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Autos 5283559-21.2021.8.09.0162
DECISÃO
De início, tenho que os fatos narrados são graves e necessitam de apuração imediata.
É de amplo conhecimento, que somente pode ser admitida a quebra de sigilo de dados
bem como a interceptação telefônica em situações de suma excepcionalidade, por configurar
afronta ao princípio constitucional da inviolabilidade da vida privada (art. 5º, X, CF). Assim se
pronuncia o Supremo Tribunal Federal, ao asseverar que:
"a quebra de sigilo não pode ser utilizada como instrumento de devassa indiscriminada, sob
pena de ofensa à garantia constitucional da intimidade. É que, se assim não fosse, a quebra de
sigilo converter-se-ia, ilegitimamente, em instrumento de busca generalizada e de devassa
indiscriminada da esfera de intimidade das pessoas, o que daria, ao Estado, em
desconformidade com os postulados que informam o regime democrático, o poder absoluto de
vasculhar, sem quaisquer limitações, registros sigilosos alheios. (...)".1.
A interceptação telefônica, quebra do sigilo dos dados, bem como quebra do sigilo da
ERB vêm sendo aceita pela doutrina e pela jurisprudência, sob o argumento de que nenhum
direito é absoluto, e que o direito à privacidade comportaria exceções, como o interesse público
contido na continuidade das investigações e na busca da verdade real.
Neste cenário particular, afigura-se pouco provável que os meios ordinários de prova,
vale dizer, documental e testemunhal, consigam demonstrar com clareza a exatidão e a dimensão
do crime apurado.
DISPOSITIVO
Cumpra-se.
Juiz de Direito
(assinado digitalmente)