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Os irmãos Aldécio e José Leite no dia do julgamento em Minas Gerais. Fotos: Reprodução
Cesinha Dutra
O objetivo da viagem era a captura dos Irmãos Leite, Aldécio, "Zé" e Alírio,
que refugiaram na casa de praia de um oficial da Polícia Militar do Espírito
Santo – PMES, após a decretação das prisões preventivas pelo Juiz de
Santa Maria do Suaçui-MG, Fernando de Alvarenga.
Chacina de Malacacheta
Mal sabiam os três integrantes da família Cordeiro, que dali a poucos dias,
sete Cordeiros seriam barbaramente assassinados e posteriormente a
pistolagem dos Leite mataria Helvécio em Jaru-Rondônia, Humberto em
Malacacheta através de sequestro e tortura e Dario em Ulianópolis, no
Pará.
A execução sumária
Tudo foi planejado. O grupo de “policiais civis” levou oAndradecom eles até
a casa da família Cordeiro,dentro da Fazenda Canadá, para facilitar suas
entradas na casa com as armas rem punho, como “policiais”. Chegando na
casa dos Cordeiros, onde se encontravam a empregada da família e outras
sete pessoas da família.
Aldécio Leite que estava dirigindo seu jipe, estacionou próximo da fazenda
dos Cordeiro, na curva da estrada que tem uma amoreira, junto com os
pistoleiros Israel, Rogério Couy e Eli Couy. Ali aguardariam para o caso de
alguém da família Cordeiro escapar, ser morto por eles.
José Andrade tentou correr e, antes mesmo que conseguisse sair pela
porta, recebeu o segundo tiro de escopeta em suas costas!
Nacip Sexto Andrade conseguiu correr por alguns metros até o terreiro da
fazenda, onde recebeu um tiro de fuzil na nuca, arrancando-lhe metade do
crânio!
E por último o alvo maior de Toninho Leite! José Augusto Sexto Neto, o Zé
Sextinho! Praticamente um menino de 18 anos, que um dia ousara
responder aos abusos de Toninho Leite, não se subjugando aos mandos e
desmandos dos fascínoras Irmãos Leite. Morreu com o rosto totalmente
desfigurado de tantos tiros! Ao todo, supostamente, 18 disparos de arma de
fogo.
Sobreviveu apenas Wilma Leal, esposa de Nacip Sexto, que
conseguira fugir por uma das janelas da fazenda, levando consigo sua filha
Raíza de apenas três meses! Como por um milagre! Talvez, sobrevivendo
para contar parte dessa história!Estava consumada aquela que se tornou a
maior chacina da história do interior do estado de Minas Gerais..."
Três pessoas da família conseguiram escapar da matança, Wilma Leal e
os irmãos Humberto Cordeiro e Helvécio Cordeiro e relataram à Justiça.
Depois dos tiros, os acusados fugiram, mas foram detidos. O detetive
Ofenir Pinheiro, o sargento da Polícia Militar de MG Edésio e Carlinhos
Pastor, os três de Governador Valadares, foram citados como suspeitos
contratados pelos irmãos Leite de participar da chacina. Os julgamentos
aconteceram no decorrer da década de 90 e anos 2000. Na época, todos
negaram envolvimento nos assassinatos.
A Busca da Verdade
Outro fazendeiro incluído na lista dos irmãos Leite marcados para morrer
era Galileu Vidal de Oliveira. No entanto, eles tinham uma dificuldade para
matá-lo, por residir em Governador Valadares. A família Leite tinha um
acordo com o então coronel Jair Alves Pinheiro de não matar ninguém em
sua região militar. Jair era o comandante do Batalhão PM de Governador
Valadares.
Muitos dos crimes atribuídos à família Leite foram arquivados por falta de
provas ou de alguma testemunha que ousasse depor contra eles.
1º crime
Eles eram famosos em Santa Maria do Suaçuí, município que é a terra dos
Leite, e eram acusados de diversos crimes. Mas logo ganhariam fama por
serviços de pistolagem em todo o Vale do Mucuri. Governador Valadares,
Diamantina e Teófilo Otoni formavam um triângulo e, dentro dele, os Leite
agiam. Capelinha, Água Boa, Malacacheta, em especial, ficaram
conhecidas como palcos de seus crimes.
Era uma armadilha. Em 8 de dezembro de 1979, por volta das 10h, Galileu
embarcou em uma aeronave em Governador Valadares para Capelinha.
Desembarcou às 11h20. Tão logo desceu, foi assassinado pelos Leite.
Foram 29 tiros.
"A forte repressão feita pela Polícia Civil naquela região, provocou uma
verdadeira revoada de criminosos, que se espalharam por vários outros
estados, procurando refúgio. Pistoleiros notórios desapareceram do mapa
e mandantes arrendaram fazendas indo para outros territórios. Os mais
visados foram os estados de Rondônia, Pará e Mato grosso. Mas o crime
não parou nem mesmo para os que não conseguiram escapar e foram
presos."
Um dos primeiros crimes dos irmãos Leite, foi o de José Alves Afonso, o
“Zeca da Lia”, assassinado em 1956 com tiros pelas costas, quando se
encontrava na barbearia do “Dito”, em Santa Maria do Suaçui. Este crime
seria o primeiro de José Leite, sendo a vítima, seu cunhado, casado com a
sua irmã Lia Leite.
A execução de Adélcio
Ele que foi condenado a 229 anos de prisão, por diversos crimes de
execuções, em 2013, conseguiu um indulto, um perdão da pena, e por isso
estava em liberdade. Segundo a polícia, desde 2017 ele vivia num bairro
nobre de Lagoa Santa e na hora do crime ele estava armado, mas não
conseguiu se defender.