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Direito das Coisas

Introdução
SEJAM TODOS BEM-VINDOS PARA MAIS UMA AULA!!

PROFº DÊNIS AURÉLIO LOPES FERREIRA


NOSSO TEMA DE AULA
É...

DIREITO DAS COISAS!


INTRODUÇÃO:
No Direito Civil Parte Geral estudamos: Pessoa, Bem e Atos Jurídicos (Atos
Jurídicos “lato sensu’’; Aquisição e Extinção e Negócios Jurídicos (Ato ilícito e
Contratos).

No Direito das Obrigações estudamos a obrigação entre as pessoas.

No Direito Contratual ou Contratos em Espécie estudamos o vínculo das


obrigações estipuladas entre pessoas.

E neste momento, no Direito das Coisas ou Direito Real, iremos estudar o


vínculo entre pessoa e objeto.
1. TERMINOLOGIA:
Segundo a clássica definição de Clóvis
Beviláquia: ‘‘o Direito das Coisas representa
um complexo de normas que regulamenta as
relações dominiais existentes entre a pessoa
humana e as coisas apropriáveis’’
(GONÇALVES, 2017, p. 19).
Podemos afirmar que ‘‘coisas’’ expressa
gênero, e abrange tudo aquilo que não é
humano; enquanto que os ‘‘bens’’ são coisas
com interesse jurídico e/ou econômico, ou
seja, constituem espécie (RODRIGUES,
Silvio. Direito civil, 1994, p. 110).
TABELA 1 – DIREITO DAS COISAS:

Coisa (Gênero) Bens (espécie)


Coisas são bens corpóreos: Bens são coisas que, por serem úteis
existem no mundo físico e hão de e raras, são suscetíveis de
ser tangíveis pelo homem (CC apropriação e contém valor
alemão, § 90; CC grego, art. 999). econômico. Somente interessam ao
direito coisas suscetíveis de
apropriação exclusiva pelo homem,
sobre os quais possa existir um
vínculo jurídico, que é o domínio. As
que existem em abundância no
Universo, como o ar atmosférico e a
água dos oceanos deixam de ser bens
em sentido jurídico.

Fonte: GONÇALVES (2017)


TABELA 2 – DISTINÇÃO
(COISAS E BENS):
Coisa (Gênero) Bens (espécie)
Portanto, “Coisa” é tudo Bens são apenas aquelas
aquilo que não é humano. coisas que têm valor
Por exemplo, pode-se dizer econômico e que são
que um cão, uma mesa, suscetíveis de apropriação
uma casa, um fruto, todos (animais, livros, automóveis
estes são coisas. etc.).

Fonte: GONÇALVES (2017)


A palavra coisa, ainda que, sob certas relações,
corresponda, ao termo bem, todavia dele se
distingue. Há bens jurídicos, que não são coisas: a
liberdade, a honra, a vida, por exemplo. E, embora o
vocábulo coisa seja tomado em sentido mais ou
menos amplo, designa, mais particularmente, os bens
que são, ou podem ser, objeto de direitos reais. Neste
sentido, dizemos ‘‘direito das coisas’’.
TABELA 3 – CONCEITO DE DIREITO E
REAL:
Direito das Coisas Direito Real
É o conjunto de normas direcionadas às O vocábulo reais deriva de res (coisa).É
relações jurídicas que envolvem bens o direito absoluto capaz de subordinar
passíveis de apropriação pelo homem, determinada coisa à pessoa a quem se
ou seja, que são suscetíveis de valor acha diretamente vinculada, o seu dono.
econômico. Os Direitos Reais são definidos em lei. A
diferença substancial em relação ao
Direito das Coisas é que este constitui
um ramo do Direito Civil, um campo
metodológico. Já os Direitos Reais
constituem as relações jurídicas em si,
em cunho subjetivo.

Fonte: Adaptado de Gonçalves (2017)


De qualquer forma, surge a dúvida,
pela leitura das capas dos manuais de
Direito Civil: qual a expressão correta
a utilizar, Direito das Coisas ou
Direitos Reais?
A maioria da doutrina e dos Códigos prefere a
expressão direitos reais. Ambas as
expressões, direitos das coisas e direitos
reais, possuem, todavia, conceito e objetivo
idênticos, tratando da mesma matéria
(GONÇALVES, 2017).
ATENÇÃO: Deve-se apenas fazer a ressalva a respeito dos
direitos de autor, que têm por objeto bens incorpóreos,
devendo ser tratados como direitos de personalidade e não
como propriedade, em seu sentido amplo. O Código de 1916
regulava no direito das coisas os direitos autorais. No entanto,
os direitos autorais são de natureza imaterial, de fundo moral,
decorrentes da própria personalidade humana. O Código de
2002, corretamente, não disciplinou essa matéria, que hoje é
tratada em lei específica (Lei nº. 9.610/98).
2. CONTEÚDO:
O Código Civil regula o direito das coisas no
Livro III de sua Parte Especial. Trata
primeiramente da posse e, em seguida, dos
direitos reais. Destes, o mais importante e
mais completo é o direito de propriedade, que
constitui o título básico (III) desse Livro.
Os demais resultam de seu
desmembramento e são denominados
direitos reais menores ou direitos reais
sobre coisas alheias. São regulados nos
Títulos IV a X do aludido Livro III.
Subdividem-se em
a) Direitos reais de gozo ou fruição:
superfície, servidão, usufruto, uso,
habitação, direito do promitente comprador,
concessão de uso especial para fins de
moradia e concessão de direito real de uso;
Subdividem-se em:
b) Direitos reais de garantia: penhor,
hipoteca e anticrese.
Posse é um Fato ou Direito?

É uma situação de fato que gera um Direito,


podemos dizer que POSSE é um Direito
Especial que estuda dentro dos Direitos das
Coisas mas não é um Direito Real. Para facilitar
o entendimento, ter a posse é dispor do bem ou
coisa, como por exemplo, morar em uma casa
alugada, o possuidor tem a posse da casa, mas
não é proprietário da mesma.
RESUMO:

1. Posse (art. 1.196 a 1.227).


2. Direitos reais:
a) propriedade (art. 1.228 a 1.368);
b) direitos reais sobre coisa alheia (arts.
1.369 a 1.510).
Cumpre salientar que o direito das coisas não
está regulado apenas no Código Civil, senão
também em inúmeras leis especiais, como as
que disciplinam, por exemplo, a alienação
fiduciária, a propriedade horizontal, os
loteamentos, o penhor agrícola, pecuário e
industrial, o financiamento para aquisição da
casa própria, além dos Códigos especiais
concernentes às minas, águas, caça e pesca e
florestas, e da própria Constituição Federal
(GONÇALVES, 2017).
3. DIREITOS REAIS X PESSOAIS:

O direito das coisas trata das relações


jurídicas concernentes aos bens corpóreos
suscetíveis de apropriação pelo homem.
Incluem-se no seu âmbito somente os
direitos reais (coisas).
TABELA 4 – DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS
(DIFERENÇA):
Direitos Reais Direitos Pessoais

 Têm por objeto a res (coisa) – Apenas  Podem ser exercidos contra a própria
um sujeito: ativo; pessoa (credor – ativo e devedor –
passivo);
 Objeto: Sempre uma coisa (corpórea ou
incorpórea). Prevalece o Ter;  Objeto: Sempre uma prestação do
devedor (ex. dar, fazer, não-fazer);
 Recaem sobre coisas determinadas;
 Podem não recair sobre coisa certa;
 São de enumeração legal taxativa;
 Ultrapassam a enumeração da lei
 Se exercitam contra todos; (podem ou não estar previstas em lei);

 Parte pode ingressar com ação contra  Pressupõem sujeito passivo


quem detiver a coisa. Exemplos: posse e discriminado;
propriedade.
 Parte pode ingressar com ação, mas
somente contra a outra parte. Exemplo:
contratos em geral.

Fonte: TARTUCE (2019)


3. TEORIAS SOBRE OS DIREITOS
REAIS :

Teorias que explicam os Direitos Reais em


que quebram os paradigmas que existem o
sujeito ativo e o sujeito passivo:
TABELA 5 – TEORIA REALISTA E PERSONALISTA
Teoria Realista Teoria Personalista
Para esta teoria o Direito Real Para esta teoria a relação criada
possui como elementos essenciais pelo Direito Real possui como
sujeito ativo, a coisa e a inflexão elementos essenciais o sujeito ativo,
(desvio) do sujeito sobre a coisa. É a coisa e o sujeito passivo seria
portanto um poder absoluto. todas as demais pessoas.
Entende que a natureza jurídica do
direito real corresponde a inflexão
somente do homem com a coisa,
não existiria para ela sujeito
passivo.
Essa teoria é mais aceita pelo nosso
ordenamento jurídico.

Fonte: TARTUCE (2019)


4. PRINCÍPIOS DOS DIREITOS REAIS:
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:

• 1) Princípio do Absolutismo – O Direito Real


é oponível erga omnes (em face de todos),
enquanto que o Direito Pessoal é oponível a
um sujeito passível determinado (o devedor).
Eles podem ser evocados contra qualquer
pessoa.
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:

• 2) Princípio da Publicidade: Os Direitos


Reais somente se adquirem após o registro no
Registro de Imóveis, se se tratar de coisa
imóvel e com a tradição, se se tratar de coisa
móvel.
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:

• 3) Princípio da Tipicidade – Os Direitos Reais


são números clausus, ou seja, somente aqueles
que a Lei especificar. Ao contrário dos Direitos
Pessoais, onde prevalece a autonomia da
vontade. Portanto Direitos Reais são somente
aqueles que a Lei especificar (art. 1225 do CC).
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:

• 4) Princípio da Sequela – Prerrogativa de


obter, perseguir a coisa em poder de quem
quer que ela esteja. O detendo do Direito Real
tem o direito de perseguir a coisa aonde quer
que ela esteja e com quem ela esteja.
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:

• 5) Princípio da Especialidade – O objeto do


Direito Real é sempre determinado, ex.
Comprar de uma safra futura; enquanto que o
do Direito Pessoal pode ser determinável.
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:
• 6) Princípio da Atualidade – O Direito Real
exige a existência atual da coisa, enquanto que
o Direito Pessoal é compatível com a
futuridade, Ex. o meu cachorro morreu, logo
não é mais meu.
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:

• 7) Princípio da Exclusividade – Não podem


existir dois Direitos Reais contraditórios sobre
a mesma coisa.
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:

• 8) Usucapião – Alguns Direitos Reais


adquirem-se pela usucapião, já os Direitos de
Créditos extinguem-se pela prescrição
extintiva. Ex.: A propriedade não se perde pelo
não uso, mas sim por outra pessoa estar
usando-a algum tempo.
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:

• 9) Princípio da Preferência – Os Direitos


Reais gozam de preferência no rateio (divisão)
entre dois credores diversos de um mesmo
devedor.
Princípios que caracterizam os
Direitos Reais:

• 10) Posse – Os Direitos Reais são passíveis


de posse, ao contrário dos Direitos Pessoais.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406compilada.htm>.
Acesso em: 02.jul.2023.

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito


Civil. Vol. 5. 8º ed. Editora JusPODIVM, 2012.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Vol. 5. 12 ed. São


Paulo: Saraiva, 2017.

TARTUCE, Flávio. Direito Civil: direito das coisas. Vol. 4. 11. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2019.

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