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PROPÓSITO
Compreender as principais modalidades de bens e as teorias mais atuais sobre o tema para a
formação e para a atuação profissional futura, por meio de uma perspectiva funcionalizante a
partir da axiologia constitucional, sabendo
que estes conhecimentos têm sido cada vez mais
exigidos dos operadores do Direito.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos o Código Civil (Lei nº 10.406/2002) e a
Lei nº 8.009/1990.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Abordaremos um assunto que, apesar de tradicional, vem sendo revisitado pela doutrina
especializada, sobretudo após o processo de constitucionalização do Direito e, em especial, do
Direito Civil. É assim que vamos, em primeiro
lugar, esmiuçar os conceitos e modalidades de
bens admitidos pelo nosso ordenamento, para, em seguida, conhecer um pouco mais sobre as
polêmicas que surgem com relação ao chamado bem de família. Por fim,
entenderemos a
teoria do patrimônio da pessoa humana, que se ancora na dignidade da pessoa humana e no
estatuto do patrimônio mínimo.
Os temas serão analisados isoladamente em módulos e tópicos próprios, mas fica aqui desde
já uma questão importante que deve ser objeto de reflexão por todos nós: qual a importância
da axiologia constitucional e, em especial, da dignidade da pessoa humana para o
acesso aos bens?
Vamos, então, ao nosso estudo, que compreende o estudo dos artigos 79 a 103 do Código
Civil.
MÓDULO 1
CONCEITO
O que são bens? Podemos dizer, inicialmente, que não há consenso na doutrina e nos
ordenamentos jurídicos ao redor do mundo sobre a diferença entre bens e coisas. Cada
código adota um entendimento.
A título de exemplo, verificamos que o Código Civil português
designa como coisa aquilo que, como veremos, entende-se no Brasil como sendo bem.
Já o Código Civil brasileiro não é claro, além de ser assistemático. Essa ausência de rigor
terminológico faz com que acabe ficando a cargo da doutrina diferenciar bens e coisas. Nesse
sentido, segundo Tepedino (2011), podemos
afirmar que se consideram coisas todas as
entidades do universo, algumas das quais, designadas tecnicamente como bens, são
identificadas como ponto de referência objetivo de relação jurídica.
É por isso que, conforme Tepedino (2021), a doutrina somente considera como coisa em
sentido jurídico aquelas suscetíveis de se constituir objeto de direito, coincidindo, nesta
acepção estreita, com a noção de bem,
corretamente adotada pela codificação atual (muito
embora mantenha a designação “Direito das Coisas” para seu Livro III).
Bem seria tudo aquilo que possa ser objeto de direito, ou seja, tudo aquilo que, direta ou
indiretamente, satisfaça um interesse ou necessidade humano e como tal possa ser tutelado
pelo Direito. Deve existir
palpavelmente ou ser tangível.
ATIVIDADE: DIVISIBILIDADE
---------- a) Um carro
Falso
---------- b) Uma conduta
Verdadeiro
Verdadeiro
---------- d) A lua
---------- f) Os direitos
Verdadeiro
autorais
Verdadeiro
RESPOSTA
Um carro, uma conduta e uma criação são bens. A lua é uma coisa, embora não seja um bem.
Por seu turno, a honra e os direitos autorais são bens que não são coisas.
Verdadeiro a) Um carro
Falso d) A lua
Verdadeiro e) A honra
De acordo com Tepedino (2021), diz-se, finalmente, que coisa se constitui em gênero, que
abrange todos os elementos perceptíveis, sendo bem a espécie, a traduzir aquilo que pode
consubstanciar objeto de direito, e
que pode ser considerado coisa em sentido jurídico.
A coisa é algo corpóreo, com existência física e os bens, que são espécies de coisas, são
tudo aquilo que seja objeto de direito e satisfaça uma necessidade ou interesse humano.
ATENÇÃO
Precisamos ainda fazer dois alertas importantes:
1) Não podemos confundir o objeto do direito com o conteúdo do direito, uma vez que,
segundo Tepedino (2021), o mesmo bem jurídico pode servir de referência objetiva para
direitos com
conteúdos distintos, ou seja, com modalidades de utilização peculiares aos
interesses em jogo. Conteúdo do direito é a utilidade que se extrai do bem jurídico para
propiciar determinado aproveitamento econômico.
Pensemos, por exemplo, que sobre um
mesmo bem imóvel incidam diversos direitos de titularidades distintas, a exemplo dos direitos
de propriedade, servidão e até mesmo a proteção ambiental.
2) Tepedino (2021) diz que não podemos circunscrever a análise dos bens jurídicos à lógica
proprietária, ou seja, à suscetibilidade de apropriação privada. Isso porque há muitos
interesses, sobretudo aqueles coletivos
e difusos, como o meio ambiente, que são dignos de
proteção do ordenamento mesmo sendo insuscetíveis de comercialização.
Ainda nesta parte introdutória, cabe enunciarmos a noção de patrimônio, que retomaremos
mais adiante, no terceiro módulo. Podemos recorrer aqui à clássica definição de Clóvis
Beviláqua (2001), para quem o patrimônio seria o complexo das relações jurídicas de uma
pessoa que tiverem valor econômico.
Assim, compreendem-se no patrimônio tanto os
elementos ativos quanto os passivos, isto é, os direitos de ordem privada economicamente
apreciável e as dívidas. É a atividade econômica de uma pessoa, sob o seu aspecto jurídico,
ou a projeção econômica civil.
Para finalizarmos, precisamos ainda reproduzir um importante alerta feito, sobretudo, pela
Escola de Direito Civil Constitucional da UERJ. Trata-se da ideia de que, embora a noção de
bens jurídicos “se situe na estrutura da
relação jurídica, só poderá ser compreendida de acordo
com a função desempenhada pela situação jurídica de que serve de objeto” (TEPEDINO, 2021,
p.185). Em outras palavras: Deve-se superar uma análise meramente estrutural
dos bens
jurídicos, preferindo-se, antes, uma visão que atente para a função desempenhada em
concreto.
Essa noção será importantíssima para a análise que vem a seguir, relativa às modalidades de
bens jurídicos.
O nosso Código se estrutura da seguinte forma: no Livro II (Dos Bens), traz o título único: “Das
Diferentes Classes de Bens” e, dentro deste título, traz três capítulos:
Antes de seguir o nosso estudo conforme a ordem apresentada acima, cabe analisar
rapidamente a diferença entre os chamados bens corpóreos e bens incorpóreos. Trata-se
de classificação que não
escapa de polêmicas e controvérsias doutrinárias.
BENS CORPÓREOS
BENS INCORPÓREOS
BENS CORPÓREOS
Na definição de Gustavo Tepedino e Milena Donato Oliva (2021), são bens de natureza
corpórea não só os objetos tangíveis, identificados no Direito romano como aqueles que
poderiam ser tocados com os dedos — quae tangi possunt —, mas os de qualquer modo
perceptíveis sensorialmente. Ou, na definição mais sucinta de Clóvis Beviláqua (2001), são os
que ocupam lugar limitado no espaço.
BENS INCORPÓREOS
Os bens incorpóreos seriam aqueles que adquirem vida (jurídica) no mundo ideal ou espiritual,
provindos por vez de valores essenciais à pessoa humana. Como exemplos, podemos citar “a
energia motriz em que resulta a atividade
prestacional (obrigação de fazer e não fazer), que
tem por objeto o comportamento humano” (TEPEDINO, 2021).
Além disso, com a evolução tecnológica, a cada dia podemos identificar novos bens jurídicos,
notadamente imateriais, como as criações intelectuais, a informação, o know-how, os
interesses difusos, a reclamarem
disciplina jurídica.
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Essa distinção costuma ter relevância prática quando consideramos que alguns institutos só se
aplicam aos bens corpóreos, como é o caso dos direitos reais, que, em geral, só têm por objeto
bens desta natureza. Além disso, no
que diz respeito “à forma de transferência, estes são
objeto de compra e venda, doação, permuta. A alienação de bens incorpóreos, todavia, faz-se
pela cessão. Daí falar-se em cessão de crédito” (GONÇALVES, 2013).
VOCÊ SABIA
Passando à classificação dos bens considerados em si mesmos, uma primeira divisão diz
respeito à diferença entre os bens móveis e bens imóveis. Em ambas as figuras, o Código dá
uma definição
geral e depois cria ficções jurídicas, isto é, situações que, pela definição legal
seriam móveis, por força de lei são imóveis e vice-versa.
BENS MÓVEIS
BENS IMÓVEIS
BENS MÓVEIS
Segundo o artigo 79: “São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente”. Por outro lado, de acordo com o artigo 82: “São móveis os bens suscetíveis de
movimento próprio, ou de remoção por
força alheia, sem alteração da substância ou da
destinação econômico-social.” Mais uma vez, a distinção aqui tem relevância, pois certos
institutos, como a hipoteca (direito real de garantia), só são admitidos, em princípio,
para bens
imóveis.
O regime jurídico aplicável a cada tipo de bem difere, como no caso do artigo 108 do Código,
segundo o qual: “Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade
dos negócios jurídicos que visem
à constituição, transferência, modificação ou renúncia de
direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no
País.” Ou seja: bens móveis acima do valor estipulado pela lei só podem ser a sua
propriedade transferida por meio de escritura pública.
BENS IMÓVEIS
A doutrina sintetiza que o bem imóvel é “aquilo que não se pode transportar sem destruí-lo ou
alterá-lo em sua substância” (TEPEDINO, 2021). Podemos ainda o subdividir em três classes:
Acessões naturais
Aluvião e avulsão
Acessões industriais
Pensemos, por exemplo, em construções (como uma casa ou um edifício) e até mesmo
plantações. O Código Civil de 1916 tratava ainda das acessões intelectuais, mas elas foram
convertidas no que hoje se compreende como pertenças
(artigos 93 e 94 do Código Civil atual).
A disciplina da aluvião está prevista no artigo 1.250 do Código Civil, que disciplina que os
acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao
longo das margens
das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos
terrenos marginais, sem indenização.
Foto: Shutterstock.com
A disciplina da avulsão está no artigo 1.251, dispondo que quando, por força natural violenta,
uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a
propriedade
do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um
ano, ninguém houver reclamado.
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“O solo e tudo que a ele adere como parte integrante da natureza e que se fixa ao solo pela
raiz” (TEPEDINO, 2021).
Como exemplos, podemos citar lagos, lagoas, árvores e frutos pendentes (desde que
naturalmente gerados e até que sejam colhidos e separados do solo).
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ATENÇÃO
Nessa linha, segundo o artigo 81 do Código, não perdem o caráter de imóveis as edificações
que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local,
assim como os materiais provisoriamente
separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
Isso significa, segundo Tepedino (2021), que não é preciso que a remoção seja impossível,
mas, como dispunha o Código de 1916, que não se possa retirar sem destruição, modificação,
fratura ou dano, ou mais modernamente,
sem alteração de sua destinação econômica. Registro
importante é que “prédio” não significa necessariamente uma construção vertical com vários
andares, sendo aqui sinônimo de construção.
Por fim, temos os bens imóveis por determinação legal, que obedecem ao artigo 80 do
Código. Segundo Tepedino (2021), em função dessa ficção jurídica, passam a ter natureza
imobiliária:
Os direitos reais sobre coisa alheia, previstos no art. 1.225 do Código Civil, como o usufruto de
bens imóveis, a servidão predial, o direito de superfície.
II
As ações para sua tutela, como a reivindicatória, hipotecária, negatória de servidão e assim por
diante.
III
O direito à sucessão aberta, mesmo se o acervo hereditário for composto exclusivamente por
bens móveis, separando o legislador, nitidamente, os bens do acervo hereditário do direito à
transmissão em si considerado.
Os bens móveis, na definição de Clóvis Beviláqua (2001), são os bens que, sem deterioração
na substância ou na forma, podem ser transportados de um lugar para outro, por força própria
ou estranha. Além dos
animais, que, por ora são considerados semoventes (existe discussão
no Congresso para retirar-lhes desta categoria), o artigo 82 “abarca mobiliário inanimado
abrangente, tendo por limite legal a preservação da destinação
econômico-social do bem em
seu deslocamento” (TEPEDINO, 2021).
O legislador aqui, tal como nos bens imóveis, também fez surgir a categoria dos bens móveis
por determinação legal.
CONSIDERAM-SE MÓVEIS PARA OS EFEITOS LEGAIS:
I - AS ENERGIAS QUE TENHAM VALOR ECONÔMICO; II
- OS DIREITOS REAIS SOBRE OBJETOS MÓVEIS E AS
AÇÕES CORRESPONDENTES; III - OS DIREITOS
PESSOAIS DE CARÁTER PATRIMONIAL E
RESPECTIVAS
AÇÕES.
COMENTÁRIO
Segundo Tepedino (2021), “Cuida-se aqui de opção legislativa, própria da tradição romano-
germânica, de subtrair do controle típico do direito imobiliário bens que, ao ver do legislador,
mereceriam circulação mais dinâmica
e menos solene”.
Em seguida, o artigo 84 traz que: “Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não
forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os
provenientes da demolição de algum prédio”.
Pensemos, por exemplo, na madeira que vai ser utilizada para construir uma casa. Até a sua
construção, ela é considerada móvel. Caso haja demolição definitiva, isto é, esta não seja mero
desmonte para posterior reconstrução,
ela também será considerada um bem móvel.
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Por fim, esgotando esta classificação, temos a noção dos bens móveis por antecipação,
constante do artigo 95 do Código, que consagra que, apesar de ainda não separados do bem
principal, os frutos e produtos
podem ser objeto de negócio jurídico. Esta figura é admitida
“para a hipótese de imóveis que, mercê de sua destinação econômica, tendente a fazê-los
objeto de negócio jurídico como coisas móveis, são tratados como bens
móveis, assim
mobilizados por expressão da autonomia privada” (TEPEDINO, 2021).
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Podemos citar o caso de uma safra que tenha sido “antecipadamente alienada, por exemplo,
ainda que se mantenha vinculada ao solo por certo período, nos termos contratuais fixados
entre vendedor e comprador. De fato, conforme
ressaltado em doutrina, a qualidade imobiliária
dura enquanto durar a imobilização” (TEPEDINO, 2021).
BENS FUNGÍVEIS
São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e
quantidade. Como exemplo de fungíveis, podemos citar o dinheiro e os gêneros alimentícios
em geral.
BENS INFUNGÍVEIS
São infungíveis os bens que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
quantidade e qualidade. São exemplos de bens infungíveis pinturas e livros raros.
ATENÇÃO
Cabe observar que a identificação quanto à (in)fungibilidade de um bem deve ser feita em
concreto. Isso porque uma moeda que hoje pode ser claramente identificada como fungível,
com o passar do tempo pode se tornar
infungível em razão de sua raridade e de eventual
interesse de colecionadores. Nesse caso, é a vontade humana que transforma em
infungível algo que, por sua própria natureza, seria fungível.
Além disso, embora normalmente a fungibilidade seja característica de bens móveis (que,
como visto, podem ser infungíveis), pode ocorrer que, excepcionalmente e para se privilegiar a
função dos bens, em certos negócios,
ela alcance também os imóveis, “como, por exemplo, no
ajuste, entre sócios de um loteamento, sobre eventual partilha em caso de desfazimento da
sociedade, quando o que se retira receberá certa quantidade de lotes.
Enquanto não lavrada a
escritura, será ele credor de coisas fungíveis, determinadas apenas pela espécie, qualidade e
quantidade” (GONÇALVES, 2013).
Podemos identificar a importância dessa classificação, por exemplo, na distinção entre dois
tipos contratuais semelhantes:
Mútuo
Comodato
Por fim, podemos destacar que a fungibilidade abrange não apenas os objetos de direito, mas
também as prestações, isto é, de obrigações de fazer ditas infungíveis, como a que contrata
um pintor de parede. Diferente seria se
a pintura fosse de uma tela retratando uma pessoa.
Foto: Shutterstock.com
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Outra classificação é aquela que diferencia os bens entre consumíveis e não consumíveis
ou inconsumíveis, presente no artigo 86, que dispõe que são consumíveis os bens móveis
cujo uso importa
destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais
os destinados à alienação. Diferentemente do Código de Defesa do Consumidor, que não
acolhe tal classificação (lá se distingue entre bens duráveis
e não duráveis), o Código Civil a
adota e ainda a subdivide em duas espécies:
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Por exemplo: biscoito que ao ser comido importa a destruição imediata da sua própria
substância).
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(II) CONSUNTIBILIDADE/CONSUMIÇÃO JURÍDICA
Aqui, o bem não se destrói ao primeiro uso, embora seja, em essência, consumível.
DICA
Basta pensar que o mesmo pacote de biscoito enquanto estava à venda na prateleira do
supermercado era consumível juridicamente, porque o artigo 86 em sua parte final diz que os
bens destinados à alienação serão consumíveis.
Beviláqua (2001) traz o elucidativo exemplo dos livros, que nas prateleiras de uma livraria,
serão consumíveis por se destinarem à alienação e, nas estantes de uma biblioteca, serão
inconsumíveis, porque aí se acham para serem
lidos e conservados.
Apesar de na realidade prática qualquer objeto poder ser consumido um dia, ainda que isso
leve bastante tempo, juridicamente o critério para o Código é o desaparecimento no primeiro
uso.
Dito diversamente, segundo Gonçalves (2013): se uma roupa não desaparece no seu primeiro
uso, por mais que vá se gastando lentamente com a utilização, ela será reputada como
inconsumível para os fins da legislação.
Aqui, a relevância da distinção pode ser notada, por exemplo, na ideia de que, em regra, certos
direitos não podem recair sobre bens consumíveis, como se dá com o usufruto, que, se recair
sobre bens desta natureza passa a ser
considerado um “quase usufruto” ou “usufruto
impróprio” a atrair regulamento específico, conforme o artigo 1.392, §1º (GONÇALVES, 2013).
Em princípio, todo bem/corpo pode ser dividido, ainda que para isso seja preciso utilizar
ferramentas potentes. No entanto, para o Direito, o conceito de (in)divisibilidade é outro, pois
indivisível será o bem, caso seu fracionamento,
embora fisicamente possível, importar
menoscabo ou desnaturar a vocação econômica a que se destina. O bem divisível pode ser
fracionado em parcelas homogêneas, que conservam todas as características equivalentes,
compatíveis
com o todo originário (TEPEDINO; OLIVA, 2021).
Por determinação legal (indivisibilidade jurídica). Por exemplo: hipoteca (segundo o artigo
1.421).
III
Por vontade das partes (indivisibilidade convencional). Por exemplo: quando as partes tornam
a coisa indivisa (como na hipótese do artigo 1.320, §1º)
É nesse sentido a dicção do artigo 88: “Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se
indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.”
A) ARROZ
Divisível
Indivisível
B) FEIJÃO
Divisível
Indivisível
C) RELÓGIO
Divisível
Indivisível
D) CAFÉ
Divisível
Indivisível
E) LIVRO
Divisível
Indivisível
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Em seguida, o Código diferencia os bens entre singulares e coletivos. Preceitua o artigo 89:
“São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente
dos demais.”
SINGULAR É O BEM CONSIDERADO
(FUNCIONALMENTE) EM SUA INDIVIDUALIDADE,
INDEPENDENTEMENTE DE SE ENCONTRAR REUNIDO
COM OUTROS DA MESMA NATUREZA. COLETIVO OU
UNIVERSAL, AO REVÉS, É O BEM CONSTITUÍDO PELO
TODO UNITÁRIO E ORGÂNICO
RESULTANTE DA
REUNIÃO DE OBJETOS (UNIVERSALIDADE).
Há um exemplo que facilita a visualização: uma árvore e um livro são bens singulares. No
entanto, uma floresta e uma biblioteca são bens coletivos, ou, como o Código esmiúça:
universalidades.
Por outro lado, são coletivas as coisas que “sendo compostas de várias coisas singulares, se
consideram em conjunto, formando um todo” (BEVILÁQUA, 2001). Nesse contexto,
distinguimos os bens coletivos em dois tipos de universalidades:
de fato e de direito.
DE FATO
Segundo o artigo 90: “Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que,
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Parágrafo único. Os bens que
formam essa universalidade podem ser objeto
de relações jurídicas próprias.”
DE DIREITO
O artigo 91 dispõe que: “Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas,
de uma pessoa, dotadas de valor econômico.”
EXEMPLO
Pensemos no caso do lobo, que existe per si, entretanto, uma alcateia é uma universalidade de
fato, assim como um rebanho. Quando há uma universalidade de fato, podem-se criar relações
jurídicas que a envolvam,
ou seja, pode-se vender tanto uma única vaca como todo o rebanho
como algo unitário. Em razão de tê-las coligado, elas podem até mesmo servir como garantia,
no chamado penhor pecuário: não são 20
bois, mas todo o rebanho. Daí decorre que a
universalidade pode ser objeto de direito.
Por outro lado, a universalidade de direito é aquela criada e imposta pela própria lei, que atribui
caráter de unidade a uma pluralidade de bens. É o caso da herança, da massa falida, do
patrimônio e do fundo de comércio.
Prossegue então o Código para a classificação dos Bens Reciprocamente Considerados, que
nada mais é do que a relação que se dá entre os bens.
A primeira delas é a que os divide entre bens principais e bens acessórios.
O artigo 92 do Código Civil define que “principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou
concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal”.
De acordo com Gustavo Tepedino e Milena Donato Oliva (2021), “a ideia aqui é de que diante
de dois ou mais bens reciprocamente considerados, reputa-se principal o bem cuja função
pode ser realizada independentemente de qualquer
outro, tendo-se, em contrapartida, como
acessório o bem cujo destino depende do principal”.
Precisamos ter cuidado com o substantivo existe utilizado pelo legislador, de tal sorte que ele
deve ser compreendido “no sentido de sua justificativa funcional, na medida em que sua
finalidade econômica não
é própria senão a do bem principal, para cujo alcance devota
inteiramente sua existência jurídica” (TEPEDINO; OLIVA, 2021).
Essa relação de acessoriedade pode ocorrer tanto entre coisas, como entre direitos, sejam eles
pessoais/de crédito ou reais. Como exemplos, segundo Gonçalves (2013), podemos pensar na
árvore, que é acessória ao solo, assim
como no contrato de fiança, que pode vir como
acessório a um contrato principal de locação.
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ARTIGO 93
“São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.”
ARTIGO 94
“Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo
se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.”
Podemos definir as pertenças como “os bens móveis que, não constituindo partes integrantes
(como o são os frutos, produtos e benfeitorias), estão afetados por forma duradoura ao serviço
ou ornamentação de outro, como os tratores
destinados a uma melhor exploração de
propriedade agrícola e os objetos de decoração de uma residência, por exemplo"
(GONÇALVES, 2013).
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Aqui, o que existe é uma relação de pertinencialidade, já que as pertenças “não são
acessórios (já que têm finalidade econômica autônoma) ou partes integrantes (eis que
valorados em separado em relação ao bem
principal)” (TEPEDINO; OLIVA, 2021).
ATENÇÃO
Vale ressaltar que é possível que haja “pertença de bem móvel em relação a bem imóvel (como
é o caso da maquinaria de certa planta industrial ou dos quadros que adornam as paredes da
casa), de bem móvel em relação a
bem móvel (como é o caso do aparelho avulso de rádio em
relação ao carro)” (Idem, 2021).
De acordo com o artigo 94, podemos extrair que, caso o bem principal seja vendido (exemplo:
casa), não se presume automaticamente que as pertenças (exemplo: quadros de decoração)
serão vendidas conjuntamente, a menos
que o contrário resulte da lei ou possa ser inferido
tanto da vontade das partes, como das circunstâncias do negócio.
Produtos
Segundo Clóvis Beviláqua (2001), os produtos são as utilidades que se retiram da coisa,
diminuindo-lhe a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente, como as pedras e os
metais, que se extraem das pedreiras
e das minas.
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Frutos
A principal distinção dos frutos em relação aos produtos é que “a colheita destes não diminui o
valor nem a substância da fonte, e daquele sim” (GONÇALVES, 2013).
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Os frutos, por outro lado, são aquelas utilidades que uma coisa periodicamente produz, de tal
modo que eles podem nascer e renascer da coisa sem que isso acarrete a destruição no todo
ou em parte. Pensemos,
por exemplo, nas frutas que brotam das árvores e nos vegetais que o
solo espontaneamente fornece. Seus elementos caracterizadores, segundo Gonçalves (2013),
são, portanto, a (i) periodicidade, (ii) a inalterabilidade da
substância da coisa principal, e, por
fim, (iii) a separabilidade da coisa principal.
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FRUTOS NATURAIS
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FRUTOS INDUSTRIAIS
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FRUTOS CIVIS
Correspondem à remuneração oferecida pela utilização do bem (rendas, alugueis, juros) e, por
isso, designam-se rendimentos.
As duas primeiras categorias podem ser reunidas no gênero frutos in natura, por oposição aos
frutos civis, que se reputam in pecunia. (TEPEDINO; OLIVA, 2021).
III
IV
Por fim, o legislador trouxe a categoria das benfeitorias, que nada mais são do que “as obras
que se fazem num móvel ou num imóvel para conservá-lo ou melhorá-lo ou simplesmente
embelezá-lo” (BEVILÁQUA, 2001).
VOLUPTUÁRIAS
São as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o
tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
ÚTEIS
São as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
NECESSÁRIAS
São as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
À luz disso, é necessária a benfeitoria que repare a tubulação rompida de uma casa, é útil a
construção de um banheiro e é voluptuária a construção de uma estátua no jardim. A
repercussão da classificação pode ser observada,
por exemplo, nos artigos 1.214, 1.219 e
1.221 do Código Civil.
ATENÇÃO
No vídeo a seguir, o professor Filipe Medon faz uma abordagem das diferentes classificações
dos bens. Vamos assistir!
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Para finalizarmos este primeiro módulo, precisamos analisar, ainda, os bens de domínio
público, que, de acordo com o artigo 98 do Código, são os bens do domínio nacional
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno; todos os outros são particulares,
seja qual for a pessoa a que pertencerem.
A relevância dessa distinção é verificada, sobretudo, no regime jurídico de direito público, que
traz disciplina específica para cada espécie. Nada obstante, o Código Civil também trouxe
algumas normas, que passamos a examinar
a seguir.
Em primeiro lugar, determina o artigo 100 que os bens públicos de uso comum do povo e os de
uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei
determinar. Por outro lado, segundo o artigo
101, os bens públicos dominicais podem ser
alienados, observadas as exigências da lei. Trata-se, como podemos perceber, de um efeito
importante da classificação, já que somente estes últimos podem ser alienados aos
particulares.
Os requisitos para tal alienação, na esfera federal, podem ser encontrados no
artigo 17 da Lei nº 8.666/1993.
Por fim, dispõe o artigo 102 que os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Este
dispositivo é consentâneo com o disposto nos artigos 183, §3º e 191, parágrafo único da
Constituição da República e parece solapar a discussão
acerca da possibilidade de usucapião
de bens dominicais, apesar de ainda haver doutrina neste sentido (DI PIETRO, 2015). Por
derradeiro, estabelece o artigo 103 que: “O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou
retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem”.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A categoria das acessões intelectuais do Código Civil de 1916 é hoje compreendida como
frutos.
GABARITO
Os bens acessórios acompanham a sorte do principal, o que significa dizer que acompanham
este último. Sua existência supõe a do principal.
Dispõe o artigo 102 que: “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.” Este dispositivo é
consentâneo com o disposto nos artigos 183, §3º e 191, parágrafo único, da Constituição da
República e parece solapar a discussão acerca da possibilidade de usucapião de bens
dominicais, apesar de ainda haver doutrina neste sentido.
MÓDULO 2
Esta metodologia demanda que abandonemos as análises meramente estruturais dos direitos
e das situações jurídicas, passando-se, assim, a privilegiar uma abordagem que atente para o
aspecto funcional do direito. Dessa maneira,
o merecimento de tutela de um direito passa a ser
condicionado não mais à sua qualificação abstrata enquanto direito, mas ao papel por ele
desempenhado em concreto. Ou seja: até mesmo os direitos tidos como vazios de
contraprestação
se inserem numa perspectiva relacional, numa situação subjetiva complexa,
que impõe deveres e não só prerrogativas favoráveis.
Daí decorre, segundo Tepedino (2009), que até mesmo a propriedade, para ser tutelada, tem
que cumprir uma função constitucional, isto é, um objetivo que atenda e privilegie valores
instituídos pela axiologia da Carta.
ATENÇÃO
A pessoa deve prevalecer sobre qualquer valor patrimonial. Os institutos patrimoniais não são
imutáveis: é preciso adequá-los aos novos valores, na passagem de uma jurisprudência civil
dos interesses patrimoniais a
uma mais atenta aos valores existenciais, que não servem só de
limite ou finalidade: eles incidem, portanto, sobre a função do instituto e sobre sua natureza.
Assim, permite-se reconstruir o sistema (e o próprio
Direito Civil) segundo o valor da pessoa,
não aumentando ou reduzindo a tutela das situações patrimoniais, mas com uma tutela
qualitativamente diversa (PERLINGIERI, 2002).
Gustavo Tepedino (2009), analisa que a autonomia privada sofreu uma alteração qualitativa,
nos seus três aspectos. Assim, do ponto de vista subjetivo, deixou-se para trás a prevalência
do sujeito de direito enquanto categoria
abstrata, para a análise da pessoa concretamente
considerada, com suas singularidades, que a inferiorizam e vulneram com uma igualdade não
mais só formal, mas agora também material. Do sujeito de direito passou-se à
criança, ao
consumidor e, por que não dizer, ao internauta, ao cidadão conectado e integrado à rede
mundial de computadores.
No aspecto formal, a forma, que antes servia para a segurança patrimonial das transferências,
passa a ter “papel delimitador da autonomia privada em favor de interesses socialmente
relevantes e de pessoas em situações de
vulnerabilidade” (Idem, 2009).
Por fim, a autonomia privada passou por uma transformação no seu aspecto objetivo: novos
interesses existenciais passaram a se sobrepor aos patrimoniais. Tem-se, assim, verdadeira
reconstrução das categorias do Direito Privado
a partir do surgimento de situações jurídicas
completamente inéditas, vindas muitas vezes do progresso tecnológico. Cabe ao Direito tutelar
a pessoa diante desses novos bens jurídicos que passam a ser objeto de situações
existenciais.
Convencional/voluntário
OU
Legal/involuntário/obrigatório:
Em cada situação será regido por normas específicas. O legal é regido pela Lei nº 8.009/1990
e o voluntário pelos artigos 1.711 a 1.722 do Código Civil, além dos artigos 260 a 265 da Lei nº
6.015/73.
Ambas as espécies incidem tanto sobre bens imóveis, como os móveis que estejam a eles
vinculados. No entanto, o voluntário, segundo Gonçalves (2017), só se verifica quando o
proprietário tem dois ou mais imóveis
residenciais e deseja optar por um deles, para mantê-lo
protegido, e o fizer mediante escritura pública ulteriormente registrada. A doutrina ainda aponta
que a minuciosa regulamentação feita pelo Código Civil tem pouca
aplicação prática, na
medida em que esta espécie é raramente instituída.
DICA
Uma diferença significativa entre as espécies diz respeito ao alcance e à eficácia. Uma vez que
o bem de família legal independe de qualquer manifestação de vontade das partes, ele se
revela como um “expediente de elevado
alcance social, apresentando eficácia imediata e
automática para todos os beneficiados. De acordo com o Enunciado nº 205 da Súmula do STJ,
a Lei nº 8.009/1990 aplica-se inclusive à penhora realizada antes de sua
vigência” (TEPEDINO;
OLIVA, 2021). Por outro lado, o bem de família convencional ou voluntário só projetará seus
efeitos a partir da sua instituição formal.
O Código Civil autoriza no artigo 1.711 a instituição do regime convencional pelos cônjuges,
pelos integrantes da entidade familiar ou, ainda, por terceiro (pelo parágrafo único o terceiro
poderá instituí-lo por testamento
ou doação, mas a eficácia do ato dependerá da aceitação
expressa de ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada), mediante
escritura pública ou testamento, desde que a destinação do patrimônio para
instituição do bem
de família não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição,
mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei
especial.
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Importante notarmos que o Código, “assim como a Lei 8.009/1990, não restringe a proteção do
bem de família a imóvel estaticamente considerado, mas amplia, dentro de certos limites, para
ativos que se vinculem ao direito fundamental
à moradia e, ainda mais amplamente, à
subsistência familiar” (TEPEDINO; OLIVA, 2021), o que se encontra disciplinado pelo artigo
1.712. Além disso, segundo o artigo 1.716, “a proteção do bem de família convencional
perdurará
enquanto viver um dos cônjuges ou conviventes ou, na falta destes, até que os filhos
completem a maioridade” (Idem, 2021).
COMPROVADA A IMPOSSIBILIDADE DA
MANUTENÇÃO DO BEM DE FAMÍLIA NAS CONDIÇÕES
EM QUE FOI INSTITUÍDO, PODERÁ O JUIZ, A
REQUERIMENTO DOS INTERESSADOS, EXTINGUI-LO
OU AUTORIZAR A SUB-ROGAÇÃO DOS BENS QUE O
CONSTITUEM EM OUTROS, OUVIDOS
O INSTITUIDOR
E O MINISTÉRIO PÚBLICO.
Esse mecanismo permite que o novo bem de família passe a ocupar o mesmo lugar do
predecessor, de tal modo que ele se torna igualmente “insuscetível de ataque pelos credores
posteriores à instituição do bem de família original,
sendo irrelevante, para fins de marco
temporal, a mutação objetiva ocorrida, vez que o novo bem ocupa, para todos os efeitos
jurídicos, a posição do anterior” (TEPEDINO; OLIVA, 2021). Ou seja: se a pessoa precisar por
alguma
razão se desfazer daquele bem, substituindo-o por outro, a garantia de ser bem de
família também será aplicável ao novo bem.
SELETIVAMENTE
TEMPORARIAMENTE
SELETIVAMENTE
Só exime o bem da execução por dívidas subsequentes à constituição do bem de família, não
podendo ser utilizado o instituto de proteção desta como um vínculo defraudatório dos credores
que já o sejam no momento de seu gravame,
e é então requisito de sua validade a solvência
do pater familias. Da mesma forma a impenhorabilidade não se estende às dívidas
provenientes dos impostos e taxas condominiais incidentes sobre o próprio imóvel.
TEMPORARIAMENTE
Somente subsiste enquanto viverem os cônjuges e até que os filhos completem maioridade.
Tratando-se de filho maior incapaz, estabelece o art. 1.722CC, perdura o bem de família se
existirem filhos sujeitos à curatela (PEREIRA,
2017).
(i) Falecimento dos cônjuges instituidores e o alcance da maioridade civil pelos filhos (CÓDIGO
CIVIL, artigo 1.722);
(ii) Quando “as despesas para a manutenção do imóvel são desproporcionais e acabam
gerando graves prejuízos à entidade familiar” (TEPEDINO; TEIXEIRA, 2020).
ATENÇÃO
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VEÍCULOS DE TRANSPORTE
A Noite Estrelada, Vincent van Gogh, 1889. Imagem: Wikimedia commons / Domínio público.
OBRAS DE ARTE
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ADORNOS SUNTUOSOS
O parágrafo único do artigo 2º dispõe que: “No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade
aplica-se aos bens móveis quitados que guarneçam a residência e que sejam de propriedade
do locatário, observado o disposto neste artigo.”
Este parágrafo é uma prova de que o que se
tutela, na verdade, não é o direito real de propriedade, mas, antes, o direito fundamental à
moradia, daí porque a extensão dessa prerrogativa também ao locatário. (TEPEDINO; OLIVA,
2021).
ATENÇÃO
A análise dos bens a serem excluídos ou incluídos na regra de impenhorabilidade deve ser
realizada em concreto e não em abstrato, isto é: devemos privilegiar uma avaliação funcional
dos bens (TEPEDINO; OLIVA,
2021). Foi assim que o Superior Tribunal de Justiça em um
mesmo ano considerou impenhorável um piano utilizado para a educação musical dos filhos
do casal, assim como supérfluo e penhorável outro piano quando este servia como peça de
decoração da residência.
PIANO
“Piano – bem de família (...) insuscetível de penhora” (STJ, 3ª T., REsp 207.762/SP, Rel.
Min. Waldemar Zveiter, julg. 27.3.2000, publ. DJ 5.6.2000); “Piano – não coberto pela
proteção do bem de família, suscetível de penhora”
(STJ, 3ª T., REsp 198.370/MG, Rel.
Min. Waldemar Zveiter, julg. 16.11.2000, publ. DJ 5.2.2001).
A Lei estabelece ainda em seu artigo 5º a possibilidade de o casal ou entidade familiar utilizar
múltiplos imóveis como residência, estabelecendo que para os efeitos de impenhorabilidade,
de que trata esta lei, considera-se
residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela
entidade familiar para moradia permanente. Assim, na forma do parágrafo único do mesmo
artigo, na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de vários
imóveis utilizados
como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de menor valor, salvo se outro tiver sido
registrado, para esse fim, no Registro de Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil.
Fundamental também
olhar para as exceções à impenhorabilidade que constam dos incisos do
artigo 3º da Lei.
O artigo 4º regula, por sua vez, a invalidade de atos praticados em fraude: “Não se beneficiará
do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso
para transferir a residência familiar,
desfazendo-se ou não da moradia antiga”.
COMENTÁRIO
À luz desse dispositivo, a doutrina questiona se ao bem luxuoso “deve ser conferida a proteção
integral do bem de família legal ou se, ao revés, pode ser excutido o bem, com a reserva de
montante para a aquisição de
outro mais modesto, onde a família possa residir com dignidade”
(TEPEDINO; OLIVA, 2021). Apesar de críticas na doutrina, tem prevalecido “na jurisprudência
do STJ, o entendimento sobre a irrelevância do valor do
bem de família, ressalvada a hipótese
de fraude. Assim, os bens luxuosos desfrutam de igual proteção legal” (Idem, 2021).
No vídeo a seguir, o professor Filipe Medon comenta sobre características, extensão e limites
do bem de família legal. Vamos assistir!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
GABARITO
Desse modo, uma vez restando apenas um cônjuge, por consequência lógica não haverá a
necessidade do expresso consentimento doutro cônjuge.
MÓDULO 3
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A dignidade da pessoa humana está prevista no inciso III do artigo 1º da Constituição como um
dos fundamentos da República. Seu conteúdo concreto, no entanto, é alvo de diversas teorias
tanto entre os constitucionalistas, como
entre os civilistas, uma vez que o constituinte se limitou
a enunciá-la. Como se verá no tópico seguinte, a dignidade humana é o principal fundamento
para a teoria do patrimônio mínimo.
Esclarece o Ministro Luís Roberto Barroso que, após a Segunda Guerra Mundial, a dignidade
se tornou:
(BARROSO, 2020)
O Ministro Barroso (2020) nos esclarece que há três elementos que integram o conteúdo
mínimo da dignidade:
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Segundo Barroso (2020), a dignidade enquanto autonomia envolveria, dentre outras coisas, a
capacidade de autodeterminação do indivíduo, de decidir os rumos da própria vida e de
desenvolver livremente a sua personalidade. Significa
o poder de fazer valorações morais e
escolhas existenciais sem imposições externas indevidas.
E o pressuposto apontado por ele como necessário para o exercício da autonomia, tanto em
sua dimensão pública, quanto em sua dimensão privada, seria o chamado mínimo existencial:
(BARROSO, 2020)
É precisamente nesse contexto que se insere a discussão sobre a teoria do estatuto patrimônio
mínimo.
Elementos ativos
Elementos passivos
Dívidas
Patrimônio é a atividade econômica de uma pessoa, sob o seu aspecto jurídico, ou a projeção
econômica civil. Segundo Gonçalves (2013), o patrimônio, como se depreende, traduz conceito
quantitativo, relativo ao conjunto de direitos
de uma pessoa suscetíveis de avaliação
pecuniária. Ou, ainda, em sentido amplo, o conjunto de bens, de qualquer ordem, pertencentes
a um titular, constitui o seu patrimônio. Em sentido estrito, tal expressão
abrange apenas as
relações jurídicas ativas e passivas de que a pessoa é titular, aferíveis economicamente.
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Para além dessas conceituações clássicas e tradicionais, segundo Schreiber (2020), nas
últimas décadas tem-se falado na ideia de um “patrimônio mínimo, a que todas as pessoas
humanas fariam jus como instrumento necessário a
garantir o exercício de seus direitos
fundamentais”. Essa discussão se insere, portanto, na lógica subjacente à proteção ao bem de
família e à garantia de um mínimo existencial necessário para garantir a autonomia inerente
à
dignidade da pessoa humana.
Como esclarece Carlos Roberto Gonçalves, existe uma forte tendência no sentido de se adotar
uma nova postura em face ao patrimônio, uma vez que a sua tutela jurídica deve ter como
finalidade precípua a dignidade:
(GONÇALVES, 2013)
SAIBA MAIS
De acordo com um dos mais importantes defensores desta teoria, o Ministro Luiz Edson Fachin
(2006), seria possível defender que fosse assegurado um patrimônio mínimo a toda pessoa
natural, ou seja, uma garantia patrimonial
que integra sua esfera jurídica, sendo mensurado
consoante parâmetros elementares de uma vida digna e do qual não pode ser expropriada ou
desapossada. Segundo o Ministro, “por força desse princípio, independente
de previsão
legislativa específica instituidora dessa figura jurídica, e, para além da mera impenhorabilidade
como abonação, ou inalienabilidade como gravame, sustenta-se existir essa imunidade
juridicamente inata
ao ser humano, superior aos interesses dos credores” (Idem, 2006).
A ideia, como vimos, é a garantia do mínimo existencial, ou seja, “condições materiais básicas
para que a dignidade humana não seja princípio meramente formal, possibilitando-se a todos
oportunidades reais de exercício de seus
direitos fundamentais” (TEPEDINO; OLIVA, 2021).
Como esclarecem Gustavo Tepedino e Milena Donato Oliva (2021), apesar de ter havido no
Direito brasileiro uma mudança de paradigma na Responsabilidade Civil, que passa a focar
menos na figura do ofensor e mais na reparação
integral na vítima:
A REPARAÇÃO DO DANO NÃO PODE LEVAR O
OFENSOR À RUÍNA, DEIXANDO-O SEM O MÍNIMO
NECESSÁRIO À SUA SUBSISTÊNCIA DIGNA. EIS A
RATIO CONTIDA NOS PARÁGRAFOS ÚNICOS DOS
ARTS. 928 E 944 DO CÓDIGO CIVIL, EM QUE SE DEVE
PONDERAR
A PRESERVAÇÃO DO MÍNIMO
EXISTENCIAL DO CAUSADOR DO DANO COM O
DIREITO À REPARAÇÃO INTEGRAL DA VÍTIMA, QUE
MUITAS VEZES SE ASSOCIA AO MÍNIMO EXISTENCIAL
DESTA, DE MANEIRA A SE PROMOVER A DIGNIDADE
DE AMBOS NA JUSTA MEDIDA.
DESSA FORMA, NO
DIREITO BRASILEIRO, O DEVEDOR – SEJA DA
OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO
EXTRACONTRATUAL, SEJA DA PRESTAÇÃO QUE
TENHA COMO FONTE O CONTRATO – NÃO TEM
RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ILIMITADA. AO
REVÉS, O LEGISLADOR,
DE DIVERSAS MANEIRAS,
BUSCA GARANTIR A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO
MÍNIMO DO DEVEDOR, SEM PREJUÍZO DA MAIS
AMPLA POSSÍVEL REPARAÇÃO DA VÍTIMA E DA
SATISFAÇÃO DO CRÉDITO DO CREDOR. PARA TANTO,
EXCLUI OU PERMITE A EXCLUSÃO
DE CERTOS
ATIVOS DO ATAQUE DOS CREDORES, AO QUE SE
SOMA A NECESSÁRIA VALORAÇÃO JUDICIAL, A SER
CONCRETAMENTE EFETUADA, COM O INTUITO DE SE
PRESERVAR O MÍNIMO EXISTENCIAL DO DEVEDOR.
(TEPEDINO; OLIVA, 2021)
Como podemos notar, a ideia de um patrimônio mínimo ecoa na doutrina. Cabe-nos verificar
como ela tem repercutido na jurisprudência.
No vídeo a seguir, o professor Filipe Medon faz uma abordagem das características do
patrimônio mínimo. Vamos assistir!
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RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE NEGÓCIO JURÍDICO.
ART. 548 DO CC. RENÚNCIA DO CÔNJUGE VIRAGO À INTEGRALIDADE DE SUA MEAÇÃO
NA SEPARAÇÃO CONSENSUAL DO CASAL. ACORDO HOMOLOGADO POR SENTENÇA
TRANSITADA EM
JULGADO. CARACTERIZAÇÃO DE DOAÇÃO. NULIDADE DO NEGÓCIO
JURÍDICO. INOCORRÊNCIA. DOADORA COM RENDA SUFICIENTE PARA PRESERVAR
PATRIMÔNIO MÍNIMO À SUA SUBSISTÊNCIA.
O art. 548 do Código Civil estabelece ser nula a doação de todos os bens sem reserva de
parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador. A ratio da norma em comento,
ao prever a nulidade da doação universal, foi a de garantir à pessoa o direito a um
patrimônio mínimo, impedindo que se reduza sua situação financeira à
miserabilidade. Nessa linha, acabou por mitigar, de alguma forma, a autonomia
privada e o direito à livre disposição da propriedade, em exteriorização da
preservação de um mínimo existencial à dignidade humana do benfeitor, um dos
pilares da Carta da República e chave hermenêutica para leitura interpretativa de
qualquer norma.
Recurso especial não provido. (REsp nº. 1.183.133 - RJ (2010/0039641-4), Relator Min.
Luis Felipe Salomão).
Nesse caso, o STJ entendeu, com base nessa teoria e no artigo 548, que só é possível a
doação da totalidade do patrimônio pelo doador, caso remanesça uma fonte de renda ou
reserva de usufruto, ou mesmo bens a seu favor,
que preserve um patrimônio mínimo à sua
subsistência.
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Conforme o entendimento do STJ, "[...] a lei não prevê qualquer restrição à garantia do
imóvel como bem de família relativamente ao seu valor, tampouco estabelece regime
jurídico distinto no que tange à impenhorabilidade,
ou seja, os imóveis residenciais de
alto padrão ou de luxo não estão excluídos, em razão do seu valor econômico, da
proteção conferida aos bens de família consoante os ditames da Lei 8009/90. O
momento evolutivo da sociedade brasileira tem sido delineado de longa data no
intuito de salvaguardar e elastecer o direito à impenhorabilidade ao bem de família,
de forma a ampliar o conceito e não de restringi-lo,
tomando como base a
hermenêutica jurídica que procura extrair a real pretensão do legislador e, em última
análise, a própria intenção da sociedade relativamente às regras e exceções aos direitos
garantidos, tendo
sempre em mente que a execução de crédito se realiza de modo
menos gravoso ao devedor consoante estabelece o artigo 620 do CPC/73, atual 805 no
NCPC. 5. A variável concernente ao valor do bem, seja perante o mercado
imobiliário, o Fisco, ou ainda, com amparo na subjetividade do julgador, não afasta
a razão preponderante justificadora da garantia de impenhorabilidade concebida
pelo legislador pelo regime da Lei nº 8.009/90, qual seja, proteger a família,
garantindo-lhe o patrimônio mínimo para sua residência"
(REsp n. 1.351.571/SP,
Relator p/ Acórdão Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 27/9/2016,
DJe 11/11/2016).
Conforme orienta a jurisprudência das Turmas que compõem a Segunda Seção do STJ,
"a aplicação da multa prevista no § 4º do art. 1.021 do CPC/2015 não é automática, não
se tratando de mera decorrência lógica do não provimento
do agravo interno em votação
unânime. A condenação do agravante ao pagamento da aludida multa, a ser analisada
em cada caso concreto, em decisão fundamentada, pressupõe que o agravo interno
mostre-se manifestamente
inadmissível ou que sua improcedência seja de tal forma
evidente que a simples interposição do recurso possa ser tida, de plano, como abusiva ou
protelatória, o que, contudo, não ocorreu na hipótese examinada" (AgInt
nos EREsp n.
1.120.356/RS, Relator Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO,
julgado em 24/8/2016, DJe 29/8/2016).
Agravo interno a que se nega provimento. (AgInt no REsp 1806654/SP, Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 09/12/2019, DJe
13/12/2019) (grifo nosso).
Por fim, neste julgado foi utilizada para limitação da responsabilidade civil de menor de idade:
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DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL POR FATO DE OUTREM ‒ PAIS PELOS ATOS
PRATICADOS PELOS FILHOS MENORES. ATO ILÍCITO COMETIDO POR MENOR.
RESPONSABILIDADE CIVIL MITIGADA E SUBSIDIÁRIA DO INCAPAZ PELOS SEUS ATOS
(CC, ART.
928). LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. INOCORRÊNCIA.
É subsidiária porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios
para ressarcir a vítima; é condicional e mitigada porque não poderá ultrapassar o
limite humanitário do patrimônio mínimo do infante (CC, art. 928, par. único e En.
39/CJF); e deve ser equitativa, tendo em vista que a indenização deverá ser
equânime, sem a privação do mínimo necessário para a sobrevivência digna do
incapaz (CC, art. 928, par. único e En. 449/CJF). (...)
(REsp 1436401/MG (2013/0351714-7), Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/02/2017)
(grifo nosso)
COMENTÁRIO
Como se pode notar, ainda que às vezes por meio indireto, a teoria do estatuto do patrimônio
mínimo também é, em alguma medida, reconhecida pela jurisprudência, sobretudo no âmbito
do Superior Tribunal de Justiça.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A RESPEITO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA, ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA:
B) Seu surgimento data do século XIX no contexto da Revolução Francesa e dos ideais
liberais.
B) Dentre seus principais defensores encontra-se o Ministro do STF Luiz Edson Fachin.
GABARITO
É isto que afirma o Ministro Luís Roberto Barroso: segundo ele, a dignidade enquanto
autonomia envolveria, dentre outras coisas, a capacidade de autodeterminação do indivíduo,
de decidir os rumos da própria vida e de desenvolver livremente a sua personalidade. Significa
o poder de fazer valorações morais e escolhas existenciais sem imposições externas
indevidas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a teoria dos bens recebe a cada dia mais os influxos da constitucionalização do
Direito, com a aplicação direta de normas constitucionais, como aquela constante do artigo 1º,
inciso III, que traz a dignidade da
pessoa humana como um dos fundamentos da República.
A releitura da teoria dos bens é, assim, fundamental nesse processo, de tal modo que estes
devem ser compreendidos sempre à luz de uma perspectiva funcional que privilegie menos a
sua estrutura e mais a sua aplicação prática.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BARROSO, L. R. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo. 9. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020
(versão digital).
CÓDIGO CIVIL PORTUGUÊS. IGAC. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev. 2021.
CORTIANO JR., E. Para além das coisas: breve ensaio sobre o Direito, a pessoa e o
patrimônio mínimo. In: RAMOS, C. L. S. et al. Diálogos sobre Direito Civil. Rio de Janeiro:
Renovar: 2002,
v. I.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil Brasileiro: Direito de família.14. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil Brasileiro: parte geral. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
PERLINGIERI, P. Perfis do Direito Civil. Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p. 12 apud KONDER,
C. N.; SCHREIBER, A. Uma agenda para o Direito Civil-Constitucional. Revista Brasileira de
Direito Civil,
v. 10, out/dez 2016.
SENADO. Senado aprova projeto que cria natureza jurídica para os animais. Agência
Senado, 07 ago. 2019. Consultado em meio eletrônico em: 25 fev. 2021.
TEPEDINO, G.; OLIVA, M. D. Fundamentos do Direito Civil: volume 1. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2021.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, assista aos vídeos:
CURRÍCULO LATTES