Você está na página 1de 16

Módulo de Processo Civil

Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. Tutela de urgência .................................................................................................. 2
1.1. Introdução ............................................................................................................ 2
1.2. Conceito de Tutela Antecipada ............................................................................ 2
1.3. Tutela Antecipada X Tutela Cautelar ................................................................... 2
1.3.1. Diferenças ...................................................................................................... 3
1.3.2. Semelhanças .................................................................................................. 4
1.3.3. Observações preliminares ............................................................................. 4
1.4. Requisitos de concessão ...................................................................................... 6
1.4.1. Requisitos comuns......................................................................................... 7
1.4.2. Requisitos comuns para tutela de urgência e de sanção .............................. 7
1.4.3. Requisitos da tutela em caso de pedido “incontroverso” ............................ 8
1.4.4. Requisitos da tutela das obrigações de fazer, não fazer e dar ..................... 9
1.5. Momento de concessão ..................................................................................... 10
1.6. Fungibilidade ...................................................................................................... 11
1.7. Sentença de procedência e agravo contra decisão que deferira tutela
antecipada ............................................................................................................................ 11
1.8. Revogação .......................................................................................................... 12
2. Tutela cautelar propriamente dita - temas relevantes ............................................ 14

1
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

1. Tutela de urgência
1.1. Introdução
As tutelas de urgência possuem fundamento na melhor distribuição do ônus do
tempo no processo, na proporção da evidência do direito do autor, para evitar que aquele
que tem razão sofra com o decurso do tempo razoável do processo.
A tutela de urgência é uma tutela concedida em cognição verticalmente sumária, se
for exauriente, em regra, será sentença. Na cognição sumária, a tutela não gera preclusão
pro judicato, pois está atrelada a cláusula rebus sic stantibus.

1.2. Conceito de Tutela Antecipada


Conceitua-se como a possibilidade de antecipação total ou parcial dos efeitos da
sentença final de procedência, isto é, os efeitos práticos da sentença são antecipados.
Existia um dogma de que apenas as tutelas condenatórias poderiam ser antecipadas,
já que a ideia é poder executar logo a tutela. No caso, por exemplo, da tutela declaratória,
não haveria nem mesmo o que executar, já que é uma tutela de certeza. Mas este dogma é
derrotado na medida em que se compreende que o que é antecipado não é a tutela, mas
sim os seus efeitos práticos.
Assim, quando a tutela for condenatória, antecipa-se a execução provisória,
enquanto na tutela declaratória ou constitutiva antecipa-se a possibilidade de se beneficiar
dos efeitos gerados pela declaração ou constituição de uma determinada relação jurídica.
Exemplo: ajuíza-se ação rescisória em face de sentença condenatória, e pede-se a
antecipação de tutela. Neste caso, o que se pede é que o tribunal suste a execução, que
seria um dos efeitos práticos da futura procedência da ação rescisória.

1.3. Tutela Antecipada X Tutela Cautelar


O doutrinador Calamandrei afirma que as tutelas cautelares são dotadas de
instrumentalidade ao quadrado, isto é, o processo já é um instrumento de realização do
direito material, e a cautelar é um instrumento do processo, portanto, um instrumento do
próprio instrumento, visando garantir que o decurso do tempo não destrua o direito.
Frise-se que a antecipação de tutela faz mais do que isso, pois antecipa efeitos
práticos do provimento final, enquanto a cautelar não o faz, apenas protegendo esse direito,
sem nenhuma antecipação dos efeitos práticos do seu futuro reconhecimento.

2
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

1.3.1. Diferenças
Como principal diferença de regime jurídico, tem-se a possibilidade das cautelares
serem concedidas de ofício, em casos excepcionais, com fundamento no poder geral de
cautela, na forma do previsto no artigo 797 do CPC, in verbis:
Art. 797. Só em casos excepcionais, expressamente autorizados por lei, determinará o
juiz medidas cautelares sem a audiência das partes.

Ressalte-se que a jurisprudência entende que o juiz precisa de uma previsão legal
expressa ou de excepcionalidade, sendo os requisitos alternativos.
Ao se analisar o artigo 273 do CPC, que versa sobre a tutela antecipada, fica bem
claro que a mesma só pode ser concedida mediante requerimento.
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os
efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório do réu.
§ 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões
do seu convencimento.
§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade
do provimento antecipado.
§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua
natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4o e 5o, e 461-A.
§ 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em
decisão fundamentada.
§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final
julgamento.
§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos
cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.
§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza
cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida
cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Ademais, faz-se necessário, no caso da tutela cautelar de ofício, que a situação de


urgência não seja de conhecimento da parte.

3
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

1.3.2. Semelhanças
Importante frisar a possibilidade de haver fungibilidade entre as tutelas de urgência,
que está positivada no artigo 273, §7º do CPC, in verbis:
Art. 273, § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de
natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a
medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Assim, por exemplo, no caso de um pedido de sustação de protesto em ação


declaratória de inexistência da dívida, a maioria das pessoas propõe uma cautelar de
sustação de protesto, mas a priori trata-se de uma tutela antecipada do pedido.

1.3.3. Observações preliminares


É comum a confusão entre tutela antecipada com tutela inibitória, já que algumas
vezes uma tutela pode ter natura inibitória e antecipada.
 Pergunta-se: qual a natureza da tutela inibitória? Será tutela inibitória qualquer
tutela concedida para evitar a prática de ato ilícito, seja dada no início ou no final do
processo. Assim, nem toda tutela inibitória será de urgência, pois só será de urgência
quando for provisória e fruto de uma cognição sumária.
 Pergunta-se: é possível a concessão de tutela antecipada no procedimento
monitório? O procedimento monitório é o seguinte: ajuizamento da ação lastreada
num título  mandado monitório  prazo para pagar ou apresentar embargos  se
apresentar embargos, a ação passa ao rito ordinário, caso contrário, o mandado
monitório vira titulo executivo judicial, podendo-se iniciar a execução. Como a
finalidade do mandado é virar titulo executivo, indaga-se o motivo pelo qual a tutela
antecipada seria necessária, daí esta pergunta. A mesma será necessária no caso do
Réu apresentar defesa (embargos), visando iniciar-se a execução.
Observação: qual é a natureza das liminares? Liminar é apenas uma cápsula para
designar uma decisão do juiz dada como fruto de cognição sumária.
 Pergunta-se: qual é a diferença entre processo cautelar e tutela cautelar? A tutela
cautelar pode ser concedida em qualquer tipo de processo, não sendo necessário
que o seja no bojo de um processo cautelar, já que pode se basear no poder geral de
cautela conferido ao juiz. O processo cautelar é instrumento para a concessão de
tutelas cautelares, mas estas também podem ser concedidas em processos de

4
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

conhecimento. Com esta amplitude, o processo cautelar autônomo só faz sentido


para a concessão de tutelas cautelares antecedentes ao processo de conhecimento.
No NCPC, o regime jurídico muda muito e haverá a possibilidade de concessão de
tutela antecipada antecedente.
Por fim, existem algumas ações judiciais que têm previsão específica de cabimento da
tutela antecipada, que são:
a) Ações possessórias (força nova – até um ano e um dia da data de violação), na forma
dos artigos 924, 927 e 928 do CPC.
Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas
da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho;
passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório.

Art. 927. Incumbe ao autor provar:


I - a sua posse;
Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu;
III - a data da turbação ou do esbulho;
IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse,
na ação de reintegração.

Art. 928. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu,
a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário,
determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para
comparecer à audiência que for designada.

b) Ações de despejo, conforme disposto no artigo 59 da Lei 8.245/91.


Art. 59. Com as modificações constantes deste capítulo, as ações de despejo terão o rito
ordinário.
§ 1º Conceder - se - á liminar para desocupação em quinze dias, independentemente da
audiência da parte contrária e desde que prestada a caução no valor equivalente a três
meses de aluguel, nas ações que tiverem por fundamento exclusivo: (...)

Os requisitos para a concessão de liminar, nestes casos, são específicos (especiais), e


não se coadunam com os do artigo 273 do CPC, que são genéricos e não aplicáveis. Afinal,
caso assim o quisesse, o legislador teria revogado as hipóteses acima quando alterou o
artigo 273 do CPC.

5
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

Importante frisar que, quando inexistentes os requisitos necessários nas hipóteses


acima, o Juiz poderá conceder tutela antecipada genérica caso os requisitos do artigo 273 do
CPC estejam presentes.

1.4. Requisitos de concessão


O artigo 273 do CPC não prevê apenas uma única tutela antecipada genérica, mas sim
3 espécies: tutela urgência, tutela sanção e a tutela da parte incontroversa do pedido.
Além destas, o artigo 461, §3º do CPC prevê, ainda, a tutela nas obrigações de fazer e
não fazer, mas não pode ser considerada uma forma autônoma, pois nela são cabíveis as
outras 3 espécies citadas.
Assim, tem-se:

Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido,
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) (...)
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de
ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou
modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444,
de 7.5.2002)

6
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

1.4.1. Requisitos comuns


Inicialmente, deve haver requerimento do autor, pois, como já visto, esta é uma das
diferenças entre a tutela cautelar e a tutela antecipada.
Além disto, outro requisito comum a todas as espécies é a necessidade de existir
prova inequívoca da verossimilhança do direito alegado.
O conceito de prova inequívoca da verossimilhança gera certa estranheza, pois
aparentemente pode ser considerado um paradoxo. Entretanto, o que se afirma é que deve
ser demonstrada a verossimilhança das alegações, mas a forma pela qual esta deve ser
demonstrada é que deve ser inequívoca, isto e, não deve suscitar dúvidas ao Juiz.

1.4.2. Requisitos comuns para tutela de urgência e de sanção


Os requisitos comuns a essas duas espécies de tutela antecipada são: a
reversibilidade do provimento e a proporcionalidade.
O CPC impõe, salvo no caso da tutela do pedido incontroverso, a reversibilidade da
tutela, tendo em vista tratar-se de cognição sumária e o seu futuro aprofundamento, ou
seja, a análise em cognição exauriente, poderá alterar o entendimento quanto aos efeitos da
sentença que já se produziram em sede de tutela antecipada.
Esta necessidade da reversibilidade esbarra no princípio da inafastabilidade da
jurisdição, já que nenhuma ameaça ao direito pode ser excluída de apreciação. É chamada
de periculum in mora invertido, mas ele poderá ser sanado por meio de oferecimento de
uma contra cautela, ou seja, o oferecimento de uma garantia que irá eliminar o óbice da
irreversibilidade da medida.
Entretanto, existem situações em que há uma clara irreversibilidade do provimento
caso haja a improcedência do pedido final, sendo que, ao mesmo tempo, a ausência da
concessão da tutela antecipada também atingirá de forma grave e irreversível o direito do
autor. Como resolver esta situação? Segundo o STJ, esta situação deve ser analisada com
base na proporcionalidade da medida, na forma do RESP. 144.656/ES.
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. TUTELA ANTECIPATORIA. DIREITOS PATRIMONIAIS.
CONCESSÃO: POSSIBILIDADE. INTELIGENCIA DO ART. 273 DO CPC. RECURSO NÃO
CONHECIDO. I - A tutela antecipatória prevista no art. 273 do CPC pode ser concedida em
causas envolvendo direitos patrimoniais ou não-patrimoniais, pois o aludido dispositivo
não restringiu o alcance do novel instituto, pelo que e vedado ao interprete fazê-lo. Nada
obsta, por outro lado, que a tutela antecipatória seja concedida nas ações movidas
contra as pessoas jurídicas de direito público interno. II - a exigência da irreversibilidade

7
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

inserta no par.2. do art. 273 do CPC não pode ser levada ao extremo, sob pena de o
novel instituto da tutela antecipatória não cumprir a excelsa missão a que se destina.
III - recurso especial não conhecido (STJ - REsp: 144656 ES 1997/0052333-0, Relator:
Ministro ADHEMAR MACIEL, Data de Julgamento: 06/10/1997, T2 - SEGUNDA TURMA,
Data de Publicação: DJ 27.10.1997 p. 54778 REVJMG vol. 142 p. 464)

Em estando ambos direitos no mesmo nível quando da analise da proporcionalidade,


o professor Marinoni afirma que se o ônus do tempo do processo fere as duas partes de
maneira igual, o Juiz deve fazer uma opção por aquele que possui maior plausibilidade do
direito (fumus boni iuris).

1.4.3. Requisitos da tutela em caso de pedido “incontroverso”


O requisito da reversibilidade do provimento não está previsto para esta hipótese,
pois se trata de cognição exauriente, prevista no artigo 273, §6º do CPC.
Art. 273, § 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais
dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso.

O requisito da urgência também não se faz necessário porque não se trata


verdadeiramente de uma tutela de urgência, pois não há discussão sobre o seu conteúdo. O
CPC poderia ter optado por um julgamento parcial antecipado, mas não foi esta a opção do
legislador, e acabou criando uma tutela antecipada que não se encaixa no conceito. Afinal, a
mesma será exauriente e definitiva, gerando preclusão pro judicato, se aproximando mais de
uma sentença parcial com o nome de antecipação de tutela.
Essa opção legislativa se deu para evitar que uma possível apelação paralisa-se o
processo, já que no caso de tutela antecipada estar-se-ia diante de um agravo de
instrumento.
O NCPC prevê a possibilidade de julgamento parcial da lide, ainda que não chame de
sentença parcial.
 Pergunta-se: é possível o proferimento de “sentença parcial”? Não é possível, pois
não se trata de sentença, ainda que a cognição seja exauriente e gere execução
definitiva.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONSECTÁRIOS LEGAIS NA TUTELA DO INCONTROVERSO
EM ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. O valor correspondente à parte
incontroversa do pedido pode ser levantado pelo beneficiado por decisão que antecipa
os efeitos da tutela (art. 273, § 6º, do CPC), mas o montante não deve ser acrescido dos
respectivos honorários advocatícios e juros de mora, os quais deverão ser fixados pelo

8
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

juiz na sentença. Com efeito, enquanto nos demais casos de antecipação de tutela são
indispensáveis os requisitos do perigo de dano, da aparência e da verossimilhança para a
sua concessão, na tutela antecipada do § 6º do art. 273 do CPC basta o caráter
incontroverso de uma parte dos pedidos, que pode ser reconhecido pela confissão, pela
revelia e, ainda, pela própria prova inequívoca nos autos. Se um dos pedidos, ou parte
deles, já se encontre comprovado, confessado ou reconhecido pelo réu, não há razão que
justifique o seu adiamento até a decisão final que aprecie a parte controversa da
demanda que carece de instrução probatória, podendo ser deferida a antecipação de
tutela para o levantamento da parte incontroversa (art. 273, § 6º, do CPC). Verifica-se,
portanto, que a antecipação em comento não é baseada em urgência, muito menos se
refere a um juízo de probabilidade – ao contrário, é concedida mediante técnica de
cognição exauriente após a oportunidade do contraditório. Entretanto, por política
legislativa, a tutela do incontroverso, ainda que envolva técnica de cognição exauriente,
não é suscetível de imunidade pela coisa julgada, o que inviabiliza o adiantamento dos
consectários legais da condenação (juros de mora e honorários advocatícios). De fato, a
despeito das reformas legislativas que se sucederam visando à modernização do sistema
processual pátrio, deixou o legislador de prever expressamente a possibilidade de cisão
da sentença. Daí a diretiva de que o processo brasileiro não admite sentenças parciais,
recaindo sobre as decisões não extintivas o conceito de “decisão interlocutória de
mérito”. REsp 1.234.887-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 19/9/2013.

Este acórdão trata perfeitamente deste tema, inclusive prevendo que a questão dos
honorários será avaliada posteriormente, haja vista não se admitir a cisão da sentença.
Será, portanto, uma decisão interlocutória de mérito, que é um termo cunhado para
justificar a impossibilidade de sentença parcial na tutela antecipada da parte incontroversa
do pedido, ainda que reconhecendo o caráter exauriente da cognição.

1.4.4. Requisitos da tutela das obrigações de fazer, não fazer e dar


Como já dito, nessas modalidades, previstas no artigo 461, §3º e 461-A do CPC,
cabem as mesmas 3 espécies já estudadas. Assim, apesar da redação diferenciada, os
requisitos são os mesmos, quais sejam, periculum in mora e fumus boni iuris.
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido,
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994) (...)
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de
ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
mediante justificação prévia, citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou
9
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

modificada, a qualquer tempo, em decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de


13.12.1994)

Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 10.444,
de 7.5.2002)

Por fim, ressalta-se que também pode ser concedida no caso de abuso do direito de
defesa e de incontrovérsia do pedido.

1.5. Momento de concessão


A tutela antecipada pode ser concedida em qualquer momento em que os requisitos
estiverem preenchidos, pois estes podem estar ausentes ou presentes em momentos
diversos, cabendo inclusive sua revogação a qualquer tempo, também.
Exemplo: quando da propositura, não há risco de dano, que surge ao longo do
processo, quando então se requer a antecipação.
 Pergunta-se: é possível a concessão na fase de sentença? E depois? Sim, poderá ser
concedida na sentença, estando presentes os requisitos, pois assim retirar-se-á o
efeito suspensivo da apelação. Para obter o efeito suspensivo, o Réu deverá apelar e
requerer ao Relator da apelação a concessão do efeito suspensivo, pois não se
admitem 2 recursos de uma mesma decisão. Ademais, a tutela antecipada poderá ser
concedida até mesmo pelo Relator em apelação, já que esta em regra possui o efeito
suspensivo, o que poderá prejudicar o direito.
Importante analisar-se o RESP 653.086/DF, in verbis:
PROCESSUAL CIVIL. DIREITO DE ESTIVAGEM DE CARGAS PELA PRÓPRIA TRIPULAÇÃO.
SENTENÇA QUE CONFIRMA OS EFEITOS DA TUTELA ANTECIPADA. APELAÇÃO. EFEITO
DEVOLUTIVO. I - Havendo a confirmação, pela sentença, dos efeitos da tutela
antecipada, deve ser observado o que dispõe o art. 520, inciso VII, do CPC, ou seja,
deve ser recebida a apelação somente no efeito devolutivo. II - Recurso especial
provido. (STJ - REsp: 653086 DF 2004/0060426-0, Relator: Ministro FRANCISCO FALCÃO,
Data de Julgamento: 13/12/2005, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ
13/02/2006 p. 669)

 Pergunta-se: é possível a concessão de antecipação de tutela para o Réu? É possível,


nas chamadas ações dúplices, como, por exemplo, nas ações declaratórias e

10
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

possessórias. A concessão em Reconvenção não se configura tutela antecipada para


o Réu, já que ele é Autor na Reconvenção.
 Pergunta-se: é possível a concessão em ação que vise a saque ou movimentação de
FGTS na conta vinculada do trabalhador? O artigo 29-B da Lei 8.036/90 proíbe
expressamente essa possibilidade. Todavia, a jurisprudência tem concedido a medida
em situações excepcionais, principalmente naquelas em que se fere a dignidade da
pessoa humana.
Art. 29-B. Não será cabível medida liminar em mandado de segurança, no procedimento
cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva, nem a tutela
antecipada prevista nos arts. 273 e 461 do Código de Processo Civil que impliquem saque
ou movimentação da conta vinculada do trabalhador no FGTS. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.197-43, de 2001)

1.6. Fungibilidade
A fungibilidade entre as tutelas de urgência está expressa no artigo 273, §7º do CPC,
in verbis:
Art. 273, § 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de
natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a
medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

Se o autor pede uma medida cautelar, e faz prova dos requisitos da antecipação de
tutela o juiz poderá conceder uma pela outra. E vice-versa, assim, a fungibilidade não é de
mão única, mas de duplo sentido vetorial, expressão cunhada pelo professor Cândido
Dinamarco Rangel. A ideia é, portanto, o Juiz conceder a medida mais adequada.
Frise-se que, em sua redação original, o CPC/73 já trazia a fungibilidade das
cautelares entre si.

1.7. Sentença de procedência e agravo contra decisão que deferira tutela


antecipada
Trata-se de hipótese em que a tutela antecipada concedida gerou um agravo de
instrumento, mas esta tutela foi confirmada em sentença, indagando-se assim o que
acontecerá com o agravo ainda pendente de julgamento.
A corte especial do STJ entende que a sentença de procedência não prejudica o
agravo de instrumento contra o deferimento da tutela antecipada, pois há interesse recursal

11
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

evidenciado na possibilidade de trancar a execução lastreada na tutela antecipada,


conforme acórdão abaixo.
JULGAMENTO. MÉRITO. AGRAVO. ANTECIPAÇÃO. TUTELA. Trata-se de embargos de
divergência opostos contra acórdão que, ao julgar o REsp, considerou que a sentença
de mérito superveniente não prejudica o julgamento de agravo de instrumento
interposto contra a tutela antecipada. A matéria não está pacificada, e a divergência
situa-se entre julgados de todas as Seções deste Superior Tribunal. Para o Min. Relator,
que liderou a tese vencedora, realmente a superveniência da sentença de procedência
do pedido não torna prejudicado o recurso interposto contra a decisão que deferiu a
antecipação dos efeitos da tutela, é que a aludida tutela não antecipa simplesmente a
sentença de mérito, mas antecipa a própria execução dessa sentença que, por si só,
não produziria os efeitos que irradiam da tutela antecipada. Nesse sentido, aponta a
própria lei processual vigente, o art. 273, § 3º (com a redação dada pela Lei n.
8.952/1994), bem como o item III e parágrafo único do art. 588 (citado no art. 273, § 3º,
do CPC) em sua redação anterior à Lei n. 11.232/2005 e, por fim, referiu-se à regra do
pedido de cumprimento de sentença constante do art. 475-O, II, III, § 1º (incluído pela Lei
n. 11.232/2005). Por outro lado, para a tese vencida, não haveria dúvida de que,
processualmente, estaria prejudicado o julgamento do agravo de instrumento interposto
contra a decisão deferitória da liminar, uma fez que ela esgotou inteiramente a função
para a qual foi deferida no processo. Pois as medidas liminares, tanto as antecipatórias
quanto as tipicamente cautelares, são provimentos jurisdicionais com características e
funções especiais, além de desempenharem funções temporais, ao contrário dos
provimentos finais, como as sentenças. Assim, dava provimento aos embargos de
divergência e confirmava a decisão do tribunal a quo. Nesse contexto, a Corte Especial,
ao prosseguir o julgamento, por maioria, rejeitou os embargos de divergência.
Precedentes citados: REsp 546.150-RJ, DJ 8/3/2004 e AgRg no Ag 470.096-RJ, DJ
13/10/2003. EREsp 765.105-TO, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgados em
17/3/2010.

Frise-se que a cognição sumária sempre perde em função da cognição exauriente,


independentemente de ser dada pelo tribunal ou pelo juiz.

1.8. Revogação
A tutela antecipada é concedida em caráter precário, não gerando nenhuma
preclusão para o Juiz, conforme já estudado, e podendo ser revogada a qualquer tempo.
Caso haja revogação, deve-se retornar ao status quo ante. Mas aqui se deve ter
cuidado com as verbas alimentares que são irrepetíveis, como, teoricamente, seria o caso do
benefício previdenciário, por exemplo.

12
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

Os acórdãos abaixo apontam o entendimento do STJ sobre o tema.


DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. DEVOLUÇÃO DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO RECEBIDO EM RAZÃO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
POSTERIORMENTE REVOGADA. O segurado da Previdência Social tem o dever de
devolver o valor de benefício previdenciário recebido em antecipação dos efeitos da
tutela (art. 273 do CPC) a qual tenha sido posteriormente revogada. Historicamente, a
jurisprudência do STJ, com fundamento no princípio da irrepetibilidade dos alimentos,
tem isentado os segurados do RGPS da obrigação de restituir valores obtidos por
antecipação de tutela que posteriormente tenha sido revogada. Já os julgados que
cuidam da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos
evoluíram para considerar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a
boa-fé objetiva envolvida na situação. Nestes casos, o elemento que evidencia a boa-fé
objetiva consiste na legítima confiança ou justificada expectativa de que os valores
recebidos sejam legais e de que passem a integrar definitivamente o seu patrimônio.
Nas hipóteses de benefícios previdenciários oriundos de antecipação de tutela, não há
dúvida de que existe boa-fé subjetiva, pois, enquanto o segurado recebe os benefícios,
há legitimidade jurídica, apesar de precária. Do ponto de vista objetivo, todavia, não há
expectativa de definitividade do pagamento recebido via tutela antecipatória, não
podendo o titular do direito precário pressupor a incorporação irreversível da verba ao
seu patrimônio. Efetivamente, não há legitimidade jurídica para o segurado presumir
que não terá de devolver os valores recebidos, até porque, invariavelmente, está o
jurisdicionado assistido por advogado e, conforme o disposto no art. 3º da LICC; segundo
o qual ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece, deve estar
ciente da precariedade do provimento judicial que lhe é favorável e da contraposição da
autarquia previdenciária quanto ao mérito. Ademais, em uma escala axiológica,
evidencia-se a desproporcionalidade da hipótese analisada em relação aos casos em que
o próprio segurado pode tomar empréstimos de instituição financeira e consignar
descontos em folha, isto é, o erário "empresta" via antecipação de tutela
posteriormente cassada ao segurado e não pode cobrar sequer o principal. Já as
instituições financeiras emprestam e recebem, mediante desconto em folha, não
somente o principal como também os juros remuneratórios. REsp 1.384.418-SC, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 12/6/2013.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. FORMA DE DEVOLUÇÃO DE BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO RECEBIDO EM ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DE TUTELA
POSTERIORMENTE REVOGADA. Na devolução de benefício previdenciário recebido em
antecipação dos efeitos da tutela (art. 273 do CPC) a qual tenha sido posteriormente
revogada, devem ser observados os seguintes parâmetros: a) a execução de sentença
declaratória do direito deverá ser promovida; e b) liquidado e incontroverso o crédito

13
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos
benefícios previdenciários em manutenção até a satisfação do crédito. Isso porque o
caráter alimentar dos benefícios previdenciários está ligado ao princípio constitucional
da dignidade da pessoa humana, de forma que as imposições obrigacionais sobre os
respectivos proventos não podem comprometer o sustento do segurado. REsp
1.384.418-SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 12/6/2013.

Os dois acórdãos acima evidenciam a repetibilidade de benefícios previdenciários


recebidos mediante antecipação de tutela, limitando o desconto a 10% do valor mensal dos
benefícios recebidos pelo beneficiário.

2. Tutela cautelar propriamente dita - temas relevantes


A sentença na ação cautelar não tem, em regra, efeito suspensivo, enquanto a da
ação principal possui. Assim, o STJ entende que se uma sentença única julgar ação cautelar e
a ação principal, os efeitos da apelação serão divididos, sendo certo que no que se refere à
ação cautelar, o efeito será apenas o suspensivo, na forma do decidido no acórdão abaixo.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. MEDIDA CAUTELAR E AÇÃO
PRINCIPAL. SENTENÇA ÚNICA. APELAÇÃO. EFEITOS. - Julgadas ao mesmo tempo a ação
principal e a cautelar, a respectiva apelação deve ser recebida com efeitos distintos, ou
seja, a cautelar no devolutivo e a principal no duplo efeito. - As hipóteses em que não
há efeito suspensivo para a apelação estão taxativamente enumeradas no art. 520 do
CPC, de modo que, verificada qualquer delas, deve o juiz, sem qualquer margem de
discricionariedade, receber o recurso somente no efeito devolutivo. - Não há razão para
subverter ou até mesmo mitigar a aplicação do art. 520 do CPC, com vistas a reduzir as
hipóteses em que a apelação deva ser recebida apenas no efeito devolutivo, até porque,
o art. 558, § único, do CPC, autoriza que o relator, mediante requerimento da parte,
confira à apelação, recebida só no efeito devolutivo, também efeito suspensivo, nos
casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a
fundamentação. Embargos de divergência a que se nega provimento. (STJ - EREsp:
663570 SP 2008/0270556-3, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:
15/04/2009, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe 18/05/2009)

Com relação à competência das cautelares, as cautelares incidentais serão propostas


no mesmo juízo em que corre a ação principal, enquanto as cautelares preparatórias serão
propostas no juízo que teoricamente seria o competente para a futura ação principal.
Exemplo: uma determinada ação teria competência no foro do domicilio do Réu, mas
a ação é ajuizada no foro do domicilio do Autor, e o Réu não ofereceu exceção de
competência, prorrogando-se a mesma. Quando do momento do ajuizamento da ação

14
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

principal, qual será a competência? A prorrogada ou a do domicílio do Réu? Na prorrogada


(domicilio do Autor), tendo em vista que o juiz da cautelar tornou-se o competente para
ajuizamento da ação principal, face à inexistência da exceção de competência durante a
ação cautelar.
 Pergunta-se: em sendo interposto recurso contra a sentença - ainda que pendente de
conhecimento-, de quem será a competência para a cautelar? A competência será do
Tribunal, na forma do artigo 800 do CPC. Até a interposição do recurso, seria o Juiz.
Art. 800. As medidas cautelares serão requeridas ao juiz da causa; e, quando
preparatórias, ao juiz competente para conhecer da ação principal.
Parágrafo único. Interposto o recurso, a medida cautelar será requerida diretamente ao
tribunal. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

Existem duas exceções à regra de que a cautelar será direcionada ao Tribunal no caso
de já ter sido interposto recurso, são elas: ALIMENTOS PROVISIONAIS E ATENTADO, na forma
dos artigos 853 e 880 p. único do CPC.
Art. 853. Ainda que a causa principal penda de julgamento no tribunal, processar-se-á no
primeiro grau de jurisdição o pedido de alimentos provisionais.

Art. 880. A petição inicial será autuada em separado, observando-se, quanto ao


procedimento, o disposto nos arts. 802 e 803.
Parágrafo único. A ação de atentado será processada e julgada pelo juiz que conheceu
originariamente da causa principal, ainda que esta se encontre no tribunal.

A jurisprudência traz outras regras de competência baseadas na economia processual


e eficácia das medidas, conforme segue:
 Cautelares constritivas podem ser propostas no local onde se encontrar a
coisa ou pessoa objeto da constrição;
 Cautelares probatórias podem ser propostas no local onde a prova será
produzida; e
 Cautelares e prevenção de competência: as cautelares não constritivas
previnem a competência.
Com relação ao prazo para contestação, o mesmo será de 5 dias, na forma do artigo
802 do CPC, salvo no caso cautelares conservativas de jurisdição voluntária (notificação,
interpelação e protesto).
Art. 802. O requerido será citado, qualquer que seja o procedimento cautelar, para, no
prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido, indicando as provas que pretende produzir.

15
www.cursoenfase.com.br
Módulo de Processo Civil
Tutela Provisória e Mandado de Segurança

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada
pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na
jurisprudência dos Tribunais.

Parágrafo único. Conta-se o prazo, da juntada aos autos do mandado:


I - de citação devidamente cumprido;
II - da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente ou após
justificação prévia.

A ação principal deve ser proposta em até 30 dias, contados da data da efetivação da
medida cautelar, na forma do disposto no artigo 806 do CPC.
Art. 806. Cabe à parte propor a ação, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da
efetivação da medida cautelar, quando esta for concedida em procedimento
preparatório.

Frise-se que em não sendo uma cautelar constritiva, mas sim uma cautelar
conservativa ou protetiva, não há prazo para propositura da ação principal.
No caso da cautelar constritiva de arresto, caso a dívida vença em mais de 30 dias, o
prazo só inicia-se após o vencimento da dívida, que é onde nasce o interesse de agir para
ajuizamento da ação principal.
 Pergunta-se: sentença cautelar faz coisa julgada material? Em regra não, pois é uma
tutela precária, provisória, sendo fruto de cognição sumária. Entretanto, a mesma
poderá fazer coisa julgada quando o Juiz, no bojo do processo cautelar, reconhecer a
prescrição ou decadência do direito principal, na forma do artigo 810 do CPC.
Art. 810. O indeferimento da medida não obsta a que a parte intente a ação, nem influi
no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a alegação de
decadência ou de prescrição do direito do autor.

16
www.cursoenfase.com.br

Você também pode gostar