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Aula 09 -Prof.

Ivo
Martins
Discursivas p/ PC-PR (Delegado) Com
Correção - Pós-Edital

Autores:
Fernando Bezerra, Ivo Martins,
Vinicius Silva
Aula 09 -Prof. Ivo Martins
2 de Junho de 2020
Fernando Bezerra, Ivo Martins, Vinicius Silva
Aula 09 -Prof. Ivo Martins

SUMÁRIO

1 – APRESENTAÇÃO.......................................................................................2

2 – ASPECTOS TEÓRICOS ..............................................................................3

2.1 – CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA............................................3

2.2 – CAPTAÇÃO AMBIENTAL DE SINAIS COMO MEIO DE OBTENÇÃO DE


PROVAS….......................................................................................................4

2.3 – DIFERENÇA ENTRE INTERCEPTAÇÃO, ESCUTA E GRAVAÇÃO


AMBIENTAL...................................................................................................4

2.4 – REGULAMENTAÇÃO DA CAPTAÇÃO AMBIENTAL PELA LEI N° 13.964/2019


(PACOTE ANTICRIME) .............................................................6

3 – FORMATAÇÃO DAS PEÇAS PRÁTICO-PROFISSIONAIS..............................7

3.1 – ETAPAS PARA A FORMATAÇÃO DAS PEÇAS PRÁTICO-


PROFISSIONAIS............................................................................................7

4 – REPRESENTAÇÃO PELA INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL..............................8

4.1 - CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA.........................................................8

4.2 – FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL..........................................................9

4.3 – LEGITIMIDADE. ....................................................................................9

4.4 - CABIMENTO.........................................................................................10

4.5 – REQUISITOS CAUTELARES...................................................................11

FUMUS COMISSI DELICTI....................................................................11

PERICULUM IN MORA..........................................................................11

4.6 – PONTOS IMPORTANTES A SEREM EXPLORADOS NA SUA


PROVA.........................................................................................................11

4.7 – MODELO BÁSICO DA PEÇA...................................................................12

5 – QUESTÃO DE PROVA COMENTADA..........................................................15

6 – QUESTÃO INÉDITA ELABORADA PELO PROFESSOR.................................18

7 – QUESTÕES PROPOSTAS..........................................................................21

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MEDIDAS INVESTIGATIVAS DA LEI N° 12.850/2013


(ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS) (PARTE 02)

1 – APRESENTAÇÃO

Fala pessoal, beleza?

Aqui Professor Ivo Martins!

Estão prontos para nossa segunda aula a respeito das Medidas Investigativas da Lei n.º
12.850/2013?

Aula passada foi muito top, afinal debruçamos sobre o instituto da infiltração de agentes
e suas repercussões jurídicas, apresentando todos os aspectos teóricos e práticos do
aludido meio de obtenção de prova, de modo que se o examinador te perguntar na
prova você vai ter condições de gabaritar a sua peça e, porque não dizer, eventual
questão discursiva.

Dentro desse contexto e na mesma pegada, vamos analisar, a partir de agora, outro
meio de obtenção de provas: A Captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
ópticos ou acústicos, apresentando as peculiaridades dessa peça prático-profissional
que tem grande probabilidade de ser cobrada na sua prova, inclusive por conta de
mudanças advindas com o pacote anticrime.

Preparados?

Então, vamos em frente.

A Lei das Organizações Criminosas dispôs de vários procedimentos legais auxiliadores


no combate à criminalidade organizada, dentre os quais se destaca o objeto desta aula,
a Captação ambiental de sinais.

As organizações criminosas nos últimos tempos enriqueceram, elevaram ao máximo


lucros e esbanjaram atividades e operações ilícitas, a ponto de o Estado não ter
capacidade de combatê-las. Logo, ao permitir a Captação ambiental de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, por certo, pode-se alcançar informações
excepcionais que podem gerar provas decisivas, não passíveis de obtenção por
quaisquer outros meios.

Trata-se, portanto, de respeitável instrumento de investigação criminal que de certa


forma completa o procedimento de interceptação telefônica (com elementos
diferenciadores), afinal, muitos criminosos não se comunicam tanto mais pelo telefone
exatamente para impedir a captação das suas conversas. Sendo assim, através da

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interceptação ambiental (Captação ambiental de sinais eletromagnéticos,


ópticos ou acústicos), o Estado pode captar conversas efetuadas em local específico
(sinais acústicos), conciliando com a captação de imagens dos investigados (sinais
óticos), podendo, além disso, registrar sinais emitidos por meio de aparelhos de
comunicação (sinais eletromagnéticos).

2 – ASPECTOS TEÓRICOS

2.1 – CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Não é desnecessário lembrar que:

A Lei 12.850/13 trata sobre Organização Criminosa e dispõe sobre a investigação e o


procedimento criminal das infrações penais correlatas, traz seu conceito no artigo 1°,
§1° da referida lei, vejamos:

§ 1o - Considera-se organização criminosa a associação de 4 (qua-


tro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada
pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de
obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, me-
diante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transna-
cional.

De modo que esta lei também se aplica:


I - Às infrações penais previstas em tratado ou
convenção internacional quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
reciprocamente;

II - Às organizações terroristas internacionais,


reconhecidas segundo as normas de direito
internacional, por foro do qual o Brasil faça
parte, cujos atos de suporte ao terrorismo,
bem como os atos preparatórios ou de
execução de atos terroristas, ocorram ou
possam ocorrer em território nacional.

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2.2 – CAPTAÇÃO AMBIENTAL DE SINAIS COMO MEIO DE OBTENÇÃO DE


PROVAS

Relembrado o conceito de Organização Criminosa, neste momento iremos focar nos


desdobramentos das previsões acerca do instituto da Captação ambiental de sinais.
O art. 3º da Lei nº 12.850/2013 prevê meios especiais de obtenção de prova na fase
investigatória, mas que poderá ser delongado na etapa judicial. O rol não é taxativo,
podendo ser acolhido todos os meios de prova admitidos no direito processual brasileiro,
são eles:

Colaboração premiada
Captação ambiental de sinais
eletromagnéticos, ópticos ou acústicos
Ação controlada
Acesso a registros de ligações telefônicas e
telemáticas, a dados cadastrais constantes de
bancos de dados públicos ou privados e a
informações eleitorais ou comerciais
Interceptação de comunicações telefônicas e
telemáticas, nos termos da legislação específica
Afastamento dos sigilos financeiro, bancário e
fiscal, nos termos da legislação específica
Infiltração, por policiais, em atividade de
investigação
Cooperação entre instituições e órgãos federais,
distritais, estaduais e municipais na busca de
provas e informações de interesse da
investigação ou da instrução criminal

Ah! Não esqueça: O termo “captação” integra o conceito de interceptação.

2.3 - DIFERENÇA ENTRE INTERCEPTAÇÃO, ESCUTA E GRAVAÇÃO AMBIENTAL

A doutrina faz distinção entre interceptação e escuta, vejamos:

Na interceptação ambiental, uma terceira pessoa capta o que está sendo conversado
entre duas pessoas, mas sem que qualquer dos comunicadores tenha ciência de
que há uma terceira pessoa escutando. A expressão captar deve ser compreendida
como o ato de tomar conhecimento do conteúdo de comunicação alheia. É da essência
da captação a participação de um terceiro, que passa a ter ciência do conteúdo de uma
comunicação entre duas ou mais pessoas, geralmente sem o conhecimento dos

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interlocutores.

Aqui cabe uma observação importante: É necessária a autorização judicial?

CUIDADO: Muita gente pensa que é necessária autorização judicial para a


interceptação ambiental. NÃO É MAIS!

A lei 12.850/13, não prevê a necessidade de autorização judicial, ao contrário


da Lei nº 9.034/95 (antiga lei de organização criminosa), que previa:

Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem


prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de
investigação e formação de provas: (...)

IV – a captação e a interceptação ambiental de sinais


eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise,
mediante circunstanciada autorização judicial;

Mas não conclua que nunca poderá haver autorização judicial para
interceptação ambiental.

Isso porque, a autorização passará a ser exigível quando a captação ocorrer em


violação aos direitos fundamentais de proteção da vida privada, da intimidade, ou
da inviolabilidade do domicílio, devendo a questão ser avaliada à luz do princípio da
proporcionalidade, considerado o conflito com o interesse público na apuração das
infrações penais.

O que vocês precisam ter em mente é o seguinte:

➢ Captação de conversa alheia mantida em lugar público:


Não precisa de autorização judicial. É prova lícita.

➢ Captação de conversa alheia mantida em lugar público,


porém em caráter sigiloso: Constitui invasão de privacidade, nesse
caso, requer autorização judicial.

➢ Captação de conversa em lugar privado: Se produzida sem


prévia autorização judicial constitui invasão de privacidade, sendo
prova ilícita.

Na escuta ambiental, ao menos um dos comunicadores tem ciência de que um


terceiro está ouvindo a conversa de ambos. Entende-se que a escuta também é
uma forma de interceptação uma vez que também é efetuada por terceira pessoa
diferindo somente pelo fato em que um dos interlocutores tem a ciência que o
diálogo está sendo captado, apesar de tal nomenclatura não estar explicitada na
letra da lei.
NÃO NECESSITA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.

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Na gravação clandestina ambiental, um dos comunicadores liga o gravador no


momento em que está travando uma conversa com outra pessoa. Esta conversa
não ocorre por meio de telefone, mas é presencial. Ambos os interlocutores
devem estar no mesmo ambiente, por isso a terminologia Gravação Ambiental.
NÃO NECESSITA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.

2.4 - REGULAMENTAÇÃO DA CAPTAÇÃO AMBIENTAL PELA LEI N° 13.964/2019


(PACOTE ANTICRIME)

A Lei 9.034/95, primeiro diploma normativo a tratar das organizações criminosas, não
tipificava o crime de participação em organização criminosa, nem tão pouco conceituava
organização criminosa. Trazia em seu bojo diversos instrumentos de combate ao crime
organizado, como a infiltração de agentes, a ação controlada, porém sem regulamentar
essas técnicas de investigação criminal.

Anos depois, veio a Lei 12.850/13, detalhando os procedimentos de colaboração


premiada, de ação controlada e de infiltração de agentes. Ocorre que em relação a
interceptação ambiental, seja de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, a nova
Lei das Organizações Criminosas, como já dito, foi silenciosa. Diante disso, a Doutrina
defende que se deve aplicar, analogicamente, as regras da Lei 9.296/96, que trata das
interceptações telefônicas.

Pois bem!

Esse panorama foi modificado pela Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), que acrescentou
à Lei 9.296/96, que trata das interceptações telefônicas, o artigo 8º-A, regulamentando,
assim, a captação ambiental.

Vejamos:

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser


autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do
Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

I - a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e


igualmente eficazes; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

II - houver elementos probatórios razoáveis de autoria e


participação em infrações criminais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º O requerimento deverá descrever circunstanciadamente o local


e a forma de instalação do dispositivo de captação ambiental.

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(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15


(quinze) dias, renovável por decisão judicial por iguais períodos, se
comprovada a indispensabilidade do meio de prova e quando
presente atividade criminal permanente, habitual ou continuada.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação ambiental as regras


previstas na legislação específica para a interceptação telefônica e
telemática. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

3– FORMATAÇÃO DAS PEÇAS PRÁTICO-PROFISSIONAIS

Como já dito na aula passada, após analisar a questão da prova e conseguir a identificar
corretamente a peça, é importante saber qual a sua formatação correta.

Traçamos todo o esqueleto de uma peça prático-processual com as suas respectivas


peculiaridades, assim como fizeram o professor Vinícius Silva e Fernando Bezerra,
portanto, reputo desnecessário colacionar novamente todas aquelas dicas que já foram
esposadas anteriormente. Todavia, não custa reforçar a sequência estrutural que vocês
devem observar.

3.1 – ETAPAS PARA A FORMATAÇÃO DAS PEÇAS PRÁTICO-PROFISSIONAIS (a


título de revisão, basta acessar nossa primeira aula sobre Medidas Investigativas da Lei
12.850/13)

(i) ENDEREÇAMENTO
(ii) REFERÊNCIA
(iii) PREÂMBULO
(iv) FATOS
(v) FUNDAMENTOS JURÍDICOS
(vi) PEDIDOS
(vii) FECHAMENTO

Qual foi o crime?


Quando ocorreu?
Local em que ocorreu?
Quem são os envolvidos?
Qual a motivação?
Outras informações relevantes
Explanação dos Pressupostos Legais e
constitucionais para a concessão do pedido. 7
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Conduta criminosa
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Cabimento
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4 – REPRESENTAÇÃO PELA INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL (Captação ambiental de


sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos)

4.1 - CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA - É meio de obtenção de prova prevista na


Lei de Organizações Criminosas (Lei n° 12.850/2013), similar à interceptação telefônica,
porém realizada através da captação de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos
(sons e/ou imagens), realizada por uma terceira pessoa, sem que os investigados
saibam que estão sendo monitorados ou vigiados. Como visto mais acima, o Pacote
Anticrime regulamentou tal técnica, acrescentando o artigo 8°A na Lei 9.296/96.

Aliás, não confunda:

a) Interceptação ambiental: (captação da comunicação ambiental). É


realizada a partir de conversas “ao vivo”, sem a necessidade de transmissão por
qualquer meio.
b) Interceptação telefônica: (captação da comunicação telefônica). É
realizada a partir de conversas travadas através da emissão de sinais, imagens,
símbolos, sons de qualquer natureza.

Conforme visto, a captação, na interceptação ambiental, ocorre através de sinais


eletromagnéticos, que são aqueles gravados em fita ou banda magnética, sinais ópticos,
configurado por imagens, e acústicos, relacionados a sons, de modo que a lei autoriza
a gravação e filmagem ambientais, bem como a produção de fotografias, sem registro
e análise, para fins de colheita de prova de interesse das investigações.

A captação ambiental materializada sem


autorização judicial, quando esta for exigida,
constitui crime tipificado no artigo 10-A da Lei
9.296/96.

4.2 - FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL

Existem discussões doutrinárias a respeito da fundamentação constitucional da

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interceptação ambiental, no sentido de estar ou não abrangida pelo artigo 5°, inciso
XII, da Constituição da República, que aborda as interceptações telefônicas. Alguns
entendem até pela inconstitucionalidade da medida.

Mas para o seu concurso, vocês devem defender a tese de que a interceptação
ambiental se encontra abrigada pelo artigo 5°, inciso X, da CRFB, que dispõe sobre a
inviolabilidade da intimidade, já que o inciso XII só compreendeu o sigilo das
comunicações telegráficas, de dados e telefônicas, ignorando as comunicações
ambientais.

Deste modo, a interceptação ambiental está contida na norma constitucional de


proteção do direito à intimidade e à vida privada, trazida pelo artigo 5°, inciso X da
Carta Magna. Vejamos:

Artigo 5°

(...)

X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente se sua violação.

4.3 – LEGITIMIDADE

Atenção aqui!

A Lei de Organizações Criminosas, quando se refere à interceptação ambiental, não


trouxe um rol prevendo os legitimados para pleitearem a presente medida
cautelar, no entanto, com o Pacote Anticrime, conforme artigo 8°A da Lei 9.296/96, o
rol ficou da seguinte maneira:

Art. 8º-A. Para investigação ou instrução criminal, poderá ser


autorizada pelo juiz, a requerimento da autoridade policial ou do
Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
ópticos ou acústicos, quando: (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)

Desde logo verifica-se a falta de técnica do legislador no momento da formatação do


texto. Pois, como já sabemos, o termo apropriado para casos em que o delegado de
polícia provoca o Poder Judiciário diante de medidas sujeitas à reserva de jurisdição é
“representação” e não “requerimento”.

Quem “requer” é o Ministério Público, incumbindo ao delegado de polícia representar


ao juízo competente pela medida necessária e adequada para ajudar na investigação.

4.4 – CABIMENTO

O cabimento da medida encontra-se previsto no artigo 3°, inciso II, da Lei n°

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12.850/2013, o qual permite a decretação da presente medida quando a investigação


envolver integrantes de organizações criminosas, nos termos do artigo 1°, §1° da
referida Lei. Vejamos:

Artigo 3° - Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem


prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção de
prova;

(...)

II – Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos.

Além do mais, nos termos do novo artigo 8º-A, da Lei 9.296/96, a captação de sinais
acústicos, óticos e eletromagnéticos poderá ser autorizada pelo juiz, para fins de
investigação ou instrução criminal, a requerimento da autoridade policial ou do
Ministério Público, quando:

A prova não puder ser feita por outros meios de obtenção de prova
disponíveis e igualmente eficazes;

Prevê o dispositivo em questão que a captação ambiental é uma técnica de investigação


abalizada pelo seu caráter subsidiário, ou seja, ela só poderá ser autorizada quando
não houver outros meios de obtenção de prova disponíveis.

O dispositivo refere-se à inexistência de outros meios de


prova, evidentemente, de outros meios eficazes de produção
de prova sobre os fatos investigados no caso concreto.
(Apelação 2005.51.01.5157140/RJ, 1ª Turma Especializada
do TRF da 2ª Região, e-DJF2R 06.05.2014).

Então, perceba que o legislador estabeleceu expressamente que a captação ambiental


só será acolhida quando “a prova não puder ser feita por outros meios
disponíveis e igualmente eficazes”. Portanto, em alguns casos pode até existir uma
opção probatória, mas se o caso concreto evidenciar que esse meio seria
desprovido, a captação ambiental poderá ser abraçada de imediato, até porque
se trata de uma tutela de urgência.

Houver elementos probatórios razoáveis de autoria ou participação em


infrações criminais cujas penais máximas sejam superiores a 04 anos ou
infrações penais conexas.

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Como segundo pressuposto para a prática da captação ambiental o legislador instituiu


a manifestação de elementos probatórios razoáveis de autoria ou participação em
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos ou em infrações
penais conexas.

Nesse caso, o legislador optou por limitar a captação ambiental aos crimes com penas
máximas superiores a quatro anos e outras infrações, independentemente da pena, se
demonstrado o vínculo de conexão com aqueles. Ou seja, é admissível a captação
ambiental ante qualquer infração penal (crime ou contravenção), desde que tenha uma
conexão entre estas (as infrações com penas máximas de até quatro anos) e aquelas
(infrações com penas superiores a quatro anos).

4.5 – REQUISITOS CAUTELARES

FUMUS COMISSI DELICTI

Como ocorre em toda medida cautelar predita em nosso ordenamento jurídico, deve
haver a presença do fumus comissi delicti como indispensável à sua decretação,
consubstanciado pelos indícios de autoria ou participação em infração penal.

PERICULUM IN MORA

Deve existir a demonstração de que a mora da sua não decretação propiciará enorme
dano para as investigações, no que se refere à colheita de provas.

4.6 - PONTOS IMPORTANTES A SEREM EXPLORADA NA SUA PROVA

O § 1º, do artigo 8º-A estabelece que o requerimento da autoridade policial ou


do Ministério Público deverá delinear, circunstanciadamente, o local e a forma de
instalação do dispositivo de captação.

Na captação ambiental deve-se assinalar o local específico objeto da


investigação, detalhado pela autoridade responsável, mencionando até os
cômodos em que serão instalados os aparelhos de captação. Além disso, o
requerimento também deve distinguir os meios que serão empregados na instalação
dos equipamentos, podendo o juiz, inclusive, autorizar o ingresso de policiais no local
alvo da medida em horários em que nenhuma pessoa esteja presente, exatamente para
viabilizar a operação.

Mas cuidado!

Esse novo dispositivo somente se aplica para as captações praticadas em


ambientes privados, tais como residências, escritórios, empresas etc.,
levando-se em consideração o direito à intimidade e, principalmente, a inviolabilidade
desses ambientes (art. 5º, inciso XI, da CR). Já no caso de local público (praças,
parques, ruas etc.) ou de acesso ao público (bares, restaurantes etc.) não se aproveita,
incumbindo ao juiz exclusivamente a análise sobre a licitude do meio de prova à luz
do caso concreto.

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O pedido também deve indicar quais as formas de captação que serão


implementadas: acústica, ótica e eletromagnéticas.

A captação ambiental não poderá exceder o prazo de 15 dias, renovável por


decisão judicial por iguais períodos, se comprovada a indispensabilidade do meio
de prova e quando presente atividade criminal permanente, habitual ou
continuada.

É preciso que se demonstre a imprescindibilidade da medida - com a manutenção


dos requisitos que a justificaram – e, além disso, deve se tratar de infração penal
permanente, habitual ou continuada.

No que for omissa a nova regulamentação, aplicam-se as regras estabelecidas


para o procedimento de interceptação telefônica, conforme estatui o § 5º, do
novo artigo 8º-A, acrescentado à Lei 9.296/96 pela Lei 13.964/19.

4.7 – MODELO BÁSICO DA PEÇA

PARA DECORAR!!!

ENDEREÇAMENTO
Decore! REFERÊNCIA
É importante PREÂMBULO
lembrar FATOS
desses tópicos FUNDAMENTOS JURÍDICOS
na hora da
prova. PRÁTICA DELITUOSA

CABIMENTO

REQUISITOS CAUTELARES

PEDIDOS
FECHAMENTO

E vou insistir com você, novamente os Artigos indispensáveis, tal como falei na
aula passada:

Art. 144, §4°, CF.

§ 4o Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,


incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

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Lei n° 12.830/13. Lei de investigação criminal conduzida pelo Delegado de Polícia.


Arts. correspondentes no CPP e na legislação extravagante.

Passemos agora, ao modelo de peça que você precisará utilizar na sua prova.

Perceba, que, assim como a peça de infiltração de agentes, ela não é de toda complexa,
não há dificuldade para lancar os argumentos de fato e de direito, uma vez que são
objetivos. Então, não perca tempo com o que é desnecessário e vá logo ao ponto.

Vejamos agora um modelo de peça relacionada com o tema em estudo:

Peça 01

Interceptação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL


DA COMARCA DE ________.

SIGILOSO

IP. nº ____

O Delegado de Polícia que ao final subscreve, representado a Polícia _________, no


uso de suas atribuições legais e constitucionais, conferidas pelos artigos ___________,
vem à presença de Vossa Excelência, REPRESENTAR pela INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL
DE SINAIS ELETROMAGNÉTICOS, ÓPTICOS OU ACÚSTICOS no local _____________
(especificar o local), pelas razões fáticas e jurídicas a seguir expostas:

I - DOS FATOS

Importante lançar aqui aquele “esqueminha” sobre o qual falamos lá em cima, mas que
vou repetir aqui para facilitar:

Qual foi o crime que ocorreu? Quando ocorreu? Local em que ocorreu? Quem são os
envolvidos (vítimas, suspeitos, testemunhas)? Qual a motivação? Outras informações
relevantes.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

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a) Prática delituosa – demonstrar o crime praticado, notadamente no que se


refere a sua prática por organizações criminosas (artigo 1°, §1° da Lei
12.850/2013)

b) Cabimento – demonstrar que estamos diante de uma organização criminosa e


que, de acordo com o artigo 3°, inciso II da Lei 12.850/2013, será admitida a
presente medida cautelar.

c) Requisitos cautelares – demonstrar a presença dos requisitos essenciais que


são o fumus comissi delicti, consubstanciado por meio de indícios de autoria e
participação em organizações criminosas, e o periculum in mora, verificado
pela necessidade da medida e que a demora na concessão poderá trazer
graves prejuízos para as investigações.

III - DOS PEDIDOS

Diante do exposto, com base nos fundamentos jurídicos acima declinados,


notadamente no artigo 3°, inciso II, da Lei 12.850/2013, represento pela interceptação
ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos no ___________
(especificar o local), pelo prazo necessário de _______ dias, por ser medida adequada
ao caso.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Cidade, ____ de ________ de____.

DELEGADO DE POLÍCIA

5 – QUESTÃO DE PROVA COMENTADA

Concurso para Delegado de Polícia do Mato Grosso do Sul – 2017.

Após autorização pelo juízo da 1ª Vara Criminal de determinada capital brasileira para
realização de interceptação de comunicações telefônicas, visando a investigação do
crime de lavagem de dinheiro, colheu-se a informação da prática de crime de tráfico
ilícito de drogas por membros da facção conhecida como “CZN” (Comando Zona Norte),
integrada pelos condenados Wesley Ferreira, Daniel Inocêncio, Lindomar Praxedes e
Ribamar das Neves, que cumprem penas pela prática de crime de roubo (artigo 157 do
Código Penal), há pelo menos 15 meses na mesma cela em Penitenciária Estadual de

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Segurança Máxima. Baseado nessas informações foi instaurado novo Inquérito Policial,
para apurar eventual prática de tráfico de drogas e/ou de outros ilícitos. Dos esforços
investigativos inclusive advindos de nova interceptação de comunicações telefônicas
autorizada pelo Juízo da 2ª Vara Criminal dessa mesma capital, foi possível
compreender que todo gerenciamento e a divisão de tarefas são definidos verbalmente
entre os suspeitos, no interior do estabelecimento prisional, bem como se constatou
que os referidos reclusos vêm cooptando outros membros, inclusive não aprisionados,
visando a integrar a facção e ampliar seu poder de atuação. Não obstante, não foi
possível estabelecer indícios suficientes de autoria e prova cabal da materialidade
delitiva, razão pela qual não se concluiu o Inquérito Policial.

Em face do caso narrado, na qualidade de Delegado de Polícia responsável pela


investigação, elabore, fundamentadamente, a medida pertinente ao caso, visando à
constituição de justa causa para o oferecimento de eventual ação penal.

Considerações sobre o caso proposto.

• A correta identificação do tipo: o crime investigado se trata de tráfico ilícito de


drogas (artigo 33, Lei n°11.343/2006).
• A questão não forneceu número de Inquérito, logo, deixar em branco. Não se
deve inventar dados.
• Artigos que demonstram competência do Delegado de Polícia para a condução de
investigações, legitimidade para representar em juízo e, artigo específico, para
legitimar o Delta a representar a infiltração de agente.
• Exclusão da medida cautelar de interceptação de comunicações telefônicas, vez
que a mesma já foi deferida e exaurida.
• Foi fornecido o juízo competente.
• Exclusão da renovação de interceptação de comunicações telefônicas, já que os
reclusos se comunicam apenas verbalmente no interior do estabelecimento
prisional.
• É essencial informar o local exato em que a captação será realizada.
• Deve ser informado o prazo necessário da medida.
• Verificação da fase da investigação, pois a banca afirmou que a investigação não
foi concluída, portanto em fase inicial ou intermediária.
• Não utilizar abreviações e não assinar a peça. Utilizar o cargo masculino, mesmo
que seja candidata do sexo feminino, exceto se a questão mencionar que a
investigação está sendo presidida por uma Delegada de Polícia, situação em que
se deve utilizar o cargo no feminino, mesmo que seja um candidato do sexo
masculino.

Resolução da questão: Representação por medida cautelar de Captação


Ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos.

EXECELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


DETERMINADA CAPITAL BRASILEIRA.

SIGILOSO

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Inquérito Policial n° _________.

O Delegado de Polícia que ao final assina, representando a Polícia Civil de determinado


Estado, no uso de suas atribuições legais e constitucionais, conferidas pelos artigos
144, §4° da Constituição Federal, 2°, §1° da Lei n° 12.830/2013, 4°, caput do Código
de Processo Penal, vem à presença de Vossa Excelência, representar pela Captação
ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, com fundamento no artigo
3°, inciso II da Lei n° 12.850/2013, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

DOS FATOS

O Inquérito Policial referido acima foi instaurado para apurar o crime de tráfico de
drogas, tipificado ao teor do artigo 33, da Lei n° 11.343/2006 e outros ilícitos, praticado
por membros da facção conhecida como CZN (Comando Zona Norte), integrada pelos
condenados Wesley Ferreira, Daniel Inocêncio, Lindomar Praxedes e Ribamar das Neves,
que cumprem pena pela prática de crime de roubo, há pelo menos 15 meses, na mesma
cela em Penitenciária Estadual de Segurança Máxima.

As informações que deram origem à instauração do presente Inquérito Policial são


decorrentes de outro Inquérito, no qual o juízo da 1ª Vara Criminal da mesma capital
brasileira decretou a interceptação de comunicações telefônicas, visando à investigação
do crime de lavagem de dinheiro.

Dos esforços investigativos advindos de interceptação de comunicações telefônicas


realizada nos presentes autos, autorizada por este juízo da 2ª Vara Criminal, foi possível
compreender que todo o gerenciamento e a divisão de tarefas da mencionada facção
são definidos verbalmente entre os suspeitos, no interior do estabelecimento prisional.

Constatou-se ainda, que os referidos reclusos vêm cooptando outros membros,


inclusive não aprisionados, visando integrar a facção e ampliar seu poder de atuação.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Considerando os fatos acima narrados, resta claro o cabimento da medida cautelar


representada, pois se trata de investigação de tráfico de drogas, tipificada ao teor do
artigo 33 da Lei n° 11.343/2006, infração punida com pena de reclusão de cominação
máxima acima de quatro anos, praticada por demonstrada Organização Criminosa,
atendendo assim as exigências do artigo 1°, §1° da Lei n° 12.850/2013.

A isso, somam-se os requisitos do “fumus comissi delicti”, afinal, existem indícios de


autoria dos integrantes da Organização Criminosa acima mencionada no crime de
tráfico de drogas; e do “periculum in mora”, que está no risco efetivo de frustração da

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aquisição de prova da autoria ou participação no crime investigado se a medida não for


deferida de imediato, causando grave prejuízo às investigações.

Assim, visando solucionar o crime e instruir o inquérito policial, faz-se imprescindível a


decretação da Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos,
pois é o único meio disponível e eficaz para a obtenção de provas cabais da
materialidade delitiva e identificação da autoria e individualização das condutas, vez
que os investigados Wesley Ferreira, Daniel Inocêncio, Lindomar Praxedes e Ribamar
das Neves são internos da mesma cela prisional, local em que definem as tarefas da
organização criminosa verbalmente, bem como realizam a agregação de outros
aprisionados e não aprisionados.

Importante ainda, deixar clara a existência de garantia constitucional absoluta,


portanto, embora constitucionalmente protegidas a intimidade e a privacidade das
pessoas, conforme artigo 5°, inciso X, da Constituição da República, este direito dos
aprisionados, no presente caso, deve ser relativizado por estar em rota de colisão com
outras garantias constitucionais e por sua menor relevância diante do interesse público
da investigação criminal.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, presentes os requisitos legais autorizadores da medida, com


fundamento no artigo 3°, inciso II, da Lei 12.850/2013, represento pela decretação da
Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos na Penitenciária
Estadual de Segurança Máxima na ala, cela, local em que se encontram os investigados;
pelo prazo necessário de dias, possibilitando a gravação e transcrição das comunicações
pertinentes à investigação, após ouvido o Ministério Público.

Por fim, requer a autuação do pedido em apartado e que seja decretado o sigilo da
investigação, para assegurar a eficácia da apuração, bem como proteger o direito à
intimidade das pessoas referidas durante as investigações, inclusive dos investigados.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Determinada capital brasileira, ________ de ____ de _______.

Delegado de Polícia.

6 – QUESTÃO INÉDITA ELABORADA PELO PROFESSOR

No dia 04/10/19, nas dependências da Companhia Municipal de Transportes Urbanos


da cidade de Manaus, amazonas, que fica situada no bairro da liberdade, X da Silva
presidente do órgão e seus subordinados L de Assis, V Martins, e F da Cunha, exigiram
do empresário do ramo de transportes de passageiros Y de Almeida, para si e para 5

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(cinco) de seus subordinados, em razão das funções exercidas, a quantia de


R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), a ser paga em 15 dias contados daquela data,
para que deixassem de dar andamento em processo administrativo em curso junto a
prefeitura de Manaus e que poderia ensejar a perda da concessão dos serviços de
transporte de passageiros à empresa pertencente à Y de Almeida. Passados 8 (oito)
dias da exigência, o empresário procurou o órgão correcional da Prefeitura municipal e
denunciou a conduta perpetrada por X da Silva e seus comparsas. Aludido órgão de
correição procedeu à levantamentos preliminares e comunicou o fato a Delegacia
Especializada em Apuração de Crimes Funcionais, que instaurou formalmente o
inquérito policial contra os servidores envolvidos. Nas diligências realizadas foi possível
identificar a existência de indícios de que os servidores cometeram o delito previsto no
artigo 316 do Código Penal. Todavia, como não havia a possibilidade de produção de
outros meios de obtenção de provas capazes de reforçar a suspeição, o delegado
responsável pela Delegacia Especializada em Apuração de Crimes Funcionais orientou
o empresário, que entrasse em contato com o presidente da Companhia Municipal de
Transportes Urbanos X da Silva, e combinasse de entregar a importância exigida em
frente no interior de um clínica dentária que fica situada na Rua 13, n.º 22, centro da
cidade de Manaus, no dia 20.10.2019, às 10:00hs. Considerando a situação
apresentada e sabedor de que X da Silva, L de Assis, V Martins, e F da Cunha, seus
subordinados, integram Organização criminosa voltada para esse tipo de prática, redija
a peça pertinente.

Comentário e modelo de peça

De início fica claro que a situação trata de conduta relacionada do crime de concussão.

Note-se que a própria questão falou que se trata de uma Organização criminosa, o que
nos remete aos institutos disciplinados na Lei n° 12.850/13.

A medida a ser tomada, no caso, em razão das informações dispostas na questão, só


pode ser a interceptação ambiental, que neste caso necessita de autorização judicial,
uma vez que deverá ser realizada em local privado.

Diante disso, e sabedores de que teremos de representar ao juiz pela autorização para
a interceptação ambiental, considerando que a medida é necessária para que a
obtenção de prova cabal, a peça, portanto, está definida e devemos mostrar agora
como proceder no caso concreto.

A distribuição deve ser sigilosa e urgente, haja vista o prazo exíguo que o magistrado
possui para analisar o pedido e o possível deferimento ser dado.

Então, vamos à peça.

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _____° VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE __________.

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Inquérito Policial de n° ______.

INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL (art. 3º, II da Lei n° 12.850/13)

A Polícia Civil do estado do Estado do Amazonas, por meio do seu Delegado de Polícia,
lotado na delegacia especializada em apuração de crimes funcionais, ao final assinado,
no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, pelos
art. 144, §4°, da CF88; art. 3, II, da Lei n° 12.850/13 e no art. 8-A da Lei 9.296/96
com alteração dada pelo pacote anticrime, bem como no art. 2°, §1°, da Lei
12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, representar
pela autorização para infiltração de agente policial, pelos fundamentos de fato e de
direito que a seguir passa a expor:

1. Fatos

Trata a presente de representação por interceptação ambiental, visando a colheita de


elementos informativos que possam vir a desarticular organização criminosa que atua
na companhia municipal de transportes urbanos, especificamente promovendo a
prática do crime de extorsão, tal como ocorreu no dia 04.10.2019, em sua sede em
que o senhor X da Silva e seus subordinados L de Assis, V Martins, e F da Cunha
exigiram do empresário Y de Almeida a importância de R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais) a fim de que deixassem de dar andamento em processo administrativo em curso
junto a prefeitura de Manaus e que poderia ensejar a perda da concessão dos serviços
de transporte de passageiros à empresa pertencente à Y de Almeida.

A investigação preliminar apurou indícios veementes da prática do aludido crime,


todavia não há possibilidade de avançar nas investigações a não ser por intermédio da
medida que ora se pleiteia. Isso porque, no curso das investigações o único meio de
prova produzido foi o depoimento pessoal do empresário Y de Almeida.

Orientado que mantivesse contato com os extorsionários (X da Silva, L de Assis, V


Martins, e F da Cunha), o empresário ajustou a suposta entrega do numerário exigido
para o dia 20/10/2019, no interior de uma clínica dentária que fica situada na Rua 13,
n.º 22, centro da cidade de Manaus, no dia 20.10.2019, às 10:00hs.

Segue em apenso, relatório circunstanciado da investigação policial, bem como o


depoimento do empresário Y de Almeida.

2. Fundamentos Jurídicos

2.1 Cabimento

Á luz dos elementos informativos coletados até aqui, não pairam dúvidas no sentido de
que estamos diante de uma Organização Criminosa – O.C., nos termos da Lei de

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regência (12.850/13), o que autoriza a medida ora pleiteada.

Ademais, a CF/88 em seu art. 5º, X, expressa que são invioláveis a intimidade, a vida
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação.

Apesar da Lei de Organização Criminosa quedar-se inerte quanto a necessária


autorização judicial para a interceptação ambiental, sobreleva destacar que, no caso, a
captação deverá ocorrer em local privado, daí a necessidade da medida judicial.

Como forma de investigar e reprimir os crimes de formação de organizações e


associações criminosas, o inciso II do artigo 3º da Lei 12.850 de 2013 prevê que:

“Art. 3º- Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem


prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da
prova:

II – Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; ”

Sabedores que podem ter as suas conversas telefônicas interceptadas, os suspeitos


pouco falam ao telefone, o que justifica a realização da interceptação ambiental da
conversa desenvolvida entre eles, no interior da clínica dentária, a fim de que sejam
colhidas outras provas da prática do crime em comento.

2.2 Requisitos Cautelares

Verifica-se a presença do fumus comissi delicti, pois presente a materialidade delitiva


em relação ao crime de formação de Organização criminosa, nos termos do que se
denota do incluso relatório circunstanciado de investigação.

Lado outro, a medida ora pleiteada mostra-se como a única capaz de coletar
informações sobre a organização, a fim de que se possam ultimar as investigações,
definir as respectivas autorias, bem como elucidar outros crimes porventura praticados
pelo grupo criminoso, reforçando-se ainda mais os elementos coligidos até aqui.

Portanto, nos termos da Lei n° 12.850/13, restam cumpridos os requisitos cautelares


para o deferimento da medida em apreço.

3. Pedido

Ante o exposto, representa essa autoridade policial a Vossa Excelência para que
autorize a interceptação ambiental de sinais óticos e acústicos, das conversas
desenvolvidas entre o servidor X da Silva, e seus subordinados L de Assis, V Martins, e
F da Cunha, com o empresário Y de Almeida, para registro e análise. A adoção de tal
medida investigatória será executada no mais absoluto sigilo que a lei exige, sendo que
um relatório será produzido ao final da diligência contendo a mídia com o áudio e o
vídeo gravados.

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Nestes termos. Pede deferimento.

Local e data

Delegado de Polícia

Matrícula

Veja que se seguiu o modelo na maior parte da peça. Tente memorizar até os
fundamentos que foram expostos, pois eles podem ser utilizados como coringa.

QUESTÕES PROPOSTAS

Alexandre Bragança, delegado de Polícia civil do Estado AA, em conluio com a sua
equipe policial, composta pelos agentes Pedro Cardoso, Marcos Evangelista, o escrivão
Tulio Costa e o motorista policial Silvo Paulo, conhecidos na cidade em que estão lotados
como responsáveis por várias condutas delituosas relacionadas à prática de corrupção
passiva, ativa, peculato e outros crimes praticados contra a administração, solicitaram
do investigado Mario Paulo, a importância de 50.000,00 (cinquenta mil reais), para não
darem início a uma investigação relacionada ao manejo irregular de madeira de
responsabilidade de Mario Paulo. Para tanto, no dia 10.01.2020, agendaram uma
suposta oitiva do investigado na delegacia, com o único propósito de solicitar a indevida
vantagem, o que fizeram valendo-se da qualidade de funcionários públicos, designando
o dia 20.01.2020 para o pagamento da quantia ao grupo, nas dependências do
restaurante da tia gorda localizado em frente à delegacia. Preocupado com a situação,
Mario Paulo procura a corregedoria e relata os fatos. Após investigação preliminar a
corregedoria, elabora relatório visando a instauração de procedimento administrativo e
noticia os fatos ao Delegado Geral de Polícia que determina a imediata instauração do
IP para apurar os crimes praticados pela organização criminosa. Você, delegado de
polícia designado pelo DG para apuração do caso, de posse apenas do depoimento do
investigado Mário Paulo, deve adotar as providências necessárias para a obtenção de
prova capaz de sustentar a acusação que pesa contra os servidores públicos, elabora e
peça pertinente, considerando que a interceptação telefônica é inviável uma vez que os
servidores não costuma tratar de assuntos relacionados à organização criminosa por
meio telefônico.

Bons Estudos, galera!

Até a próxima.

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