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ABREVIATURAS
Ac. – Acórdão
CDFUE – Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
CEDH – Convenção Europeia dos Direitos do Homem
CPP – Código de Processo Penal
CRP – Constituição da República Portuguesa
DUDH – Declaração Universal dos Direitos do Homem
PIDCP – Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos
RPCC – Revista Portuguesa de Ciência Criminal
StPO – Strafprozessordnung (Código de Processo Penal Alemão)
TRP – Tribunal da Relação do Porto
3
1 Cf. GONÇALVES, Fernando; ALVES, Manuel João – A Prova do Crime: Meios Legais para a sua
Obtenção. Coimbra: Almedina, 2009. p. 231; ANDRADE, Manuel da Costa – Das Escutas Telefó-
nicas. In VALENTE, Manuel Monteiro Guedes, coord. - I Congresso de Processo Penal: Memórias.
Coimbra: Almedina, 2005. p. 216.
2 Cf. ANDRADE, Manuel da Costa – Sobre as Proibições de Prova em Processo Penal. Coimbra:
Coimbra Editora, 1992. p. 283, nota 4 e 4a).
3 Considerando sempre que, na maioria dos preceitos citados, o vocábulo “correspondência” é utili-
zado num sentido mais amplo, de forma a abranger também as comunicações (telefónicas). Cf.
VALENTE, Manuel Monteiro Guedes Valente – Escutas Telefónicas: Da Excepcionalidade à Vulga-
ridade. 2.ª ed. rev. e actual. Coimbra: Almedina, 2008. p. 152.
4 Cf. MIRANDA, Jorge; MEDEIROS, Rui – Constituição da República Portuguesa Anotada. Coimbra:
Coimbra Editora, 2005. Tomo I. p. 373.
5 Cf. VALENTE, Escutas Telefónicas, p. 76.
4
organizações criminosas.6
6 MATA-MOUROS, Maria de Fátima – Escutas Telefónicas: o que não muda com a reforma. Revista
do CEJ. ISSN 1645-829X. N.º 9 (Jan.-Jun. 2008), p. 241.; Cf. ANDRADE, Sobre as Proibições de
Prova, p. 272.
7 ESCUTAS Telefónicas. In EIRAS, Henriques; FORTES, Guilhermina – Dicionário de Direito Penal e
Processo Penal. 3.ª ed. Lisboa: Quid Juris, 2010, p. 322; EIRAS, Henriques; FORTES, Guilhermi-
na, colab. – Processo Penal Elementar. 8.ª ed. actual. Lisboa: Quid Juris, 2010, p. 175-176.
8 AGUILAR, Francisco – Dos Conhecimentos Fortuitos obtidos através de Escutas Telefónicas: con-
tributo para o seu estudo nos ordenamentos jurídicos alemão e português. Coimbra: Almedina,
2004. p. 18.
9 SANTOS, Manuel Simas; LEAL-HENRIQUES, SANTOS, João Simas – Noções de Processo Penal.
[S.l.]: Rei dos Livros, 2010. p. 258.
10 Cf. GONÇALVES/ALVES, op. cit., p. 239.
11 SANTOS/LEAL-HENRIQUES/SANTOS, Noções de Processo Penal, p. 258.
5
3. Os Crimes de Catálogo
12 Cf. MATA-MOUROS, Maria de Fátima – Sob Escuta: reflexões sob o problema das escutas telefó-
nicas e as funções do juiz de instrução criminal. São João do Estoril, 2003. p. 92.
13 Cf. SILVA, Germando Marques – Curso de Processo Penal. 4.ª ed. rev. e actual. Lisboa: Verbo,
2008. Vol. II, p. 256; GONÇALVES/ALVES, op. cit., p. 240.
14 VALENTE, Escutas Telefónicas, p. 119.
15 VALENTE, Escutas Telefónicas, p. 76.
16 Cf. VALENTE, Escutas Telefónicas, p. 76.
17 Cf. VALENTE, Escutas Telefónicas, p. 76. Criminalidade de massa, nas palavras deste autor. Cri-
minalidade média na opinião de LEITE, André Lamas – As escutas telefónicas: algumas reflexões
em redor do seu regime e das consequências processuais derivadas da respectiva violação.
Separata da Revista da Faculdade de Direito da Universidade do Porto . Coimbra: Coimbra Edito-
ra. Ano I, (2004), p. 25.
18 Cf. LEITE, André Lamas – Entre Péricles e Sísifo: o novo regime legal das escutas telefónicas.
Revista Portuguesa de Ciência Criminal. Coimbra: Coimbra Editora; Instituto de Direito Penal
Económico e Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. ISSN 0871-8563.
Ano 17, n.º 4 (Out.-Dez. 2007), p. 626-627.
19 Cf. LEITE, As escutas telefónicas, p. 25.
6
A República Portuguesa tem como base a dignidade da pessoa humana (art. 1.º
CRP). Esta concepção faz da pessoa, do homem concreto e individual, fundamento e fim
da sociedade e do Estado.22 Assim sendo, a República portuguesa, enquanto estado de
direito democrático, deve respeitar e garantir a efectivação dos direitos e liberdades
fundamentais (art. 2.º CRP), que vincula os órgãos de soberania por aplicabilidade directa
(art. 18.º, nº 1 CRP).23 Pretende-se, assim, proteger bens jurídicos constitucionalmente
consagrados e fundamentais ao desenvolvimento de pessoas humanas que se querem
livres, dignas, activas e realizadas numa sociedade organizada. Bens esses que podem ser
“ofendidos por actos investigatórios promovidos por serviços e órgãos do Estado
vinculados ao direito”, e restringidos, nos termos do art. 18.º, n.º 2, 26.º, n.º 4 e 34.º, n.º
4 CRP.24 Assim, nos termos do art. 18.º da CRP, é prescrito o regime da restrição de
direitos:
(A) A restrição deve fundar-se, explícita ou implicitamente, na Constituição (primeira
parte do n.º 2 do art. 18.º CRP).25
(B) A restrição deve salvaguardar outro direito ou interesse constitucionalmente
protegido (in fine, n.º 2 do art. 18.º CRP).26 Para Guedes Valente, “a defesa e
(D) A restrição não pode aniquilar o direito em causa com a diminuição da extensão e do
alcance conteúdo essencial dos preceitos constitucionais (in fine, n.º 3 do art. 18.º
CRP) – qual será o objecto de protecção da norma: o conteúdo essencial da garantia
geral e abstracta ou o conteúdo essencial da posição jurídica e individual de cada
cidadão? Devemos assim considerar que a expressão «preceitos constitucionais»
parece considerar os direitos fundamentais como bens jurídicos objectivos. E será
que o conteúdo essencial possui natureza absoluta (possui uma substancialidade
própria) ou, pelo contrário, relativa (delimita-se perante cada caso concreto,
mediante uma ponderação de bens ou interesses concorrentes)?34 Para Jorge
Miranda, o conteúdo essencial dos direitos, liberdades e garantias consignados nos
preceitos constitucionais deve ser entendido com um limite absoluto (contra o abuso
de poder) que corresponde ao valor ou finalidade que justifica o direito, rejeitando
este autor as teses relativas, pois que estas confundem proporcionalidade (art. 18.º,
n.º 2 CRP) com conteúdo essencial (art. 18.º, n.º 3 CRP).35 G. Canotilho e Vital
Moreira defendem uma teoria mista, considerando que a delimitação do conteúdo
essencial se deve articular com a “necessidade de protecção de outros bens ou
direitos constitucionalmente garantidos”, sem se dar uma aniquilação daquele
conteúdo (deve sobrar um resto substancial que assegure a utilidade constitucional
do direito em causa).36 Assim, para Guedes Valente, “o conteúdo essencial do direito
à reserva da intimidade da vida privada não pode ser aniquilado ou nidificado com o
recurso à escuta telefónica sob pena de inutilização da prova por ser proibida.”37
Nos termos do n.º 7 do art. 187.º CPP, a valoração dos conhecimentos fortuitos
encontra-se sujeita, além do critério de indispensabilidade da prova de crime de catálogo
previsto no n.º 1, ao decurso de processo crime40 (“em curso ou a instaurar”), se tiver
Verificámos também que, além dos requisitos exigidos pelo n.º 7, devem verificar-
se igualmente os pressupostos que autorizariam as escutas ab initio, ou seja, os presentes
no n.º 1 do art. 187.º CPP. Desde logo, que as escutas só podem ser autorizadas durante
a fase de inquérito, e que se encontram sujeitas a um princípio de indispensabilidade43
para a descoberta da verdade ou impossibilidade ou imensa dificuldade de obtenção da
prova por outro meio. É igualmente exigido um despacho fundamentado do juiz de
instrução, por requerimento do Ministério Público.
41 Cf. LEITE, Entre Péricles e Sísifo, p. 633. Para Guedes Valente, se for referido um terceiro (que
não participa nas comunicações interceptadas e gravadas), este poderá estar a ser arrastado
pelos intervenientes para a investigação a título de manipulação. A não ser que o terceiro seja
cúmplice ou interveniente do crime, aquele conhecimento fortuito deve, por parte do Ministério
Público, originar uma investigação autónoma. VALENTE, Manuel Monteiro Guedes – Conhecimen-
tos Fortuitos: A Busca de um Equilíbrio Apuleiano! Coimbra: Almedina, 2006. p. 133.
42 Cf. LEITE, Entre Péricles e Sísifo, p. 631. Neste sentido, ALBUQUERQUE, Paulo Pinto, anot. –
Comentário do Código Processual Penal à luz da Constituição da República e da Convenção
Europeia dos Direitos do Homem. 3.ª ed. actual. Lisboa: Universidade Católica Editora, 2009. p.
509-510.
43 Cf. VALENTE, Conhecimentos Fortuitos, p. 135.
44 Cf. VALENTE, Conhecimentos Fortuitos, p. 131, 133-134.
45 Cf. AGUILAR, Dos Conhecimentos Fortuitos, p. 30-31 apud VALENTE, Conhecimentos Fortuitos,
p. 105. Daqui se retira também uma necessária obediência a um princípio de subsidariedade: se
só se deve recorrer às “escutas telefónicas quando não seja possível a mesma eficácia probató-
ria à custa de meios menos gravosos”, o mesmo se dirá quanto à valoração dos conhecimentos
fortuitos. ANDRADE, Das escutas telefónicas, p. 218.
10
punição.”46
6. Conclusões
7. BIBLIOGRAFIA
Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 11-01-1995, proc. n.º 9441000 (n.º conven-
cional JTRP00016793) (Pereira Madeira) [Em linha]. [Consult. 02 Jan. 2011]. Disponível
em URL: http://www.dgsi.pt/.
CARTA dos Direitos Fundamentais da União Europeia. [Em linha.] actual. 7 Dez. 2000.
[Consult. 28 Dez. 2010]. Disponível em: http://eur-
lex.europa.eu/pt/treaties/dat/32007X1214/htm/C2007303PT.01000101.htm.
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3985-5.
CÓDIGO Penal. 10.ª ed. Coimbra: Almedina, 2008. 751 p. ISBN 978-972-40-2545-1.
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EIRAS, Henriques; FORTES, Guilhermina, colab. – Processo Penal Elementar. 8.ª ed.
actual. Lisboa: Quid Juris, 2010. 719 p. ISBN 978-972-724-486-7.
GONÇALVES, Fernando; ALVES, Manuel João – A Prova do Crime: Meios Legais para a sua
Obtenção. Coimbra: Almedina, 2009. 261 p. ISBN 978-972-40-3971-8.
LEITE, André Lamas – Entre Péricles e Sísifo: o novo regime legal das escutas telefónicas.
Revista Portuguesa de Ciência Criminal. Coimbra: Instituto de Direito Penal Económico e
Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra; Coimbra Editora. ISSN
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MATA-MOUROS, Maria de Fátima – Escutas telefónicas: o que não muda com a reforma.
Revista do CEJ. ISSN 1645-829X. N.º 9 (Jan.-Jun. 2008), p. 219-242.
MATA-MOUROS, Maria de Fátima – Sob Escuta. Cascais: Principia, 2003. 223 p. ISBN 972-
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MIRANDA, Jorge – Manual de Direito Constitucional. 2.ª ed. rev. e actual. Coimbra: Coim-
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SILVA, Germano Marques – Curso de Processo Penal. 4.ª ed. rev. e actual. Lisboa: Verbo,
2008. 414 p. Vol. II. ISBN 978-972-22-1592-3.