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Redija a peça processual adequada considerando a seguinte narrativa:

Fernando Massaranduba, brasileiro, com 18 anos de idade, residente e domiciliado em


Inimutaba/MG, foi denunciado pelo Ministério Público, nos seguintes termos:
“No dia 06 de setembro de 2019, por volta das 19h30, na cidade e comarca de Curvelo/MG, o
denunciado, Fernando Massaranduba, juntamente com outro não identificado, imbuídos do
propósito de assenhoreamento definitivo, quebraram a janela do prédio onde funciona uma
agência do Banco do Brasil e de lá subtraíram três computadores da marca IBM, no valor de
R$ 2.000,00 (dois mil reais) cada, conforme auto de avaliação indireta às fls. 23 do Inquérito
Policial. Assim agindo, incorreu o denunciado na prática do art. 155, §§ 1.º e 4.º, incs. I e IV,
do Código Penal (CP), combinado com o art. 29 do CP, motivo pelo qual é oferecida a
presente denúncia, requerendo-se o processamento até final julgamento.”. O magistrado
recebeu a exordial em 03 de dezembro de 2019, acolhendo a imputação em seus termos. Após
o interrogatório e a confissão de Fernando Massaranduba, ocorridos em 04 de maio de 2020,
na presença de advogado ad hoc, embora já houvesse advogado constituído não intimado para
o ato, a instrução seguiu, fase em que o magistrado, alegando que o fato já estava
suficientemente esclarecido, não permitiu a oitiva de uma testemunha arrolada,
tempestivamente, pela defesa. O policial Juarez Salgado, responsável pelo monitoramento das
conversas telefônicas do réu, foi inquirido em juízo, tendo esclarecido que, inicialmente, a
escuta telefônica fora realizada “por conta”, segundo ele, porque havia algumas denúncias
anônimas, na região de Curvelo, acerca de um sujeito conhecido como “XP”, que invadia
lojas e residências com o propósito de subtrair computadores para fins de abastecer o mercado
negro da informática. Juarez e seu colega Antônio, nas diligências por eles efetuadas,
suspeitaram da pessoa de Fernando, e decidiram realizar a escuta telefônica. Superada a fase
de alegações finais, apresentadas pelas partes, os autos foram conclusos para sentença em 26
de maio de 2020, tendo o magistrado, com base em toda a prova colhida, condenado o réu, de
acordo com o art. 155, §§ 1.º e 4.º, incs. I e IV, do CP, à pena privativa de liberdade de 8 anos
de reclusão (a pena-base foi fixada em 5 anos de reclusão), cumulada com 30 dias-multa, no
valor de 1/30 do salário mínimo, cada dia. Fixou, ainda, para Fernando Massaranduba, réu
primário, o regime fechado de cumprimento de pena. O Ministério Público não interpôs
recurso.

Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado constituído por Fernando


Massaranduba, e supondo que, intimado da sentença condenatória, você já tenha manifestado
seu inconformismo com a presente decisão, e sido intimado em 05 de outubro de 2020 para a
apresentação das razões, elabore a peça processual cabível, endereçando-a ao juiz competente,
enfrentando todas as matérias pertinentes e datando o documento no último dia do prazo.

APELAÇÃO CRIMNINAL

Excelentíssimo Juízo de Direito da___ Vara Criminal da Comarca de Curvelo

Ação penal n°_____

Fernando Massaranduba, já qualificado nos autos da ação penal que lhe


move o Ministério Público, por seu procurador in fine, vem à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no artigo 593, inciso I, do Código de Processo Penal,
interpor APELAÇÃO, apresentando desde logo, suas razões recursais:

Requer, uma vez recebido e processado, o encaminhamento à superior


instância para julgamento.

Nesses termos, pede deferimento

19/10/2020

Curvelo
RAZÕES DE APELEAÇÃO

Ref. Ação Penal n°_______

Apelante: Fernando Massaranduba

Apelado: Ministério Público

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS COLENDA


CÂMARA CRIMINAL

EMÉRITOS JULGADORES

I- BREVE HISTÓRICO DOS FATOS E DO PROCESSO

Consta nos autos que em data de 06 de setembro de 2019, por volta das 19h30,
na cidade e comarca de Curvelo/MG, o denunciado, Fernando Massaranduba,
juntamente com outro não identificado, imbuídos do propósito de assenhoreamento
definitivo, quebraram a janela do prédio onde funciona uma agência do Banco do
Brasil e de lá subtraíram três computadores da marca IBM, no valor de R$ 2.000,00
(dois mil reais) cada, conforme auto de avaliação indireta às fls. 23 do Inquérito
Policial. Assim agindo, incorreu o denunciado na prática do art. 155, §§ 1.º e 4.º, inc.
I e IV, do Código Penal (CP), combinado com o art. 29 do CP, motivo pelo qual é
oferecida a presente denúncia, requerendo-se o processamento até final julgamento.

O magistrado recebeu a exordial em 03 de dezembro de 2019, acolhendo a


imputação em seus termos. Após o interrogatório e a confissão de Fernando
Massaranduba, ocorridos em 04 de maio de 2020, na presença de advogado ad hoc,
embora já houvesse advogado constituído não intimado para o ato, a instrução
seguiu, fase em que o magistrado, alegando que o fato já estava suficientemente
esclarecido, não permitiu a oitiva de uma testemunha arrolada, tempestivamente,
pela defesa. O policial Juarez Salgado, responsável pelo monitoramento das
conversas telefônicas do réu, foi inquirido em juízo, tendo esclarecido que,
inicialmente, a escuta telefônica fora realizada “por conta”, segundo ele, porque
havia algumas denúncias anônimas, na região de Curvelo, acerca de um sujeito
conhecido como “XP”, que invadia lojas e residências com o propósito de subtrair
computadores para fins de abastecer o mercado negro da informática. Juarez, e seu
colega Antônio, nas diligências por eles efetuadas, suspeitaram da pessoa de
Fernando, e decidiram realizar a escuta telefônica. Superada a fase de alegações
finais, apresentadas pelas partes, os autos foram conclusos para sentença em 26 de
maio de 2020, tendo o magistrado, com base em toda a prova colhida, condenado o
réu, de acordo com o art. 155, §§ 1.º e 4.º, inc. I e IV, do CP, à pena privativa de
liberdade de 8 anos de reclusão (a pena-base foi fixada em 5 anos de reclusão),
cumulada com 30 dias-multa, no valor de 1/30 do salário mínimo, cada dia. Fixou,
ainda, para Fernando Massaranduba, réu primário, o regime fechado de
cumprimento de pena. O Ministério Público não interpôs recurso.

II- DO DIREITO

2.1 Da nulidade por cerceamento de defesa

Os seguintes incidentes ocorridos na instrução criminal cercearam a defesa do réu,


gerando nulidade nos termos do artigo 564, inciso IV do Código de Processo Penal,
afrontando os princípios da ampla defesa e contraditório (art.5°, LV, CR/88):

- Não intimação do defensor constituído, para audiência de instrução e julgamento


(art.370 §1°, CPP)

- Não oitiva de testemunha, arrolada tempestivamente pela defesa

- Produção antecipada de provas sem ordem do magistrado (art. 156, inc. I CPP)

2.2 DO MÉRITO

2.3.1 Dos equívocos da aplicação da pena

Na hipótese de não ser acolhida a tese defensiva anterior, é de se ponderar


equívoco no tocante à aplicação da pena. O apelante foi condenado a pena máxima
de 8 anos de reclusão, sem que houvesse fundamento para tal.

Analisando os autos, não há circunstância que permita o aumento da pena base até
seu limite máximo, tendo em vista a primariedade do réu. Há de se considerar
também a inobservância da atenuante quanto a confissão espontânea, conforme
estabelece o código penal em seu art. 65, III, d. Não se verificando causas de
aumento, a pena deveria ser fixada em seu mínimo, 2 anos, devendo a referida
sentença ser reformulada de modo a cumprir os ditames da lei.

Cabe salientar também a irregularidade quanto ao cumprimento de pena com início


em regime fechado, conforme predispõe o Código Penal em seu Art.33 §2º, tendo
em vista que a pena imposta não é superior a 8(oito) anos de reclusão, bem como
se trata de réu primário. Deste modo o regime a ser imposto deveria ser o
semiaberto.

III- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer o CONHECIMENTO e PROVIMENTO do presente recurso


para:

A) reconhecimento das Nulidades referentes ao CERCEAMENTO DE DEFESA,


decorrente da não intimação do defensor constituído para audiência de instrução
e julgamento, não oitiva de testemunha, arrolada tempestivamente pela defesa e
a pela produção antecipada de provas sem ordem de magistrado, com fulcro no
art. 564 do Código Penal, impondo se anulação dos atos supracitados.

B) Não sendo hipótese de reconhecimento da tese defensiva, pede se a reforma da


r. decisum para que a aplicação da pena se dê em seu mínimo legal, bem como
a conversão do regime, pelos fatos e fundamentos expostos.

Nesses termos, pede e aguarda deferimento.

Local e data

Advogado

OAB

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