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Fernando estava parado no semáforo aguardando para fazer uma conversão à

direita. De repente, o automóvel conduzido por Antônio tentou ultrapassá-lo


pela esquerda e o fechou. Muito nervoso, Fernando abriu o vidro e começou a
xingar Antônio. Os dois pararam seus veículos e desceram para discutir
pessoalmente. No calor da discussão, Fernando deu um soco em Antônio, que
caiu no chão, bateu a cabeça e desmaiou. Antônio foi socorrido ao hospital,
mas morreu em razão da pancada na cabeça. Fernando foi denunciado pela
prática do crime de homicídio consumado praticado por motivo fútil (art. 121,
§2º, II do Código Penal). Foi pronunciado nos termos da denúncia e julgado
pelo 1º Tribunal do Júri da Comarca da Capital. Após os debates orais, o juiz
presidente leu os quesitos, sendo certo que não formulou nenhum referente à
ausência de?animus necandi, nos termos do art. 483 do CP.?Os jurados,?em
votação,?decidiram pela condenação de Fernando, rejeitando todas as teses
defensivas. Fernando foi condenado a cumprir uma pena de 12 anos de
reclusão em regime inicialmente fechado. A sentença foi proferida em
julgamento, realizado há?dois?dias.?? Como advogado de Fernando,
interponha a medida cabível, diferente de?habeas corpus, abordando todas as
teses e pedidos cabíveis, de forma fundamentada.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito
da ....Vara Criminal da Comarca de.../UF

Processo-crime n.°...

Apelante: Fernando

Fernando, já qualificado nos autos do processo-crime em epígrafe, por


seu advogado (dativo) que está subscreve, vem, respeitosamente à presença
de Vossa Excelência, inconformado com a decisão proferida e dentro do prazo
de 5 dias, apresentar
RECURSO DE APELAÇÃO
com fundamento no art. 593, inciso I e 600, ambos do Código de
Processo Penal.

Requer seja o presente recurso devidamente recebido e processado,


encaminhando-se as razões anexas ao Egrégio Tribunal de Justiça de São
Paulo, para a devida e necessária reapreciação da matéria alvo do presente
litígio.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

(Local, Data)
Advogado. OAB/... n.º...
RAZÕES DE RECURSO
RECORRENTE: Fernando
RECORRIDO: Ministério Público
PROCESSO-CRIME N.º...

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo


Colenda Câmara
Douto Representante do MP
Ínclitos Julgadores

A respeitável decisão ora recorrida prolatada pelo Ilustre Magistrado a quo


deve ser reformada, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

Fatos
Fernando, foi condenado após denúncia do Ministério Público pelo crime
de homicídio consumado praticado por motivo fútil (art. 121, §2º, II do Código
Penal), Foi pronunciado nos termos da denúncia e julgado pelo 1º Tribunal do
Júri da Comarca da Capital, tendo a sentença condenatória em regime inicial
fechado.
A denúncia discorre que durante uma discussão de trânsito, Fernando deu
um soco em Antônio, que caiu no chão, bateu a cabeça e desmaiou. Antônio foi
socorrido ao hospital, mas morreu em razão da pancada na cabeça.
Foi pronunciado nos termos da denúncia e julgado pelo 1º Tribunal do Júri
da Comarca da Capital. Após os debates orais, o juiz presidente leu os
quesitos, sendo certo que não formulou nenhum referente à ausência de
animus necandi, nos termos do art. 483 do CP. Os jurados em votação
decidiram pela condenação de Fernando, rejeitando todas as teses defensivas.
Por fim excelências, o Nobre magistrado condenou o cantor aplicando-lhe a
pena de 12 anos de reclusão em regime fechado, argumentando que a
aplicação de tal regime seria por conta do réu estar em viagem, não tendo sido
localizado para comparecer em juízo.
DO DIREITO

PRELIMINARES

NULIDADE. FALTA DE QUESITO OBRIGATÓRIO. OFENSA AO ARTIGO 593,


DO CPP E SÚMULA 156 DO STF. NULIDADE 564, III, “K” E 564, IV, CPP

Excelências, devo discorrer preliminarmente da nulidade após a pronúncia,


conforme, Art. 593, inciso III alínea “a”, considerando que as provas trazidas
aos autos foram manifestadamente contrárias as provas dos autos:

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:


III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;

É manifesto o inequívoco vício processual, caracterizado por nulidade pois


houve a falta de quesitação de desclassificação de homicídio para lesão
corporal seguida de morte sendo a decisão causa de nulidade, conforme prevê
a súmula 156, do STF: “É absoluta a nulidade do julgamento, pelo jurí, por falta
de quesito obrigatório”. No mesmo sentido, houve violação do Art. 564, inciso
III, k e inciso IV, do CPP:
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
k) os quesitos e as respectivas respostas;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento
essencial do ato.

Cumpre ressaltar, ainda, que o processo não poderia ter prosseguido,


sequer ser decretada sua condenação, tendo em vista que mesmo diante da
morte da vítima, a tipificação não é de homicídio e sim de lesão corporal
seguida de morte. Desta forma, é nítido o vício processual presente na decisão
do magistrado, devendo ser decretada sua nulidade, bem como que seja
reconhecida a preliminar, anulando o julgamento do plenário do júri,
devolvendo os autos à origem para ser determinado novo julgamento perante o
plenário do júri.
MÉRITO

CLASSIFICAÇÃO EQUIVOCADA AO CRIME DE HOMICÍDIO. PROVA


CABAL PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE.
CRIME PRETERDOLOSO (ART. 129, §3º, CP).

Excelências, a condenação do réu é indevida, pois o Nobre Magistrado


não se ateve corretamente ao tipo penal, e não considerou a prova cabal nos
autos para o crime de lesão corporal seguida de morte, que é preterdoloso, ou
seja, dolo no antecedente (lesão) e culpa no consequente (morte), segundo art.
129, §3º, do CP.
Ficou demonstrado que para que ocorra homicídio a ação do autor deve
ter o dolo de matar, enquanto no processo, o dolo é de, no máximo, lesão
corporal, por falta de animus necandi.

DA DESCLASSIFICAÇÃO

Apenas ad argumentandum tantum insta frisar, que o crime relatado neste


processo, configura-se como lesão corporal seguida de morte, sendo um crime
preterdoloso, com dolo no antecedente (lesão) e culpa no consequente (morte),
segundo art. 129, §3º, do CP.

DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, REQUER seja conhecida e dado provimento a


presente apelação para reconhecer:

a) a preliminar de nulidade, anulando o julgamento do plenário do júri,


devolvendo os autos à origem para ser determinado novo julgamento
perante o plenário do júri.
No mérito REQUER
a) que seja reconhecido o julgamento contrário a prova dos autos,
devendo ser anulado, devolvendo os autos a origem para novo
julgamento,
b) No caso da manutenção, que seja desclassificado para o crime de lesão
corporal seguida de morte,
c) não sendo este o entendimento de Vossas Excelências, que seja
iniciada a pena no regime semiaberto, considerando a aplicação do
mínimo legal de pena.

(Local, Data)

Advogado. OAB/... n.º...

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