Você está na página 1de 7

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Amanda da Silva Braga

UTILIZAÇÃO DAS TUTELAS PROVISÓRIAS NO CONTROLE ABSTRATO


DE CONSTITUCIONALIDADE

Belo Horizonte

2023
Controle de constitucionalidade é o nome que se dá a qualquer
processo/mecanismo que vise a verificar a adequação de normas
infraconstitucionais à Constituição de um país – que, no caso do Brasil, é a
Constituição Federal de 1988. Deverá, em todo e qualquer caso, haver
compatibilidade integral da norma infraconstitucional com a CF, tanto do ponto
de vista formal (respeito ao processo de elaboração de normas previsto na CF),
como material (observância unicamente de conteúdos permitidos ou não
vedados pela CF)

Esse controle baseia-se na noção de que há uma hierarquia entre as


normas internas de um país, de modo que as normas de hierarquia inferior
devem se adequar às normas de hierarquia superior. O jurista austríaco HANS
KELSEN, figura mais emblemática a tratar desse tema, esquematizou essa
hierarquia de normas na figura de uma pirâmide, hoje chamada de Pirâmide de
Kelsen.

"a Constituição é a norma fundamental do


sistema jurídico, ocupando o ápice da
pirâmide normativa, da qual todas as demais
normas extraem o seu fundamento de
validade" (KELSEN; 1962; p. 125)..

Ações do controle de constitucionalidade concentrado

O controle de constitucionalidade concentrado só ocorre mediante certos


tipos de ação previstos na CF. Temos, assim, quatro tipos de ação do controle
concentrado de constitucionalidade:

ADI (ADIn): Ação Direta de Inconstitucionalidade;

Diante de ato normativo já editado que viole a CF, para ver declarada
sua inconstitucionalidade. Não pode ser intentada contra projeto de lei,
excluindo-se os atos normativos de natureza privada, segundo o STF, é
possível controle de efeitos concretos, desde que haja uma controvérsia
constitucional alegada em abstrato.
(Há um caso específico em que parlamentares podem entrar com Mandado de
Segurança contra projeto de lei, mas esta é uma faculdade exclusiva do
parlamentar);

ADC (ADECON): Ação Declaratória de Constitucionalidade;

Diante de ato normativo já editado que inspira controvérsias sobre a


constitucionalidade – e quer-se confirmar sua constitucionalidade;

ADO: Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão;

Diante de norma constitucional de eficácia limitada não regulamentada,


ou seja, norma que, apesar de prevista na constituição, não tem eficácia
enquanto não for devidamente regulamentada. Quer-se, nessa ação, ver
determinada sua regulamentação pelo órgão responsável. Segundo a melhor
doutrina, a omissão inconstitucional se dá no âmbito dos três poderes , tendo
natureza normativa, politico administrativa e judicial, mas somente no primeiro
caso caberá ação direta de inconstitucionalidade.

ADPF: Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental.

Diante de ato normativo já editado (mesmo que seja algum ato qualquer
anterior à CF) que viole a Constituição, para ver declarada sua
inconstitucionalidade, quando não couber mais nenhuma outra ação para
resolver o caso (a ADPF é subsidiária, tem caráter residual). Segundo a
doutrina, segue a tendência de outras formas de controle existentes em países
como os EUA,Áustria, Espanha e Alemanha.
DA ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE NA

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

A estabilização da tutela antecipada antecedente constitui uma das


maiores novidades no atual sistema das tutelas provisórias, e foi incorporada
ao nosso ordenamento jurídico por influência do sistema processual italiano,
com a finalidade de tentar solucionar mais rapidamente o conflito, quando não
há oposição do réu à tutela concedida em caráter antecedente. O fenômeno da
estabilização da tutela antecipada ocorre quando ela é concedida em caráter
antecedente e não é impugnada pelo réu, litisconsorte ou assistente simples
(por recurso ou outro meio de impugnação). Se isso ocorrer, o processo será
extinto e a decisão antecipatória continuará produzindo efeitos enquanto não
for ajuizada ação autônoma para revisá-la, reformá-la ou invalidá-la (art. 304,
caput e §1º do CPC). Nesse caso, não há, obviamente, resolução do mérito
quanto ao pedido definitivo – até porque a estabilização se dá num momento
em que esse pedido sequer foi formulado. Entretanto, apesar do processo ser
extinto, a decisão que concedeu a tutela provisória satisfativa - já estabilizada -
conserva seus efeitos.

DAS DIFICULDADES EM RELAÇÃO À ESTABILIDADE

Com a estabilidade surge alguns problemas de difícil solução. Marcus


Vinicius Rios Gonçalves, por exemplo, cita a hipótese de a tutela antecipada
antecedente ser concedida contra mais de um réu. A situação torna-se
complexa se apenas um réu manifestar oposição a medida concedida. Ensina
o autor que a solução há de ser dada observando o regime do litisconsórcio. Se
ele for unitário, o ato provocado por um dos demandados aproveita a todos.
Portanto, a ação positiva provocada por um dos litisconsortes passivos
impedirá a estabilização; em contrapartida, se o litisconsórcio for simples, o
regime será da autonomia e a ação de um não aproveitará aos demais.

Sob outra visão, Heitor Vitor Mendonça Sica contrapôs veementemente a


utilização da tutela antecipada antecedente e sua estabilização no processo
coletivo em sua obra publicada sobe o tema. Isso porque a técnica de
estabilização pressupõe a possibilidade de que o réu do processo primitivo,
contra o qual foi proferida e estabilizada a decisão antecipatória, possa aforar
uma nova demanda contra o autor pedindo a revisão da decisão. Ou seja, há
uma inversão dos polos nos dois processos. Para que tal fenômeno ocorresse
no âmbito da tutela de interesses transindividuais, seria necessário admitir a
ação coletiva passiva – em que os legitimados enunciados pelos arts. 5º da Lei
da ação civil pública e art. 82 do CDC se tornassem réus, o que não parece
encontrar respaldo no microssistema de tutela coletiva.

TUTELAS PROVISÓRIAS CONFORME O NCPC DE 2015

-Inovações constituídas pelas Tutelas Provisórias

A tutela provisória (de urgência ou de evidência), quando concedida, conserva


a sua eficácia na pendência do processo, mas a qualquer momento poderá ser
revogada ou modificada, conforme preceitua o art. 296, do NCPC/15.

Conforme o art. 294, do NCPC/15, a Tutela Provisória subdivide-se em na


tutela de urgência, com natureza cautelar, a tutela de urgência de natureza
antecipada ou satisfativa, e a tutela de evidência, unificando o sistema das
tutelas de urgência.

Desta forma, o fumus boni iuris e o periculum in mora eram requisitos para
a concessão das cautelar se não da antecipação de tutela, com o NCPC/15 em
vigor, tanto a tutela cautelar, quanto a antecipatória fundamentam-se em um
requisito comum, o qual se determina no perigo da demora da tutela
jurisdicional.

EFETIVAÇÃO DA TUTELA PROVISÓRIA

Preconiza Didier, o art. 297, do NCPC, que “O juiz poderá determinar as


medidas que considerara adequadas para efetivação da tutela provisória”
(2015, p. 154). O termo “efetivação” significa a execução da tutela, a qual não
dependerá de processo autônomo, desenvolvendo-se por mera fase
procedimental. O CPC de 1973 previa norma análoga aplicável à antecipação
de tutela, prescrita no art. 273, §3º, bem como aplicando subsidiariamente a
regras do cumprimento provisório de sentença à efetividade da tutela
antecipada. Urge demonstrar, que o NCPC determina ao juiz que o mesmo, se
necessário, adotará medidas diversas das previstas nas normas, dependendo
do conteúdo da tutela provisória, verificando quais as providências mais
adequadas para sua efetivação, e não dar concretude à tutela de urgência em
questão, pois estaria na possibilidade de ocorrer à violação do direito em litígio
pelo postulante. Tais providências, adequadas à efetivação da tutela provisória
concedida poderia implicar até, se for o caso, da fixaçãode multa diária
(astreintes).

TUTELA DE EVIDÊNCIA

Didier dispõe que o art. 311 do NCPC prescreve: “A tutela da evidência


será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de
risco ao resultado útil do processo” (2015, p. 159).

Está vinculada ao que se chama de “direito evidente”, isto é, pretensões


em juízo nas quais o direito se mostra claro, robusto, plausível e incontestável,
como o direito líquido e certo que autoriza a propositura de Mandado de
Segurança, ou o direito exequente, representado pelo título executivo.

A tutela de urgência designa uma categoria de medidas, as quais buscam


resguardar situações nas quais a demora no reconhecimento do direito
pleiteado prejudica a parte demandante, tendo por paradoxo, a tutela de
evidência, mais flexível, esta não exige a demonstração do periculum in mora
ou de fumus boni iuris para o seu deferimento, já que a ausência de defesa
consistente ou de controvérsia sobre o pedido ou parte dele permite a
verificação não só da plausibilidade do direito, mas de sua própria existência.

Ressalta-se, que a tutela provisória de evidência permite ao juiz que


antecipe uma medida satisfativa ou cautelar, transferindo para o réu os ônus da
demora, ou seja, é uma forma de distributividade dos ônus oriundos da demora
processual entre as partes, bem como uma forma de evitar recursos
procrastinatórios do réu contra o direito do autor em questão.
Referências

Didier JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. JusPODVIM, Salvador,


2016.

file:///C:/Users/Amanda/Downloads/345+BJD.pdf

https://trilhante.com.br/curso/acoes-do-controle-de-constitucionalidade-
tributario/aula/acoes-do-controle-concentrado-de-constitucionalidade-momento-
e-definicao-2

Você também pode gostar