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CADERNO DE ESTUDOS

Apostila
Introdução ao Direito
Constitucional
MATERIAL DE APOIO
MENSAGEM AO ALUNO EaD
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CURSO DE GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E
PRIVADA
INTRODUÇÃO DIREITO CONSTITUCIONAL
Sumário

2. FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE .......................................13


2.1. CONTROLE CONCENTRADO ..............................................................................14
2.2. LEGITIMIDADE ATIVA ...........................................................................................16
2.3. DECISÃO DE MÉRITO QUÓRUM ........................................................................19
2.4. TUTELA DE URGÊNCIA QUÓRUM .....................................................................21
3. CONTROLE DIFUSO ASPECTOS GERAIS ...............................................................22
3.1. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DE LEI PELO SENADO...................................24
3.2. CONTROLE DE OMISSÕES INCONSTITUCIONAIS ........................................25
3.3. PODER CONSTITUINTE .......................................................................................26

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2. FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

Quanto à natureza do órgão:


 Jurisdicional
 Político
Controle JURISDICIONAL: É o controle feito por órgãos do Poder
Judiciário. Controle POLÍTICO: É aquele feito por órgãos sem poder
jurisdicional.
Sistema Jurisdicional: aquele em que o controle de constitucionalidade é
feito precipuamente pelo Poder Judiciário.
Sistema Político: é aquele em que o controle de constitucionalidade não
é feito pelo Poder Judiciário.
Sistema Misto: tem tanto o controle jurisdicional quanto o controle
político; os dois tipos de controle são conjugados.

 Quanto ao momento em que ocorre o controle


 Preventivo
 Repressivo

Controle PREVENTIVO: é feito durante o processo legislativo (antes da


promulgação de uma lei ou emenda) com a função de evitar uma lesão à CF.

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Controle REPRESSIVO: é aquele que acontece depois que o projeto de
lei se transformou em lei.

Quanto à competência jurisdicional


 Difuso
 Concentrado
Controle DIFUSO (sistema norte-americano de controle): é aquele que
pode ser exercido por qualquer juiz ou tribunal.
Controle CONCENTRADO (controle reservado ou sistema austríaco ou
sistema europeu): é aquele cuja competência para o seu exercício é atribuída
apenas a um órgão do Poder Judiciário.
Controle CONCRETO: Aquele que tem por objetivo principal a proteção
de direitos subjetivos. A inconstitucionalidade é uma questão discutida apenas
de forma incidental. O juiz afasta incidentalmente a lei.
Controle ABSTRATO: é aquele que tem por objetivo principal assegurar
a supremacia da CF e proteger a ordem constitucional objetiva. É abstrato
porque a análise que é feita pelo tribunal nesses casos, é uma análise “em
tese”, e não no caso concreto. O Tribunal vai analisar se a lei ou ato normativo
é compatível ou não com a CF, não vai analisar o caso concreto.

2.1. CONTROLE CONCENTRADO

O controle concentrado é assim denominado pelo fato de a sua


legitimidade se concentrar no STF.

INTRODUÇÃO ADI/ADC
Tanto a ADI quanto a ADC estão previstas no art. 102, I, a.
Estas ações têm caráter dúplice ou ambivalente (art. 24, Lei 9868/99).
Pressuposto da ADC: existência de controvérsia judicial relevante (art. 14, III).
ADPF
É regulamentada pela Lei 9882/99.
Pressuposto da ADPF: é de caráter subsidiário (art. 4, §1º, Lei 9882/99).

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FUNGIBILIDADE ADI x ADO ADPF x ADI
ASPECTOS COMUNS

 Não admitem desistência (Lei 9868/99, art. 5º), assistência


(regimento interno do STF) e nem intervenção de terceiros (Lei
9868/99, art. 7º).
 Não se admite desistência e assistência porque a ação se refere
à proteção da supremacia da CF, e não de direito particular.
 No caso da intervenção de terceiros, alguns autores entendem
que a figura do “amicus curia” seria uma exceção à
inadmissibilidade de intervenção de terceiros (Lei 9868/99, art. 7º,
§2º).
 A causa de pedir é aberta, ou seja, abrange qualquer norma
formalmente constitucional, independentemente da que tenha
sido invocada como parâmetro pelo legitimado que propôs a
ação.

EXCEÇÃO: quando o pedido versa apenas sobre a inconstitucionalidade


formal, o STF fica impossibilitado de analisar a inconstitucionalidade material.
Ou seja, não pode dizer que o conteúdo da lei é incompatível com o conteúdo
da CF. Este caso é uma exceção à “causa de pedir aberta” (este entendimento
do STF está na ADI 2182). € Só haverá conexão entre as ações quando o
objeto for o mesmo.
É necessário que ocorra provocação em relação ao objeto, salvo nos
casos de inconstitucionalidade por arrastamento ou por atração. Pois na ADI e
ADC aplica-se o Princípio da adstrição ao pedido –
constitucionalidade/inconstitucionalidade. Já na ADPF será diferente, pois nela
se requer a arguição de descumprimento de preceito fundamental, e não da
CF. PRECEITO FUNDAMENTAL: (José Afonso da Silva) são aquelas normas
imprescindíveis à identidade e ao regime adotada pela Constituição.
OBS.: a inconstitucionalidade por arrastamento ou por atração é uma
técnica de decisão judicial que pode ser utilizada quando há uma relação de
interdependência entre o dispositivo impugnado e um outro dispositivo do
mesmo diploma legal (ADI 4451-MC-Ref.).
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OBS.: a inconstitucionalidade por arrastamento pode ser utilizada
também entre diplomas normativos diversos, desde que haja uma
interdependência entre eles (Ex.: uma lei e o decreto que regulamente essa
lei). ( 1-F - ADIN declara incons § 12 art. 100 precatórios).
A decisão de mérito é irrecorrível, salvo Embargos de Declaração. Não
cabe, também, Ação Rescisória (Lei 9868/99, art. 26 e Lei 9882/99, art. 12).

2.2. LEGITIMIDADE ATIVA

A legitimidade é a mesma para ADI/ADC/ADPF (art. 103 CF)


Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação
declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do
Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; VI - o
Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Legitimados ATIVO-UNIVERSAIS UNIVERSAIS
ESPECIAIS (são aqueles que precisam demonstrar a existência de
pertinência temática entre o objeto impugnado e o interesse que eles
representam).
Entidade de Classe: a entidade de classe deve ser representativa de
apenas uma determinada atividade ou categoria social, profissional ou
econômica.
ÂMBITO NACIONAL: as entidades de classe devem estar presentes em
pelo menos 1/3 dos Estados brasileiros (9 Estados ).
Exceção: quando houver uma relevância nacional na atividade exercida
pelos associados.
STF: admite a legitimidade de associações formadas por pessoas
jurídicas (“associação de associações”).

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Não tem capacidade postulatória: Partido Político, Entidades de Classe
de âmbito nacional e Confederações Sindicais.
São os únicos legitimados que precisam de advogado para propor a
ação.
PARÂMETRO (ou norma de referência)
ADI e ADC: qualquer norma formalmente constitucional, inclusive os
atos decorrentes do art. 5º, § 3º, CF (preâmbulo não conta, pois não tem
caráter normativo).
ADPF: Só preceitos fundamentais da CF servem como parâmetro.
PRECEITO FUNDAMENTAL: são aquelas normas imprescindíveis à
identidade e ao regime adotado pela CF.

OBJETO
Natureza do objeto da ADI/ADC:
Lei ou ato normativo (Art. 102, I, a CF). Qualquer lei, inclusive de efeito
concreto.
O ato normativo tem que ser geral e abstrato (se ele não for geral e
abstrato, ele não teria a natureza de ato normativo, mas sim de ato
administrativo, que tem destinatário certo e objeto determinado).
OBS.: a violação da CF tem que ser direta. Não se admite como objeto
de ADI/ADC:
1 – Atos tipicamente regulamentares;
2 – Normas constitucionais originárias (pois é afastada pelo Princípio da
Unidade da CF);
3 – Lei ou norma de efeitos concretos já exauridos;
4 – Lei com eficácia suspensa pelo Senado;
5 – Leis ou atos normativos já revogados; Exceção: quando houver
fraude processual.
6 – Leis temporárias após o exaurimento de seus efeitos.

Natureza do objeto da ADPF:


Qualquer ato do Poder Público (art. 1 Lei 8982/99)
Não podem ser objeto de ADPF:

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1 – Atos tipicamente regulamentares: não está violando diretamente a
CF, mas sim uma lei. Isso seria uma violação indireta da CF, e, portanto, não é
objeto admitido em ADI/ADC/ADPF.
2 – Súmulas comuns: a súmula não vinculante é apenas um
entendimento sintetizado do que vem sendo adotado por um Tribunal. Então,
se o Tribunal passa a modificar seu entendimento, ele não precisa de uma
ADPF para derrubá-la, basta simplesmente revogar a súmula.
3 – Súmulas vinculantes: existe na Lei um procedimento especifico para
cancelamento ou revisão de sumula vinculante, com isso o caráter subsidiário
da ADP (outro meio igualmente eficaz) não é atendido.
4 – PEC: não é admitida a PROPOSTA de emenda constitucional
como objeto de ADPF, pois a proposta não é um ato pronto e acabado, é um
ato em formação. É um ato que só irá se completar se, e, quando aprovado.
Então não é considerado ato público.

ASPECTO TEMPORAL DO OBJETO


ADC/ADI: o objeto sempre tem que ter sido produzido após o parâmetro
constitucional. Não são admitidos atos normativos ou leis anteriores à CF/88.
ADPF: a lei admite ato do poder público, inclusive leis e atos normativos,
anteriores ou posteriores ao parâmetro.
€ O descumprimento é mais amplo que a inconstitucionalidade.

ASPECTO ESPACIAL DO OBJETO


Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a
guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal
ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
federal;
(...).
Art. 1º. Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento
de preceito fundamental:

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I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional
sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os
anteriores à Constituição;.
€ LEIS E ATOS NORMATIVOS DO DF: Nem a lei e nem a CF tratam do
tema. As leis e atos normativos do DF têm dupla competência, pois o DF
exerce competência de Estado e de Município. No caso da ADC, não pode. No
caso da ADPF, pode, já que trata de atos de competência estadual e municipal.
A grande questão é em relação a ADI. Lei ou ato normativo do Distrito Federal
só pode ser impugnado através de ADI se tratarem de matéria de competência
dos Estados.
Súmula 642 do STF: Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de
lei do distrito federal derivada da sua competência legislativa municipal.

2.3. DECISÃO DE MÉRITO QUÓRUM

A Lei prevê 2 quóruns diferentes:


PRESENÇA: pelo menos 8 ministros (2/3 dos membros do tribunal);
DECLARAÇÃO: Para ocorrer à declaração de constitucionalidade ou
inconstitucionalidade precisa do voto de pelo menos 6 ministros (ADI ou ADC).

EFEITOS DA DECLARAÇÃO:
Os efeitos da declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade
em ADI, ADC ou ADPF encontram-se previstos em: Lei 9868, art. 28, § único;
Lei 9882, art. 10, § 3º e art. 102, §2º, CF. Diferenças entre os efeitos ERGA
OMNES e VINCULANTE:
1ª – aspecto subjetivo: o efeito erga omnes atinge a todos (poderes
públicos e particulares); já o efeito vinculante atinge apenas determinados
órgãos do Poder Público. O chefe do Poder
Executivo só não fica vinculado à decisão do STF em suas atribuições
relacionadas ao processo legislativo. O Legislativo não fica vinculado apenas
na sua função típica de legislar.
2ª – aspecto objetivo:

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A declaração de constitucionalidade ou inconstitucionalidade é formada
sempre por 3 partes: relatório, fundamentos e dispositivo.
Teoria Extensiva: Existe uma corrente doutrinária, chamada de Teoria
Extensiva, defendida por Gilmar Mendes, que diz que o efeito vinculante atinge
não só o dispositivo da decisão, mas também os motivos determinantes
contidos na fundamentação.
Os motivos determinantes formam a “ratio decidendi” (decisões
determinantes para aquele julgamento). Para quem adota a Teoria Extensiva,
diz que esses motivos também são vinculantes. O que não seria vinculante
seriam apenas as questões “obter dicta” (ditas de passagem, questões
acessórias do julgado).
Esta Teoria foi adotada no STF com o nome de “Transcendências dos
Motivos” ou “efeito transcendente dos motivos determinantes” durante algum
tempo. Mas passou a não mais adotar este entendimento: Rec. 30.14, Rec.
2990-AgR.

EFICÁCIA TEMPORAL:
OBS.: No controle abstrato, as decisões só se tornam obrigatórias a
partir de
sua publicação (parte dispositiva no Diário da Justiça e no Diário Oficial
da União). Não é do trânsito em julgado!

Uma lei inconstitucional, se for um ato nulo, será ex tunc; mas se for um
ato anulável, ela só terá o vício reconhecido a partir da publicação, será então
ex nunc.
O STF vem adotando entendimento da doutrina norte-americana, de que
a lei inconstitucional é um ato NULO. Então, em regra, terá efeito retroativo,
efeito “ex tunc”. A decisão valerá desde o momento em que a lei foi criada.
Modulação Temporal: existe no Direito brasileiro a possibilidade do STF
modular os efeitos da decisão, fixando um momento diferente para sua
eficácia. Podendo, além de ser ex tunc, ser também ex nunc (ou para o futuro).
Artigo 27 da Lei 9868/99 e artigo 11 da Lei 9882/99.

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2.4. TUTELA DE URGÊNCIA QUÓRUM

PRESENÇA: 8 ministros;
DECISÃO: em regra, por pelo menos 6 ministros. Lei 9868 art. 10, 21 e
22.
Lei 9882 art. 5º, §1º.
Exceções: na ADI e na ADPF, como a situação pode ser de maior
urgência, existe a possibilidade de concessão monocrática pelo relator ou pelo
presidente do Tribunal. A ADI pode ocorrer no período de recesso. ADI 4638. E
na ADPF existem 3 exceções previstas: extrema urgência, perigo de lesão
grave ou durante o recesso. A ADC não há exceção, pois aqui a lei já tem
presunção de legitimidade, ou seja, não pode ser algo tão urgente a ponto de
não puder esperar 6 ministros para decidir.

EFEITOS SUBJETIVOS/OBJETIVOS DA LIMINAR


Erga omnes; Vinculante;
ADC: o efeito da liminar em ADC é suspender o julgamento de
processos, por no máximo 180 dias para que haja decisão definitiva de mérito
do STF.
ADI: não existe a previsão na lei de suspensão dos processos em liminar
na ADI, todavia o STF entende que por analogia aplica-se o artigo 21 da Lei
9868/99.
ADPF:
Lei 9882/99. Art. 5o. § 3o A liminar poderá consistir na determinação de
que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de
decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a
matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo
se decorrentes da coisa julgada.

EFEITOS TEMPORAIS
Na liminar, por ser uma decisão precária (apenas suspende a
eficácia/vigência da lei temporariamente, não a declara inconstitucional), o
efeito temporal será:
ADI: em regra, é ex nunc.

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Exceção: o STF, se quiser, pode expressamente modular também os
efeitos da liminar.
Efeito Repristinatório Tácito: o STF ao suspender a lei B, faz
automaticamente à lei A voltar a produzir efeitos. O STF não precisa dizer. É
um efeito automático.
ADPF: não tem previsão na lei, mas por analogia se entende que o
efeito seria ex nunc.
€ ADC não tem efeito temporal porque a lei não é suspensa, apenas os
processos.

3. CONTROLE DIFUSO ASPECTOS GERAIS

COMPETÊNCIA
Qualquer juiz ou Tribunal.
OBS.: No âmbito dos Tribunais, no exercício do controle difuso, tem que
se observar a cláusula da reserva de plenário (art. 97 da CF).

FINALIDADE
A finalidade principal é a proteção de direitos subjetivos.
A pretensão é deduzida em juízo através de um Processo Constitucional
Subjetivo. A inconstitucionalidade também pode ser reconhecida de ofício pelo
juiz.

LEGITIMIDADE ATIVA
Qualquer pessoa que tenha o seu direito supostamente violado por uma
norma inconstitucional.

PARÂMETRO
Qualquer norma formalmente constitucional, mesmo que revogada,
desde que estivesse vigente na época da ocorrência do fato.
Aqui vale o Princípio “tempus regit actum”.

OBJETO
Qualquer ato do Poder Público que viole diretamente a CF.
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EFEITOS DA DECISÃO
A decisão reconhece o vício e afasta a aplicação da lei naquele caso
específico.

ASPECTO SUBJETIVO
O efeito da decisão será apenas “Inter partes”.
Mesmo se esta decisão for proferida pelo STF (Recl. 10.403/10).

ASPECTO OBJETIVO
É na fundamentação de uma decisão que o juiz vai analisar a
inconstitucionalidade da lei.

ASPECTO TEMPORAL
Com relação à eficácia temporal, a regra será o efeito ex tunc.
O STF admite a modulação temporal dos efeitos da decisão (RE
586.453).
Ex.: RE 556.664/RS – efeito ex nunc; RE 197.917 - efeitos prospectivos
ou para o futuro.

CLÁUSULA DA RESERVA DE PLENÁRIO


Conhecida também como regra da “full bench” (tribunal cheio, completo).

1º aspecto: esta cláusula se aplica tanto ao controle difuso quanto ao


controle concentrado.
2º aspecto: esta clausula só se aplica no âmbito dos tribunais. Não se
aplica ao juiz singular.
3º aspecto: só se aplica quando se tratar de inconstitucionalidade. Se o
entendimento for pela constitucionalidade, não precisa respeitar a clausula de
plenário.
Súmula Vinculante nº 10 – Viola a clausula de reserva de plenário (CF,
artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

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Como o Pleno não analisa o caso concreto (quem faz isso é o órgão
fracionário), analisa apenas a constitucionalidade da lei “em tese” (faz uma
análise em abstrato). Se futuramente outros casos chegarem ao tribunal e
tiverem a mesma lei questionada, os órgãos fracionários não precisam mandar
todos esses processos para o Pleno analisar novamente. Então, a partir do
momento em que o Pleno analisou uma vez, todos os demais processos
podem se basear naquele entendimento. Isto está previsto no art. 949, § único
do CPC:
O STF é guardião da CF, já adotou entendimento sobre o assunto, então
o órgão fracionário pode se basear nesse entendimento.

3.1. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO DE LEI PELO SENADO

Previsto no artigo 52, X, CF:


€ Esta suspensão da execução só pode ocorrer no controle difuso (art.
178 Regimento Interno STF). Ela não existe no controle concentrado porque
nesta a decisão do STF já tem efeito erga omnes e vinculante (é como se fosse
uma “revogação” da lei).

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA


A polêmica da Ação Civil Pública é que, como ela tem efeito erga
omnes, então, se ela for utilizada como instrumento de controle, ela estaria
substituindo a ADI?
A jurisprudência é pacifica no sentido de que a Ação Civil Pública pode
ser utilizada como instrumento, desde que utilizada em controle incidental.
Só se admite se a inconstitucionalidade for à causa de pedir, e não o
pedido em si.
Porque ela vai ser analisada como uma questão incidental, na
fundamentação. Ela não será analisada no pedido.
Portanto é admitido controle de constitucionalidade em Ação Civil
Pública. Mas ela não pode ser o objeto do pedido, o pedido tem que ser algo
concreto. Tem que ser apenas a causa de pedir. Ela será analisada como
questão prejudicial do mérito.

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3.2. CONTROLE DE OMISSÕES INCONSTITUCIONAIS

No ordenamento jurídico brasileiro existem dois instrumentos para


controle de omissão de inconstitucionalidade:
Mandado de Injunção (invenção do legislador brasileiro)
Ação Direta por Omissão

CRITÉRIOS ADO M.I.


PREVISÃO LEGAL Art. 103, §2, CF e Lei 12.073/09 Art. 5, LVVI, CF e
lei nº 13.330/16.

FINALIDADE
Instrumento de controle abstrato (processo constitucional objetivo)
Instrumento de controle concreto ou incidental (processo constitucional
subjetivo).

COMPETÊNCIA
Controle concentrado, pois a competência para exercê-la é exclusiva do
STF·. Controle difuso limitado, só tem competência para julgá-lo quem estiver
previsto na CF: STF, STJ, TSE e TRE. Ou em lei federal: que não foi criada
ainda. E por Constituição Estadual.
LEGITIMIDADE ATIVA
Art. 103 CF + art. 12 da Lei 9868 (os mesmos da ADC e da ADI).·.
MI Individual: qualquer pessoa que tenha o seu direito constitucional
inviabilizado pela ausência de norma regulamentadora. MI Coletivo: os
legitimados têm que estar previstos na lei.

LEGITIMIDADE PASSIVA
Autoridades ou órgãos responsáveis pela elaboração da medida ou da
norma regulamentadora.·.

IDEM PARÂMETRO

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(Na classificação do professor José Afonso da Silva, o parâmetro seria
apenas as normas constitucionais de eficácia limitada)·.

 Normas formalmente constitucionais não auto- aplicáveis


 Normas formalmente constitucionais não autoaplicáveis.

A legitimidade ativa da ADO é a mesmo da ADC e da ADI. Porém, não


terá legitimidade à autoridade com competência para iniciar o processo
legislativo, salvo quando se tratar de iniciativa privativa ou exclusiva.
Em se tratando de iniciativa privativa, deve figurar no polo passivo a
autoridade ou órgão com legitimidade para iniciar o processo legislativo.
Para parte da doutrina, o MI só seria cabível para assegurar o exercício
de direitos fundamentais (direitos e garantias individuais, sociais, de
nacionalidade e políticos).
O STF, no entanto, não tem feito restrições em relação à matéria
protegida por esta garantia.

3.3. PODER CONSTITUINTE

PODER CONSTITUINTE
Existe uma corrente minoritária, de viés jus naturalista, para a qual o
poder constituinte originário é um Poder Jurídico (ou de Direito), por estar
subordinado aos princípios do direito natural.
CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS:
PODER INICIAL: não existe nenhum outro poder antes ou acima dele.
PODER AUTÔNOMO: cabe apenas a ele definir a ideia de direito que irá
prevalecer dentro do Estado.
PODER INCONDICIONADO: por não estar submetido à observância de
qualquer forma ou conteúdo preexistente.
Características do Poder Constituinte Originário segundo o doutrinador
SIeyés: INCONDICIONADO JURIDICAMENTE: incondicionado pelo poder
positivo, estando subordinado aos princípios do Direito Natural;
PERMANENTE: é um poder que não se esgota com seu exercício. O
poder constituinte não deixa existir, apenas fica em estado latente;
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INALIENÁVEL: não pode ser transferido e nem usurpado de seu
verdadeiro titular (povo ou nação).

LIMITAÇÕES MATERIAIS OU EXTRAJURÍDICAS:


Imperativos do Direito Natural: impedimentos naturais do ser humano;
Valores Éticos e Sociais: ao estabelecer uma CF o PCO deve observar
valores éticos e sociais. Os valores de uma sociedade (ético e morais) não
podem ser ignorados.
Direitos fundamentais conquistados por uma sociedade e sob os quais
haja um consenso profundo: está relacionado à “Proibição do Retrocesso” ou
“Efeito Cliquet” (termo usado no alpinismo e trazido para o Direito, no sentido
de impedir o retrocesso de valores já consagrados pelo PCO).
Limitações estabelecidas por normas de Direito Internacional, sobretudo
aquelas relacionadas aos Direitos Humanos: o PCO deve observar os tratados
internacionais dos quais o Estado é signatário, sobretudo os de D. Humanos. O
PCO deveria e poderia respeitá-lo, porém não está obrigado. Assim, vai
depender da tese adotada. Se adotar a tese de que o Direito Internacional tem
prevalência sobre o Direito Interno, então o PCO deve respeitá-lo; se não, o
PCO pode contrariá-lo.

LEGITIMIDADE:
Legitimidade SUBJETIVA: ocorre quando há uma correspondência entre
a titularidade (povo ou nação) e o exercício.
Legitimidade OBJETIVA: o PCO deve consagrar um conteúdo normativo
em conformidade com a ideia de justiça e com os valores radicados na
comunidade.

PODER CONSTITUINTE DECORRENTE


É aquele responsável por elaborar e modificar as Constituições dos
estados membros (só existe em estados federativos e não em estados
unitários).
É um poder secundário, é um poder limitado juridicamente pela CF. Ou
seja, quem o cria é a CF, então ele deve observar o que a CF impõe a ele.

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Princípio de Simetria: o modelo estabelecido na CF deve ser observado
pelas Constituições Estaduais e Leis Orgânicas Municipais (artigos 11 ADCT,
25 e 29 CF).

PODER CONSTITUINTE DERIVADO


Poder Revisor Poder Reformador.
Poder REVISOR: a revisão é uma via extraordinária de alteração da CF
(art. 3º, ADCT). Poder REFORMADOR: a reforma é a via ordinária (art. 60,
CF).
De acordo com o entendimento amplamente majoritário, a CF/88 não
estabeleceu limitação material para o Poder Reformador. Há, no entanto, quem
considere a limitação do artigo 60, § 5º, como limitação temporal.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida
por prejudicada não por ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa.
Limitações Circunstanciais: são aquelas que impedem a alteração da CF
durante períodos excepcionais dos quais a livre manifestação do Poder
Derivado esteja ameaçada.
 Estado de Legalidade Extraordinária Intervenção federal
 Estado de Defesa Estado de Sítio
Limitações Formais: estabelecem determinados procedimentos a serem
observados no caso de alteração da CF.

Subjetiva (art. 60, I a III)


Objetiva (art. 60 §§ 2º, 3 º e 5º)
Limitações Formais SUBJETIVAS: estão relacionadas aos sujeitos
competentes para iniciar o processo legislativo de reforma.
Limitações Formais OBJETIVAS: são aquelas relacionadas ao processo
de discussão e votação das emendas.
Atenção! A ADI 4357/DF discutiu a constitucionalidade formal da
emenda 62/09. Segundo o STF, a expressão “dois turnos” não exige que seja
observado um período mínimo de tempo entre eles.

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§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de
ordem.
Atenção! A única participação que o Presidente pode ter no processo de
elaboração de emenda é a iniciativa. Não há sanção ou veto em proposta de
emenda.
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida
por prejudicada não por ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa.
O §5º também é de limitação temporal objetiva.
Limitações Materiais: são aquelas que impedem a modificação de
determinados conteúdos consagrados na CF. São as denominadas Cláusulas
Pétreas. Podem ser:
Expressas Implícitas
Limitações Materiais EXPRESSAS: art. 60, §4º, CF.
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a
abolir:
“TENDENTE A ABOLIR”: deve ser compreendida no sentido de proteger
o núcleo essencial de princípios e institutos elencados no dispositivo, e não
como uma intangibilidade literal.

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