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A análise da sistemática da pessoa natural e da pessoa jurídica no Direito, bem como a teorização da
desconsideração da pessoa jurídica e seus efeitos.
PROPÓSITO
Compreender a configuração das pessoas naturais e jurídicas, tópico importante para sua formação,
para, então, explorar a temática da desconsideração da personalidade jurídica, de grande utilidade
prática na atuação profissional dos operadores do Direito.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar este conteúdo, tenha em mãos o Código Civil (Lei nº. 10.406/2002).
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
Abordaremos um dos elementos da relação jurídica, a saber, a pessoa, seja ela a pessoa natural ou
jurídica. Apesar de tradicional, o tema vem sendo revisitado pela doutrina especializada, sobretudo após
o processo de constitucionalização do Direito e, em especial, do Direito Civil. É assim que vamos, em
primeiro lugar, esmiuçar os conceitos e modalidades de pessoas configuradas no nosso ordenamento
jurídico, para, em seguida, conhecer e analisar os casos que ensejam a desconsideração da pessoa
jurídica, a fim de se evitar o abuso decorrente da utilização da característica da autonomia patrimonial
da entidade, tal como originariamente concebida.
Apesar de o Direito Civil ainda receber bastante enfoque sob o ponto de vista patrimonialista, o estudo
será norteado por um viés que considera a pessoa em si, daí advindo a repersonalização e a
despatrimonialização, releituras decorrentes do enfoque da dignidade da pessoa humana, de estatura
constitucional.
Os temas serão analisados isoladamente, em módulos e tópicos próprios, mas fica aqui desde já uma
questão importante que deve ser objeto de reflexão para todos nós:
Qual é a importância de se entender o começo e o fim da pessoa natural e da pessoa jurídica, sob a
axiologia constitucional?
Vamos então ao nosso estudo, que compreende o estudo dos artigos 1º a 78 do Código Civil (O primeiro
livro da Parte Geral do Código Civil).
MÓDULO 1
PESSOA NATURAL
ANTES DE COMEÇARMOS NOSSO ESTUDO, VEJAMOS O QUE VOCÊ SABE A
RESPEITO DO ASSUNTO. O QUE É A PESSOA NATURAL?
RESPOSTA
É a pessoa do indivíduo como ente jurídico, ou seja, sob o prisma do Direito, dotada de personalidade.
ATENÇÃO
Devemos observar que, segundo a maioria dos civilistas, a denominação a ser adotada é a de pessoa
natural, sendo que a expressão “pessoa física” é adotada na legislação brasileira regulamentar referente
à legislação do imposto de renda.
As pessoas são detentoras da personalidade jurídica, ou seja, a aptidão para adquirir direitos e contrair
deveres, na forma do art. 1º do Código Civil. Como se pode observar, o conceito de personalidade
está intimamente ligado ao conceito de pessoa.
VOCÊ SABIA
O que nos parece óbvio atualmente, ou seja, o fato de que toda pessoa tem aptidão genérica para
adquirir direitos e obrigações, consoante disposição inserta no art. 1º do Código Civil, é, na verdade,
uma conquista para a humanidade, pois, por exemplo, no Direito romano, o escravo era coisa, e,
portanto, objeto e não pessoa da relação jurídica. A universalidade aplicada aos atributos da
personalidade foi desenvolvida progressivamente na história e hoje o ser humano é sujeito da relação
jurídica, e não seu objeto.
A personalidade independe de qualquer ato volitivo do indivíduo, isto é, pessoas com problemas
psíquicos, em estado de coma, com perdas temporárias ou permanentes de memória, ou bebês, por
exemplo, têm personalidade jurídica, ou seja, todos têm aptidão genérica para adquirir direitos ou
contrair obrigações.
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Para tal indagação, três correntes doutrinárias apresentam-se no atual cenário jurídico pátrio:
Teoria Natalista
TEORIA NATALISTA
Os expoentes desta corrente doutrinária afirmam que a personalidade civil somente se inicia com o
nascimento com vida.
Para tal comprovação, utiliza-se o exame de docimasia hidrostática de Galeno, capaz de evidenciar se
houve respiração extrauterina do feto, a partir da análise da densidade do pulmão.
Sobre o exame em comento, prelecionam os doutrinadores Pablo Stolze e Pamplona Filho (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2007, p. 81) que “no instante em que principia o funcionamento do aparelho
cardiorrespiratório, clinicamente aferível pelo exame de docimasia hidrostática de Galeno, o recém-
nascido adquire personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direito, mesmo que venha a falecer
minutos depois”.
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A grande maioria dos doutrinadores brasileiros é adepta da Teoria Natalista, que restou consignada no
Código Civil, em seu art. 2º:
A PERSONALIDADE CIVIL DA PESSOA COMEÇA DO
NASCIMENTO COM VIDA; MAS A LEI PÕE A SALVO, DESDE
A CONCEPÇÃO, OS DIREITOS DO NASCITURO."
Este mesmo dispositivo legal ressalva que, apesar de não haver personalidade civil atribuída ao
nascituro, o nascituro tem seus direitos protegidos, especialmente no que tange aos direitos
patrimoniais.
Os doutrinadores que capitaneiam esta corrente sustentam que a aquisição da personalidade por parte
do nascituro é condicionada ao nascimento com vida, ou seja, esse ser ainda não é uma pessoa,
sendo desprovido de personalidade até que se implemente a condição requerida (nascimento com vida).
Seus direitos, portanto, se encontram em estado de latência.
Dessa forma, um feto que não venha a termo, ou se não nasce com vida, sobre ele devemos afirmar
que “a relação de direito não chega a formar, nenhum direito se transmite por intermédio do natimorto, e
a sua frustração opera como se ele nunca tivesse sido concebido”, de acordo com o ensinamento do
renomado jurista Caio Mário (PEREIRA, 2017, p.145).
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TEORIA CONCEPCIONISTA
De acordo com esta teoria, desde a concepção haveria personalidade jurídica concedida ao
nascituro.
Seus defensores não conseguem chegar a uma conclusão sobre qual seria efetivamente o momento da
concepção, sendo que, para alguns, a concepção aconteceria quando ocorre o encontro do óvulo com o
espermatozoide e, para outros, somente quando ocorre a implantação do embrião no útero. O melhor
exemplo para ilustrá-la, em termos de dispositivo legal inserto no Código Civil, seria o artigo 1798, que
dispõe sobre a deixa sucessória: “Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no
momento da abertura da sucessão”.
Essa espécie de direitos encontra seu amparo no art. 1º, inciso III, da Carta Política de 1988, que versa
sobre os fundamentos que devem nortear a construção de nossa sociedade. Trata-se do princípio da
dignidade da pessoa humana, que assim dispõe:
Nem sempre aceitos pelos estudiosos, tais direitos foram progressivamente ganhando uma construção
histórica, em resposta às diversas atrocidades cometidas contra o ser humano, na história da civilização,
e estão continuamente em reformulação e reanálise. Como bem discutido por Gustavo Tepedino e
Milena Donato Oliva, “a pessoa há de ser tutelada das agressões que afetam a sua personalidade,
identificando a doutrina, por isso mesmo, a existência de situações jurídicas subjetivas oponíveis erga
omnes” (TEPEDINO; OLIVA, 2021, p.148).
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A GENERALIDADE
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A EXTRAPATRIMONIALIDADE
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O CARÁTER ABSOLUTO
Pode ser definido como a possibilidade do direito ser oponível contra todos (erga omnes).
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A INALIENABILIDADE
O titular do direito subjetivo de personalidade não pode dele dispor livremente, daí exsurgindo a
irrenunciabilidade e impenhorabilidade. Apesar de não poder dispor livremente nem renunciar, a doutrina
preconiza que pode haver cessão, em hipóteses específicas, desses direitos, desde que não haja
infração às normas de ordem pública e desde que a cessão não seja permanente. Pode-se exemplificar
com o caso de um jogador de futebol que ceda seu direito de imagem a determinada emissora de TV
por ato voluntário.
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A INTRANSMISSIBILIDADE
Informa sobre a impossibilidade de tais direitos intrinsecamente serem transmitidos a outras pessoas, o
que não deve ser confundido com a possibilidade de que os efeitos patrimoniais decorrentes da cessão
desses direitos passem a outrem.
Faz-se necessário que registremos o art. 11 do Código Civil de 2002, que preceitua as duas últimas
características elencadas anteriormente: “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação
voluntária”.
ENUNCIADO
EXEMPLO
Um exemplo bem atual sobre a possibilidade de restrição voluntária ao exercício dos direitos de
personalidade é a cessão do direito à imagem e à intimidade por parte dos participantes de reality
shows, tais como “A Fazenda” e “Big Brother Brasil”, em que, de modo temporário e volitivo, há restrição
de direitos, sem que sobre eles haja renúncia, abuso de direito ou infringência a normas de ordem
públicas.
Os direitos de personalidade encontram previsão nos arts. 11 a 21 do Código Civil de 2002. Os direitos
lá previstos não são listados em rol exaustivo, haja vista a imensa multiplicidade de manifestações da
personalidade humana, eivada de temporalidade e complexidade.
DICA
Toda a análise feita, por meio da leitura dos artigos em comento, deve ser realizada sob o fundamento
da dignidade da pessoa humana, princípio de estatura constitucional e vetor axiológico que tempera e
formula as interpretações de todos os códigos.
Apesar de a noção de proteção dos direitos de personalidade ser muito mais abrangente que a mera
repressão a danos causados, o art. 12 do Código Civil versa sobre a proteção do ponto de vista
repressivo:
PODE-SE EXIGIR QUE CESSE A AMEAÇA, OU A LESÃO, A
DIREITO DA PERSONALIDADE, E RECLAMAR PERDAS E
DANOS, SEM PREJUÍZO DE OUTRAS SANÇÕES PREVISTAS
EM LEI."
Vejamos agora o que diz a doutrina acerca dos direitos de personalidade no caso da pessoa morta:
O parágrafo único do art. 12 do Código Civil especifica ainda a legitimidade em nome próprio da
proteção conferida aos direitos de personalidade, no que concerne ao morto, nos seguintes termos: “em
se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge
sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau”.
Observa-se não haver menção ao companheiro no parágrafo único do art. 12, o que é objeto de crítica
por grande parte da doutrina civilista. O Conselho da Justiça Federal, na V Jornada de Direito Civil,
consignou que a legitimação também cabia ao companheiro no enunciado de nº 400: “Os parágrafos
únicos dos arts. 12 e 20 asseguram legitimidade, por direito próprio, aos parentes, cônjuge ou
companheiro para a tutela contra lesão perpetrada post mortem.”
No que se refere à possibilidade de a pessoa humana dispor do próprio corpo, o art. 13 do Código
Civil assim estabelece:
O ato de disposição, porém, quando for realizado para fins de transplante, na forma da legislação
especial, é cabível, consoante parágrafo único do artigo em análise.
O cotejo dos fatos sociais com a disposição do artigo 13 deve ser feita com temperamentos, sob pena
de o intérprete supor haver vedação a práticas socialmente aceitas, como a circuncisão de crianças da
religião judaica, conforme exemplo citado por Gustavo Tepedino e Milena Donato Oliva (2021, p.158).
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Outro caso que causou bastante celeuma recentemente foi a cirurgia de transgenitalização e as
mudanças identitárias dela advindas. Seria essa cirurgia um caso de infringência ao art. 13 do Código
Civil, que veda o ato de disposição do próprio corpo?
Para tratar de transexualidade, deve-se inicialmente saber sua configuração legal, sobre o que versa a
Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1955/2010, dispondo no art. 3º que transexual será
aquele que apresenta desconforto com o sexo anatômico natural, tem o desejo expresso de eliminar os
genitais e de perder as características primárias e secundárias do próprio sexo e ganhar as do sexo
oposto, com a permanência desses distúrbios de forma contínua e consistente por, no mínimo, dois anos
e não tiver, segundo redação infeliz da própria resolução, “outros transtornos mentais”.
Muitos transexuais, no entanto, após regular procedimento, encontravam dificuldades para alterar nome
ou gênero nos registros civis e demais órgãos. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI
4275/DF, colocou a pá de cal no assunto, pois mesmo quando o(a) transexual não opte pela cirurgia,
caso decida trocar prenome ou gênero, poderá fazê-lo, pois, do contrário, haverá grave violação aos
direitos de personalidade.
Nessa mesma linha de entendimento, o Conselho da Justiça Federal, na IV Jornada de Direito Civil,
editou o enunciado nº 276, nos termos que seguem:
Outra importante disposição do Código Civil encontra-se no art. 15, que versa sobre a impossibilidade
de se constranger alguém a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica, em que haja risco de morte.
Aqui se trata do consentimento informado, que também encontra guarida no artigo 22 do Código de
Ética Médica, que dispõe ser vedado: “Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu
representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco
iminente de morte”.
Paciente
Por livremente poder manifestar seu consentimento em decisões tão sérias como as que envolvem a
possibilidade de morte, preservando-se a autonomia da vontade.
Médico
Por somente proceder a tratamentos e intervenções de seriedade após obter autorização por meio do
consentimento informado.
Tal conduta do médico, inclusive, lastreia-se no princípio da beneficência, que exige que o profissional
de saúde leve sempre o bem-estar do paciente em consideração, tendo como alvo os tratamentos que
melhorem a qualidade de vida, bem como no próprio princípio da boa-fé objetiva.
O nome é um direito de personalidade, visto que individualiza a pessoa humana no seio da sociedade.
O nome subdivide-se em prenome e sobrenome, ou seja, se uma mulher é nominada de Maria Carolina
da Silva, o prenome é “Maria Carolina” e o sobrenome é “da Silva”.
O pseudônimo, que pode ser definido como uma designação personativa diferente do nome civil
registral, não pode ser utilizado para atividades ilícitas e goza da mesma proteção dada ao nome
(art. 19 do CC).
Assim, deve-se adotar o nome social quando requerido pela pessoa transgênero, seja no ambiente de
repartições públicas, em instituições privadas ou na sociedade em geral.
EXEMPLO
Nessa linha de raciocínio, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 270/2018, assegurada
a possibilidade de uso do nome social às pessoas trans, travestis e transexuais usuárias dos serviços
judiciários.
Não se pode também utilizar os nomes das pessoas “em publicações ou representações que as
exponham ao desprezo público”, mesmo que, inicialmente, não haja uma intenção difamatória, na
esteira do que preconiza o art. 17 do Código Civil. Não raro várias lides surgem de divulgação de
notícias em que os jornalistas transbordam do dever de informar e do uso do direito de liberdade de
expressão e passam a difamar e a macular a dignidade daqueles sobre quem escrevem.
DIREITO AO ESQUECIMENTO
Outro tema interessante é o do direito ao esquecimento, que pode ser definido como a prerrogativa de
que alguém, contra quem já se teve fato constrangedor divulgado, com o decurso do prazo e com a
desatualização e desnecessidade da notícia, possa pleitear que tal fato não seja mais divulgado pela
eternidade.
EXEMPLO
Gustavo Tepedino e Milena Donato Oliva (2021, p.163) trazem para discussão o caso da “Chacina da
Candelária”, no qual o Superior Tribunal de Justiça adotou o direito ao esquecimento para confirmar a
responsabilização de empresa jornalística que, após cumprimento de pena e longo decurso de prazo,
mostrou nome e fisionomia de réu em processo criminal em documentário de rede nacional. Ponderou a
referida Corte de Justiça que, apesar de haver o direito à divulgação do notório fato criminal histórico,
não haveria mais direito de expor o indivíduo, ferindo-lhe eternamente a dignidade e considerando ainda
a meta de ressocialização daqueles que já cumpriram pena.
No artigo 20, o legislador pátrio consigna o direito à imagem e o direito à honra, em intrincada
redação:
Tal proteção conferida à honra e à imagem já estava também prevista na Carta Política de 1988, no
artigo 5º, inciso X, que resguarda o indivíduo de investidas indevidas em relação a sua imagem e honra,
objetiva e subjetiva.
Registre, ainda, que por decisão majoritária, Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que é
incompatível com a Constituição Federal a ideia de um direito ao esquecimento que possibilite impedir,
em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos em meios de comunicação.
Segundo a Corte, eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de
informação devem ser analisados caso a caso, com base em parâmetros constitucionais e na legislação
penal e civil.
EXEMPLO
O Tribunal, por maioria dos votos, negou provimento ao Recurso Extraordinário (RE) 1010606, com
repercussão geral reconhecida, em que familiares da vítima de um crime de grande repercussão, nos
anos 1950, no Rio de Janeiro, buscavam reparação pela reconstituição do caso, em 2004, no programa
“Linha Direta”, da TV Globo, sem a sua autorização. Após quatro sessões de debates, o julgamento foi
concluído.
No vídeo a seguir, a professora Camila Fortuna comenta sobre o fundamento e os diferentes direitos da
personalidade. Vamos assistir!
MORTE E AUSÊNCIA
A extinção da pessoa natural se dá com a morte, na forma do art. 6º do Código Civil, in verbis: “a
existência da pessoa natural termina com a morte”. No que concerne aos ausentes, a extinção da
pessoa natural ocorre nos casos em que lei autoriza a abertura da sucessão definitiva.
VOCÊ SABERIA DIZER QUAL O CRITÉRIO ADOTADO PARA SE DETERMINAR
QUE UMA PESSOA ESTÁ MORTA?
RESPOSTA
Segundo a doutrina, tal momento será o da morte encefálica, que é a ausência da atividade cerebral, com
irreversibilidade, devidamente atestada pelo médico. O óbito deve ser levado ao registro público (art. 9º,
inciso I, CC) e será comprovado por meio da certidão respectiva, quando possível.
SAIBA MAIS
No que se refere à morte encefálica, cabe notar que o STF já se pronunciou na Ação de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 54), no sentido de autorizar o aborto de feto
anencéfalo, aquele desprovido do encéfalo e da calota craniana. É interessante destacar, nessa
oportunidade, que foi afastada a pretensão de doação de órgãos de fetos anencéfalos, porque seria um
contrassenso obrigar a mulher a manter a gravidez para viabilizar a doação de órgãos.
O Código também cita a chamada morte presumida, ou seja, hipóteses em que o legislador houve por
bem considerar a pessoa como morta, dadas as circunstâncias especiais de seu desaparecimento, que
são:
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Se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (art. 7º, inciso I), casos de
pessoas que estavam em locais de desastre, como acidentes aéreos, por exemplo;
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Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra (art. 7º, inciso II).
Existe também uma hipótese de morte presumida que se encontra na Lei nº 9140/45, que “reconhece
como mortas pessoas desaparecidas em razão de participação, ou acusação de participação, em
atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979”.
Nas três hipóteses supracitadas, não é necessário passar pelo longo procedimento judicial da ausência,
mas deve ser observado que somente com uma sentença judicial declaratória poderá o interessado
obter o registro de óbito no cartório.
Não se podendo presumir a morte nas três hipóteses acima, aí, então, passamos à análise do longo
procedimento de presunção de morte por ausência, que só se efetiva quando da abertura da
sucessão definitiva, consoante disposição do art. 6º do CC.
Ocorre a ausência quando alguém desaparece do seu domicílio, sem dele haver notícia, se não houver
deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens (art. 22 do CC).
Ainda que se tenha deixado mandatário, se este não quiser ou não puder exercer ou continuar o
mandato, ou caso tenha poderes insuficientes, também será declarada a ausência daquele que
desapareceu do domicílio sem deixar notícias (art. 23 do CC).
Após o desaparecimento e não ocorrendo hipótese de haver responsável deixado pela administração
dos bens, algum interessado ou o Ministério Público deverá requerer ao juiz que declare a ausência.
O juiz nomeará um curador, que poderá ser o cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado
judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência ou, na falta do cônjuge,
os pais ou descendentes, nessa ordem, ou na falta de todas essas pessoas, o juiz nomeará curador de
sua confiança (art. 25, §§ 1º e 3º do CC).
Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou três anos, caso tenha deixado representante
ou procurador, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a
sucessão. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e
oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à
abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido
(arts. 26 e 28 do CC).
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Caso finde o prazo do art. 26 (um ou três anos) e ninguém requeira a abertura da sucessão provisória,
caberá então ao Ministério Público fazê-lo (art. 28, §1º do CC).
Antes da partilha, o juiz, entendendo conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a
deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União (art. 29 do CC).
Por fim, conforme disposição do art. 37 do CC, dez anos depois de passada em julgado a sentença que
concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e
o levantamento das cauções prestadas, de acordo com o art. 30 do CC.
ATENÇÃO
Caso se prove que o ausente conta oitenta anos de idade, e que cinco datam as últimas notícias dele,
também se poderá requerer a abertura da sucessão definitiva (art. 38 do CC).
E SE O AUSENTE REGRESSA?
O que acontece nessa hipótese? Vejamos quando isso ocorre nos dez anos seguintes à abertura da
sucessão definitiva ou após esse período:
Se regressa nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes
ou ascendentes, o ausente ou estes só terão direito aos bens existentes no estado em que se acharem,
ou aos sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e os herdeiros e demais interessados
houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo (art. 39 do CC).
Caso não regresse o ausente em dez anos, e nenhum interessado promova a sucessão definitiva, os
bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas
respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal
(art. 39, parágrafo único, do CC).
Considerando as minúcias que envolvem a de ausência, a seguinte tabela elaborada pela professora
Camila Fortuna ajudará a visualizar as etapas que devem ser observadas pelo Juízo que trata da lide:
Desaparece uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante,
procurador ou mandatário (art. 22).
Processo de decretação de ausência inicia a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério
Público ao Juiz.
Curador é nomeado (cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por
mais de dois anos ou, caso não haja cônjuge, pais e descendentes, nessa ordem). Não havendo
nenhum desses interessados, juiz nomeia curador (arts. 24 a 25).
SUCESSÃO PROVISÓRIA
Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador,
em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra
provisoriamente a sucessão (art. 26).
Sentença (só produz efeitos 180 dias depois da publicação);
1.a- Cônjuge; 1.b-os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 1.c-os que tiverem sobre os
bens do ausente direito dependente de sua morte e credores (art. 27). Caso estes não o façam, o
Ministério Público o fará (art. 28, §2º);
2- os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles,
mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos (art. 30);
Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando
o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína (art. 31);
Sucessores provisórios são os representantes para as ações (art. 32);
SUCESSÃO DEFINITIVA
Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória
(art. 37) ou Provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas
notícias dele (art. 38).
Se retornam o ausente ou algum de seus descendentes ou ascendentes nos dez anos seguintes à
abertura da sucessão definitiva:
Terão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço
que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo
(art. 39).
É valido lembrar que, mesmo que não haja bens, a declaração de ausência é necessária para que se
operem efeitos nas relações familiares do ausente, como bem trazem à baila Tepedino e Milena Donato
Oliva (2021, p.123):
OBSERVE-SE QUE A DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA SE
JUSTIFICA MESMO QUE O AUSENTE NÃO POSSUA BENS.
NESSE CASO, NÃO HAVERÁ A NOMEAÇÃO DE CURADOR,
MAS APENAS A DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA. A
DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA POSSUI EFEITOS PARA ALÉM
DA ESFERA PATRIMONIAL, DE QUE CONSTITUEM
EXEMPLOS A REGRA DE QUE OS FILHOS MENORES
SERÃO POSTOS SOB TUTELA NO CASO DE OS PAIS
SEREM DECLARADOS AUSENTES (CC, ART. 1728, I), BEM
COMO A DETERMINAÇÃO DE QUE, HAVENDO A AUSÊNCIA
DE TUTOR, A OBRIGAÇÃO DE PRESTAR CONTAS PASSA
AOS SEUS HERDEIROS OU REPRESENTANTES.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) Personalidade jurídica é a aptidão para adquirir direitos e contrair deveres, na forma do art. 1º do
Código Civil.
E) Para comprovar que houve nascimento com vida, utiliza-se o exame da docimasia hidrostática de
Galeno, capaz de evidenciar se houve respiração extrauterina do feto.
2. SÃO AFIRMATIVAS CORRETAS ACERCA DA AUSÊNCIA, EXCETO:
A) Presume-se a morte por ausência, quando da abertura da sucessão definitiva, consoante disposição
do art. 6º do CC.
B) Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória
poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
C) Caso se prove que o ausente conta oitenta anos de idade, e que cinco datam as últimas notícias
dele, também se poderá requerer a abertura da sucessão definitiva.
E) Caso não regresse o ausente em dez anos, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os
bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas
respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
GABARITO
1. Estudamos, neste módulo, a pessoa natural. Assinale a alternativa incorreta a esse respeito:
Partamos de duas afirmações. A primeira concerne ao fato de a pessoa natural, para a legislação
brasileira, ser toda pessoa física. A segunda: as pessoas são detentoras da personalidade jurídica, ou
seja, a aptidão para adquirir direitos e contrair deveres, na forma do art. 1º do Código Civil. Como se
pode observar, o conceito de personalidade está intimamente ligado ao conceito de pessoa.
Logo: basta ser pessoa para ter-se personalidade jurídica, afinal a personalidade independe de qualquer
ato volitivo do indivíduo.
É valido lembrar que, mesmo que não haja bens, a declaração de ausência é necessária para que se
operem efeitos nas relações familiares do ausente, sendo exemplos: a regra de que os filhos menores
serão postos sob tutela, no caso de os pais serem declarados ausentes (CC, art. 1728, I), bem como a
determinação de que, havendo a ausência de tutor, a obrigação de prestar contas passa aos seus
herdeiros ou representantes (CC, art. 1759).
MÓDULO 2
A pessoa jurídica pode ser definida como uma entidade capaz de titularizar direitos e obrigações, dotada
de subjetividade autônoma das subjetividades dos indivíduos que a criaram. Assim é que o Código Civil,
no art. 49-A, dispõe que “a pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados,
instituidores ou administradores”.
SAIBA MAIS
A teoria albergada pelo atual Código Civil para justificar a pessoa jurídica é da Realidade Técnica, que
preconiza que a pessoa jurídica é fruto de uma realidade técnico-jurídica, ou seja, a pessoa jurídica não
existe por si própria, como o ser humano, por existência real, mas sim, por força de uma realidade
idealizada. A subjetividade atribuída à pessoa jurídica não é natural, mas sim uma construção teórica
elaborada pela mente humana.
Recebe a pessoa jurídica uma proteção constitucional, pois nosso ordenamento protege e estimula a
livre iniciativa, fundamento da República (art. 1º, inciso, IV, da CRFB/88). Possui ainda autonomia
patrimonial e organizacional para que possa cumprir a finalidade de fomentar o desenvolvimento
socioeconômico numa sociedade.
Neste tocante, a Lei nº 13.874/2019 incluiu o parágrafo único, do art. 49-A no CC, assim consignando:
Bem por isso, não é despiciendo destacar que, em nosso ordenamento jurídico, vigora o sistema de
responsabilidade subsidiária e limitada do sócio, afastando-se do sistema de responsabilidade
ilimitada que, seguramente, resultaria “em retração econômica, derivada dos altos custos que
antecederiam a implantação de um empreendimento, nem sempre possíveis de serem arcados”, como
pondera, conjugando Direito e Economia, Irena Carneiro Martins (apud FARIAS; ROSENVALD, 2021, p.
495).
Para constituir uma pessoa jurídica, estabelece o art. 45 do CC que deverá ser levado a registro o ato
constitutivo:
Então, para que haja a personificação de um ente criado com determinado intuito na sociedade, é
preciso que seja registrado o ato que constitui esta nova entidade: o ato constitutivo. Somente quando
cumprido o que a lei exige, é que nasce uma pessoa jurídica formalmente constituída.
O registro tem natureza constitutiva, e não meramente declaratória, e, mesmo quando estivermos
considerando um empresário rural ou sociedade empresária rural, o registro manterá a natureza desta
natureza, conforme preleciona o enunciado 202 do Conselho da Justiça Federal: “o registro do
empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o
ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não
exercer tal opção”.
ATENÇÃO
Deve-se observar que, como preceitua o artigo mencionado, quaisquer alterações pelas quais passe o
ato que constitui a pessoa jurídica deverão ser levadas ao cartório para averbação.
O que exatamente constará desse ato constitutivo para que realmente possa ser criada a pessoa
jurídica?
Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos
presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso (CC, art. 48).
Nessa hipótese, o legislador conferiu ao interessado o prazo decadência de três anos para que se
anulem as decisões tomadas com esses vícios (CC, art. 48, parágrafo único).
Caso a administração da pessoa jurídica venha a faltar, por qualquer motivo, para que não fique a
pessoa jurídica sem este importante órgão, o juiz poderá nomear administrador provisório (CC, art. 49).
MODALIDADES E DOMICÍLIO DE
PERSONALIDADE JURÍDICA
Delineados a conceituação de pessoa jurídica e seu modo de constituição, resta analisar quais seriam
as modalidades desse tipo de pessoa previstas no nosso ordenamento jurídico.
Quanto à nacionalidade
Podendo ser divididas em pessoa jurídica nacional ou interna e pessoa jurídica estrangeira ou externa.
Podendo ser nominadas de pessoas jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado
(CC, art. 40).
NACIONAL OU INTERNA
É aquela a quem foi atribuída a personalidade pelo direito brasileiro.
ESTRANGEIRA OU EXTERNA
É toda aquela que tem sua personalidade atribuída por direito estrangeiro, a quem obedecerá às regras
de constituição, modificação e extinção.
ATENÇÃO
Cabe ressaltar que, ainda que uma pessoa jurídica tenha como sócios pessoas de outras
nacionalidades que não a brasileira, se esta vem a ser constituída no Brasil, a pessoa jurídica será
nacional.
No caso das pessoas jurídicas constituídas sob a égide de lei estrangeira e com sede no exterior,
somente poderão funcionar no Brasil com a devida autorização do Poder Público.
Agora vejamos a classificação das pessoas jurídicas de direito público e de direito privado:
As pessoas jurídicas de direito público são: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, os
Municípios, as autarquias, inclusive as associações públicas e as demais entidades de caráter público
criadas por lei (CC, art. 41 e incisos).
Em consonância com a responsabilidade do Estado positivada no art. 37, §6º, da Carta Política de 1988,
o Código Civil também dispôs que “as pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado
direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo” (CC, art.
43).
São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem
regidas pelo direito internacional público (CC, art. 42).
Sob o prisma da estrutura interna, pode-se nominar uma pessoa jurídica com um patrimônio destinado a
determinada finalidade como:
Universitas personarum, isto é, pessoas reunidas para uma finalidade em comum, preponderando a
pessoalidade, tal como nas corporações.
UNIVERSITAS BONORUM
UNIVERSITAS PERSONARUM
Segundo o enunciado nº 144 da III Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, o rol
apresentado pelo Código Civil no art. 44 do CC para enumerar as pessoas jurídicas de direito privado
não seria taxativo, in verbis: “A relação das pessoas jurídicas de direito privado constante do art. 44,
incs. I a V, do Código Civil não é exaustiva”.
Dessa maneira, levando-se sempre em consideração a não taxatividade do rol a seguir, tem-se,
inicialmente, as seguintes pessoas de direito privado:
I - AS ASSOCIAÇÕES;
II - AS SOCIEDADES;
III - AS FUNDAÇÕES;
IV - AS ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS;
V - OS PARTIDOS POLÍTICOS;
Em leis esparsas, a doutrina traz ainda para conhecimento as seguintes pessoas jurídicas de direito
privado:
Sindicatos
Empresas públicas
Cooperativas
As associações são corporações que não têm finalidade lucrativa (CC, art. 53). Como exemplo,
podemos citar as associações estudantis ou de moradores do bairro. O fim visado é geralmente o bem-
estar comum, o que não significa dizer, que não possa haver ganho financeiro em suas atividades,
somente que estes ganhos deverão reverter para as atividades da associação e não para distribuição
entre associados.
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Não há entre os associados obrigações e direitos recíprocos (CC, art. 53, parágrafo único). Devem ter
iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais (CC, art. 55), sendo a
qualidade associado intransmissível, caso o estatuto não disponha diferentemente (CC, art. 56).
ATENÇÃO
A doutrina é uníssona, no que tange à impossibilidade de se criar uma fundação para fins lucrativos.
A fundação pode assumir feição pública ou privada (CC, art. 62 e parágrafo único). O ato que a constitui
é formal, praticado pelo instituidor, que estabelece o fim para qual será criada a pessoa jurídica. Após as
fases de dotação, ou de instituição e elaboração de estatutos, haverá a aprovação dos estatutos pelo
Ministério Público, se não os tiver elaborado (CC, art. 66), e posterior registro no Cartório do Registro
Civil de Pessoas Jurídicas.
Quanto à extinção da fundação, tem-se que (conforme o Código Civil, art. 69), o órgão do Ministério
Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo
disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que
se proponha a fim igual ou semelhante, caso:
OU
Tenha vencido o prazo de sua existência.
Sendo a República Federativa do Brasil um estado laico, as organizações religiosas poderão ser
livremente criadas, organizadas, estruturadas internamente, sendo vedado ao poder público negar-lhes
reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento (CC, art. 44,
§1º).
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No vídeo a seguir, a professora Camila Fortuna discorre sobre as pessoas jurídicas e sua proteção.
Vamos assistir!
O domicílio da pessoa jurídica será o de sua sede jurídica, local onde são exercidas as atividades
habituais e de onde emanam os atos de gestão. Ou, ainda, o domicílio será aquele indicado nos atos
constitutivos, consoante o disposto nos arts. 75, IV, 968, IV, e 969, combinando com o art. 1150 do
Código Civil.
Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos, em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados (CC, art. 75, §1º) e se a administração, ou diretoria,
tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações
contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela
corresponder (CC, art. 75, §2), sendo este último o denominado domicílio legal.
No que se refere às pessoas jurídicas de direito público, o art. 75 do CC estabelece o seguinte acerca
do domicílio:
União
Estados e Territórios
Município
De modo geral, regularmente constituída através do registro, a pessoa jurídica existirá por prazo
indeterminado, salvo se inicialmente suas atividades foram concebidas para durarem apenas por certo
período de tempo previamente fixado ou até que implemente a condição para que ocorra o fim de sua
existência.
Dissolução convencional
Porque os membros que se reuniram para criar a pessoa jurídica assim decidiram (distrato).
Dissolução administrativa
Quando o Poder Público entende necessária autorização e esta não pode mais ser concedida por
motivos legais.
Dissolução legal
Quando a própria lei dispõe sobre alguma causa de extinção e, por fim, por falecimento de sócio, no
caso de sociedades individuais.
Tendo como vetores axiológicos os princípios da boa-fé objetiva, outra interessante causa de dissolução
de uma pessoa jurídica é a violação à função social.
Os doutrinadores Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald trazem a seguinte lista de causas de extinção
da pessoa jurídica (FARIAS e ROSENVALD, 2021, p. 551):
1
Pela deliberação da unanimidade dos sócios (caso típico de distrato), nos termos do art. 1.033, II, da Lei
Civil.
Pela deliberação da maioria absoluta dos membros, resguardados os direitos da minoria vencida, como
reza o art. 1.033, II, da Lei Civil.
Pela falta de pluralidade de sócios, quando não vier a ser reconstituída no prazo de 180 dias, de acordo
com o inciso IV, do multicitado art. 1.033 do Codex. Ou seja, pelo desaparecimento (declaração de
ausência) ou morte dos sócios, sem que os herdeiros deles venham a prosseguir na atividade
empresarial.
Pela perda da autorização para funcionar, nas hipóteses em que se faz necessária a anuência
governamental (CC, art. 1.033, V).
Quando, constituída para atingir determinado desiderato, sua finalidade já tenha sido atingida ou tenha
se tornado ilícita ou impossível.
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Pela verificação de ser nociva ou impossível a sua manutenção, por decisão judicial, em ação promovida
pelo Ministério Público ou pelo interessado (que poderá ser um dos sócios ou mesmo terceiro).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) Pessoa jurídica é uma entidade que tem aptidão para titularizar direitos e obrigações.
D) A personalidade da pessoa jurídica se confunde com a personalidade das pessoas naturais que a
compõem.
E) É desnecessário o registro dos atos constitutivos da pessoa jurídica para que esta adquira
personalidade.
A) Municípios.
B) União.
C) Distrito Federal.
D) Estados.
E) Associações.
GABARITO
1. Estudamos, neste módulo, o tema pessoas jurídicas. Assinale a alternativa correta a esse
respeito:
Devido à necessidade decorrente da dinâmica social, quando um grupo de pessoas se reúne para
determinada finalidade, forma-se uma entidade. A pessoa jurídica pode ser definida como uma entidade
capaz de titularizar direitos e obrigações, na forma dos arts. 1º combinado com o art. 40 do CC.
As associações, por expressa disposição legal (CC, art. 44, inciso I) constituem pessoas jurídicas de
direito privado. Os demais entes citados na questão são pessoas jurídicas de direito público (CC, art. 41
e incisos).
MÓDULO 3
CONCEITO E FUNÇÃO
Com a aquisição da personalidade jurídica por parte da entidade devidamente registrada, há autonomia
patrimonial em relação aos seus componentes. Ocorre que, por muitas vezes, esse escudo patrimonial
acabou por ser utilizado para finalidades estranhas e fraudatórias de direitos de terceiros, o que
compeliu a doutrina e a jurisprudência a revisitarem a personalização da pessoa jurídica para
atingimento da pessoa do sócio no que se refere ao patrimônio em hipótese de ocorrência de abuso de
direito.
Com a aplicação da referida teoria, visa-se a atribuir responsabilidade aos sócios ou administradores
pela prática de ato fraudulento ou abusivo, respondendo estes com seu patrimônio pessoal.
ATENÇÃO
Cabe frisar que não será extinta a pessoa jurídica, mas, na verdade, em relação a determinados atos
praticados com desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, poderá o juiz, a requerimento da
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderar a personalidade
jurídica para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente
pelo abuso (CC, art. 50).
A já referida Lei nº 13.874/2019, com a inclusão dos parágrafos no art. 50 do Código Civil, houve por
bem esclarecer (no parágrafo 2º e incisos) o que seria:
DESVIO DE FINALIDADE
CONFUSÃO PATRIMONIAL
DESVIO DE FINALIDADE
A utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de
qualquer natureza.
CONFUSÃO PATRIMONIAL
Quanto à teoria adotada no Código Civil para formulação da desconsideração, esta foi a Teoria Maior,
que exige a demonstração da ocorrência de elemento objetivo relativo a qualquer um dos requisitos
previstos na norma, caracterizadores de abuso da personalidade jurídica, como:
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Excesso de mandato
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Ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica
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ATENÇÃO
No Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90), entretanto, adotou-se a Teoria Menor (art. 28,
§5º), ou seja, sempre que a personalidade jurídica for obstáculo à proteção do consumidor em caso de
abuso da autonomia patrimonial no que tange à ocorrência de prejuízos, adotar-se-á a disregard
doctrine.
MODALIDADES DE DESCONSIDERAÇÃO DA
PERSONALIDADE JURÍDICA
Quando se abusa da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para encobrir atos fraudulentos ou
abusivos da própria entidade, atingindo o patrimônio dos sócios, temos a aplicação da teoria da
desconsideração da personalidade jurídica propriamente dita, com previsão no caput do art. 50 do
Código Civil.
DESCONSIDERAÇÃO INVERSA
Desconsidera-se a autonomia da pessoa jurídica para obrigá-la a assumir os efeitos patrimoniais dos
atos levados a cabo pelos próprios sócios, que se valeram do véu protetivo da autonomia da pessoa
jurídica para prejudicar os seus credores pessoais.
O Conselho da Justiça Federal, na IV Jornada de Direito Civil, assim formulou Enunciado sobre o tema:
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“Transferência, pelo convivente, de quotas sociais a terceiros, mantendo-se, todavia, no comando das
referidas empresas, com intuito de esvaziar patrimônio e não se sujeitar ao regime de bens da união
estável e burlar eventual partilha” (AgInt no AREsp 1243409 / PR). Neste caso, a Corte de Justiça
admitiu a aplicação da modalidade de teoria em comento.
Como esclarecem Gustavo Tepedino e Milena Donato Oliva (2021, p. 137-138), o juiz não poderá ex
officio, ou seja, sem que haja requerimento, aplicar a disregard doctrine, em qualquer modalidade, direta
ou inversa:
Desse modo, a teoria em apreço que, inicialmente, só previa a modalidade direta, ou seja, o atingimento
de patrimônio dos sócios ou administradores para arcar com atos praticados pela pessoa jurídica em
desvio de finalidade ou confusão patrimonial, ganhou novos contornos para admitir a modalidade
inversa. Isto é, a possibilidade de atingimento do patrimônio da sociedade em hipóteses em que o sócio
ou o administrador escondem patrimônio pessoal no patrimônio da pessoa jurídica.
DECISÃO
“EMENTA: PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DESCONSIDERAÇÃO EXPANSIVA DA
PERSONALIDADE JURÍDICA. “DISREGARD DOCTRINE” E RESERVA DE JURISDIÇÃO: EXAME DA
POSSIBILIDADE DE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, MEDIANTE ATO PRÓPRIO, AGINDO “PRO
DOMO SUA”, DESCONSIDERAR A PERSONALIDADE CIVIL DA EMPRESA, EM ORDEM A COIBIR
SITUAÇÕES CONFIGURADORAS DE ABUSO DE DIREITO OU DE FRAUDE. A COMPETÊNCIA
INSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO E A DOUTRINA DOS PODERES
IMPLÍCITOS. INDISPENSABILIDADE, OU NÃO, DE LEI QUE VIABILIZE A INCIDÊNCIA DA TÉCNICA
DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA EM SEDE ADMINISTRATIVA. A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: SUPERAÇÃO DE PARADIGMA
TEÓRICO FUNDADO NA DOUTRINA TRADICIONAL? O PRINCÍPIO DA MORALIDADE
ADMINISTRATIVA: VALOR CONSTITUCIONAL REVESTIDO DE CARÁTER ÉTICO-JURÍDICO,
CONDICIONANTE DA LEGITIMIDADE E DA VALIDADE DOS ATOS ESTATAIS. O ADVENTO DA LEI
Nº 12.846/2013 (ART. 5º, IV, “e”, E ART. 14), AINDA EM PERÍODO DE “VACATIO LEGIS”.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA E O POSTULADO DA INTRANSCENDÊNCIA
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DAS MEDIDAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. MAGISTÉRIO DA
DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DA PRETENSÃO CAUTELAR E
CONFIGURAÇÃO DO “PERICULUM IN MORA”. MEDIDA LIMINAR DEFERIDA.”
MS 32494 MC / DF - DISTRITO FEDERAL
Julgamento: 11/11/2013
Publicação
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“(...) 75 - A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica tem por objetivo coibir o
uso indevido da pessoa jurídica, levada a efeito mediante a utilização da pessoa jurídica contrária a sua
função social e aos princípios consagrados pelo ordenamento jurídico, afastando, assim, a autonomia
patrimonial para chegar à responsabilização dos sócios da pessoa jurídica e/ou para coibir os efeitos de
fraude ou ilicitude comprovada.
RESPONSABILIDADE DA PERSONALIDADE
JURÍDICA
Como há autonomia patrimonial e organizacional das pessoas jurídicas, decerto que respondem
normalmente pelos seus atos com seu patrimônio social de forma autônoma, não se podendo, em
práticas regulares de atos pela entidade, haver responsabilização de sócios. Neste tocante, sobre a
autonomia patrimonial da pessoa jurídica, temos de repisar o conteúdo do art. 49-A do CC, que assim
estabelece: “a pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou
administradores”.
A pessoa jurídica, nas suas práticas rotineiras, pode praticar atos que venham a ferir a esfera jurídica de
outras pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas também, o que ocasionará o dever de reparação
integral, consoante disposição do art. 173, § 5º da Carta Política de 1988:
Se a prática de atos pelos administradores foi levada a cabo dentro dos limites impostos pelos atos
constitutivos, fica a pessoa jurídica obrigada pelos atos dos seus administradores (CC, art. 47).
Essa responsabilidade será de natureza subjetiva, devendo ser provados a conduta, o dano e o nexo de
causalidade entre a conduta praticada em nome da pessoa jurídica e o dano sofrido por quem se alega
vítima.
Se ocorre, no entanto, prática pelos administradores de ato que extrapola os atos constitutivos ou a
representação que lhe for conferida, a doutrina mais abalizada nos informa que deverá ser adotada a
teoria da aparência, pois, perante a sociedade, os administradores “aparentam” deter poderes para
entabular as negociações em nome da pessoa jurídica, e, a menos que se prove que a parte lesada
tinha expressa ciência da impossibilidade de prática de determinado ato, a pessoa jurídica
deverá responder também pelo ato praticado com excesso ou abuso de direito.
Nessa linha de raciocínio ora apresentada, tem-se a seguinte ementa de julgado do Superior Tribunal de
Justiça:
(GRIFOS NOSSOS)
ATENÇÃO
Quando a pessoa jurídica for uma sociedade empresária, haverá responsabilização objetiva, na forma
do art. 931 do Código Civil.
No que concerne às pessoas jurídicas de direito público, há previsão de responsabilidade no art. 37, §6º
da CRFB/88 no sentido de que “responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”. Na
mesma linha de entendimento, o art. 43 do CC frisou a responsabilidade civil das pessoas jurídicas por
atos dos seus agentes contra terceiros, ressalvado o direito de regresso, se houver.
ATENÇÃO
Somente em hipóteses em que provar culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito ou força
maior as pessoas jurídicas de direito público serão exoneradas de responsabilização.
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VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Responderão pelos atos praticados pela sociedade, de maneira geral, os sócios que compõem a
entidade.
A) O Código Civil, assim como o Código de Defesa do Consumidor, adotou a Teoria Menor da
desconsideração da personalidade jurídica.
B) O Código Civil prevê a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica no art. 50.
E) Aplica-se a teoria pelo Poder Judiciário, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo.
GABARITO
É o que preconiza o art. 50 do CC, que acabou por albergar a teoria da desconsideração da
personalidade jurídica construída pela doutrina e jurisprudência: “em caso de abuso da personalidade
jurídica, caracterizado pelo desvio da finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos
de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou sócios da pessoa jurídica".
O Código Civil, contrariamente ao que foi adotado no Código de Defesa do Consumidor, adota a Teoria
Maior da desconsideração da personalidade jurídica.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a pessoa, seja ela natural ou jurídica, é o sujeito das relações no Direito. A personalidade,
atributo essencial, no caso das pessoas naturais, começa do nascimento com vida, e, no caso das
pessoas jurídicas, com o registro dos atos constitutivos na serventia com atribuição.
ATENÇÃO
A personalidade deve sempre ser analisada pelo viés humanizante dos influxos da constitucionalização
do Direito, com a aplicação direta de normas constitucionais, como aquela constante do artigo 1º, inciso
III, que traz a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República.
Deve-se atentar para o fato de que o rol de direitos de personalidade do Código Civil não é taxativo e,
considerando as conquistas históricas e progressivas do homem em relação à sua individualidade, mais
e mais direitos de personalidade surgirão em relação à proteção identitária e outras searas. Quanto ao
nome, subdivido em prenome e sobrenome, e ao pseudônimo especificamente, há amparo nos arts. 16
a 19 do Código Civil de 2002.
A pessoa jurídica também foi objeto de estudo, podendo ser definida como uma entidade capaz de
titularizar direitos e obrigações, dotada de subjetividade autônoma das subjetividades dos indivíduos que
a criaram.
COMENTÁRIO
O Código Civil deu bastante realce ao aspecto da autonomia patrimonial e organizacional da pessoa
jurídica, com recente inserção no art. 49-A do seguinte preceito: “a pessoa jurídica não se confunde com
os seus sócios, associados, instituidores ou administradores”.
A proteção contra o abuso da personalidade jurídica, por sua vez, recebeu proteção do Código Civil
através da positivação da disregard doctrine, no art. 50, e art. 50, §3. Bastante comentada pela doutrina
e de presença recorrente nos nossos tribunais, vem a combater a utilização da personificação da
entidade para amparar fins fraudulentos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BEVILÁQUA, C. Teoria geral do Direito Civil. Campinas: Red Livros, 1999.
FARIAS, C. C. de; ROSENVALD, N. Curso de Direito Civil: parte geral e LINDB. 19. ed. rev. ampl. e
atual. Salvador: JusPodivm, 2021.
GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Novo curso de Direito Civil. 8. ed. São Paulo: Saraiva,
2007.
GONÇALVES, C. R. Direito Civil Brasileiro: parte geral. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
PEREIRA, C. M. da S. Instituições de Direito Civil, vol. 1. 25. ed., revista e atualizada por Tânia da
Silva Pereira (versão digital). Rio de Janeiro: Forense, 2017.
SCHREIBER, A. Manual de Direito Civil contemporâneo. 3. ed. (versão digital). São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.
TEPEDINO, G.; OLIVA, M. D. Fundamentos do Direito Civil, vol. 1. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2021.
EXPLORE+
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