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DIREITO CONSTITUCIONAL

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos IV


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DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS IV

DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ARTIGOS 5º A 17 DA CF/1988)

INVIOLABILIDADE DE SIGILOS

Art. 5º (...) XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Ao trazer o termo “lei”, o dispositivo acima trata de um caso de reserva legal qualificada.
Vale lembrar que a reserva legal pode ser simples ou qualificada.
Na reserva legal simples, o legislador apenas dispõe que determinado assunto será regu-
lado por meio de lei, mas sem nenhum direcionamento próprio. Essa é a regra geral.
Já no inciso XII do art. 5º da CF/1988, a lei só poderá estabelecer a interceptação telefô-
nica para fins de investigação criminal ou instrução processual penal, ou seja, não pode a lei
alargar essa permissão para outras situações.
O sigilo das comunicações telefônicas é, nesse sentido, o sigilo mais complexo de se
quebrar. Além disso, também é importante destacar que esse sigilo se refere à interceptação
telefônica (o chamado “grampo”). Isso não deve ser confundido com o sigilo telefônico, que
envolve os dados telefônicos.
Nesse sentido, as CPIs podem quebrar o sigilo telefônico dos investigados, mas não
podem determinar a quebra do sigilo das comunicações telefônicas.

Obs.: a chamada “prova emprestada” pode partir da esfera penal para ser utilizada na esfe-
ra administrativa. Nesse sentido, uma interceptação telefônica feita em um processo
que apura um crime pode ser emprestada para servir de prova em um processo ad-
ministrativo disciplinar.

De acordo com um recente julgado do STJ, a polícia não pode abrir correspondências
encontradas em uma casa sem autorização judicial.
ANOTAÇÕES

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QUEBRA DE SIGILOS – PODER JUDICIÁRIO

Pode quebrar qualquer um dos sigilos, desde que o faça de forma fundamentada.
Isso porque não há direito absoluto.
Nesse sentido, o Judiciário deve demonstrar a necessidade e a imprescindibilidade
daquela providência. Vale lembrar que a interceptação telefônica é considerada a ultima ratio
entre as medidas de produção da prova.

Interceptação telefônica
Prazo:

De acordo com a lei, a interceptação telefônica será realizada pelo prazo de 15 dias,
podendo ser prorrogada por mais 15 dias, ou seja. 30 dias no total.
No entanto, a jurisprudência do STF e do STJ admite a renovação sucessiva desse prazo,
desde que seja demonstrada a necessidade e trazida a fundamentação concreta.
Em casos excepcionais, os tribunais superiores autorizam que os pedidos de renovação
sucessiva da interceptação telefônica sejam entregues a cada 30 dias.

Possibilidades de decretação:

Somente na esfera penal por conta da reserva legal qualificada.

Serendipidade:

Trata-se do chamado encontro fortuito. Em prova, pode ser chamada de “crime achado”.
É importante dizer que a serendipidade pode encontrar outros crimes ou outros acusados.
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Autoridades com foro especial

Quando um juiz está conduzindo um processo e descobre a participação de uma autori-


dade com foro especial, as provas produzidas até aquele momento são consideradas válidas,
contudo, o processo deve ser encaminhado ao tribunal competente, que irá decidir se o pro-
cesso será conduzido pelo próprio tribunal ou se permanecerá tramitando na primeira instância.
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Degravação de diálogos

É necessária a degravação dos diálogos colhidos por meio de interceptação telefônica,


contudo, ela não precisa ser integral.
Na realidade, a degravação pode ser somente daquilo que interessa ao processo. Con-
tudo, é preciso entregar a mídia com a totalidade das gravações para a defesa.
Caso a defesa, ao ouvir os diálogos, entender alguma parte como importante, poderá
pedir a degravação daquele trecho.
15m

QUEBRA DE SIGILOS – CPI

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pode quebrar todos os sigilos, exceto o


das comunicações telefônicas (interceptação, escuta, grampo).

Obs.: é importante lembrar que aplicativos como o WhatsApp estão abrangidos pelo sigilo
dos dados telemáticos, que utiliza comunicações telefônicas. Assim, a quebra do si-
gilo envolvendo aplicativos do tipo é considerada quebra do sigilo das comunicações
telefônicas, logo, exige autorização judicial.

A quebra deve ser fundamentada e observando o princípio da colegialidade.


CPIs ESTADUAIS/DISTRITAIS também podem quebrar, pois têm os mesmos poderes
das autoridades judiciais.
CPIs MUNICIPAIS não podem quebrar sigilo, porque não há Judiciário no município.

QUEBRA DE SIGILOS – MINISTÉRIO PÚBLICO

Prevalece a orientação de que o Ministério Público (MP) não pode quebrar sigilos,
devendo requerer a providência ao Poder Judiciário.
20m

ATENÇÃO
O MP poderia ter acesso a contas pertencentes à Prefeitura, independentemente de au-
torização judicial, até porque, nesse caso, o poder público seria o titular da conta.
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QUEBRA DE SIGILOS – TRIBUNAL DE CONTAS

Aplica-se ao Tribunal de Contas a chamada teoria dos poderes implícitos, ou seja, para
exercitar as suas atribuições constitucionais, o Tribunal de Contas é dotado de poderes implí-
citos. No entanto, tais poderes não incluem a quebra de sigilos.
Apesar dessa restrição do Tribunal de Contas quanto a quebra de sigilos, o STF entende
pela possibilidade de acesso/requisição dos Tribunais de Contas a contratos envolvendo
verba pública.
25m

QUEBRA DE SIGILOS – RECEITA FEDERAL

Transferência de sigilos e a LC n. 105/2001

Em um primeiro momento, ficou entendido que a Receita Federal não pode quebrar sigilo,
contudo é possível a transferência de sigilo, ou seja, o dado permanece sigiloso, mas é trans-
ferido de uma instituição para a outra. Trata-se do compartilhamento de dados.

Compartilhamento de dados

O compartilhamento de dados pode envolver a instituição financeira, a UIF/COAF, o fisco


e o Ministério Público.
Vale lembrar que esse compartilhamento não depende de autorização judicial.
Dois acontecimentos recentes devem ser lembrados nessa questão do compartilhamento
de dados. Um deles foi o pedido de compartilhamento de dados feito pelo IBGE às compa-
nhias telefônicas brasileiras via medida provisória. Ao analisar o caso, o Supremo entendeu
que se trata de violação à privacidade e à intimidade, barrando essa medida provisória.
Outro ponto envolve o compartilhamento de dados com a ABIN/SISBIN. O que estava em
jogo era o desvio dos dados que eram solicitados pela ABIN para servir de “arapongagem”
(termo utilizado pelo Supremo) para a realização de investigações contra os inimigos do rei.
Nesse sentido, o Supremo entendeu que qualquer compartilhamento de dados com a
ABIN deve ser calcado no interesse público. Além disso, deve ser sempre por escrito e fun-
damentado. Por fim, se houver reserva de jurisdição, o compartilhamento não pode ser feito
sem passar pelo Judiciário.
30m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Aragonê Nunes Fernandes.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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