Você está na página 1de 24

ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE

URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE URGÊNCIA E TUTELA


DA EVIDÊNCIA
INTERIM PROTECTION: URGENT PROTECTION AND SELF-EVIDENT CLAIMS
Doutrinas Essenciais - Novo Processo Civil | vol. 3/2018 | |
Revista de Processo | vol. 257/2016 | p. 179 - 214 | Jul / 2016
DTR\2016\21698

José Maria Rosa Tesheiner


Livre-docente e Doutor pela UFRGS. Professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul. Desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
josetesheiner@gmail.com

Rennan Faria Krüger Thamay


Pós-Doutor pela Universidade de Lisboa. Doutor em Direito pela PUC/RS e Università degli Studi di
Pavia. Mestre em Direito pela Unisinos e pela PUC Minas. Especialista em Direito pela UFRGS.
Professor Titular do programa de graduação e pós-graduação (Doutorado, Mestrado e
Especialização) da Fadisp. Presidente da Comissão de Processo Constitucional do IASP (Instituto
dos Advogados de São Paulo). Advogado. rennan.thamay@hotmail.com

Área do Direito: Processual


Resumo: Trata-se de um estudo sobre os aspectos gerais da tutela provisória. Estudando-se a
teoria da tutela provisória e seus elementos, chegando a compreensão dos efeitos e da estabilização
da tutela provisória.

Palavras-chave: Processo civil - Tutela provisória - Tutela da urgência e da evidência -


Estabilização da tutela provisória e seus efeitos
Abstract: This is a study on the interim protection in the light of the new Civil Procedure Code,
comprising precautionary measures, injunctive reliefs and self-evident claims.

Keywords: Civil Procedure - Provisional decision - Urgency protection - Precautionary measure -


Injunctive relief
Revista de Processo • RePro 257/179 – 214 • Jul./2016
Sumário:

1 Introdução - 2 Tutela provisória - 3 Fundamento constitucional - 4 Litisregulação - 5 Direito


substancial de cautela - 6 Cautela e contracautela - 7 Tutela de urgência - 8 Medidas antecipadas
irreversíveis - 9 Tutela da evidência - 10 Competência - 11 Legitimidade - 12 Procedimento da tutela
antecipada antecedente - 13 Procedimento da tutela cautelar antecedente - 14 Procedimento da
tutela cautelar ou antecipada incidente - 15 Decisão, eficácia, mutabilidade e revogação - 16
Responsabilidade - 17 Honorários advocatícios - 18 Espécies de medidas de urgência - 19
Arrolamento - 20 Alimentos provisórios - 21 Separação de corpos - 22 Suspensão do poder familiar -
23 Suspensão do poder de administração - 24 Reserva de bens em inventário - 25 Guarda de
incapazes - 26 Tutela de urgência nos recursos - 27 Normas da legislação extravagante - 28 Tutela
de urgência no mandado de segurança - 29 Ação civil pública - 30 Bibliografia

1 Introdução

Examina-se neste artigo, à luz do novo Código de Processo Civil, a tutela provisória (nela
compreendidas a tutela cautelar, a antecipada e a da evidência), utilizando-se basicamente o método
hermenêutico, com pesquisa bibliográfica e jurisprudencial.

2 Tutela provisória

No Código, a tutela provisória1 é gênero, que compreende a tutela antecipada (antecipação de tutela)
e a tutela cautelar.2 Vejam-se o art. 294,3 a afirmar que a tutela provisória pode fundamentar-se em
urgência ou evidência, e o art. 301,4 referindo-se à tutela de urgência de natureza cautelar.

O pedido de tutela provisória é processado juntamente com o pedido principal, ainda que este possa
Página 1
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

ser apresentado posteriormente, por aditamento à inicial. Há cumulação de ações, havendo, num
mesmo processo, uma ação com pedido de tutela cautelar ou antecipada e outra, principal, podendo
a cumulação ser sucessiva, processando-se, num primeiro momento, o pedido de tutela provisória e,
a seguir, o de tutela definitiva.

A tutela provisória pode ser concedida em caráter antecedente ou incidente.5 "Essa classificação
considera o momento em que o pedido de tutela provisória é feito, comparando-o com o momento
em que se formula o pedido de tutela definitivo. Em ambos os casos, a tutela provisória é requerida
dentro do processo em que se pede ou se pretende pedir a tutela definitiva".6

Há tutela definitiva quando o juiz pronuncia decisão de mérito acolhendo, em caráter definitivo,
pedido do autor, seja após instrução do processo, seja por decisão antecipada de mérito (art. 355, I).

Há tutela cautelar ou antecipação provisória quando, havendo periculum in mora, o juiz defere a
medida, mas sem caráter definitivo.

Há tutela provisória da evidência, quando o juiz concede medida cautelar ou antecipada,


independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo.

A tutela provisória pode, pois, fundar-se na urgência ou na evidência, podendo ter natureza cautelar
ou satisfativa.

A tutela cautelar distingue-se da satisfativa por limitar-se a garantir o direito do autor, ao passo que,
ao outorgar tutela antecipatória, o juiz entrega o autor, antes da decisão final, o próprio bem objeto
do pedido principal, por decisão provisória, sujeita a reapreciação na sentença.

O Código refere, exemplificativamente, como medidas cautelares, o arresto, o sequestro, o


arrolamento de bens e o registro de protesto contra alienação de bens (art. 301).

Os alimentos provisórios constituem exemplo paradigmático de antecipação de tutela.

A demolição de prédio pode ser antecipada em ação com igual objetivo. Efetivada a demolição, a
ação prossegue, para que se declare a legitimidade da demolição já efetuada; declarada a
ilegitimidade, procede-se nos mesmos autos à liquidação dos danos sofridos pelo réu.

Seja cautelar, seja antecipada, a tutela provisória pode ser antecedente ou incidental. A tutela
provisória antecipada ou satisfativa é antecedente quando o autor, na petição inicial, limita-se ao
requerimento da tutela antecipada, protestando por posterior aditamento da petição inicial. A tutela
provisória é incidental quando requerida no curso do processo, bem como quando o pedido principal
é desde logo apresentado na inicial.

A tutela provisória cautelar é antecedente quando requerida na petição inicial, seja ou não desde
logo apresentado o pedido principal. É incidental quando requerida no curso do processo.

Em síntese: A tutela provisória, quanto à natureza, pode ser cautelar ou satisfativa (antecipada);
pode ter por fundamento tanto a urgência quanto a evidência; quanto ao tempo, pode ser antecipada
ou incidental.

Explica Leonardo Greco que tutela provisória é aquela que, em razão da sua natural limitação
cognitiva, não é apta a prover definitivamente sobre o interesse no qual incide e que, portanto, sem
prejuízo da sua imediata eficácia, a qualquer momento, poderá ser modificada ou vir a ser objeto de
um provimento definitivo em um procedimento de cognição exaustiva. A tutela provisória é fundada
em cognição sumaria e, porque provisória, supõe, de regra, a superveniência de outra decisão, a
definitiva.

Prossegue dizendo que, sob o critério de sua natureza, a tutela provisória divide-se em tutela de
urgência e tutela da evidência, caracterizada esta última pela ausência de qualquer aferição de
perigo de dano. Pelo critério funcional, a tutela provisória pode ser antecipatória ou cautelar,
conforme guarde ou não identidade com o pedido principal. Pelo critério temporal, a tutela provisória
pode ser antecedente ou incidente, conforme seja requerida antes ou juntamente com o pedido
principal ou depois dele.

Aponta como características da tutela provisória a inércia, a provisoriedade, a instrumentalidade, a


Página 2
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

fungibilidade e a cognição sumária.

Inércia - não pode ser concedida de ofício.

Provisoriedade - Pode ser modificada ou revogada.

Instrumentalidade - Vincula-se a um pedido principal, que é preciso assegurar ou antecipar.

Fungibilidade - O juiz pode substituir uma cautelar por outra, mas não pode conceder medida
antecipatória diversa da requerida, por implicar alteração do pedido da parte. No caso de
antecipação de tutela, o que pode o juiz é optar pelos meios coativos ou sub-rogatórios que lhe
pareçam mais adequados e eficazes. Há fungibilidade também entre medidas de natureza diversa,
podendo ser concedida tutela cautelar em lugar da antecipatória que foi requerida, ou vice-versa.

Cognição sumaria - Por oposição à cognição exauriente, esta no sentido de que não há mais
qualquer prova ou argumento que possa ser trazido à baila para influir no julgamento.7

3 Fundamento constitucional

A tutela provisória passou a ter fundamento constitucional com a Constituição de 1988, ao


estabelecer que a lei não pode excluir da apreciação do Judiciário também a ameaça à lesão de
direito (art. 5.o, XXXV). Em 05.04.1990, no julgamento da ADI 223-6, observou o Ministro Paulo
Brossard: "Até 1988 a norma constitucional dizia que a lei não poderia excluir da apreciação do
Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual. Para que dúvida não houvesse do broquel, texto
fala em lesão ou ameaça de direito. Mais do que a lesão, além da lesão a direito, a Constituição quis
proteger, e de maneira explícita e formal o fez, a ameaça a direito, e esta é guarnecida justamente
pela liminar".

Gilmar Mendes observa: "O texto constitucional estabelece que a lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, enfatizando que a proteção judicial efetiva abrange não
só as ofensas diretas, mas também as ameaças. (...) Ressalte-se que não se afirma a proteção
judicial efetiva apenas em face de lesão efetiva, mas também qualquer lesão potencial ou ameaça a
direito. Assim, a proteção judicial efetiva abrange também as medidas cautelares ou antecipatórias
destinadas à proteção do direito".8

Há, contudo, leis que restringem a concessão de tutela antecipada. A primeira foi a 2.770/1956,
relativa à liberação de bens, mercadorias e coisas de procedência estrangeira. Em relação a essa
legislação, o Supremo Tribunal Federal editou, na década de 60, a Súmula 262: "Não cabe medida
possessória liminar para liberação alfandegária de automóvel".

Após, foi publicada a Lei 4.348/1964: "Art. 5.º Não será concedida a medida liminar de mandados de
segurança impetrados visando à reclassificação ou equiparação de servidores públicos, ou à
concessão de aumento ou extensão de vantagens. Parágrafo único. Os mandados de segurança a
que se refere este artigo serão executados depois de transitada em julgado a respectiva sentença".

No mesmo rumo foi a Lei 5.021/1966: "Art. 1.º O pagamento de vencimentos e vantagens
pecuniárias asseguradas, em sentença concessiva de mandado de segurança, a servidor público
federal, da administração direta ou autárquica, e a servidor público estadual e municipal, somente
será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da
inicial. (...) § 4.º Não se concederá medida liminar para efeito de pagamento de vencimentos e
vantagens pecuniárias."

Durante o governo de Fernando Collor de Mello, foi publicada a Lei 8.076/1990, que proibiu liminares
contra a maioria das leis que constituíram o chamado "Plano Collor I (março de 1990)", o qual visava
a debelar inflação.

Foi também editada a Lei 8.437/1992: "Art. 1.º Não será cabível medida liminar contra atos do Poder
Público, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações de natureza cautelar ou preventiva,
toda vez que providência semelhante não puder ser concedida em ações de mandado de segurança,
em virtude de vedação legal. § 1.º Não será cabível, no juízo de primeiro grau, medida cautelar
inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de mandado de
segurança, à competência originária de tribunal. § 2.º O disposto no parágrafo anterior não se aplica
Página 3
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

aos processos de ação popular e de ação civil pública. § 3.º Não será cabível medida liminar que
esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação."

Com a Lei 9.494/1997, estenderam-se à antecipação de tutela, introduzida no sistema processual


pela Lei 8.952/1994, as restrições anteriormente estabelecidas para a tutela de urgência em
mandado de segurança e em ação cautelar: "Art. 1.º Aplica-se à tutela antecipada prevista nos arts.
273 e 461 do Código de Processo Civil o disposto nos arts. 5.º e seu parágrafo único e 7.º da Lei
4.348, de 26.06.1964, no art. 1.º e seu § 4.º da Lei 5.021, de 09.06.1966, e nos arts. 1.º, 3.º e 4.º da
Lei 8.437, de 30.06.1992".

A nova Lei do Mandado de Segurança (Lei 12.106/2009) estabelece, em seu art. 7.º, § 2.º: "não será
concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de
mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores
públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer
natureza.

Há controvérsia sobre a constitucionalidade dessas restrições legais. Mais, porém, do que afirmá-la
ou negá-la peremptoriamente, cabe indagar se a restrição, no caso concreto, pode implicar a
negação do direito, hipótese em que deve ser afastada.

4 Litisregulação

Carnelutti viu, nas medidas cautelares, uma regulação provisória da lide.9 Posteriormente,
abandonou essa ideia, por não explicar como e porquê a composição provisória da lide poderia ser
útil à sua composição definitiva.10

O que Carnelutti não viu é que há regulação provisória da lide, ainda que o autor não peça medida
cautelar ou antecipatória. A ideia de litisregulação aponta para essa realidade de duas faces:
quando, para determinado caso, a Lei prevê o sequestro, há regulação provisória da lide; mas
também há regulação provisória da lide, se o juiz nega o sequestro. A litisregulação não existe por
ser útil. Existe porque não pode deixar de existir: na ação de alimentos, existe litisregulação, quer
sejam, quer não sejam, devidos os alimentos provisórios. Para que não houvesse litisregulação,
seria necessário que esses alimentos fossem, ao mesmo tempo, devidos e não devidos.

Ao juiz incumbe aplicar a norma jurídica de direito material que incidiu, pois o processo não é senão
um instrumento de realização do direito material. Com a aplicação do direito material, extingue-se o
processo; a viagem acaba, quando se chega ao destino. A incidência foi no passado. A aplicação
será no futuro. No presente, o que se tem é o processo e a lide.

Dos dois sujeitos, um que exige e outro que resiste, apenas um tem razão. O juiz, todavia, que deve
julgar a lide segundo o direito material, ignora quem tem razão. Se soubesse, poderia ser
testemunha, mas não juiz. Representa-se a Justiça com uma venda nos olhos, porque só aquele que
não viu é que pode julgar.

A mesma ordem jurídica, que veda a defesa privada, entrega ao juiz o poder de julgar as lides,
também estabelece a proibição de inovar e outorga ao juiz o poder de regular as lides pendentes.

A proibição de inovar está contida, em última análise, na vedação da defesa privada. Da mesma
forma, o poder de dizer como deve ficar a situação de fato, enquanto o julgamento não sobrevém,
está contido no poder de julgar a lide.

Assim, não se pode negar o caráter jurisdicional aos atos pelos quais o juiz regula a lide enquanto
lide. A diferença, porém, é que ao regular a lide pendente, o juiz não aplica o direito material, já que
ignora a sua incidência. Esse direito, que o juiz aplica para servir ao processo, enquanto pende o
processo, não pode senão ser processual.

Há todo um conjunto de normas processuais que regulam, enquanto sub judice, as mesmas relações
já reguladas pelo direito material. Esse conjunto de normas constitui a litisregulação.

A norma litisreguladora superpõe-se à norma de direito material que acaso incida sobre a mesma
relação, suspendendo temporariamente sua eficácia. Como norma jurídica que é, supõe a existência
de uma relação interpessoal que, por sofrer a incidência de norma jurídica, constitui uma relação
Página 4
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

jurídica em sentido amplo. Também implica a existência de relação jurídica num sentido mais restrito,
isto é, na existência de uma relação interpessoal, qualificada pelo fato de o Direito atribuir a uma
delas (sujeito ativo) algum poder jurídico a que corresponde a sujeição jurídica da outra (sujeito
passivo).

Norma litisreguladora geral é a que estabelece a proibição de inovar. Atentado é o ato ilícito que
contravém à proibição. Constitui atentado o ato praticado por uma das partes, na pendência da lide,
que importe em violação da proibição de inovar.

A ação de atentado (art. 77, § 7.º) visa à reposição no estado anterior.

A proibição de inovar decorre da litigiosidade da coisa, estabelecida pela citação válida (art. 240).
Por coisa litigiosa não se entenda apenas bem material; é qualquer objeto de direito sobre o qual se
litigue. "Pode haver atentado depois da conclusão do feito, desde que antes do trânsito em julgado
da sentença; se foi ordenado, noutro processo de medida preventiva, o sequestro da coisa, ou o
arresto, ou outra medida, esse processo basta para que se componha a figura da coisa litigiosa; o
dever de não inovar é processual".11

Se a lide decorre do fato de pretender o autor que o réu faça ou deixe de fazer alguma coisa, o réu,
de regra, conserva a sua liberdade no curso do processo, mas o juiz pode - litisregulação - antecipar
a tutela e desde logo determinar ou proibir a prática do ato, a título provisório.

A litisregulação responde principalmente às seguintes indagações:

a) Enquanto se ignora se o réu deve o dinheiro, a coisa ou a pessoa exigida pelo autor, deve o objeto
da prestação permanecer com o réu, ser entregue ao demandante ou ficar em poder do Estado?

b) Enquanto se ignora se foram ou não satisfeitos os pressupostos de criação, modificação ou


extinção de relação jurídica (ou de eficácia de norma jurídica) como deve ela ser havida?

c) Pode omitir-se o réu, enquanto se ignora se ele deve o ato exigido pelo demandante? Pode o réu
praticar o ato cuja abstenção é exigida pelo autor, enquanto se ignora quem tem razão?

A regra é que a pendência do processo, por si só, não implica alteração do estado de fato. Para que
ocorra, é necessário ato do juiz (litisregulação).

Excepcionalmente, a litisregulação decorre de ato do demandante, como ocorre, por exemplo,


quando o credor, ao qual a Lei defere pretensão à constituição do penhor (CC, art. 1.467), havendo
perigo na demora, faz efetivo o penhor, antes de recorrer à autoridade judiciária (CC, art. 1.470).

Pode também ocorrer que o próprio demandado, espontaneamente entregue o objeto da prestação
ao Estado ou ao próprio demandante, atendendo a dever ou ônus decorrente de norma processual
litisreguladora.

É o que ocorre, por exemplo, quando o réu paga alimentos provisionais. A ação de alimentos
provisionais tem nítido caráter litisregulador, porque visa obter uma condenação eficaz apenas
durante o período em que se ignora o quantum dos alimentos devidos ou mesmo a existência da
obrigação de prestá-los.

A caução, ainda que prestada por ordem judicial, não é necessariamente litisreguladora. "(...) certa
preventividade, implícita no étimo caução, é ineliminável do conceito. Em toda caução, ainda
convencional, ela aparece". Não obstante, existe a "ação de caução não cautelar".12

Elimina-se essa contradição, que consiste em afirmar que há medidas que acautelam sem serem
cautelares, com a observação de que toda caução é cautelar, mas nem toda caução é
litisreguladora.

Quando alguém presta caução para garantir a exequibilidade de eventual condenação, há


litisregulação por ato do demandado, que é autor, na ação de caução.

Há litisregulação, por ato do demandante, no depósito preparatório de ação, modalidade de caução.

Pode ocorrer que, em obediência à norma litisreguladora, o juiz se aposse do objeto da prestação,
Página 5
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

através de ato do oficial de justiça, seja para entregá-lo a depositária (posse indireta do Estado), seja
para entregá-lo ao demandante. O apossamento, pelo juiz, nem sempre importa em se tirar
fisicamente a coisa das mãos do demandado, que pode permanecer como possuidor direto, a título
de depósito. O que sempre ocorre é que se restringe a posse do demandado.

Sempre que há restrição à posse, eficaz enquanto existe litispendência, há litisregulação.

Trata-se, porém, de ato executivo, se o juiz restringe a posse do demandado para, posteriormente,
no mesmo processo, satisfazer a pretensão do demandante.

Quando é dinheiro o objeto da prestação do demandado, o ato pelo qual o juiz lhe restringe a posse
de tantos bens quantos necessários para o pagamento chama-se penhora, se executivo e arresto, se
cautelar.

Quando é coisa certa o objeto da prestação, a imissão na posse, tratando-se de coisa imóvel, e a
busca e apreensão, tratando-se de coisa móvel, são atos executivos. A medida cautelar
correspondente é o sequestro.

A medida cautelar denominada busca e apreensão é modalidade de sequestro.

Modalidade de sequestro é também o arrolamento cautelar de bens (art. 301), se nomeado


depositário.

A litisregulação de pessoas, que se contrapõe à litisregulação de bens, compreende, entre outras


medidas, o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal, os provimentos
judiciais referentes à posse provisória dos filhos, à sua guarda e educação, e ao exercício do direito
de visita e o depósito de incapazes.

Há depósito de incapaz se o juiz defere provisoriamente a guarda de incapaz a quem não é nem pai,
nem mãe, nem tutor ou curador.

A busca e apreensão de incapaz tanto pode ter natureza cautelar quanto de antecipação de tutela,
podendo ainda constituir execução de medida definitiva.

5 Direito substancial de cautela

A uma concepção processual das medidas cautelares, como a desenvolvida acima, contrapõe-se a
ideia de um direito substancial de cautela, desenvolvida entre nós por Ovídio Araújo Baptista da
Silva.

Mas pode-se facilmente imaginar a hipótese de pedido cautelar acolhido com posterior rejeição do
pedido principal. Sendo o processo instrumento de realização do direito material, a procedência do
pedido cautelar implicaria a declaração da existência de um direito à cautela, independentemente da
improcedência do pedido principal.

A afirmação da existência de um direito substancial de cautela, para explicar as ações cautelares,


desconsidera a autonomia da ação. Chiovenda, não obstante sustentar uma teoria concreta da ação,
salientou essa autonomia, ao apontar as ações cautelares como meras ações, isto é, como ações a
que não correspondem um direito subjetivo.

A afirmação de um direito substancial de cautela introduz contradição no âmago do direito material,


que estaria a conceder às partes direitos subjetivos contraditórios. Haveria direito subjetivo à cautela,
ainda que inexistente o direito acautelado.

Confundem-se, nessa construção, os dois planos: o do direito material e o do direito processual.

A decisão cautelar implica regulação processual da lide, exigida pela ignorância a respeito da
existência ou não do direito afirmado pelo autor.

No plano do direito material, não pode haver um direito substancial de cautela, sem que exista o
direito acautelado, porque nele não se lida com a incerteza, tão característica do direito processual.
No plano do direito material, o direito subjetivo existe ou não existe. É no plano do direito processual
que algum direito subjetivo pode ou não existir, donde a possibilidade de medida acauteladora de
Página 6
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

direito apenas possível.

A existência de um direito substancial de cautela é sustentada por Fredie Didier Jr. e outros,13
afirmando que "definitivo é o oposto de provisório", sendo que "o provisório é sempre preordenado a
ser trocado pelo definitivo que goza da mesma natureza - ex.: flat provisório em que se instala o
casal a ser substituído pela habitação definitiva (apartamento do edifício em construção).

Assevera, ainda, que a tutela cautelar é temporária, mas não definitiva, sendo que a tutela definitiva
pode ser satisfativa ou cautelar.

Ora, se a cautela é definitiva, não é provisória, ficando-se sem saber por que o Código e o Autor
tratam da tutela cautelar no capítulo da tutela provisória.

Entre as medidas cautelares, o Autor aponta o arresto, "direito à utilização de um instrumento


processual que assegure o direito de crédito". Ora, o arresto destina-se a ser substituído pela
penhora, assim enquadrando-se perfeitamente na definição de provisório apresentada pelo autor.

Para demonstrar a autonomia do direito substancial de cautela, argumenta-se também com a


hipótese de pretensão à segurança. Observamos, porém, que se movemos ação contra alguém que,
por contrato, obrigou-se a prestar caução, tal ação não tem natureza cautelar. Trata-se de ação
principal, como observou Pontes de Miranda. Trata-se, pois, de hipótese em que existe realmente
um direito substancial à cautela, mas que nada tem a ver com as medidas cautelares de natureza
processual.

6 Cautela e contracautela

Segundo o art. 301 do CPC (LGL\2015\1656), a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser
efetivada mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de
bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.

São medidas cautelares, entre outras (art. 301): o arresto, apreensão de bens para garantir o
pagamento de quantia em dinheiro, que se distingue da penhora, também consistente na apreensão
de bens, mas que é ato de execução; o sequestro, apreensão, em garantia, do próprio bem objeto do
pedido principal; a busca e apreensão de coisas, quando fundada no risco ao resultado útil do
processo e o registro de protesto contra alienação de bem.

O juiz que tem poder para declarar um direito, tem também poderes para assegurá-lo (poder geral de
cautela).

Se empresa de energia elétrica faz passar perto de uma janela de sobrado, ao alcance da mão ou de
instrumento pouco longo, um condutor de alta tensão, o juiz pode, segundo Lopes da Costa, vedar a
ligação da corrente, enquanto a causa não se decide.14

Pode o juiz nomear administrador provisório para pessoa jurídica acéfala e, em casos de extrema
gravidade, suspender administrador do exercício de suas funções.

Pode, ainda, o juiz determinar o sequestro, nomear depositário o autor e autorizá-lo a usar o bem
sequestrado; nomear tutor ou curador interino.

Enquanto não se decide sobre os frutos pendentes, pode também (como observa Pontes de
Miranda) autorizar que o adquirente da fazenda os colha, se lhe foi entregue, ou que os colha o
alienante, se se recusou a entregá-los, ou, em circunstâncias especialíssimas, que, ali, os colha o
alienante, ou, aqui, o adquirente.15

Observa Leonardo Greco que o poder geral de cautela não é ilimitado: "A dignidade humana é um
limite intransponível porque tanto o Estado quanto os particulares têm de respeitá-la. Por outro lado,
o juiz não pode decretar medidas de intervenção ou de restrição na liberdade e nos direitos
fundamentais dos indivíduos para assegurar o resultado útil do processo que ele não estivesse
legalmente autorizado a adotar, porque ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa a não ser em virtude de lei. O poder cautelar geral também não se presta a impedir que
a parte contrária ingresse em juízo com ação ou execução ou obstar a eficácia de sentença
transitada em julgado salvo nos limites da lei".16
Página 7
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

Diz-se haver contracautela quando medida cautelar é subordinada à prestação de caução.

A caução pode também substituir medida cautelar, como no caso de caução real ou fidejussória
prestada pelo réu, em substituição a arresto. Mas não há tutela cautelar se alguém, que se obrigou a
prestar caução para garantir a execução de contrato, propõe ação contra o que se recusa a
recebê-la, porque a caução aí é para garantia do contrato, e não do processo.

7 Tutela de urgência

Segundo o disposto no art. 30017 do CPC (LGL\2015\1656), a tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

Para a concessão da tutela de urgência, segundo o art. 300, § 1.º, o juiz pode, conforme o caso,
exigir caução18 real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a
sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder
oferecê-la.

A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia (§ 2.º).

Dispõe o § 3.º19 que a tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver
perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão, sendo característica relevante e destacada para
que se possa pensar na referida tutela.

São requisitos, cumulativos, da tutela de urgência:

probabilidade do direito, isto é, direito embasado em uma prova suficiente ao convencimento


provisório do órgão jurisdicional.

risco ao resultado útil do processo (medida cautelar) ou perigo de dano (tutela satisfativa). Há
litisregulação satisfativa quando o juiz determina a imediata internação hospitalar negada por um
Plano de Saúde.

Embora o Código se refira somente ao perigo de dano, o simples perigo de ilícito autoriza a tutela de
urgência, como afirma Guilherme Rizzo Amaral.20

8 Medidas antecipadas irreversíveis

O Código, ao dispor sobre a tutela de urgência como espécie de tutela provisória desconsiderou a
existência de casos de tutela de urgência satisfativa, isto é, não provisória, caracterizada a
satisfatividade pela irreverssibilidade da medida. E os casos são comuns. Sirva de exemplo a
urgente determinação de uma operação cirúrgica, que evidentemente não pode ser desfeita, não
podendo, portanto, ser havida como "provisória". Outro exemplo: a urgente determinação de
demolição de prédio que ameaça ruína, para impedir possíveis danos materiais e pessoais. Nesses
casos, se o processo prossegue, é para afirmar a juridicidade ou injuridicidade da medida, com
eventual condenação do autor em perdas e danos, isto é, o processo passará a ter outro objeto,
porque não se pensa em restituir as partes ao estado anterior, reedificando-se o prédio nas
condições em que se encontrava, isto é, aparentando poder cair a qualquer momento. Imagine-se,
também, hipótese em que, antes da instrução da causa e, possivelmente, antes mesmo da citação
do réu, o juiz determine ou autorize a morte de um animal, a derrubada de uma árvore centenária, a
destruição de um prédio histórico ou a cremação de um cadáver.

São situações que exigem invocação do princípio da proporcionalidade, para afastar a aplicação do
art. 300, § 3.º: "A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver
perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão".21

Executada a medida, desaparece o interesse de agir do autor, que já não necessita de uma sentença
que determine ou autorize um ato já praticado com efeitos irreversíveis. A situação é totalmente
diversa, por exemplo, daquela do possuidor reintegrado na posse de um imóvel, em que a extinção
do processo, sem julgamento de procedência, implica revogação da liminar, com devolução da posse
ao réu.

Quando beneficiado por decisão executada com efeitos irreversíveis, o autor pode abandonar a
Página 8
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

causa, sem que o prejudique a decretação da extinção do processo, nos termos do art. 485, III, do
CPC (LGL\2015\1656).

Pode-se pensar no prosseguimento do processo, a requerimento do réu, para declarar-se, a final, a


juridicidade ou injuridicidade da medida já executada. Poder-se, também, pensar no prosseguimento
do processo, apenas para efeito de condenação do vencido nos ônus da sucumbência.

A verdade é que, executada a medida pleiteada, de natureza irreversível, ao demandante já não


interessa a continuação do processo. Por outro lado, ao réu de pouco vale eventual sentença de
improcedência, com que eventualmente obteria vitória de Pirro. No máximo, poderá interessar-lhe
eventual declaração da injuridicidade da medida, para em outra ação obter a condenação da parte
adversa em perdas e danos e nos ônus da sucumbência.

Na esteira de Ovídio Araújo Baptista da Silva, Guilherme Antunes da Cunha 22 preconizou a criação
de tutelas de urgência satisfativas autônomas no Processo Civil, isto é, a possibilidade de concessão
de medida de urgência, reversível ou irreversível, concedida em juízo de cognição sumária,
independentemente de outro pedido, dito principal, mas não atendido.

9 Tutela da evidência

Cabe tutela da evidência, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de resultado


útil do processo, quando: caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório da parte; as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e
houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; se tratar de pedido
reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será
decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; a petição inicial for
instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não
oponha prova capaz de gerar dúvida razoável (art. 311).23 -24 -25

Pode haver urgência e evidência. Todavia, no sistema do Código, a tutela da evidência


caracteriza-se por não depender da demonstração do perigo de dano ou de risco ao resultado útil do
processo. Assim, as regras da tutela da evidência somente se aplicam quando não há urgência.

A tutela da evidência é concedida a título provisório. Se, não havendo necessidade de produção de
provas, ou, ocorrendo revelia, o juiz acolhe o pedido, há julgamento antecipado (art. 355); não, tutela
da evidência.

Nas hipóteses dos incisos II26 e III27 do art. 311, o juiz concede a tutela, com fundamento na
evidência, antes da citação do réu, isto é, liminarmente, como decorre do art. 9.º, II: "Não se proferirá
decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no
caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III".

Contudo, é provisória a tutela da evidência também nos casos dos incisos I e IV do mesmo artigo,
sendo o réu citado para a audiência de conciliação ou de mediação, por aplicação do art. 334.

Observa Leonardo Greco que a tutela da evidência, no caso dos incisos I e IV, só pode ser
concedida após a citação do réu; pode ser concedida liminarmente, no caso dos incisos II e III, caso
em que o réu é citado posteriormente.28

O art. 30429 -30 -31 é inaplicável. A decisão liminar não se estabiliza por não interposto agravo.

Observa Luiz Fux que a tutela da evidência supõe mais do que fumus boni juris; supõe probabilidade
de certeza do direito alegado aliada à injustificada demora que o processo ordinário carreará até a
satisfação do interesse do demandante, com grave desprestígio para o Poder Judiciário; trata-se de
estender a tutela antecipatória a direitos evidentes, naquelas hipóteses em que os trâmites
processuais mostram-se desnecessários, em face do pedido cuja procedência se evidencia no limiar
da causa posta em juízo.32 Tutela da evidência não é senão tutela antecipada que se funda no direito
irretorquível da parte que inicia o processo.33

Por implicar grave quebra do princípio do contraditório,34 difícil de justificar em não havendo
urgência, impõe-se a conclusão de que é taxativa a enumeração dos casos de tutela provisória da
Página 9
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

evidência.

O abuso do direito de defesa e o manifesto propósito protelatório do réu (inciso I) supõem haja sido
apresentada a contestação. O propósito protelatório frequentemente será constatado ainda depois,
tendo em vista atos posteriores do réu, como a apresentação de rol de testemunhas inexistentes.

Casos repetitivos, para a incidência do inciso II, são somente os indicados no art. 928, a saber, os
julgamentos proferidos em incidente de resolução de demandas repetitivas ou em recursos especial
e extraordinário repetitivos.

No caso do inc. III, não se exige que se informe, na petição inicial, o valor pecuniário da coisa, nem
se cogita de prisão do depositário, revogada a Súmula 619, tendo em vista o Pacto de São José da
Costa Rica (STF, Pleno, RE 466343, Min. Cezar Peluso, j. 03.12.2008).

Luiz Fux35 exemplifica o inc. IV com a hipótese de um cidadão que adquiriu imo#vel mobiliado, por
escritura pu#blica, e no ato da confecc#a#o da escritura quitou o valor total do imo#vel, conforme
lavrado pelo tabelia#o. Apo#s aguardar sessenta dias pela entrega da mobi#lia em seu novo
imo#vel, ingressou em jui#zo alegando que se desfez de todos os seus mo#veis por forc#a do
nego#cio pago previamente, raza#o pela qual se encontrava em uma difi#cil situac#a#o, na#o
dispondo de uma reside#ncia mobiliada para residir. A liminar satisfativa foi deferida pelo jui#zo
ci#vel, "determinando a colocac#a#o de toda a mobi#lia no prazo de cinco dias".

10 Competência

Segundo o art. 299 do CPC (LGL\2015\1656), a tutela provisória será requerida ao juízo da causa e,
quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal. Ressalvada disposição
especial, na ação de competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será
requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito (parágrafo único).

O pedido de tutela provisória antecedente deve ser apresentado ao juízo competente para conhecer
do pedido principal.

Assim, requerida a busca e apreensão de menor, como medida cautelar antecedente, competente é
o foro do titular do poder familiar, isto é, o foro do domicílio do réu.

Com efeito, já que os ex-diretores de uma sociedade respondem no foro da administração pelas
obrigações decorrentes do exercício de suas funções (art. 53, IV, b), nesse foro é que deverá ser
requerido o antecedente arresto de seus bens.

Estando a causa principal na superior instância, o Tribunal é competente originariamente para


conhecer de pedido cautelar incidente, competindo ao relator a concessão da liminar.

Ao tratar da ação rescisória, o Código dispõe que, se os fatos alegados pelas partes dependerem de
prova, o relator poderá delegar a competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando
prazo de 1 (um) a 3 (três) meses para a devolução dos autos.

Por analogia, poderá o relator delegar competência ao juiz da causa, para instruir pedido incidente,
em ação que se encontre em grau de recurso no tribunal, em casos como o de alteração do
montante dos alimentos provisórios e o de atentado.

Arguido de suspeito o juiz da causa principal, seu substituto legal é que é competente para deferir ou
denegar a liminar em ação cautelar, enquanto não julgada a exceção.

Arguido o impedimento ou a suspeição do juiz, pedido de tutela de urgência é apreciado pelo


substituto legal, salvo se o relator declaradamente o receber com efeito suspensivo (art. 146, § 3.º).

Juiz relativamente incompetente pode conhecer de pedido antecedente, cautelar ou satisfativo,


porque se prorroga a sua competência, se o réu não vier a alegar a incompetência em preliminar da
contestação (art. 65). Oposta a exceção, conservam-se os efeitos da decisão proferida pelo juiz
incompetente até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo competente (art. 64, § 4.º).

Não há litisregulação (regulação provisória da lide), mas produção de prova, sem avaliação pelo juiz,
nos casos de produção antecipada de prova (art. 381), de justificação (art. 381, § 5.º) e de ação de
Página 10
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

exibição de documento ou coisa (art. 396). São atos que devem ser requeridos ao juiz da causa
principal, mas que não produzem o efeito de prevenir a jurisdição (expresso o Código quanto à
produção antecipada de prova e à justificação - art. 381, §§ 2.º, 3.º e 5.º, regras aplicáveis à ação de
exibição de documento ou coisa, por analogia). A incompetência, quando absoluta, determina a
ineficácia jurídica dos atos praticados.

11 Legitimidade

O réu tem legitimidade para requerer antecipação da tutela que lhe será outorgada no caso de
improcedência do pedido. Exemplo: numa ação de cobrança, pode o juiz acolher requerimento do
réu, no sentido de proibir a inscrição de seu nome em cadastro de devedores. Para isso não precisa
reconvir, porque a antecipação requerida é de efeito da sentença de improcedência. Ademais, a
necessidade da medida pode surgir após o momento próprio para o oferecimento da reconvenção.

12 Procedimento da tutela antecipada antecedente

Segundo o art. 303 do CPC (LGL\2015\1656), nos casos em que a urgência for contemporânea à
propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à
indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do
perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.

Na petição inicial o autor terá de indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido
de tutela final (§ 4.º), assim como o autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do
benefício previsto no caput do art. 303, assim como assegura o § 4.º.

Conforme o art. 303, § 1.º,36 concedida a tutela antecipada o autor deverá aditar a petição inicial,
com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do
pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar (inc. I). § 3.º O
aditamento dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais (§ 3.º). Não
realizado o aditamento, o processo será extinto sem resolução do mérito (§ 2.º).

O réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334
(inc. II).

Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 33537 (inc.
III).

Caso o órgão jurisdicional entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada,
determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o
processo ser extinto sem resolução de mérito (§ 6.º).

A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a
conceder não for interposto o respectivo recurso38 (art. 304).39 Nesse caso, o processo será extinto.

É assegurado a qualquer das partes demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a
tutela antecipada estabilizada, segundo permite o § 2.º.

É da natureza da tutela antecipada, segundo o art. 304, § 3.º do CPC (LGL\2015\1656), que, com
isso, conserve seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito
proferida na ação de que trata o § 2.º.

Assim, qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a
medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2.º, prevento o juízo em que a tutela
antecipada foi concedida. Ademais, o direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada,
extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo (§ 5.º).

Ademais, em relação à estrutura do procedimento, é de notar que a decisão que concede a tutela
não fará coisa julgada (§ 6.º), mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por
decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes.

Essa é a estrutura procedimental apontada pelo CPC (LGL\2015\1656), algumas ponderações


merecem ser feitas desde já.

Página 11
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

Os arts. 303 e 304 regulam o procedimento da tutela antecipada antecedente, como visto.

O caput do art. 304 e seu parágrafo primeiro impõem ao réu o ônus de recorrer da decisão que
concede a tutela antecipada, sob pena de estabilização da decisão e de extinção do processo, no
que concerne ao pedido antecipadamente acolhido. Não havendo recurso, a contestação ou o
requerimento de realização de audiência de conciliação ou de mediação restam prejudicados, não
impedindo o decreto de extinção do processo.

"Na#o impugnada a medida liminar, seus efeitos se estabilizam, se eternizam, se consolidam,


continuam a produzir-se, mesmo na#o formulado pedido de tutela definitiva. Pode-se falar em
ultraefica#cia, efica#cia transcendente da medida concedida com base em cognic#a#o suma#ria".40

A extinção do processo é restrita ao pedido que foi objeto de tutela antecipada, devendo prosseguir o
processo, se for o caso, para o exame dos demais pedidos, como, por exemplo, o de condenação
por danos morais.

O recurso cabível é o de agravo de instrumento.41 -42 Quid juris se, em vez de agravar, o demandado
requer a suspensão da liminar, ao presidente do respectivo tribunal ou ao presidente de tribunal
superior ou formula pedido de reclamação, fundado, por exemplo, em usurpação de competência?

Da simples falta de interposição de agravo não decorre a inexistência de grave lesão à ordem, à
saúde, à segurança e à economia públicas e, se houve usurpação de competência, a antecipação de
tutela foi nulamente concedida, tenha ou não sido interposto agravo.

A simples interposição do agravo impede a estabilização da antecipação da tutela; o pedido de


suspensão da liminar e a reclamação somente impedem a estabilização, se acolhidos; neste último
caso, porque desconstituída a própria decisão concessiva da antecipação de tutela.

A concessão da medida liminarmente ou após justificação prévia pode ser concedida inaudita altera
parte, sem a exigência de que da citação do réu possa decorrer a ineficácia da medida.43

Durante dois anos, qualquer das partes pode demandar a outra para rever, reformar ou invalidar a
estabilizada tutela antecipada.

Com base na doutrina italiana, Freire, Barros & Peixoto afirmam que a estabilização da tutela
sumária, ao deixar para o réu o ônus de ajuizar a ação de cognição profunda, não altera as regras do
ônus da prova.44

Decorrido o biênio, a decisão concessiva não adquire força de coisa julgada, mas ocorre a
decadência do direito de rever, reformar ou invalidar (§ 5.º), com efeito análogo.

Observa Antônio de Moura Cavalcanti Neto que o art. 303 trata da antecipação da tutela; o art. 304,
da estabilização dos efeitos da tutela concedida antecipadamente. Há um juízo referente ao pedido
principal, que é apreciado pelo juiz da causa, se ocorre o aditamento, e há um juízo referente à tutela
provisória (por suposto já concedida), da competência do tribunal do recurso. Trata-se de juízos
independentes, motivo por que a falta de aditamento não prejudica a tutela provisória concedida.

Se o autor adita o pedido e o réu apresenta recurso, não há estabilização da antecipação de tutela,
que é afastada pela simples manifestação de inconformidade do réu.

O juiz só deve despachar depois de decorridos os prazos para o aditamento e para a interposição do
recurso.

Se o autor não adita e o réu não recorre, o processo é extinto sem resolução de mérito, mas
estabiliza-se a tutela provisoriamente concedida. Se o autor adita o pedido e o réu não recorre, o juiz
deve determinar a intimação do demandante, para dizer se tem interesse no prosseguimento do
feito. Pode ocorrer que o interesse do autor diga respeito apenas a outros itens do pedido, caso em
que o processo se extingue, com relação ao pedido antecipadamente acolhido. Pode ocorrer
também que o autor queira prosseguir no processo, para obter sentença com força de coisa julgada,
caso em que corre o risco de, sendo vencido, restar automaticamente desconstituída a tutela
provisoriamente concedida.45

Se o autor não adita o pedido e o réu recorre, o tribunal - de acordo com Cavalcanti Neto - não deve
Página 12
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

conhecer do recurso e deve o juiz extinguir o processo sem exame do mérito. Cavalcanti rompe,
aqui, com o pressuposto da autonomia dos juízos definitivo e provisório. Que o juiz deva extinguir o
processo sem o exame do mérito decorre claramente da falta de aditamento da inicial, mas não resta
claro o motivo pelo qual o tribunal não deva conhecer de um recurso, cabível e tempestivamente
interposto. Seja como for, é possível que o tribunal, não tendo lido o artigo de Cavalcanti, julgue o
mérito do recurso. Se dá provimento ao recurso, a questão desaparece, porque é desconstituída a
antecipação de tutela. Contudo, se nega provimento ao recurso (ou dele não conhece), permanece a
situação de fato criada pela medida e, contudo, precisa ser desconstituída, porque extinto o processo
sem decisão de mérito e sem que se haja verificado o pressuposto para a estabilização da tutela
concedida, que é a falta de interposição de recurso pelo réu. Parece não haver outra solução senão
a de atribuir esse efeito à decisão de extinção do processo, quer o tribunal conheça do recurso, quer
não conheça ou lhe negue provimento. Se dá provimento, a desconstituição decorre da decisão do
tribunal.

13 Procedimento da tutela cautelar antecedente

Os arts. 30546 a 310 regulam o procedimento da tutela cautelar antecedente.

O autor pode, na petição inicial, requerer tutela cautelar, formulando desde logo o pedido principal ou
protestar por sua posterior apresentação.

A petição inicial deve indicar o direito acautelado (a lide e seu fundamento; exposição sumária do
direito que objetiva assegurar), bem como a existência objetiva de perigo de dano ou risco ao
resultado útil do processo.

Em face da petição inicial, o juiz pode:

determinar que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com
precisão o que deve ser corrigido ou completado (art. 321);

indeferir a inicial (art. 330);

conceder liminarmente a medida cautelar (art. 300, § 2. º);

determinar a realização de audiência de justificação, para colher as provas produzidas pelo autor
para fins de concessão da medida sem audiência do réu (art. 300, § 2.º); e

determinar a citação do réu para, no prazo de cinco dias, contestar o pedido de cautela e indicar as
provas que pretende produzir (art. 306).

Conta-se o prazo para a contestação da data da juntada aos autos do mandado de citação cumprido,
quando realizada por oficial de justiça (art. 231, II).

A concessão da medida liminarmente ou após justificação prévia pode ser concedida inaudita altera
parte, sem a exigência de que da citação do réu possa decorrer a ineficácia da medida.47

Concedida, cessa a eficácia da medida, se não efetivada no prazo de 30 dias (art. 309, II), o que não
implica extinção do processo, podendo o autor apresentar o pedido principal nos subsequentes 30
dias, se já não apresentado na inicial.

Efetivada a medida cautelar, tem o autor o prazo de 30 (trinta dias) para formular o pedido principal
(art. 308), caso já não o tenha apresentado antes, juntamente com o pedido de cautela (art. 308, §
1.º). Cessa a eficácia da medida cautelar, se nesse prazo o autor não deduz o pedido principal (art.
309, I).

O prazo para contestar é de cinco dias (art. 306)

Observa Guilherme Rizzo Amaral que, no prazo de cinco dias de que trata o art. 306, cumpre ao réu
contestar o pedido de tutela cautelar em caráter antecedente, tão só. Mesmo que o pedido principal
tenha sido feito juntamente com o pedido de tutela cautelar (art. 308, § 1.º), uma segunda
contestação, prevista no § 4.º do art. 308, deverá ser oferecida pelo réu após a realização da
audiência de conciliação ou de mediação.48

Página 13
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

O indeferimento da cautela não obsta a apresentação do pedido principal, no mesmo prazo de 30


dias (art. 308, por analogia). Se foi indeferida ou deixou de ser efetivada a cautela e o autor não adita
a inicial, extingue-se o processo.

Havendo contestação, observa-se o procedimento comum (art. 307, parágrafo único),49 isto é, o juiz
profere julgamento antecipado ou saneia a processo e designa audiência de instrução e julgamento,
com vistas à concessão ou denegação da cautela.

Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumem-se aceitos pelo réu como
ocorridos, caso em que o juiz decide dentro de 5 (cinco) dias (art. 307), deferindo ou indeferindo a
medida cautelar.

Nos termos do art. 64, a incompetência deve ser alegada como questão preliminar da contestação,
prorrogando-se a competência relativa, se nela não for alegada.

No que diz respeito à incompetência absoluta, nada impede alegação anterior, mesmo porque
decretável de ofício. Pode ser antecipada a alegação de incompetência relativa? A resposta é não,
por retardar pronunciamento urgente, sobretudo se dependente de produção de provas em
audiência. Os efeitos da medida eventualmente concedida conservam-se, no caso de remessa do
feito ao juiz competente, até que ele proferira outra, se for o caso (art. 64, § 3.º). Facilita-se, assim, a
tutela dos direitos, pois o titular do direito violado pode acautelar o seu direito mesmo em foro
relativamente incompetente.

Apresentado o pedido principal, as partes são intimadas para a audiência de conciliação ou de


mediação (art. 308).

Não havendo acordo, o réu terá o prazo de quinze dias para contestar o pedido principal (art. 308, §
4.º).

O Código não disciplina a substituição de medida cautelar (arresto, por exemplo), por caução, o que,
porém, não implica proibição. Assim, por exemplo, somente haveria vantagem na substituição de
arresto de coisa por caução em dinheiro ou depósito bancário.

Pode haver também modificação da medida cautelar.

Embora sem disposição expressa, é também possível a revogação da medida cautelar,


convencendo-se o juiz, mesmo antes da sentença, de que jamais existiu ou que não existe mais o
direito acautelado, o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Extinto o processo sem resolução de mérito, o autor não pode renovar o pedido cautelar, salvo sob
novo fundamento (art. 309, parágrafo único).

A improcedência do pedido principal determina a cessação da eficácia da medida cautelar (art. 309,
III).50 A apelação, no caso, não tem efeito suspensivo (art. 1.012, § 1.º, V).

No caso de cessação da eficácia da medida cautelar, restituem-se as partes ao estado anterior,


devendo o autor reparar os danos sofridos pelo réu, procedendo-se à sua liquidação nos mesmos
autos (arts. 297 e 520, combinados). É objetiva a responsabilidade pelos danos decorrentes da
efetivação de medida cautelar indevida e não exige condenação expressa.

14 Procedimento da tutela cautelar ou antecipada incidente

Segundo o art. 295 do CPC (LGL\2015\1656), a tutela provisória requerida em caráter incidental
independe do pagamento de custas.

O Código considera antecedente a medida antecipada ou cautelar requerida na petição inicial. É


incidente quando requerida depois da citação do réu para a audiência de conciliação. Se requerida
antes da citação do réu, há de se entender que houve aditamento da inicial, tratando-se, pois, de
medida antecedente.

Conforme o caso, o juiz concederá a tutela imediatamente ou após a intimação do réu para contestar
51
e realização, se for o caso, de audiência de instrução e julgamento.

Página 14
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

Observam Freire, Barros e Peixoto:52

"Outra questão importante que pode ser levantada diz respeito à estabilização da medida de
urgência incidental, deferida no curso do processo de conhecimento. Daí a indagação: seria possível
a estabilização da tutela incidente, mesmo com a extinção do processo principal? A resposta parece
caminhar para o sentido negativo, pois o novo CPC (LGL\2015\1656) prevê a possibilidade de
estabilização da decisão antecipatória apenas no âmbito do procedimento antecedente (art. 304,
CPC/2015 (LGL\2015\1656)). Sem embargo, trata-se de importante perspectiva que poderia ser
explorada no direito brasileiro, à semelhança do que ocorre no direito italiano, que permite a
estabilização da tutela antecipada deferida dentro do procedimento ordinário, com o encerramento
deste último sem que a decisão antecipatória opere a coisa julgada; e, ainda, do que acontece no
direito francês, em que se admite o référé no curso do processo principal, podendo acarretar a
extinção deste com a subsistência apenas da decisão provisória. O tema é importante, pois, no
direito brasileiro, a tutela antecipada atingiu grau de utilização prática muito grande, razão pela qual é
de se esperar que as partes continuem a se valer do art. 294, parágrafo único, do novo CPC
(LGL\2015\1656), e busquem a antecipação de forma incidente, como ocorre hoje no âmbito art. 273
do CPC/1973 (LGL\1973\5) Reformado, de modo que a ação já venha ajuizada via procedimento de
cognição plena e exauriente, definitivo, com o pedido de tutela de urgência cumulado com o pedido
de tutela final na própria inicial, como ocorre na sistemática atual. Com isso, se se partir para
interpretação para interpretação literal dos arts. 303 e 304 do novo CPC (LGL\2015\1656), a tutela de
urgência deferida liminarmente em sede do processo de cognição exauriente não seria hábil à
estabilização. Acredita-se, todavia, que não há nenhum empecilho na estabilização da tutela de
urgência incidental, com extinção do processo, sem a decisão definitiva, fundada apenas na
estabilização da tutela antecipada. Aliás, nada justifica o tratamento diverso, pois não há diferença
substancial entre a estabilização no curso do procedimento de cognição exauriente ou naquele
prévio ou antecedente: em ambos os casos, a tutela sumária é deferida com base nos mesmos
requisitos e cumpre o mesmo papel ou função, razão pela qual a diferenciação de tratamento
produzida no novo CPC (LGL\2015\1656) quanto à estabilização da tutela sumária parece artificial.
De qualquer forma, vislumbra-se, no ponto, importante perspectiva para a análise doutrinária em
relação ao novo CPC (LGL\2015\1656): o uso da estabilização da tutela antecipada deferida
incidentalmente no processo de cognição profunda, ou seja, se deferida no curso do referido
processo, e o réu não impugnar a decisão, abre-se a perspectiva de se concluir de vez o processo,
nos termos descritos para a estabilização ocorrida no procedimento antecedente."

15 Decisão, eficácia, mutabilidade e revogação

O art. 297 do CPC (LGL\2015\1656) afasta o princípio da congruência, que vincula a decisão ao
pedido da parte, permitindo que o juiz conceda a medida que considerar adequada e
redundantemente exige motivação da decisão.

Seu parágrafo único esclarece que a efetivação da tutela provisória faz-se com obediência às regras
do cumprimento provisório da sentença.

A tutela provisória pode ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, no curso do processo53 (art.
296).54 A revogação ou modificação não pode ser decretada de ofício. Supõe pedido do interessado,
55
intimação da parte adversa, instrução e decisão interlocutória, sujeita a agravo (art. 1.015, I), a que
o relator poderá outorgar efeito suspensivo.

Fredie Didier Jr.56 e outros sustentam que a decisão sobre medida cautelar, não cabendo mais
recurso, produz coisa julgada.57 Mas não há coisa julgada, porque não há declaração de direito. O
chamado direito à cautela tem natureza processual e a provisoriedade está presente, em casos
como o do arresto, que é substituído pela penhora. Mais, porém, do que qualquer argumento
doutrinário, fala o art. 296, que permite a revogação da medida, a qualquer tempo. Para revogar a
medida, não se exige fato superveniente. Basta que o juiz se convença de que examinou mal a prova
ou que aplicou mal o Direito.

16 Responsabilidade

Segundo o art. 302 do CPC (LGL\2015\1656), independentemente da reparação por dano


processual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte
adversa, se: a sentença lhe for desfavorável; obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente,
Página 15
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias; ocorrer a
cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; o juiz acolher a alegação de decadência
ou prescrição da pretensão do autor. Destarte, a indenização será liquidada nos autos em que a
medida tiver sido concedida, sempre que possível.

Trata-se, aí, de responsabilidade objetiva, pois o dispositivo omite qualquer referência a dolo ou
culpa do requerente. Trata-se, ademais, de regra de justiça, porque o réu terá sofrido dano por ato
judicial indevidamente requerido pelo autor em proveito próprio.

Todavia, Leonardo Greco,58 entende que o requerente só responde no caso de litigância de má-fé.
Observa Guilherme Rizzo Amaral,59 que se reproduz no art. 302 o regime da responsabilidade civil
do CPC (LGL\2015\1656) revogado para os prejuízos gerados pela efetivação das medidas de
urgência, qual seja, o da responsabilidade objetiva da parte beneficiada pela medida.

E sustenta que a despeito do silêncio do legislador, tem-se que se aplicam, mutatis mutandis, as
regras da responsabilidade objetiva dispostas no art. 30260 à parte que se beneficia da tutela da
evidência.61

17 Honorários advocatícios

Com apoio em alguns precedentes, especialmente o decidido pela 3.a T. do STJ, no REsp
1.523.968, José Rogério Cruz e Tucci62 sustenta que o montante pago pelo réu, no curso do
processo, por força de antecipação de tutela posteriormente confirmada, integra a base de cálculo
dos honorários do advogado da parte vencedora.

18 Espécies de medidas de urgência

A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto, sequestro,
arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea
para asseguração do direito (art. 301).

19 Arrolamento

O arrolamento de bens pode ter a natureza de produção antecipada de provas (art. 381, § 1.º) assim
como de medida cautelar constritiva, análoga ao sequestro. Tem lugar, por exemplo, como medida
antecedente à dissolução de sociedade conjugal ou de união estável, para se saber que bens
compõem o patrimônio comum a ser partilhado e também para que nele permaneçam até a partilha.
Supõe fundado receio de extravio ou dissipação de bens comuns.

20 Alimentos provisórios

Os alimentos provisórios adiantam efeito da sentença em ação de alimentos, de investigação de


paternidade, de divórcio, de separação judicial, de nulidade ou anulação de casamento, declaratória
de união estável ou de dissolução de união estável. A Lei já não faz distinção entre alimentos
provisórios e provisionais, caracterizados estes por compreenderem também o numerário para cobrir
as próprias despesas do processo, sem que haja proibida provisão com tal finalidade.

O Código não revogou a Lei de Alimentos (Lei 5.478/1968, estendida aos companheiros pela Lei
8.971/1994). Alterou-a, contudo, estabelecendo que, recebida a inicial e concedida, se for o caso,
tutela provisória, o juiz ordenará a citação do réu para comparecer à audiência de mediação e
conciliação (art. 695). Não havendo acordo, observar-se-á o procedimento comum (art. 697).

21 Separação de corpos

O art. 1.562 do Código Civil (LGL\2002\400) estabelece: Art. 1.562. Antes de mover a ação de
nulidade do casamento, a de anulação, a de separação judicial, a de divórcio direto ou a de
dissolução de união estável, poderá requerer a parte, comprovando sua necessidade, a separação
de corpos, que será concedida pelo juiz com a possível brevidade.

No sistema do Código de Processo Civil essa medida será pleiteada como antecedente, no mesmo
processo em que se formulará o pedido principal.

A separação de corpos pode implicar determinação de que um dos cônjuges ou dos companheiros
Página 16
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

se afaste da residência comum, ainda que dela seja o único proprietário.

Essa medida tem a particularidade de manter sua eficácia ainda que não seja aditado o pedido,
mantendo-se, pois, o entendimento adotado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, na
uniformização de jurisprudência 587 028 978, julgada em 11.12.1987: "o deferimento do pedido de
separação de corpos não tem a sua eficácia submetida ao prazo do art. 806 do CPC
(LGL\2015\1656)", isto é, à tempestiva propositura da ação principal (Revista de Jurisprudência do
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, (131): 289-306, dez. 1988).

22 Suspensão do poder familiar

A suspensão do poder familiar pode ser pleiteada como medida antecedente, com fundamento no
art. 1.637 do CC: "Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério
Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até
suspendendo o poder familiar, quando convenha".

A falta de aditamento da petição inicial não restabelece automaticamente o poder familiar. Seria
absurdo restituir, só por isso, a criança ao pai ou à mãe, havendo prova de maus tratos, de abuso
sexual ou de perigo à sua integridade física ou mental.

23 Suspensão do poder de administração

A suspensão do poder de administração pode ser requerida como medida antecedente em várias
hipóteses, entre elas a do art. 1.663, § 3.º, do CC: "Em caso de malversação dos bens, o juiz poderá
atribuir a administração a apenas um dos cônjuges".

24 Reserva de bens em inventário

Em princípio, a reserva de bens em inventário é determinada pelo juiz do inventário. O art. 628 do
CPC (LGL\2015\1656) dispõe que aquele que se julgar preterido poderá demandar sua admissão no
inventário, requerendo-a antes da partilha. Ademais, ouvidas as partes no prazo de 15 (quinze) dias,
o juiz, então, decidirá. Se para solução da questão for necessária a produção de provas que não a
documental, o juiz remeterá o requerente às vias ordinárias (§ 2.º), mandando reservar, em poder do
inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litígio.

Pode o juiz da "via ordinária" determinar a reserva, caso não o faça o juiz do inventário?

Sim. O juiz competente para a ação de reconhecimento de união estável ou de investigação de


paternidade cumulada com petição de herança é também competente para conceder as medidas
cautelares correspondentes, entre elas a de reserva de bens em inventário.

25 Guarda de incapazes

Nas ações relativas à guarda de incapazes, é indispensável que o juiz estabeleça o modus vivendi
(litisregulação) durante a pendência do processo, determinando quem ficará provisoriamente com a
guarda do incapaz e regulando o direito de visita.

26 Tutela de urgência nos recursos

A urgência pode verificar-se mesmo após a sentença e na pendência de recurso, caso em que a
medida será requerida ao tribunal, cabendo ao relator deferi-la, se presentes seus pressupostos.

Tendo o recurso sido julgado pelo tribunal local, publicada ou não a decisão, eventual pedido de
suspensão de seus efeitos compete ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, por se tratar
da autoridade à qual deve ser endereçado o recurso extraordinário ou especial, embora já não lhe
caiba proferir juízo de admissibilidade.

Interposto o recurso especial ou extraordinário, pedido de concessão de efeito suspensivo deve ser
dirigido ao respectivo tribunal superior, no período compreendido entre a interposição do recurso e
sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-lo; ao relator, se já
distribuído o recurso; ao presidente ou vice-presidente do tribunal local, no caso de o recurso ter sido
sobrestado, nos termos do art. 1.037 (art. 1.029, § 5.º).
Página 17
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

Dizia a Súmula 634 (MIX\2010\2357) do STF: "Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder
medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo
de admissibilidade na origem." Dizia a Súmula 635 (MIX\2010\2358)/STF: "Cabe ao Presidente do
Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do
seu juízo de admissibilidade." Da leitura conjunta dos referidos enunciados sumulares, exsurgia a
regra jurisprudencial de que, quando ainda pendente de juízo de admissibilidade, a concessão de
efeito suspensivo ao recurso extraordinário deveria ser pleiteada ao Tribunal local, sendo, portanto,
impróprio o manejo de ação cautelar para tal fim perante a alta Corte Constitucional.

Agora, já não há juízo de admissibilidade proferido pelo presidente ou vice-presidente do tribunal


local, mas a competência do tribunal superior somente exsurge com a interposição do recurso.

27 Normas da legislação extravagante

O Código não revogou a Lei 8.437/1992, que dispõe sobre a concessão de medidas cautelares (ou
antecipatórias) contra atos do Poder Público. Pelo contrário, o art. 1.059 mantém-no expressamente,
pois segundo o dispositivo referido: "À tutela provisória requerida contra a Fazenda Pública aplica-se
o disposto nos arts. 1.º a 4.º da Lei 8.437, de 30.06.1992, e no art. 7.º , § 2.º , da Lei 12.016, de
07.08.2009".

28 Tutela de urgência no mandado de segurança

Segundo o art. 7.o, § 2.o da Lei 12.016/2009, a nova Lei do Mandado de Segurança, não será
concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de
mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores
públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer
natureza.

Constitui crime de desobediência, nos termos doart. 330 do Dec.-lei 2.848, de 07.12.1940, o não
cumprimento das decisões proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das sanções
administrativas e da aplicação daLei 1.079, de 10.04.1950, quando cabíveis (art. 26).

29 Ação civil pública

O Código não regula a ação civil pública, embora possa ser invocado subsidiariamente. Portanto,
poderá continuar sendo proposta ação cautelar, com fundamento no art. 4.º da Lei 7.347/1985:
"Podera# ser ajuizada ac#a#o cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar o dano ao
meio ambiente, ao consumidor, a# honra e a# dignidade de grupos raciais, e#tnicos ou religiosos, a#
ordem urbani#stica ou aos bens e direitos de valor arti#stico, este#tico, histo#rico, turi#stico e
paisagi#stico".

Nada impede, porém, que o autor opte pelo sistema do Código, requerendo medida cautelar,
protestando aditar a inicial para apresentar o pedido principal e seus fundamentos.

30 Bibliografia

AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC (LGL\2015\1656). São Paulo:
Ed. RT, 2015.

ANDRADE, Érico; NUNES, Dierle. Os contornos da estabilização da tutela provisória de urgência


antecipatória no novo CPC (LGL\2015\1656) e o "mistério" da ausência de formação da coisa
julgada. In: FREIRE, Alexandre; BARROS, Lucas Buril de; PEIXOTO, Ravi. Coletânea Novo CPC:
doutrina selecionada. Salvador: Juspodivm, 2015 (no prelo).

CAVALCANTI NETO, Antônio de Moura. Estabilização da tutela antecipada antecedente: tentativa de


sistematização. Disponível em:
[www.academia.edu/12283645/Estabilização_da_tutela_antecipada_antecedente_tentativa_de_sistematização].
Acesso em: 27.06.2016.

CUNHA, Guilherme Antunes. Tutelas de urgência satisfativas autônomas no processo civil. Porto
Alegre: Verbo Jurídico: 2014.

DIDIER JR, Fredie; ZANETI JR, Hermes. Tutela de urgência nos processos coletivos: notas e
Página 18
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

particularidades. São Paulo: Ed. RT, 2007.

FREIRE, Alexandre; BARROS, Lucas Buril de Macedo; PEIXOTO, Ravi. Os contornos da


estabilização da tutela provisória de urgência antecipatória no novo CPC (LGL\2015\1656) e o
"mistério" da ausência de formação da coisa julgada. In: FREIRE, Alexandre; BARROS, Lucas Buril
de; PEIXOTO, Ravi. Coletânea Novo CPC: doutrina selecionada. Salvador: Juspodivm, 2015. (no
prelo).

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo código de
processo civil comentado. São Paulo: Ed. RT, 2015.

MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: com remissões e notas
comparativas ao CPC/1973 (LGL\1973\5). 3. ed., São Paulo: Ed. RT, 2015.

RODRIGUES, Luiz Fernando Afonso. Tutela de urgência no Direito de Família. São Paulo: Quartier
Latin, 2008.

SALDANHA, Jânia Maria Lopes. Substancialização e efetividade do direito processual civil a


sumariedade material da jurisdição: proposta de estabilização da tutela antecipada em relação ao
Projeto de novo CPC (LGL\2015\1656). Curitiba: Juruá, 2011.

SILVA, Jaqueline Mielke. Tutela de urgência: de Piero Calamandrei a Ovídio Araújo Baptista da
Silva. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2009.

TESHEINER, José Maria Rosa. Medidas cautelares. São Paulo: Saraiva, 1974.

WAMBIER, Teresa Arruda Alvim [et. al.]. Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil. São
Paulo: Ed. RT, 2015.

----______. Primeiros comentários ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Ed. RT, 2015.

1 "A tutela de urgência está precipuamente voltada a afastar o periculum in mora, serve, portanto,
para evitar um prejuízo grave ou irreparável enquanto dura o processo (agravamento do dano ou a
frustração integral da provável decisão favorável), ao passo que a tutela de evidência baseia-se
exclusivamente no alto grau de probabilidade do direito invocado concedendo, desde já, aquilo que
muito provavelmente virá ao final." WAMBIER, Teresa Arruda Alvim [et. al.]. Primeiros comentários
ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 487.

2 "Atutela cautelare atutela antecipada, na terminologia usada pelo NCPC são espécies do mesmo
gênero (tutela de urgência) com muitos aspectos similares. Ambas estão caracterizadas por
umacognição sumária, sãorevogáveise provisóriase estão precipuamente vocacionadas aneutralizar
os males do tempo no processo judicial, mesmo que por meio de técnicas distintas, uma
preservando (cautelar) e outra satisfazendo(antecipada).
Noutras palavras, a tutela cautelar evita que o processo trilhe um caminho insatisfatório que o
conduzirá à inutilidade. Por sua vez, a tutela antecipada possibilita à parte, desde já, a fruição de
algo que muito provavelmente virá a ser reconhecido ao final. Pode-se dizer que na cautelar
protege-se para satisfazer; enquanto na tutela antecipada satisfaz-se para proteger. Cada uma a seu
modo, ambas têm a mesma finalidade remota, ou seja, estão vocacionadas a neutralizar os males
corrosivos do tempo no processo". WAMBIER, Teresa Arruda Alvim [et. al.]. Primeiros comentários
ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 487.

3 "Preenchidos os pressupostos de lei, o requerimento de tutela provisória incidental pode ser


formulado a qualquer tempo, não se submetendo à preclusão temporal". Enunciado 496 do Fórum
Permanente de Processualistas Civis.

4 "O poder geral de cautela está mantido no CPC (LGL\2015\1656)". Enunciado 31 do Fórum
Permanente de Processualistas Civis.

5 "A tutela provisória pode ser prestada de forma antecedente - com o que será autônoma do ponto
Página 19
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

de vista processual - ou incidental. Se fundada na evidência, porém, só será prestada de forma


incidental. Do ponto de vista técnico, contudo, nenhum óbice existe para prestação de forma
autônoma da tutela provisória fundada na evidência. O legislador cuida da técnica antecipatória
capaz de prestar tutela satisfativa (dita no Código tutela antecipada) nos arts. 303 a 304 e daquela
idônea para a prestação da tutela cautelar nos arts. 305 a 310. Enquanto é da tradição do direito
brasileiro a possibilidade de se propor ação cautelar antecedente (as chamadas ações cautelares
preparatórias), a tutela antecipada foi autonomizada pelo novo Código com o objetivo principal de
viabilizar a sua estabilização". MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO,
Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 307.

6 DIDIER JR.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de direito processual
civil. 10 ed. Salvador: Juspodium, 2015. v. 2, p. 562-3.

7 GRECO, Leonardo. A tutela de urgência e a tutela da evidência no Código de Processo Civil de


2015. In: RIBEIRO, Darci Guimarães; JOBIM, Marco (org.) Desvendando o novo CPC
(LGL\2015\1656). Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.

8 MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. São
Paulo: Saraiva, 2012, p. 443/444.

9 CARNELUTII, Francesco. Sistema de derecho procesal civil. Buenos Aires: Uteha, 1944, p. 243-52.

10 CARNELUTII, Francesco. Diritto e processo. Napoli: Morano, 1958, p. 356.

11 PONTES DE MIRANDA. Comentários ao Código de Processo Civil, 2. ed. Rio de Janeiro:


Forense, 1959, t. 8. p. 377; t. 9, p. 105 e 107.

12 PONTES DE MIRANDA. Comentários ao Código d e Processo Civil, 2. ed., Rio de Janeiro:


Forense, 1959, t. 8, p. 455 e 459.

13 DIDIER JR.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de direito processual
civil. 10 ed. v. 2. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 562-3.

14 LOPES DA COSTA, Alfredo de Araújo. Medidas preventivas. 2. ed. Belo Horizonte: Bernardo
Alvares, 1958, p. 23.

15 PONTES DE MIRANDA. Comentários ao Código de Processo Civil. 2. ed., t. 8. Rio de Janeiro:


Forense, 1959, p. 390.

16 GRECO, Leonardo. A tutela de urgência e a tutela da evidência no Código de Processo Civil de


2015. In: RIBEIRO, Darci Guimarães; JOBIM, Marco (org.). Desvendando o novo CPC
(LGL\2015\1656). Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.

17 "A redação do art. 300, caput, superou a distinção entre os requisitos da concessão para a tutela
cautelar e para a tutela satisfativa de urgência, erigindo a probabilidade e o perigo na demora a
requisitos comuns para a prestação de ambas as tutelas de forma antecipada". Enunciado 143 do
Fórum Permanente de Processualistas Civis.

18 "As hipóteses de exigência de caução para a concessão de tutela provisória de urgência devem
ser definidas à luz do art. 520, IV, CPC (LGL\2015\1656)". Enunciado 497 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis. "A possibilidade de dispensa de caução para a concessão de tutela provisória
de urgência, prevista no art. 300, § 1.º, deve ser avaliada à luz das hipóteses do art. 521". Enunciado
498 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

19 "Não é absoluta a regra que proíbe tutela provisória com efeitos irreversíveis". Enunciado 419 do
Fórum Permanente de Processualistas Civis.

20 AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC (LGL\2015\1656). São


Paulo: Ed. RT, 2015.

Página 20
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

21 "A vedação da concessão de tutela de urgência cujos efeitos possam ser irreversíveis (art. 300, §
3.º, do CPC/2015 (LGL\2015\1656)) pode ser afastada no caso concreto com base na garantia do
acesso à Justiça (art. 5.º, XXXV, da CRFB)". Enunciado 25 da Enfam - Escola Nacional de Formação
e Aperfeiçoamento de Magistrados.

22 CUNHA, Guilherme Antunes. Tutelas de urgência satisfativas autônomas no processo civil. Porto
Alegre: Verbo Jurídico, 2014.

23 "As vedações à concessão de tutela provisória contra a Fazenda Pública limitam-se às tutelas de
urgência". Enunciado 35 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

24 "Considera-se abusiva a defesa da Administração Pública, sempre que contrariar entendimento


coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público,
consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa, salvo se demonstrar a existência de
distinção ou da necessidade de superação do entendimento". Enunciado 34 do Fórum Permanente
de Processualistas Civis.

25 "A tutela de evidência é compatível com os procedimentos especiais".Enunciado 422 do Fórum


Permanente de Processualistas Civis. "Cabe tutela de evidência recursal". Enunciado 423 do Fórum
Permanente de Processualistas Civis.

26 "É possível a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015
(LGL\2015\1656) quando a pretensão autoral estiver de acordo com orientação firmada pelo
Supremo Tribunal Federal em sede de controle abstrato de constitucionalidade ou com tese prevista
em súmula dos tribunais, independentemente de caráter vinculante". Enunciado 30 da Enfam -
Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. "A concessão da tutela de
evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015 (LGL\2015\1656) independe do trânsito em julgado da
decisão paradigma". Enunciado 31 da Enfam - Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados.

27 "Para a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, III, do CPC/2015 (LGL\2015\1656),
o pedido reipersecutório deve ser fundado em prova documental do contrato de depósito e também
da mora". Enunciado 29 da Enfam - Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados.

28 GRECO, Leonardo. A tutela de urgência e a tutela da evidência no Código de Processo Civil de


2015. In: RIBEIRO, Darci Guimarães; JOBIM, Marco (org.). Desvendando o novo CPC
(LGL\2015\1656). Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.

29 "Além da hipótese prevista no art. 304, é possível a estabilização expressamente negociada da


tutela antecipada de urgência antecedente". Enunciado 32 do Fórum Permanente de Processualistas
Civis. "Não cabe estabilização de tutela cautelar". Enunciado 420 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis. "Não cabe estabilização de tutela antecipada em ação rescisória". Enunciado
421 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. "Não é cabível ação rescisória contra decisão
estabilizada na forma do art. 304 do CPC/2015 (LGL\2015\1656)". Enunciado 27 da Enfam - Escola
Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados. "O regime da estabilizac#a#o da tutela
antecipada antecedente aplica-se aos alimentos proviso#rios previstos no art. 4.º da Lei 5.478/1968,
observado o § 1.º do art. 13 da mesma lei". Enunciado 500 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis.

30 "Cabe estabilização da tutela antecipada antecedente contra a Fazenda Pública". Enunciado 582
do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

31 "Na estabilização da tutela antecipada, o réu ficará isento do pagamento das custas e os
honorários deverão ser fixados no percentual de 5% sobre o valor da causa (art. 304, caput, c/c o art.
701, caput, do CPC/2015 (LGL\2015\1656))". Enunciado 18 da Enfam - Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados.

32 FUX, Luiz. Tutela de segurança e tutela da evidência. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 305-306

Página 21
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

33 FUX, Luiz. O novo processo civil. In. FUX, Luiz (Coord.). O novo processo civil brasileiro:
reflexões acerca do projeto do novo Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 18.

34 "O juiz deve justificar a postergação da análise liminar da tutela provisória sempre que
estabelecer a necessidade de contraditório prévio". Enunciado 30 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis.

35 FUX, Luiz. Tutela de seguranc#a e tutela da evide#ncia. Sa#o Paulo: Saraiva, 1996. p. 306-307.

36 "O poder de dilação do prazo, previsto no inciso VI do art. 139 e no inciso I do § 1.º do art. 303,
abrange a fixação do termo final para aditar o pedido inicial posteriormente ao prazo para recorrer da
tutela antecipada antecedente." Enunciado 581 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

37 "Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo
termo inicial será a data:
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer
parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;

II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação


apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4.o, I;

III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos."

38 "A tutela antecipada concedida em caráter antecedente não se estabilizará quando for interposto
recurso pelo assistente simples, salvo se houver manifestação expressa do réu em sentido
contrário". Enunciado 501 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

39 "Não cabe ação rescisória nos casos de estabilização da tutela antecipada de urgência".
Enunciado 33 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

40 BARBOSA, Andrea Carla. Direito em expectativa: as tutelas de urge#ncia e evide#ncia no Projeto


de Novo Co#digo de Processo Civil. RePro 194/243-276, Abril/2011.

41 "Cabe o recurso de agravo de instrumento contra a decisão que concede, denega ou posterga
indevidamente a apreciação do pedido de tutela provisória (art. 1.015, I), exceto se concedida na
sentença, hipótese em que cabe o recurso de apelação (art. 1.013, § 5.º). Havendo decisão
interlocutória posterior à sua concessão a respeito da adequação da técnica executiva que deve ser
adotada para efetivação da decisão provisória (art. 297), essa também é recorrível mediante agravo
de instrumento (analogamente, art. 1.015, I)". WAMBIER, Teresa Arruda Alvim [et. al.]. Breves
comentários ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo: Ed. RT, 2015, p. 775.

42 "É agravável o pronunciamento judicial que postergar a análise do pedido de tutela provisória ou
condicionar sua apreciação ao pagamento de custas ou a qualquer outra exigência" Enunciado 29 do
Fórum Permanente de Processualistas Civis.

43 GRECO, Leonardo. A tutela de urgência e a tutela da evidência no Código de Processo Civil de


2015. In: RIBEIRO, Darci Guimarães; JOBIM, Marco (org.). Desvendando o novo CPC
(LGL\2015\1656). Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.

44 FREIRE, Alexandre; BARROS, Lucas Buril de Macedo; PEIXOTO, Ravi. Os contornos da


estabilização da tutela provisória de urgência antecipatória no novo CPC (LGL\2015\1656) e o
"mistério" da ausência de formação da coisa julgada. In: Coletânea Novo CPC: Doutrina Selecionada
. Salvador: Juspodivm, 2015. (no prelo).

45 CAVALCANTI NETO, Antônio de Moura. Estabilização da tutela antecipada antecedente: tentativa


de sistematização. Disponível em:
[www.academia.edu/12283645/Estabilização_da_tutela_antecipada_antecedente_tentativa_de_sistematização].
Acesso em 27.06.2016.
artigo 303, § 1o prm resoluçãote: tenttiva eto )ad a outro para rever, reformar ou invalidar a
Página 22
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

estabilizada tutela antecipada.

46 "Caso o juiz entenda que o pedido de tutela antecipada em caráter antecedente tenha natureza
cautelar, observará o disposto no art. 305 e seguintes". Enunciado 502 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis.

47 GRECO, Leonardo. A tutela de urgência e a tutela da evidência no Código de Processo Civil de


2015. In: RIBEIRO, Darci Guimarães; JOBIM, Marco (org.). Desvendando o novo CPC
(LGL\2015\1656). Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.

48 AMARAL Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC (LGL\2015\1656). São


Paulo: Ed. RT, 2015, p. 411.

49 "É cabível réplica no procedimento de tutela cautelar requerida em caráter


antecedente".Enunciado 381 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

50 "Cessa a eficácia da tutela cautelar concedida em caráter antecedente, se a sentença for de


procedência do pedido principal, e o direito objeto do pedido foi definitivamente efetivado e
satisfeito". Enunciado n. 504 do Fórum Permanente de Processualistas Civis.

51 Também no caso de medida cautelar incidente aplica-se o art. 306, devendo o réu ser citado para
contestar o pedido no prazo de cinco dias.
GRECO, Leonardo. A tutela de urgência e a tutela da evidência no Código de Processo Civil de
2015. In: RIBEIRO, Darci Guimarães; JOBIM, Marco (org.) Desvendando o novo CPC
(LGL\2015\1656). Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2015.

52 FREIRE, Alexandre; BARROS, Lucas Buril de Macedo; PEIXOTO, Ravi. Os contornos da


estabilização da tutela provisória de urgência antecipatória no novo CPC (LGL\2015\1656) e o
"mistério" da ausência de formação da coisa julgada. In: Coletânea Novo CPC: doutrina selecionada.
Salvador: Juspodivm, 2015. (no prelo).

53 "A decisão que concede a medida liminarmente funda-se em cognição sumária, e, à medida em
que sucedem novos eventos ao longo do processo, pode o magistrado ter à sua disposição
elementos que contribuem para o aprimoramento da cognição a respeito da existência (ou não) dos
pressupostos que autorizaram sua concessão. Por isso, tal liminar pode ser revogada ou modificada.
Persistindo, ao longo do processo, os pressupostos que autorizaram a concessão da medida, ela
conserva sua eficácia, inclusive em períodos de suspensão do processo (cf. art. 296 do CPC/2015
(LGL\2015\1656))". MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: com
remissões e notas comparativas ao CPC/1973 (LGL\1973\5). 3. ed., São Paulo: Ed. RT, 2015, p.
461.

54 "A decisão que julga improcedente o pedido final gera a perda de eficácia da tutela antecipada".
Enunciado n. 140 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. "Caso a demanda destinada a
rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada seja ajuizada tempestivamente, poderá
ser deferida em caráter liminar a antecipação dos efeitos da revisão, reforma ou invalidação
pretendida, na forma do art. 296, parágrafo único, do CPC/2015 (LGL\2015\1656), desde que
demonstrada a existência de outros elementos que ilidam os fundamentos da decisão anterior".
Enunciado 26 da Enfam - Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados.

55 O Código não esclarece se exigido processo autônomo para a revogação ou modificação de


medida provisória. Entende-se que se exige pedido do interessado, mas não processo autônomo e
tanto pode decorrer de fato novo, como de reapreciação dos fatos e provas anteriormente
examinados. GRECO, Leonardo. A tutela de urgência e a tutela da evidência no Código de Processo
Civil de 2015. In: RIBEIRO, Darci Guimarães; JOBIM, Marco (org.). Desvendando o novo CPC
(LGL\2015\1656). Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2015.

56 DIDIER JR.; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de direito processual
civil. 10. ed., v. 2. Salvador: Juspodivm, 2015. p. 562-3.
Página 23
ASPECTOS DA TUTELA PROVISÓRIA: DA TUTELA DE
URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

57 Sobre coisa julgada no novo CPC (LGL\2015\1656) conferir: THAMAY, Rennan Faria Krüger. A
coisa julgada no controle de constitucionalidade abstrato: em conformidade com o Novo CPC. São
Paulo: Atlas, 2015, p. 88 e ss.

58 GRECO, Leonardo. A tutela de urgência e a tutela da evidência no Código de Processo Civil de


2015. In: RIBEIRO, Darci Guimarães; JOBIM, Marco (org.) Desvendando o novo CPC
(LGL\2015\1656). Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2015.

59 AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC (LGL\2015\1656). São


Paulo: Ed. RT, 2015, p. 402.

60 "Efetivada a tutela de urgência e, posteriormente, sendo o processo extinto sem resolução do


mérito e sem estabilização da tutela, será possível fase de liquidação para fins de responsabilização
civil do requerente da medida e apuração de danos". Enunciado 499 do Fórum Permanente de
Processualistas Civis.

61 AMARAL, Guilherme Rizzo. Comentários às alterações do novo CPC (LGL\2015\1656). São


Paulo: Ed. RT, 2015, p. 403.

62
[www.conjur.com.br/2015-jun-23/paradoxo-corte-antecipacao-tutela-natureza-condenatoria-honorarios].
Acesso em 27.06.2015.

Página 24

Você também pode gostar