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1 Introdução
Em poucos artigos o novo Código de Processo Civil prevê um procedimento que permite
ao Juízo proferir, sob cognição sumária, uma decisão que tem aptidão para se tornar
imutável. O que mais surpreende, ou assusta, é a lei processual civil prever que essa
decisão deve ser proferida inaudita altera parte, o que demonstra que os poucos e rasos
debates a respeito do tema até a elaboração do anteprojeto do novo CPC
(LGL\2015\1656) acabaram refletindo na pobreza do texto legal.
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Críticas à estabilização da tutela: a cognição exauriente
como garantia de um processo justo
Quanto à sua função, podemos afirmar que a tutela apta à estabilização deve possuir
caráter de urgência. Isto porque o procedimento de estabilização da tutela está
localizado dentro do Título II – Da Tutela de Urgência, e deve ser requerida em caráter
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antecedente. Na ausência de periculum in mora, como ocorre na antecipação da tutela
por evidência, entende o legislador que não há razão para a estabilização da tutela.
Todavia, nos parece que a opção do legislador foi na mão contrária da função outorgada
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à estabilização. Se é verdade que a função do processo é a tutela dos direitos e a
função da estabilização é ofertar essa tutela com mais celeridade e economia processual,
não há razão pela qual impedir a estabilização da tutela de evidência, que guarda maior
proximidade com tais funções. Isto porque a tutela de urgência visa à proteção de uma
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situação jurídica e, portanto, sua concessão decorre de um juízo de necessidade. Por
outro lado, a tutela de evidência pretende antecipar os efeitos de uma tutela que, ao
menos prima facie, provavelmente será a tutela definitiva, no qual se realiza um juízo
exclusivo de probabilidade. Desta forma, as chances da estabilização da tutela de
evidência representar uma decisão mais justa são muito maiores, se comparadas às da
tutela de urgência.
Além disto, é certo que o réu possui menor interesse de litigar quando vê que suas
chances de vitória no processo foram reduzidas, e que contra ele corre o ônus do tempo,
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de forma que seria pouco vantajoso ao réu dar continuidade ao processo judicial após
a antecipação da tutela por evidência, uma vez que sua contestação demonstrou a
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inconsistência da sua defesa. Daí que nos parece que a estabilização da tutela seria
mais bem aproveitada na tutela de evidência.
Acerca da natureza da tutela de urgência, pode-se afirmar com rara tranquilidade que a
tutela cautelar não é apta à estabilização. A exclusividade de estabilização concedida à
tutela antecipada satisfativa é evidenciada após a leitura dos dispositivos que tratam do
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tema e é uma decorrência lógica da incompatibilidade da estabilização, como possível
solução da controvérsia, com a tutela cautelar. É sabido que tutela cautelar não visa à
satisfação do direito, por não se tratar de uma técnica que visa antecipar a tutela final,
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mas sim forma própria de tutela. A função da tutela cautelar não é resolver conflitos,
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mas assegurar a possibilidade de efetividade da tutela. Daí que de nada seria útil às
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Críticas à estabilização da tutela: a cognição exauriente
como garantia de um processo justo
partes a estabilização de uma tutela cautelar, eis que seria necessário o ingresso de
nova ação para obtenção da tutela acautelada. Portanto, a estabilização somente poderá
recair sobre tutela antecipada satisfativa de urgência.
No que tange ao aspecto procedimental, determina o art. 303 que a tutela antecipada
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apta à estabilização deve ser requerida em caráter antecedente. A crítica à opção
legislativa é pertinente. A antecipação inaudita altera parte da tutela requerida na
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petição inicial comum é bastante similar à antecipação da tutela antecedente, e,
naquilo que se diferencia, isto é, na maior amplitude da cognição, reforça a ideia de que
há maior segurança em estabilizar a tutela antecipada requerida na petição inicial
comum. Veja bem: é mais fácil ludibriar o juízo com uma exposição sumária do direito e
do alto perigo de dano, do que com uma exposição completa dos fatos e argumentos e
maior aporte probatório. Quanto mais o juiz conhece do caso concreto, mais próximo se
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encontra da verdade dos fatos, de forma que não vemos a razão pela qual o legislador
não estendeu a estabilização à antecipação da tutela requerida na petição inicial e
concedida liminarmente.
Como último requisito, é necessário que o autor indique na petição inicial que pretende
valer-se do benefício da tutela antecipada antecedente, conforme o art. 303, § 5.º. Não
é necessário que o autor faça menção que deseja a estabilização da tutela, apenas que
faz uso da tutela antecipada antecedente. A razão é simples: deve o juiz saber se a
petição apresentada pelo autor trata-se de uma exposição sumária ou de uma exposição
completa da lide, a fim de adotar o procedimento correto. Desta forma, a estabilização
ocorre de forma automática se preenchido os demais requisitos legais. Parece-nos,
todavia, que o autor poderá manifestar seu desinteresse na estabilização da tutela,
mesmo quando valer-se da tutela antecipada antecedente, a fim de que se obtenha a
resolução definitiva do litígio através procedimento comum.
O procedimento de estabilização da tutela está previsto nos arts. 303 e 304 do novo CPC
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(LGL\2015\1656), e utiliza de um procedimento sumário em sentido formal e material
para, uma vez preenchidos determinados pressupostos, tornar estável os efeitos da
decisão.
O procedimento tem início com a petição inicial antecedente do autor, nos termos do art.
303, isto é, limitando-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido
de tutela final, com breve exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo
de dano ou do risco ao resultado útil ao processo. Após o recebimento da petição inicial,
o juiz deve deferir ou indeferir o pedido de antecipação da tutela, podendo, antes de
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prolatar a decisão, requerer esclarecimentos sobre os fatos da causa.
Sendo indeferido o pedido de antecipação de tutela, o autor deve aditar a petição inicial
no prazo de 5 (cinco) dias (art. 303, § 6.º), e observar-se-á o procedimento comum. Na
mesma senda, concedida tutela que versar sobre direitos indisponíveis, não se procederá
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com o rito de estabilização, devendo o autor aditar a petição em 15 (quinze) dias ou
prazo maior fixado pelo juiz.
Deferida a tutela antecipada antecedente, o autor deve aditar a petição inicial nos
mesmos autos, no prazo de 15 (quinze) dias ou em outro maior que o juiz fixar, com a
complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação
do pedido de tutela final. Não ocorrendo o aditamento, o processo será extinto sem
resolução de mérito. O réu, a seu turno, será citado para a audiência de conciliação ou
de mediação, onde terá início seu prazo para contestar (art. 335), e intimado para tomar
ciência da decisão que antecipou os efeitos da tutela, de onde começará a fluir o prazo
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de 15 (quinze) dias para interpor agravo de instrumento.
Por sua vez, o art. 304 prevê que, caso a decisão que concedeu a antecipação da tutela
nos termos do art. 303 não seja impugnada por meio de agravo de instrumento, ela se
tornará estável.
Além disto, nos parece claro que qualquer manifestação de defesa do réu no sentido de
exaurir o debate, impede a estabilização da tutela. Isto porque o que possibilita a
estabilização da tutela é o desinteresse do réu de influir na decisão do juiz. Em outras
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palavras, é o desinteresse em uma decisão justa. O uso da contestação como óbice
para a estabilização é muito mais coerente que o uso do agravo de instrumento, uma
vez que a contestação visa debater o mérito da causa, permitindo aumento da cognição
em sentido vertical e horizontal, enquanto o agravo de instrumento visa atacar os
pressupostos necessários à concessão da tutela provisória (perigo de dano e
probabilidade do direito). Não são raros os casos em que há a concessão da tutela
antecipada e a posterior improcedência da demanda, especialmente nos casos em que
se necessita menor probabilidade do direito em face do grande risco na demora que se
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verifica no caso concreto. Portanto, caso o réu optar por não recorrer, visando
economizar o agravo de instrumento, mas tão logo apresentar contestação ou
manifestar interesse positivo à realização de audiência conciliatória, a tutela não deverá
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estabilizar-se.
Findo o prazo de 2 (dois) anos, paira a dúvida sobre o destino da tutela estabilizada. Isto
porque o art. 304, § 6.º, preconiza que: “§ 6.º A decisão que concede a tutela não fará
coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão
que a revir, reformar ou invalidar proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos
termos do § 2.º deste artigo”.
É de fácil percepção que ao mesmo texto legal podem-se outorgar diversos significados
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como garantia de um processo justo
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através da sua interpretação, o que resulta em diferentes normas. Todavia, não
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ignorando as diversas interpretações acerca deste particular, nos parece que a mais
adequada é de que a “decisão que concede a tutela não fará coisa julgada” se refere à
tutela estabilizada até o término do prazo de 2 (dois) anos, findo o qual a decisão estaria
coberta pela coisa julgada e, portanto, passível de ser atacada apenas por meio da ação
rescisória. Entendimento diverso acarretaria na aceitação de autoridade superior à coisa
julgada outorgada a uma decisão proferida em cognição sumária.
Ocorre que sem que estejam presentes determinados pressupostos, esquecidos pelo
legislador, não há porque se falar na possibilidade desta decisão alcançar a coisa
julgada.
Mais que isso: se tratando de técnica antecipatória satisfativa concedida inaudita altera
parte, a decisão é proferida em juízo de cognição superficial e parcial. Superficial, pois
não houve o aprofundamento da cognição, que se dá através do debate e instrução
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probatória; Parcial, pois recaiu somente sobre as alegações do autor.
A tutela antecipada, ao se tornar estável, mantém seu caráter cognitivo, bem como seu
caráter provisório, uma vez que resguardada a possibilidade uma das partes ingressar
com ação autônoma, a fim de revisar, alterar ou invalidar a tutela estável. Após a
preclusão do direito à ação autônoma, o caráter provisório da tutela antecipada é
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substituído pelo seu caráter definitivo.
Há quem defenda que, após a cognição sumária adquirir caráter definitivo, esta se
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transformaria, por previsão legal, em cognição exauriente. Data venia, essa não nos
parece a melhor abordagem. A norma jurídica não tem o condão de transformar a
cognição sumária do magistrado em cognição exauriente, assim como o fundo de um
lago não se transforma, por opção do mergulhador, em sua superfície. O que a norma
jurídica estabelece é até que profundidade se adentrará na cognição para que a decisão
fique sob o manto da coisa julgada, o que não significa que se chegou ao máximo da
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cognição.
Deste modo, chamamos de exauriente a cognição que recaiu sobre níveis razoáveis de
debate e de instrução probatória, sendo impossível seu exaurimento no sentido técnico
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da palavra. O debate amadurece a causa, permitindo que o juiz alcance maior grau de
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confirmação das hipóteses fornecidas pelas partes.
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compreendido como possibilidade de influenciar na decisão. Haverá cognição
exauriente apenas quando no processo em curso estiverem inseridos meios hábeis para
que se alcance um nível razoável de contraditório, sendo indiferente a efetiva
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participação do réu. Resta evidente, portanto, que a força da coisa julgada só
abrangerá a decisão proferida neste diapasão.
Veja bem: não se pode confundir o direito à ação autônoma do art. 304, § 2.º, e o que
costumeiramente se chama de contraditório eventual.
Não é o que ocorre, porém, em relação à ação autônoma, que tem como função criar
meios para que a parte possa influir na decisão final do juiz. Em outras palavras, essa
ação autônoma representa o próprio direito ao contraditório, e não simplesmente sua
efetividade.
4 Considerações finais
Ocorre que, seja pelas inúmeras alterações que o instituto sofreu durante o processo
legislativo, pela falta de estudos e ensaios acerca da estabilização da tutela, ou ainda
pela vontade de saciar os anseios da sociedade, resolvendo os litígios da forma mais
rápida possível, o legislador inocentemente criou um procedimento que não visa à busca
da verdade, não fornece as garantias de um processo justo e não compreende o modelo
cooperativo de processo.
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outorguem maior efetividade à tutela dos direitos, porém, a morosidade do processo
judicial e o abarrotamento do Poder Judiciário não podem servir de motivo para que se
atropelem princípios fundamentais através de procedimentos que visam satisfazer o
direito da parte não com agilidade, mas com pressa.
Não se propõe, é claro, que se atrase a outorga de tutela a quem demonstra maior
probabilidade de direito e necessidade, mas uma vez invertido o ônus do tempo em
desfavor do réu e, portanto, remediado o risco na demora, não há razão pela qual prever
um prazo anômalo de coisa julgada que ofende ao processo justo.
5 Bibliografia
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Críticas à estabilização da tutela: a cognição exauriente
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WATANABE, Kazuo. Cognição no processo civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
2 Para uma análise do instituto na ótica do direito comparado, do qual não se nega a
importância: Gustavo Bohrer Paim. Estabilização da tutela antecipada. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2012. p. 168-185. De forma mais ampla: Daniel Mitidiero. A
técnica antecipatória na perspectiva do direito comparado. Revista Magister de Direito
Civil e Processual Civil 57. ano X. São Paulo: Lex Magister, 2014. p. 26-41.
4 Luiz Guilherme Marinoni; Sérgio Cruz Arenhart; Daniel Mitidiero. Novo curso de
processo civil. São Paulo: Ed. RT, 2015. vol. 1, p. 99-156.
7 Referimo-nos, em especial, à concessão da tutela com base no art. 311, IV, que
tivemos a oportunidade de tratar em outra sede: Guilherme Thofehrn Lessa. Ausência de
colaboração e evidência do direito. RePro 246/160-166. São Paulo: Ed. RT, 2015.
8 “Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.”
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11 Neste sentido: Luiz Guilherme Marinoni; Sérgio Cruz Arenhart; Daniel Mitidiero. Novo
Código de Processo Civil comentado. São Paulo: Ed. RT, 2015. p. 312-313.
13 A redação do art. 303 do novo CPC (LGL\2015\1656) não faz menção expressa à
tutela antecipada satisfativa, como fazia seu correspondente (art. 304) na versão
apresentada pela Câmara dos Deputados, mas, por outro lado, faz referência ao pedido
de tutela final, determinando ao autor que indique o direito a que se busca realizar.
23 O art. 1.015, I, prevê o agravo de instrumento como recurso cabível para impugnar a
decisão que versar sobre tutela provisória. Mais sobre o tema em: Guilherme Thofehrn
Lessa. Irrecorribilidade das decisões interlocutória e regime de agravo no projeto do
novo CPC (LGL\2015\1656). RePro 230/195-202. São Paulo: Ed. RT, 2014.
27 É sabido que quanto maior o risco de lesão ao direito, menor deve ser a probabilidade
para a antecipação da tutela, eis que a proibição à invasão da esfera patrimonial do réu
é relativizada frente ao perigo de dano que sofre o autor. Neste sentido: Daniel Mitidiero.
Antecipação da tutela... cit., p. 109.
28 É a posição compartilhada por: Teresa Arruda Alvim Wambier; Maria Lúcia Lins
Conceição; Leonardo Ferres da Silva Ribeiro; Rogerio Licastro Torres de Oliveira. Op.
cit., p. 565; Fredie Didier Jr.; Paula Sarno Braga; Rafael Alexandria de Oliveira. Curso de
direito processual civil. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2015. vol. 2, p. 609; Luiz
Guilherme Marinoni; Sérgio Cruz Arenhart; Daniel Mitidiero. Novo Curso de processo civil
cit., p. 216, vol. 2.
29 Luiz Guilherme Marinoni; Sérgio Cruz Arenhart; Daniel Mitidiero. Novo Código... cit.,
p. 317.
30 Humberto Avila. Teoria dos princípios. 14. ed. São Paulo: Malheiros, 2013. p. 27-43.
31 Sobre as diversas posições acerca deste ponto particular, com as devidas referências:
Bruno Garcia Redondo. Estabilização, modificação e negociação da tutela de urgência
antecipada antecedente: Principais controvérsias. RePro 244. p. 182-184. São Paulo: Ed.
RT, 2015.
33 Neste sentido: Sérgio Gilberto Porto. Coisa julgada civil. 3. ed. São Paulo: Ed. RT,
2006. p. 97-102. Ainda: Araken de Assis. Op. cit., p. 13.
34 Kazuo Watanabe. Cognição no processo civil. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
36 A doutrina de Kazuo Watanabe. Op. cit., p. 132, utiliza o termo cognição sumária
para se referir à cognição limitada em sentido vertical. Todavia, vemos cognição sumária
como cognição limitada em qualquer nível, vertical ou horizontal, bem como suas formas
moduladas, sendo o termo cognição superficial mais adequado à cognição com menor
grau de profundidade.
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Críticas à estabilização da tutela: a cognição exauriente
como garantia de um processo justo
37 Luiz Guilherme Marinoni. Op. cit., p. 34; Daniel Mitidiero. Op. cit., p. 94; Alexandre
Freitas Câmara. Lições de direito processual civil. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 314,
vol. 1; Ovídio Araújo Baptista da Silva. Curso de processo civil. 3. ed. Porto Alegre:
Sergio Antonio Fabris Ed., 1996. vol. 1, p. 113.
40 É o que se extrai do art. 304, § 5.º, que prevê a extinção do direito de rever,
reformar ou invalidar a tutela antecipada, depois de transcorrido o prazo de 2 (dois)
anos, a contar da ciência da decisão.
46 É o que ocorre na revelia, pois mesmo havendo processo em curso e ofertados meios
hábeis para tanto, o réu opta por não influenciar na decisão do juiz, preferindo a
contumácia.
47 O próprio Código de Processo Civil conceitua o contraditório efetivo no art. 503, § 1.º,
II, ao tratar da coisa julgada sobre questão prejudicial. Na hipótese, há contraditório
efetivo quando a parte se manifesta nos autos do processo, seja por meio de alegações,
seja pela produção de provas.
50 No mesmo sentido: Luiz Guilherme Marinoni; Sérgio Cruz Arenhart; Daniel Mitidiero,
Op. cit., p. 317; Daniel Mitidiero. Autonomização e estabilização da antecipação da tutela
no novo Código de Processo Civil. Revista Magister de Direito Civil e Processual Civil 63.
ano XI. São Paulo: Lex Magister, 2014. p. 24-29; Teresa Arruda Alvim Wambier; Maria
Lúcia Lins Conceição; Leonardo Ferres da Silva Ribeiro; Rogerio Licastro Torres de
Oliveira. Op. cit., p. 567.
51 A forma como é usado o instrumento não pode ser confundido com o instrumento em
si, eis que os malefícios ou benefícios decorrem de situações individuais e não do
instituto. Em sentido semelhante, acerca da tutela executiva: Michele Taruffo. A atuação
executiva dos direitos: Perfis comparados. Processo civil comparado – Ensaios. Trad.
Daniel Mitidiero. São Paulo: Marcial Pons, 2013. p. 94. Sobre a ligação de valores
extrínsecos que influenciam o processo, em especial os valores culturais: Oscar G.
Chase. Law, Culture and Ritual: Disputing Systems in Cross-Cultural Context. New York:
New York University Press, 2005.
52 Nada contribui para a solução justa do caso concreto a outorga de jurisdição visando
apenas o autor, esquecendo-se da eficácia bloqueadora do direito do réu ao processo
justo. Em segundo ponto, em se tratando de cognição sumária, a decisão carece de
justificação externa aceitável acerca do mérito e, portanto, não é suficiente para
contribuir com a unidade do direito. Sobre as dimensões da tutela dos direitos: Luiz
Guilherme Marinoni; Sérgio Cruz Arenhart; Daniel Mitidiero. Novo curso... cit., p.
144-152, vol. 1. Sobre os limites da eficácia dos direitos fundamentais: Ingo Wolfgang
Sarlet. A eficácia dos direitos fundamentais. 12. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2015. p. 409-418. Sobre a justificação das decisões: Michele Taruffo. A motivação da
sentença civil. São Paulo: Marcial Pons, 2015. p. 234-257.
54 Antonio Carlos de Araújo Cintra; Ada Pellegrini Grinover; Cândido Rangel Dinamarco.
Teoria geral do processo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. p. 43-44.
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