o item subsecutivo.
Situação hipotética: Determinado estado da Federação violou autonomia municipal
por ter repassado a seus municípios, em valor menor do que o devido e com atraso,
receitas tributárias obrigatórias determinadas pela Constituição Federal de 1988.
Assertiva: Nessa situação, o presidente da República não pode decretar de ofício
intervenção federal no referido estado.
COMENTÁRIOS:
30
Página
Nessa situação, a intervenção depende de acolhimento, pelo STF, de representação
interventiva (ADI interventiva) apresentada pelo Procurador-Geral da República (art.
34, VII, “c”, c/c art. 36, III, CF/88).
GABARITO: CERTO
(CESPE – Prefeitura de Boa Vista/RR – Procurador Municipal – 2019) A respeito de
intervenção estadual nos municípios, julgue o item que se segue.
Uma das hipóteses em que a intervenção dos estados em seus municípios é
autorizada é a não aplicação do mínimo exigido da receita municipal nas ações de
manutenção e desenvolvimento do ensino.
COMENTÁRIOS:
Essa hipótese interventiva está prevista expressamente no art. 35, III, da CF/88,
conforme vimos.
GABARITO: CERTO
(FCC – PGE/GO – 2021) Em conformidade com a Constituição Federal e a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, constituição estadual que
estabelecesse, para fins de decretação de intervenção do Estado em seus
Municípios, a necessidade de aprovação prévia do interventor pela Assembleia
Legislativa, após arguição pública e mediante voto da maioria absoluta de seus
membros, seria
a) constitucional em relação às hipóteses em que a decretação da intervenção é ato
discricionário do chefe do Executivo, por haver juízo de oportunidade e conveniência
passível de compartilhamento com o órgão legislativo, não se aplicando às hipóteses
em que a decretação da intervenção é ato vinculado.
b) constitucional apenas em relação às hipóteses de decretação de intervenção do
Estado nos Municípios para observância dos princípios indicados na própria
constituição estadual.
c) constitucional, desde que a previsão resultasse de proposição legislativa de
iniciativa do Governador do Estado, a quem a Constituição Federal atribui a
legitimidade para nomeação de interventor nos Municípios.
d) inconstitucional, uma vez que a Constituição Federal, ademais de atribuir ao chefe
31

do Executivo a indicação do interventor, confere ao órgão legislativo o poder de


Página
controlar apenas a posteriori a decretação da intervenção, não cabendo aos Estados
criar hipóteses de exercício de controle legislativo de natureza preventiva.
e) constitucional, estando dentro da esfera de atuação do poder constituinte
decorrente a definição de aspectos procedimentais da intervenção do Estado em seus
próprios Municípios em relação aos quais a Constituição Federal é silente.
COMENTÁRIOS:
Conforme estudamos, segundo o STF, é inconstitucional a previsão em Constituição
Estadual de necessidade de aprovação do Poder Legislativo em relação ao interventor
escolhido pelo Governador do Estado, já que esse controle político não tem previsão
na Constituição Federal.
GABARITO: D

PRINCIPAIS JULGADOS SOBRE INTERVENÇÃO


ESTADUAL
O que vimos até agora foram os traços gerais sobre intervenção (tanto a federal
quanto a estadual).

As hipóteses de intervenção e a forma de decretação da medida em cada uma


delas são uma das coisas indispensáveis que todo candidato tem que saber. E, para isso,
a tabela esquematizada do tópico anterior é suficiente.

Mas, além disso, é muito importante conhecer o que há de mais relevante na


jurisprudência sobre o tema, e aí se destaca a intervenção dos Estados nos seus
Municípios (já que a intervenção federal não é dos temas mais recorrentes nos nossos
tribunais), sendo a isso que o presente tópico se limitará.

Separarei, então, em subtópicos as questões que se mostram mais importantes


para uma boa preparação para provas.
32
Página

Vamos lá.
Simetria constitucional

As disposições do art. 35 da CF/88 (que elenca as hipóteses de intervenção nos


Municípios) consubstanciam preceitos de observância obrigatória por parte dos
Estados-membros, sendo inconstitucionais quaisquer ampliações ou restrições às
hipóteses de intervenção (ADI 336). Nesse contexto, o STF suspendeu liminarmente
norma da Constituição do Estado do Rio de Janeiro que afasta a hipótese interventiva
do art. 35, I, da CF/88 “quando o inadimplemento esteja vinculado a gestão anterior”
(ADI 558 MC). Veja os seguintes julgados:

“(...) INTERVENÇÃO ESTADUAL NO MUNICÍPIO POR


SUSPENSÃO DA DÍVIDA FUNDADA (CF, ART. 35, I):
IMPUGNAÇÃO A NORMA CONSTITUCIONAL LOCAL, QUE
EXCLUI A INTERVENÇÃO, "QUANDO O
INADIMPLEMENTO ESTEJA VINCULADO A GESTAO
ANTERIOR" (C. EST. RJ, ART. 352, PARAG. ÚNICO):
SUSPENSÃO LIMINAR CONCEDIDA.” (ADI 558 MC/RJ;
Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE; Julgamento:
16/08/1991)
[...] 1. Na intervenção estadual, as hipóteses
excepcionais pelas quais permitida a supressão da
autonomia municipal estão taxativa e exaustivamente
previstas no art. 35 da Constituição da República, sem
possibilidade de alteração pelo legislador constituinte
estadual para ampliá-las ou reduzi-las. [...] 2. É
inconstitucional norma de Constituição estadual pela
qual se prevê hipótese de intervenção estadual em
municípios não contempladas no art. 35 da
Constituição da República. [...] (ADI 6616, Relator(a):
33

CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2021,


Página
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-085 DIVULG 04-05-2021
PUBLIC 05-05-2021).

Legitimidade

Nos termos do art. 35 da CF/88, apenas os Estados-membros podem intervir nos


Municípios. À União é vedado intervir em Municípios, exceto se se tratar de Município
localizado em Território Federal (única hipótese de intervenção da União em Municípios
admitida constitucionalmente). Portanto, os Estados intervêm nos Municípios; a
União, nos Estados e no Distrito Federal (bem como nos Municípios localizados em
Território Federal).

“Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios,


nem a União nos Municípios localizados em Território
Federal, exceto quando:
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino
e nas ações e serviços públicos de saúde;
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a
representação para assegurar a observância de
princípios indicados na Constituição Estadual, ou para
prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.”

“(...) IMPOSSIBILIDADE DE DECRETAÇÃO DE


34

INTERVENÇÃO FEDERAL EM MUNICÍPIO LOCALIZADO


Página
EM ESTADO-MEMBRO. - Os Municípios situados no
âmbito dos Estados-membros não se expõem à
possibilidade constitucional de sofrerem intervenção
decretada pela União Federal, eis que, relativamente a
esses entes municipais, a única pessoa política
ativamente legitimada a neles intervir é o Estado-
membro. Magistério da doutrina. Por isso mesmo, no
sistema constitucional brasileiro, falece legitimidade
ativa à União Federal para intervir em quaisquer
Municípios, ressalvados, unicamente, os Municípios
"localizados em Território Federal..." (CF, art. 35,
caput).” (IF 590 QO/CE; Relator(a): Min. CELSO DE
MELLO; Julgamento: 17/09/1998)

Irregularidade nas contas municipais: atribuição para


requerer a intervenção e devido processo legal

No caso de intervenção decorrente de irregularidade na prestação de contas


pelo Prefeito (art. 35, II, CF/88), é inconstitucional a previsão contida em Constituição
Estadual de que é do Tribunal de Contas a atribuição para requerer ao Governador do
Estado a medida interventiva. Como o julgamento das contas do Prefeito cabe à Câmara
Municipal (sendo o Tribunal de Contas um órgão auxiliar, podendo apenas sugerir
medidas a serem tomadas pela Casa Legislativa), é dela a atribuição para requerer a
intervenção (ADI 614 MC, ADI 2631).

Além disso, nessa hipótese interventiva, antes de representar pela decretação


da intervenção, deve a Câmara Municipal possibilitar ao Prefeito que se manifeste sobre
as irregularidades apontadas no parecer prévio do Tribunal de Contas, observando-se,
35

assim, o devido processo legal (contraditório e ampla defesa), o que é indispensável,


Página

tendo em vista a gravidade da situação (ADI 614 MC).


Veja como o STF se manifestou a respeito:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


ARTIGOS 17, III, E 172, VI, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO
DO MARANHÃO, QUE PREVÊEM A DECRETAÇÃO DA
INTERVENÇÃO DO ESTADO EM MUNICÍPIO, PROPOSTA
PELO TRIBUNAL DE CONTAS. ALEGADA OFENSA AOS
ARTS. 34, VII, D; 36; 70, XI E 75, TODOS DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. A tomada de contas do
prefeito Municipal, objeto principal do controle externo,
é exercido pela Câmara Municipal com o auxílio do
Tribunal de Contas, órgão a que cumpre emitir parecer
prévio, no qual serão apontadas eventuais
irregularidades encontradas e indicadas as providências
de ordem corretiva consideradas aplicáveis ao caso pela
referida casa legislativa, entre as quais a intervenção.
Tratando-se, nessa última hipótese, de medida que
implica séria interferência na autonomia municipal e
grave restrição ao exercício do mandato do Prefeito, não
pode ser aplicada sem rigorosa observância do princípio
do due process of law, razão pela qual o parecer
opinativo do Tribunal de Contas será precedido de
interpelação do Prefeito, cabendo à Câmara de
Vereadores apreciá-lo e, se for o caso, representar ao
Governador do Estado pela efetivação da medida
interventiva. Relevância da questão, concorrendo o
pressuposto da conveniência da medida requerida.
Cautelar deferida, para suspensão da eficácia dos
dispositivos impugnados.
(ADI 614 MC/MA; Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO;
36

Julgamento: 14/10/1992)
Página
EMENTA: CONSTITUCIONAL. INTERVENÇÃO ESTADUAL
NO MUNICÍPIO. C.F., art. 35, I, II e III. Constituição do
Estado do Pará, art. 84, I, II e III. COMPETÊNCIA
ATRIBUÍDA AO TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO
PARA REQUERER AO GOVERNADOR A INTERVENÇÃO.
Constituição do Pará, art. 85, I. I. - É inconstitucional a
atribuição conferida, pela Constituição do Pará, art. 85,
I, ao Tribunal de Contas dos Municípios, para requerer
ao Governador do Estado a intervenção em Município.
Caso em que o Tribunal de Contas age como auxiliar do
Legislativo Municipal, a este cabendo formular a
representação, se não rejeitar, por decisão de dois
terços dos seus membros, o parecer prévio emitido pelo
Tribunal (C.F., art. 31, § 2º). II. - Ação direta de
inconstitucionalidade julgada procedente. (ADI
2631/PA; Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO;
Julgamento: 29/08/2002; Órgão Julgador: Tribunal
Pleno)

Representação interventiva perante o Tribunal de Justiça

O procedimento judicial instaurado para viabilizar a intervenção (art. 35, IV,


CF/88) tem sempre natureza político-administrativa, motivo pelo qual, nos termos da
Súmula 637 do STF, “não cabe recurso extraordinário contra acórdão de tribunal de
justiça que defere pedido de intervenção estadual em município” (Pet 1.256; AI 343.461
AgR).

(...) INTERVENÇÃO ESTADUAL EM MUNICÍPIO -


37

INEXECUÇÃO DE ORDEM JUDICIAL (CF, ART. 35, IV) -


Página

REQUISIÇÃO, AO GOVERNADOR DO ESTADO, DA


EFETIVAÇÃO DO ATO INTERVENTIVO - NATUREZA
MATERIALMENTE ADMINISTRATIVA DO
PROCEDIMENTO DE INTERVENÇÃO - INVIABILIDADE DO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO - DIRETRIZ
JURISPRUDENCIAL FIRMADA PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL - RECURSO IMPROVIDO. - O procedimento
destinado a viabilizar, nas hipóteses de
descumprimento de ordem ou de sentença judiciais
(CF, art. 34, VI e art. 35, IV), a efetivação do ato de
intervenção - trate-se de intervenção federal nos
Estados-membros, cuide-se de intervenção estadual
nos Municípios - reveste-se de caráter político-
administrativo, muito embora instaurado perante órgão
competente do Poder Judiciário (CF, art. 36, II e art. 35,
IV), circunstância que inviabiliza, ante a ausência de
causa, a utilização do recurso extraordinário.
Precedentes.
(AI 343461 AgR/MG; Relator(a): Min. CELSO DE MELLO;
Julgamento: 18/06/2002; Órgão Julgador: Segunda
Turma)

Bom, por hoje é só. Bons estudos e até a próxima aula!

Francisco Maia Braga


38
Página

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