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ÍNDICE
1. TERCEIRO SETOR E A ADMINISTRAÇÃO PARAESTATAL: PANORAMA....................4
É nesse contexto, então, que surge a chamada “esfera pública não estatal”, “pública” por ser
composta por particulares que se dedicam a atividades públicas ou de interesse público e
“não estatal”, pelo faro de que os entes que a compõe não são criados pelo Estado, não se
enquadrando na Administração Pública. Trata-se de uma zona de transição entre o mercado
e o Estado.
À vista disso, percebe-se que a tutela dos interesses públicos não é monopólio do Estado,
admitindo-se que a sociedade defenda/promova esses interesses por meio dos que vieram
a ser chamados “entes de colaboração” (denominação cravada pela doutrina).
Em sentido amplo, entes de colaboração dizem respeito a todas as entidades privadas não
estatais que, independentemente de sua finalidade lucrativa, almejam exercer uma função
pública delegada pelo Estado (ex.: empresa de saneamento, de transporte urbano etc) ou
beneficiar-se de fomento estatal.
Em sentido estrito, diz respeito a todas as entidades privadas, sem fins lucrativos, que se
dedicam a tarefas de interesse público não exclusivas do Estado e com fomento de tal ente.
Portanto, excluem-se os particulares delegatários de serviços públicos. É nessa seara que
insere-se o terceiro setor/a Administração paraestatal.
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2. Organizações Sociais (OS)
Noções iniciais
São fundações ou associações privadas (não estatais), sem fins lucrativos, que perseguem
finalidades de interesse público. Para adquirirem esse status precisam passar por um processo
de qualificação, já que entidade alguma nasce como organização social.
Não é, pois, um tipo específico de pessoa jurídica, mas sim uma fundação ou associação que
recebe a qualificação de “organização social”.
Sua origem remonta ao governo de Fernando Henrique Cardoso, momento em que, buscando-
se reduzir a máquina estatal, o “Estado prestador” deu espaço ao “Estado regulador”, tendo os
particulares assumido diversas das atividades estatais.
A Lei nº 9.637/98 trata de OS em nível federal, ou seja, vale apenas para a regulamentação
das organizações sociais no âmbito da União Federal. Se Estados e Municípios desejarem
introduzir essa figura no seu sistema, devem criar as respectivas leis.
Logo, nota-se que o conselho tem forte participação da sociedade e do Estado, de modo que
não há absoluta autonomia decisória e de gestão, dada a ingerência dos representantes do
Estado e da sociedade.
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ceiras sejam distribuídas a qualquer título. Todos os excedentes devem ser reinvestidos na própria
finalidade da entidade;
• Deve ser feita uma solicitação formal de qualificação como organização social e consequente
aprovação pelo órgão estatal competente.
Contrato de gestão
Uma vez qualificada, a organização social pode celebrar com o Estado os chamados contratos
de gestão, no qual esteja previsto um programa de trabalho com todas as atividades a serem
desenvolvidas, com todas as metas, com todos os critérios para realização de despesas e
para avaliação etc.
Admite-se também que elas utilizem, sem licitação, bens públicos e que recebam servidores
públicos cedidos.
Diante de todas essas facilidades que são dadas às organizações sociais, a legislação prevê
diversos mecanismos de controle para evitar desvios de recursos, má gestão, corrupção,
dentre outros.
A partir disso, tomando por base as conclusões da comissão de avaliação, a entidade pública
competente pode tomar as medidas cabíveis.
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Desqualificação de bens
É uma das consequências decorrentes da ocorrência de irregularidades/ilegalidades. Se dá
em duas hipóteses: (i) descumprimento do contrato de gestão, devendo-se garantir o devido
processo administrativo e abrir espaço para que a entidade defenda-se da acusação de
descumprimento do contrato ou (ii) extinção da entidade.
Por fim, impõe destacar que os dirigentes podem responder de modo individual e solidário por
danos e prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão (art. 16, § 1º).
Os bens e valores entregues à organização que venha a sofrer desqualificação serão revertidos
àquela entidade pública que os aportou (art. 16, § 2º).
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3. Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
(OSCIP)
Introdução
Trata-se de associação ou fundação privada não estatal, sem fins lucrativos, que exercem
atividades de interesse público, qualificando-se para beneficiar de fomento estatal. Assim, há
certa semelhança com as organizações sociais, no entanto estas gozam de maior benesses
que as OSCIPs. Além do mais, tais entidades diferenciam-se pela abrangência das áreas de
atuação, pois as OSCIPS podem ocupar um leque muito maior do que as OS.
À semelhança das OS, há uma lei federal de regência, qual seja a Lei nº 9.790/99. Todavia,
como ela alcança apenas as OSCIPs no âmbito da União Federal, os Estados e Municípios
devem editar suas próprias leis, se desejarem tratar dessa matéria.
Critérios de qualificação
Para que uma entidade transforme-se em OSCIP, ela deve qualificar-se mediante um processo
administrativo pelo Ministério de Justiça. Para tanto, devem-se cumprir algumas exigências,
a saber:
- Solicitante deve ser pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos e que esteja em
funcionamento regular há no mínimo 03 (três) anos, guiada por estatuto que observe as
diretrizes legais. Essa exigência de um prazo mínimo de existência da OSCIP serve para evitar
que qualquer entidade oportunista, que nunca tenha se dedicado ao interesse público, seja
criada às pressas, tendo acesso a recursos públicos;
- Solicitante não pode figurar na lista de entidades proibidas, prevista no art. 2º da Lei (ex.:
sociedades comerciais, cooperativas etc);
- Devem dedicar-se aos assuntos definidos no art. 3º de Lei (aqui, o campo de atuação é
muito maior do que no caso de OS), por exemplo, promoção da assistência social, da cultura,
defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da educação etc.
Importante destacar que diferentemente da OS, no caso de OSCIP não se exige a gestão
híbrida/mista, ou seja, não é obrigatório que no Conselho de Administração constem
representantes do Estado, tampouco da sociedade.
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Para o Estado escolher a OSCIP que celebrará o termo de parceria, a Lei federal não prevê um
mecanismo de seleção. Entretanto, nas normas regulamentares (no Decreto Regulamentar
nº 3.100/1999), há a figura do concurso de projetos (art. 23), por meio do qual a Administração
Pública deve escolher a OSCIP.
Restrições
A Lei exige que a OSCIP tenha um regulamento de contratação para que os recursos
financeiros públicos recebidos não sejam utilizados de forma irrestrita. No mais, é vedada
a participação de OSCIP em campanhas partidárias, justamente para evitar que os agentes
políticos passassem a financiar essas organizações em troca de apoio eleitoral.
Além disso, a Lei exige também (art. 4º, incisos IV e V) que, no caso de dissolução da OSCIP,
seu patrimônio líquido e seu acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos,
serão transferidos para outra OSCIP que, preferencialmente, atue na mesma área.
Controle
A execução do termo de parceria deve ser acompanhada e fiscalizada pelos Conselhos de
Políticas do setor (art. 11). Por sua vez, os resultados obtidos pela OSCIP sujeitam-se ao exame
de uma comissão de avaliação composta por membros escolhidos de comum acordo por
ambas as partes.
Nesse cenário, convém mencionar que a Lei dá bastante espaço ao controle social, permitindo
que, inclusive, qualquer pessoa solicite a desqualificação da entidade. Qualquer irregularidade
deve ser informada ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas ou à Advocacia Geral da União.
Por fim, à semelhança do que se tem na OS, nas OSCIPs também admite-se a decretação de
indisponibilidade de bens da entidade, bem como o sequestro de bens dos dirigentes e de
agentes públicos ou terceiros que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao
patrimônio (art. 13).
Desqualificação: pode se dar em razão (i) da perda dos requisitos necessários para a
qualificação, (ii) do descumprimento do termo de parceria e (iii) da configuração de fraude.
O pedido de desqualificação pode ser feito, judicial ou administrativamente, por qualquer
cidadão ou pelo Ministério Público.
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4. Organização da Sociedade Civil (OSC) - Lei 13.019 e
Parcerias Sociais
Previsão normativa
São regulamentadas pela Lei nº 13.019/14, conhecida como Marco Regulatório das
Organizações da Sociedade Civil (MROSC), que, embora editada no ano de 2014, demorou
bastante para entrar em vigor, por conta de diversas alterações sofridas no decorrer dos anos,
principalmente, pela Lei nº 13.204/15.
O MROSC revela-se uma lei extremamente burocatrizante, trazendo uma série de exigências
na contratação e no controle das organizações da sociedade civil, justamente porque sua
criação intentava atacar e combater a corrupção, bem como controlar os recursos aplicados
por meio de fomento no terceiro setor.
É, portanto, uma Lei editada com base na competência do Congresso de editar normas gerais
de contratação pública em todas as suas formas, consoante permissivo constitucional.
Definição de OSC
Trata-se de rótulo jurídico atribuído a entidades privadas sem fins lucrativos listadas pela Lei,
alcançando vários tipos de sociedades cooperativas e também organizações religiosas (art.
2º). Diferentemente de OS e OSCIP, o enquadramento de OSC independe de qualificação,
bastando que a entidade enquadre-se na definição legal de OSC. O MROSC, contudo, não se
aplica a entidades submetidas a relações especiais, tais como OS e OSCIP.
Este último mais simples dos que os dois termos acima mencionados, podendo ser proposto
por quaisquer das partes. Não envolve tipo algum de transferência financeira ou benefício
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patrimonial, embora, em situações menos usuais, possa resultar em compartilhamento de
recurso patrimonial (ex.: OSC com acesso a bem público).
Além do mais, a Lei exige que as OSC tenham uma experiência prévia para formalizar a
contratação, não admitindo a parceria com entidades privadas recém instituídas. Se celebrada
no âmbito dos Municípios, a entidade deve ter existência mínima de um ano; se no âmbito
dos Estados, dois anos; e se âmbito da União, três anos (art. 33, inciso V, alínea “a”).
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5. Organização da Sociedade Civil (OSC) - PMIS,
Dispensa e Inexigibilidade
Aspectos gerais da contratação
Para que seja possível efetivar a parceria social, de rigor que sejam cumpridos diversos
requisitos.
Embora o MROSC regule de forma geral o PMIS, cada ente federado regulamentará nos seus
respectivos âmbitos tal procedimento.
Dispensa de chamamento
Implica afastamento do chamamento em hipóteses taxativas previstas na legislação. Consiste
em situação na qual o chamamento é possível, a competição é viável, ou seja, daria para
ocorrer o chamamento, mas por escolha do legislador abre-se a possibilidade de não fazê-lo.
Nesse cenário, o chamamento é dispensado, por exemplo, para parcerias com recursos
decorrentes de emendas parlamentares às leis orçamentárias anuais (art. 29).
Há dispensa ainda nos casos de urgência, calamidade, perturbação da ordem, guerra etc, bem
como na contratação de serviços de educação, saúde e assistência por OSSC previamente
credenciada pelo órgão gestor da respectiva política.
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Inexigibilidade de chamamento (art. 31)
Situação que indica que a competição em chamamento é inviável. Nos termos do MROSC, a
inexigibilidade ocorrerá quando (i) houver singularidade/particularidade do objeto ou (ii) for
possível atingirem as metas por uma única OSC.
De todo modo, mesmo nos casos em que se proceder à contratação direta, não significa que
a parceria pode desobedecer os demais requisitos legais de contratação pública.
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6. Organização da Sociedade Civil (OSC) - Chamamento
Público
Chamamento público (art. 2º, inciso XII, e art. 23)
É um procedimento especial de aplicabilidade nacional que buscar selecionar objetivamente
uma ou mais OSC como parceiras da Administração Pública. É como se fosse uma espécie
de “licitação”, pois consiste em um processo de seleção para escolher a entidade que será
contratada.
No mais, há impedimento à participação de pessoas que tenha mantido relação nos últimos
cinco anos com alguma OSC que esteja participando do chamamento (art. 35, § 6º).
Além disso, impõe destacar também a elaboração do plano de trabalho (art. 22), presente em
todo contrato de parceria social, não importa o seu tipo. Consiste em um documento que
contém o objeto da parcerias, as metas, as receitas e despesas, as formas de execução, bem
como os parâmetros para avaliação do cumprimento da parceria etc.
• Abertura pelo ato convocatório, o qual é o documento que contém as regras gerais do chama-
mento e que anuncia à sociedade a abertura do processo.
No caso, é o edital, que deve ser elaborado de maneira bastante clara e objetiva, respeitando
a isonomia e todas as demais exigências legais. Há situações, porém, nas quais o edital pode
quebrar a isonomia (art. 24, § 2º), por exemplo, ao admitir que o edital traga restrição de
seleção a OSC sediada ou com representação atuante no território de execução da parceria e
ao estabelecer cláusula que delimite o território ou a abrangência da prestação de atividades
ou da execução de projetos, de acordo com o estabelecido nas políticas setoriais.
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No mais, o MROSC proíbe que o edital tenha por objeto, envolva ou inclua, direta ou
indiretamente, delegação das funções de regulação, de fiscalização, de exercício do poder de
polícia ou de outras atividades exclusivas de Estado (art. 40).
• Julgamento das propostas apresentadas pelas OSC em disputa: o julgamento deve ser objetivo,
mas o MROSC não esclarece a fundo o critério, apenas mencionando que deve considerar a adequa-
ção da proposta aos objetivos da parceria, bem como, quando for o caso, a adequação ao valor de
referência (art. 27).
• Habilitação: análise da documentação da OSC para verificar se ela atende aos diversos requisitos
formais trazidos pelo MROSC (arts. 33, 34, 39, dentre outros).
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7. Organização da Sociedade Civil (OSC) - Conteúdo da
Parceria, Execução e Bens
Gestão contratual
Finalizada a contratação (seja de forma direta, seja por meio de chamamento), é firmado o
termo de fomento, o de colaboração ou o acordo de cooperação, todos esses espécies de
parceria social.
A parceria firmada só produzirá efeitos quando seus extratos forem publicados em meio oficial
da Administração Pública (art. 38). Depois, então, de cumpridos todos os requisitos, tem início
a etapa de gestão e execução contratual.
Conteúdo da parceria
Os instrumentos de parcerias, além de incluírem plano de trabalho, deve, ter um conteúdo
mínimo definido no MROSC. Por exemplo, exige-se que as cláusulas tratem do objeto e das
obrigações das partes, do valor total, do cronograma e das contrapartidas, da vigência e
prorrogação, da avaliação e prestação de contas, dentre outras previsões contidas no art. 42.
Vale frisar que o contrato deve deixar claro que a OSC deve ter responsabilidade exclusiva pela
gestão financeira e administrativa, bem como pelos encargos trabalhistas, previdenciários e
fiscais (art. 42, inciso XIX).
Essa OSC “coordenadora”, além dos deveres elencados no parágrafo anterior”, deve também
cumprir os requisitos legais, temporais, técnicos e operacionais, bem como verificar a
regularidade jurídica e fiscal das OSC não celebrantes da parceria.
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prorrogação de ofício por atraso na liberação de recursos por parte do ente público (nessa
hipótese, a prorrogação fica limitada ao exato período do atraso verificado).
A lei prevê que os materiais e equipamentos recebidos com recursos da parceria serão
inalienáveis e deverão ser revertidos à Administração Pública em caso de extinção da parceria
(art. 35, § 5º).
Da mesma forma, a lei exige que as parcerias prevejam a destinação do bens remanescentes –
art. 36 (são os bens de natureza permanente adquiridos com recursos financeiros envolvidos
na parceria, necessários à consecução do objeto, mas que a ele não se incorporam – art. 2º,
inciso XIII).
Por fim, a critério da Administração, esses bens remanescentes também poderão ser doados
quando não mais necessários à continuidade do objeto da parceria (art. 36, § único).
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8. Organização da Sociedade Civil (OSC) - Despesas,
Prestação de Contas, Sanções e Responsabilidades
Uso de recursos (despesas) (art. 45)
O MROSC foi criado com o objetivo, principalmente, de combater a corrupção e evitar desvios/
má-gestão de recursos destinados ao terceiro setor, revelando-se uma legislação bastante
preocupada com o uso desses recursos financeiros.
Há, dessa forma, diversas previsões a respeito das despesas, como se vê do art. 45 e seguintes
da Lei. O rol de vedações era bem mais extensivo, mas boa parte foi revogado pela Lei nº
13.204/2015. De qualquer forma, por exemplo, vedam-se pagamento para atividades alheias
à parceria ou pagamentos de agentes públicos, salvo casos especiais.
Ainda, o MROSC prevê também o que pode ser pago (art.46), como remuneração de equipe
de execução, diárias, custos indiretos de execução, aquisição de equipamentos e materiais
etc.
Se a parceria tiver vigência superior a um ano, a Administração Pública deve realizar, sempre
que possível, uma pesquisa de satisfação com os beneficiários, servindo tal feito para avaliação
e reorientação do ajuste.
Além da prestação de contas, a OSC deve garantir também livre acesso a documentos,
informações e processos relacionados à parceria e aos locais de sua execução (art. 42, inciso
XV).
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Prestação de contas (art. 63)
Anualmente e ao final da portaria, é obrigatória a prestação de contas que deve ser divulgada
amplamente em plataforma eletrônica. Ela implica entrega de dois documentos principais: (i)
relatório de execução das atividades e (ii) relatório de execução financeira. Some-se a isso a
exigência legal de que o Poder Público faça o relatório de visita técnica in loco e a pesquisa
de satisfação.
Portanto, cada parceria terá um gestor público que é responsável por acompanhar e fiscalizar
a execução, informar ao superior falhas ou indícios de irregularidades e emitir parecer técnico
conclusivo da prestação de contas (art. 63), após a homologação do relatório pela comissão
de monitoramento e avaliação designada.
No mais, convém mencionar também que o gestor pode impor diversas medidas cautelares
(art. 62), como retomar bens públicos e assumir a responsabilidade pela execução da parceria,
no caso de paralisação.
MEDIDAS DE RESPONSABILIZAÇÃO
Naturalmente, se houver irregularidade ou omissão e não for ela corrigida no prazo de
saneamento, tampouco cumprida, abre-se espaço para a responsabilização dos agentes
envolvidos. Inicia-se, então, um processo administrativo sancionador para apurar qual o
problema na execução da parceria, bem a ocorrência de danos à Administração Pública, sendo
que, ao final do processo, serão definidas as sanções e eventuais medidas de ressarcimento.
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• Advertência;
• Sanção temporária da participação em chamamento público e impedimento de celebrar parceria
ou contrato com órgãos e entidades da esfera de governo da administração pública sancionadora,
por prazo não superior a dois anos;
• Inidoneidade para participar de chamamento público ou celebrar parceria ou contrato com órgãos
e entidades de todas as esferas de governo, enquanto perdurarem os motivos determinantes da pu-
nição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade,
que será concedida sempre que a organização da sociedade civil ressarcir a administração pública
pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo de dois anos da sanção temporária.
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9. Administração Paraestatal e Fundações de Apoio
Administração paraestatal
Entidades privadas sem fins lucrativos criadas com o objetivo de promover uma cooperação
com o Estado e, muitas vezes, de gerar benefícios aos seus próprios membros.
Fundações
Dividem-se em 04 subgrupos.
1. Fundações estatais de direito público
2. Fundações estatais de direito privado
3. Fundações puramente privadas
4. Fundações privadas de apoio ao Estado
Para o nosso estudo, vamos focar no último subgrupo.
Têm como objetivo contribuir com uma Instituição de Ensino Superior Pública (IES) ou com
uma Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT) no desempenho de atividades de pesquisa,
ensino, extensão, inovação ou desenvolvimento institucional. De forma indireta, elas também
contribuem com a melhoria das condições de vida e de trabalho dos próprios servidores que
as criam (ex.: FUSP, FADEP, FIPE, FIA etc).
Por que são criadas tais fundações? Há inúmeras vantagens na sua criação, pois elas são
entidades privadas, inseridas em um regime de direito privado, o que permite que elas atuem
com muito mais flexibilidade em relação à Administração Pública.
Por exemplo, há maior flexibilidade na contratação de pessoal, pois não é necessário realizar
concurso público; simplicidade na contratação de serviços, obras e mercadorias; possibilidade
de se realizar atividades simultâneas por docentes e pesquisadores; organização de cursos
de especialização e atividades de extensão; complementação salarial de docentes e
pesquisadores.
RISCOS E PROBLEMAS
No geral, alguns riscos são apontados na criação dessas fundações de apoio. Nesse sentido,
destacam-se: risco de uso indevido de bens públicos, serviços e imagem das instituições que
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apoiam; conflito de interesses; baixo grau de transparência na gestão de recursos; desvios de
finalidades e remuneração excessiva; captura de docentes e pesquisadores em detrimento
de atividades institucionais. No geral, percebe-se o risco de que essas fundações de apoios
transformem-se em “fundações que se apoiam”.
Legislação
Não há uma lei nacional de fundações de apoio, de modo que cada ente federativo deve criar
a sua lei (porém, muitos entes ainda não o fizeram).
Hoje, existe a Lei nº 8.958/94, editada no âmbito da União Federal, criada para definir finalidades
das fundações, coibir desvios, conflitos de interesses e má-gestão de recursos financeiros,
bem como para tratar de medidas de transparência e controle em geral.
Muitas vezes, tal Lei acaba sendo utilizada por analogia em unidades da Federação que não
têm leis próprias.
• Define os tipos de apoio que a fundações podem oferecer, bem como quais entidades podem ser
apoiadas;
• Veda que as fundações utilizem recursos repassados pela IES ou ICT para tarefas administrativas
de rotina ou pessoal, como vigilância, limpeza, recepção e secretariado;
• Veda a subcontratação total dos projetos ou a subcontratação parcial do núcleo do objeto contra-
tado e trata da propriedade do material adquirido pela fundação de apoio com recursos públicos;
• Exige credenciamento das fundações perante o Ministério de Ciência e Tecnologia;
• Proíbe que haja contratação de pessoa jurídica relacionada com dirigentes ou servidores da
entidade apoiada, bem como que a fundação contrate parentes de até 3º grau de seus dirigentes e
dirigentes da apoiada;
• Proíbe uso de recursos para finalidades não previstas nos projetos;
• Determina a transparência de contratos, relatórios de execução e pagamentos e prestação de
contas.
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10. Administração Paraestatal: Serviços Sociais
Autônomos e Sistema S
Sistema S
Como dito anteriormente, há diversos entes de colaboração, que nada mais são do que entes
privados, que não fazem parte da Administração Pública, mas que desenvolvem atividades de
colaboração com o Estado. Dentre esses entes, há, por exemplo, Serviço Social da Indústria
(SESI), Serviço Social do Comércio (SESC), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI) etc.
SESI
• Decreto Lei nº 9.403/46;
• Finalidade do SESI (art. 1º): contribuir com o bem-estar dos trabalhadores da indústria -> “estudar
planejar e executar direta ou indiretamente, medidas que contribuam para o bem estar social dos tra-
balhadores na indústria e nas atividades assemelhadas, concorrendo para a melhoria do padrão geral
de vida no país e, bem assim, para o aperfeiçoamento moral e cívico e o desenvolvimento do espírito
de solidariedade entre as classes”.
• Natureza (art. 2º): pessoa jurídica de direito privado, nos termos da lei civil, organizando-se con-
forme regulamento da Confederação Nacional das Indústrias, aprovado por Portaria do Ministro do
Trabalho, Indústria e Comércio.
FUNCIONAMENTO
• Atividades regidas pelo direito privado e fiscalizadas pela Administração Pública;
• ADI nº 1.864: não se subordinam à legislação geral de licitações;
• REsp nº 1.241.460/DF: não podem valer-se de benefícios licitatórios;
• RE nº 789.874: regime trabalhista (CLT) de seus agentes, os quais, portanto, não são servidores
públicos estatutários nem empregados públicos.
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vado, mas o direito público incide em questões pontuais, notadamente porque tais entidades rece-
bem recursos do Estado ou em nome dele.
• Além de gerar receitas próprias pela cobrança de suas atividades, admite-se que as entidades de
serviço social obtenham contribuições nos termos do art. 20 da CF.
• Responsabilização dos agentes dos serviços sociais: crime contra a Administração Pública e ato
de improbidade administrativa.
COMPETÊNCIA JURISDICIONAL
• Súmula nº 516/STF: sujeição à jurisdição estadual;
• Deve-se verificar se existe alguma norma especial a respeito do tema para cada uma das entida-
des em debate;
• Não havendo norma específica, prevalece a supracitada Súmula;
• De forma geral, então, a justiça estadual é a competente para julgar causas em que cada uma das
partes seja entidade paraestatal pertencente ao sistema “S”.
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Terceiro Setor
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