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Lucas Cavalcanti

Advogado e Professor de Direito


OAB/BA 32.114

AO JUÍZO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE RUY BARBOSA/BA

Processo n. º 8000959-10.2021.8.05.0218

ROBERT VICTOR GOMES FONSECA, alhures qualificado nos


autos do processo em epígrafe, vem, mui respeitosamente, através de
seu patrono que esta subscreve, a tempo e modo, com base nos
fundamentos a seguir esmiuçados, à presença de Vossa Excelência
apresentar a sua MANIFESTAÇÃO em face dos DOCUMENTOS
JUNTADOS ao processo, que faz nos seguintes termos.

PRELIMINARES

A) DA JUSTIÇA GRATUITA

Consoante o disposto nas Leis 1.060/50 e 7.115/83, o demandado


declara para os devidos fins e sob pena da lei que não tem como arcar
com o pagamento de custas e demais despesas processuais, sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família.

Av. Santa Luzia, edf. Horto Empresarial, Conj. 605/6, nº 1136, Horto Florestal, CEP 40295-
050.

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Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita,


assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei
13.105/2015 - CPC, artigo 98 e seguintes.

B) DA INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL


PARA JULGAMENTO DA CAUSA – NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO
DE PERÍCIA TÉCNICA

Antes de adentrarmos no mérito, cumpre elucidar que a presente


demanda não deve ser julgada perante os Juizados Especiais Cíveis, por
demandar prova pericial especializada.

Ainda, a referida Lei 9.099/95 fixou os princípios informativos dos


Juizados Especiais, no seu art. 2º, onde estabelece que “O processo
orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade,
economia processual e celeridade, buscando sempre que possível, a
conciliação ou a transação”.

Ao que se observa o legislador infraconstitucional buscou criar um


sistema onde a celeridade e a simplicidade devem nortear a atividade
jurisdicional, daí estabelecer, no art. 3º da Lei de Regência, que o
Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e
julgamento das causas cíveis de menor complexidade, significando que
naquelas causas em que há necessidade de perícia complexa para o
desate da questão, estaria subtraída a sua competência.

Foi juntado aos autos do processo em epígrafe, os documentos de


ID 118309980, ID 118309989, ID 118309994, ID 118309999, ID

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118311617, ID 118311651 e ID 118311655. Verifica-se que há a


necessidade de perícia para que reste comprovada a veracidade da sua
essência, sob pena de, inclusive, se desrespeitar o princípio do
contraditório e da ampla defesa.

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer


alguma coisa senão em virtude de lei.”

A Constituição Federal, em seu art. 98, determina que a competência dos


Juizados Especiais se restrinja às causas cíveis de menor complexidade.
Ressalte-se que a expressão “causa de menor complexidade” deve der
entendida como aquela que exige mínima dilação do conjunto probatório,
independentemente da complexidade jurídica, especialmente quanto à
prova técnica.

Tendo em vista que a apuração de tais fatores depende de perícia, os


Juizados Especiais não são competentes para a apreciação da demanda
em referência o Enunciado nº 54 do Fórum Permanente de Juízes
Coordenadores dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Brasil (XV
Encontro Nacional – Florianópolis – Santa Catarina) assim determina:

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“Enunciado nº 54. A menor complexidade da causa para a


fixação da competência é aferida pelo OBJETO DA PROVA
e
não em face do direito material.”

Diante do exposto, restando controversa as causas do acidente, bem


como eventuais atos adotados pela ré que viessem a contribuir com as
causas do mesmo mostra-se indeclinável a realização de perícia técnica,
que por envolver matéria complexa afasta a competência dos Juizados
Especiais Cíveis, razão pela qual, deve ser extinto o presente feito sem
resolução do mérito, com fulcro nos artigos 3º e 51, inciso II da Lei dos
Juizados Especiais.

DA EXTEMPORANEIDADE DOS DOCUMENTOS JUNTADOS

Conforme determina claramente o Novo Código de Processo


Civil, incumbe à parte instruir a petição inicial com todos os documentos
destinados a provar suas alegações, sendo admitidos documentos
posteriormente SOMENTE SE devidamente provada a inacessibilidade à
época da distribuição, in verbis:

Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a


contestação com os documentos destinados a provar
suas alegações.

(...)
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Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar


aos autos documentos novos, quando destinados a fazer
prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-
los aos que foram produzidos nos autos.

Parágrafo único. Admite-se também a juntada


posterior de documentos formados após a petição inicial
ou a contestação bem como dos que se tornaram
conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos,
cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que
a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao
juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de
acordo com o art. 5º.

No presente caso, os documentos de ID 118309980, ID


118309989, ID 118309994, ID 118309999, ID 118311617, ID
118311651 e ID
118311655 foram acostados aos autos em 12 de julho, ou seja,
posterior à distribuição da inicial.

Assim, em manifesta contrariedade ao previsto na norma


processual, novos documentos que já existiam à época da distribuição da
inicial, foram juntados sem qualquer justificativa que comprovasse o
impedimento da juntada anteriormente.

Ao comentar o referido artigo, a doutrina destaca sobre o

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PRINCÍPIO DA NÃO SURPRESA, bem como da LEALDADE


PROCESSUAL que amparam o referido dispositivo:

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"Não pode a juntada ser feita com o intuito de


surpreender a parte contrária ou o juízo, ardilosa
e maliciosamente para criar no espírito do julgador, à
última hora, a impressão de encerramento da questão
sem que a outra parte tenha tido igual oportunidade
dialética do processo. Deve estar presente na
avaliação do julgador, sempre, o princípio da lealdade
processual, de sorte seja permitida a juntada de
documento nos autos, apenas quando nenhum
gravame houver para a parte contrária.” (NERY
JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade.
Código de Processo Civil Comentado. 17ª ed. Editora
RT, 2018. Versão ebook, Art 435) (grifo nosso)

No presente caso, a juntada dos referidos documentos, de


forma maliciosa e ardilosa, somente nesta fase, impede toda condução
processual pela defesa, uma vez que as demais provas já apresentadas
deveriam considerar referidos documentos e poderiam ser conduzidos de
forma diversa.

Trata-se de conduta que vem a surpreender as partes e o


próprio Julgado, o que é vedado e reiteradamente não admitido
processualmente, conforme precedentes sobre o tema:

ART. 435 DO CPC. PROVA DOCUMENTAL. (IN)


TEMPESTIVIDADE. O art. 435, do CPC, estipula que "É
lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos
documentos novos, quando destinados a fazer prova
de fatos ocorridos depois dos articulados ou
para
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contrapô-los aos que foram produzidos nos autos".


Uma vez que a tese à qual o reclamante pretendia se
contrapor foi exposta desde a contestação, cumpria a
ele, autor, ter anexado os documentos próprios a
rechaçá-la no prazo preclusivo concedido na audiência
inicial. Deste modo, uma vez que os documentos, que
eram pré-existentes e acessíveis, foram acostados
somente cerca de cinquenta dia após o encerramento
da instrução, descabe conhecer da prova, por
intempestividade. Recurso improvido. (Processo: RO -
0000248-90.2018.5.06.0341, Redator: Jose Luciano
Alexo da Silva, Data de julgamento: 25/07/2019,
Quarta Turma, Data da assinatura: 25/07/2019)
(TRT-6 - RO: 00002489020185060341, Data de
Julgamento: 25/07/2019, Quarta Turma)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. JUNTADA DE


DOCUMENTOS EM APELAÇÃO. ART. 435 DO CPC.
AUSENCIA DE JUSTO MOTIVO. PRECLUSÃO
TEMPORAL. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL.
BENEFÍCIO NÃO CONTRIBUTIVO. ARTIGO 143 DA LEI
8.213/91. NORMA TRANSITÓRIA. AUSÊNCIA DE
INÍCIO DE PROVA MATERIAL. SÚMULA N. 149 DO STJ.
PROVA TESTEMUNHAL FRÁGIL. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DO LABOR RURAL PELO PERÍODO
EXIGIDO NA LEGISLAÇÃO. REQUISITOS NÃO
PREENCHIDOS.
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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APELAÇÃO


DESPROVIDA. - Inicialmente, quanto aos documentos
juntados pelo apelante por ocasião da interposição do
recurso de apelação, verifico que o artigo 435 do
Código de Processo Civil preceitua que "É lícito às
partes, em qualquer tempo, juntar documentos novos,
quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos
depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que
foram produzidos nos autos". Nos termos do referido
artigo, e de acordo com entendimento assente em
jurisprudência, a juntada de documentos antigos em
sede recursal apenas possível se comprovado motivo
de força maior que impediu fossem trazidos aos autos
anteriormente - No caso em questão, os documentos
trazidos aos autos pelo autor quando da interposição
do recurso de apelação são preexistentes à
propositura da própria demanda e, portanto, antigos.
Destarte, evidente que foram juntados
extemporaneamente e já existiam quando lhe foi
ajuizada a ação, razão pela qual está configurada a
preclusão temporal e, portanto, a impossibilidade de
sua juntada posterior, sob pena de ofensa aos artigos
396 e 397 do CPC - Tendo em vista que não há
qualquer motivo de força maior que justifique sua
juntada tardia aos autos, tais documentos não podem
ser considerados para fins de formação da convicção -
Discute-se o atendimento das exigências à concessão

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de aposentadoria por idade ao rurícola, a

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saber: a comprovação da idade mínima e o


desenvolvimento de atividade rural no período
imediatamente anterior ao requerimento, consoante o
disposto na Lei n. 8.213/91 - A questão relativa à
comprovação de atividade rural se encontra pacificada
no Superior Tribunal de Justiça, que exige início de
prova material e afasta por completo a prova
exclusivamente testemunhal (Súmula 149 do STJ)- De
acordo com o que restou definido quando do
julgamento do REsp. 1.321.493/PR, realizado segundo
a sistemática de recurso representativo da
controvérsia (CPC, art. 543-C), aplica-se a súmula
acima aos trabalhadores rurais denominados "boias-
frias", sendo imprescindível a apresentação de início
de prova material, corroborada com provas
testemunhal, para comprovação de tempo de serviço -
Ressalta-se que o início de prova material, exigido
pelo § 3º do artigo 55 da Lei 8.213/91, não significa
que o segurado deverá demonstrar mês a mês, ano a
ano, por meio de documentos, o exercício de atividade
na condição de rurícola, pois isto importaria em se
exigir que todo o período de trabalho fosse
comprovado documentalmente, sendo de nenhuma
utilidade a prova testemunhal para demonstração do
labor rural - Admite-se, contudo, a extensão da
qualificação de lavrador de um cônjuge ao outro e,
ainda, que os documentos não se refiram

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precisamente ao período a

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ser comprovado. Nesse sentido, o REsp n. 501.281, 5ª


Turma, j. em 28/10/2003, v.u., DJ de 24/11/2003, p.
354, Rel. Ministra Laurita Vaz - Segundo o RESP
1.354.908, realizado segundo a sistemática de recurso
representativo da controvérsia (CPC, art. 543-C),
necessária a comprovação do tempo de atividade rural
no período imediatamente anterior à aquisição da
idade
- Em relação às contribuições previdenciárias, é
assente o entendimento de serem desnecessárias,
sendo suficiente a comprovação do efetivo exercício de
atividade no meio rural (STJ, REsp 207.425, 5ª
Turma, j. em 21/9/1999, v.u., DJ de 25/10/1999, p.
123, Rel. Ministro Jorge Scartezzini; e STJ, RESP n.
502.817, 5ª Turma, j. em 14/10/2003, v.u., DJ de
17/11/2003, p. 361, Rel. Ministra Laurita Vaz) - O art.
143 da Lei 8.213/91 constitui regra transitória
assegurou aos rurícolas o direito de requerer
aposentadoria por idade, no valor de um salário
mínimo, durante 15 (quinze) anos, contados da
vigência da referida Lei, independentemente do
pagamento de contribuições previdenciárias. Assim, o
prazo de 15 (quinze) anos do artigo 143 da Lei
8.213/91 expiraria em 25/07/2006 - Entretanto, em
relação ao trabalhador rural enquadrado como
segurado empregado ou como segurado contribuinte
individual, que presta serviços de natureza rural, em

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caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem


relação de emprego, o aludido prazo foi

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prorrogado por mais 02 (dois) anos, estendendo-se


até 25/07/2008, em face do disposto na MP 312/06,
convertida na Lei 11.368/06 - Finalmente, a Medida
Provisória nº 410/07, convertida na Lei 11.718/08,
estabeleceu nova prorrogação para o prazo previsto
no artigo 143 da Lei 8.213/91, até 31/12/2010, para o
trabalhador rural empregado e o enquadrado na
categoria de segurado contribuinte individual que
presta serviços de natureza rural, em caráter
eventual, a 1 (uma) ou mais empresas, sem relação
de emprego
- Observe-se que o prazo estabelecido no referido
artigo 143 passou a vigorar até 31/12/2010, mas não
contemplou o trabalhador rural que se enquadra na
categoria de segurado especial (caso dos autos). De
outra parte, para o segurado especial definido no
artigo 11, inciso VII, da Lei 8.213/91, remanesce o
disposto no artigo 39 da referida lei. Diferentemente
dos demais trabalhadores rurais, trata-se de segurado
que mantém vínculo com a previdência social
mediante contribuição descontada em percentual
incidente sobre a receita oriunda da venda de seus
produtos, na forma do artigo 25, caput e incisos, da
Lei nº 8.212/91. Vale dizer: após 25/07/2006, a
pretensão do segurado especial ao recebimento de
aposentadoria por idade deverá ser analisada
conforme o disposto no artigo 39, inciso I, da Lei

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8.213/91 - Ademais, não obstante o exaurimento da


regra transitória insculpida no artigo 143 da Lei n.

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8.213/91, fato é que a regra permanente do artigo 48


dessa norma continua a exigir para concessão de
aposentadoria por idade dos segurados rurícolas,
inclusive empregados, a comprovação do efetivo
exercício de "atividade rural, ainda que de forma
descontínua, no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, por tempo igual ao número
de meses de contribuição correspondente à carência
do benefício pretendido", consoante § 1º e § 2º do
referido dispositivo. Trata-se, a bem da verdade, de
norma que parece confrontar com o caráter
contributivo da previdência social, mas que não incide
ao presente feito
- No caso em discussão, o requisito etário restou
preenchido em 2/8/2015, quando o autor completou
60 (sessenta) anos de idade. Alega que sempre
trabalhou na lide rural desde tenra idade, tendo
cumprido a carência exigida na Lei nº 8.213/91 - Com
o intuito de produzir início de prova material, o autor
juntou apenas cópia de declaração de Janete Sarti do
Amaral, datada de 27/11/2015, no sentido que o autor
trabalha como lavrador, para o próprio sustento, em
terras da propriedade denominada Sítio Salto Grande.
Contudo, como se vê, esta declaração é extemporânea
aos fatos alegados pela parte e, desse modo,
equipara-se a simples testemunho, com a deficiência
de não ter sido colhida sob o crivo do contraditório -

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Em análise dos dados do CNIS de f. 22, o apelante só


possui vínculos

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empregatícios urbanos, nos períodos de 12/7/2001 a


23/7/2001 ('Gold Administração de Serviços
Temporários Ltda. - ME') e de 1º/8/2001 a 5/2002
('Construtora Paulo Afonso Ltda.') - Ainda que
houvesse prova material suficiente, a prova
testemunhal não é bastante para patentear o efetivo
exercício de atividade rural do autor. As testemunhas
disseram mecanicamente que ele sempre trabalhou na
roça, todavia não souberam contextualizar
temporariamente, nem quantitativamente tal labor,
principalmente no período imediatamente anterior ao
implemento do requisito etário - Desse modo,
inexistindo início de prova material idôneo a
corroborar os depoimentos testemunhais, na forma do
art. 106 da Lei 8.213/91, não há como reconhecer o
direito da parte autora à concessão da aposentadoria
por idade rural, incidindo, à espécie, o óbice do
verbete sumular n. 149/STJ - Em decorrência, concluo
pelo não preenchimento dos requisitos exigidos à
concessão do benefício pretendido
- Fica mantida a condenação da parte autora a pagar
custas processuais e honorários de advogado,
arbitrados em R$ 500,00 (quinhentos reais), já
majorados em razão da fase recursal, conforme
critérios do artigo 85, §§ 1º e 11, do Novo CPC.
Porém, fica suspensa a exigibilidade, na forma do
artigo 98, § 3º, do referido código, por ser beneficiária

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da justiça gratuita - Apelação desprovida.

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(TRF-3 - Ap: 00007598520184039999 SP, Relator:


JUIZ CONVOCADO RODRIGO ZACHARIAS, Data de
Julgamento: 07/03/2018, NONA TURMA, Data de
Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:21/03/2018)

PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO PARA PRODUÇÃO. O


momento ordinário e regular da juntada de
documentos é a inicial para o autor e a contestação
para o réu, sob pena de preclusão, salvo se destinados
a prova de fato superveniente ou à contraprova,
daqueles que já se encontram nos autos. No presente
caso, não há qualquer referência no sentido de que a
parte autora objetivava juntar documentos novos ou
contrapô-los aos que foram produzidos nos autos,
razão pela qual deveriam ter sido invocados e
produzidos no momento processual adequado, ou
seja, na petição inicial. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
NA JUSTIÇA DO TRABALHO. CREDENCIAL SINDICAL.
NECESSIDADE.
Na Justiça do Trabalho, o deferimento de honorários
advocatícios sujeita-se à constatação da ocorrência
concomitante de dois requisitos: o benefício da justiça
gratuita e a assistência por sindicato (Orientação
Jurisprudencial 305 da Subseção I Especializada em
Dissídios Individuais). Logo, não juntada a credencial
sindical com a petição inicial, inexistindo regular
assistência sindical ao autor, indevido o pagamento de
honorários advocatícios.
(TRT-3 - RO: 00101751120165030058 MG 0010175-
11.2016.5.03.0058, Relator: Carlos Roberto Barbosa,
Data de Julgamento: 06/07/2017, Quarta Turma, Data
de Publicação: 10/07/2017.)

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Portanto, os documentos juntados não devem ser considerados,


sob pena de grave afronta aos princípios do DEVIDO PROCESSO LEGAL e
LEALDADE PROCESSUAL.

DA FALSIDADE DOCUMENTAL

No presente caso, as evidências da falsidade são inequívocas, uma vez


que não se comprova de fato que a voz gravada nos áudios de WhatsApp
acostado nos autos são realmente do requerido, cabendo àquele que
apresentou o documento impugnado provar sua autenticidade, conforme
expressamente previsto no CPC:

Art. 429. Incumbe o ônus da prova quando:


I - se tratar de falsidade de documento ou de
preenchimento abusivo, à parte que a arguir;
II - se tratar de impugnação da autenticidade, à parte
que produziu o documento

Desta forma, cabe à parte que produziu o documento comprovar a


sua autenticidade, conforme precedentes sobre o tema:

PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE


COBRANÇA. CHEQUE EXTRAVIADO. DEVOLUÇÃO PELA
ALÍNEA ?20?. ÔNUS DA PROVA. ARTIGO 429, INCISO
II, CPC. FALSIDADE DOCUMENTAL. 1. O onus
probandi,
via de regra, é incumbência da parte ré quanto à
existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor, nos termos do art. 333, inciso II,
do CPC. Porém, versando o caso sobre falsidade
documental, o ônus da prova obedece à regra contida
no artigo 429, inciso II, do CPC, ou seja, aquele que
fez ingressar nos autos um documento e afirma a
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sua

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autenticidade, deve prová-la, se a parte contrária


refutar elementos essenciais à validade do documento.
2. Escorreita a sentença que julgou improcedente o
pedido da parte autora, que não se desincumbiu do
ônus de provar a autenticidade do documento
apresentado. 3. Recurso de apelação conhecido e
desprovido.
(TJ-DF 07027528420188070006 DF 0702752-
84.2018.8.07.0006, Relator: SILVA LEMOS, Data de
Julgamento: 20/03/2019, 5ª Turma Cível, Data de
Publicação: Publicado no DJE : 15/04/2019 . Pág.:
Sem Página Cadastrada.)

As conversas de WhatsApp não constituem elemento de prova


licito, se desprovida da prova da sua autenticidade eletrônica ou da
realização de perícia técnica, conforme consta no art. 422, §1º, do CPC.

Art. 422. Qualquer reprodução mecânica, como a


fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de
outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos
ou das coisas representadas, se a sua conformidade
com o documento original não for impugnada por
aquele contra quem foi produzida.
§ 1º As fotografias digitais e as extraídas da rede
mundial de computadores fazem prova das imagens
que reproduzem, devendo, se impugnadas, ser
apresentada a respectiva autenticação eletrônica ou,
não sendo possível, realizada perícia.

Neste sentido:

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL. PROCESSO CIVIL.


PRELIMINARES DE: NULIDADE DA SENTENÇA POR
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO, DE INCOMPETÊNCIA
DOS JUIZADOS ESPECIAIS EM RAZÃO DA
NECESSIDADE DE PERÍCIA TÉCNICA E DE VIOLAÇÃO

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DA AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO POR AUSÊNCIA


DE DISPONIBILIZAÇÃO DOS ÁUDIOS E VÍDEOS QUE
FUNDAMENTARAM SUA CONDENAÇÃO REJEITADAS.
DIREITO CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO DE
LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTO COMPROVADO.
PREPOSTO DA RÉ. BOA FÉ. TEORIA DA APARÊNCIA.
CONVERSAS VIA WHATSAPP. PROVA DOCUMENTAL
LÍCITA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO
PAGAMENTO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1.
Trata-se de ação de cobrança ajuizada pelo
autor/recorrido em face da empresa ré/recorrente, por
meio da qual o autor/recorrido narra ter firmado
contrato de locação de máquinas com a ré/recorrente,
pelo período de 10/12/2018 a 10/04/2019, ao custo
mensal de R$ 1.800,00, pelo qual nada recebeu.
Assim, requereu a condenação da ré/recorrente ao
pagamento do valor de R$ 7.200,00. 2. A ré interpôs o
presente recurso contra sentença que julgou
procedente o pedido constante na inicial para
condená-la ao pagamento do valor de R$ 7.200,00 em
favor do autor.
3. Inicialmente suscita preliminar de nulidade da
sentença, ao sustento de não terem sido enfrentadas
as teses de defesa, em especial, o fato de, nos termos
do disposto no art. 422, § 1º, do CPC[1], as conversas
de WhatsApp não constituírem elemento de prova
válido. 4. Relata que o juízo a quo deixou de se
manifestar sobre a preliminar de incompetência do
juizado especial, arguida em razão da necessidade de
realização de perícia técnica para auferir a
autenticidade das conversas, imagens, áudios e vídeos
apresentados pelo autor/recorrido. 5. Suscita
preliminar de cerceamento de defesa, na medida em
que não foram disponibilizados os áudios das supostas
conversas que constam nos prints apresentados e que
foram, sem a realização de perícia técnica, utilizados
como fundamento para sua condenação. 6. No mérito,
afirma não ter autorizado qualquer preposto a firmar
contrato com o autor/recorrido, o qual sequer indicou
o nome do responsável pela suposta contratação,
razão pela qual é razoável a discussão acerca
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de sua

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existência. 7. Sustenta que as conversas de WhatsApp


não constituem elemento de prova lícito, pois
desprovida da prova de sua autenticidade eletrônica
ou da realização de perícia técnica, conforme consta
no art. 422, § 1º, do CPC. 8. Assevera que nos prints
acostados não há confissão de dívida a comprovar a
existência de relação jurídica entre as partes. Aduz
que o juízo a quo deixou de fundamentar a razão pela
qual aplicou a ?teoria da aparência? ao caso concreto.
9. Afirma, ainda, que não consta na sentença a
explicação de como os vídeos apresentados apontam
para a utilização do equipamento, na medida em que
podem ter sido fabricados com o fim de comprovar
contrato só por ele assinado, com claro animus de má-
fé. Justifica que o autor/recorrido não descreveu o
número de série dos equipamentos, de modo que não
há como saber se o equipamento supostamente locado
era o mesmo do indicado no vídeo. 10. Defende que o
simples fato de haver um vídeo, sem indicação de dia
e hora, no qual consta um funcionário utilizando
equipamento não tem o condão de constituir
argumento jurídico razoável para validar um contrato
e, tampouco, servir como fundamentação de que eles
?apontam para a utilização do equipamento?, como
afirma o juízo a quo na sentença objurgada. 11.
Defende que o autor/recorrido não comprovou os fatos
constitutivos do direito reivindicado, eis que não
apresentou qualquer elemento probatório da
formalização do contrato ou da sua anuência com os
termos da proposta e da prestação do serviço
indicado. 12. Requer sejam acolhidas as preliminares
suscitadas, ou, sucessivamente, pugna pela reforma
da sentença a fim de julgar improcedente o pedido
constante na exordial, por ausência de provas.
13. Inicialmente, não há que se falar em nulidade da
sentença quando o Juízo a quo solucionou a lide nos
estritos limites subjetivos e objetivos sobre os quais o
conflito de interesses restou proposto. No caso, a
sentença encontra-se devidamente fundamentada,
porquanto examina as questões de fato e de direito
debatidos nos autos. 14. Segundo consta no
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Enunciado

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162 do FONAJE, não se aplica ao Sistema dos Juizados


Especiais a regra do art. 489 do CPC/2015, diante da
expressa previsão contida no art. 38[2], caput, da Lei
9.099/95 (XXXVIII Encontro - Belo Horizonte-MG). 15.
No que concerne ao pedido de manifestação expressa
acerca de determinados dispositivos legais e
jurisprudências, o colendo Superior Tribunal de Justiça
e o TJDFT, em julgamentos recentes, firmaram
entendimento de que o julgador não está obrigado a
responder a todas as questões e teses suscitadas
pelas partes, quando já tenha encontrado motivo
suficiente para proferir a decisão. Preliminar de
nulidade da sentença rejeitada. 16. Não prospera,
também, a alegação de incompetência do Juizado
Especial, sob o argumento da necessidade de perícia,
vez que facultado ao julgador, como destinatário da
prova (art. 370, do CPC), o indeferimento da produção
daquelas tidas como protelatórias, inúteis ou
irrelevantes ao julgamento da lide, cabendo-lhe dirigir
o processo com liberdade para determinar aquelas que
precisam ser produzidas, para valorá-las e decidir
acerca da fé que deva merecer o documento, segundo
a persuasão racional, e para dar especial valor às
regras de experiência comum ou técnica, a teor do
disposto nos art. 5º[3], da Lei nº. 9.099/95 e art. 426,
do CPC[4]. 17. Com efeito, a parte, quando intimada a
se manifestar acerca dos documentos constantes nos
autos, poderá: impugnar a admissibilidade da prova
documental ou impugnar sua autenticidade (art. 436,
incisos I e II, do CPC). Para tanto, deverá basear-se
em argumentação específica, expor os motivos em
que funda a sua impugnação e os meios com que
provará o alegado, não admitida a alegação genérica
de falsidade (arts. 431 c/c 436, parágrafo único). 18.
Demais disso, nos termos do disposto no art. 429, do
CPC: ?Incumbe o ônus da prova quando: I - se tratar
de falsidade de documento ou de preenchimento
abusivo, à parte que a arguir; II
- se tratar de impugnação da autenticidade, à parte
que produziu o documento? (Grifo). Assim, nas duas
hipóteses apresentadas, o ônus caberá a partes
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distintas da relação jurídica. 19. Doutrina e


jurisprudência diferenciam os dois casos a partir da
constatação de que o inciso I prevê o questionamento
de todo o documento. Já o inciso II, restringe-se à
impugnação de parte do documento, como a aposição
de assinatura. 20. No caso, a ré/recorrente questiona
a autenticidade de todo o documento, pelo que o ônus
de provar a falsidade do documento caberá à parte
que o impugnou. Nesses termos: (Acórdão 1211028,
00084341320178070001, Relator: LUÍS GUSTAVO B.
DE OLIVEIRA, 4ª Turma Cível, data de julgamento:
23/10/2019, publicado no DJE: 30/10/2019. Pág.:
Sem Página Cadastrada.) 21. Nesse trilhar, como o
feito foi suficientemente instruído com provas
documentais, afasta-se a impugnação à autenticidade
dos documentos obtidos a partir do WhatsApp, até
porque os processos em curso nos Juizados Especiais
dispensam excesso de formalismo e podem
perfeitamente aceitar como autêntico os referidos
documentos, mormente quando não há qualquer
indício ou motivo relevante que justifique a suspeita
acerca da autenticidade do referido documento.
Preliminar de incompetência do juízo rejeitada. 22.
Não há como acolher, outrossim, a preliminar de
cerceamento de defesa ao argumento de não ter tido
acesso aos áudios das supostas conversas que
constam nos prints do WhatsApp apresentados pelo
autor/recorrido, os quais foram utilizados como
fundamento para sua condenação, haja vista que
referidos áudios não foram sequer mencionados na
sentença vergastada[5]. Preliminar de cerceamento de
defesa, rejeitada. 23. O Código Civil prevê no art. 107
que a validade da declaração de vontade não
dependerá de forma especial, exceto quando a lei
exigir. Assim, até o contrato verbal é valido desde que
seja lícito e não contrarie disposição legal, pois pode
ser comprovado por testemunhas, documentos, coisas
e outros elementos de prova[6]. 24. Nos termos do
art. 932, III, c/c art. 933, ambos do CC, é objetiva a
responsabilidade do empregador pelas ações ou

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omissões de seus funcionários que, no exercício de


suas atribuições, causem danos a terceiros. 25. Na
hipótese, deve ser aplicada a teoria da aparência, pois
o contrato de locação de equipamento foi firmado por
preposto da empresa ré/recorrente, com base na boa-
fé e na expectativa do cumprimento da relação
contratual. 26. A análise das conversas realizadas via
WhatsApp, em especial as constantes nos documentos
IDs 14345282, 14345286, 14345287,
14345288, 14345280,
14345285, 14345289 e 14345290, permite verificar
que, de fato, as partes firmaram contrato de locação
de equipamentos. 27. Os relatos constantes na inicial
corroboram com os documentos apresentados pelo
autor/recorrido[7], razão pela qual é possível concluir
o efetivo fornecimento dos equipamentos, bem como
que o Sr. Edson (engenheiro) e a Sra. Erica, de fato,
eram prepostos da ré/recorrente. 28. Isso porque, o
Sr. Edson (engenheiro da obra), utilizou o próprio
celular para informar ao autor/recorrido, através de
conversas via WhatsApp, que já teria solicitado ao
financeiro da empresa ré/recorrente o pagamento da
locação das máquinas, o que evidencia o fato de que a
locação foi realizada por ele, com autorização da
ré/recorrente[8].
29. Da mesma forma, ocorre com a análise do teor da
conversa do autor/recorrido com a Sra. Erica via
WhatsApp, integrante do financeiro da empresa
ré/recorrente, na qual ela informa que a demanda
seria verificada pelo responsável da engenharia e
contratos (ID 14345285)[9], bem como que seria
possível a realização do pagamento após autorização
da engenharia (ID 14345290)[10]. 30. Portanto, as
provas produzidas sob o crivo do contraditório
comprovam que a locação dos equipamentos foi
realizada pelo engenheiro (Sr. Edson), responsável por
serviço de responsabilidade da ré/recorrente, na
qualidade de preposto, motivo pelo qual se reconhece
a responsabilidade da empresa ré/recorrente pelo
pagamento do contrato de locação de
equipamentos[11]. 31. Verifica-se, ainda, que os
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prepostos da ré/recorrente (Edson e Erica)


reconhecem

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a falta de pagamento do valor de R$ 7.200,00,


referente a locação dos equipamentos. 32. Logo,
autor/recorrido desincumbiu a contento do seu ônus
de comprovar os fatos constitutivos do direito
reivindicado, eis que apresentou provas da realização
do contrato, bem como do efetivo fornecimento dos
equipamentos indicados no contrato de locação
firmado entre as partes. 33. Em se tratando de
imputação de fato negativo - inexistência do contrato
de locação - competiria à ré/recorrente demonstrar a
ocorrência de quaisquer circunstâncias impeditivas,
modificativas ou extintivas do direito do
autor/recorrido de receber as parcelas devidas
referente ao aluguel dos equipamentos (art. 373, II,
do CPC). Entretanto, não o fez. 34. Ocorre que a mera
alegação de inexistência do contrato de locação
desacompanhada de provas e documentos
probatórios, ou qualquer elemento de prova, não tem
o condão de infirmar os fatos narrados e os
documentos apresentados pelo autor/recorrido.
35. Lado outro, as provas apresentadas pelo
autor/recorrido são coerentes com a narrativa dos
fatos e são suficientes à comprovação da realização do
contrato de locação de equipamentos entre as partes e
da existência da dívida cobrada, no valor total de
R$ 7.200,00. 36. Comprovada a existência do contrato
de locação, o descumprimento da obrigação de
pagamento por parte da ré/recorrente, bem como a
ausência de qualquer demonstração de fato
impeditivo, modificado ou extintivo do direito alegado,
ficam configurados o inadimplemento contratual e o
dever de pagar os valores cobrados. 37. Pelas razões
expostas, irretocável a sentença que, diante da troca
de mensagens entre os contratantes, que indicam
relação de confiança no fornecimento de
equipamentos, bem como as promessas do
pagamento, reconheceu a existência da relação
contratual entre as partes e condenou a ré/recorrente
ao pagamento da referida quantia. 38. Recurso
conhecido. Preliminares de nulidade da sentença,
incompetência do juízo e cerceamento de defesa,
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rejeitadas. Improvido.

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Sentença mantida por seus próprios fundamentos. 39.


Condenada a parte recorrente ao pagamento das
custas processuais. Sem condenação ao pagamento
de honorários advocatícios, ante a ausência de
contrarrazões (art. 55, Lei 9.099/95). 40. A súmula de
julgamento servirá de acórdão, conforme regra do art.
46 da Lei n.º 9.099/95. [1][1] Art. 422. Qualquer
reprodução mecânica, como a fotográfica, a
cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie,
tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas
representadas, se a sua conformidade com o
documento original não for impugnada por aquele
contra quem foi produzida. § 1º As fotografias digitais
e as extraídas da rede mundial de computadores
fazem prova das imagens que reproduzem, devendo,
se impugnadas, ser apresentada a respectiva
autenticação eletrônica ou, não sendo possível,
realizada perícia. [2] Art. 38. A sentença mencionará
os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo
dos fatos relevantes ocorridos em audiência,
dispensado o relatório. [3] Art. 5º O Juiz dirigirá o
processo com liberdade para determinar as provas a
serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial
valor às regras de experiência comum ou técnica.
[4] Art.
426. O juiz apreciará fundamentadamente a fé que
deva merecer o documento, quando em ponto
substancial e sem ressalva contiver entrelinha,
emenda, borrão ou cancelamento. [5] ?(...). Com
efeito, os ?prints? da tela do aplicativo whatsapp
revelam conversas entre o autor e pessoa que falava
em nome da empresa requerida (teoria da aparência).
O diálogo indica a inadimplência da requerida e as
inúmeras tentativas do requerente em receber seu
crédito. Os vídeos encartados, por sua vez, apontam
para a utilização do equipamento. (...)? (Grifo) [6]
(Acórdão n.991148, 07251393420168070016,
Relator: EDILSON ENEDINO DAS CHAGAS 2ª Turma
Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do
DF, Data de Julgamento: 01/02/2017, Publicado no
DJE: 07/02/2017.) [7] Conversas via WhatsApp
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mais

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relevantes ao deslinde da causa: (ID 14345282,


março de 2019 - Wagner - ?Bom dia Edson Já tem
uma data do pagamento das magnas Estou
precisando? - Engenheiro Edson - ?Bom dia, vou
ver isso hoje? e ?Wagner Vamos fazer um ajuste
para pagar tudo à vista?); (ID 14345286 - Wagner ?Tá
no contrato a conta? - Engenheiro Edson - ?Blz
amanhã já agilizo aqui, blz?); (ID 14345287,
21/03/2019 - Engenheiro Edson ?Bom dia Wagner,
não está esquecido não. Vamos programar. Segura
mais um pouco que logo sai?. Wagner Se o senhor me
adiantasse pelo menos 2000 já adiantaria meu lado e
o resto eu pegaria no final da obra); (ID 14345288,
março 2019 - Engenheiro Edson - ?Bom dia, depois vc
verifica lá, já estava tudo certo?); (ID 14345280, abril
de 2019 - Engenheiro Edson - ?Boa tarde Edson
alguma novidade sobre o depósito das máquinas??);
(ID 14345285, agosto 2019
- Erica Lidoar ?Bom dia Wagner! Já encaminhei para o
responsável por engenharia e contratos, está sendo
verificado por eles, peço que aguarde o contato.
Grata;); (ID 14345289 - Wagner em conversa com
Erica Lidoar ?O contrato começa em 10/12 de 2018 e
vai até 10/04 de 2019= sendo o valor de 1.800
mensal totalizando =7.200 reais. Eu não estou
colocando nem o juros.?); (ID 14345290,
10/08/2019 - Erica Lidoar ?Boa tarde Wagner! Enviei
sua informação ao setor de engenharia, que só me
responderá na segunda, pois o expediente já se
encerrou. Faço parte do financeiro e só posso efetuar
pagamentos autorizados pela engenharia. Grata;). [8]
ID 14345282, março de 2019 - Wagner: ?Bom dia
Edson Já tem uma data do pagamento das magnas
Estou precisando? - Engenheiro Edson: ?Bom dia,
vou ver isso hoje?
- ?Wagner: Vamos fazer um ajuste para pagar tudo à
vista?; ID 14345286 - Wagner: ?Tá no contrato a
conta? - Engenheiro Edson: ?Blz amanhã já agilizo
aqui, blz?; ID 14345287, 21/03/2019 - Engenheiro
Edson: ?Bom dia Wagner, não está esquecido não.
Vamos programar. Segura mais um pouco que logo
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sai?
- Wagner: Se o senhor me adiantasse pelo menos 2000

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já adiantaria meu lado e o resto eu pegaria no final da


obra; ID 14345288, março 2019 - Engenheiro
Edson: ?Bom dia, depois vc verifica lá, já estava tudo
certo?; ID 14345280, abril de 2019 - Engenheiro
Edson: ?Boa tarde Edson alguma novidade sobre o
depósito das máquinas??; [9] ID 14345285, agosto
2019 - Erica Lidoar: ?Bom dia Wagner! Já encaminhei
para o responsável por engenharia e contratos, está
sendo verificado por eles, peço que aguarde o contato.
Grata?. [10] ID 14345290, 10/08/2019 - Erica
Lidoar: ?Boa tarde Wagner! Enviei sua informação ao
setor de engenharia, que só me responderá na
segunda, pois o expediente já se encerrou. Faço parte
do financeiro e só posso efetuar pagamentos
autorizados pela engenharia. Grata? [11] Precedente:
(Acórdão 1159744, 07075071220188070020, Relator:
ARNALDO CORRÊA SILVA, Segunda Turma Recursal,
data de julgamento: 20/3/2019, publicado no DJE:
27/3/2019. Pág.: Sem Página Cadastrada.)
(TJ-DF 07028814920198070008 DF 0702881-
49.2019.8.07.0008, Relator: CARLOS ALBERTO
MARTINS FILHO, Data de Julgamento: 25/05/2020,
Terceira Turma Recursal, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 09/06/2020 . Pág.: Sem Página
Cadastrada.)

Trata-se de conduta atentatória à boa-fé processual esperada


que deve conduzir ao imediato reconhecimento, com todos os reflexos
legais, em especial à condenação por LITIGANCIA DE MÁ-FÉ.
Portanto, requer que seja promovido no trâmite deste
incidente, exame pericial dos documentos de ID 118309980, ID
118309989, ID 118309994, ID 118309999, ID 118311617, ID
118311651 e ID
118311655 acostados nos autos deste processo.

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DA MANIFESTAÇÃO DOS DOCUMENTOS

Insta salientar, Excelência, que o objetivo do autor em sua


réplica nada mais é do que, ardilosamente com sua má-fé explicita,
tentar novamente ludibriar este douto juízo, visto que, se caso houver a
possibilidade da voz gravada nos áudios acostados pelo autor como
prova nos autos do processo ser de fato do requerido, ainda que assim
seja, nada do que foi dito o culpabiliza do ocorrido.

Muito pelo contrário excelência, prova que o requerido agiu de


boa-fé e tentou ajudar o autor, na tentativa de acionar a clausula que
compete ao dano à terceiro, que beneficiaria o autor, por pura
solidariedade, visto as suas precárias condições no que tange a perda
total do veículo no acidente que, conforme laudo pericial da seguradora
já colacionado aos autos, foi o próprio autor que provocou adentrando
a faixa contrária da rodovia em que o requerido estava trafegando,
ocasionando a colisão dos veículos.

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ROL DE TESTEMUNHAS

Atendendo ao que está disposto, com fulcro no art. 450, do


CPC, vem apresentar rol de testemunha, conforme relação abaixo, com
vistas a serem intimadas para a audiência que designar.

TESTEMUNHA 1.
AILTON ROSA, portador do CPF 018.605.535-83, instalador,
solteiro, residente e domiciliado na Rua Geraldo Martins, nº17-E, CEP:
41213-220, Sussuarana- Salvador- Bahia

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5. REQUERIMENTOS

Por todo o exposto, requer:

A) O recebimento da presente manifestação com a


desconsideração dos documentos apresentados

B) A condenação do autor na litigância de má-fé, nos termos do


art. 81, do CPC, com a incidência de multa a critério de V.Exa;

C) Extinção da ação, por incompetência do juízo, em razão da


complexidade da causa por necessidade de perícia técnica;

Nesses termos, pede e espera deferimento.

LUCAS ANDRÉ GÓES RIBEIRO CAVALCANTI1


OAB-BA 32.114

1 Assinado eletronicamente.

Av. Santa Luzia, edf. Horto Empresarial, Conj. 605/6, nº 1136, Horto Florestal, CEP 40295-
050.

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