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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA … VARA DO JÚRI DA

COMARCA …

MURILO, já qualificado nos autos, vem, por seu advogado, interpor RECURSO
EM SENTIDO ESTRITO, com fundamento no art. 581, IV, do Código de
Processo Penal.

O recorrente pede, primordialmente, que Vossa Excelência se retrate de sua


decisão, nos termos das razões anexadas, com fundamento no art. 589 do
CPP.

Subsidiariamente, caso Vossa Excelência não se retrate, requer o


recebimento, o processamento e o encaminhamento do recurso, com as
razões inclusas, ao Tribunal de Justiça do Estado ….

Pede deferimento.

Comarca, data.

Advogado.
RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

RECORRENTE: MURILO.

RECORRIDO: JUSTIÇA PÚBLICA.

Egrégio Tribunal de Justiça,

Colenda Câmara,

Douto Procurador de Justiça,

O recorrente, não conformado com a decisão do Excelentíssimo Sr. Juiz de


Direito da … Vara do Júri da Comarca …, que o pronunciou, requer a sua
reforma pelas razões a seguir:

I. DOS FATOS

Murilo foi denunciado como incurso no artigo 121, § 2º, inciso II combinado


com o artigo 14, inciso II ambos do Código Penal, pelo fato ocorrido em DATA
nesta cidade, onde supostamente, por motivo fútil, tentou matar PEDRO, indo
até a residência deste, armado, fazendo um único disparo em sua perna.

O MP em sua acusação alega que Murilo não consumou o crime por


circunstâncias alheias a sua vontade, afirmado que ele tinha a intenção de
matar.

Recebida a denúncia, foi o Acusado citado e interrogado, havendo


apresentado resposta à acusação o defensor público nomeado.

Durante a instrução foi ouvida a Vítima, que alegou que Murilo lhe deu esse
tiro por conta de um desentendimento que tiveram dias atrás, pois a Vítima
teria importunado a mulher de Murilo falando palavras de baixo calão para ela
com conotação sexual.

Foi ouvida ainda uma testemunha de nome Felipe que viu todo o ocorrido e
confirma que Murilo fez um disparo na coxa da vítima deixando o lugar logo
em seguida, afirmou ainda que não sabe o motivo do ato.

Em alegações finais, o Ministério Público requereu a pronúncia do Réu,


consoante a capitulação da denúncia.

O juiz da vara do tribunal do Júri pronunciou Murilo nos termos da denuncia


como incurso no artigo 121, § 2º, inciso II combinado com o artigo 14,
inciso II ambos do Código Penal, pela tentativa de homicídio qualificado pelo
motivo fútil.
II. DO DIREITO

Entretanto, a respeitável decisão de pronúncia não merece prosperar pelas


razões a seguir:

a) Desclassificação:

Embora o recorrente tenha de fato efetuado o disparo de arma de fogo na


perna da vítima, ele jamais agiu com a intenção de matar, sendo totalmente
incabível a pronúncia pelo crime de tentativa de homicídio.

Nos termos do código penal, considera-se tentado o crime quando o agente


entra na execução e não alcança o resultado por circunstâncias alheias a sua
vontade artigo 14, inciso II, ora Excelência, no caso em tela, é cristalino que
se o recorrente tivesse a intenção de matar jamais efetuaria um único disparo
de arma na coxa da vítima.

Portanto, a conduta do recorrente melhor se amolda ao crime do art. 129 do


Código Penal,  ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem, devendo
haver a desclassificação.

Em consequência disso, é incompetente o juízo da Vara do Júri para o


julgamento do delito, e nulo o processo, devendo ser remetido ao juiz
competente, nos termos do art. 419, “caput”, do CPP.

b) Da inexistência da qualificadora

Só para argumentar, caso Vossa Excelência não compreenda pela


desclassificação, é imperioso afastar a qualificadora sustentada pelo Ministério
Público, pois o disparo de amar de fogo teria sido motivo pelo fato da vítima ter
praticado um crime contra a esposa do recorrente, mais precisamente o crime
de importunação sexual, devendo, na pior das hipóteses, ser pronunciado por
homicídio simples.
*IMPORTANTE DESENVOLVER A DEFINIÇÃO DE MOTIVO FÚTIL

III. DO PEDIDO

Diante do exposto, requer:


1) Seja conhecido e provido o recurso, para que ocorra a desclassificação
do crime de homicídio doloso, do art. 121 do CP, para o crime de lesão
corporal art. 129 do Código Penal, em consequência da
desclassificação, e que seja remetido ao juízo competente, com
fundamento no art. 419, “caput”, do CPP.
2) Subsidiariamente, no caso de ser mantida a pronúncia, que seja afasta
a qualificadora do motivo fútil, pronunciando o réu por homicídio
simples.
Pede deferimento.

Comarca, data.

Advogado

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