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PRÁ TICA 1
02.2020
Ana Luísa de Navarro
RELATÓ RIO DAS AUDIÊ NCIAS
RELATÓRIO
Julgamento (online) do Supremo Tribunal Federal sobre a suspensão da eficácia da Medida Provisória de
n. 954/202, envolvendo o compartilhamento de dados de usuários de telefonia.
Argumentos:
Rosa Weber argumenta que a privacidade só pode ser cedida diante jusficativa consistente e
legítima, e que a invasão injustificada da privacidade deve ser restringida e prevenida. Relata
que a medida provisória 954 exorbitou os limites da Constituição Federal ao dispor da
disponinbilização dos dados pessoais dos consumidores de telefonia fixa e celular ao IBGE. O
parágrafo primeiro limita que os dados serão utilizados apenas para estatísticas oficiais com o
objetivo de realizar entrevistas domiciliares, no entanto, não delimitam o objeto e igualmente
não esclarece como estes dados serão utilizados, como não há interesse legítimo, pois não
garantem mecanismos compatíveis com a CF de direitos fundamentais e personalidade, ferindo
a dignidade da pessoa humana, causando possíveis embaraços às pessoas que tiverem seus
dados expostos. Dados coletados para um propósito, dificilmente serão evitados de serem
usados para outros fins não relacionados.
Voto da ministra Rosa Weber: para conceder a medida cautelar que suspende a eficácia da
medida provisória 954.
Voto do ministro Alexandre de Moraes: para conceder a medida cautelar que suspende a
eficácia da medida provisória 954.
Resumo e voto do ministro Celso de Melo: o ministro apenas referende integralmente o voto da
Ministra Rosa Weber, para conceder a medida cautelar que suspende a eficácia da medida
provisória 954.
O ministro Edson Fachin acrescenta duas questões fundamentais: a primeira diz respeito à
importância dos saberes da demografia da estatística para a própria qualidade da vida
democrática, e a segunda é centralidade da dimensão procedimental dos direitos em período de
crise. As políticas públicas, amparadas por evidências de natureza qualitativa ou quantitativas,
garantem a realização efetiva do estado de direito democrático, e o justo controle politico dos
controles republicanos. Diz também que os dados coletados pelo IBGE tornam importante neste
período de pandemia, no entanto, a situação de emergência não pode gerar um regime de
incompatibilidade com a proteção dos direitos fundamentais.
Voto do ministro Edson Fachin: referende o voto da Ministra Rosa Weber, para conceder a
medida cautelar que suspende a eficácia da medida provisória 954.
Voto do ministro Luís Roberto Barroso: acompanha a ministra Rosa Weber, para conceder a
medida cautelar que suspende a eficácia da medida provisória 954.
O ministro destaca que apesar de saber da precisão e competência das estatísticas do IBGE, por
conta da internet hoje em dia, a difusão destes dados captados, muitas vezes, podem se espalhar
rapidamente, colocando o Brasil em risco com tal exposição. Uma vez que os dados pessoais
são dados de extrema importância, e não devemos subestimar os riscos do compartilhamento de
informações entre empresa privada e o governo. Reitera ainda que se deve limitar a coleta e
processamento de dados o mínimo necessário para realização de suas finalidades normativas,
que não é o que ocorre com tal medida provisória. Buscando sempre prevenir a ocorrência de
danos. O ministro sugere ainda a possibilidade das operadoras de telefonia promover este
contato e ao final dar o resultado parcial, e por conta de tudo disso, a medida provisória
ultrapassa os limites da privacidade, ferindo os direitos fundamentais no uso e
compartilhamento de dados, ainda que em momento de crise pandêmica.
Voto do ministro Luiz Fux: concorda com a ministra Rosa Weber, para conceder a medida
cautelar que suspende a eficácia da medida provisória 954, e determinar que o IBGE se
abstenha de requerer a disponilização dos dados da referida medida provisória.
Segundo Lewandowski, nos dias atuais o maior perigo para a democracia é a coleta agressiva de
dados pessoais. A própria lei geral de proteção de dados, ainda em vacatio legis, menciona que
a coleta excessiva deve-se observar a boa fé e compatibilidade de tratamento com a finalidade, e
a necessidade. Seguindo a sistemática da MP que está sendo questionada, é inegável que
ocorreria a coleta e processamento de dados pessoais de forma incompatível com o propósito de
avaliação e manejo de riscos para a saúde pública.
De acordo com o ministro, as tecnologias atuais são muito boas e tem muitas vantagens.
Entretanto, traz também perigos e risco de compartilhamento. Fez também a comparação com a
antiga lista telefônica, mas lembrando de que a pessoa tinha a opção de retirar o número e não
se expor, mas neste caso em discussão, há a grande possibilidade de manipulação de dados
pelos computadores, colocando em risco a exposição de dados, diz também que tal medida
compromete os princípios fundamentais à proteção de dados pessoais e privacidade da pessoa
humana. Verifica-se também que a MP é altamente deficitária na fixação de salvaguardas para
garantir privacidade e segurança de dados na fundação IBGE e não garante um nível de controle
suficiente. Ademais, o ministro acredita que, ainda que haja exclusão de dados após a realização
das estatísticas, não é suficiente para garantir um controle adequado, ainda que acredite na
seriedade do IBGE, os riscos de vazamento e uso ilícito de dados não pode ser negligenciado.
Deu o exemplo também do Banco do Brasil, que a partir de uma falha de segurança teve um
vazamento de dados que atingiu 156 mil clientes. Diz ainda que não há garantia que os dados
coletados serão utilizados apenas para fins estatísticos. Nota-se ainda que a não coleta destes
dados não é um impedimento para o combate à COVID-19.
Voto do ministro Gilmar Mendes: referende o voto da Ministra Rosa Weber, para conceder a
medida cautelar que suspende a eficácia da medida provisória 954. E propõe ainda que o
presente julgamento seja convertido no julgamento do mérito da própria ADIN.
A ministra destaca a importancia do tema de proteção de dados, para que todos sejam
resguardados, cita o avanço da tecnologia no tocante às máquinas que conseguem alterar rostos,
falas e voz. Afirma a confiança no IBGE, mas concorda ser invasivo e perigoso, e de fácil
acesso aos dados dos usuários. Acredita que a coleta e armazenamento de dados é uma
interferência na privacidade, independente se serão utilizados ou consultados posteriormente.
Não é por conta de uma pandemia que convém abrir mão dos requisitos constitucionais, mesmo
sabendo que é uma estatística necessária. No entanto, a Medida Provisória em questão, vai além
do que a Constituição Federal permite para que se tenha o uso de coleta de dados. Há
necessidade de haver razoabilidade e proporcionalidade.
Voto da ministra Carmen Lúcia: Acompanha também Rosa Weber para conceder a medida
cautelar que suspende a eficácia da medida provisória 954.
O ministro diverge de todos os outros votos e justifica sua divergência sob o argumento de que
a sociedade brasileira perderá muito com isso, pois há o afastamento imprevisível das
estatísticas do levantamento de dados, que é tão necessário ao implemento de políticas públicas.
Diz ainda que a ADIN está dirigida contra um ato precário e efêmero, que fica formalizado pelo
executivo, submetido a uma condição resolutiva. Ressalta que o IBGE é até hoje um órgão que
só merece elogios, e de uma seriedade inafastável, e que não será um compartilhamento
submetido a prazo indeterminado e sim enquanto o IBGE estiver impossibilitado de visitar as
residências para colher os dados e se aplicam apenas durante a época da pandemia. Ademais, os
dados coletados serão usados exclusivamente pelo IBGE e apenas para produção de estatísticas,
com caráter sigiloso e não para cuidar da vida alheia. Disse que tem seus números telefônicos
expostos para todos e nem por isso se sente ferido na dignidade. Ademais, os usuários têm a
opção de recusar a ligação caso não queiram passar as informações. Para o ministro, não cabe
deferimento da liminar.
Voto do ministro Marco Aurélio: nega o referendo, mantendo rídiga a medida provisória.
RELATÓRIO
Audiência pública (online) do Supremo Tribunal Federal na ADPF 614 sobre liberdade de
expressão.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=pXXYbLMEFjM.
Introdução Min. Cármen Lúcia: a Ministra inicia a audiência dizendo que censura não se debate, e
sim, combate, pois censura é uma manifestação de ausência de liberdade e a democracia não a
tolera, a CF é expressa ao vedar qualquer forma de censura. Salienta a importância de as
instituições públicas preservarem os preceitos fundamentais previstos na constituição,
especialmente a cultura. Logo, a expressão cultural é uma das formas de exercício da democracia,
liberdade de expressão, sob qualquer aspecto, independente de raça, credo, visão política, devendo,
portanto, ser exercida em sua plenitude. Diz que a cultura é a expressão da história de cada povo,
através de pintura, dança arte, etc. em seguida, breve introdução da ministra Rosa Weber, Carlos
Vilhena, André Mendonça e Luiz Viana.
Argumentos:
Exposição oral de José Vicente Santini: Frisa a importancia do cinema para a cultura do nosso
País, e o dever de continuar levando também no futuro a cultura para atingir todo o público
brasileiro. Diz que tudo que está no decreto e na lei, estão sendo respeitados. Ressalta que a
pluralidade de ideias é sempre bem-vinda, além de essencial.