Este documento descreve um Conselho de Justificação no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro sobre dois policiais militares, Marcelo Queiroz dos Anjos e Lauro Moura Catarino. O relator divergiu da maioria e argumentou que a questão da constitucionalidade da lei que rege os Conselhos de Justificação deveria ser submetida ao pleno do tribunal.
Descrição original:
Título original
voto divergente siro darlan conselho Catarino e queiroz
Este documento descreve um Conselho de Justificação no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro sobre dois policiais militares, Marcelo Queiroz dos Anjos e Lauro Moura Catarino. O relator divergiu da maioria e argumentou que a questão da constitucionalidade da lei que rege os Conselhos de Justificação deveria ser submetida ao pleno do tribunal.
Este documento descreve um Conselho de Justificação no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro sobre dois policiais militares, Marcelo Queiroz dos Anjos e Lauro Moura Catarino. O relator divergiu da maioria e argumentou que a questão da constitucionalidade da lei que rege os Conselhos de Justificação deveria ser submetida ao pleno do tribunal.
Conselho de Justificação nº 0033791-72.2011.8.19.0000 FLS.1
Justificantes: MARCELO QUEIROZ DOS ANJOS
LAURO MOURA CATARINO Relator : Desembargador Antonio Jose Ferreira Carvalho Revisor Vencido: Desembargador Siro Darlan de Oliveira
Data da sessão de julgamento: 11/06/2014
Autos recebidos para justificação de voto vencido em: 26/06/14 Autos devolvidos em: 03/07/2014
Voto Vencido
Ousei divergir da douta maioria, pelas razões a seguir indicadas.
Trata–se de Conselho de Justificação encaminhado pelo Exmº
Sr. Secretário de Estado de Segurança Pública (fls. 1238/1239 e 1242) em virtude de decisão do Conselho de Justificação oriundo de Processo Administrativo Disciplinar instaurado em face dos Capitães PM MARCELO QUEIROZ DOS ANJOS e LAURO MOURA CATARINO, considerados culpados e por isso, incapazes de permanecer no oficialato.
Os Justificantes foram regularmente citados (fls. 1195 e 1197),
tendo apresentado suas Razões de Defesa às fls. 1199/1218, onde postulam, preliminarmente, pela anulação do Conselho de Justificação quer pela ocorrência da preclusão consumativa ante a ausência do ato de deliberação do Secretário de Estado de Segurança Pública; quer pela necessidade de intervenção do Ministério Público no Conselho de Justificação; quer por entenderem violados os princípios do juiz natural e do devido processo legal. No mérito, pretendem os militares ser considerados justificados. Alternativamente, requerem o sobrestamento do feito até o transito em julgado da sentença penal.
Por outro lado, requerem os Justificantes que se
determine à Polícia Militar deste Estado que apresente cópia da divulgação oficial de todos os atos a partir do Relatório do Conselho de Justificação. Por último, requerem, ainda, que seja oficiado à Corregedoria Geral Unificada 01 Secretaria da Seção Criminal Beco da Música, 175, 2º andar – Sala 207 – Lâmina IV Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-010 Tel.: + 55 21 3133-5007 – E-mail: 07ccri@tjrj.jus.br
Assinado em 03/07/2014 18:07:28
SIRO DARLAN DE OLIVEIRA:000006321 Local: GAB. DES SIRO DARLAN DE OLIVEIRA 1363
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e à Secretaria de Segurança Pública a fim de que informem onome de
todos os componentes da Comissão Permanente de Justificação da Polícia Militar em 27/08/2010 (fls. 1217/1218).
Requerimento do Ministério Público às fls. 1226/1231.
Às fls. 1238/1267 informações do Exmº Sr. Secretário de
Segurança Pública e às fls. 1268, informações do Juízo de Direito da 29ª Vara Criminal.
Pareceres da douta Procuradoria de Justiça às fls.
1279/1281 e 1285/1296, opinando pelo não acolhimento das preliminares suscitadas pela Defesa e reforma dos Justificantes com proventos proporcionais.
Em sessão de julgamento realizada em 13/03/2013 foi acolhida
a ponderação da defesa para suspensão do julgamento do feito até o trânsito em julgado da apelação, consoante certidão de fl. 1317.
Acórdão às fls. 1349/1360 que, por maioria, rejeitou a arguição
de inconstitucionalidade, vencido este Revisor e, por unanimidade, foram rejeitadas as demais preliminares. No mérito, também por unanimidade, julgou-se não justificados os Justificantes, com perda do posto e da patente.
É o relatório.
Ousei divergir da d. maioria por entender pertinente suscitar o
Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade previsto no artigo 99 do Regimento Interno deste Egrégio Tribunal de Justiça, conforme arguido pela Defesa.
A competência para o controle concentrado de
constitucionalidade está previsto nos artigos 97 e 102 da CF, sendo que por outro lado, a competência para realização do controle difuso depende da interpretação sistemática das normas constitucionais. A necessidade do Poder 01 Secretaria da Seção Criminal Beco da Música, 175, 2º andar – Sala 207 – Lâmina IV Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-010 Tel.: + 55 21 3133-5007 – E-mail: 07ccri@tjrj.jus.br 1364
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Judiciário apreciar a adequação de todos os atos jurídicos com os dispositivos
constitucionais permite que no controle difuso, o Magistrado aprecie, de ofício, a compatibilidade de uma lei ou de um ato normativo em face das regras insculpidas na Constituição, mediante a verificação de seus requisitos formais e materiais, obedecendo-se as normas dos artigos 480 e 482 do CPC, e artigos 99 e seguintes do RITJERJ.
Dessa forma, a inconstitucionalidade de lei ou ato do Poder
Público pode ser reconhecida em qualquer procedimento judicial de modo incidente, negando-se aplicação ao dispositivo apontado como inconstitucional.
O processo de fiscalização das normas jurídicas é atividade
típica do Poder Judiciário. Com efeito, uma norma em desconformidade material, formal ou procedimental com a Carta Magna não pode prevalecer, devendo o julgador, antes de adentrar ao mérito da causa, examinar a sua validade.
Conclui-se, desse modo, que a adequação da norma à
Constituição é o antecedente lógico da aplicação da norma ao caso concreto, e que a declaração de inconstitucionalidade, por ser matéria de ordem pública, pode ser reconhecida de ofício pelo Relator.
Disciplina o artigo 99 do RITJERJ:
Art.99 - Se, perante qualquer dos Órgãos do Tribunal, for
arguida, por Desembargador, pelo Órgão do Ministério Público ou por alguma das partes, a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, relevante para o julgamento do feito, proceder-se-á conforme o disposto na lei processual civil.
Refere-se o dispositivo ao artigo 481 do Código de Processo
Civil, o qual dispõe:
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Art. 481 - Se a alegação for rejeitada, prosseguirá o
julgamento; se for acolhida, será lavrado o acórdão, a fim de ser submetida a questão ao tribunal pleno.
Submete-se o Instituto ao artigo 97 da Constituicao da
Republica de 1988:
Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
Incide a hipótese o enunciado 10 da Sumula do E. STF:
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
A Lei Estadual 427/81 que regula o Conselho de Justificação
em âmbito estadual prevê que o Secretário de Estado de Segurança Pública deverá determinar a remessa dos autos do processo do Conselho de Justificação ao Tribunal de Justiça nas hipóteses insertas no artigo 13, V, a e b, sem mencionar a participação do Ministério Público de forma expressa.
Ressalte-se que se trata de norma anterior à promulgada
Constituição da Republica de 1988.
Por sua vez, dispõe o artigo 3º, V da Lei Estadual nº
3.403/2000:
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Art. 3º - Incumbe ao Corregedor Geral da Corregedoria Geral
Unificada das Unidades da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar:
V - propor ao Governador, quando for o caso, a aplicação da
penalidade de demissão a policiais civis;
Gize-se, por oportuno, quanto à solução a ser dada às normas
ordinárias anteriores à Constituição Federal que sejam incompatíveis com esta. Para alguns doutrinadores, a norma legal incompatível com a superveniência do texto constitucional estaria revogada; para outros, a denominação correta seria não recepção; de acordo com outros, estar-se-ia diante da caducidade. Há, ainda, quem a repute ineficaz. Para JORGE MIRANDA, estar-se-ia diante do fenômeno da caducidade por inconstitucionalidade superveniente. (MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional. 4. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2000, Tomo II, p. 289.)
Segundo o STF, quando uma lei anterior é materialmente
incompatível com uma Constituição, não há um juízo de inconstitucionalidade, mas uma mera aplicação das regras de direito intertemporal, especialmente, o critério segundo o qual a norma posterior revoga a anterior com ela incompatível. Assim, a norma incompatível com a nova ordem constitucional não se torna inconstitucional por superveniência, mas revogada ou simplesmente não recepcionada.
Em que pese tal entendimento do E. STF entendo que não há
como se dispensar o exercício do controle difuso de constitucionalidade das mesmas.
As normas infraconstitucionais pretéritas, de duvidosa
compatibilidade com a Constituição Federal, também representam relevante interesse jurídico, sendo de todo necessário que se discuta sua compatibilidade com o texto constitucional objetivando a verificação da ocorrência ou não de sua revogação, fazendo-se necessário conferir-lhes uma interpretação
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segura, que só pode ocorrer por intermédio da votação da maioria absoluta do
Tribunal ou de seu respectivo Órgão especial.
Consoante REGINA FERRARI: “A lei, enquanto não
considerada inconstitucional pelo órgão competente, opera eficazmente, e a sentença que a diga em contradição aos ditames constitucionais tem efeitos a partir de então, e não desde a data da própria lei.” (Regina Maria Macedo Nery Ferrari. Efeitos da declaração de inconstitucionalidade. 5. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004. Pag. 539)
Passo a justificar as razões pelas quais reputei necessário
acolher a arguição para suscitar o Incidente de Inconstitucionalidade.
Cediço que o Conselho de Justificação é um processo de
rito especial, destinado a julgar a incapacidade de oficiais das Forças Armadas, bem como Policiais Militares e Bombeiros Militares para permanecer na ativa, oferecendo-lhes condições para justificar conduta que atente contra a ética e o pundonor militar, verificando a conveniência ou não de o oficial permanecer na instituição militar.
O processo de justificação ostenta natureza híbrida e reflete a
presença do Estado de um lado e oficial das instituições militares de outro, averiguando-se a conveniência ou não de o oficial permanecer na instituição.
O Autor Jadir Silva, Vice-Presidente do Tribunal de Justiça
Militar do Estado de Minas Gerais, defendeu em artigo intitulado “Da legitimidade para a propositura do processo de justificação” (Revista de Estudos e Informações da Justiça Militar do Estado de Minas Gerais- julho de 2009) o inequívoco contorno judicial do processo, ressalvando que entender de forma diversa seria atribuir mero caráter de órgão homologatório e não decisório ao Poder Judiciário.
O Conselho de Justificação requer inequívoca judicialização para
que se aperfeiçoe pois a apreciação e o julgamento dependem de decisão proferida por um Tribunal. 01 Secretaria da Seção Criminal Beco da Música, 175, 2º andar – Sala 207 – Lâmina IV Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-010 Tel.: + 55 21 3133-5007 – E-mail: 07ccri@tjrj.jus.br 1368
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Apenas o Poder Judiciário é integrado por Órgãos cuja
decisão é dotada de definitividade apta a solucionar a lide e ostenta como uma de suas características primordiais a inércia, o que lhe garante a devida imparcialidade, tornando-o apto ao julgamento da lide.
No processo oriundo do Conselho de Justificação, como nas
demais demandas ajuizadas, torna-se imperioso que a provocação do Judiciário seja deflagrada por órgão com legitimidade para tanto, condição indispensável ao legitimo e regular exercício do direito de ação.
No sistema acusatório é essencial que as funções
desempenhadas de acusar e julgar estejam bem delineadas e sejam exercidas por membros integrantes de Instituições diversas, igualmente para resguardar a imparcialidade necessária a julgamento integro.
A Constituição Federal de 1988 reconhece o Ministério
Público, em seu artigo 127 caput, como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Outrossim, no art. 129, inciso II lhe atribui como função
institucional o zelo pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância publica aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia.
Nas hipóteses de competência originária do Superior Tribunal
Militar, a competência de sua promoção exclusiva é do Ministério Público Militar, como assegura o art. 116, II, da LC 75/93:
Art. 116. Compete ao Ministério Público Militar o exercício
das seguintes atribuições junto aos órgãos da Justiça Militar:
I - promover, privativamente, a ação penal pública;
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II - promover a declaração de indignidade ou de
incompatibilidade para o oficialato;
III - manifestar-se em qualquer fase do processo,
acolhendo solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse público que justifique a intervenção.
Ressalte-se que nos termos do artigo 42 § 3o da
Constituição Federal, a regra prevista no artigo 14, VI e VII desta aplica-se igualmente em âmbito estadual.
Outrossim, depreende-se do artigo 125 § 4o da Constituição
Federal que compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em leis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do Júri, quando a vitima for civil, cabendo ao Tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
No mesmo sentido, dispõe o artigo 142 § 3o da Constituição
Federal, Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998, que o oficial das Forças Armadas só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de Tribunal Militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra.
A legitimidade para a propositura do Conselho de Justificação
de inicio suscitou controvérsias, que foram dirimidas e superadas, inclusive em âmbito de Encontros e Reuniões efetivadas pelo Ministério Público da União e do Estado do Rio de Janeiro.
Acordou-se pela edição do Enunciado n. 06, do 1º Encontro
Institucional em busca da Unidade, realizado entre o Ministério Público da União e o Ministério Público do Rio de Janeiro, segundo o qual findo o Conselho de Justificação, a perda de posto deve ser efetivada por meio de ação inominada:
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“ Findo o Conselho de Justificação, que concluir por perda de
posto das Forças Armadas, ou Conselho de Disciplina e Justificação, que concluir por perda de graduação ou posto nas Polícias Militares e Bombeiros Militares, a perda de posto deve ser efetivada por meio de ação inominada, nos termos do que dispõem os artigos 142, § 3º, inciso VI e 125, § 4º da Constituição Federal”
Reafirmando a validade da norma constante de tal dispositivo, os
membros do Ministério Público Militar reunidos durante o 7º Encontro do Colégio de Procuradores da Justiça Militar, aprovaram proposição para que o Conselho de Justificação no Superior Tribunal Militar deva ser provocado pelo Ministério Público Militar, na forma de Representação pela declaração de Indignidade e Incompatibilidade para o oficialato.
Interpretação sistemática do ordenamento jurídico impõe o
reconhecimento de que após a promulgação da Constituição de 1988, atribuído ao Ministério Público a qualidade de dominus litis, a ele cabe a legitimidade para a propositura do Conselho de Justificação, entendimento respaldado pelas normas elencadas e consolidado como fruto de extensos debates, consoante supramencionado.
Por todo o exposto, ousei divergir da d. maioria e antes da
analise do mérito do presente Conselho de Justificação, com supedâneo no artigo 99 do RITJERJ c/c os artigos 480 e 481 ambos do CPC e artigo 97 da Constituição Federal, votei no sentido do sobrestamento do julgamento e instauração do incidente de arguição de inconstitucionalidade, com a remessa dos autos para o E. Órgão Especial, para a solução da questão prejudicial, com o devido exame sobre a possível incompatibilidade do artigo 13, inciso V, alíneas “a” e “b” da Lei Estadual nº 427 de 10 de junho de 1981 e do artigo 3º, inciso V da Lei Estadual nº 3.403, de 15 de maio de 2000, com a Constituição Federal de 1988. Rio de Janeiro, 03 de julho de 2014. Desembargador SIRO DARLAN DE OLIVEIRA Revisor Vencido 01 Secretaria da Seção Criminal Beco da Música, 175, 2º andar – Sala 207 – Lâmina IV Centro – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20010-010 Tel.: + 55 21 3133-5007 – E-mail: 07ccri@tjrj.jus.br