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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

09/01/2023

Número: 0006655-82.2022.8.13.0194
Classe: [CRIMINAL] INQUÉRITO POLICIAL
Órgão julgador: Vara Criminal, da Infância e da Juventude da Comarca de Coronel Fabriciano
Última distribuição : 15/10/2022
Processo referência: 0
Assuntos: Homicídio Qualificado
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Advogados
Ministério Público - MPMG (AUTOR)
MICHAEL DOUGLAS PERES DE SA (INVESTIGADO(A))
MARCUS VINICIUS SILVA (INVESTIGADO(A))
KAIQUE FERREIRA DOS SANTOS (INVESTIGADO(A))
JOSE LOURENCO (INVESTIGADO(A))
GEANDERSON CARLOS SILVA TEOTONIO
(INVESTIGADO(A))

Outros participantes
IZABELA MARTINS CHAVES (VÍTIMA)
REINAN PEREIRA CHAVES (VÍTIMA)
Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9631123028 15/10/2022 00:42 MPMG-0006655-82.2022-COTA art. 121, 2 I, Cota da denúncia
III e IV, 129 e outros
2ª Promotoria de Justiça da Comarca de
Coronel Fabriciano
R. Duque de Caxias, nº 20, Centro 35.170-009, Coronel
Fabriciano/MG
Fone: (31) 3842-1148

VARA CRIMINAL E DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA


DE CORONEL FABRICIANO/MG

Autos n°: 0006655-82.2022.8.13.0194


REDS nº 2022-026665180-001
Inquérito Policial n° 415/22

Oferecimento de denúncia

MM. Juiz,

1. O Ministério Público do Estado de Minas Gerais oferece


denúncia em desfavor de Geanderson Carlos Silva Teotônio,
Marcus Vinícius Silva, Kaique Ferreira dos Santos, Michael
Douglas Peres de Sá e José Lourenço.

2. Abstém-se de oferecer quaisquer benefícios


despenalizadores aos denunciados, tendo em vista o não
preenchimento do requisito objetivo, previsto no art. 89 da Lei n°
9.099/95, à vista dos limites das penas cominadas. Verifica-se,
também, que não é cabível a formalização de acordo de não
persecução penal (art. 28-A, do CPP), tendo em vista que os delitos
envolveram violência e ameaça à pessoa, em virtude da natureza
hedionda dos crimes e considerando-se os limites das penas
cominadas.

3. Verifica-se, que, às fls. 134/141, a digna Autoridade


Policial representou pela decretação da PRISÃO PREVENTIVA dos
denunciados.

Da leitura dos autos, percebe-se que, a autoria e


materialidade dos delitos imputados aos denunciados restaram
demonstradas com suficiente clareza, mormente pelas declarações
prestadas em sede inquisitorial pelas testemunhas Izabela Martins
Chaves e Wellington Almeida Bertoldo (fls. 06/06v e 118/119), pelas
oitivas dos milicianos (fls.02/05), pelo Laudo de Necrópsia constante
às fls. 70/85, pelo Auto de Corpo de Delito (fls.28v/30), pelo Laudo de
Levantamento Pericial no Local do Crime coligido às fls.110/113v,
pela Comunicação de Serviço constante às fls.123/125, e pelos
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demais elementos dos autos, ressaindo, portanto, que realmente


perpetra as práticas que lhes foram impingidas.

Destaque-se, ademais, a extrema lesividade e


periculosidade concreta dos delitos cometidos, especialmente ao se
considerar o fato de que a ação fora orquestrada, com cuidado e
antecedência, por organização criminosa que vem causando efeitos
extremamente nocivos à comunidade onde atua.
Com efeito, o delito fora praticado de forma
premeditada, em superioridade de agentes e de armas, por
motivo torpe, com emprego de meio que poderia resultar
perigo comum e recurso que dificultou a defesa do ofendido.
Os denunciados arregimentaram enorme número de
pessoas, cercaram a vítima e prosseguiram na execução do bárbaro
crime, inclusive como forma de, a um só tempo, punir a vítima por
desavenças pretéritas, estabelecer o domínio da venda de
entorpecentes no local e de aterrorizar as pessoas do bairro, para
demonstrar o seu poderio e assegurar a continuidade na lucrativa
atividade ilícita (tráfico de drogas).
A toda evidência as circunstâncias concretas do caso
revelam que o fato praticado desborda dos elementos objetivos do
tipo penal em apuração e demonstram a intensa periculosidade dos
agentes, bem como evidenciam um prognóstico de reiteração
delituosa que, inclusive, já vem ocorrendo, depois da prática do fato
em apuração.
Ademais, constata-se da leitura das FAC´s e das CAC´s
colacionadas aos autos (fls.134/181) que os denunciados são
delinquentes habituais, possuindo diversos procedimentos criminais
instaurados em seus desfavores, insistindo, assim, em reiterar na
conduta delitiva, fazendo da prática de crimes graves um meio de
vida, o que legitima a segregação dos autores como medida de
garantia da ordem pública.
Some-se a isso, há indícios razoáveis de que os
denunciados, integrantes da sobredita organização criminosa, têm
criado e executado suas próprias leis no aludido bairro, sendo estes,
investigados por homicídios, tráficos, agressões e tortura praticados
contra pessoas que vão de encontro a suas ordens, circunstâncias
que evidenciam a gravidade concreta dos delitos, o perigo gerado

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pelo estado de liberdade e a insuficiência das medidas cautelares


diversas da prisão.
Destaca-se ainda que conforme o teor da Comunicação de
Serviço constante às fls. 123/125, depois de exaustiva atividade
de campo, foi realizada a clara constatação de que a atuação dos
envolvidos, e do grupo criminoso como um todo, está
contribuindo para impor a bem conhecida “lei do silêncio”,
comumente aplicadas em contextos tais, dificultando a mais
completa apuração dos fatos relacionados a este mesmo feito.
De se dizer, ademais, que o fato de alguns dos
denunciados estarem acautelados por outros acontecimentos
delitivos, não elide, no nosso entendimento, a necessidade da
decretação de suas prisões preventivas, notadamente pela
precariedade das prisões cautelares no ordenamento jurídico
brasileiro, que podem ser revogadas – e comumente o são – a
qualquer tempo.
Diante disso, o acautelamento dos denunciados
mostra-se imprescindível para resguardar o meio social e a
credibilidade da Justiça, evitando-se, com isso, o
cometimento reiterado de novas infrações penais.

Em razão do exposto, este Órgão Ministerial, com fulcro


nos artigos 311 a 313, do Código de Processo Penal, opina pela
decretação da prisão preventiva dos denunciados.

4. Verifica-se, ainda, que às fls. 134/141, a digna


Autoridade Policial representou pela expedição dos mandados de
BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR em desfavor dos investigados.

Considerando o envolvimento dos investigados no


homicídio em voga, e a fim de apreender instrumentos utilizados na
prática deste crime, inclusive as armas de fogo, ou destinado a fim
delituoso, o Ministério Público requer a expedição de
mandados de busca e apreensão a serem cumpridos nas
residências deles.
É indiscutível que a regra no ordenamento jurídico
brasileiro é a inviolabilidade do domicílio (CF, art. 5º, inc. XI). Tal
garantia, assim como todas as demais, no entanto, não pode servir de
escudo protetivo para a prática ilícitas.
Afinal, as liberdades públicas não são incondicionais,
devendo ser exercidas de maneira harmônica e com observância dos

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limites definidos pela Constituição, cuja interpretação reclama uma


leitura sistemática e razoável.
Não por menos, no âmbito infraconstitucional, o Código de
Processo Penal autoriza a realização de busca domiciliar, quando
fundadas razões a permitirem prenderem criminosos, bem como para
apreender toda e qualquer coisa (objetos, instrumentos, substâncias,
artefatos achados, obtidos ou usados na prática de ilícitos penais).

Conforme preceitua o art. 240, § 1.º, do Código de


Processo Penal:
Art. 240 A busca será domiciliar ou pessoal. § 1.º Proceder-se-á
à busca domiciliar quando fundadas razões a autorizarem
para: [...]
b” – apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
d” - apreender armas e munições, instrumentos utilizados
na prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e” – descobrir objetos necessários à prova de infração ou à
defesa do réu.
h” – colher qualquer elemento de convicção.

De sorte, constatada a existência de fundadas razões para


a expedição dos mandados de busca e apreensão, afigura-se
justificada a exceção ao princípio constitucional da inviolabilidade do
domicílio, como no caso em exame.

Isso porque, na espécie, essa excepcionalidade está


alicerçada nas substanciosas declarações colhidas nos autos, que, em
essência, retratam fundadas suspeitas de que os investigados
participaram do homicídio em apreço.

Desta forma, os elementos de convicção


colecionados apontam suspeitas de envolvimento dos
investigados na prática de delitos de extrema gravidade,
existindo fundadas razões para a expedição dos mandados de
busca e apreensão, com o intuito de obter meios de novas
fontes de provas hábeis à elucidação do caso, nos seguintes
domicílios indicados:

I) Rua Rosa Branca, nº 93, bairro São Domingos, Coronel


Fabriciano/MG (Geanderson Carlos Silva Teotônio);

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II) Rua Cromo, n° 288, bairro São Domingos, Coronel


Fabriciano/MG (Marcus Vinícius Silva);
III) Rua Corinthios, n° 141, bairro Judith Bhering, Coronel
Fabriciano/MG (Michael Douglas Peres de Sá);
IV) Rua Canário, n° 165, bairro Chácaras Ouro Verde,
Coronel Fabriciano/MG.(Kaique Ferreira dos Santos);
V) Rua Obadias, n° 449, bairro São Domingos, Coronel
Fabriciano/MG (José Lourenço).

5. Na oportunidade, requer o Ministério Público:

a) seja apreciada a representação formulada pela d.


Autoridade Policial às fls.134/141 e o parecer ministerial
coligido alhures, para que seja decretada a prisão
preventiva dos denunciados, assim como seja
deferida a busca e apreensão domiciliar em seus
desfavores;

b) sejam juntadas as CAC´s atualizadas do denunciado


Geanderson Carlos Silva Teotônio referente a
Comarca de Timóteo, do denunciado Marcus Vinícius
Silva, referentes as Comarcas de Belo Horizonte/MG,
Ribeirão das Neves/MG e Ipatinga/MG, do denunciado
Kaique Ferreira dos Santos referente a Comarca de
Belo Horizonte/Mg e dos denunciados Michael Douglas
Peres de Sá e José Lourenço referentes as Comarcas
de Açucena/MG e Ipatinga/MG.

Por fim, o Ministério Público junta aos autos, anexos


a esta cota, os Boletins de Ocorrências n° 2019-030855623-001,
2020-001476851-001 e 2020-011439403-001 assim como o Laudo de
levantamento pericial no local do delito e o Relatório de necrópsia
(coloridos).

Coronel Fabriciano/MG, 14 de outubro de 2022.

Célio Dimas Esteves Ruas


Promotor de Justiça

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