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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DEPARTAMENTO DE DIREITO/CCSA
DISCIPLINA DIREITO E LEGISLAÇÃO SOCIAL
PROFA. DENISE LEAL F. ALBANO LEOPOLDO
2a Avaliação de Legislação Penal Especial

Nome: ________________________________________________________________________Data: 05/03/2024


OBS: - Em cada uma das questões objetivas há somente uma única alternativa a assinalar. Usar caneta preta ou azul.
- Serão consideradas nulas as questões assinaladas com rasura. A prova será realizada sem consulta.

1. Sobre a Lei nº 9.296/96 que trata das interceptações telefônicas, é INCORRETO afirmar, à luz do texto
normativo e do entendimento jurisprudencial consolidado: (1,0)
a. ( ) Apesar de só mais recentemente passarem a ser abrangidas por essa lei a captação ambiental de sons e
imagens autorizadas judicialmente, prevalece o entendimento de que a captação ambiental clandestina em
matéria de defesa feita por um dos interlocutores, para prova em seu favor, não é criminosa e a prova é
considerada lícita.
b. ( ) A gravação telefônica que não interessar à prova será inutilizada antes, durante ou após a instrução
processual, por decisão de ofício da autoridade judicial, ou a pedido do MP ou da parte interessada, e o incidente
de inutilização da gravação telefônica deverá ser assistido tanto por membro do MP como pelo representante
legal do investigado ou acusado.
c. ( ) Durante a colheita da prova o segredo há de ser absoluto frente ao investigado e sua defesa. Mas obtida a
prova e concluída a diligência, doutrina majoritária entende que deve ser levantado o sigilo interno
especialmente para a defesa, ainda que seja na fase pré-processual, em respeito à ampla defesa e ao
contraditório.
d. ( ) As características da incindentalidade e acessoriedade das interceptações telefônicas/telemáticas
decorrem, respectivamente, do fato de que tais diligências podem não ser admitidas ou necessárias na apuração
de crimes, mesmo os punidos com reclusão, e de que devem ocorrer sempre atreladas a um procedimento de
investigação criminal ou de instrução processual penal.
e. ( ) As interceptações telefônicas ou telemáticas estão estritamente sujeitas à cláusula de reserva de jurisdição
e, ao contrário do sigilo telefônico ou telemático, não podem ser determinadas nem mesmo por CPIs.
2. Assinale a opção CORRETA a respeito da interceptação telefônica: (1,0)
a. ( ) A interceptação telefônica/telemática é medida excepcional e, além dos requisitos legais, deve ser
respeitada a proporcionalidade, prevalecendo o entendimento jurisprudencial de que somente é possível tal
diligência ser autorizada se for necessariamente precedida da quebra de sigilo telefônico ou telemático, meio
menos invasivo à intimidade e à vida privada.
b. ( ) A lei que dispõe sobre a interceptação telefônica estabelece que esta não pode ultrapassar o prazo de
quinze dias, contados a partir da decisão que a defere, sendo admitida uma renovação por igual período.
c. ( ) No caso de interceptações telefônicas ou telemáticas tem-se o chamado flagrante diferido, mas no caso de
captação ambiental tanto o Ministério Público como a defesa técnica tem assegurado o direito ao contraditório
imediato, haja vista o caráter instantâneo na obtenção desse meio de prova.
d. ( ) Em regra, a interceptação telefônica só é admitida para investigar crimes punidos com reclusão. Mas, se,
durante as gravações, forem descobertas infrações punidas com detenção, as provas colhidas poderão ser
utilizadas ainda que não haja conexão entre os dois ilícitos.
e. ( ) Por se tratar de medida que exige cuidadoso controle e sujeita à estrita legalidade, não se admite o
pedido de interceptação feito de forma verbal.
3. Leia a ementa abaixo relativa a um caso em que foi autorizada interceptação telefônica em procedimento
criminal e identifique, com base no contexto do julgado e de modo especial no trecho sublinhado, qual termo ou
expressão foi suprimido. Preencha o espaço em branco com o mesmo e indique, ao final, possível teoria que
poderia ser invocada nessa matéria para validar a prova obtida por meio de uma interceptação legalmente
autorizada que, além de ilícito penal, também revelou ilícito administrativo. (1,0)
EMENTA: Constitucional. Administrativo. Apelação cível. Processo administrativo disciplinar. Lei nº 9.296/96.
Pretensão de anulação de Portaria que instaurou procedimento administrativo disciplinar, ou sua suspensão, até
trânsito em julgado da ação penal respectiva. Alegações da defesa que dizem respeito à ilegalidade de
interceptações telefônicas por prazo superior a 30 dias; falta de transcrição e juntada de cópias da íntegra das
interceptações e de seus áudios; inadmissibilidade da (...) [utilização] de prova produzida em processo [criminal]
no qual o apelante não era parte; impossibilidade de utilização de interceptação telefônica como uma prova
emprestada cerceamento de defesa por falta de contraditório; e utilização de provas ilícitas. Lacunas
interpretativas da legislação infraconstitucional que têm ensejado dissídio doutrinário-jurisprudencial sobre
diversos temas relativos à interceptação telefônica. Hipótese dos autos em que o conjunto da prova não revela
utilização ilícita de provas e tampouco quebra da ampla defesa e do contraditório. Precedentes do STF. Recurso
desprovido. (Rel. Des. Valmir de Oliveira Silva - Julgamento: 25/01/2010 - ÓRGÃO ESPECIAL)
TEORIA DA SERENDIPIDADE OU DO ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS
4. (CESPE/CEBRASPE - Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado do Ceará / 2019 [OBS: com adaptações]) Acerca
do crime de organização criminosa, tendo como referência a Lei Nº 12.850/2013, assinale a opção CORRETA.
(1,0)
I. Considera-se organização criminosa a associação composta por, pelo menos, três participantes que tenham por
objetivo obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais.
II. Uma organização criminosa tem como característica elementar a estrutura ordenada e a divisão de tarefas, e
independe de constituição formal.
III. A associação de pessoas com o fim de cometer infrações penais cujas penas cominadas forem inferiores a
quatro anos será reconhecida como organização criminosa somente se pelo menos um de seus membros for
servidor público.
IV. Para a consumação do crime de organização criminosa, é prescindível a prática de outros atos criminosos pela
organização.
V. A condenação de agente público que integra organização criminosa exige seu imediato afastamento do serviço
público bem como o impedimento para o exercício de qualquer função, emprego, cargo público ou mandato
eletivo pelo prazo de doze anos da sentença transitada em julgado.
a. ( ) Apenas o item I está certo.
b. ( ) Apenas o item II está certo.
c. ( ) Apenas os itens I e III estão certos.
d . ( ) Apenas os itens II e IV estão certos.
e . ( ) Apenas os itens III e IV estão certos.
5. Faça a leitura da assertiva abaixo e, considerando o que foi discutido em sala de aula e apresentado no
material disponibilizado à turma sobre o assunto, preencha o espaço em branco com o termo adequado: (1,0)
Parte da doutrina vê como medida salutar a formação do colegiado de 1º grau para decidir matérias e julgar
casos relativos a crimes praticados por grupos criminosos violentos. Tal instituto, inaugurado no Brasil pela Lei
Nº 12.694/2012, foi fortemente inspirado na experiência de países que enfrentaram o poder do crime
organizado e criaram o que se convencionou chamar de “juiz sem rosto”. Mas há autores que fazem ressalvas,
especialmente por considerar que nas decisões dos três juízes de 1º grau, a omissão quanto ao voto divergente,
quando houver, violaria o primado constitucional da necessária publicidade e fundamentação das decisões
judiciais.
6. Sobre a investigação criminal e os meios de obtenção da prova nos crimes relativos às organizações criminosas
(Lei nº 12.850/2013) à luz do texto normativo e posição jurisprudencial, é CORRETO afirmar que: (1,0)
a. ( ) Embora o juiz não deva participar das negociações para a formação do acordo de colaboração premiada,
ele poderá, ao examinar os termos do acordo e identificar eventuais irregularidades, indicá-las e apontar
precisamente como devem ser refeitas tendo em vista o controle judicial por meio da reserva de jurisdição a
posteriori;
b. ( ) Com o pacote anti-crime, a lei estipulou que o acordo de colaboração premiada é negócio jurídico
processual que pressupõe a “renúncia” ao direito ao silêncio e até ao da vedação à autoincriminação, mas serão
nulas de pleno direito, no acordo de colaboração premiada, as previsões de renúncia ao direito de impugnar a
decisão homologatória;
c. ( ) Será possível ao juiz receber a denúncia com fundamento somente nas declarações do colaborador,
independentemente de provas de corroboração, mas não poderá proferir sentença condenatória tendo como
base, dentre outras provas, as referidas declarações do réu colaborador uma vez que eventual decisão
condenatória deve priorizar provas materiais e periciais;
d. ( ) Em razão do princípio da busca da verdade real ou material no processo penal, a lei prevê expressamente
que o juiz poderá decretar de ofício a infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação,
independentemente de pedido da autoridade policial ou do MP nesse sentido, e a diligência deverá ter duração
de 3 meses prorrogável uma vez por igual período;
e. ( ) Deverá o retardamento da intervenção policial ou administrativa, na ação controlada, ser comunicado
previamente ao ministério público que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao juiz
competente.
7. Ainda sobre os meios excepcionais de prova, assinale a afirmação INCORRETA: (1,0)
a. ( ) A infiltração de agentes é admitida somente em sede de procedimento criminal, posicionando-se a
doutrina no sentido de que apenas agentes policiais devidamente treinados podem atuar como tal, mediante
prévia e fundamentada autorização judicial e, caso pratiquem ilícitos na infiltração, estarão amparados pela
eximente de inexigibilidade de conduta diversa.
b. ( ) O COAF é uma unidade administrativa de inteligência financeira vinculada ao Ministério da Justiça e
Segurança, e, nos termos da legislação específica, corresponde a um dos órgãos da persecução penal
correspondente à polícia técnico-científica no campo da lavagem, pois atua a fim de prevenir e reprimir a
lavagem de dinheiro.
c. ( ) O STF já considerou válido o compartilhamento de dados fiscais e bancários sigilosos de que dispõem a
Receita Federal e o COAF, com MP e Autoridade Policial, sempre que houver indícios de crime, reconhecendo que
não se configurava “quebra” de sigilo, mas nos últimos anos passou a adotar a tese de que para o acesso a dados
mais completos e precisos, discriminando operações, valores movimentados e beneficiários etc, deve ser
requerida autorização judicial.
d. ( ) A autoridade policial e o MP terão acesso, exclusivamente, a dados cadastrais sobre qualificação pessoal,
filiação e endereço do investigado, independentemente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral,
empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito.
e. ( ) O pacote anticrime incluiu na Lei de Lavagem a possibilidade de infiltração de agentes e ação controlada
como meios excepcionais de obtenção de prova, mas quanto à colaboração premiada que já estava prevista, é
exigida a espontaneidade do investigado/réu colaborador e não apenas sua voluntariedade na celebração do
acordo.
8. Sobre o crime “lavagem de capitais” assinale a única alternativa INCORRETA: (1,0)
a. ( ) A atual lei de lavagem brasileira é considerada de terceira geração porque não há mais um rol específico de
crimes antecedentes, podendo atualmente figurar como antecedente do crime de lavagem qualquer infração
penal, quer seja crime ou contravenção penal.
b. ( ) Admite-se a responsabilização do agente quer a título de dolo direto ou eventual ou de culpa e, nesse
último caso, aplica-se a teoria da cegueira deliberada quando pessoas que atuam em áreas suscetíveis à prática
de lavagem são imprudentes ou negligentes em seu dever de cuidado, mantendo-se indiferentes diante das
evidências de que recursos ilícitos estão sendo “lavados”.
c. ( ) O procedimento a ser observado para o julgamento dos crimes de lavagem de capitais é o ordinário ou
comum dos crimes punidos com reclusão e a competência para o julgamento é, em regra, da Justiça Estadual e só
residualmente é da Justiça Federal.
d. ( ) A justa causa duplicada implica na dispensa do trânsito em julgado de sentença condenatória pelo crime
antecedente que gerou recursos que se busca tornar lícitos com a prática de lavagem de capitais, ou seja, para a
propositura e recebimento da denúncia do crime de lavagem bastam indícios suficientes da existência da infração
penal antecedente, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a punibilidade do ilícito
antecedente juntamente com indícios de autoria e evidência de materialidade do crime de lavagem.
e. ( ) Os crimes de “lavagem” admitem a forma tentada, embora seja de difícil verificação em concreto, mas
para sua consumação não é necessário que o agente atinja a terceira etapa da lavagem, bastando apenas a
prática de atos que correspondam à primeira etapa.
9. (Instituto AOCP 2017 / Secretaria de Estado de Administração do Pará SEAD PA - PA / Agente de Segurança
Prisional). Segundo a Lei no 9.613/1998, havendo indícios do cometimento de infração penal, poderão ser
decretadas medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado. Nesse sentido, a
alienação antecipada para preservação de valor de bens sob constrição será decretada pelo juiz, de ofício, a
requerimento do Ministério Público ou por solicitação da parte interessada, mediante petição autônoma, que
será autuada em apartado e cujos autos terão tramitação em separado em relação ao processo principal.
Assinale a alternativa CORRETA acerca da referida alienação antecipada. (1,0)
a. ( ) O requerimento de alienação deverá conter a relação dos bens que se pretende assegurar, com a
descrição breve de cada um deles, resguardando-se as informações sobre quem os detém e lacração do local
onde se encontram.
b. ( ) O juiz determinará a avaliação dos bens, nos autos principais, e intimará o Ministério Público e os
advogados de defesa do investigado ou acusado.
c. ( ) Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por despacho,
homologará o valor atribuído aos bens e determinará que sejam alienados em leilão ou pregão,
preferencialmente presencial, por valor não inferior a 60% (sessenta por cento) da avaliação.
d. ( ) Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença,
homologará o valor atribuído aos bens e determinará que sejam alienados, obrigatoriamente em pregão
eletrônico, por valor não inferior a 70% (setenta por cento) da avaliação.
e. ( )Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos
a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção.
10. Estabeleça e explique a relação entre: LAVAGEM DE CAPITAIS – MEDIDA CAUTELAR ASSECURATÓRIA –
CONFUSÃO PATRIMONIAL.
Aqui, caberia destacar que no crime de lavagem é possível a aplicação de uma série de medidas cautelares
assecuratórias, quer de caráter pessoal, probatório ou mesmo patrimonial. E, nesse último caso, essas medidas
podem recair sobre bens lícitos ou ilícitos quer do próprio autor do crime antecedente quer de familiares ou
outros terceiros implicados no esquema de lavagem. Mas o atingimento dos bens lícitos pela medida cautelar
somente pode ocorrer quando ocorra confusão patrimonial, ou seja, quando é promovida a “mistura” entre bens
de origem lícita e ilícita exatamente para dificultar a recuperação do proveito ou produto do crime.

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