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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Normas Fundamentais do Processo Civil III


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NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL III

Art. 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem;

Publicidade

Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporciona-
lidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
Art. 11 CPC. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamenta-
das todas as decisões, sob pena de nulidade. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça,
pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos
ou do Ministério Público.

A primeira função da Publicidade é a proteção da parte contra juízes arbitrários e secre-


tos. Se não fosse o princípio da publicidade, a pessoa estaria ao arbítrio de alguns juízes, que
atuam de forma secreta e omissa, prejudicando a dignidade e atuação no processo, além do
direito ao devido processo legal.
A segunda função é permitir o controle da opinião pública sobre a atividade jurisdicional.
Alguns poucos processos, algumas exceções correm em segredo de Justiça, mas a maior
função da publicidade é dar transparência, dar legalidade, dar demonstração de que o Poder
Judiciário está atuando de forma imparcial, de forma justa, de forma equânime. Esse tema é
muito tratado também em relação à TV Justiça.
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DIMENSÕES DA PUBLICIDADE PROCESSUAL

Na Publicidade Processual existem dois tipos de dimensões:


• A primeira é a dimensão interna que é aquela relacionada à publicidade para as partes.
• A segunda é a dimensão externa, que é aquela que está relacionada à publicidade
para terceiro.
A regra é a publicidade ampla, tanto a publicidade na sua dimensão interna, em que as
partes têm acesso a todos os atos processuais que estão sendo praticados naquele processo,
e também a publicidade externa, os terceiros que não fazem parte do processo teriam direito
de acesso amplo aos atos praticados. Ocorre que, com relação à publicidade externa, há pos-
sibilidade de sua limitação de acordo com o art. 189 do CPC.
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Art. 189 CPC. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os pro-
cessos:
I – em que o exija o interesse público ou social;
II – que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação,
alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III – em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV – que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a con-
fidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certi-
dões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.

Com relação ao inc. II do art. 189, que trata da questão do casamento, da união está-
vel, alimentos, fixação de alimentos, guarda de crianças e adolescentes, não é de interesse
público, mas sim de interesse apenas das partes envolvidas.
Todas as vezes que os processos tramitarem em segredo de justiça, em razão do respeito
ao princípio da publicidade, as partes terão acesso ao processo e podem requerer as certi-
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dões que acharem necessárias para o cumprimento dos seus direitos. Mas o § 2º diz que o ter-
ceiro pode ter algum tipo de interesse naquela situação, no caso, interesse jurídico. Vale frisar
que apenas a parte do dispositivo da sentença estará disponível ao terceiro que demonstrar
interesse jurídico.
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Art. 5º, LXXVIII, CF – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável dura-
ção do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Art. 4º CPC. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, inclu-
ída a atividade satisfativa.
Art. 139 CPC. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
II - velar pela duração razoável do processo;

DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO

A norma fundamental da duração razoável do processo está prevista expressamente na


Constituição Federal e nos arts. 4º e 139 do Código de Processo Civil. O art. 4º cita que o pro-
cesso deve durar um prazo razoável, para que faça com que as partes alcancem uma solução
integral do mérito, nesse caso há o princípio da primazia da decisão de mérito expressa no
Código de Processo Civil.
A primazia da decisão de mérito é a busca que deve ser realizada dentro do processo por
uma decisão que vá efetivamente entregar a tutela jurisdicional pretendida por uma ou por
outra parte. A duração razoável do processo se aplica, inclusive, na atividade satisfativa, que
é a parte de cumprimento de sentença ou a execução.

COMO AVALIAR SE O PROCESSO ESTÁ OBEDECENDO AO PRINCÍPIO DA


DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO?
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A doutrina traz critérios para se avaliar o processo.


• O primeiro critério é a complexidade do assunto, é possível avaliar o processo e veri-
ficar se há um assunto menos complexo ou mais complexo. Se o assunto for muito
complexo, é normal que o processo dure um pouco mais de tempo, não tenha tanta
celeridade no seu fim.
• No segundo critério deve ser avaliado o comportamento dos litigantes e de seus pro-
curadores. Se houver no processo, partes e procuradores que ficam o tempo todo pro-
crastinando, praticando atos com o intuito protelatório, haverá um processo que não
respeita a duração razoável.
• O terceiro critério é a avaliação da atuação do órgão jurisdicional. Obviamente, se o
assunto do processo não é um complexo e as partes e procuradores respeitam a lei, o
andamento processual e fazem de tudo para que aquele processo seja célere, de nada
adianta se a conduta do próprio órgão jurisdicional não facilita para que o processo seja
julgado a tempo.
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EXISTEM MECANISMOS DE EFETIVAÇÃO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO


PROCESSO?

Art. 191. CPC. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos
processuais, quando for o caso.
Art. 235. CPC. Qualquer parte, o Ministério Público ou a Defensoria Pública poderá representar ao
corregedor do tribunal ou ao Conselho Nacional de Justiça contra juiz ou relator que injustificada-
mente exceder os prazos previstos em lei, regulamento ou regimento interno.

A primeira situação prevista é a realização de um calendário jurídico processual de acordo


com o art. 191 do CPC. Lembrando que o art. 190 do CPC traz a possibilidade de realização
de negócios jurídicos processuais. A segunda situação é a possibilidade de representação ao
Conselho Nacional de Justiça, prevista no art. 235 do CPC.

Art. 7º CPC. É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos


e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções
processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Enunciado n. 379 FPPC: O exercício dos poderes de direção do processo pelo juiz deve observar a
paridade de armas das partes.
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O art. 7º do Código de Processo Civil trata sobre o princípio da igualdade processual. A


igualdade processual significa que, dentro de um processo, as pessoas devem ter os mesmos
direitos, as mesmas garantias, devem ser tratadas com a mesma urbanidade pelo magistrado,
esse que não pode fazer diferenciações de tratamento, salvo naqueles casos específicos em
que a própria situação demanda.
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Art. 5º CPC. Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo
com a boa-fé.

Boa-fé Processual

O princípio da boa-fé processual está previsto expressamente no art. 5º do Código de Pro-


cesso Civil. Quando se fala de boa fé processual, está-se referindo a normas de conduta. Não
está sendo analisada a intenção da parte A ou da parte B. Deve ser interpretada como é que
uma pessoa que tem uma boa norma de conduta agiria em uma situação como essa. Nesse
caso, não há avaliação de intenção de pensamento de nenhuma das partes, não é uma aná-
lise subjetiva.

A EXIGÊNCIA DE AGIR DE ACORDO COM A BOA-FÉ PROCESSUAL É DIRECIONADA


APENAS ÀS PARTES?

A boa-fé processual é aplicada a todos que participam do processo. Ou seja, a exigên-


cia de atuar de acordo com a boa-fé processual é dirigida ao autor, ao réu, ao magistrado,
ao membro do Ministério Público, ao membro da Defensoria Pública, ao representante das
partes, no caso, os advogados.
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Enunciado n. 375 FPPC: O órgão jurisdicional também deve comportar-se de acordo com a boa-fé
objetiva;
25m Enunciado n. 376 FPPC: A vedação do comportamento contraditório aplica-se ao órgão jurisdicional;
Enunciado n. 377 FPPC: A boa-fé objetiva impede que o julgador profira, sem motivar a alteração,
decisões diferentes sobre uma mesma questão de direito aplicável às situações de fato análogas,
ainda que em processos distintos;
Enunciado n. 378 FPPC: A boa fé processual orienta a interpretação da postulação e da sentença,
permite a reprimenda do abuso de direito processual e das condutas dolosas de todos os sujeitos
processuais e veda seus comportamentos contraditórios.

ATENÇÃO
Direito Processual Civil. Nulidade de ato processual de serventuário. Efeitos sobre atos
praticados de boa-fé pelas partes.
A eventual nulidade declarada pelo juiz de ato processual praticado pelo serventuário não
pode retroagir para prejudicar os atos praticados de boa-fé pelas partes. O princípio da
lealdade processual, de matiz constitucional e consubstanciado no art. 14 do CPC, aplica-
se não só às partes, mas a todos os sujeitos que porventura atuem no processo. Dessa
forma, no processo, exige-se dos magistrados e dos serventuários da Justiça conduta
pautada por lealdade e boa-fé, sendo vedados os comportamentos contraditórios.
Assim, eventuais erros praticados pelo servidor não podem prejudicar a parte de boa-fé.
(STJ AgRg no AREsp 91311, Informativo 511)
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APLICAÇÕES DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ PROCESSUAL


A primeira aplicação é a proibição de agir de má-fé na condução do processo, que está
prevista no Código de Processo Civil, inclusive, com penalidades por litigância de má-fé. A
segunda aplicação é a proibição de comportamentos processuais contraditórios.
Por exemplo: em uma audiência em que o juiz profere uma sentença judicial, ele pergunta
se a parte tem interesse em recorrer, mas ela diz que está conformada com o teor daquela
situação. Mais adiante, a parte decide interpor recurso, essa conduta corresponde a um com-
portamento processual contraditório, violador do princípio da boa-fé processual.
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A terceira aplicação é proibição de abuso de direitos processuais, por exemplo, abusar dos
recursos. Há previsão, no próprio CPC, que é possível a utilização de embargos de declara-
ção, mas não se pode utilizar os embargos de declaração de maneira procrastinatória para
simplesmente atrasar o processo, ganhar tempo para a interposição de outros recursos e, se
isso acontece, também há penalidades. A perda de poderes processuais pelo não exercício
também uma forma que de aplicar o princípio da boa-fé processual. A pessoa perde os direitos
processuais se deixa de exercê-los.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pela professora Lídia Marangon.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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