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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.243.685 - PR (2011/0052916-0)

RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


AGRAVANTE : JOAQUIM ROMERO FONTES
ADVOGADOS : ANA MARIA L R DOS SANTOS E OUTRO(S)
SHIGUEMASSA IAMASAKI E OUTRO(S)
AGRAVADO : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
EMENTA

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ITR.


ISENÇÃO. ART. 10, § 1º, II, a, DA LEI 9.393/96. AVERBAÇÃO DA ÁREA
DA RESERVA LEGAL NO REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. ART.
16, § 8º, DA LEI 4.771/65.
1. A Primeira Seção firmou o entendimento de que a isenção do ITR relativa à área de
Reserva Legal está condicionada à prévia averbação desse espaço no registro do
imóvel. Precedentes: EREsp 1.310.871/PR, Rel. Ministro Ari Pargendler, DJe
04/11/2013; EREsp 1.027.051/SC, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, DJe 21/10/2013.
2. Agravo regimental não provido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da PRIMEIRA Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento
ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sérgio Kukina,
Ari Pargendler, Arnaldo Esteves Lima e Napoleão Nunes Maia Filho (Presidente) votaram com o
Sr. Ministro Relator.
Brasília (DF), 05 de dezembro de 2013(Data do Julgamento)

MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


Relator

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Superior Tribunal de Justiça
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.243.685 - PR (2011/0052916-0)

RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


AGRAVANTE : JOAQUIM ROMERO FONTES
ADVOGADOS : ANA MARIA L R DOS SANTOS E OUTRO(S)
SHIGUEMASSA IAMASAKI E OUTRO(S)
AGRAVADO : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): Trata-se de agravo


regimental interposto por Joaquim Romero Fontes contra decisão que deu provimento ao recurso
especial fazendário, assim ementada (fl. 541):

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ITR. ISENÇÃO. ART. 10, § 1º, II, a,


DA LEI 9.393/96. AVERBAÇÃO DA ÁREA DA RESERVA LEGAL NO
REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. ART. 16, § 8º, DA LEI 4.771/65.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
Em suas razões recursais, a parte agravante sustenta, em síntese, que "não há previsão
legal de que em se tratando de áreas de preservação permanente e áreas de reserva legal, para que
não incida ITR sobre estas, haja a obrigatoriedade de averbação da matrícula" (fl. 553). Alega,
também, que a averbação tem natureza declaratória, não servindo de condição para constituir o
direito à isenção. Por fim, aduz que atenta contra os princípios da capacidade contributiva e do
não-confisco a imposição de recolher o ITR "sobre uma área rural que sequer é passível de auferir
rendas" (fl. 563).

É o relatório.

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.243.685 - PR (2011/0052916-0)

EMENTA
TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ITR.
ISENÇÃO. ART. 10, § 1º, II, a, DA LEI 9.393/96. AVERBAÇÃO DA ÁREA
DA RESERVA LEGAL NO REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. ART.
16, § 8º, DA LEI 4.771/65.
1. A Primeira Seção firmou o entendimento de que a isenção do ITR relativa à área de
Reserva Legal está condicionada à prévia averbação desse espaço no registro do
imóvel. Precedentes: EREsp 1.310.871/PR, Rel. Ministro Ari Pargendler, DJe
04/11/2013; EREsp 1.027.051/SC, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, DJe 21/10/2013.
2. Agravo regimental não provido.

VOTO

O SENHOR MINISTRO BENEDITO GONÇALVES (Relator): A decisão agravada


não merece reforma e mantém-se por seus próprios fundamentos, in verbis (fls. 541-543):

Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, com fulcro na


alínea a do permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal Regional Federal
da Quarta Região, assim ementado (fl. 478):
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. ITR. ISENÇÃO.
AUTO DE INFRAÇÃO. ANULAÇÃO.
1. No que diz respeito às isenções para fins de ITR, a legislação
ambiental (artigo 104, parágrafo único, da Lei de Política Agrícola - Lei
nº 8.171, de 1991) prevê que são isentas da tributação as áreas (I) de
preservação permanente, (II) de reserva legal e (III) de interesse
ecológico para a proteção dos ecossistemas (assim reconhecidas pelo
órgão ambiental responsável), nestas últimas incluídas as RPPNs -
Reservas Particulares do Patrimônio Nacional, as Áreas de Proteção
Ambiental e as Áreas de Relevante Interesse Ecológico.
2. A isenção decorrente do reconhecimento da área não tributável pelo
ITR não fica condicionada à averbação, a qual possui tão-somente o
condão de declarar uma situação jurídica já existente, não possuindo
caráter constitutivo.
3. Apelação da parte autora provida para determinar a anulação do auto
de infração em sua integralidade e demais atos praticados no processo
administrativo fiscal, com o afastamento da imposição do ITR sobre as
áreas declaradas como de preservação permanente e de reserva legal,
bem como dos respectivos encargos moratórios.
Os embargos de declaração foram parcialmente acolhidos, apenas para fins de
prequestionamento, conforme ementa de fl. 492.
No apelo especial (fls. 498-505), a parte recorrente alega, preliminarmente,
violação do art. 535, I e II, do CPC, ao argumento de que a Corte local não se
manifestou sobre pontos importantes para o deslinde da controvérsia. Quanto ao
juízo de reforma, aduz ofensa aos arts. 16, § 2º, da Lei 4.771/1965; 10, § 1º, II, a,
da Lei 9.393/96; 111, II, e 179, § 1º, do CTN. Aduz, em síntese, que a isenção do

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ITR relativa à área de reserva legal está condicionada à averbação da mesma na
matrícula do imóvel.
Contrarrazões às fls. 508-530.
Juízo positivo de admissibilidade à fl. 531.
É o relatório. Passo a decidir.
Inicialmente, tendo em vista que a matéria ventilada pela recorrente foi
suficientemente apreciada pelo acórdão recorrido, tenho por satisfeito o requisito do
prequestionamento, razão por que supero, desde logo, a alegada violação do art. 535
do CPC.
Emerge dos autos que a parte recorrida ajuizou ação ordinária, para o fim de
"declarar a inexigível o ITR sobre áreas de reserva legal, independentemente da
averbação às margens do registro do imóvel" (fl. 35) e anular o auto de infração que
lançou os débitos supostamente isentos.
Por ocasião do julgamento da apelação, consignou o voto condutor do
acórdão recorrido que "a isenção decorrente do reconhecimento da área não
tributável pelo ITR não fica condicionada à averbação, a qual possui tão-somente o
condão de declarar uma situação jurídica já existente, não possuindo caráter
constitutivo" (fl. 474).
Ponderados esses elementos, tenho que assiste razão à Fazenda Nacional.
Com efeito, a Primeira Seção, em recente julgamento, tomado em sede de
embargos de divergência, firmou o entendimento de que a isenção do ITR relativa à
área de Reserva Legal está condicionada à prévia averbação de tal espaço no registro
do imóvel. Eis a ementa desse julgado:
TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO
ESPECIAL. ITR. ISENÇÃO. ART. 10, § 1º, II, a, DA LEI 9.393/96.
AVERBAÇÃO DA ÁREA DA RESERVA LEGAL NO REGISTRO DE
IMÓVEIS. NECESSIDADE. ART. 16, § 8º, DA LEI 4.771/65.
1. Discute-se nestes embargos de divergência se a isenção do Imposto
Territorial Rural (ITR) concernente à Reserva Legal, prevista no art. 10,
§ 1º, II, a, da Lei 9.393/96, está, ou não, condicionada à prévia
averbação de tal espaço no registro do imóvel. O acórdão embargado, da
Segunda Turma e relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques,
entendeu pela imprescindibilidade da averbação.
2. Nos termos da Lei de Registros Públicos, é obrigatória a averbação
"da reserva legal" (Lei 6.015/73, art. 167, inciso II, n° 22).
3. A isenção do ITR, na hipótese, apresenta inequívoca e louvável
finalidade de estímulo à proteção do meio ambiente, tanto no sentido de
premiar os proprietários que contam com Reserva Legal devidamente
identificada e conservada, como de incentivar a regularização por parte
daqueles que estão em situação irregular.
4. Diversamente do que ocorre com as Áreas de Preservação
Permanente, cuja localização se dá mediante referências topográficas e a
olho nu (margens de rios, terrenos com inclinação acima de quarenta e
cinco graus ou com altitude superior a 1.800 metros), a fixação do
perímetro da Reserva Legal carece de prévia delimitação pelo
proprietário, pois, em tese, pode ser situada em qualquer ponto do
imóvel. O ato de especificação faz-se tanto à margem da inscrição da
matrícula do imóvel, como administrativamente, nos termos da
sistemática instituída pelo novo Código Florestal (Lei 12.651/2012, art.
18).

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5. Inexistindo o registro, que tem por escopo a identificação do
perímetro da Reserva Legal, não se pode cogitar de regularidade da área
protegida e, por conseguinte, de direito à isenção tributária
correspondente. Precedentes: REsp 1027051/SC, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.5.2011; REsp 1125632/PR,
Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 31.8.2009; AgRg
no REsp 1.310.871/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda
Turma, DJe 14/09/2012.
6. Embargos de divergência não providos (EREsp 1.027.051/SC, Rel.
Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 21/10/2013).
No mesmo sentido:
TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL
RURAL. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. AVERBAÇÃO NO
REGISTRO IMOBILIÁRIO.
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do
EREsp nº 1.027.051, SC, reafirmou o entendimento de que, para gozar
da isenção fiscal prevista no art. 10, § 1º, II, a, da Lei nº 9.393, de
1996, relativa ao imposto territorial rural, é imprescindível a averbação
da área de reserva legal no respectivo registro imobiliário.
Embargos de divergência a que se nega provimento (EREsp
1.310.871/PR, Rel. Ministro Ari Pargendler, primeira seção, DJe
04/11/2013).
Ante o exposto, com fundamento no art. 557, 1º-A, do CPC, dou provimento
ao recurso especial, para julgar improcedente a ação ordinária. Outrossim, inverto os
ônus de sucumbência.
Tendo em vista que as razões do presente agravo já foram suficientemente rebatidas pela
decisão ora agravada, não vislumbro a necessidade de tecer nenhuma consideração complementar à
devida fundamentação deste julgado.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.

É o voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2011/0052916-0 REsp 1.243.685 / PR

Número Origem: 200770030026164

EM MESA JULGADO: 05/12/2013

Relator
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. DARCY SANTANA VITOBELLO
Secretária
Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
RECORRIDO : JOAQUIM ROMERO FONTES
ADVOGADOS : SHIGUEMASSA IAMASAKI E OUTRO(S)
ANA MARIA L R DOS SANTOS E OUTRO(S)

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Impostos - ITR / Imposto Territorial Rural

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : JOAQUIM ROMERO FONTES
ADVOGADOS : SHIGUEMASSA IAMASAKI E OUTRO(S)
ANA MARIA L R DOS SANTOS E OUTRO(S)
AGRAVADO : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto
do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Ari Pargendler, Arnaldo Esteves Lima e Napoleão
Nunes Maia Filho (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator.

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