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TGDC II

Algumas considerações de TGDC I:

-As provas foram difíceis e exigentes achámos mas a professora acha que isso é necessário
para tornar esses momentos sérios e tornar o estudo uma coisa conveniente para a formação
de conhecimento do resto do direito.
TGDC é exigente para evitar lacunas nas outras áreas.

-Essa exigente não significa que seja inultrapassável e para ultrapassar é preciso saber estudar
sem ser por sebentas com erros, etc.; há uma formação de ideias erradas; é aconselhado uma
revisão periódica para o estudo, ver aulas práticas, etc. interiorizando os conteúdos das aulas
para formar dúvidas mais do que tudo até para as esclarecer a tempo e não nas épocas de
avaliação.

TGDC II…

Começámos TGDC I por tentar definir do DC quer por um ponto de vista sistemático, como
material e deparámo-nos com vários direitos fundamentais que nos permitiu entender e
depois analisámos a relação jurídica e elementos;

No primeiro semestre demos o elemento do sujeito, mas há mais como a:

-Objeto (não nos vai ocupar muito tempo e o plano é que hoje isto fique estudado)

-Facto jurídico (vais nos acompanhar até ao final do ano letivo pois percebendo o que +e isto e
os tipos que existem vamos mergulhar num específico que é o negócio jurídico e é este que
nos vai ocupar todo o nosso tempo)

-Garantia (que não aprofunda-mos muito no 1º semestre)

Bibliografia é a mesma dita como as lições e não as sebentas erradas.

Apontamentos das aulas teóricas e práticas e eventualmente se necessário pode haver uma
complementar, mas estudando as lições temos aí toda essa matéria.

As aulas nos mesmos moldes mantendo a plataforma online para as várias razões e não é
preciso avisar se estamos positivos, etc…

As aulas práticas são dadas pelo Dr. Pedro e pela própria Dr. Mafalda e o tempo parece
controlado e não como no último semestre, mas não quer dizer que eventualmente não se
possa pedir uma extensão, mas isso não será a regra.

Na próxima terça-feira provavelmente não haverá aulas por tolerância de ponto (carnaval),
mas vamos ver.
Aula teórica às 14:30 nesta sexta apenas.

Comecemos…

Vamos começar pelo objeto da relação jurídica.

O Objeto da relação jurídica é aquilo sobre o que ela incide ou mais precisamente é aquilo
sobre o que incide o direito titulado pelo sujeito ativo da relação jurídica.
Ou seja, falar entre objeto da relação ou objeto do direito subjetivo do direito ativo é o mesmo
e por vezes faz-se distinção entre objeto:

-Imediato

-Mediato

A diferenciação passa por saber se estes ditos poderes do titular ativo incidem sobre aquele de
uma forma direta ou indireta e temos de ver se os ditos poderes que caracterizam o direito
subjetivo incidem sobre o bem de forma direta ou indireta.
Esta distinção não é particularmente importante sobretudo por que só faz sentido por
referência aos direitos de crédito que impliquem uma prestação de coisa certa.

Imaginemos, se estivermos a falar de direitos reais; é um direito direto sobre a coisa e não faz
sentido falar sobre objetivo mediato ou imediato e o objeto é só um.
Se falarmos de direito de crédito que A tem relativamente a B no sentido em que B é obrigado
a cantar num espetáculo neste caso temos apenas um objeto que é a prestação a que B se
vincula e não faz sentido distinguir objeto mediato e imediato mas se estivermos a pensar por
exemplo no direito que A tem à entrega de uma coisa podemos distinguir dois objetos
(imediato- prestação; mediato- a coisa que vai ser entregue)

Já percebemos o que é este objeto.

Nota: podemos ter diferentes objetos para a relação jurídica consoante o tipo de relação
jurídica que existe (se lermos o art.º 202 do CC – dá-nos a definição de coisa.)

Ao que parece se lermos este artigo que o objeto da relação jurídica é uma coisa e sempre
uma coisa, mas a verdade é que este artigo tem uma redação infeliz porque existe mais
objetos para além das coisas e vamos ver aliás o que é uma coisa para o direito afinal.

Possíveis objetos destas relações:

-As pessoas (direitos funcionais ou poderes-deveres, mas sabemos que isto não correspondem
a uma objetivação do sujeito e não tiramos humanidade a estas pessoas, mas sim para
salvaguardar estes)

-A própria pessoa globalmente considerada ou determinados bens da sua personalidade


podem ser objeto de relações jurídicas. (direitos que estão em causa neste caso são os direitos
de personalidade)

-As prestações (as prestações traduzem-se num comportamento a que alguém se vinculou que
pode ser um comportamento ativo ou passivo (uma ação ou uma omissão). Os direitos objetos
das prestações são os direitos de crédito (artigo 397 do CC- Obrigação é o vínculo jurídico por
virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação.)

-As coisas (o artigo 202 do CC define coisa, mas percebemos que esta noção é muito
infeliz porque faz equivaler a coisa a qualquer objeto da relação jurídica e não ao bem – a
coisa para o direito do ponto de vista jurídico não tem o mesmo significado de coisa da
linguagem corrente (ex.: para o direito a eletricidade é uma coisa (mesmo que incorpórea)
mas na linguagem corrente as pessoas diriam que não). Curiosamente isto gerou um
problema interessante no passado e no direito penal existe um crime de furto (subtração
de coisa alheia com o fim dela se apropriar e na altura era muito comum o desvio de
eletricidade e colocava-se a questão de saber se poderíamos ou não punir aquele sujeito
através da sanção própria do crime de furto e se estávamos perante esse subtração de
coisa alheia por essas definições de coisa (para o direito coisa é qualquer bem de caráter
estático, desprovido de personalidade e não integradora do conteúdo dessa personalidade
que seja suscetível de constituir objeto de relações jurídicas).
Para estarmos perante uma coisa temos de perante um bem de caráter estático (para
distinguir das prestações que têm caráter dinâmico); não podem ter personalidade nem
constituir tal personalidade e têm de ser suscetíveis de constituir relações jurídico e isso
preciso de 3 requisitos:

 Existência autónoma ou separada (se não houver esse tipo não se pode falar em
coisa e quando muito em parte integrante (ex.: se tivermos um tijolo o tijolo é uma
coisa, mas se estiver incorporado numa casa é uma parte integrante).
 Tem que haver possibilidade de apropriação exclusiva (o mar não é uma coisa
porque não é suscetível de apropriação exclusiva – não se exige que seja
efetivamente apropriado (existem os chamados res nullius – e é uma coisa que
não pertence a ninguém)
 Tem que se mostrar apto a satisfazer necessidades humanas e por isso se
costuma dar o exemplo que um grão de areia que retiramos do areal da praia não
é possível ser considerado uma coisa porque não consegue satisfazer
necessidade humanos.

Dentro das coisas podemos encontrar diversas classificações (ver artigo 203 do
CC)
As coisas são imóveis ou móveis, simples ou compostas, fungíveis ou não fungíveis,
consumíveis ou não consumíveis, divisíveis ou indivisíveis, principais ou acessórias,
presentes ou futuras.

E depois os artigos seguintes apresentam estas seguintes classificações.

O artigo 204 e 205 (sobre coisas imóveis e móveis).


Artigo 204.º
(Coisas imóveis)
TEXTO
1. São coisas imóveis:
a) Os prédios rústicos e urbanos;
b) As águas;
c) As árvores, os arbustos e os frutos naturais, enquanto estiverem ligados ao solo;
d) Os direitos inerentes aos imóveis mencionados nas alíneas anteriores;
e) As partes integrantes dos prédios rústicos e urbanos.
2. Entende-se por prédio rústico uma parte delimitada do solo e as construções nele
existentes que não tenham autonomia económica, e por prédio urbano qualquer edifício
incorporado no solo, com os terrenos que lhe sirvam de logradouro.
3. É parte integrante toda a coisa móvel ligada materialmente ao prédio com carácter de
permanência.
Artigo 205.º
(Coisas móveis)
TEXTO
1. São móveis todas as coisas não compreendidas no artigo anterior.
2. As coisas móveis sujeitas a registo público é aplicável o regime das coisas móveis em
tudo o que não seja especialmente regulado.

Hoje em dia, fruto da digitalização do mundo, colocam-se diversas questões a propósito da


qualificação de certas realidades como coisas móveis ou imóveis e designadamente até
como coisas em si mesmo.
O que aqui está em causa (nesta qualificação e nas das corpóreas e incorpóreas) tudo
aquilo que tem a haver com bens digitais até a propósito da eventual qualificação do
software como uma coisa como corpórea ou não e também a propósito dos NFTS e o
problema se é ou não possível configurar sobre aqueles direitos correspondentes de
transmissão de bens se consideramos aquilo como coisas e direitos reais e a sua
consideração como móveis, imóveis, corpóreas, incorpóreas e para chamar a atenção que
estas classificações no mundo atual são duvidosas.

-Outro tipo de objeto, os próprios direitos (podemos ter direitos sobre próprios direitos (ex.:
penhor de créditos).
-e por último, desde 2017, podemos ter outro objeto que são os animais – desde 2017
porque antes daí havia animais só que eram considerados coisas e não se
autonomizavam deste objeto e a partir daí deixam de ser considerados coisas e temos o
artigo 201-B, C e D a regular os animais.
e aqui são considerados ser vivos, dotados de sensibilidade e objetos de proteção jurídica
em virtude da sua natureza.
São distinguidos das coisas mas se virmos os 201-D com hipocrisia jurídica aplicar aos
animais a legislação de direitos da coisa com as devidas adaptações.

Devemos dizer uma coisa importante…


Já nos referimos várias vezes ao património e ao contrário do que pensamos o património
não é objeto da relação jurídico e não se integra no âmbito de objeto mas funciona ao nível
da garantia da relação jurídica porque quando não existe outra garantia das obrigações o
património vai estar como garantia geral.
O A tem direito a 20.000 perante B e em última instância A pode propor uma ação em
tribunal para que seja executado o património de B.
Se o património não é objeto de relações jurídicas então é o conjunto de relações jurídicas
avaliáveis em dinheiro de que é titular o sujeito.
Quando referimos assim o património é o património global mas podemos falar de
património noutras acessões:

-Podemos falar de património como o conjunto das relações jurídicas ativas avaliáveis em
dinheiro de que um sujeito é titular (se falarmos assim estamos a olhar para o ativo
(direitos de natureza matrimonial de que é titular (falamos assim de património ilíquido)).
Olhamos apenas para o ativo.
-Podemos falar de património líquido (aqui comtemplamos todas as relações avaliáveis em
dinheiro de que um sujeito é titular ativo e vou descontar as relações jurídicas avaliáveis
em dinheiro em que é passivo (ativo- passivo dando resultado líquido)

-Podemos falar do chamado património autónomo: 1ºnota- património funciona como


garantia geral das obrigações e em última instância responde pelas nossas dívidas, mas,
quando falamos de património autónomo falamos de um conjunto de relações avaliáveis
em dinheiro que estão submetidas a um regime especial no que diz respeito à
responsabilidade por dívidas. O património autónomo quer dizer que só responde por
certas dívidas e por essas dívidas só ele é que responde (é como se daquele conjunto de
relações jurídicas lhe desse um estatuto especial). (Ex.: A herança- é um património
autónomo e vemos vendo o artigo 2071:
Artigo 2071.º
(Responsabilidade do herdeiro)
TEXTO
1. Sendo a herança aceita a benefício de inventário, só respondem pelos encargos
respetivos os bens inventariados, salvo se os credores ou legatários provarem a existência
de outros bens.
2. Sendo a herança aceita pura e simplesmente, a responsabilidade pelos encargos
também não excede o valor dos bens herdados, mas incumbe, neste caso, ao herdeiro
provar que na herança não existem valores suficientes para cumprimento dos encargos.

Aqui diz-nos que pelas dívidas de um de cuius só respondem os bens da herança.


(quando A morre ele tem património líquido avaliado em 100.000 euros e imaginemos que
é devedor e deve 200.000. Os herdeiros só são responsáveis por pagar ao limite do valor
da herança. Pela dívida do de cuius só respondem os bens da herança e só responde por
certas dívidas.

No artigo 2070:
Artigo 2070.º
(Preferências)
TEXTO
1. Os credores da herança e os legatários gozam de preferência sobre os credores
pessoais do herdeiro, e os primeiros sobre os segundos.
2. Os encargos da herança são satisfeitos segundo a ordem por que vêm indicados no
artigo 2068.º
3. As preferências mantêm-se nos cinco anos subsequentes à abertura da sucessão ou à
constituição da dívida, se esta é posterior, ainda que a herança tenha sido partilhada; e
prevalecem mesmo quando algum credor preterido tenha adquirido garantia real sobre os
bens hereditários.
Este diz-nos que se o próprio herdeiro tiver dívidas esses credores serão pagos com os
bens da herança depois de satisfeitos todos os encargos da herança. Mesmo que o
herdeiro seja devedor só pode utilizar os bens da herança para pagar aos seus devedores
depois de satisfeitos os encargos das heranças e temos outra nota da autonomia
patrimonial da herança. Naturalmente se o herdeiro herdar um imóvel de 100.000 euros e
dever 200.000 ele pode não querer dar o imóvel mas pagar os 100.000 euros do próprio
herdeiro.
Capítulo do facto jurídico- hoje apresentamos apenas isto num apanhado geral

O que é um facto jurídico? É aquilo que faz nascer a relação jurídica, de onde provém esta
relação e de onde emerge e faz nascer.
Há determinados factos que são irrelevantes para o direito e se o facto é jurídico é
relevante para o direito, também pode modifica-la ou extingui-la.

Sobre esta ideia de ter factos irrelevantes para o direito temos de ter cautela porque
estamos longe do positivismo onde o legislador define o direito e hoje em dia depende.
Imaginemos um convite para jantar a priori e´irrelevante mas pode levar a que haja uma
responsabilidade pela confiança dependendo do caso. (ex.: A convida B para ir passear
numa montanha gélida e arriscada em princípio é irrelevante mas se A sabia que B tinha
uma condição de saúde, vertigens etc. pode ser relevante.)

O que queremos saber é se o facto jurídico tem necessariamente relevância jurídica.


E dentro dos factos temos factos:
-Voluntários (estes estão dependentes da vontade do sujeito)
 Ilícitos (desencadeiam uma relação jurídica ao nível da responsabilidade civil)
 Lícitos (elícitos designam-se por atos jurídicos)
Atos jurídicos são factos jurídicos voluntários e dentro dos atos jurídicos podemos
distinguir os simples atos jurídicos dos negócios jurídicos.
Os simples atos jurídicos têm na sua base a vontade mas os efeitos jurídicos produzem-se
ex lege (de acordo com a lei) como se a vontade só servi-se como desencadeador e a
partir que atua aquilo decorre conforme a lei determina. (dentro destes simples atos
jurídicos encontramos os atos materiais (imaginemos que A escreve um romance, quando
o faz o seu ato é um ato voluntário e a partir daqui se é original desencadeia direitos de
autores mas é material) e depois temos os quase negócios jurídicos porque parecem
negócios jurídicos mas produzem-se ex lege (ex.: perfilhação – é um ato voluntário mas
todos os seus efeitos decorrem perante lei)
No outro lado destes atos jurídicos temos os negócios jurídicos e estes são voluntários e
por isso estão dentro dos atos jurídicos, mas os efeitos não se produzem ex lege mas ex
voluntate (de acordo com a vontade)
Esta distinção entre ex’s tem alguma discussão (Menezes Cordeiro) na doutrina porque
alguns efeitos dos negócios jurídicos que se produzem não constitui bem com a vontade
porque no contexto da relação o ordenamento impõe que se produzam.
Menezes cordeiro distingue os simples atos jurídicos e os negócios com outro critério. O
primeiro seriam caracterizados com a liberdade de celebração e os negócios jurídicos com
a liberdade de celebração e estipulação.
Só por dizer que este critério utilizado pelo professor Menezes Cordeiro não parece
satisfatório porque sabemos que há determinados negócios jurídicos que são celebrados
obrigatoriamente (sem liberdade de celebração) e às vezes as liberdades de estipulação
também aparece limitada.
Vamos seguir a distinção nos moldes tradicionais portanto.

Isto só se compreende quando estudarmos o que é o negócio jurídico e a distinção entre


as vontades e os efeitos.

Um aspeto, os simples atos jurídicos não se confundem com os negócios mas temos de
ter atenção ao que determina o 295 do CC.
~
Artigo 295.º
(Disposições reguladoras)
TEXTO
Aos atos jurídicos que não sejam negócios jurídicos são aplicáveis, na medida em que a
analogia das situações o justifique, as disposições do capítulo precedente.
O capítulo precedente é aquele que diz respeito ao negócio jurídico as disposições
relativas a este dentro daquilo que a analogia permitir ser aplicada aos simples atos
jurídicas sendo mais forte nos quase negócios jurídicos do que nas materiais.

-Involuntários -A morte e o nascimento são factos naturais mas fazem emergir relações
jurídicas e se juridicamente relevantes e involuntários

Não temos aula na terça mas a aula vai ser ás 14:30 still

Entramos na aula passada no estudo do facto jurídico que é um grande capítulo e é


fundamental no estudo da cadeira.
Começamos por caracterizar o que era o facto jurídico.
Distinguimos os lícitos dos ilícitos
E o involuntário e o voluntário e dentro do voluntário o ato jurídico dentro deste o simples
ato jurídico e o negócio jurídico.

Vamos parar e ver que o negócio jurídico e focar neste por duas razões:
-A multiplicidade de negócios jurídicos que se celebram no dia a dia e é incortonável um
jurista saber lidar com estes
-As regras próprias do negócio jurídico se aplicam com as devidas adaptações e sempre
que a analogia assim o permita aos simples atos jurídicos.

O que é o negócio jurídico?


Este não existiu desde sempre tal como o compreendemos hoje e a formulação original e
originário deste deveu-se à pandetística alemã (antes já se celebravam negócios jurídicos
mas a primeira compreensão veio destes):
-Num primeiro momento o negócio jurídico é entendido à luz de formulação de vontade
(nesta formulação originário) e Savigny como autor da época define negócio jurídico como
o facto jurídico que envolve uma atuação livre e no qual a vontade do sujeito de dirige à
constituição, modificação ou extinção de uma relação jurídica.
Portanto a nota predominante apresentada por Savigny é a vontade tal que é dirigida à
produção de um dos 3 efeitos jurídicos referidos.
Se alguma coisa podemos ainda colher desta primeira noção oferecida por Savigny é a
ideia que o negócio é composto por uma declaração, essa declaração identifica-se com a
vontade do declarante e dirige-se à produção de determinados efeitos.
O negócio jurídico é composto por uma ou mais declarações negociais dirigida a
determinados efeitos e agora temos de perceber que efeitos são estes…
AS respostas vão variando ao longo do tempo (disto dos efeitos):
-num primeiro momento a resposta era oferecida pela chamada Teoria dos efeitos jurídicos
(momento do individualismo liberal) neste período os efeitos que a declaração produz e
que são queridos pelo sujeito são todos os efeitos jurídicos – aquela declaração visa a
produção de efeitos jurídicos.
Esta teoria ou conceção não pode ser aceite porque quando alguém celebra um negócio
jurídico não consegue perspetivar todos os efeitos jurídicos que aquele negócio vai
desencadear então se abríssemos a esta teoria isto significaria que só um jurista com uma
formação muito completa é que poderia verdadeiramente celebrar negócios jurídicos e
então em face desta constatação ou constatação deste facto alguns autores vieram dizer
que aquilo que se pretende não é produzir efeitos jurídicos (a vontade não se dirige a isso
mas sim à produção de efeitos práticos)

-Assim teríamos a teoria dos efeitos práticos nisso destes efeitos práticos (hoje voltamos
aquela primeira fase do semestre em que criticamos todos) Esta teoria não pode ser aceite
porque se defendemos que o negócio jurídico é um ato voluntário que se dirige à produção
de efeitos práticos não conseguimos distinguir o negócio jurídico de outros acordos da vida
social que não têm esse caráter de negócio jurídico designadamente não vamos conseguir
distinguir o negócio jurídico dos chamados negócios de pura ou mera obsequiosidade nem
dos acordos de cavalheiros (gentlemen agreement).
O que será um negócio de pura obsequiosidade? Um deste traduz-se numa combinação
da vida social à qual é estranho o intuito de criar, modificar ou extinguir um vínculo jurídico
(ex.: são combinações próprias da vida social das quais não uma intenção de vinculação
jurídico – o famoso convite para jantar, ir ao cinema, passar o fim de semana em algum
lado) – nenhuma das partes quer ficar vinculadas juridicamente.
O que são os acordos de cavalheiro (são promessas sobre matéria que normalmente é
objeto de negócios jurídicos mas que naquele caso concreto estão desprovidas da
intenção de criar um negócio jurídico) que é comprovado conforme interpretação que
vamos dar. Os gentlemen agreement aparecem muitas vezes na prática comercial e
vamos ver em direito comercial sobre a forma de carta de conforto (um empresário precisa
de crédito do banco e o banco tem algumas reticências e vai haver uma sociedade que vai
fazer vouch por ele sobre carta de conforto e há vários graus entre baixo, médio e forte; a
forte tem uma vinculação mas a baixa não e é esse agreement.
Isto é mais simples na teoria do que na prática e como perguntei é difícil essa
interpretação e ver se houve ou não intenção; segundo, porque muitas vezes mesmo
aqueles negócio de pura obsequiosidade podem ter alguma vinculação jurídica e quando
demos sobre o princípio de confiança vimos que havia essa possibilidade e então a
juridicidade e relevância jurídica é mais ampla que a vinculacidade relacional mas tem
também consequências mais graves. Como terceiro problema trata-se de saber se os
sujeitos podem mesmo descaracterizar um tal negócio jurídico (se podem alcançar os
efeitos práticos desse negócio sem se vincular a ele).
O que nos interessa é que além de saber o que são esses negócios de pura tal e acordos
de cavalheiro é saber que estes são todos motivos para negar esta teoria dos efeitos
práticos.

-Sendo assim, há autores que propõem uma teoria superador que é a teoria dos efeitos
prático-jurídicos. Esta teoria diz-nos que a declaração negocial que integra um negócio
visa produzir determinados efeitos práticos que as partes querem que sejam juridicamente
vinculantes. Portanto a vontade dirige-se à realização de efeitos práticos e a estes
associam-se efeitos irídicos.
Esta teoria parece ter algumas limitações:
-1º- não permite explicar todas as situações em que os sujeitos pretendem excluir a
vinculatividade negocial designadamente naquelas situações em que o legislador
disciplinou um determinado tipo contratual (um regime de contrato que é um tipo de
negócio jurídico) mas as partes celebram um determinado acordo que se encaixa naquele
esquema negocial que foi disciplinado pelo legislador e a´te pode ter sido disciplinado por
pormenor pelo legislador e aqui as partes pretendem excluir a vinculatividade negocial e se
podem ou não fazê-lo. Se dissermos que sim não explica como é que desencadeiam
efeitos práticos que automaticamente desencadeiam efeitos jurídicos e com este critério
não conseguimos saber e precisamos de uma solução.
-Alguns autores tentaram apresentar uma solução superadora e ofereceram uma noção de
contrato como uma forma de autorregulação de interesses que eram estabelecidas pelas
partes que depois comunicaria essa vontade. O problema dessa visão é que é uma visão
que bebe influência do pensamento positivista designadamente bebe influência de um
autor que se chama Kelsen porque este autor entende que o direito funciona como uma
ordem composta apenas por normas e tem uma visão escalonada do ordenamento jurídico
(em escala) – teria de ter uma norma superior a autorizar uma norma inferior. Então o
contrato firmaria precisamente uma regulação normativa configurada pelas normas mas
aquilo que legitimaria o contraria era um norma superior que autorizaria que o contrato
fosse celebrado nesses termos.
O problema dessa conceção como qualquer conceção positivista conduz-nos ao
formalismo – deixamos de ter em conta os fundamentos axiológicos desse mesmo
contrato.
Qual é o fundamento último do contrato então? A autonomia privada do sujeito. Senão
queremos ficar presos a essa visão positivista e formalista temos de procurar qual esse
pilar do contrato que é da autonomia privada.
Devemos compreender o negócio jurídico como um instrumento de exercício da autonomia
privada e este autonomia já não é autonomia do indivíduo mas sim autonomia da pessoa e
por isso só se tutelam manifestações da vontade que sejam eticamente valiosas. Por outro
lado, se na base do reconhecimento desta autonomia está a pessoa e não o indivíduo
significa que ao estabelecer-se este acordo/vinculação vamos ter de fazer intervir uma
ideia de confiança e uma ideia de boa fé.
É esta ideia de boa fé e confiança que nos pode ajudar no caso concreto a determinar se
existe ou não vinculação e se se pode ou não retirar a vinculatividade e muitas vezes não
se poderá. (se o legislador cria a tutela para proteger a parte mais fraca não se deve tirar).
Isto significa que os sujeitos pretendem de facto produzir determinados efeitos práticos,
mas porque a vontade de os produzir é a vontade da pessoa e não a vontade do indivíduo
aceitam determinados efeitos que ultrapassam a sua previsão inicial. (as pessoas querem
produzir x efeitos práticos e fazendo produzem-se efeitos jurídicos que muitas vezes
ultrapassam os efeitos práticos para além do previsto e tem de ser aceite pela pessoa por
ser pessoa e não indivíduo.

Noção de negócio jurídico (saber de cor e salteado) – é o facto jurídico voluntário


(ou ato jurídico) cujo núcleo essencial é integrado por uma ou mais declarações
negociais (declarações de vontade) tendentes à produção de determinados efeitos
que se pretende que sejam juridicamente tutelados e que o ordenamento jurídico
tutelará em nome de uma autonomia ético-axiologicamente conformada e de uma
confiança normativizada pela boa fé. (esta temos de saber de trás para a frente e de
frente para trás e saber explicar)

A partir deste momento sabemos o que é um negócio jurídico, mas precisamos de saber
que tipo de negócios jurídicos – classificação dos negócios jurídicos.

Vamos estudar diversas classificações de acordos com diversos critérios:


1º critério – critério do número, do sentido e modo de articulação das declarações
negociais – dentro do negócio jurídico posso fazer uma grande distinção que são entre os
unilaterais e os contratos. Os unilaterais são aqueles que são integrados por apenas uma
declaração negocial ou por várias declarações negociais formando um só lado. Essas
várias estão todas no mesmo sentido (ex.: o testamento – temos A testador e o A testador
emite uma declaração negocial e com isto o negócio fica celebrado; mas podemos ter uma
instituição de uma fundação e em vez de ser o A a instituir a fundação podemos ter vários,
o A, B, C, etc. a institui-la.) Estes negócios jurídicos unilaterais estão sujeitos ao princípio
da tipicidade.
Os unilaterais podem dividir-se em:
-negócios recetícios (aqueles que só produzem efeitos quando a declaração que os integra
for levada ao conhecimento do destinatário (não é necessário que o destinatário conheça
efetivamente mas apenas que tenha meios de conhecer)
-Negócios não recetícios (são aqueles que se consideram perfeitos com a mera emissão
da declaração negocial)
Os contratos são também designados por negócios jurídicos bilaterais e são sinónimos
(são integrados por pelo menos duas declarações negocias de sentido oposto, mas …
Para ter um contrato tenho de necessariamente ter uma proposta que vou dirigir a alguém
e ter necessariamente uma aceitação e se estas se unirem num ponto de consenso. Tem
de ter pelo menos duas declarações pode poder haver mais que 2.
O contrato é sinónimo de negócio jurídico bilateral mas dentro dos contratos posso ter
contratos unilaterais e contratos bilaterais ou seja, posso ter negócio jurídicos bilaterais,
bilaterais ou bilaterais unilaterais. O contrato bilateral pode ser designado sinalagmático.
O contrato de compra e venda é bilateral porque gera obrigações para ambos mas
podemos ter contratos unilaterais que geram obrigações apenas para um das partes (ex.:
contrato de doação) Aqui que distingue os dois contratos é a eficácia obrigacional do
contrato e não o número ou sentido da relação negocial.

Recapitulando começamos por definir o que era o negócio jurídico e como compreendê-lo
tendo em conta as perspetivas diferentes que existiam.
Depois definimos a definição que seguimos e começa-mos por dar as várias modalidades.

Demos uma (os unilaterais (os recetícios e os não) e os contratos (bilaterais) entre uni e
bilaterais.

Outra modalidade quanto à constituição.

Em regra, para que haja um negócio jurídico o que é necessário? Declarações de vontade.
Já sabemos que no caso dos contratos é necessário um proposta e uma aceitação e
convergem num ponto de consenso.
Esta é a regra e por isso maior parte dos negócios são negócios consensuais quanto à sua
constituição (consideram-se perfeitos com as declarações de vontade.
(depois vamos estudar a perfeição do negócio jurídico e quando acontece mas ficamos
com a ideia que para serem perfeitos é preciso a declaração de vontade)
E depois há os negócios solenes ou formais que seguem uma estrutura predefinida da lei
para que se aperfeiçoem.

Há porém outros negócios que são considerados reais quanto à constituição – são
negócios para cuja perfeição é necessário que exista para além das declarações de
vontade, a prática de um ato material.
Estes negócios reais quanto à constituição são a exceção

(ex.: o depósito, o mútuo, o comodato, o penhor, e a celebração de doações de coisas


móveis quando não seja feita por escrito).

Notas.: a maioria dos autores mostram-se profundamente crítico quanto à existência deste
e entendem que esta figura configuraria um restício da tradição do direito romano. Algo
que tinha ficado do DR que era caracterizado por um formalismo maior do que existe hoje
e hoje não teira grande sentido.
Isto com duas exceções. Encontram razão de ser para esta exigência no caso do penhor e
no caso da tal doação bla bla bla.

No caso do penhor exige esse ato material da coisa como uma forma de dar publicidade
ao penhor

No caso da doação de coisas móveis que não seja feita por escrito seria uma forma de
consciencializar o doador do ato que estava a praticar e do perigo que poderia configurar
para o seu património.

Essas seriam as exceções e em todas as outras hipóteses não haveria razão para a
existência do ato material de entrega para acontecer o negócio.

Ex.: A resolve viajar para o estrangeiro e uns dias antes da viagem perguntou se podia
deixar o seu automóvel na garagem que explorava comercialmente B, B disse que sim
mas a verdade é que foi ara o estrangeiro e acabou por não deixar o automóvel.
Hoje B exige o pagamento do que foi acordado e A diz que não paga nada porque não
celebrou qualquer contrato.
Aqui estaria em causa o contrato de depósito e se fosse um contrato consensual haveria
contrato com as declarações de vontade e aí A pagaria alguma coisa a B. Sendo um
contrato real quanto à constituição só se considera efetivamente celebrado com o ato
material de entrega e só se A deixa-se o automóvel na garagem de B era considerado o
contrato celebrado.

Por isso não é indiferente diferenciar isto.

Mostrando-se os autores muito críticos desta configuração procuram encontrar soluções


para contornar situações como as exemplificadas e como exemplo temos:

1º solução – dizer que o contrato é um contrato real quanto à constituição, este contrato é
um contrato nulo por falta de entrega da coisa. O que fazemos ao contrato nulo é convertê-
lo num contrato de promessa de deposito. (duas notas: vamos estudar mais tarde a
matéria da conversão, a conversão transforma o negócio nulo para um contrato que
cumpre a intenção mas de forma mais precária)
A vantagem deste contrato de promessa é que pode ser suscetível de execução específica
(isto traduz-se numa ação que é proposta num tribunal e a sentença favorável do tribunal
vai no fundo funcionar como a declaração negocial faltosa (tinham celebrado o contrato de
promessa de depósito e A viaja sem depositar contrato e não celebrou o contrato e essa
sentença vai fazer cumprir o contrato de negócio e A teria que pagar)

2º solução /posição – não é necessário converter este negócio num contrato de promessa
porque a liberdade contratual viabiliza a celebração deste negócio como um negócio
consensual e portanto as partes poderiam celebrar aquele negócio como consensual e
podemos considerar aquele negócio como não válido exceto se uma das partes quiser
comprovar que apenas quiserem praticar o negócio como negócio real e nesse caso então
é possível na tal conversão ao negócio num contrato promessa.
Quid iuris? Se o negócio for considerado real quando à constituição e não houver ato de
entrega? Vai depender dos determinados casos e em alguns o que está em causa é a não
celebração do negócio, noutras situações estará em causa um problema de forma e
portanto a consequência será a nulidade do negócio (A hipótese da doação de coisa móvel
que não celebrada por escrito e se não houver a entrega da coisa o negócio deve ser
considerado nulo por vício da norma; no caso do penhor devemos considerado como se
nem fosse celebrado tal negócio).
Outro critério permite distinguir o negócio jurídico pela natureza da relação jurídica que
pode modificar, constituir ou extinguir.
Consoante a natureza da relação jurídica que é constituída, modificada ou extinta
podemos ter diferentes tipos de negócios jurídicos como obrigacionais, familiares,
sucessórios ou reais.
A distinção entre estes tipos de negócios jurídicos é importante porque a amplitude da
liberdade de contratual é diferente conforme a área em que estamos.

+ no domínio obrigacional do que no real por exemplo.

Falamos de negócios reais aqui mas falámos no critério anterior sobre negócios real mas
não confusão a fazer entre os vários.
O que falámos anteriormente é os negócios reais quanto à constituição e este que falamos
são negócios reais quanto aos efeitos.
A compra e venda é um negócio real consensual quanto aos efeitos porque vai produzir
um efeito (a transmissão da propriedade). E esta diferenciação é essencial para não
confundir. Daí até ser dito no artigo 408º do CC que a transmissão de propriedade pode
ser feita por mera declaração de vontade. Além de ser obrigacional também naturalmente,
mas o seu tema principal é o da coisa.

Outro critério de distinção é o que permite distinguir os negócios jurídicos tendo em conta
a natureza da relação jurídica que o negócio constitui, modifica ou extingue na perspetiva
de saber se ela pode ou não ser avaliada em dinheiro.
Aqui podemos distinguir dos negócios pessoais dos negócios patrimoniais.

OS pessoais são aqueles que se referem a uma relação jurídica que não é suscetível de
avaliação pecuniária (ex.: o casamento é um contrato (negócio pessoal) e a relação
jurídica que se constitui não é suscetível de se avaliar em dinheiro)

OS patrimoniais são aqueles que são suscetíveis de avaliação pecuniária.

Outro critério é o do conteúdo e da finalidade do negócio – se tivermos em conta o


conteúdo e finalidade do negócio os negócios podem ser classificados como onerosos ou
gratuitos.

Os onerosos envolvem atribuições patrimoniais para ambas as partes e estas estão unidas
por um nexo de correspetividade. (uma atribuição patrimonial é causa de outra atribuição
patrimonial) (ex.: A dá x porque B paga x) e isto pressupõe que haja um certo equilíbrio
entre as atribuições mas este não tem que ser um equilíbrio objetivo mas sim estabelecido
segundo o critério das partes (e portanto posso vender um computador a um preço abaixo
do que está no mercado e não obstante estou perante um negócio oneroso (seja porque
não sou bom vendedor, preciso de dinheiro, etc..)
Mas temos de ter cuidado porque noutras situações podemos ter o negócio a perder
características de onerosidade (A vende a sobrinho o seu automóvel pelo preço simbólico
de 100 euros e fê-lo porque queria beneficiar o sobrinho e neste caso poderemos ter um
negócio misto ou um negócio que cite as regras do negócio gratuito.

O que caracteriza os negócios gratuitos é a intenção de gerar um benefício à contraparte


(o animus liberandi (ânimo de liberdade) – intenção de gerar um benefício. Esta intenção é
essencial porque permite distinguir um negócio entre alguém que não sabe distinguir o
preço certo ou que tem este ânimo até porque se aplicam regras diferentes.
Esta consideração ganham particular interesse em face de realidades contratuais que se
pense que se trate de negócios gratuitos mas na verdade tem uma onerosidade (ex.: todos
os contratos que celebramos com facebook, etc. pensamos que celebramos um negócio
gratuito mas efetivamente em troca estamos a fazer uma atribuição com valor patrimonial
porque cedemos os nossos dados que têm um valor de comodity e valem muito.

Outra a nota a distinguir é que esta distinção entre negócios onerosos e gratuitos não se
pode confundir entre contratos bilaterais e unilaterais.
Na semana passada distinguimos estes onde os unilaterais era obrigações para um e o
vice-versa. Bilaterais como exemplo compra e venda e unilaterais é doação. Nem todos os
unilaterais são gratuitos e os bilaterais são onerosos.

Ex.: Imaginemos que A pede dinheiro emprestado ao banco e celebram um contrato de


mútuo e nós temos aqui duas atribuições patrimoniais e o banco atribui a A uma soma de
dinheiro e em troca daquela soma o A tem que pagar esse dinheiro no futuro
(capital+juros) e esses juros é o preço da mobilização de capital e paga juros porque o
dinheiro rende e como o banco deixou de ter acesso ao dinheiro tem que pagar.

O mútuo é oneroso porque temos atribuições por ambas as partes que estão unidas por
nexo de correspetividade só que este contrato que é oneroso é simultaneamente um
contrato unilateral porque deste contrato só resulta obrigação para A ( que é de devolução
de capital e pagamentos de juros e o banco não tem obrigação) Não tem obrigação porque
este ato de entrega de dinheiro é um ato de entrega material que faz parte da formação de
negócio e como demos no início estamos num negócio real quanto à constituição.
Temos portanto duas atribuições patrimoniais mas unilateral.

Dentro dos negócios onerosos a maioria dos negócios classificam-se como comutativos,
ou seja, existem as tais duas atribuições patrimoniais que estam unidades por um nexo de
correspetividade. Há no entanto outros negócios que podem ser classificados como
onerosos e que não são comutativos (os chamados de negócios aleatórios.

Nos negócios aleatórios a onerosidade resulta do facto das partes se submeterem a uma
alea (um risco de perder ou ganhar) e podemos ter 3 situações:

-Só existe uma atribuição patrimonial, mas não se sabe qual das partes vai ser onerada
com esta (ex.: o contrato de aposta, ele é oneroso e não temos nenhum ânimo de
liberdade mas não temos duas atribuições de patrimoniais mas um e não sabemos se é A
ou B que ganha a prestação; seja contrato de aposta ou de jogo.)

-Tenho uma prestação que é certa e uma prestação que é incerta (ex.: um contrato de
seguro de responsabilidade civil automóvel (há uma prestação que é certo, o tomador do
seguro tem que pagar o valor correspondente à apólice e a seguradora pode ter que não
ou pagar uma prestação e depende se existe um sinistro que traga um risco para a
seguradora).

-Temos uma prestação certa e outra que é certa mas incerta quanto ao montante (ex.: o
seguro de vida, a prestação que a seguradora vai pagar e vai ter que pagá-la só que é
incerto o montante a pagar porque tudo depende da capitalização que seja feita e
prestações que seja feita por ele tomador do seguro.
Continuando a classificação dos negócios jurídicos

Tínhamos já analisado diversas classificações tendo em conta diversos critérios

Agora vamos ver o critério do momento da produção dos efeitos jurídicos – se tivermos
isso em conta confrontamo-nos com duas modalidades de negócios (os intervivos (ou
entre vivos) e os mortis causa).

O que distingue estes dois negócios é que os inter vivos produzem efeitos em vida do
declarante e os mortis causa produzem efeitos depois da morte.
Esta noção e distinção é aparentemente simples mas temos de ter algumas cautelas
porque como nos alerta Menezes Cordeiro ao abrigo da liberdade contratual os sujeitos
podem estipular um determinado negócio que vá produzir efeitos depois da morte e no
entanto é um negócio inter vivos (ex.: o seguro de vida, é inter vivos mas produz efeitos
depois da morte (e atribui o montante capitalizado depois da morte) não consideramos um
mortis causa porque em rigor os efeitos do negócio jurídico começam-se a produzir logo e
as partes ficam vinculadas desde logo e vamos ver que nos mortis causa porque os efeitos
se produzem apenas depois da morte esse negócio é revogável até esse momento.
Ex. típico do mortis causa: O testamento – haverá outros negócios mortis causa? Temos o
testamento e entre nós são proibidos os pactos sucessórios e ficamos limitados quanto a
encontrar outros negócios mortis causa porém devemos olhar para o que nos diz o artigo
1700 e temos de ter em contas 2 situações:

-1º - a instituição de herdeiro ou de legatário feita a favor de qualquer um dos exposados


numa convenção antenupcial, feita pelo outro ou por terceiro.

-2º- a instituição de um herdeiro ou legatária feita em uma convenção antenupcial por um


dos esposados a favor de um terceiro.

No 1º caso estamos perante um negócio híbrido porque o objetivo é de facto que a


transferência da propriedade ocorra apenas depois da morte porém ela pode ser
livremente revogada apenas senão tiver havido aceitação de um dos esposado caso
contrário não é revogável e portanto só quando sejam feitas por 3ºs e aqui temos
características de ambos os negócios (artigo 1701)

Na 2ª hipótese temos que distinguir duas subhipóteses:


-1ª- aquele instituido, terceiro intervém no ato (aí é negócio híbrido)

-2ª- senão intervém no ato então há liberdade total de revogação e é mortis causa

Então se pensarmos quais são os mortis causa que temos é o testamento e a instituição
de herdeiro ou legatário, feita numa convenção antenupcial por um esposado a favor de
um terceiro sem a sua intervenção.

Poderíamos falar de um pacto sucessório, mas esse é considerado nulo mas pode ser
apresentado como uma disposição testamentária.
Passemos agora a outro critério permite a distinção pelo risco e importância patrimonial de
um negócio – se tivermos em conta isso encontramo-nos numa distinção conhecida:

-Negócios de mera administração – caracterizados pelo facto de não envolverem uma


alteração do património nem do rendimento e portanto não envolvem a possibilidade de se
obter grandes ganhos mas também não envolvem grandes perdas e correspondem a uma
gestão comedida do próprio património do sujeito (ex.: os negócios de frutificação normal
mas serão também os negócios de frutificação anormal desde que feitos à conta dos
rendimentos do próprio bem)

Ex.: O A comprou com o dinheiro que obteve da venda das maçãs do seu pomar adubo
para poder frutificar as àrvores de novo (negócio de frutificação normal) mas imaginemos
que o A decide com esse dinheiro comprar sementes de pêras para plantar além de maçãs
e temos um negócios de frutificação anormal mas foi com o dinheiro que vem do bem)

-Negócios de disposição- são aqueles que envolvem uma alteração do capital ou do


próprio capital – permitem a obtenção de ganhas muitas vezes avultados mas envolvem a
possibilidade de perdas. Para distinguir os dois há situações em o próprio legislador nos
diz (artigo 1024 do CC
Artigo 1024.º
(A locação como acto de administração)
TEXTO
1- A locação constitui, para o locador, um acto de administração ordinária, excepto
quando for celebrada por prazo superior a seis anos.
2- O arrendamento de prédio indiviso feito pelo consorte ou consortes
administradores só é válido quando os restantes comproprietários manifestem, por
escrito e antes ou depois do contrato, o seu assentimento.

Qual a importância prática da distinção?


Passa pelo facto de em algumas situações os poderes do sujeitos poderem estar limitados
à pratica de atos de mera administração e vimos isso com a hipóteses do maiores
acompanhados onde o juiz pode determinar em concreto que só pode praticar atos de
meras administração.
Depois no final do ano vamos estudar outro instituto que é a representação voluntária e
não legal como demos e aí pode haver uma procuração que delega a A certos poderes
que podem ser de disposição ou de mera admnistração.

Outro critério é o da forma


De acordo com este os negócios podem ser entre solenes ou formais;
Negócios consensuais, não solenes ou não formais.

Os formais são aqueles relativamente aos quais se exige uma determinada forma.
Os consensuais, não ou não formais podem ser de qualquer forma inclusive verbalmente,

A regra é que os negócios são não formais, não solenes ou consensuais na sua maioria
são assim.
(Nota: o registo não tem nada a haver com a forma e são coisas diferentes)

Depois haverá exceções e vamos ver isso quando estudarmos o problema da forma.

Outro critério é o da relevância da relação jurídica que é a causa do negócio permite


distinguir entre os negócios causais e os abstratos.

A maioria dos negócios é causal o que quer dizer que não abstraem/não deixam de ter em
consideração a relação jurídica que a constitui e que está na sua base.

Nos abstratos vamos abstrair da relação jurídica que está na base da celebração de um
negócio ou seja a função económica ou social típica da relação jurídica que constitui a
causa do negócio não releva.
Negócios abstratos são por exemplo: A preenche um cheque e quando um preenche
atribui um determinado direito ao portador a um determinado sujeito inscrito no cheque e
quer o cheque, quer a livrança ou a letra podem ser endossados A convenção de cheque
quer dizer que o portador dele chega ao banco e o banco paga a quantia e quem vai
suportar tal é o A titular do cheque.
A passa cheque a B porque lhe devia 20.000 euros e o cheque serve de pagamento e
entretanto o cheque foi endossado a C e C vai ao cheque sacar o cheque e A não pode
recorrer ao C porque o cheque se abstrai da relação jurídica que antes se formou mesmo
se o negócio for nulo agora.
A mesma coisa com as letras e a livrança e a base daquele negócio cartolar só pode ser
invocado nas relação entre A e B e C já está de fora e abstrai da relação jurídica que
causou o negócio jurídico.
mesmo que A invoque qualquer exceção (ex.: estava alcoolizado no momento que contraiu
a dívida não pode aplicar a exceção na relação com C mas apenas com B) Temos uma lei
sobre as letras e livranças e imaginemos que foi feito com má fé, ou o cheque e assinatura
foi mal feito, tinha-se apropriado do título ou tenha violado um princípio normativo aí talvez
pudéssemos invocar algo mas no geral e abstrato não.

tendo um panorama traçado das várias classificações vamos olhar para a formação do
negócio jurídico.

Para ter um negócio jurídico temos de ter as declarações negociais ou declaração de


vontade – isto é um comportamento que exteriormente observado cria a aparência de
exteriorização de um determinado conteúdo de vontade negocial.

Esta noção que apresentamos de declaração negocial envolve já uma tomada de posição
entre as perspetivas objetivistas e as subjetivistas.

Quando falamos de declaração negocial falamos de um comportamento que visa


exteriorizar determinadas vontades e vamos ver depois que pode haver momentos entre
um conflito entre a vontade e a declaração propriamente dita.

Vamos perceber que a nossa posição é uma posição objetivista embora mitigada porque
embora a vontade seja obviamente essencial por o negócio jurídica seja um ato de
vontade não nos podemos esquecer de um vetor que é a tutela da confiança.
Não vale a pena estar a enunciar todos os problemas que pode estar a dizer ou num
problema objetivista ou subjetivista e ficamos apenas com a ideia que há medida que
estudamos os vários problemas vemos quando somos objetivistas ou subjetivistas.

Esta declaração negocial que estudamos é composta por dois elementos negociais:
-A declaração dita (o comportamento propriamente dito)

-A vontade (dando a esta 3 tipos)

 Vontade de ação (o comportamento tem de ser voluntário e vamos ver que há


situações patológicas em falha essa vontade de ação e o comportamento
dispensado nessas hipóteses)
 Vontade de declaração (o comportamento não basta ser de declaração, mas a
vontade também tem de ser querer que valha como declaração e pode falhar (ex.:
A está num leilão e consegue licitar uma coisa levantando a mão e não quer licitar
numa peça e acena para um amigo e licita mas sem vontade)
 Vontade de negociar (tem de ter vontade de atribuir aquele comportamento
declaratica um determinado conteúdo de vontade negocial e pode também falhar
(ex.: A quer comprar um automóvel azul e engana-se e diz que quer comprar um
automóvel preto (é voluntário e de declaração) mas queria outro conteúdo).

Antes de estudarmos estes problemas (situações patológicas) vamos ter de saber


mais sobre as declarações negociais e estes negócios jurídico.

Continuando nas declarações negociais vamos distinguir vários tipos


No artigo 217 consagra o princípio da liberdade declarativa e segundo este distingui as
declarações negociais entre expressas ou tácitas.

São expressas quando feitas por palavras ,por escrito ou por qualquer outro meio
diretamente que manifeste a vontade do sujeito

São tácitas quando a vontade do sujeito se deduz de factos que com toda a
probabilidade a relevem (comportamentos compudentes) (ex.: A pergunta a B se ele
quer compra um chocolate que tem à sua frente por 5 euros e B nada diz ou escreve
mas o B pega num chocolate e começa a comer, aí temos um comportamento
compudente e desse comportamento podemos presumir que ele aceita a proposta
negocial)

Outra distinção permite distinguir entre as declarações negociais presumidas

Presumidas – quando o legislador associa a um determinado comportamento a um


determinado conteúdo de vontade negocial. Quando seja possível produzir prova em
contrário e ilidir essa presunção estamos perante uma presunção, mas senão houver
possibilidade de ilidir esse presunção estamos perante uma declaração negocial ficta
(artigo 1054 do CC)
Artigo 1054.º
(Renovação do contrato)
TEXTO
1 - Findo o prazo do arrendamento, o contrato renova-se por períodos sucessivos se
nenhuma das partes se tiver oposto à renovação no tempo e pela forma convencionados
ou designados na lei.
2- O prazo da renovação é igual ao do contrato; mas é apenas de um ano, se o prazo do
contrato for mais longo.
Aqui o legislador faz corresponder aquele comportamento a uma conteúdo negocial.

A este propósito fala-se do protesto e da reserva


(ex.: A tem medo que um comportamento seu possa ser interpretado num determinado
sentido e temendo isso ele emite uma declaração negocial em que explica que a sua
vontade não é x mas y e neste caso estamos perante um protesto)
(O protesto tem o nome de reserva se aquilo que o sujeito pretende cautelar é um
determinado direito seu (ex.: A e o B celebram um contrato de arrendamento e
imaginemos que A enquanto arrendatário começou a ficar desagradado com a
humidade que a casa tinha e pretende que B senhoria faça obras,
O senhorio B não faz essas obras e A passa a pagar uma parte da renda e paga a
renda através de um depósito bancário e B tem medo que se utilizar aquele dinheiro
do depósito daquelas rendas que pode ser interpretado como uma renúncia à
totalidade da renda e portanto emite uma declaração que o facto de movimentar as
quantias não corresponde à renúncia do seu direito aquela quantia de dinheiro).

Já vimos que as declarações podem ser expressas ou tácitas e temos que ver se o
próprio silêncio pode resolver uma declaração e o 218 diz que em regra o silêncio não
vale como declaração.
O silêncio para o direito é diferente da linguagem comum e não é de fazer barulho (no
exemplo dele comer chocolate sem dizer nada seria silêncio sobre a linguagem
comum mas o silêncio para nós é o nada dizer e nada fazer (a perfeita omissão) e
sendo a perfeita omissão o legislador entendeu que não se deve dar nenhuma
vinculação a esse silêncio e portanto consideramos o silêncio como não valer nada
mas como boa regra que é comporta boas exceções que estão no 218 e há 3
hipóteses de exceção:

1º hipótese – quando esse valor seja atribuído por lei (ex.: o artigo 1054)

2º hipótese - convenção das partes – as partes podem ter acordado que o silêncio vale
como declaração negocial e em caso de silêncio pode significar a aceitação ou recusa
do acordo de vontades mas ao mesmo tempo exige uma convenção das partes em
que atribuem esse valor ao próprio silêncio.

3^hipótese – quando esse valor seja atribuído pelo uso (ex.: dois sujeitos que têm um
historial de celebração de negócios e uma celebração corrente de negócios entre si e é
habitual atribuir ao silêncio valor de declaração negocial)

Fora disto o silêncio não serve como declaração negocial

Outra questão a conhecer diz respeito à forma do negócio jurídico e a regra é a


liberdade de forma do negócio jurídico ou seja, em regra não se exige qualquer
tipicidade para a formação de negócios jurídicas e isto explica-se pois fazemos vários
negócios e se fosse preciso a formalização haveria uma paralisação.
Isto não significa que alguns negócios não estejam sujeitos a formas especiais:

-Seja uma forma legal (quando imposta pelo legislador)

-Seja uma forma convencional (determinada pelas partes)


Isto significa que o nosso OJ ao abrigo da liberdade contratual (405º) permite a
celebração dos chamados pactos determinativos da forma.
Estes pactos são válidos mas temos de ter cautelas quando dizemos que são válidos
porque são válidos quando a lei não exige uma forma e as partes querem submeter o
negócio de uma determinada forma ou quando a lei exige uma determinada forma e as
partes querem submeter o negócio com uma forma mais exigente.
Se a lei exigir uma forma as partes formularem entre si a celebrar um negócio menos
exigente é inválido (280 e 294 do CC) porque viola uma norma imperativa.

Só podemos ser mais exigentes e não menos.:

As razões para a imposição de um forma:


-Permitir uma maior reflexão das partes (entre o momento em que aceitam contrato e
quando formalizam o negócio)

-Dar publicidade ao ato

-Separar claramente a fase pré-contratual da fase contratual (e sabemos exatamente


quando há contrato celebrado)

-Oferece um maior grau de certeza quanto à celebração do negócio e quanto aos


termos que foram estipulados e ficamos a saber exatamente os termos e as cláusulas
do contrato

-Facilita a prova da celebração do contrato e dos termos dos contratos e por isso
muitas vezes a lei não exige a celebração nessa forma mas as partes sim para se
acautelarem (facilitação da prova).

Esta forma de que falamos pode ser muito variada.


O negócio mais formal e solene que temos no nosso OJ é o casamento porque implica
um ritual e é portanto o mais solene que temos.
Quando falamos de forma nos outros negócios em regra falamos de forma escrita e
esta uma vez cumprida permite converter aquele negócio num dado documento. Os
documentos podem ser:

-Autênticos (são exerdados por uma autoridade pública (por um notário) ou alguém
investido nesse papel (no passado seriam os notários hoje em dia podem até alguns
os advogados)

-Autenticados (são elaborados pelas partes mas depois a sua veracidade é verificada
pelo notário)

-Particulares (são feitos pelas partes)

Estes documentos têm pesos diferentes e portanto o valor probatório deles será
diferente (artigo 371 do CC)
Artigo 371.º
(Força probatória)
TEXTO
1. Os documentos autênticos fazem prova plena dos factos que referem como praticados
pela autoridade ou oficial público respetivo, assim como dos factos que neles são
atestados com base nas perceções da entidade documentadora N; os meros juízos
pessoais do documentador só valem como elementos sujeitos à livre apreciação do
julgador.
2. Se o documento contiver palavras emendadas, truncadas ou escritas sobre rasuras ou
entrelinhas, sem a devida ressalva, determinará o julgador livremente a medida em que os
vícios externos do documento excluem ou reduzem a sua força probatória.

Esta força probatória plena só pode ser afastada na prova da falsidade dos documentos.

Quanto aos documentos autenticados ver o artigo 376


Artigo 376.º
(Força probatória)
TEXTO
1. O documento particular cuja autoria seja reconhecida nos termos dos artigos
antecedentes faz prova plena quanto às declarações atribuídas ao seu autor, sem prejuízo
da arguição e prova da falsidade do documento.
2. Os factos compreendidos na declaração consideram-se provados na medida em que
forem contrários aos interesses do declarante; mas a declaração é indivisível, nos termos
prescritos para a prova por confissão.
3. Se o documento contiver notas marginais, palavras entrelinhadas, rasuras, emendas ou
outros vícios externos, sem a devida ressalva, cabe ao julgador fixar livremente a medida
em que esses vícios excluem ou reduzem a força probatória do documento.

Quanto ao documento particular tem o valor probatório de qualquer outra prova e fica
sujeito à livre apreciação do julgador.

Agora o problema interessante de qual o âmbito da forma legal é exigida

(Ex.: A vende a B um terreno e portanto temos a compra e venda de um imóvel que tem de
ser celebrado pro escritura pública ou escrito particular autenticado e combinaram que o
preço seria pago em duas parcelas e no momento em que fazem a escritura pagariam
metade do preço e a outro metade ao fim de dois anos.
O negócio foi formalizada através de uma escritura pública mas no documento de
formalização do negócio não consta este acordo quanto ao modo de pagamento do preço.
Sendo este um negócio solene ou formal esta estipulação verbal deve ou não ser
considerado válido?
O que tem de estar integrado na forma e daí o problema do âmbito e a resposta é nos
oferecida pelo artigo 221 do CC.
Artigo 221.º
(Âmbito da forma legal)
TEXTO
1. As estipulações verbais acessórias anteriores ao documento legalmente exigido para a
declaração negocial, ou contemporâneas dele, são nulas, salvo quando a razão
determinante da forma lhes não seja aplicável e se prove que correspondem à vontade do
autor da declaração.
2. As estipulações posteriores ao documento só estão sujeitas à forma legal prescrita para
a declaração se as razões da exigência especial da lei lhes forem aplicáveis.

Então numa situação como esta o que podemos concluir é que a regra dessas
estipulações acessórias verbais são nulas porque não constam da forma mas podem ser
consideradas válidas e para o serem é necessário que se comprove alguns requisitos:

1º requisito – têm que complementar o negócio e não podem contraditar o documento


(contrariar algo que esteja lá escrito – naquele exemplo apenas complementa)
2º requisito – as razões determinativas da forma não se podem aplicar a esta estipulação
(as razões determinativas da forma são aquelas que vimos de dar publicidade ao ato, uma
maior consideração, garantir certeza quanto à forma, etc. e temos de analisar caso a caso
se as determinações da forma aplicam ou não) Os autores têm decidido que quanto ao
preço essas considerações não se aplicam e até falámos no 1º semestre da simulação e
da proteção de terceiros e havia duas posições mas que convergiam onde o negócio seria
válido na simulação do preço e aqui aplica-se isso e defendem que quanto ao preço não
tem mal quanto às razões determinativos da forma.
3º requisito – é necessário a prova que correspondem à vontade do autor da declaração e
aqui h á uma dificuldade (remissão do 221 para o 394 do CC e numa hipótese como esta
vamos ter limitações quanto à prova e esta prova que se diz aqui só pode ser feita por
confissão ou através de um documento (se concordassem através de um email ou carta).
Neste caso onde havia litígio teria de haver um documento porque a confissão não
aconteceria. Estando vedada quaisquer testemunhas pelo artigo 394. No que diz respeito
às estipulações anteriores ao documento temos essa vedação mas quanto a estipulações
posteriores ao documento é o número 2 do 221 e neste caso entende-se que não ficam
sujeitos à forma legal exceto se as razões determinativas da forma lhe forem aplicáveis.

Quid iuris? Se for violada a forma temos que fazer distinção entre a forma legal e a forma
convencional.
Dentro da forma legal temos que distinguir por seu turno:
-Formalidades ad substantiam (é uma exigência de validade no negócio e portanto nos
termos do artigo 220 do CC a consequência será a nulidade)
Artigo 220.º
(Inobservância da forma legal)
TEXTO
A declaração negocial que careça da forma legalmente prescrita é nula, quando outra não
seja a sanção especialmente prevista na lei.)

-Formalidades ad probationem (neste caso elas não são exigidas como requisito de
validade do negócio e podemos ver isso no artigo 1069 do CC
Artigo 1069.º
Forma
TEXTO
1 - O contrato de arrendamento urbano deve ser celebrado por escrito.
2 - Na falta de redução a escrito do contrato de arrendamento que não seja imputável ao
arrendatário, este pode provar a existência de título por qualquer forma admitida em
direito, demonstrando a utilização do locado pelo arrendatário sem oposição do senhorio e
o pagamento mensal da respetiva renda por um período de seis meses.

Aquele negócio tem de ser celebrado por escrito, mas é uma formalidade ad probationem
e portanto não sendo por escrito terá de provar o contrato através de outras formas.)

Se for a forma convencional em regra a falta da forma depois de estipulada pelas partes
conduz também à nulidade no entanto temos de ter em conta aquilo que dispõe o artigo
223 do CC distinguindo duas situações:

-1º- em que as partes estipularam uma determinada forma antes da celebração do negócio
e aqui presume-se que elas apenas se quiseram vincular por aquela foram e a
consequência será a nulidade.

-2º- não convencionaram antes uma forma e se chegaram a acordo de uma forma e só
convencionaram essa forma depois da celebração do negócio ou no momento em que
estavam a celebrar o negócio e nesta hipótese se houver razões a entender que se
quiseram vincular logo entende que essa forma apenas servirá para consolidar o negócio
(no fundo a finalidade de acautelar perante possíveis litígios futuros).

Retomando o que foi dito vamos tentar perceber qual o momento da perfeição negocial
(quando foi efetivamente concluído)

A resposta varia conforme o tipo de negócio jurídico:

-unilaterais não recetícios – perfeito a partir de que há a emissão da declaração negocial

-unilateral recetícios – só há perfeição do negócio quando a declaração entra na esfera de


poder do destinatário/declaratário

Pode acontecer que esta declaração não entre na esfera de poder do declaratário mas
seja dele conhecida por outro meio e nesse caso é considerado perfeito. Esta solução
resulta do artigo 224 do CC.

Agora vamos pensar em que termos se considera perfeito um contrato que precisa de uma
proposta e de uma declaração tais que precisam de convergir num ponto de consenso.
Então quando consideramos um contrato efetivamente considerado.
Em teoria temos diversos hipóteses/momentos:

-Podíamos optar pela teoria da emissão (o contrato estava perfeito no momento em que a
resposta contendo a aceitação é emitida) (ex.: A e B estão a negociar a compra e venda
de um automóvel através de carta (A envia carta a B a perguntar se tinha interesse em
comprar o automóvel por 50.000 euros e B manda uma carta a aceitar e temos aceitação
mas não há ainda contrato). Não nos podemos contentar com este momento da aceitação.

-Poderíamos optar pelo momento da expedição (B pega na carta da aceitação da proposta


e vai expedir a carta/enviá-la e neste momento nós ainda não temos contrato).

-Consideramos um 3º momento que é o momento da receção (Momento em que a


resposta contendo a aceitação entra na esfera de poder do proponente (no nosso ex.
aquela carta tem de ter chegado à caixa de correio de A e entra na sua esfera de poder)).
Se estivermos a falar de negócios entre presentes é mais difícil de separar estes vários
momentos mas daí um negócio entre ausentes (como este da carta) é mais fácil demarcar
estes momentos,
O momento da perfeição negocial é o da receção (quando o documento que contém a
aceitação entra na esfera de poder preponente (quando está em condições de conhecer a
aceitação). Não se exige o conhecimento efetivo mas exige-se sim que esteja em
condições de conhecer. Ver o artigo 224 nº2 e 3.

2. É também considerada eficaz a declaração que só por culpa do destinatário não foi por
ele oportunamente recebida.

3. A declaração recebida pelo destinatário em condições de, sem culpa sua, não poder ser
conhecida é ineficaz.

Senão houver receção da resposta contendo a aceitação mas tem conhecimento da


aceitação por outra via (ex.: B envia a carta ou então a carta extraviou-se de alguma
maneira mas de alguma forma falaram ao telefone neste momento não há receção mas
conhecimento efetivo e já aí há perfeição do negócio.
O nosso legislador não se contenta com o menos mas contenta-se com o mais.

Outro regra importante consta do 226 do CC


Artigo 226.º
(Morte, incapacidade ou indisponibilidade superveniente)
TEXTO
1. A morte ou incapacidade do declarante, posterior à emissão da declaração, não
prejudica a eficácia desta, salvo se o contrário resultar da própria declaração.
2. A declaração é ineficaz, se o declarante, enquanto o destinatário não a receber ou dela
não tiver conhecimento, perder o poder de disposição do direito a que ela se refere.

Devemos ainda chamar a anteção às regras do artigo 228º quanto à duração da proposta
contratual:
Artigo 228.º
(Duração da proposta contratual)
TEXTO
1. A proposta de contrato obriga o proponente nos termos seguintes:
a). Se for fixado pelo proponente ou convencionado pelas partes um prazo para a
aceitação, a proposta mantém-se até o prazo findar;
b). Se não for fixado prazo, mas o proponente pedir resposta imediata, a proposta
mantém-se até que, em condições normais, esta e a aceitação cheguem ao seu destino;
c). Se não for fixado prazo e a proposta for feita a pessoa ausente ou, por escrito, a
pessoa presente, manter-se-á até cinco dias depois do prazo que resulta do preceituado
na alínea precedente.
2. O disposto no número anterior não prejudica o direito de revogação da proposta nos
termos em que a revogação é admitida no artigo 230.º
Também o artigo 230 do CC.:
Artigo 230.º
(Irrevogabilidade da proposta)
TEXTO
1. Salvo declaração em contrário, a proposta de contrato é irrevogável depois de ser
recebida pelo destinatário ou de ser dele conhecida.
2. Se, porém, ao mesmo tempo que a proposta, ou antes dela, o destinatário receber a
retratação do proponente ou tiver por outro meio conhecimento dela, fica a proposta sem
efeito.
3. A revogação da proposta, quando dirigida ao público, é eficaz, desde que seja feita na
forma da oferta ou em forma equivalente.

(ex.: A envia carta a B e a partir do momento que a carta chega à esfera de poder de B
torna-se irrevogável e o B fica com um direito potestativo de aceitar a proposta e proceder
ao negócio.)

notas sobre a proposta e tem de ser:


-Completa
-revelar uma intenção inequívoca de contratar
-Tem de revestir a forma apropriada para a celebração do negócio

Desta forma conseguimos distinguir a proposta de uma outra declaração que com ela não
se confunde que é o chamado convite a contratar.
Um convite a contratar é uma declaração ao público em geral e que tem um objetivo claro
que é o de provocar a emissão de propostas contratuais às quais depois se seguirá a
aceitação e a celebração do negócio.
(ex.: Anúncio no jornal “Vendo cães da raça x”; vendo o meu automóvel por x”; “procuro
alguém que queira trabalhar no sítio x etc,”. Neste caso não estamos perante propostas
estas que são irrevogáveis; fazendo essa proposta a um público variado estaríamos a dar
um direito potestativo de aceitar e todos teriam direito a ter esse negócio.
O objetivo do convite a contratar temos mais o procurar de uma proposta e a última
palavra é minha (ex. de escola: anúncios em jornais; catálogos, etc.).

Há algumas situações que geram controvérsia na doutrina em causa está designadamente


a exposição de produtos nas parteleiras de superfícies comerciais com a indicação do
preço. Nesse caso a questão é se estamos um convite a contratar ou perante uma
proposta comercial.
(imaginemos que estamos perante um convite a contratar então se estou interessado e tiro
o produto então o empregado pode quando chegar à caixa recusar a vender)
(imaginemos que estou perante uma verdadeira proposta e isso significa que colocar o
produto na caixa isso significa uma mera aceitação)
A doutrina ou parte que parece melhor posição que neste caso concreto apesar da oferta
se dirigir a um público em geral estamos perante verdadeiras propostas porque se reúnem
os requisitos para uma verdadeira proposta:
-É completa
-Há aqui uma inequívoca vontade de contratação por parte do vendedor neste caso

Hoje em dia também se tem colocado algumas questões pertinentes a propósito da


contratação eletrónica (feita exclusivamente por meios eletrónicos) e há algumas regras
previstas no decreto-lei 7/2004 que terá de sofrer algumas alterações porque hoje em dia
temos alguns negócios por atuação completamente autónoma e uso de inteligência
artificial.
Regras especiais deste:
-O artigo 29 vem-nos dizer que o prestador de serviço deve acusar (sinalizar que recebeu
a ordem através de um aviso) a ordem da encomenda e posteriormente tem que haver
confirmação por parte do destinatário e é esta confirmação que vai tornar a encomenda
definitiva.
O problema é que como estamos a ver que quando falamos dessa contratação eletrónica
temos mais passos do que uma contratação normal. Devemos então ver se essa
contratação em rede é um convite a contratar ou uma proposta.
Resulta da doutrina que estamos perante um proposta e esse perfeição negocial dá-se
quando a ordem de encomenda é recebida pelo prestador e o mecanismo de aceitação e
receção funcionaram como mecanismos de segurança.
E a confirmação funcionará como um condição suspensiva de eficácia do contrato (algo
que vamos dar depois)

Já sabemos as condições necessários quanto à proposta.

Quanto à aceitação esta tem:


-De ser completa (referência a todos os pontos que as partes considerem necessários à
celebração do negócio) (ex.: B aceita só comprar por 45.000 euros em vez de 50.000
neste caso dá-se a rejeição do negócio mas como a rejeição foi suficientemente específica
então funciona como uma nova proposta e o A aceitará ou não conforme a sua vontade).

É assim que se forma um negócio jurídico claro que temos aqueles desvios que
estudámos como o de adesão em que o indivíduo estabelece um contrato unilateralmente,
previamente e de forma rígido e outro limita-se a aceitar ou não…

Perante qualquer contrato algo necessário é saber interpretar o contrato.

Interpretação dos negócios jurídicos

1º nota – o problema a interpretação destes negócios não é puramente hermenêutico e


essa interpretação não é apenas de exegese (não procuramos apenas o sentido deste);
alem de procurar o sentido temos de seguir os critérios e além disso temos de remeter o
negócio jurídico para o ordenamento jurídico em que se insere.
Temos de confrontar aquelas cláusulas que constam do contrato e temos de a submeter e
confrontar com os princípios normativos.
Portanto os autores entendem que o problema da interpretação deve ser interpretado
como um problema normativo e chega-se a falar de uma interpretação complementadora
do contrato.
Mas para podermos remeter aquelas cláusulas do contratos para aqueles princípios e
normas do ordenamento jurídico para dialogar com este temos de perceber qual é o valor
daquela declaração negocial e há duas hipóteses:
-Pode valer com o sentido respondente à vontade do declaração (é com o valor da cabeça
do declarador com que vale a declaração (declaração subjetivista – prevalência à vontade
real do sujeito)
-Posso interpretar aquela declaração procurando nela o sentido objetivo que consigo
retirar do texto da própria declaração (damos maior peso ao comportamento declarativa e
não à vontade (posição objetivista))

Qual vamos optar? Nenhuma porque o novo CC opta por uma teoria objetivista mitigada
que corresponde à chamada teoria da impressão do destinatário.
Então ela consta no artigo 236 do CC
Significa que a declaração negocial vale com o sentido que um homem médio
(mediamente diligente) colocado na posição do real declaratário possa concluir da posição
do declarador/ da declaração. Tem em conta também a posição do real declaratário que
vamos ver que tem os seus limites.

Como se constitui esse sentido da posição quanto ao destinatário e vamos ter conta vários
elementos:
-Letra
-Texto
-Declarações
-Negócios coligados com aquele
-Antecedentes da declaração do negócio (anúncios, avaliação dos peritos, etc.)
-Contexto negocial
-O fim do negócio
-Elementos normativos (interpretação que não é pura exegese aqui)

Esta teoria conhece um limite que está previsto na parte final do nº1 do artigo 236
1. A declaração negocial vale com o sentido que um declaratário normal, colocado na
posição do real declaratário, possa deduzir do comportamento do declarante,
salvo se este não puder razoavelmente contar com ele.
Portante este sentido quanto à posição do destinatário sejam imputáveis ao declarante e
são muitos raros os casos em que não são.
Mas se a situação ocorrer a consequência deve ser a invalidade do negócio
O nº2 deste artigo diz que se por acaso o declaratário conhecer a vontade real do
declarante é de acordo com esta vontade real que vale.
Não há grande desvio da posição objetivista e atendemos a tudo o que o declaratário real
conhece e tudo o que efetivamente devia conhecer.

Há situações em que apesar destes critérios suscitam dúvidas quanto ao sentido da


declaração e sempre que não seja possível tirar as dúvidas com estes critérios temos que
seguir os critérios do artigo 237º

Artigo 237.º
(Casos duvidosos)
TEXTO
Em caso de dúvida sobre o sentido da declaração, prevalece, nos negócios gratuitos, o
menos gravoso para o disponente e, nos onerosos, o que conduzir ao maior equilíbrio das
prestações.

Imaginemos que apesar disso A declara doar a B todos os seus relógios de que é
proprietário (tem 5 relógios e para além deste tinham um anel que funcionava com relógio)
e colocava-se a dúvida se contava ou não como relógio e como o negócio era gratuito
tínhamos que interpretar de forma mais favorável ao disponente (o doador).
Imaginemos que apesar disso A declara doar a B todos os seus relógios de que é
proprietário (tem 5 relógios e para além deste tinham um anel que funcionava como
relógio) e colocava-se a dúvida se contava ou não como relógio e como o negócio era
gratuito tínhamos que interpretar de forma mais favorável ao disponente (o doador).

Senão for em todo possível eliminar as dúvidas? Quid iuris? Neste caso consideramos o
negócio nulo por falta de determinação (artigo 280 do CC) em prol da palavra
indeterminável.

depois temos desvios a esta teoria da impressão de destinatário:

- Desvio no sentido de u maior objetivismo – no caso dos negócios formais (artigo 238) –
Artigo 238.º- Desvio no sentido de um maior objetivismo – no caso dos negócios formais
(artigo 238) – Artigo 238.º

(Negócios formais)
TEXTO
1. Nos negócios formais não pode a declaração valer com um sentido que não tenha
um mínimo de correspondência no texto do respetivo documento, ainda que
imperfeitamente expresso.
2. Esse sentido pode, todavia, valer, se corresponder à vontade real das partes e as
razões determinantes da forma do negócio se não opuserem a essa validade.
Se o negócio é formal então tenho de ter um mínimo de correspondência no
documento que formalizado o negócio; senão existir essa correspondência então o
negócio irá ser considerado nulo por vício de forma
-desvio no sentido de um maior subjetivismo
Também no caso dos testamentos com o artigo 2187 porque interpretamos o
testamento de acordo com a vontade real do testador.
O motivo disto:
-É um negócio fora do comércio jurídico
-Um negócio mortis causa
-UM negócio que dispõe para além da vida do sujeito e tentamos manter ao máximo a
vontade do de cuiús e não prejudica uma outra parte. EM prol desta vontade posso
recorrer a prova complementar
Mas há um limite e diz o nº2 do 2187 e diz que a real vontade do testador tem de ter
um mínimo de correspondência ainda que imperfeitamente expressa.

Artigo 2187.º
(Interpretação dos testamentos)
TEXTO
1. Na interpretação das disposições testamentárias observar-se-á o que parecer mais
ajustado com a vontade do testador, conforme o contexto do testamento.
2. É admitida prova complementar, mas não surtirá qualquer efeito a vontade do testador
que não tenha no contexto um mínimo de correspondência, ainda que imperfeitamente
expressa.

Há situações em que pode-se denotar uma lacuna de regulamentação e em que as partes


do negócio podem não ter previsto um mecanismo que deviam ter previsto e neste caso
temos de acionar um mecanismo de integração e como respondemos a este problema:

-Procuramos normas dispositivas e procuramos normas do OJ que possa resolver o caso


-Recorremos à vontade hipotético-conjetural das partes (a vontade que as partes tinham
tido se tivessem previsto o tal ponto omisso/a lacuna. Porém esta vontade hipo-… não
pode valer se contrariar o que é imposto pela boa fé e funciona aqui como um expediente
de integração do negócio e acaba por ter primazia quanto à vontade hipo… das partes e
funciona como um limite para estas.

Na próxima semana começam as aulas práticas e o que acontece é que na próxima


semana na 3ª feira não vão poder dar aulas e isto significa que dava jeito que na sexta-
feira tivéssemos as aulas sexta 3 horas seguidas.
Isto tudo para adiantarmos matéria prática e fazermos alguns casos práticos
Arguição de doutoramento foi a causa de faltar e agora vamos ter primeiro a aula teórica e
depois duas horas de aula prática.

Na sexta feira passada continuamos a estudar a problemática da formação do negócio


jurídica e depois falámos da interpretação e integração deste.

Agora vamos estudar as patologias de que podem afetar o negócio.

Vimos que a declaração negocial ou de vontade são essenciais ao negócio e são


compostas em dois elementos:
-Elemento externo (a declaração)
-Elemento interno (a vontade) que se desdobra em 3

Dependendo do peso específico que se dê a um elemento ou a outro terremos posições


mais objetivistas ou subjetivistas e nós adotamos uma objetiva mitigada,

O problema que vamos dar hoje é o das divergências entre a vontade e a declaração.

Quando a vontade é normal o interno corresponde ao externo mas a verdade é que pode
haver situações em que a aquilo que digo não corresponde ao que quero e esse dissídio
pode ter diferentes causas (e por isso tem uma figura autónoma) e desdobram-se em dois
tipos:
-Intencionais (quando são queridas/desejadas e o sujeito deu aso intencionalmente aquela
divergência) e dentro desta encontramos:
 A simulação (que já conhecemos)
 A reserva mental
 As declarações não sérias
-Não intencionais (não foram desejadas/ queridas e, portanto, surgem fortuitamente) e
encontramos nesta:
 A falta de consciência da declaração
 A coação física ou coação absoluta
 O erro na declaração ou erro obstáculo
Agora temos que estudar cada uma das divergências autonomamente, mas porque não
podemos estudar de forma conjunta? Porque têm regimes jurídicas diferentes e qual a
disciplina jurídica a cada uma das categorias.
Mas podemos por referência a caga uma delas interesses contrapostos:Mas podemos por
referência a cada uma delas interesses contrapostos:
-Interesse do declarante (o declarante tem interesse em não ficar vinculado)
-Interesse do declaratário (interesse em ficar vinculado)
Então temos aqui um conflito que é a tutela da autonomia (salvaguarda da posição do
declarante) e depois a tutela da confiança que nos aponta para a tutela do declaratário,
A defesa de cada um destas posições pode dizer respeito a uma posição mais subjetivista
(da vontade) ou objetivista (da confiança).
O nosso legislador não opta por nenhuma, mas sabemos que dá importância e relevo à
tutela da confiança não querendo dizer que seja uniforme.
-Interesses de 3ºs (ex.: há um credor de declarante que pode ter interesse na invalidade
do negócio e que ele não venda)
-Interesses gerais do comércio jurídico (celeridade, estabilidade, confiança)

Antes de entrarmos no estudo de cada figura dizemos que este problema entre a vontade
e a declaração só se consegue formular porque em matéria de interpretação de negócios
jurídicos aderimos a uma posição tendencialmente objetivistas.
Temos A que emite uma proposta e temos B que aceite
Coloca-se o problema da interpretação das declarações negociais (por mais clara que
pareça temos de interpretá-la).
Vamos interpreta a declaração como o declaratário normal na posição de declarante
entenda.
Mas imaginemos que A quer X e declara Y se aderíssemos a uma posição subjetivista
esta declaração valeria como x e não o y e por isso nunca conseguiríamos formular um
problema de divergência porque interpretávamos a declaração ao que efetivamente ele
queria. Como interpretamos no sentido da interpretação do destinatário então pode haver
divergência entre o que diz e o que quer.

Divergências intencionais:
A simulação – é uma divergência intencional entre a vontade e a declaração que resulta de
um acordo entre declarante e declaratário e tem como objetivo enganar 3ºs. E temos nesta
definição os elementos essenciais para que haja simulação:
-Uma divergência entre vontade e declaração
-Seja intencional
-É necessário que haja um acordo entre declarante e declaratário (aquilo que se chama de
pacto simulatório)
-É necessário que haja intenção de enganar terceiros.

Esta simulação tem diferentes classificações:


-Inocente – quando apenas tem intenção de enganar terceiros
-Fraudulenta- para além da intenção de enganar terceiros tem também a intenção de
prejudicar esses terceiras.

Esta distinção em regra não é relevante pois ambas conduzem à nulidade do negócio mas
vamos ver que há uma situação específica em que interessa essa distinção.

Outra distinção a conhecer é:


-Simulação absoluta (apenas existe o negócio simulado e por detrás do simulado não
existe qualquer outro)
-Simulação relativa (por detrás do negócio simulado exista um outro negócio de tipo ou
conteúdo diferente) Já vamos ver no caso da simulação relativa temos um problema
acrescido que é determinar o valor do negócio escondido (o chamado negócio simulado)
Dentro da simulação relativa podemos distinguir a simulação:

 Objetiva – quando diz respeito ao objeto (relativa objetiva pode dizer respeito:
o ou à natureza do negócio (A e B declaram vender um automóvel quando na
verdade celebram um contrato de doação de um automóvel)
o ou pode dizer respetio ao valor do negócio (simulação de preço)
 Subjetiva – quando diz respeito ao sujeito (relativa subjetiva diz respeito aos sujeitos e
portanto esta corresponde aquilo que se designa por interposição fictícia de pessoas)
Ex.: A finge doar ao B por seu turno B finge doar ao C e há um acordo (conluio) entre
os 3 e na verdade é o A e o C que celebram o contrato de doação.
estas interposição fictícia de pessoas não se pode confundir com a chamada
itnerposição real de pessoas e nesta segunda o interposto atua em nome próprio
embora atue no interesse e por conta de outrém (ex.: A quer compra um imóvel mas
sabe que o proprietário do imóvel jamais o venderá a si e o que faz´e celebrar com B
um contrato de mandato e encarrega a B adquirir o imóvel por sua conta e B celebra
com C o contrato de compra e venda e depois o B transmite aquela propriedade ao A.
Aqui não temos qualquer simulação entre os 3 porque o C não sabe de nada porque B
compra ao C mas compra por nome próprio por interesse de outrém e esta
interposição real de pessoas não há simulação e para ser simulação tinha de haver um
pacto simulatório entre os 3 e vamos ver um caso prático sobre isto na aula prática)

Valor do negócio simulado (artigo 240/2 do CC)


Artigo 240.º
(Simulação)
TEXTO
1. Se, por acordo entre declarante e declaratário, e no intuito de enganar terceiros, houver
divergência entre a declaração negocial e a vontade real do declarante, o negócio diz-se
simulado.
2. O negócio simulado é nulo.

Quid iuris – no caso da simulação relativa o contrato continua a ser nulo mas temos de ver
qual o valor do negócio simulado e a solução é nos dada pelo artigo 241 do CC
Artigo 241.º
(Simulação relativa)
TEXTO
1. Quando sob o negócio simulado exista um outro que as partes quiseram realizar, é
aplicável a este o regime que lhe corresponderia se fosse concluído sem dissimulação,
não sendo a sua validade prejudicada pela nulidade do negócio simulado.
2. Se, porém, o negócio dissimulado for de natureza formal, só é válido se tiver sido
observada a forma exigida por lei.

A validade do negócio dissimulado depende conforme ele seja válido ou não senão
estivesse coberto. E caso haja exigência formal do negócio temos que ver se foi cumprida
e senão o foi pode ser gerar a nulidade formal do negócio simulado.

Quanto a isto há uma divergência na doutrina:


-Há autores que entendem que basta a forma estar cumprida relativamente ao negócio
simulado que depois o negócio dissimulado aproveita essa forma (ex.: A celebra com B
compra e venda de imóvel ao qual exige escritura pública real e autenticada mas era uma
doação que precisa de escritura e há autores que dizem que sendo a compra e venda com
escritura a doação também)
-Há outros autores que dizem que não é bastante e exigem que haja uma contra
declaração (um escrito de reserva) que obedeça à forma exigida (as partes têm de ter um
documento que é uma declaração) e no caso de um imóvel era difícil de fazer isso porque
no caso de uma escritura o notário notaria fazendo um escrito de reserva e por dever de
ofício não faria a escritura)
Mesmo os autores que dizem que é necessário um escrito de reserva dizem que não será
necessário quando a simulação seja relativa objetiva de preço e a justificação no (artigo
883 do CC)
Artigo 883.º
(Determinação do preço)
TEXTO
1. Se o preço não estiver fixado por entidade pública, e as partes o não determinarem nem
convencionarem o modo de ele ser determinado, vale como preço contratual o que o
vendedor normalmente praticar à data da conclusão do contrato ou, na falta dele, o do
mercado ou bolsa no momento do contrato e no lugar em que o comprador deva cumprir;
na insuficiência destas regras, o preço é determinado pelo tribunal, segundo juízos de
equidade.
2. Quando as partes se tenham reportado ao justo preço, é aplicável o disposto no número
anterior.

Este artigo diz que mesmo que o preço não seja terminado é possível que o negócio valha
e que o preço seja determinado por os termos na lei e poderá abrir-se esta exceção não
precisando da contra declaração ou escrita de reserva.

Quem tem legitimidade para invocar a simulação e a nulidade resultante desta?


Temos algumas regras especiais:
-Desde logo podem arguir a nulidade do negócio os próprios simuladores (no entanto os
simuladores vão ter limites nessa possibilidade:
 Limitados em matéria de prova (ou seja, não é possível recorrer à prova por
testemunhas (artigo 394/2) o que torna difícil provar a simulação do negócio e
tendo em conta a dificuldade de provar o Professor Vaz Serra tentou atenuar esta
mostra de prova e se existisse esse início de prova por escrito já seria possível
recorrer à prova testemunhal

Artigo 394.º

(Convenções contra o conteúdo de documentos ou além dele)


TEXTO
1. É inadmissível a prova por testemunhas, se tiver por objecto quaisquer
convenções contrárias ou adicionais ao conteúdo de documento autêntico ou
dos documentos particulares mencionados nos artigos 373.º a 379.º, quer as
convenções sejam anteriores à formação do documento ou contemporâneas
dele, quer sejam posteriores.
2. 2. A proibição do número anterior aplica-se ao acordo simulatório e ao negócio
dissimulado, quando invocados pelos simuladores.
3. 3. O disposto nos números anteriores não é aplicável a terceiros.

 Não podem invocar a nulidade contra 3º de boa fé (artigo 243/1)

-Os terceiros interessados nos termos do artigo 286 do CC.


-Os herdeiros legitimários (os herdeiros legitimários já são terceiros interessados mas há
regras especificas quanto a estes (242º do CC) e daí a distinção entre estes e os terceiros
interessados) – O nº2 deste artigo - 2. A nulidade pode também ser invocada pelos
herdeiros legitimários que pretendam agir em vida do autor da sucessão contra os
negócios por ele simuladamente feitos com o intuito de os prejudicar.
E podem agir nas determinadas situações:
 Eles podem arguir a nulidade depois da morte e estão aqui já a agir como
sucessores e vão ocupar a posição do de cuiús e nessa medidas vai desferir das
mesmas limitações dos simuladores.
 Podem agir depois da morte como herdeiros que são para a salvaguarda da sua
legítima (quota indisponível)
 Podem agir em vida do simulador (ou dos simuladores) mas para o fazerem o
negócio tem de ser feito com o intuito de os prejudicar e não basta que cause
prejuízo mas que tenha a efetiva intenção de os prejudicar.
(remissão pois este é o aspeto em que aqui importa a distinção entre a simulação
fraudulenta e a inocente e aqui tem de ser fraudulenta)
-A fazenda nacional pode invocar a nulidade (podendo ser limitado de certas cobranças de
impostos)
-Os preferentes
-Os credores (a propósito destes o 286 do CC e o 605 do CC).

Para além da simulação temos outras divergências intencionais como:

A reserva mental – caracteriza por ser uma divergência intencional entre a vontade e a
declaração e tem como objetivo enganar o declaratário e tal como a simulação a reserva
mental pode ser:
-Inocente (se apenas tiver o intuito de enganar o declaratário)
-fraudulenta (se também o quiser prejudicar)
Ao contrário da simulação há efetiva relevância nesta distinção

relativamente ao regime está previsto no 244 do CC.


O nº1 diz-nos o que é a reserva mental
O nº2 diz que a reserva não prejudica a validade da declaração exceto se for conhecida
pelo declaratário e neste caso a reserva tem os efeitos da declaração.

Qual o valor do negócio celebrado em reserva mental – em regra é válido e deixa de ser
válido se a reserva for conhecida do declaratário e nesse caso trata-se a reserva mental
como se trata a simulação e o negócio é considerado nulo.
Reparemos que aqui estamos preocupados em salvaguardar a confiança da contra parte.

Há aqui uma nota a assentar: Se a nossa reserva mental for inocente ou mais do que isso
se a reserva mental tiver como intenção beneficiar o declaratário então não se deve ser
tão exigente e deve-se considerar que o negócio é nulo quando haja mera
cognoscibilidade (o declaratário não conhece mas era-lhe exigível que conhece-se
(ex. de escola – A sofre de uma grave depressão e tem diversas vezes pensamentos
suicidas e B que é conhecido como avarento que não dá nada a ninguém e decide que
deve animar o amigo e declara que lhe vai doar o barco de festa mas faz esta celebração
em reserva mental e quer engana-lo para o beneficiar e neste caso devemos considerar
que o negócio é nulo com a simples cognoscibilidade e como conhecia a avareza de A
então facilmente devia ter percebido que aquela declaração era feito sobre reserva mental.
– ex.: diz que é compra e venda mas nunca cobrava o preço)

Outra divergência:
-Declaração não séria – divergência entre a vontade e a declaração e é intencional mas
não intenção de enganar terceiros ou o declaratário porque o declarante diz algo que não
corresponde à sua vontade porque acredita que o declaratário se vai aperceber da falta de
seriedade da declaração.
(ex.: A professora faz a declaração se quer vender a uma aluna o telemóvel mas
naturalmente acredita que a aluna confia na falta de seriedade da declaração pois a
declaração era didática e serviu esta declaração para explicar o que era uma declaração
não séria. (outro caso são amigos numa conversa e um diz que vende o automóvel por
1000 euros mas é sem seriedade) e isto está no artigo 245 do CC:

Artigo 245.º
(Declarações não sérias)
TEXTO
1. A declaração não séria, feita na expectativa de que a falta de seriedade não seja
desconhecida, carece de qualquer efeito.
2. Se, porém, a declaração for feita em circunstâncias que induzam o declaratário a aceitar
justificadamente a sua seriedade, tem ele o direito de ser indemnizado pelo prejuízo que
sofrer.

Temos aqui algo mais grave que a nulidade porque o negócio é inexistente e para
perceber isto tem de ser averiaguado no contexto em que a declaração é deferida.
Na próxima semana a propósito de outra divergência vamos perceber o que é esta
inexistência mas ficamos com a ideia que é uma sanção mais grave que a nuldiade.
O nº2 deste artigo – aqui distinguimos 3 tipos de declarações:
-Declaração patentemente/claramente não sérias – o negócio é inexistente (245/1)
-Declaração patentemente não séria mas acaba por enganar a contraparte/declaratário
(245/2) – podendo haver lugar a este direito à indemnização.
-Declarações secretamente não sérias (estava a brincar mas disse de tal forma que
parecia a sério) – neste caso o problema não é tanto de declaração não séria e deve ser
considerado como um problema de reserva mental (se só eu sei que não é série é
verdadeiramente uma reserva mental e aplica-se exatamente o regime desta).

(Começa aula prática)

1º hipótese – A envia para casa de B uma proposta de compra e venda de um armário na


qual indica que se ele nada disser no prazo de 5 dias o negócio se dá por celebrado.
Ao fim de 10 dias A aparece em casa de B para lhe entregar o dito armário e para exigir o
pagamento do preço correspondente.
Quis iuris?
Aqui está em causa saber se desse contrato e venda (que resulta de obrigações (um tem
de pagar e outro de entregar a coisa vendida)) A vai entregar o armário e B recusa-se a
pagar o preço e provavelmente nem quer o armário,
Agora resta saber se consta o contrato de compra e venda e se se chegou a celebrar pois
para haver um contrato é preciso uma proposta e uma aceitação.
Neste caso, artigo 218º do CC, não há contrato porque não há aceitação porque o silêncio
não vale como declaração e só terá valor de declaração negocial se houver uma lei a
atribuir um valor, se houver um costume do setor ou entre as partes ou em convenção com
um acordo prévio e A decidiu achar por conta própria tal coisa e sem aceitação não está
preenchido um dos requerimentos essenciais para se poder celebrar o negócio.
Aqui não existe, não se celebrou o contrato e aqui nem se coloca o problema de
inexistência (que é sanção para um negócio que se celebra mas ao qual falta um (corpus
minimus) para que haja configuração de um negócio como um verdadeiro negócio) esta
inexistência que falamos não é fáctica mas sim normativa.
Neste caso há uma inexistência fáctica no seu sentido comum.

2ª hipótese- A publica um anúncio no jornal dizendo “Vendo apartamento com 4 quartos, 3


Wcs, 2 salas e 1 cozinha por 450.000 euros”. B, amigo de A, vendo o anúncio, telefona-lhe
e diz “compro a tua casa pelos 450.000 euros que pedes” mas, A, já tinha vendido na
manhã desse dia a casa a C.

Quid iuris?

Vendo o 228 vemos o períodos de duração da proposta negocial e o B tem o direito


potestativo a acionar o negócio mas neste caso temos um convite a contratar e não temos
uma proposta.
A declaração é feita ao público geral e quem emite esta declaração reserva para si a
última palavra em matéria de decisão e também não reveste a forma legalmente exigida
para a celebração deste contrato.
Neste caso temos um mero convite a contratar e se temos um mero convite a contratar
aquele telefonema do B vai funcionar como proposta e o que A fez foi rejeitar a proposta
até porque já não tinha o poder de dispor da coisa.

3ª hipótese – A diz a B, por telefone, que lhe vende um automóvel por 30.000 euros “eu
vendo-te um automóvel por 30.000” e isso é perguntar a B se quer. B diz-lhe que “já te
responde daqui a pouco”. No dia seguinte B chega a casa de A com um cheque de 30.000
euros e A responde-lhe que já tinha vendido o automóvel a Catarina.
Quid iuris?

O António é um business man...


Aqui temos uma proposta e fazendo uma proposta ao Bernardo ela torna-se irrevogável
(artigo 230 do CC) e em princípio o B tinha o direito potestativo a celebrar aquele negócio
com a sua aceitação mas acontece que as propostas contratuais não duram
indefinidamente e o artigo 228 estabelece quais são os prazos.
Artigo 228.º
(Duração da proposta contratual)
TEXTO
1. A proposta de contrato obriga o proponente nos termos seguintes:
a) Se for fixado pelo proponente ou convencionado pelas partes um prazo para a
aceitação, a proposta mantém-se até o prazo findar;
b) Se não for fixado prazo, mas o proponente pedir resposta imediata, a proposta mantém-
se até que, em condições normais, esta e a aceitação cheguem ao seu destino;
c) Se não for fixado prazo e a proposta for feita a pessoa ausente ou, por escrito, a pessoa
presente, manter-se-á até cinco dias depois do prazo que resulta do preceituado na alínea
precedente.
2. O disposto no número anterior não prejudica o direito de revogação da proposta nos
termos em que a revogação é admitida no artigo 230.º

Neste caso B diz que já responde mas fica um dia sem dizer nada e a resposta ficou sem
ser eficaz. Apesar de não dizer precisamente que pede uma resposta imediata presupõe-
se logo pela forma como feita a chamada e como B desaparece durante uma dia então é
muita coisa.
Na alínea c) o conceito de pessoas ausentes é como comunicação por carta, etc. em que
demora mas o caso de chamadas telefónicas conta como presente pois é no sentido de
resposta imediata.
Até pode ter acontecido uma catástrofe com B mas mesmo assim o A não é obrigado a
ficar à espera.

Comecemos outra aula então...

Na sexta passada começamos a estudar as situações patológicas em que as duas


declarações negociais a vontade e a declaração não coincidem e começamos por estudar
as convergências intencionais (porque queria enganar terceiro, o declaratário, ou não uqer
enganar ninguém e espera que ele perceba o caráter não sério)

Hoje vamos estudar as não intencionais:

-Coação física ou absoluta – caracteriza-se por um divergência entre a vontade e a


declaração e esta é não intencional, resulta do facto de o declarante ser submetido a uma
força de tal forma irresistível em que se vê transformado num autómata (vê-se reduzido ao
papel de um autómato e estar ou não um declarante é a mesma coisa e é alguém que age
sem vontade (autómato )).
Aqui o problema é que vai faltar a vontade de ação e o comportamento do sujeito nem
sequer é voluntário.

2 ex. de escola

No 1º- A é tetraplégico e há alguém que pega na sua mão e submete a uma força de tal
modo irresistível que faz com que ponha a sua assinatura na aceitação de uma proposta; o
comportamento dele não é voluntário, mas sim daquele que exerce a força sobre ele.

No 2º- vimos que o exemplo não tem valor de declaração negocial mas há exceções
(quando a lei o determina-se, quando o uso o determina-se ou quando houvesse acordo
entre as partes) – imaginemos uma situação em que o silêncio tem esse valor e o que
acontece se A nada dissesse sobre a proposta de B no espaço de 15 dia então a proposta
é aceite.
B decide raptar o A e deixa-o no mato sem possibilidade de recusar e como o silêncio vale
como aceitar a proposta celebra-se mas como foi sujeito a uma força irresistível então não
teve liberdade de declaração.
A propósito deste problema da convergência entre a vontade e a declaração vamos
estudar depois o vício da vontade e quando acontece isto a declaração e a vontade
coincidem mas o problema é que a vontade que coincide com a declaração não foi
formada de modo natural e saudável e houve algum problema que de algum modo inclinou
aquela vontade e com que não correspondesse a uma verdadeira autonomia do sujeito e
quando estudarmos estes vícios vamos estudar uma coação moral ou relativa e depois
vamos estudar o que isto significa.

Temos de ficar com a ideia que nesta moral quando declara algo tem essa vontade mas
para afastar o medo iminente (ex.: A aponta pistola à cabeça de B e diz “ou vendes o
automóvel por 30 euros ou disparo a pistola” neste caso apesar de ser um força estamos
perante um hipótese de coação moral e não física porque aqui o sujeito vai declarar que
quer vender o automóvel por 30 euros e efetivamente quer isso mesmo mas quer isso para
afastar aquela ameaça e não quer isso por bons motivos e portanto não vai corresponder a
uma autonomia de vontade do sujeito) No caso da coação física então essa vontade tem
de estar totalmente ausente.

Na moral ainda existe um espaço mínimo de liberdade e o sujeito ainda tem liberdade para
dizer sim ou não mas na física essa liberdade está totalmente excluída e por isso o
comportamento não é voluntário e nesses 3 tipos de vontade que analisámos falta a mais
básica que é a vontade de ação.

Esta coação física ou absoluta está no artigo 246 do CC. Mas tem de ser lido o artigo
trocado porque fala da coação física mas também doutra divergência que vamos estudar.

Em questão de sanções jurídicas isto corresponde aquela sanção mais grave já referida
que é um negócio inexistente.
No final do nosso programa vamos estudar autonomamente a inexistência mas devemos
antecipar algumas considerações desta para saber do que estamos a falar e o porquê de
distinguir isto da nulidade.
A inexistência é uma categoria autonomizada primeiro no direito francês e que gera até
hoje alguma controvérsia.
Foi autonomizada a propósito do casamento e hoje há autores que não a aceitam.
Nós aceitamos esta categorização e é importante porque os negócios nulos ainda podem
produzir alguns efeitos (em regra não produzem qualquer efeito) mas ainda podem
produzir alguns efeitos (imaginemos – a eficácia geral do registo faz com que o negócio
que era nulo produza efeitos; o artigo 293 do CC também e faz com que o negócio nulo
por simulação possa produzir efeitos; depois temos o artigo 291 que embora sejam efeitos
laterais podem produzir efeitos).
Os negócios nulos depois vamos ver que podem produzir efeitos com a reversão e a
conversão que vamos dar.
Há situações tão graves que o negócio nem deve produzir qualquer efeito como este
negócio realizado sobre coação física ou absoluta e daí a importância da autonomização
da inexistência.

quando demos o 291 no primeiro semestre sobre a cadeia de transmissão tínhamos o


negócio entre A e B e depois B e C e tínhamos que proteger C. Imaginemos que o negócio
A-B era inexistência em vez de inválido sendo inexistente não é possível aplicar o artigo
291 e não conseguiríamos proteger o terceiro com a ideia que aquilo que afeta o negócio é
grave.

Quando falamos de inexistência não é inexistência fáctica (situações onde o negócio não
se celebra) mas aqui o negócio celebrou e um convergência de proposta e aceitação só
que o que existe é que aquelas declarações e a vontade que jaziga em si não permite
afirmar um corpus minimus (substrato mínimo) que permita depois extrair algumas
consequências de direito.
Percebendo a inexistência percebemos porque esta coação física tem que determinar a
sua inexistência.

-Falta de consciência da declaração- esta é uma divergência não intencional que resulta
do facto de o declarante não ter perceção/consciência de que o seu comportamento que é
voluntário que tem o valor de declaração negocial.

Ex. de escola: um já referido foi que o A está num leilão e está a ser licitada uma peça e a
licitação é faça com o braço no ar e tem que levantar o braço e naquele momento entra
pela porta B amigo e decide levantar o braço.
O comportamento é voluntário mas fê-lo para cumprimentar o amigo e não percebe que
aquele comportamento funciona como declaração.
Aqui não falta a vontade do comportamento mas sim da vontade de declaração.
Isto está previsto no artigo 246 e aqui lemos já completo.
Artigo 246.º
(Falta de consciência da declaração e coacção física)
TEXTO
A declaração não produz qualquer efeito, se o declarante não tiver a consciência de fazer
uma declaração negocial ou for coagido pela força física a emiti-la; mas, se a falta de
consciência da declaração foi devida a culpa, fica o declarante obrigado a indemnizar o
declaratário.
Aqui claramente temos referência à coação física e referência clara à falta de consciência
de declaração. Para qualquer uma delas o legislador diz que a declaração não produz
qualquer efeito e esta produção de qualquer efeito devia ser entendida no sentido da
inexistência.
Mas no que diz respeito à falta de consciência de declaração deve ser entendida como
nulidade.
“não produz qualquer efeito” é interpretado em duas formas e dependendo da divergência
pode ser nulidade ou inexistência pois aqui a situação da inconsciência não é tão grave e
apenas falta a vontade de declaração e não a vontade de ação e podemos estabelecer um
corpus minimus para poder pensar em vontade de declaração.

Numa situação em que não há vontade nem de ação ou declaração aqui poderá se
considerar um negócio inexistente e esta solução foi avançada por alguns autores para
corresponder á situação em que alguém falsifica a assinatura de outrem e faz-se passar
por ela e aqui nem tem consciência da ação nem da declaração.

Se houver culpa na falta de consciência da declaração então o declarante pode ser


obrigado a indemnizar o declaratário e vai fazê-lo pelo interesse contratual negativo
(outro ex. de escola: A é empresário presidente do conselho de adm. De uma grande
sociedade e agora chegada à altura da páscoa resolve assinar uma série de cartões para
desejar uma santa páscoa a todos os colaboradores, etc. e no meio das cartas a secretária
deixou por engano uma proposta de aceitação de uma proposta e no meio de tudo assinou
sem querer o papel e não tem consciência da declaração.
Pode questionar-se se no contexto em que as cartas foram assinadas senão pode ter
culpa e senão tem que depois indemnizar o destinatário.

Autores como Menezes Cordeiro mostra-se muito crítico deste regime consagrado no
regime 246 quanto à falta de consciência mostra-se incongruente quer com a solução do
artigo 236 e do 247.
1º - incongruência com a solução em matéria de interpretação de negócio (236) e não
jogam bem as duas soluções
2º- incongruente com a solução em matéria de erro na declaração (247).

Como se interpreta uma declaração negocial – a declaração negocial interpreta-se com o


sentido que um declaratário normal colocado na posição do real declaratário possa deduzir
daquele comportamento declarativo.
É de acordo com a impressão do destinatário é que vamos saber se um determinado
comportamento é ou não declaração negocial e se vale ou não e podemos estar perante
uma declaração negocial que não suscita nenhuma dúvida à luz do declaratário e seja
declarado como tal mas depois o 246 retira essa declaração apenas e só porque falta
vontade de declaração.
Ou seja, a teoria da interpretação para um caminho mais subjetivista e agora damos mais
caminho à vontade do sujeito.
Para sustentar este regime Menezes Cordeiro diz que não basta falta de vontade de
declaração – uma falta de vontade de declaração que seja íntima e não revelada não vale
para este regime e portanto tem de ser percetível e não basta qualquer estado íntimo que
não pode ser percetível.

Quanto ao conflito com o 247 – já voltamos cá porque vamos estuda-lo daqui a pouco e
voltamos.

Esta falta de consciência da declaração não se confunde com um vício da vontade que
vamos estudar, mas que já conhecemos de certo modo. É a incapacidade acidental –
mobilizamos a propósito do regime dos maiores acompanhados e é um vício da vontade e
há situações na jurisprudência onde se colocou um problema em identificar os dois.
Era sobre um determinado sujeito que padecia de uma situação de demência e
basicamente a pessoa dizia disparates, não reconhecia as pessoas e estava numa fase
em que não tinha perceção do mundo que o rodeava e acabou por celebrar um contrato
nesse estado e o tribunal não sabia se era uma situação de falta de consciência de
declaração ou incapacidade acidental. A primeira traz nulidade e a segunda anulabilidade.
O critério para distinguir é saber se existe ou não vontade de declaração. Se não existir é a
primeira se existir mas não souber a extensão do ato estamos perante um caso de
incapacidade acidental.
era a diferença de não perceber se era um contrato ou não, se era uma vontade de
declaração ou não ou perceber que era um negócio mas não saber se era prejudicial ou
não.

-Erro obstáculo ou erro na declaração – este erro traduz numa divergência entre a vontade
e a declaração e é não intencional e resulta de um engano.
Esse engano pode traduzir-se num lapsus linguae (o e final é o de) ou lapso de língua e
diz uma coisa e queria dizer outra.
Também pode resultar de um erro mecânico (estamos a escrever num computador e
queremos dizer uma coisa e diz outra e a escrita inteligente às vezes diz uma coisa ou
outro)
Pode resultar de um erro de ajuizamento (ex.: A quer compra a casa onde nasceu (nasce
em uma determinada casa que deixou de pertencer à família) e estava convencido que
tinha nascido no nº10 da rua Alexandre Herculano mas na verdade queria comprar o nº11
que era a casa onde verdadeiramente nasceu e pensava que era o 10.
Neste obstáculo só estamos perante uma divergência entre a vontade e a declaração
porque queria dizer uma coisa e diz outro e, portanto, há uma falta de vontade negocial
(vontade de negociar).

Vamos tentar perceber qual o regime do erro obstáculo que está no 247 do CC
Artigo 247.º
(Erro na declaração)
TEXTO
Quando, em virtude de erro, a vontade declarada não corresponda à vontade real do autor,
a declaração negocial é anulável, desde que o declaratário conhecesse ou não devesse
ignorar a essencialidade, para o declarante, do elemento sobre que incidiu o erro.

Então deste artigo 247 resulta que o negócio deferido como obstáculo vai declarado
anulável e para que possa ser anulado é necessário que se verifiquem dois requisitos:
1º -essencialidade – o elemento sobre que incidiu o erro tem de ser essencial para o
declarante e esta essencialidade é aferida em termos subjetivos e não há um padrão
objetivo para determinar o que é essencial ou não e vai ser o declarante a definir o que é
essencial ou não. (A quer comprar um carro azul mas vai comprar um verde para nós pode
não ser mas para ele pode ser essencial)

2º- conhecimento ou cognoscibilidade dessa essencialidade (nota: não se exige o


conhecimento ou a cognoscibilidade (devia conhecer) do erro mas exige-se apenas o
conhecimento ou a cognoscibilidade da essencialidade do elemento sobre que incidiu o
erro.

Portanto o declaratário não tem de saber que o carro era verde quando o carro era azul
mas sim que soubesse que para ele era essencial a cor do carro e aqui a lei é menos
exigente do que se exigisse o conhecimento do erro.
É criticado este regime por autores por permitir uma desvinculação fácil do negócio.

Nota - Não é necessário que o erro seja desculpável e pode haver culpa no erro que o
sujeito incorreu, mas mesmo havendo culpa o negócio continua a ser anulável porem
(duas notas importantes):
-1º nota- perante 1 erro indesculpável (há culpa, mas não é desculpável) pode ser mais
difícil provar a essencialidade daquele elemento)
-2º nota- havendo culpa pode haver lugar ao pagamento de uma indemnização

Neste caso a ausência de culpa nem sequer é requisito-


O negócio é anulável mas arrasta consigo duas questões (quem e até quando mas este
artigo não nos diz nada e por isso fazemos remissão do artigo 247 para o artigo 287 que
nos consagra o regime geral da anulabilidade e determina quem e que dentro de que
prazo pode arguir a anulabilidade)
Quem?
-Aquele pelo qual anulabilidade foi estabelecida no interesse (quem tem interesse na
anulabilidade? O declarante) e portanto o declarante errante pode arguir a anulabilidade.
Prazo?

-Um ano a contar desde que o vício cessa (o momento em que se apercebe do erro)

Uma nota importante: o artigo 248 diz-nos que a anulabilidade fundada em erro na
declaração não procede se o declaratário aceitar o negócio como o declarante queria.
Ex. caricato: A que declara que quer comprar um automóvel azul quando na verdade
queria comprar um automóvel verde por qualquer erro que seja.
Consequência: se for um elemento essencial e se a contra parte tiver cognoscibilidade
dessa essencialidade o negócio pode ser anulado no prazo de 1 ano.
O 248 diz que se o declaratário aceitar o negócio tal como o declarante fez então.
Se o declaratário souber que o proprietário do stand aceitar a venda de um automóvel
verde em vez de um azul o automóvel vende-se e deixa de se poder invocar a
anulabilidade.
Se aceitar a mudança também passa.

Há situações especiais com regimes especiais neste regime de erro na declaração e


vamos ver as várias situações:

-Hipótese especial – erro de cálculo ou erro de escrita previsto no artigo 249 do CC – se o


erro for um erro de cálculo ou de escrita o negócio não é anulável, mas apenas levará à
retificação. Este erro de cálculo ou de escrita é um erro obstáculo que se torna percetível
no próprio contexto da declaração (A propõe a B vender 100 pares de sapatos ao preço
unitário de 3,5 euros cada um e isso dá 350 euros no total da venda. Agorai maginemos
que se engana e que em vez de dizer 3,5 diz 3,3 temos um erro obstáculo ou de
declaração que pode elvar à anulabilidade do negócio, mas agora diz 3,3, em vez de 3,5 e
no final diz que se aceitar a proposta o valor da venda é de 350. O que se pode entender
no contexto da negociação é que algo não está bem (3,3x100 não dá 350) e se podermos
perceber aqui é um erro de cálculo ou de escrita que apenas dá direito à retificação.

-2ª hipótese especial – aquelas situações em que o declaratário se apercebe de um


terceiro sentido que não corresponde à vontade declarada nem à vontade real do
declarante e numa destas situações o negócio deve ser considerado anulável sem ser
necessário o preenchimento de qualquer requesito.
(A tem vontade x e engana-se e em vez de dizer x vai dizer y e neste caso segundo a
teoria da impressão do destinatário a declaração vai ser interpretada conforme da
impressão que B teria da declaração. Mas o problema é que B não entende o sentido x ou
y mas um z e quando aceita está a aceitar um coisa totalmente diferente.
Neste caso temos uma situação de quase dicídia porque aceita uma cosia que não foi
proposta mas mais do que isso temos expectativas de confiança do destinatário porque
confiou numa sentido que surgiu da cabeça dele e portanto o negócio é anulável sem
necssário qualquer requesita.
Isto resulta da chamada teoria da aparência eficaz

-3º hipotese especial – erro da transmissão da declaração (250 do CC) – aquelas


situações em que A encarregou um terceiro de transmitir a declaração e o x que transmite
a declaração enganou-se a transmiti-la e chegou com um sentido diverso daquilo que ele
queria.
Então nesta hipótese podemos anular o negócio nos mesmos termos em que
consideramos que o negócio era anulável quando há erro obstáculo ou erro na declaração.
Temos que verficiar os tais 2 requisitos
Agora há uma segunda hipótese – imaginemos que aquele 3º (amigo x que ficou
encarregado de transmitir a declaração) agiu intencionalmente para enganar o nosos B
então nesta situação de acordo com o nº2 do 250 a declaração é sempre anulável sem ser
necessário quaisquer requisitos e o 3º vai ter que indemnizar.

Agora vamos passar aos vícios da vontade


Correspondem a outra situação patológica no negócio jurídico mas ao nível destes não há
qualquer divergência entre aquilo que se diz e a aquilo que se quer dizer e corresponde à
vontade do sujeito mas o problema que se verifica qunado estamos perante um vício da
vontade é que a vontade que corresponde à declaração não foi formada de forma
saudável e algo perturbou o processo formativo da vontade e apesar de lá estar não
corresponde a um ato de autonomia do sujeito.
quasi são os vícios da votnade:
-erro vício
-dolo
-coação moral ou relativa
-estado de necessidade
-incapacidade acidental

Como podemos ver para além do que já ouvimos anteriormente só por esta enumeração
vemos que há um erro e uma coação e portanto há uma proximidade grande entre os
vícios da votnade e as divergência já ditas.
Vamos começar pelo erro vício que não se confunde com o erro obstáculo.
Ao nível deste existe uma incorreta ou inexata representação da relaidade (O sujeito
declarou que quer comprar um determinado terreno porque achava que o terreno tinha
lençóis friáticos e era bom para agricultura de rega (regadio) mas afinal era completamente
seco e parecia um deserto e auqi temos sujeito A e corresponde total e claramente à sua
vontade só que a sua vontade foi determinada por um incorreta visão da realidade e se
soubesse o verdadeiro estado do terreno não o tinha adquirido.)
Para que o erro seja relevante é preciso verificar dois requisitos (chaamdos requisitos
gerais de relevância do erro (são gerais porque depois há várias modalidades do erro vício
que têm os seus requisitos especiais e estes são de todos)):

1º- o erro tem de ser essencial (essencilaidde do erro) e é essencial quando é


determinante da vontade de celebrar o negócio e sem aquele erro o sujeito jamais teria
celebrado o negócio. No polo oposto ao erro essencial está o erro indiferente/irrelevante (o
sujeito compraria oo terreno com ou sem agua) mas mais uma vez a essencialidade é
aferida em termos subjetivos.
Além deste erro encontramos o erro incidental – este não é determinante da vontade de
celerbar o negócio mas é determinante dos termos em que o negócio foi celebrado. (ex. do
terreno: queria comprar o terreno porque pensava que tinha àgua mas era seco (se fosse
essencial ele jamais compraria o terreno se souvesse que não tinha água) (Se fosse
incidental se soubesse que não tinha àgua jamais teria comprado por 100.000 mais sim
50.000 e apenas é determinante dos termos.)
Em regra o erro incidental não conduz à invalidade do negócio então a consequência em
regra é a modificação dos termos do negócio e como se fundamenta normativamente esta
moficação (2 soluções):
-Aplicação por analogia do 411 do CC
-Invocam o regime da redução do negócio

Há situações em que um erro incidental pode levar à anulabildiade do negócio:

-Quando não seja possível determianr os termos em que o negócio teria sido celebrado
(sem erro, quanto daria pelo terreno)
-Quando a contraparte venha comprovar que naqueles tais termos não iria celebrar aquele
negócio.

2º requistio geral – a propriedade do erro (o erro tem de ser próprio) – o erro é próprio
quando não incide sobre o requisito legal de validade do negócio.
ex.: imaginemos que A vendeu e o B comprou um apartamento; este negócio foi celebrado
por escrito particular não autenticado e portanto padece de um vício de forma e logo é
nulo.
Não é possível A dizer que quer invalidar o negócio com base em erro dizendo que se eu
soubesse que era necessário outorgar em escritura pública o negócio porque envolvi
outros custos e não faz sentido porque já tem uma nulidade e tem de incidir sobre uma
coisa que já não ela própria fundamenta de invalidade do negócio.
Temos que chamar a atenção para uma situação particular:
A tem 15 anos e vende a B um automóvel – qual é o valor do negócio? O negócio é
anulável por força da capacidade de exercício de A e tem um fundamento para anular o
negócio que é a sua incapacidade de exercício e não faz sentido vir dizer que invoca erro
porque saberia que não era capaz de exercer então nunca faria isso.
Para B é impossível se desvincular do negócio e só A e os seus representantes legais que
se podem e B pdoe invocar que se soubesse que estava a celebrar com um menor jamais
celebraria um negócio e aqui já é um erro próprio porque não tem outro fundamento de
invalidade para invocar como o A e os seus representantes.

dentro do erro há várias modalidades de erro (ou seja, há autores, que acabam por dizer
que há regime de lógico sobre o erro e tem de incidir sobre algo que tenha um regime de
legalidade e algo específico (mas vamos ver que há então um caráter residual de alguns
erros):
-O erro pode ser sobre a pessoa do declaratório e pode tratar-se
 de um erro sobre a sua identidade
 ou sobre as suas qualidades
-O erro pode ser sobre o objeto e neste integra-se
 o erro sobre a identidade do objeto,
 o erro sobre a características do objeto,
 o erro sobre a natureza do negócio
-O erro pode ser sobre os motivos (esta é a parte residual) e neste podemos ter
 erro sobre os motivos propriamente ditos;
 erro sobre a base do negócio
A alteração foi feita porque assim concluímos uma matéria importante e na próxima sexta
são só aulas práticas e podemos já faze casos práticos que envolvem várias matérias e
podemos pegar nas coisas todsa.

Vamos concluir então o estudo do erro de vício


Na terça distinguimos o erro de vício de erro obstáculo
Depois dissemos os requisitos gerais do vício de vontade mas depois há requisitos
específicos tendo em conta as modalidades de vícios de vontade.

Modalidades de erro de vício:


-Erro sobre a pessoa do declaratário:
 Este pode ser sobre a identidade (está a celebrar com um e está com outro)
 Este pode ser sobre as qualidades do declaratário (pensa que está a celebrar um
negócio com um sujeito que é conhecido por ser bom pagador e na verdade nunca
paga as dívidas e entra sempre a mora)

Os autores costumam dizer que um erro da qualidade envolve sempre o da identidade

-Erro sobre o objeto (integra-se neste):


 O erro sobre a identidade de um objeto (penso que estou a celebrar um negócio
relativo a um apartamento e na verdade é relativo a um outro apartamento)
 O erro sobre as qualidades do objeto (no ex.: da terça em que o sujeito pensa que
tem lençóis freáticos e na verdade o terreno é seco) (Ou uma pessoa pensa que
adquire um cão a pensar que é de raça x e na verdade é rafeiro) quando falamos
de qualidades são as características intrínsecas ao objeto e esta nota é importante
e vamos ver porque.
 O erro sobre a natureza do negócio (o sujeito acha que está a celebrar um
determinado negócio e na verdade está a celebrar outro (A liga a B a perguntar se
pode disponibilizar um automóvel para as tarefas do dia a dia enquanto o seu está
a ser reparado e B diz que sim e cobra-lhe um determinado preço porque tem um
negócio mas A pensava que era um comodato e não tinha que pagar)
Depois temos uma série de situações dúbias na doutrina e jurisprudência:
1º- diz respeito ao erro sobre as medidas do objeto (ex.: A comprou um terreno pensando
que tinha x m2 quando na realidade o terreno tinha menos de metade daqueles m2. Numa
situação como este podemos esta perante um erro sobre o objeto desde que o foco sea
colocado na coisa como objeto específico (precisa daquele terreno porque precisava
daqueles metros quadrados e sem esse não podia construir isto) Numa situação deste
pode estar num erro sobre o objeto.
Outra situação é quando o foco é a quantidade – um erro sobre a quantidade e aqui já não
há erro por objeto e é relacionado a coisas que estejam sujeitas a uma determinada
medição (ex.: A pensa que está a comprar 100 kg de farinha e na verdade apenas
comprou 70 não falamos de uma situação em que estamos a considerar um objeto
específico ou a coisa não é vista como um objeto específico com um certo tamanha e
medida mas sim numa situação em que o problema é a medição/quantidade da coisa e
esse problema é solucionado pelo 888º do CC e apenas dão direito à alteração do preço
nestes casos.
2º- outra situação prende-se sobre aquilo que se chama erro sobre o valor ou erro sobre o
preço.
2 ex. diferentes para perceber:
1º- A colecionador de antiguidades comprou uma cómoda do séc.XVIII por 10.000 e ao fim
de um mês descobriu que afinal aquela cómoda tinha sido fabricada no séc.XXI. Aqui
claramente temos um erro do objeto porque claramente estamos aqui a ter uma incorreta
representação da realidade que recai sobre um determinado elemento que esse diz
respetio às características intrínsecas da própria coisa. Este erro depois pode ser
essencial ou incidental. Se A pensar que se soubesse que essa cómoda datava do
séc.XXI jamais teria comprado o erro é essencial mas se ele souber que datava do
Séc.XXI dava só 700 por ela em vez de 10000 então o erro era incidental mas em ambas
as situações diz respeito ao erro por objeto.
2º- hipótese em que A comprou uma cómoda fabricada no séc.XVIII a B por 700 euros e
ao fim de um mês B descobre que no mercado uma cómoda com aquelas características
valeria no mínimo 10.000 euros. O erro aqui não incide sobre nenhuma característica
intrínseca do objeto mas sim no valor determinado e esse preço não é algo incidível da
coisa e varia comforme oferta e procura, e as circunstâncias do valor.
Um erro deste tipo não é relevante e não pode gerar a nulidade do negócio.
Então o que posso considerar que se integra dentro das qualidades da coisa?:
 As propriedades intrínsecas da coisa (se é feita madeira x ou y, fabrico no Séc.XX,
se tem 5x5 m ou apenas 2x2m)
 e posso integrar dentro das qualidades da coisa o estado ou situação da coisa (se
está degradada ou não; se precisa de reparação ou não; se é em 1º ou 2º mão; se
sofreu um acidente ou não).
 E posso integrar aqui a aptidão para realização de um determinado fim (se o
terreno é apto ou não para a tal cultura de regadio) Mas há determinadas
situações em que esse fim não se pode realizar por força de pressupostos
externos à coisa (A adquiriu terreno porque queria construir moradia no terreno
mas depois vem a perceber que não pode construir na moradia porque o plano de
direção municipal não deixa construir naquele terreno por ser ambiental e neste
caso o terreno não é apto à prossecução do fim mas por efeitos externos e por
isso não contam para esta falsa representação da realidade.

No caso em que B faz um mau preço e depois percebe que podia ter vendido mais
caro. Este erro não é de todo relevante: Na situação em que adquire um terreno
para construir mas o PDM proíbe a características não resulta de algo intrínseco
ao objeto mas algo imposto de fora.
Aqui não é um erro de objeto mas poderá ser relevante para um erro por motivos
de que já vamos falar.
Tudo aquilo que diga respeito a erro por pressupostos a efeitos externos não
releva por erro de objeto mas há situações em que pode relevar que são aquelas
situações em que os pressupostos externos não são mutáveis ao longo do tempo
e estão ligadas ao objeto com caráter de durabilidade ao ponto de se poderem
considerar características intrínsecas.
(ex.: A comprou uma casa porque queria instalar o seu escritório de advocacia um
bocado mais recuada da cidade e depois apercebe-se que a rede nacional elétrica
não chega lá.
Não é uma qualidade intrínseca do objeto mas pressupostos externos mas que de
todo o modo estão ligados à coisa com caráter de durabilidade ao ponto de se
assemelhar a uma característica intrínseca.)

Ainda sobre o erro do objeto devemos questionar a 3º hipótese.


 3º- erro do vendedor sobre as qualidades da coisa que aumentam o seu valor. Até
aqui vimos situações em que há algo que vem a ser descoberto que não se
conhecia e que vem a ser descoberto e que torna a coisa inapta ou reduz o valor,
Há situações inversas em que o erro agora é do vendedor (ex.: A vende um
quadro que estava em casa por 400 euros e mais tarde depois do negócio
descobre que afinal aquele quadro é uma pintura de um pintor renascentista
original e vale uma fortuna. E o erro (incorreta representação da realidade) do
objeto fez com que o valor aumentasse. Relativamente a uma hipótese como esta
muitos autores dizem que o risco negocial inerente à natureza do objeto pertence
ao vendedor e portanto havia um risco negocial relativamente ao tipo de bem
pertence ao vendedor e portanto seria irrelevante como erro do objeto.
O que nós devemos pensar sobre isto? Em termos analógicos não há diferença
entre esta e outras situações mas de facto podemos considerar isto como erro de
objeto e poderá anular tendo em conta os pressupostos do erro.
Há uma peculiaridade (Naquela hipótese da cómoda que foi dada em todos os
exemplos o erro poderia não ter existido e em todas estas situações no momento
de celebração do negócio os sujeitos estavam em condições de se aperceber da
realidade com mais cuidado e averiguação.
Nesta situação do quadro isto não é necessariamente assim ou seja, pode haver
um engano de facto (tinha um quadro em casa e pensava que era barato e afinal
não) e poderia não haver engano e aí poderá haver invalidação do negócio
verificados os requisitos mas em outras situações podemos estar numa situação
em que não é possível perceber que há´um erro do negócio (situações em que o
estado da arte não permiti discernir da altura de que era e só mias tarde através
de estudos de peritos na matéria é que se percebe o verdadeiro valor desse
quadro).
O que devemos entender como critério é que este do vendedor sobre as
qualidades da coisa que aumentam o valor da coisa é um erro sobre o objeto e
pode gerar a invalidade do negócio quando o estado da arte ou técnica permitam
no momento da celebração do negócio identificar a exatidão em que se traduz a
sua essência.
Agora sabemos o que pode ser qualificado como erro sobre objetos

-Erro sobre os motivos:


Ficamos, de começo, que o erro sobre a pessoa do declaratário e o do objeto estão
previstos os dois no artigo 251 do CC.
O 252 fala no erro sobre os motivos e este é uma categoria residual porque ao ler o artigo
252 (É o que não diz aos outros)
Artigo 252.º
(Erro sobre os motivos)
TEXTO
1. O erro que recaia nos motivos determinantes da vontade, mas se não refira à pessoa do
declaratário nem ao objeto do negócio, só é causa de anulação se as partes houverem
reconhecido, por acordo, a essencialidade do motivo.
2. Se, porém, recair sobre as circunstâncias que constituem a base do negócio, é aplicável
ao erro do declarante o disposto sobre a resolução ou modificação do contrato por
alteração das circunstâncias vigentes no momento em que o negócio foi concluído.
(ex.: A que arrenda uma casa porque acha que já recebeu mas não e isto é relevante mas
não se encaixa nos dois)
Este erro pode ser divido em dois e o artigo divide-os por cada um dos seus números:
 -Erro sobre os motivos propriamente ditos
 -Erro sobre a base do negócio (base do negócio são todas as circunstâncias que
foram assumidas por ambos os contraentes ou que só foram assumidas por um
deles mas que tendo em conta a boa fé se tivessem sido levadas ao conhecimento
da contra parte ele não as teria poder ignorar e são circunstâncias que diz respeito
aos dois contraentes ou a um mas que se fossem exposto ao outro ele não podeira
ingnorar pelas quais estes assentaram o negócio)

O que distingue este dois? Depois vamos ver o regime de cada um.
Voltando aos ex.s: A arrendou um determinado apartamento em Lisboa porque achava
que a sua entidade patronal o tinha transferido para a capital quando afinal não tinha.
Numa situação como esta os motivos dizem respeito ao António exclusivo e B que
arrendou a casa não fazia ideia de tudo e isto é um erro por motivos propriamente ditos.

Outro ex.: A comprou um terreno a achar (por 100.000) que podia construir um prédio lá. E
depois descobre que o PDM que tinha sido aprovado um ano antes não permitia a
construção de edifícios daquele género e portanto tem motivo específico que determinou a
vontade de celebrar negócio.
Este motivo diz respeito a A mas também a B porque de acordo com a boa fé e mesmo
que B não o reconheça e se fosse levado a A ele não o poderia ignorar e o preço seria
diferente. Porque ele tirou proveito de um erro que não se poderia ignorar e o motivo não
foi prosseguido e isto é um erro sobre a base.
Outro ex.: A resolve contratar com B a cedência de uma varanda para poder assistir a um
desfile qualquer e o que acontece é que B está a retirar um determinado proveito daquele
bem e afinal aquele evento que ia passar na rua e justificou aquele contrato tinha sido
cancelado dois meses antes e não sabiam que tinham sido cancelado e os motivos diziam
respeito aos dois e ambos conheciam o motivo e um quer a varando e outro está a
aproveitar-se do motivo para rentabilizar a varanda e neste caso é a base do negócio.
É algo sobre o que assenta o contrato.

Conhecidas as modalidades de erro vício vamos agora ver os requisitos especiais de cada
um conhecendo o seu regime.

Começando com o erro sobre a pessoa do declaratário e do objeto porque têm o mesmo
regime.

Erro sobre a pessoa e sobre o objeto do negócio esta previsto no artigo 251 que nos diz
que o negócio jurídico é anulável nos termos do artigo 247 e a remissão consta do próprio
artigo.

Qual o artigo 247º? É o que revê o erro obstáculo ou erro na declaraçõ então o requisito
especial para que seja anulável é;

-O conhecimento ou cognoscibilidade da essencialidade do elemento do qual coincidiu o


erro. (Não interesse que o sujeito não seja um cão de raça mas que ele saiba que não é
indiferente para o comprador o cão ser ou não de raça) Tem que conhecer ou ser-lhe
exigível o conhecimento quanto à essencialidade do elemento que é aferida em termos
subjetivos.

Se o negócio é anulável e o 251 não nos diz nada temos que saber quem e em que prazo
se pode arguir (remissão para o 287)
Pode arguir:

-O errante

Dentro de que prazo?


-Prazo de 1 ano a contar do momento em que descobriu que se enganou
Erro sobre os motivos.

dentro deste há a distinção que já vimos.

-Propriamente ditos (previsto no 252/1) 1. O erro que recaia nos motivos determinantes da
vontade, mas se não refira à pessoa do declaratário nem ao objecto do negócio, só é
causa de anulação se as partes houverem reconhecido, por acordo, a essencialidade do
motivo.
Ou seja, o requisito agora é a existência de um acordo no qual as partes reconhecem a
essencialidade do motivo e isto entende-se (ex.: Do António que arrendou a casa em
lisboa a pensar que entidade patronal, etc. neste caso a outra parte não tem interesse de
saber os motivos e pode querer não ficar dependente da caraterização ou não desses
motivos e o legislador acha que devemos ser mais exigentes nestes casos e passa no
procedimento do acordo da essencialidade e acordar que o negócio não fazia sentido sem
o elemento da transferência e não é necessário que seja feito por escrito. E aqui devemos
fazer remissão para o 287 para saber quem pode arguir e os prazos.

-sobre a base do negócio – conhece um regime diferente porque aquelas circunstâncias


que integram a base do negócio dizme respeito aos dois ou apenas um mas que o outro
por boa fé não possa ignorar tal.
2. Se, porém, recair sobre as circunstâncias que constituem a base do negócio, é aplicável
ao erro do declarante o disposto sobre a resolução ou modificação do contrato por
alteração das circunstâncias vigentes no momento em que o negócio foi concluído.
Devemos fazer uma remissão deste artigo para o 437 do CC.
Artigo 437.º
(Condições de admissibilidade)
TEXTO
1. Se as circunstâncias em que as partes fundaram a decisão de contratar tiverem sofrido
uma alteração anormal, tem a parte lesada direito à resolução do contrato, ou à
modificação dele segundo juízos de equidade, desde que a exigência das obrigações por
ela assumidas afete gravemente os princípios da boa fé e não esteja coberta pelos riscos
próprios do contrato.
2. Requerida a resolução, a parte contrária pode opor-se ao pedido, declarando aceitar a
modificação do contrato nos termos do número anterior.
(ex.: uma linha reta representa uma linha de tempo e estamos no ponto x onde foi
celebrado um contrato entre A e B (contrato de fornecimento de matérias primas) e foi
celebrado em dezembro de 2021 e ficou tudo tranquilo naquele momento.
Em 2022 eclodiu com a guerra da Ucrânia o que faz com que o preço dos transportes da
matéria prima e faz com que seja demasiado oneroso manter o serviço entre as partes e é
demasiado oneroso manter.
O 437 vem responder a isto e ao problema da pressuposição (futuro) sempre que as
partes contratam submetem-se a um risco negocial e o contrato é um meio de gestão de
risco negocial e quando se submetem a um contrato eles pressupõe os pros e os contras
da contratação para o futuro e muitas vezes nos contratos que se prolongam no tempo
(que não são de execução imediatas) e as realidades da contratação que existiam no
momento de celebração podem se alterar e aquilo pressuposto no momento do contrato
alterou-se e vamos estudar daqui a umas aulas este problema da pressuposição e vamos
ver a teoria no nosso CC e os requisitos para que se relevante.
O 437 dá resposta à alteração superveniente da situação.
Estamos nestas situações a falar de contratos válidos só que como no futuro a situação
altera-se e se afetar a boa fé podemos ter a modificação do contrato (para que volte a
responder a um programa intencionado pelas partes) ou resolução (forma de fazer
terminar o contrato que seja válida).
Como distinguimos o problema da alteração supervenientes das circunstâncias do erro.
Enquanto esta pressuposição diz respeito ao futuro; o erro diz respeito ao passado.
É o que vem a existir do que já existia no momento do negócio.
Aquele ex. da casa e o pdm: se o negócio é de dezembro de 2021 e é alterado o pdm mais
tarde então é uma alteração superveniente das circunstâncias mas se no momento do
negócio já era assim então foi um erro.
Se já havia uma erro então não faz sentido dizer que o negócio era válido e depois se vai
resolver e portanto a resposta quando há um erro na base do negócio tem que ser ainda a
anulabilidade.
Mas o 252 remete par o 437 e isto fala de resolução ou modificação do contrato.
Isto suscita de dúvidas mas a remissão que o 252 faz para o 427 faz é uma remissão
parcial e o legislador quando faz a remissão é que quando possamos extrair deste artigo a
noção de base do negócio para que possamos perceber o ponto circunstâncias mas a
consequência e a consequências típica dos vícios da vontade e portanto esta remissão
para o 437 é apenas uma remissão para a hipótese da norma mas já não para a sua
estatuição (consequência jurídica).
Então o que temos de fazer para nunca nos esquecermos disso é (à frente do artigo 252
vamos fazer duas setas (uma para o 437 para sabermos que temos de ir lá para perceber
o que é a base do negócio) e outra para o 287 para nunca nos esquecermos que a
consequência é a anulabilidade)

Quem pode arguir?


-Aquele que errou
Prazo?
-Prazo de 1 ano a contar da cessação do vício.

Esta anulabilidade quando se verifica um erro na base do negócio é uma anulabilidade


sem mais e não é preciso aquele requisito adicional do acordo. Tendo apenas os
requisitos gerais da essencialidade e da propriedade.

Agora vamos dar sobre um novo vício da vontade que é o dolo

O dolo traduz-se na inexata ou incorreta representação da realidade (ou seja, traduz-se


num erro) que é provoca intencionalmente por alguém.

Em todas estas situações até agora o sujeito enganou-se e foi ele que incorreu em erro.

Há, porém, que a pessoa não incorre ela em erro mas é induzida em erro por alguém e é
nestas situações que falamos de dolo (erro provocado por alguém).

Podemos ter:
-Dolo ativo (quando alguém emprega sugestões ou artifícios com a intenção ou a
consciência de induzir ou manter em erro o declarante). Estes artifícios, sugestões, etc.
podem ir de uma mentira simples até esquemas mais complicados que envolvam uma
mizancene, etc. O sujeito já podia estar em erro, mas tem de haver intenção de induzir ou
manter em erro.
-Dolo negativo- temos a dissimulação pelo declaratário ou por 3º do erro do declarante (o
declarante está em erro e enganou-se e eu apercebemos, mas vou fazer de tudo para que
ele não se aperceba. Este dolo negativo só é relevante se houver dever de
informar/esclarecimento.
Como sabemos se há esse dever? Ele resulta da boa fé e faz surgir em cada caso
concreto esse dever e podemos dizer que como hoje em dia o alcance da boa fé até entre
as relações entre profissionais e consumidores e esse papel da boa fé no surgimento de
deveres é tão intensa é muitas presente esse dever de informação mas não quer dizer que
não há situações em que haja esse dever.
Há uma situação que gera dúvidas na doutrina que passa na problemática da indução
negligente em erro…
Falamos de dolo enquanto vício da vontade.
Este dolo envolve como caracterizamos envolve o dolo enquanto forma de culpa (tem de
haver a intenção ou pelo a consciência de induzir ou manter em erro) e o resultado
enganatório tem que ser no mínimo perspetivado pelo sujeito e conformado por ele. Há
porém situações em que o sujeito induz o declarante em erro e não porque queria e tenha
intenção ou conformidade mas porque negligentemente omitiu determinados deveres que
deveria ter cumprido.
Temos aqui outra situação que é negligência.
Ele atua negligentemente e devia ter-se informado sobre determinada característica sobre
o cão mas não foi e confiou e portanto atuou negligentemente.
Nesta hipótese podemos falar ou não de dolo? Há duas respostas:
 Há um grupo de autores que dizem que uma situação destas não é equiparável ao
dolo mas acrescentam que não sendo equiparável ao dolo porque há violação de
deveres de informação pode gerar-se uma situação de responsabilidade pré-
contratual (quando estudamos responsabilidade civil soubemos que esta faz
obrigação de indemnizar e em determinadas situações se passa para
indemnização por equivalente). Aqui a reparação natural faz-se na anulação do
negócio e portanto aqui não se pode invocar o dolo mas pode invocar a
responsabilidade pré-contratual e invocando pode obter a desvinculação do
negócio.
Dentro destes autores há alguns que chamam atenção para o aspeto que o prazo
para arguir a anulabilidade é de 1 ano e o prazo de prescrição para a
responsabilidade pré-contratual é de 3 anos e parece que tem mais tempo para se
desvincular do negócio. Não é bem assim porque não se começam a contar ao
mesmo tempo, mas mais do que isso os autores vêm propor que haja aqui uma
correção dos prazos e não se poderia invocar a responsabilidade pré-contratual
durante os 3 anos.
 Outro grupo de autores defendem que é possível considerar por analogia que
estamos perante situações equiparáveis ao dono.
2 argumentos principais:
1: situações em que é difícil distinguir situações de dolo destas
2:a grande vantagem de invocação do dolo por referência ao erro é que como
vamos ver que o dolo conduz à anulabilidade do negócio sem qualquer requisito
adicional e isto porquê? Porque não há expectativas de confiança da outra parte
(se engano a minha contraparte não estou à espera que o negócio seja válido, ou
que haja tutela) verdadeiramente se consideramos estas situações de indução
negligente em erro vamos ver que apesar de não existir uma intenção/vontade.
Houve violação de determinados deveres impostos pela boa fé porque tinha o
dever de informar corretamente e não informou e foi negligente e também aqui a
sua confiança não é digna de proteção.
Então aceites estes argumentos é a possibilidade de aplicação do regime do dolo
em situações como estas.
-Dolo omissivo

b
O Dr. Mota Pinto tornou-se deputado na AR então agora não consegue dar todas as aulas
então a Dr. Mafalda tem que assumir a regência da 1ª turma mas não pode fazer isso
enquanto rege a segunda então a solução é os da 2ª turma terem com o da 1ª turma.

Os alunos da 1ª turma estão atrasados comparados connosco e começamos onde eles


estão agora e há um fosse grande de matéria.
No outro lado o Dr. Pedro Mendes vai dar 5 horas de matéria com aulas de intensivas de
recuperação para na próxima semana integrarem a nova matéria.
Depois não podem é frequentar a aula sexta porque têm DA a essa hora mas não
podemos alterar essas horas e para não ficarem prejudicadas têm à terça aulas connosco
e temos sexta.
Mas eles terão uma terceira hora com o Dr. Pedro Mendes e práticas com a Inês e vamos
ver se cabemos todos nesta sala mas claro que não vamos todos às aulas mas vamos ver
como corre.
Nesta sexta vamos ter aulas práticas
Outra boa notícia é que vai ser uma aula encurtada para não avançar muito mas isso é
bom para Da e estudar.
Vamos dar alguma coisa mas não vamos adiantar mt.
Continuando.

Depois de estudar matéria sobre o erro fictício começamos a falar do dolo que podia ser:
-ativo (sugestões ativas, etc.)
-negativo (dissimulação e aí era necessário o dever de esclarecimento)

Depois dissemos que esse dolo envolveria em regra o dolo enquanto forma de culpa mas
haveria situações de dolo negligente de indução em erro e que os autores diziam que não
passava pelo regime do dolo mas nós configuramos que sim.

Distinção entre dolus malus (mau) e bônus dolus (bom) Não dizemos dolo bom e mau
porque fica feio e significa (253/2)
2. Não constituem dolo ilícito as sugestões ou artifícios usuais, considerados
legítimos segundo as conceções dominantes no comércio jurídico, nem a
dissimulação do erro, quando nenhum dever de elucidar o declarante resulte da lei,
de estipulação negocial ou daquelas conceções.
O dolo para ser relevante tem que ser esse dolus malus (engano produzido através de
sugestões ou artifícios que ultrapassem um critério de normalidade ou usualidade)
Dependendo do setor de atividade em que se está a atuar ou até através do estatuto das
partes envolvidas podem ser situações normais ou usuais.
Ex.: dizer comprem este pão que é o melhor do mundo pode não ser verdade, mas é
normal.

Outra coisa sobre esta artigo 253 e é sobre o dolo negativo é que sempre que haja um
dolo negativo há sempre obrigação de esclarecimento que pode resultar da lei, de uma
estatuição e das práticas dominantes do comércio.
Nota importante: autores têm vindo a explicar que há um alargamento Paulatino da esfera
do domínio do dolus malus e o que é relevante porque a boa fé tem vindo a impor cada
vez mais nas relações entre sujeitos que não tenham o mesmo poder (não apresentem as
mesmas forças) tem vindo a impor mais deveres de informação e deixar quase de ser
relevante esta distinção porque esse dolo negativo tem sido esse dever de informação
mas agora quase que esse dever agora resulta da boa fé.
Mas claro que entre o consumidor e profissionais haverá mais dever de informação mas
entre profissionais o dever de elucidar será menor.

Outra nota importante: o dolo pode provir do declaratário e pode ele produzir esse engano
ou pode vir desse 3º e ser este a gerar engano.
Esta diferença é importante porque o regime do dolo do declaratário é diferente do do 3º.

Outra distinção relevante é aquele entre o dolo essencial e o incidental e esta é fácil
porque se encontra com a distinção do erro essencial e incidental. O dolo essencial era
essencial para o negócio (sem o dolo jamais teria celebrado ao negócio) e incidental senão
foi determinante da celebração do negócio e apenas dos termos em que o negócio foi
celebrado (senão tivesse sido enganado nunca teria comprado o automóvel por 300.000
euros, mas sim por 20.000 euros).
Não foi determinante da vontade de celebrar do negócio, mas sim em termos diferentes.
O regime que aplicamos ao dolo incidental é o mesmo do erro incidental (o erro incidental
conduz à alteração dos termos do negócio e portanto este dolo incidental levará ao
mesmo)
Há situações em que o erro incidental pode levar à nulidade;
-Não é possível determinar os termos em que o negócio foi celebrado
-Quando a contraparte venha comprovar que naquelas condições não teria celebrado.

Mas quanto ao dolo incidental esta segunda condição não é possível e não pode provar
que nos outros termos não teria celebrado o negócio.

Condições de relevância do dolo (quando é que é relevante)


-Tem que ser um dolo negativo ou positivo tal como caracterizámos o que significa que
tem de haver intenção de enganar ou manter em erro ou violação de deveres de
esclarecimento.
-É necessário que se verifique o dolo em forma tumulta ou por negligência nas formas que
considerámos.
-É necessário que o dolo seja um dolus malus
-É necessário que o dolo seja essencial

Verificando todos estes requisitos a consequência é a anulabilidade do negócio (254/1 –


fazer remissão para o 287 pois vai saber os prazos e quem pode arguir a anulabilidade –
fazer também remissão do 254/1 para o artigo 227 do CC porque para além da
anulabilidade o dolo pode gerar responsabilidade pré-contratual)
Quid iuris se o dolo não for do declaratário mas sim do terceiro??
Este regime de que falámos entende-se como dolo do declaratário e se é o declaratário
que engana ele não espera grande tutela e não nos precisamos de preocupar com a tutela
deste e daí pode ser invalidade sem mais.
Agora isto não se aplica quando o dolo provém do terceiro.
Como um terceiro engana? Ex.: A celebra um contrato de seguro de vida com uma
seguradora (contrato entre A e seguradora e ambos são parte) e o A celebra o contrato e
configura o contrato para que seja benificiário daquele contrato a Maria. E ele só faz
beneficiária do contrato a Maria porque o Miguel o convenceu que a Maria era filha de um
grande amigo de infância quando na verdade não era.
Aqui é induzido em erro por um terceiro e não pelo declaratário e então nessa hipótese
aplicamos o regime do 254/2.

3. Quando o dolo provier de terceiro, a declaração só é anulável se o destinatário


tinha ou devia ter conhecimento dele; mas, se alguém tiver adquirido diretamente
algum direito por virtude da declaração, esta é anulável em relação ao beneficiário,
se tiver sido ele o autor do dolo ou se o conhecia ou devia ter conhecido.

Temos aqui várias hipóteses neste nº:

-1ª- o destinatário (declaratário) tinha ou devia ter conhecimento do dolo (no caso aqui é a
companhia de seguros e se esta conhecia ou devia conhecer então o negócio é anulável
porque mais uma vez neste caso não haveria expectativas de tutela do declaratário e
neste caso pelo princípio da boa fé até devia estar esclarecer podendo argumentar que até
seria um dolo do declaratário)

2ª- o declaratário não conhece nem é exigível que conheça o dolo (cognoscibilidade) –
nesse caso o que acontece é que o negócio não é totalmente invalidade mas se resultar
diretamente daquele negócio um direito para um terceiro vamos anular essa parte do
negócio (do qual resulta esse direito) desde que esse terceiro fosse o autor do dolo ou
então desde que esse conhece-se ou devia conhecer o dolo. (voltando ao ex.: a
companhia não conhece nem devia ter cognoscibilidade do dolo de Miguel e daqui resulta
um direito que beneficia Maria e o negócio pode ser anulado em relação a esse benifício
desde que a Maria fosse autora do dolo (não o é) ou desde que conhece-se ou devesse
conhcer o dele (porque ela estava em esquema com o Miguel e tivesse apercebido).

Temos que ter em conta que neste caso concreto o que acontece é que como estamos a
falar de um contrato de seguro de vida há uma grande parte do contrato que é invalidada
podendo tomar em conta uma invalidade do total do contrato mas isso fica para os casos
práticos.

Outro vício da vontade é a coação moral ou relativa,

Já falámos da coação moral ou relativa quando falámos da física – esta coação traduz-se
no medo que o sujeito tem de um determinado perigo em virtude que lhe é dirigida. A
vontade do sujeito é determinada por esse receio e o negócio só se celebra porque o
declarante cede à ameaça que lhe está a ser dirigida.
Para ter coação moral tenho de ter antes de mais uma ameaça.
Esta ameaça pode dizer respeito:

-À pessoa (vida, integridade física, etc.)

-à honra da pessoa
-a uma dimensão patrimonial da pessoa

-à pessoa, à honra ou património de um terceiro (Se os ameaçaram (A diz a B – ou vendes


o automóvel ou disparo esta pistola a ameaça é tão grave e corta tanto a liberdade de
vontade do sujeito como se a ameaça fosse dirigida à filha, amigo, mãe, pai, ou qualquer
outra pessoa ao lado).

Outra nota importante sobre esta ameaça – esta ameaça não se confunde com o chamado
temor reverencial (que no fundo é o receio de desagradar). (Senhor A tem um superior
hierárquico e este pergunta se vende o automóvel por 2.000 euros e o A não tem vontade
de vender e o superior não está a ameaçar mas o A fica com medo de receber o trabalho
mais maçador, não ter promoção, etc. e tem receio com que a outra pessoa com que tem
relação de hierarquia fique melindrada mas não aqui ameaça.

Outra nota importante- esta ameaça tem de ser ilícita e ela é ilícita em 2 situações:
-Quando os meios são em si mesmos ilícitos (o A aponta pistola a B (ameaça de morte é
sempre ilícita em qualquer situação)

-Quando seja ilegítimo prosseguir uma determinada finalidade com determinados meios
(nesta segunda hipótese aquilo que determina a ilicitude é a relação meio-fim)

(ex.: A vira-se para o B e diz que ou vendes o automóvel por 5.000 euros ou denuncio a
autoridade tributário que durante os 5 anos não pagaste impostos relativos a x.
Ou vendes o teu automóvel por x ou denuncio-te ao MP por que mataste alguém.)
A denúncia criminal não é ilícita e até é boa mas o que é mau é a relação meio fim o
porque dos meios.

A coação moral não existe quando o que esteja em causa seja o exercício de um direito (A
é credor e B devedor e imaginemos que o A começa a ver que o B está a gastar
demasiado dinheiro e a contrair mais dívidas e diz, ou hipotecas o teu apartamento a meu
favor ou vou ter que executar uma dívida. Aqui neste caso há uma ameaça mas não é
ilícita porque o credor está a exercer o seu direito de exigir a qualquer momento o seu
crédito.

Esta coação moral pode distinguir-se entre:

-Coação incidental (quando é determinante dos termos do negócio, mas não da vontade)

-Coação principal (quando é determinante da vontade de celebrar um negócio)

Coação moral no artigo 255 do CC.

Consequência da ação moral – se o negócio foi celebrado porque a declaração foi


extorquida por coação então o negócio é anulável (artigo 256 do CC – fazer remissão do
256 para o 287)

Vamos tentar concretizar o critério do artigo 287.


Este artigo diz-nos que tem legitimidade aquele no interesse de qual a lei estabeleceu a
invalidade (aquele que foi coagida pode invalidar o negócio)
Dentro de que prazo»? 1 ano a contar da cessação do vício. Quando o vício cessa?
Quando deixa de estar sobre ameaça e chamo a atenção disto porque pode deixar de
estar sobre ameaça muito tempo depois do negócio.

(Ex.: A ameaça B de ou vendes o negócio ou declara sobre um crime que fez e só quando
a ameaça deixa de surtir efeito (não tem receio do mal) é que cessou um vício).
Nem faria sentido porque ele não descobre que foi ameaçado ele já sabia desde o início.

Na coação moral também pode vir de um declaratário ou de um terceiro e no caso de o


terceiro ameaçar o negócio pode ser anulável mas aí exige-se 2 requisitos:

-O mal seja grave

-O justificado receio da sua consumação

Resulta da 2ª parte do 256.

Outro vício da vontade é o Estado de necessidade.

1ª nota- este estado de necessidade não se confunde com o estado de necessidade das
causas de exclusão de ilicitude – isto significa que a pessoa se vê mergulhada numa
situação que envolve um perigo e a pessoa celebra um negócio para remover esse perigo.

Esse perigo não resulta de um ameaça com a coação moral mas é pré-existente (existe).

O vício da vontade existe porque o declaratário aproveita-se dessa situação para obter
determinadas vantagens.

Artigo 282 do CC.


Artigo 282.º
(Negócios usurários)
TEXTO
1 - É anulável, por usura, o negócio jurídico, quando alguém, explorando a situação de
necessidade, inexperiência, ligeireza, dependência, estado mental ou fraqueza de carácter
de outrem, obtiver deste, para si ou para terceiro, a promessa ou a concessão de
benefícios excessivos ou injustificados.
2 - Fica ressalvado o regime especial estabelecido. Nos artigos 559.º-A e 1146.º

Então quais os requisitos para que o negócio possa ser anulável com base no estado de
necessidade:
-1º- necessário que existe uma situação de necessidade que se caracteriza por aquilo do
sujeito se encontrar numa situação de dependência e precisa de outro para remover essa
ameaça.
-2º- é necessário que alguém explore essa situação de necessidade
-3º- necessário que dessa exploração de necessidade resulte benefícios excessivos ou
injustificados

(ex. mais clássico: sujeito em risco de perder a sua casa poruqe o banco vai executar a
hipoteca senão pagar e pede dinheiro a um amigo mas cobre juros altíssimos de 30 ou
40% muito acima dos juros legais e aqui temos o aproveitamento do estado de
necessidade)

Se isto se verificar o negócio é anulável (fazer remissão do 282 para 287)

Quem pode arguir (aquele que está em estado necessidade)

Prazo (um ano depois de cessar o vício e cessa quando acaba o estado de necessidade).

Agora há determinadas situações mais graves em que o estado de necessidade gera


nulidade e as situações são:

-Aquelas em que o sujeito que explora a situação de necessidade tinha o dever legal ou
moral de agir e não o fez e nestas situações o negócio deve ser considerado nulo nos
termos do artigo 280 do CC por violação dos bons costumes.
(ex.: A estava doente e tinha uma doença grave e vivia numa determinada aldeia do
interior em que só havia um médico para o tratar e o médico diz que o trata mas exige com
o tratamento que doe a casa onde vive, o automóvel e parte da sua conta bancária. Neste
caso temos claramente um situação de necessidade, exploração desta e um benefício
desproporcional relativamente ao que é feito só que neste caso concreto (além dos 3
pressupostos usurários de estado de necessidade) também tem o dever de agir e o
médico tem o dever de negociar (uma das situações em que é obrigatório de celebrar o
negócio como vimos como exceção à liberdade contratual e alguns trabalhos liberais) e
portanto para nunca nos enganarmos é por lá uma setinha a dizer 280).

Por último um outro vício da vontade é a incapacidade acidental (prevista no 257 do CC) e
esta implica que no momento da celebração do negócio o sujeito não era capaz de
entender o sentido do alcance da declaração ou então não conseguia determinar a sua
vontade de acordo com o pré-atendimento.
Ou ele não consegue entender o sentido da declaraão (o seu alcance) ou apercebe-se do
sentido mas qualquer situação faz com que não consiga determinar a sua vontade ou os
dois.
Se isto ocorrer o negócio é anulável mas exige-se que se verifique um pressuposto
adicional.
Esta incapacidade intencional tem que ser notória ou conhecida do declaratário e o
declaratário tem de a conhecer ou de poder se ter apercebido dela e o 257 diz-nos o que é
um facto notório e este pormenor é relevante porque é possível uma situação de
incapacidade incidental bilateral.
A e B ambos incapacitados porque foram beber ambos cervejas e perguntam se quer
vender o automóvel por 100 euros e outro diz que sim. Verdadeiramente ambos estão
incapacitados e ambos não se apercebem do estado do outro.
A importância deste requisito notório é no facto de uma pessoa de normal consciência
poderia notar então o negócio pode ser inválido mesmo que o outro sujeito não tenha
percebido. (remissão do artigo 257 para o 287)

Portanto quem pode arguir a anulabilidade (o sujeito incapacitado)


Prazo? Um ano a contar da cessação do vício (quando deixa de estar incapacitado)
Sexta feira – 3 horas de casos práticos e na terça já voltamos à matéria teórica com a
companhia dos da 1ª turma.

Hoje o que se vai passar durante a tarde vão ser 2 horas teóricas agora com os da primeira
turma e depois os alunos da 1ª turma terão uma terceira hora teórica que teremos nós à
sexta-feira.
Hoje não haverá aula prática com o Dr. Pedro porque precisa de fazer o trabalho de
cooperação.

Continuando…

Na sexta feira terminamos os vícios da vontade e terminaram hoje no fim do dia ficando a
acompanhar-nos finalmente.
Nós vamos avançar sendo que não há grande perigo de não entender o avanço mesmo para os
da 1ª pois as matérias mesmo que relacionadas estão estanques.

Alteração superveniente das circunstâncias e na segunda hora a representação voluntária.

Portanto, alteração superveniente das circunstâncias…

Porque surge este problema?

Este surge porque muitas vezes as relações contratuais que se estabelecem não se esgotam
num só momento, há muitos contratos celebrados cuja execução não é instantânea e vão-se
prolongar no tempo (ex.: Contrato de arrendamento que se prolonga no tempo mais ou
menos; um contrato de fornecimento de bens também, contrato com a EDP para
fornecimento de energia) – múltiplos contratos de execução continuada.

Este problema surge porque no momento de celebração as circunstâncias eram umas e as


partes tomaram essas circunstâncias como pressupostas para celebrar os negócios.
O que acontece é que depois da celebração as circunstâncias se alteram e podem se alterar de
modo radical e de modo tal que afeta a própria economia contratual estabelecida.
Há tempos atrás tivemos problemas com essa alteração superveniente das circunstâncias com
a pandemia de covid e as circunstâncias do negócio agora alteram e isto pode efetivamente
por em causa o próprio equilíbrio contratual estabelecido.

Há outro problema que é a necessidade que temos de distinguir esta questão da alteração do
problema do erro então vamos dar um exemplo.

Imaginemos uma barra no tempo e temos o 1/1/2022 e nesse A e B celebram um contrato


(momento da celebração do contrato) – neste momento foram pressupostas determinadas
circunstâncias e imaginemos que estas já se tinham alterado 2 meses antes mas um dos
sujeitos ou ambos não sabiam.
Se elas já teria alterado no passado e as partes já sabiam estamos num problema de erro a
afetar a validade do contrato.
O nosso problema de hoje diz respeito ao futuro (pressuposição e não erro neste caso).

No momento em que foi celebrado o contrato as partes efetivamente tinham em mente as


circunstâncias existentes na altura o problema é que se alteraram com o percurso do tempo e
por isso devemos distinguir o erro da pressuposição, no primeiro diz respeito ao momento da
celebração e o outro ao futuro.

Quando lidamos com um problema de alterações superveniente das circunstâncias temos


vários vetores a ter em conta:

-O contrato funciona como um instrumento de gestão de risco (qualquer pessoa que celebra
um contrato submete-se a riscos e pondera estes para se submeter ao equilíbrio entre o risco
e os ganhos e, portanto, essa gestão de riscos é feita pelo sujeito e corresponde a um ato de
autonomia deste)

-Alterando-se as circunstâncias aquela ponderação de riscos estabelecida pode deixar de ser


adequada e essa ponderação (e percebemos porque o contrato é um elemento de ponderação
de riscos) pode perder-se como elemento, ou seja, o nosso contrato, hoje, depois dessa
alteração pode não corresponder verdadeiramente ao tal ato de autonomia privada porque
agora o sujeito está submetido a riscos que não tinha considerado.

-A certeza e a confiança do tráfego negocial – não pode ser qualquer alteração que quebra o
vínculo do negócio senão ficava demasiado frágil e, portanto, temos que a priori rejeitar duas
posições radicais:

 1º- posição que se pode enunciar através de uma expressão latina – o princípio pacta
sunt servanda – isto quer dizer que esta posição dizia-nos que o contrato tem que ser
pontualmente cumprido independentemente de alteração das circunstâncias e isso é
irrelevante não só no sentido temporal mas também cumpridos ponto por ponto. Esta
visão é extremamente formalista porque a alteração de circunstâncias pode tornar
desadequada a ponderação de riscos feita e o ato deixa de corresponder a um ato de
autonomia privada.
 2º posição – cláusula rebus sic stantibus- isto significa que qualquer alteração que
ocorre-se devia relevar e qualquer alteração que viesse a existir devia permitir a
desvinculação do negócio – esta é uma posição por um radical subjetivismo liberal que
não tem em conta o outro vetor que consideramos que é a segurança e certeza.

Se nós rejeitamos estas duas posições radicais temos que procurar uma solução
intermédia – em primeiro lugar temos de ver se as partes integraram no contrato uma
cláusula para resolver o problema (as partes do momento de celebração do contrato
podem ter posto no contrato (e se as circunstâncias se alteram) e puserem uma cláusula
em que se mudasse as circunstâncias nesse sentido deviam modificar algo no contrato ou
extingui-lo (cláusula de Hardship).

Se existir esta cláusula a solução é aquela ditada pela vontade das partes no exercício na
sua autonomia.

A segunda hipótese é nada ser previsto pelas partes e aí temos nós de saber se aquela
alteração é ou não relevante e para isso surgiram ao longo dos tempos diversas teorias :

1ª teoria – teoria da imprevisão – diz-nos que se o contexto económico ou social mudarem


de uma forma radical e imprevisível (daí o nome) então será possível extinguir o contrato e
desvincularem-se dele.
Críticas a esta teoria – esta teoria não tem em conta que as partes podem ter previsto
esse risco (ex.: Imaginemos que estamos a falar de os contratos de swap (contrato de troca
– que é tipo há um determinado sujeito que pediu empréstimo ao banco e o banco
empresta o dinheiro e cobra determinado juro e pode ser fixado em taxa fixa ou uma taxa
variável (esta taxa variável é a taxa Euribor (de referência europeia) e o spread que é
calculado pelo próprio banco em função do risco que envolve com as mais ou menos
garantia e o spread mantém-se sempre até ao fim podendo apenas modificar a Euribor
conforme as leis) o que se fez foi esses contratos swap – o sujeito constitui o empréstimos
com taxa de 5% e spread com mais 4% e a pensar que os juros subiam celebra um contrato
de swap para taxa fixa e no primeiro período paga mais em princípio mas depois elas
sobem e depois passa a ganhar. Imaginemos que depois há uma descida acentuada aí
quem vai perder é ele porque o banco cobra mais do que antes. Este contrato foi
celebrado e as taxas de juro descem muito e é uma alteração radical e pode ser
imprevisível e este risco de variação de taxas de juros foi algo ponderado pelas partes e
esta teoria da imprevisão conduz a uma desvinculação demasiado fácil que não tem em
contas que as próprias partes tenham ponderado este risco) – não nos preocupemos com
os contratos swap.

2ª teoria- teoria da pressuposição- esta teoria diz-nos que cada negócio/contrato integra
uma determinada pressuposição e esta deve ser vista/entendida/concebida como uma
condição não desenvolvida (já ouvimos falar de condições no direito romano) cláusula
acessória que se estabelece no contrato no qual o contrato fica dependente de um
acontecimento futuro e incerto) e a eficácia do contrato fica dependente das verificação
de um evento futuro e incerto e portanto a pressuposição seria uma condição não
desenvolvido. Implícita no fundo porque a declaração de vontade e a eficácia desta ficaria
dependente de um estado de coisas que se pressupôs.
Aquelas circunstâncias foram pressupostas e senão se verificarem a eficácia do negócio
fica em causa.
Se essa alteração fosse cognoscível pela outro parte então alteradas as circunstâncias
poderia haver desvinculação do negócio.
Críticas:
1º C´riticas partimos de uma ficção porque estamos a sujeitar o contrato a uma condição
que a outra parte não conhece e apenas exigimos a cognoscibilidade (fixamos uma
cláusula contra as regras de celebração do negócio jurídico)

2ºcrítica: permite uma desvinculação do negócio em termos demasiado simplistas.

3ª teoria- doutrina da base do negócio- O que nos vem dizer isto é que a alteração
superveniente das circunstâncias é relevante se essa alteração ocorre ao nível da base do
negócio – isto da base do negócio é o quê? Numa primeira formulação a base do negócio
era compreendida como o conjunto de circunstâncias que eram representadas por uma
das partes do negócio desde que a outro parte as aceitasse como importantes (no fundo
circunstância a partir das quais assentaria a celebração do próprio negócio (parte do pilar
sustentador do negócio)
Posteriormente a esta definição há um autor que veio a estabelecer que esta alteração na
base do negócio só seria relevante se aquelas circunstâncias seriam conhecidas ou
cognoscíveis no momento de celebração do próprio negócio.
Entre nós o professor Manuel de Andrade veio depois esclarecer que esta alteração
também é relevante quando o princípio da boa fé exija no momento em que o problema
se coloca que o contrato não fique tal como está.

Como podemos compreender a base do negócio? Deve ser entendida como o conjunto de
circunstâncias que ambas as partes assumiram como fundamentais para a celebração do
negócio ou que apenas 1 das partes considerou ou representou mas que a outra parte não
poderia deixar de ter em conta à luz do princípio da boa fé.
(ex.: A e B celebram um contrato de fornecimento de trigo sendo que o A é Ucraniano e B
PT e celebram o contrato há 1 ano atrás, ambas as partes assumiram como pressuposto
um clima de paz que permitira um fácil colheita e uma fácil exportação deste e estas
circunstâncias alteraram-se e foram assumidas por ambas as partes ou mesmo assumidas
por uma delas (o português) e o ucraniano sabia dos climas de tensão há luz da boa fé o
ucraniano teria de aceitar tais condições determinantes do negócio.

O que acontece com a alteração destas circunstâncias que integram o negócio isto vai
determinar aquilo que um autor alemão Larenz designa por turbação da equivalência.
O tal equilíbrio que se tinha estabelecido já não existe e hoje em dia a possibilidade de
colher o trigo e o exportar é muito mais custoso e agora o equilíbrio de prestação não
existe e portanto a manutenção do negócio tal como foi celebrado contraria o princípio da
boa fé.
O problema da alteração superveniente das circunstâncias está previsto no artigo 437 do
CC.

Artigo 437.º

(Condições de admissibilidade)
TEXTO
1. Se as circunstâncias em que as partes fundaram a decisão de contratar tiverem sofrido
uma alteração anormal, tem a parte lesada direito à resolução do contrato, ou à
modificação dele segundo juízos de equidade, desde que a exigência das obrigações por
ela assumidas afecte gravemente os princípios da boa fé e não esteja coberta pelos riscos
próprios do contrato.

2. Requerida a resolução, a parte contrária pode opor-se ao pedido, declarando aceitar a


modificação do contrato nos termos do número anterior.

Requisitos deste artigo para alteração dos termos do contrato ou resolução deste
(extinção do contrato validamente celebrado):

1º- alteração anormal da base do negócio (significa isto que tem de haver uma
modificação insólita (Não habitual) na base do negócio)

2º- é necessário que as exigências das obrigações afete gravemente os princípios da boa fé
(ou seja, a alteração tem que ser significativa ou melhor assumir proporções tais que a
manutenção do contrato subverteria a própria economia do contrato e a ponderação de
risco tomada já não fosse adequada.

3º - alteração não pode estar coberta pelos riscos próprios do contrato (isto significa que,
por um lado, as partes não podem ter integrado aquela ponderação de risco no próprio
acordo (ex.: no contrato swap em que a teoria de imprevisão permitiria a extensão
segundo esta teoria não se permitiria a extinção do negócio porque aquele risco de
alteração das taxas de juros era um dos riscos integrado dentro da economia do contrato.
Também não se poderá aplicar esta alteração quando haja um regime supletivo
estabelecido pelo legislador a resolver aquela questão. Esta não cobertura pelos riscos
próprios exige que vejamos a ponderação de riscos e o seu alcance e regimes supletivos.
Só recorremos ao artigo se o legislador não tiver resolvido o problema desta forma.)

Ex.: Senhor A vendeu a sua empresa a B, muito pouco tempo depois da venda ocorreu
entre nós a revolução de 25 de abril de 1974 e na sequência desta houve uma série de
nacionalizações. Significa isto que o senhor B que tinha pago um preço por aquela empresa
de repente vê a empresa nacionalizada e saída da esfera e perguntou-se se se podia aplicar
o regime da alteração superveniente das circunstâncias.
Houve pareceres contraditórios de vários professores à época e a melhor resposta é que
aqui não pode haver alteração do contrato por alteração das circunstâncias e se houve
extinção do contrato por alteração isso significa que o contrato deixava de ter efeitos e
voltada para o A tendo este que suportar o peso da nacionalização.
Aqui entende-se que não se aplica porque:
1º - o negócio está cumprido e este regime não faz sentido a negócio já cumpridos

2º e principal – a alteração superveniente das circunstâncias por força do nº2 do 437 tem
uma natureza subsidiária e há outro regime que deve ser mobilizada que é o regime do
risco (artigo 796)

Artigo 796.º

(Risco)
TEXTO
1. Nos contratos que importem a transferência do domínio sobre certa coisa ou que
constituam ou transfiram um direito real sobre ela, o perecimento ou deterioração da coisa
por causa não imputável ao alienante corre por conta do adquirente.

2. Se, porém, a coisa tiver continuado em poder do alienante em consequência de termo


constituído a seu favor, o risco só se transfere com o vencimento do termo ou a entrega da
coisa, sem prejuízo do disposto no artigo 807.º

3. Quando o contrato estiver dependente de condição resolutiva, o risco do perecimento


durante a pendência da condição corre por conta do adquirente, se a coisa lhe tiver sido
entregue; quando for suspensiva a condição, o risco corre por conta do alienante durante a
pendência da condição.

ex.: A vende a B determinado automóvel e o automóvel fica destruído por um raio o peso e
prejuízo seria suportado para b e no caso da nacionalização será o do B e neste caso se só se
aplica o 437 senão for previsto outra foram então aplica-se o 796.

Apesar de falarmos dessa necessidade de ponderação do risco e só podermos aplicar o 437


quando não estiver na esfera de ponderação do risco de contratos não quer dizer que não se
possa aplicar este regime aos negócios aleatórios (aqueles negócios onerosos mas ao contrário
dos comutativos não temos duas prestações que se equilibram e são onerosos porque as
partes se submetem a uma alia (risco de ganhar ou perder) a onerosidade vem de não saber
quem vai ganhar ou perder) – contrato de seguro automóvel (há uma prestação certa mas
outra é incerta porque não sabem quanto pagam).
O próprio contrato swap é aleatório e não sabem quem ganha ou perde e alguns autores
questionam – se os contratos em si submetem-se a uma alia podemos aplicar o regime do 437)
– sim porque uma coisa é o risco próprio do contrato como o swap onde não se aplica mas
pode haver riscos não próprios (ex.: A e B celebram um contrato de apostas e um aposta x e
outro y e tinham que pagar 500 euros em caso de perda e no momento do jogo a equipa x teve
um acidente e houve jogadores que morrem e outros se ferem e não compareceram no jogo e
não comparecendo do jogo (imaginemos que a lei diz isso) e isso equivale a derrota da equipa
x e aqui um deles ganha e invoca a alteração superveniente de circunstâncias (está bem que é
um contrato aleatório mas o risco era no sentido de uns jogarem melhores que outros ou
árbitro favorecer um ou outro e isso estava dentro do risco do contrato e não uma epitome
que arrasa-se os jogares podendo aqui invocar esse regime do 437º)

Vamos começar a falar de representação

Falamos no primeiro semestre de representação legal porque os menores não tinham


capacidade de exercício e apenas de gozo então tínhamos que mobilizar esta então a partir de
representação legal e atuavam em nome do menor e isso significa que atua em vez desse
alguém e os efeitos dessa alteração se produzem na esfera do interessado.

Quando falamos desta representação falamos dessa forma de atuação (alguém atue em nome
de outrem – substituir esse outrem e os efeitos jurídicos produzirem automática e
imediatamente na esfera jurídica)

Se no primeiro semestre falamos de representação legal agora falamos de representação


voluntária podendo distinguir 3 modalidades desta:
-Representação legal (poderes de representação atribuídos por lei)

-Representação orgânica (nesta (que alguns autores questionam se é uma verdadeira


representação ou uma relação de organicidade) diz respeito às pessoas coletivas – atuação dos
titulares do órgão em relação à pessoa coletiva e é orgânica porque resulta dos estatutos da
pessoa coletiva)

-Representação voluntária (vamo-nos focar nesta porque os poderes representação resultam


da própria vontade do sujeito (atribuído pelo representado)

Antes de entrarmos nos aspetos particulares da representação voluntária.


Quando falamos de representação legal esta aparece para suprir uma incapacidade de
exercício agora esta voluntária não pressupõe qualquer incapacidade e corresponde ao
exercício de um ato de autonomia por parte do sujeito por vários motivos:

-Porque no dia atrasado da outorga da escritura pública não pode aparecer e B faz por ele

-Vai para o estrangeiro e quer que alguém faça por ele algumas coisas dando alguns poderes
de disposição
-Recebeu algum dinheiro e não sabe o que fazer e vai dar poderes de representação para que
salvaguarde o dinheiro ou para o próprio interesse do representante.

Na representação legal para além da atuação em nome de outrem (a característica geral da


representação) temos também uma representação no interesse de outrem. No caso da
representação voluntária temos atuação no nome de outrem mas podemos ter atuação no
interesse do representado ou então no interesse do representante e não faz atuação no
interesse de outrem (ex.: A empresta 100.000 a B e o que fazem é que vão acordar que o B
devedor vai conferir poder de representação ao A e passar procuração ao A nos termos da
qual o A pode ao fim de determinado período de tempo vender o imóvel de B e fazer-se frutar
desse dinheiro caso não pague o dinheiro e portanto há interesse dos dois lados e portanto o
que caracteriza o representação é a atuação em nome de outrem e não interesse.

Outra coisa que não devemos confundir não é a atuação por conta de outrem, mas sim por
nome de outrem não podendo confundir com o mandato (contrato onde a pessoa fica
incumbida de atuar por conta de outrem. (mandato vs. representação)

(ex.: A pede representação a B e B torna-se representante de A e em nome de A compra


imóvel a C (representação – atuação em nome de outrem e quando em nome do A compra
este imóvel quem se torna proprietário é A e os efeitos jurídicos se deduzem automaticamente
na esfera do representado).

Outro ex.: A e B celebram contrato de mandato e pode ser celebrado com ou sem
representação (neste exemplo sem) A incumbe B a adquirir determinado imóvel sem poderes
de representação e não o dando quando B compra imóvel ao C quem se torna proprietário é B
e nesta hipóteses de mandato sem representação só está concluído quando se celebrar o
negócio de celebração do mandato onde B transmite a propriedade ao A.
Numa mandato com celebração não é preciso isso porque aí já há poderes de representação.
O mandato pode atribuir poderes de representação mas também pode ser sem.

A caraterísticas essencial para que haja representação é que haja atuação em nome de outro
mas não basta sendo necessária que haja a chamada legitimação representativa (é necessário
que sejam atribuídos poderes de representação). Se me lembrar de atuar em nome de A não
há verdadeira de representação porque atuo mas sem legitimação.
Esta legitimação representativa no caso de representação voluntário (na legal por lei e na
orgânica pelo pessoa coletiva) estes poderes são concedidos por ato que se designa por
procuração artigo 262 do CC.

Há a possibilidade de não serem atribuídos poderes de representação através da procuração e


depois poder haver ratificação do negócio que foi celebrado. A ratificação configura outra
forma de legitimação representativa, mas desta feita superveniente (os poderes de
representação são atribuídos depois da celebração do negócio (resolvia celebrar negócio em
nome de A sem ele dar poderes de representação mas depois ratifica o ato em nome dele)

Qual a forma da procuração (262/2)

2. Salvo disposição legal em contrário, a procuração revestirá a forma exigida para o negócio
que o procurador deva realizar.
-Qual a forma da procuração?
Para saber qual a forma procuração temos de saber o negócio que vai ser celebrado com base
nesta (se A concede a B poderes sobre bens móveis – a forma exigida aqui é nenhuma no caso
de compra e venda de bens imóveis e, portanto, a venda verbal de um automóvel e
computador como forma convencional (validade a probacione).
O A compreende ao B representação para vender o computador e aqui não é preciso forma.
Agora para vender um imóvel será necessário escritura público ou escrito particular
autenticado e então a forma da procuração será a mesma.

Mas naturalmente pode ser sempre exigida a justificação dos poderes de representação e
muitas vezes por questões de prova pode ser exigida um documento escrito que demonstre
essa procuração mas é apenas probatório não precisando para validade.

-O procurador não precisa de ter plena capacidade de exercício (263) e apenas tem de ter a
capacidade de querer e entender que seja exigida pela natureza do negócio.

-A procuração é um negócio jurídico unilateral.

Quid iuris? Se o bernardo atuar sem poderes de representação:

-1 hipótese – A ratifica

-2ª hipótese – não ratifica estamos perante uma situação de falta de representação do negócio
e a consequência é a ineficácia do negócio em relação ao representado (se A celebra em nome
de B contrato de compra e venda o negócio é válido mas é ineficaz em relação ao B e tudo se
passa como se o negócio não tivesse sido realizado para B).
Como podemos de alguma forma proteger o C? Proteger desde logo daquilo que se chama
uma tutela negativa da confiança – através de uma indemnização.

Quem tem de o indemnizar é o A que é o representante, mas pode haver situações em que o
representado tenha que indemnizar o terceiro por força do artigo 800 do CC.

Artigo 800.º
(Atos dos representantes legais ou auxiliares)
TEXTO
1. O devedor é responsável perante o credor pelos atos dos seus representantes legais ou das
pessoas que utilize para o cumprimento da obrigação, como se tais atos fossem praticados
pelo próprio devedor.
2. A responsabilidade pode ser convencionalmente excluída ou limitada, mediante acordo
prévio dos interessados, desde que a exclusão ou limitação não compreenda atos que
representem a violação de deveres impostos por normas de ordem pública.
Isto é buscado para a responsabilidade civil das pessoas coletivas, mas é mais amplo.
Imaginemos que A tem o B como empregado que costuma cumprir as suas obrigações depois
o A pode ser chamado a indemnizar e vai responder a este interesse contratual negativo se
desconhecer com culpa a atuação de B.
E vai responder com interesse contratual positiva de conhecer a atuação de B e não o fizer.
Para além desta tutela negativa é possível também tutelar-se positivamente a confiança de C
dando eficácia aquele contrato que há partida não teria eficácia e quando pode haver essa
atribuição de eficácia – casos de procuração tolerada ou aparente.
Falamos de procuração tolerada naquelas situações em que o representado conhece a atuação
do representante (portanto o A conhece a atuação do B e atua com problemas de
representação) e não age contra ele (tolera) e cria no C a ideia de que existem poderes de
representação e neste caso vamos dar eficácia ao negocia (tutela positiva). Cria na esfera do
terceiro a convicção que existem poderes de representação quando não existem.

Quanto à procuração aparente – o representado desconhece a atuação do representante (O A


desconhece que B atua sem poderes de representação) mas com alguma diligência ter-se-ia
apercebido e portanto à luz da boa fé o terceiro pode legitimamente confiar de que aquela
representação existe e então nesta situação também vamos tutelar esta confiança.
Estas duas hipóteses estão previstas no diploma que entre nós regula o contrato de agência
(contrato de distribuição comercial – que não vamos estudar e ficamos apenas com a ideia que
essa norma da lei do contrato de agência tem vindo a ser interpretado no sentido dela extrair
um princípio mais geral da confiança podendo extrair esta norma destas duas operações para
outros ramos).

Imaginemos que B atuou no âmbito de poderes de representação que lhe foram atribuídos
mas contrariou o sentido da própria representação ( A atribui poderes de representação ao B
no sentido de poderes de disposição de imóveis no sentido de adquirir um apartamento em
nome de A e fez isso porque precisava de um apartamento para montar o seu escritório de
advocacia e no domínio desses poderes comprou um terreno agrícola e agiu dentro do
domínio de poderes de representação mas contrariou o sentido.
Formalmente cumpriu os poderes mas materialmente não estando perante uma situação de
abuso de representação (269 do CC)

Consequência deste abuso – ineficácia do negócio em relação ao representado, mas neste caso
exige-se um requisito adicional (exige-se que o terceiro conheça ou deve-se conhecer o abuso)
S- isto faz sentido porque nas hipóteses de falta de poderes de representação o terceiro acaba
por poder reconhecer a falta de representação ou porque pode pedir essa justificação
protegendo o representado.
Agora neste caso ele age dentro da representação e portanto tentam proteger mais este
terceiro.

Outro problema quanto à representação voluntária -

(A outorgou procuração conferindo poderes de representação a B para dispor de todos os seus


bens móveis e imóveis mas o que acontece é que B no domínio destes poderes de
representação vai vender um imóvel a si mesmo e atua dentro dos poderes de representação
e é evidente que não corre bem por conflito de interesses nítidos e não protege interesses de
A porque vende a si próprio.
Agora imaginemos que B vende a C em nome de A e este C é representado por B também e
para evitar este conflitos de interesses e as consequências destes havendo um defraudar da
confiança do representado o legislador considera que é anulável estes negócios consigo
mesmo. (artigo 261)
Há porém exceções… situações em que o negócio consigo mesmo é considerado válido –
quando o representado tenha especificamente consentido a celebração do negócio consigo
mesmo (pode estar expresso na procuração)
Ou então quando o negócio exclua pela sua natureza a possibilidade de conflito de interesses.
(em casos de aceitação de doação (imaginemos que B em nome de A aceita doação que ele
próprio faz não sendo possível ao contrário) Outro ex.: B em nome do A vende a si mesmo um
preço tabelado por ministria e o preço é só esse mesmo.
Outro ex.: B celebra com A uma promessa e depois A vende ao B como cumprimento dessa
promessa.

Imaginemos que A celebra com C um contrato de promessa de compra e venda (até ao final de
2021 A venderia a C um imóvel de 200.000 euros e entretanto foi para o estrangeiro e atribui
poderes de representação ao B por outorga de uma representação e imaginemos que C
também é representado por B e temos negócio consigo mesmo mas exclui invalidade porque é
contrato de promessa e todas as condições estão estabelecidas neste.

Última nota sobre artigo 261 – devemos interpretar de forma corretiva este artigo 261
permitindo aquilo que se chama uma extensão teleológica – ou seja vamos aplicar a mesma
solução a casos que não estão previstos no sentido literal da norma mas protegidos pela ratio
da norma (evitar conflitos de interesse para que não surja prejuízos ao representado).
Imaginemos que B em nome de A vende imóvel a C e C é mulher de B e não há formalmente
negócio consigo mesmo mas há conflito de interesses e dependendo do regime de bens
poderá ser mais ou menos latente.
Imaginemos que C é filho de B temos outra vez conflito de interesses e em todas as situações
em que podemos vislumbrar esse conflito de interesse em nome da ratio do 261º para
proteger o interessado.
Depois há outros problemas relacionados com pessoas coletivas mas damos isso nas teóricas
ou nas práticas.

Outra nota – para garantir que os alunos da primeira turma não morram de cansaço com aulas
do Dr. Pedro o Dr. Pedro vai dar aulas sobre o vício de vontade não vamos dar mais aulas e na
sexta-feira vamos ter aulas, mas apenas práticas para não estarem a avançar mais matéria
ainda e para que isso não acontece como a segunda turma não tem pressa vamos ter apenas
aulas práticas outra vez.

Vamos começar hoje a estudar matéria relativa ao objeto do negócio jurídico.

No fundo temos que questionar agora o que integra o objeto e o conteúdo do negócio jurídico
o que modera estas duas coisas.
Não vamos poder dar resposta a esta pergunta porque sabemos que ao nível do negócio
jurídicos e sobretudo ao nível dos contratos vigora um princípio de autonomia privada e se nos
regermos por esse princípio torna-se impossível dizer à priori o objeto e conteúdo do contrato.
405 do CC (liberdade contratual)

Como vamos delimitar o conteúdo do negócio jurídico?


Vamos delimitá-lo em termos negativos…. Vamos apenas poder dizer aquilo que não pode ser
objeto do negócio jurídico e o que não pode integrar o conteúdo deste.

Vou apenas referir os limites que não podem ser ultrapassados:

Esses limites são os que resultam do artigo 280 do CC.

Este artigo diz-nos claramente quais são os requisitos a que deve obedecer o objeto jurídico e
aplica-se tanto ao objeto como ao conteúdo:

1- Possibilidade física e verbal (tem que ser física e verbalmente possível.)

Fisicamente possível (tem que existir) e para além de existir tem que cumprir a finalidade
do negócio jurídico e portanto se o A vender a B 3 m2 da lua é inválido porque é
fisicamente impossível pois é impossível exercer tais direitos de propriedade.
Assim como venda de uma determinada parcela do céu.
Em termos mais convindos (mais ou menos disparatados) e mais realistas no nosso
contexto podemos dizer que é nulo um negócio jurídico que tenha por objeto um
computador que foi destruído há um mês (é nulo porque o objeto não existe).

Esta impossibilidade é impossibilidade objetivo – ou seja, não basta que esta


impossibilidade se verifique apenas em relação ao devedor e tem de existir em geral
(exceto nas hipóteses de prestação de facto não fungível (ex. do computador: é nulo
porque não existe mas se falarmos da compra e venda de outro computador iguais a este)
Um contrato onde A se obrigava a cantar ou realizar um espetáculo e obstante o A ficou
afónico e perdeu a voz, nesse caso a impossibilidade é do devedor mas como é uma
prestação de facto não fungível (não substituível) equipara-se a uma impossibilidade
objetiva.

Para além da possibilidade física exige-se que seja legalmente possível – aqui o que
queremos dizer com a impossibilidade legal diz respeito em que o objeto é uma realidade
normativa. (ex.: um contrato promessa que tem por objeto a celebração de um
determinado negócio – imaginemos que esse negócio prometido é proibido por lei-
nesse o objeto do contrato de promessa é legalmente impossível)

Outra nota importante: esta possibilidade ou impossibilidade de que falamos é um


impossibilidade originária e a consequência da impossibilidade legal ou física é a
nulidade do negócio mas ela tem que ser uma impossibilidade originária.
Se for superveniente (se só se tornar impossível depois da celebração não falamos de
nulidade e podemos ter 2 situações):

-A impossibilidade superveniente em que o devedor não tem culpa nessa


impossibilidade (consequência – extinção da obrigação)

-A impossibilidade superveniente é imputável ao devedor e tem culpa nessa situação


(consequência: responsabilidade contratual)

Um exemplo em que o computador existia no momento de celebração do negócio e


depois não.

Outro nota importante: quando falamos de impossibilidade falamos de situações em


que não é viável realizar a prestação e por mais que o devedor tentasse era
inexequível e por isso não devemos confundir as situações de impossibilidade com as
situações de mera dificuldade da prestação.

As segundas situações não têm este efeito liberatório (não fazem extinguir a
obrigação) apesar desta distinção ser clara em termos práticos temos zonas cinzentas
que nos trazem dificuldades porque muito graças à doutrina alemã e às alterações ao
código civil alemão em 2002 passou-se a falar em outras duas formas de
impossibilidade:

-Impossibilidade prática – esta impossibilidade é caracterizada por uma grave


desproporção entre o esforço que é exigido ao devedor e o interesse do credor na
prestação. (há uma grave desproporção entre o esforço e o interesse).
Os autores têm entendido que à luz da boa fé e tendo em conta o princípio o devedor
pode recusar uma prestação quando se mostre gravemente desproporcional em face
do interesse do credor nessa prestação.
Ex. de escola: A obrigou-se a entregar um anel a B e tem valor de 100. O anel caiu ao
fundo de um pântano e a prestação não é impossível porque consegue drená-lo e ir
buscar o anel só que a drenagem do pântano custa 100.000 então há uma
desproporção entre o esforço exigido e a prestação e pode ser equiparado à
incapacidade física que tem aquele efeito exoneratório da prestação.

-impossibilidade moral – neste tipo de hipótese identificam aquele tipo de situações em


que o devedor deste prestar a obrigação pessoalmente e ponderarmos os
impedimentos do devedor perante o interesse do credor na prestação (se ponderarmos
os impedimentos do devedor e do outro o interesse do credor) deixa de ser viável a
prestação à luz da boa fé.
Ex. de escola: imaginemos que A é cantor lírico e obrigou-se a realizar um espetáculo
musical hoje à noite entretanto o filho dele está em coma profundo e pode morrer a
qualquer instante e pode realizar em termos fácticos mas atendendo o interesse de
maria de estar ao lado do filho e se compararmos esta razão/impedimento e o
interesse do credor na prestação percebemos que o princípio da boa fé funciona como
bloqueio e diz que neste caso este caso é uma situação de impossibilidade moral que
tem o mesmo efeito da impossibilidade física quando superveniente (extinção da
obrigação).

Estas situações não se confundem com as tais hipóteses de mera dificuldade na


prestação que são muitas vezes designadas por impossibilidade económica.
Estas situações devem ser tratadas à luz da alteração superveniente das
circunstâncias porque nessas hipóteses de impossibilidade económica ou de
dificuldade na realização na prestação a desproporção verifica-se entre o interesse de
devedor na contraprestação e no custo de prestação.
Há uma desproporção mas é estabelecida entre grandezas entre dois interesses do
devedor e não com o do credor também.

Ex.: de escola – A obriga-se a entregar ao B 1000 barris de petróleo ao preço x e


entretanto fruto das convenções políticas e geoestratégicas o preço do barril de
petróleo aumenta drasticamente todos os dias e aqui o que acontece é que A começa
a ter dificuldade naquela contraprestação e o custo desta.
Não temos aqui em conta o interesse do credor até porque aumenta neste caso a cada
dia que aumenta.
Não conduz à extinção da obrigação mas ponderamos a alteração superveniente das
circunstâncias e pode resultar na alteração do negócio ou resolvê-lo porque o
equilíbrio prestacional não existe.
Para além do artigo 280 vemos também o 401 (sublinhamos impossibilidade e
fazemos setinha para 401).

2º requisito – não contrariedade à lei – o objeto tem que ser lícito e não contrário à lei –
não está em causa a possibilidade ou impossibilidade legal ou celebrar no futuro um
negócio não permitido, mas sim para ver se estes negócio jurídico não viola normas
legais imperativas.

Acrescentamos normas legais imperativas porque sabemos que as dispositivas podem


ser afastadas pelas partes.

Vejamos a este propósito o artigo 280º

É nulo o negócio jurídico cujo objecto seja física ou legalmente impossível, contrário à
lei ou indeterminável.

Se apenas o fim do negócio jurídico for contrário à lei e não é o objeto em si ou uma
cláusula que viola uma norma imperativa mas sim o fim, o negócio só é nulo se o fim
for comum a ambas as partes.
Resulta do artigo 281 do CC.

Ex.: A compra uma arma com o objetivo de matar maria e o objetivo do negócio é ilícito
mas não determina a nulidade do negócio porque o objetivo não é comum a ambas as
partes.

A propósito da licitude – o direito não pode ser entendido só de forma moral e portanto
não podemos só incluir os negócio contrário à lei mas também nos negócios em fraude
à lei.
Muitas vezes são criados expedientes para contornar proibições legais e estes
também são proibidos e nulos mas aqui temos de fazer distinção e interpretar a norma
imperativa posta em causa e tentar perceber se o legislador pretendeu proibir um
determinado resultado e se o legislador pretendeu proibir um determinado resultado
são proibidos os meios direitos e os indiretos (fraude) para o contornar e aqui é nulo.

Ou temos o legislador a não querer proibir o determinado resultado, mas sim combater
certos meios para chegar a esse resultado. Se só quis combater certos meios então
outros meios que conduzam a outros meios são legítimos não tendo então negócio em
fraude à lei.

3º requisito – determinabilidade – o objeto do negócio tem que ser determinável.


Atenção que tem de ser dito determinável e não determinado e, portanto, não precisa
de estar completamente determinado mas que possa vir a sê-lo com base em critérios
contidos no negócio jurídico.,

A propósito disto artigo 400 do CC.

Esta determinabilidade demove a ideia de autonomia privada

4º requisito – o objeto do negócio tem que ser conforme aos bons costumes – quando
falamos de bons costumes temos associada a este cláusula geral uma conotação
valorativa.
Os bons costumes não são os usos dominantes:

1ºporque a lei fala em bons costumes e não de simples costumes (bonnes mores (do
DR)) – dimensão valorativa porque não são apenas os usos dominantes.

2º razão – se os usos degradarem o direito não pode ficar preso nestes e o direito
deve reconduzir os costumes para os ideais não nos limitando aos usos costumes.

O que são os bons costumes:

Há autores:

-Dizem que nos apontam para moral dominante e traduziram o sentido de como de
todos aqueles que pensam com intuidade e justiça. Esta noção de moral dominante
pode ser problemática em sociedades relativistas como a nossa.

-Então alguns autores como Menezes cordeiro parece apontar para um conceito mais
restritivo – apontam para uma dimensão de moral, sexual e familiar dominante e das
regras deontológicas das várias corporações (dos médicos, advogados, jornalistas,
etc.)

O que devemos entender?

O bom costume tem de nos apontar para uma ideia de justiça que ultrapassa o próprio
ordenamento jurídico- uma ideia de consciência jurídica geral.

5º requisito – o objeto do negócio jurídico tem que ser conforme à ordem pública –
essa conformidade à ordem pública implica que o objeto não possa violar princípios
normativos fundamentais sejam eles contidos positivamente no ordenamento jurídicos
como não positivos, mas que alicercem de algum modo o ordenamento jurídico.

Continuando a matéria (já foram publicados parte dos sumários desenvolvidos)

´Começamos a falar do problema do objeto e do conteúdo do negócio jurídico.

A propósito deste dissemos que em virtude da liberdade contratual e da autonomia


privada não podíamos dizer à priori o conteúdo e objeto do negócio e a única coisa
que podíamos fazer era delimitar negativamente (o que não poderia existir).

A verdade é que mesmo não podendo dizer qual o conteúdo a priori podemos dizer
que a prático nos diz que há cláusulas típicas que costumam surgir (são recorrentes).
Estas estipulações por outro lado são acessórias (não são essenciais – senão
existirem no negócio jurídico continua a valer como um determinado tipo negocial e
podem ser postas acessoriamente e são postas regularmente daí chamarem-se
(cláusulas/estipulações acessórias típicas).

Vamos analisar várias destas:


-1º- condições – já falamos disto em DR normalmente- a condição é uma cláusula
acessória típica por meio da qual as partes num negócio subordinam a eficácia desse
negócio à verificação de um acontecimento futuro e incerto. Portanto as partes num
negócio vão apor uma cláusula e nos termos dessa cláusula a eficácia do negócio fica
dependente de acontecer um evento futuro e incerto e fica dependente dessa
verificação.
A condição pode ser:

-Suspensiva – diz-se assim se o negócio só produzir efeitos a partir do momento em


que o tal evento futuro e incerto se verificar.

-Resolutiva- quando o negócio produz ad inicio aqueles efeitos e cessa a produção dos
efeitos no momento em que se verifica aquele evento futuro e incerto.

Nota importante: para falarmos de condição é necessário que se verifiquem alguns


requisitos:
1º-Subordinação dos efeitos do negócio a um evento futuro

2º- esse evento futuro tem que ser incerto (não podemos ter a certeza que vai
acontecer

3º- essa subordinação dos efeitos do negócio ao tal evento tem que resultar das
vontades das partes e não da lei.

É importante ter em conta estes requisitos porque há determinadas situações em que


aparentemente estamos perante uma condição mas faltam estes requisitos e aí
estamos perante condições impróprias.
Condições impróprias (ex.:)

1ºex.: - Condições referidas ao passado ou ao presente (A e B celebram agora um


negócio jurídico e a eficácia do negócio fica dependente do resultado do jogo que
ocorreu ontem e não sabem o resultado do jogo e não tem condições de o confirmar e
condicionam a verificação do negócio ao resultado do jogo mas não é uma verdadeira
condição porque o acontecimento é do passado e não do futuro.

2º ex.: - condição necessária – (A e B condicionaram a produção de efeitos jurídicos


do negócio à circunstância de morrer o filipe (o negócio só produz efeito a partir do
momento da morte do filipe) a morte dele é certa, mas não sabemos quando vai
ocorrer. Ela vai ocorrer com certeza e, portanto, não estamos perante uma verdadeira
condição e esta edificasse de outra forma e vamos ver).

3ºex.: - condição impossível – condição que prevê como evento condicionante um


evento que com toda a certeza não vai ocorrer que também tem regime próprio.

4ºex.: - condições legais – não resultam da vontade das partes, mas da lei.

2º nota – as condições podem ser suspensivas ou resolutivas, mas para além desta
qualificação temos ainda uma distinção entre condições:

-Potestativa – aquela em que o evento condicionante fica dependente da vontade de


uma das partes. Podemos dividir aqui entre:

 Arbitrárias (quando o evento condicionante é um puro dever ou facto


insignificante)
 Não arbitrárias (quando o evento condicionante é um facto com alguma
importância/gravidade ou seriedade)

-Causais – aquelas em que o evento condicionante fica dependente da vontade de um


terceiro ou então traduz-se num facto natural. (ex. Condiciono a eficácia à
circunstância de nevar em Coimbra (um facto natural)

Outra classificação a que temos de atender – as condições potestativas podem ser:

-a parte creditoris – se se depender de um ato do credor (da parte do credor)


-a parte debitoris – se pelo contrário o tal evento condicionante que depender da
vontade das partes for um ato do devedor diz-se a parte debitores (da parte do
devedor)

Continuando este jogo de classificações:

- Se a condição for potestativa e for simultaneamente arbitrária


e a parte creditoris então a condição é inútil e não serve para nada e basta um
esforço mínimo por parte do credor para desencadear o negócio.

-se a condição for potestativa, arbitrária mas a parte debitoris alguns autores vêm dizer
que ela é admissível no fundo porque o devedor poderia no fundo desencadear ou não
de forma absolutamente insignificante a eficácia do negócio ou não.
Mas os autores também dizem que nos contratos bilaterais (geram obrigações para
ambas as partes) alertam que nesses contratos nenhum evento será totalmente
insignificante pois a obrigação de uma das partes é compensada pela obrigação de
outra dos sujeitos contraentes.

Outra problemática (já fora da condição)

Em que negócios é que podemos incluir uma condição?

Em regra, a condição pode ser aposta em qualquer contrato e chegamos a essa


conclusão com o artigo 405 do CC (princípio da liberdade contratual do CC).

Mas há exceções (determinados negócios que não podem ser condicionados


(proibições relativamente á posição de uma condição relativamente a certos negócios).

Ex. dessa exceção: O casamento (1618/2 do CC)

2. Consideram-se não escritas as cláusulas pelas quais os nubentes, em convenção


antenupcial, no momento da celebração do casamento ou em outro ato, pretendam
modificar os efeitos do casamento, ou submetê-lo a condição, a termo ou à
preexistência de algum facto.

Outro ex.: 1852 do CC (perfilhação)

1. O ato de perfilhação não comporta cláusulas que limitem ou modifiquem os efeitos


que lhe são atribuídos por lei, nem admite condição ou termo.
Percebe-se porque não estamos perante um negócio jurídico, mas sim um ato jurídico
onde se aplicam as regras do 295 mas assim como no casamento há um caráter
pessoalíssimo não devendo haver qualquer acondicionamento.

Outro negócio jurídico que não admite condição (compensação) artigo 848 do CC.

Artigo 848.º

(Como se torna efetiva)


TEXTO
1. A compensação torna-se efetiva mediante declaração de uma das partes à outra.

2. A declaração é ineficaz, se for feita sob condição ou a termo.

Temos aqui outra impossibilidade.


Isto da compensação é basicamente (ex.: imaginemos que A deve a B 5.000 euros e
imaginemos que B comprou ao A um automóvel por 3.000 euros e então o que se pode
fazer é uma compensação de créditos (A pode pagar ao B apenas 2.000 euros e fica tudo
saldado entre credor e devedor) mas a verdade é que não é válida havendo condição.

Há, portanto, alguns negócios que não podem ser condicionados.


Quid iuris? Se for aposta neste negócios.
Em regra a sanção é a nulidade do próprio negócio contudo há exceções.
1. Em determinadas situações a lei prevê uma sanção específica e vimos isso no
artigo 848 do CC onde diz que a declaração é ineficaz sendo aqui a sanção à
ineficácia.
2. Há determinadas situações em que não se gera a nulidade do negócio, mas sim a
nulidade da cláusula (o que acontece nas hipóteses de casamento ou nas
hipóteses de perfilhação e os artigos referidos diziam isso).

Outra nota quanto a estes negócios incondicionáveis para além destes situações em que
os negócios não podem ser condicionados os autores têm entendido que em determinados
negócios em virtude de proteger a parte considerada mais frágil se deve impedir a
aposição da dita cláusula que é a condição.
A lei diz expressamente nas situações ditas que não se pode acondicionar e há
determinados negócios relativamente à qual a lei não se pronuncia mas há determinados
negócios apesar da lei não ter dito pela dinâmica da relação temos que proteger de algum
modo a figura mais frágil não permitindo a condição.
Ex.: Num contrato de arrendamento não é possível apor uma condição resolutiva porque
está estabelecido na lei e não podemos ir além disso.
Outro ex.: No contrato de trabalho –as hipóteses de cessação do CT estão previstos na lei
e não podemos apor uma condição resolutiva que ultrapasse a resolução nessa matéria.

A condição como qualquer cláusula do contrato está sujeito a quaisquer requisitos de


validade:

-Tem que obedecer a todos os requisitos relativos ao objeto do negócio (que vimos na
sexta)
Quid iuris? Se for aposta uma cláusula impossível ou uma cláusula ilícita? O artigo 271 dá
uma resposta parcial a este problema. Diz que se for aposta uma condição ilícita o negócio
é nulo.
Se for aposta uma condição impossível temos de fazer um distinção:
-
 Se for suspensiva – todo o negócio é nulo
 -Se for resolutiva- gera-se apenas a nulidade da própria condição.
Há algum desvio quanto ás doações (967) e testamentos (2263)
Artigo 967.º

(Condições ou encargos impossíveis ou ilícitos)


TEXTO
As condições ou encargos física ou legalmente impossíveis, contrários à lei ou à ordem
pública, ou ofensivos dos bons costumes ficam sujeitos às regras estabelecidas em
matéria testamentária.

-Aplicamos às doações o do 2230


Artigo 2230.º

(Condições impossíveis, contrárias à lei ou à ordem pública, ou ofensivas dos bons costumes)
TEXTO
1. A condição física ou legalmente impossível considera-se não escrita e não prejudica o
herdeiro ou legatário, salvo declaração do testador em contrário.

2. A condição contrária à lei ou à ordem pública, ou ofensiva dos bons costumes, tem-se
igualmente por não escrita, ainda que o testador haja declarado o contrário, salvo o
disposto no artigo 2186.º

Portanto, vamos ver como funciona a condição.

Como funciona a condição suspensiva


Imaginemos que há uma condição suspensiva (entre a celebração do negócio e a
verificação do momento a condição diz-se pendente).
O A e B celebram negóico em janeiro e ainda não se verificou o evento verificante a
condição diz-se pendente e se é suspensiva o negócio ainda não produziu direitos e B
ainda não adquiriu um direito e apenas é titular de uma expectativa jurídica.
Apesar de não ter adquirido direito e apenas possuir expecativa jurídica já está protegido
de alguma forma 272 do CC.
Artigo 272.º

(Pendência da condição)
TEXTO
Aquele que contrair uma obrigação ou alienar um direito sob condição suspensiva, ou
adquirir um direito sob condição resolutiva, deve agir, na pendência da condição, segundo
os ditames da boa fé, por forma que não comprometa a integridade do direito da outra
parte.

Imaginemos que A vendeu a B sob condição um imóvel e ainda não é titular mas neste
período de tempo o A tem que agir sobre aquilo que é imposto pelo princípio da boa fé
para tutelar a posição de B.
Esta nota é importante porque verificado um comportamento contrário aquilo que a boa fé
impõe poderá gerar problemas e responsabilidade da contraparte.

Verificada a condição os efeitos do negócio jurídico que estavam suspensos produzem-


se/efetivam-se e produzem-se com eficácia retroativa (artigo 276 do CC).
Artigo 276.º

(Retroatividade da condição)
TEXTO
Os efeitos do preenchimento da condição retrotraem-se à data da conclusão do negócio, a
não ser que, pela vontade das partes ou pela natureza do ato, hajam de ser reportados a
outro momento.

Portanto a eficácia é retroativa mas abrem-se algumas exceções a esta retroatividade e se


lermos o artigo 276 vemos que “a não ser que, pela vontade das partes ou pela natureza
do ato, hajam de ser reportados a outro momento.”
Vai haver determinados atos que vamos ver que pela sua natureza não são passíveis de
desencadear esta eficácia retroativa.

Senão se verificar a condição os efeitos do negócio jurídico não se produzem e os efeitos


provisórios que forma sendo produzidos desaparecem.

Como funciona a condição resolutiva


É imposta uma condição resolutiva e o contrato produz logo os seus efeitos e depois deixa
de produzir os efeitos no momento em que se verificar o acontecimento futuro e incerto.
Esta eficácia resolutiva é também retroativa (o preenchimento da condição implica a
destruição automática de todos os efeitos do negócio mas implica também a destruição
para o passado (de todos os efeitos que o negócio tenha produzido).
há exceções a esta eficácia retroativa:
-1º- passa pela consideração das chamadas obrigações de prestação continuada ou
execução continuada (ex.: um contrato de fornecimento de energia elétrica (A celebra com
EDP um contrato de energia elétrica e foi aposta uma condição resolutiva e o negócio
produziu os seus efeitos e determina-se o evento futuro e incerto e cessa os efeitos, mas é
impossível haver eficácia retroatividade pois as prestações do contrato são – do lado da
EDP o fornecimento da energia e o do consumidor um pagamento. Bem o consumidor
pode ter de volta o pagamento que fez mas não consegue devolver energia.
Ou seja, para ter direito aos pagamentos teria de conseguir devolver a energia mas não
podendo compensar as duas cancelam-se e não há compensação.
Quem fala disto é o de telecomunicações; arrendamento; fornecimento de água, etc.)
Há outro artigo do CC particularmente importante que é o artigo respeitante à problemática
da boa fé ao nível do regime da boa fé.
275 do CC
Artigo 275.º

(Verificação e não verificação da condição)


TEXTO
1. A certeza de que a condição se não pode verificar equivale à sua não verificação.

2. Se a verificação da condição for impedida, contra as regras da boa fé, por aquele a quem
prejudica, tem-se por verificada; se for provocada, nos mesmos termos, por aquele a quem
aproveita, considera-se como não verificada.
Se tivermos a certeza de que a aquele evento futuro e incerto não se vai verificar podemos
dizer que não se verifica e dá-se por não verificada e desencadeiam-se os efeitos
resultantes da não verificação (não produção de efeitos jurídicos).

Imaginemos agora que a condição não se verifica porque a parte que se aproveita da não
verificação e impediu ou imaginemos que aquele beneficiava com a verificação vai
provocar essa verificação.
Aqui vai contra a boa fé e nestes casos deve inverter-se e devemos dizer que a situação é
verificada ou ao contrário.
Imaginemos que A e B celebram um contrato e apõem uma condição e só se produzem se
se verificar um desvio nas contas de uma empresa no valor de mil e se se for verificada
beneficiará o A e senão for verifica o B porque se produzem ou não os efeitos.
Imaginemos que o B que beneficiava da sua não verificação impede a sua verificação e se
atuar contra a boa fé a condição deve dar-se como verificada.
Imaginemos que a condição beneficiava o A – era benéfico que se verifica-se e o A contra
as regra da boa fé vai provocar essa verificação. A consequência é com isso vamos
considerar como não verificada a condição.

Vamos passar a outra cláusula acessória típica – o termo.


O termo é uma cláusula acessória e típica nos termos da qual os efeitos do negócio
jurídico ficam dependentes da verificação de um evento futuro, mas certo.
Agora já não há incerteza, mas sim certeza na verificação do evento.
O termo pode ser classificado como:

-Termo certo (sabemos à priori quando vai ocorrer o evento)


-Termo incerto (pode ser incerto o momento em que vai ocorrer o evento)

Ex. dado para dizer que não estávamos perante condição: negócio só produzirá os efeitos
se António vier a morrer (o A vai morrer de certo não se sabe é quando e portanto estamos
perante um termo incerto porque não sabemos quando vai morrer mas sabemos que vai).

Relativamente a classificações de termos (igual à condição):


-Suspensivo/inicial – as partes determinam o momento a partir do qual se vão produzir os
efeitos do negócio.
-Resolutivo/final – a partir daquele momento (da verificação do termo) o negócio deixa de
produzir efeitos.

Em termos de classificação de termos devemos ainda distinguir;


-Termo expresso ou próprio – o termo existe por vontade das partes.
-Termo tácito ou impróprio – existe por imposição da lei.

Ainda nas qualificações do termo:


-Termo essencial – significa que a prestação tem que ser realizada até a verificação do
termo se for ultrapassada aquela data/termo a não prestação é equiparada à
impossibilidade definitiva (já sabemos as consequências da impossibilidade)
-Termo não essencial – s

Tal como a condição em regra o termo pode ser aposto a qualquer contrato (fundamento –
405 do CC – princípio da liberdade contratual).
No entanto há negócios que são inaprazáveis (não são suscetíveis de um prazo/de ter um
termo).
Aqueles artigos que vimos para a condição referem-se também ao termo (compensação,
perfilhamento e casamento havendo outras situações que justificam essa impossibilidade)

NO que diz respeito ao regime do termo (aquelas regras do 273 e SS.) aplicam-se também
ao termo.
O regime aplicado ao termo é muito próximo do regime aplicado à condição.

Chamar a atenção ao 279 do CC. Que é um artigo que estabelece algumas regras (já foi
referido antes a propósito do momento exato em que termina a menoridade) e baseia-se
precisamente no conto do termo.

3ª cláusula acessória tipo – módulo ou cláusula modal – é uma cláusula acessória típica
que só existe por referência às doações e às liberalidades testamentárias e portanto não
pode existir um módulo num contrato de compra e venda e apenas em doações e
contratos de testamento e nos termos desta cláusula o doador ou testador impõem ao
beneficiário a obrigação de adotar um determinado comportamento.
Impõem um determinado encargo.
O cumprimento deste encargo pode estar ao serviço ou do doador ou do testador ou pode
estar ao serviço do próprio benificiário ou ao serviço de um terceiro.
Em determinadas situações, na prática, dependendo do modo como é formulada à
cláusula pode haver uma dificuldade de distinguir uma condição de um módulo.
(ex.: A doa um automóvel à M com a condição de margarida ter positiva num exame de
TGDC, estamos a falar de uma condição ou de um módulo. Uma cláusula que condiciona
a eficácia do negócio consoante o resultado na avaliação ou numa cláusula que impõe um
determinado encargo.
Vamos tentar distinguir.
Em termos teóricos não há dificuldades.
tratando de uma condição suspensiva é tranquilo porque o negócio não produz efeitos e se
fosse suspensiva só produziria efeitos se no dia em que saíssem as notas ela tivesse
positiva.
No caso do módulo ele produz efeitos mas há um encargo de ir à avaliação e ter positiva
(já vamos ver a consequência).
Outra coisa – da condição não surge obrigação e do módulo sim.
Se compararmos o módulo com a condição resolutiva vamos ver que no caso da condição
resolutiva verificando-se evento futuro e incerto à cessação automático do negócio e com
eficácia retroativa.
No caso do módulo não vai ser assim e já vamos ver qual a consequência da não
verificação do módulo e vamos ver que nem sempre o incumprimento do encargo
determina a resolução do negócio.

Quid iuris? Naquelas situações em que ficamos mesmo com dúvida entre os dois.
Neste caso lançamos mão de um princípio que é o princípio da preservação dos negócios
jurídicos. Tentamos sempre salvaguardar os efeitos do negócios jurídico em homenagem á
autonomia privada que presidiu à construção daquele instrumento.
E neste caso optamos sempre pela classificação daquela cláusula por um módulo porque
se a condição for suspensiva não produz efeitos até ao evento e na resolutiva cessa os
efeitos.
No caso do módulo o incumprimento não conduz ao destruimento dos efeitos do negócios.
Entre os dois a classificação de cláusula modal permite preservar mais o negócio.

Quais os negócios em que podem ser apostas uma cláusula modal? Testamento e
contrato de doação.

Quid iuris? Se for aposta uma cláusula modal impossível (estabelece um encargo físico ou
legalmente impossível de cumprir).
Neste caso a cláusula é nula mas mantém-se a validade do testamento ou doação porém
tal como tínhamos visto a propósito das doações e testamentos no caso da condição
impossível então vamos ver que o doador ou testamentador pode cancelar a doação ou
testamento.

Se o módulo for ilícito (não só contrariedade à lei, mas também à ordem pública e bons
costumes) há nulidade do encargo mas o testador ou doador não podem excluir a validade
do restante ato como poderiam no impossível (como vimos anteriormente na condição
impossível)

Quid iuris? Se o encargo não for cumprido.

Temos que distinguir várias hipóteses:


-1º- o cumprimento não foi imputável – quando o cumprimento não é imputável a
obrigação extingue-se
-2ª hipótese- o não cumprimento é imputável ao devedor – neste caso temos várias
consequências:
1. Tanto o doador como os herdeiros como qualquer interessado têm legitimidade
para exigir o cumprimento do encargo, mas uma nota importante: o cumprimento
do encargo fica limitado ao valor da coisa doada ou do direito doado. Só é
obrigado a cumprir o encargo até às forças da própria doação.
2. Pode haver resolução do negócio – o doador ou os seus herdeiros podem resolver
o contrato de doação mas só o podem resolver quando o direito à resolução lhes
seja conferido pelo próprio contrato (artigo 966 do CC (para as doações)) No caso
dos testamentos também existe direito à resolução mas existe em duas situações
(quando o testador o tiver determinado no próprio testamento ou então se for
legítimo concluir a partir da interpretação desse testamento que a disposição
testamentária não teria sido mantida sem o cumprimento do encargo (ex. de como
podemos concluir essa intenção: da interpretação das várias cláusulas
testamentárias é que aquela deixa testamentária só faria sentido se o encargo
fosse cumprido (A deixa a B num testamento mas apenas se cuidar dos animais
dele e portanto decorre do testamento que para ele era fundamental e deixando os
animais ao abandono jamais daria o apartamento a B))

Depois ainda temos cláusula de legitimidade e exclusão qualquer coisa

E depois outra.

Vamos hoje tentar terminar a matéria e assim a partir de sexta vai ser só aulas práticas.

Temos estado a analisar as diversas cláusulas acessórias típicas.

Vimos que não conseguimos caracterizar o objeto do negócio jurídico fruto da autonomia
privada e a liberdade que as partes têm de introduzirem.

Vamos estudar as cláusulas de exclusão e limitação de responsabilidade.

São cláusulas acessórias nos termos das quais os contraentes(partes do negócio) vão
acordar excluir ou limitar (consoante os casos (consoante cláusulas de exclusão ou
limitação) a responsabilidade do devedor pelo não cumprimento da obrigação que
assumiu.

Aqui este não cumprimento é em sentido amplo (embarco o sentido estrito e amplo mora,
etc.).

Dentro da exclusão podemos estar perante diversas modalidades:

-Por atos próprios (por atos do próprio devedor)

-Por atos de auxiliares (só se exclui ou limite a responsabilidade quando decorre de um ato
de um auxiliar e não do devedor)

-Cláusulas de limitação ou exclusão do fundamento da responsabilidade (cláusulas nos


termos do qual o devedor atue com dolo por exemplo)

-Cláusulas de limitação de montante da responsabilidade (só responde até x montante)

Podemos ainda confrontar-nos de cláusulas de inversão do ónus da prova

Cláusulas de redução dos prazos de prescrição

Etc.

Reparemos que estas cláusulas não funcionam todas da mesma maneira e muitas delas
só conduzem a uma limitação da responsabilidade em termos indiretos e por isso só
vamos centrar a análise numa modalidade destas cláusulas:
-Cláusulas que limitam a responsabilidade em função de um determinado grau de culpa ou
em função de um montante.

Qual é o primeiro grande problema que se coloca em face destas cláusulas?

Se elas são válidas… será válido apor estas clausulas? Coloca-se este problema em face
do artigo 809 do CC.

Artigo 809.º

(Renúncia do credor aos seus direitos)


TEXTO
É nula a cláusula pela qual o credor renuncia antecipadamente a qualquer dos direitos que
lhe são facultados nas divisões anteriores nos casos de não cumprimento ou mora do
devedor, salvo o disposto no n.º 2 do artigo 800.º
Este artigo 809 diz-nos que o credor tem uma série de direitos e que em face do não
cumprimento do credor pode lançar mão desses direitos (direito de resolução do contrato,
direito de exigir o cumprimento, direito a indemnização, direito a uma remuneração
monetária compulsória, etc.) entre estes o de indemnização.
Então este artigo diz que uma cláusula destas é nula onde o credor renuncie a um dos
direitos que o CC lhe confere.
Como um dos direitos é o da indemnização a conclusão de muitos autores e que é nula a
cláusula de exclusão ou de limitação de responsabilidade.

O problema é que esta interpretação literal do 809 não corresponde à melhor interpretação
da norma e isto que parece lógico afinal não é a melhor solução.

O que devemos entender quanto a este 809?

1º- o artigo 809 não abrangeria no seu âmbito de relevância as cláusulas de limitação da
responsabilidade porque estas cláusulas não configuram uma renúncia do credor a um
direito e apenas limitam um direito e não implicam a renúncia deste.

2º argumento – há outra cláusula que muitas vezes surge inserida nos contratos e que
vamos estudar a seguir que é a cláusula penal que está previsto no CC numa das sua
modalidades (810) e que na prática pode funcionar como um cláusula de limitação da
responsabilidade.
Vamos estudar a seguir esta mas para perceber o argumento vamos falar dela (ex.:
Contrato entre A e B e neste foi aposta uma cláusula de limitação da responsabilidade e B
como devedor vê a sua responsabilidade limitada a 3,000 euros e se B não cumprir o A
apenas pode referir 3.000 euros.
Imaginemos que se apurava bens no valor de 500 euros… O A neste caso tem direito a
uma indemnização de 500 euros.
Agora se se apurar bem no valor de 5,000 euros…O A tem direito a indemnização no valor
de 3,000 euros.
Agora imaginemos que temos contrato entre A e B a qual foi aposta uma cláusula penal.
Tem várias modalidades, mas uma delas é a de fixação qualquer coisa (nesta as partes
estabelecem uma determinada prestação que o devedor deverá pagar com o não
cumprimento). Imaginemos que foi escolhida uma pena de 3.000 euros mas os danos
apurados foi de 5,000 euros. O A terá direito a 3,000 euros porque esta pena substitui a
indemnização.
Se os danos apurados for de 500 euros ele terá direito a 3,000 euros porque o que está
em causa não é uma limitação da responsabilidade mas sim substituição da indemnização
por uma pena.
Nesta cláusula penal vamos ver que pode funcionar em benefício do credor como também
pode funcionar como limitação da responsabilidade.
Então pareceria um pouco estranho que o legislador permitiria uma cláusula penal e
depois veda-se completamente a possibilidade de introduzir num negócio uma cláusula de
limitação de responsabilidade).

Estas duas razões justificam que o artigo apenas proíba as cláusulas de exclusão de
responsabilidade e não as de limitação.

No que diz respeito às cláusulas de exclusão de responsabilidade qual será a ratio do


artigo 809 (qual o objetivo de estabelecer essa proibição).
Ao estabelecer a preocupação era evitar que a obrigação civil se torna-se uma obrigação
natural e se desvincula-se o cunho jurídico entre credor e devedor.
Se o credor renunciar a esses direitos aquela obrigação deixa de ser exigível e passam a
ser obrigações naturais.
O legislador quis evitar essa transformação (desvirtuar da natureza jurídica da obrigação).
Se essa é a ratio daquele preceito então apenas aqui estão em causa as cláusulas de
exclusão de responsabilidade por dolo ou por culpa grave.

Naquela proibição só cabem as cláusulas de exclusão da responsabilidade por dolo e por


culpa grave pois só nessas situações é que aquela exclusão da responsabilidade
corresponderia efetivamente a uma renúncia do credor.

Se o que estiver em causa for a culpa leve parece que não há possibilidade de a cláusula
afetar a natureza jurídica da obrigação.

Há ainda outro argumento importante para sustentar esta solução…

Ainda nos lembramos o que é contratos de adesão e há um diploma que regula este
(446/85) e neste são consideradas absolutamente proibidas e como tal nulas as cláusulas
que excluam ou limitem a responsabilidade pelo não cumprimento, definitivo, ou não
cumprimento defeituoso em casa de dolo ou culpa grave e portanto à luz deste decreto-lei
são consideradas nulas estas cláusulas por dolo ou culpa grave.
Ao ler isto podemos concluir o contrario as cláusulas de exclusão e limitação por culpa
leve.

Então se elas são válidas no quadro dos contratos de adesão onde há fortes limitações à
liberdade contratual então não faz sentido não ser válida no quadro dos contratos
negociais que tem um regime mas livre.
Este diploma posterior ao CC parece reforçar um melhor entendimento quanto 809.

Conclusões:

-Podemos dizer que as cláusulas de limitação e exclusão da responsabilidade contratual


são válidas se se restringirem à culpa leve.

-Serão nulas se excluírem ou limitarem a responsabilidade por dolo ou culpa grave,


Há, no entanto, regimes especiais que têm de ter sidos em conta (independentemente do
grau de culpa as cláusulas de exclusão e limitação da responsabilidade vão ser
consideradas nulas)

1º- quando razões de ordem pública ou ligadas à proteção do consumidor o determinem).

2º lugar – temos de ter em conta o artigo 800/2 do CC

2- A responsabilidade pode ser convencionalmente excluída ou limitada, mediante


acordo prévio dos interessados, desde que a exclusão ou limitação não
compreenda atos que representem a violação de deveres impostos por normas de
ordem pública.

Este diz-nos que é possível através de uma cláusula excluir-se a responsabilidade me que
o devedor incorreria e é possível desde que não compreenda atos que envolvam normas
de ordem pública.
Quando são atos práticos de atos auxiliares essa exclusão seria válida
independentemente do grau de culpa em causa.

Devemos no entanto traçar aqui uma distinção entre os tipos de auxiliares em causa:

-Auxiliares dependentes (as condições de validade são exatamente as mesmas (só são
válidas em caso de culpa leve e só são nulas se limitarem ou excluírem a responsabilidade
no caso de dolo ou culpa grave))

-Auxiliares independentes (neste caso devemos considerar que são sempre válidas
mesmo nas hipóteses de dolo

É necessário fazer esta distinção porque primeiro o artigo 800/2 não limita a
responsabilidade por salvaguarda de culpa, mas temos de ter em conta que os auxiliares
dependentes são muitas vezes usados pelos devedores para estes efeitos e são
considerados como atos do próprio devedor.

Última nota sobre estas cláusulas de limitação e exclusão de responsabilidade

Além destas que são “contratuais” ainda temos as cláusulas de exclusão e limitação de
responsabilidade extracontratual e as condições de validade são exatamente as mesmas.
Os fundamentos não são os mesmos pois está em causa a ideia de ordem pública e
princípios normativos mas o que daqui resulta é que as condições de validade são as
mesmas.
Portanto apenas serão válidas no caso de culpa leve e sempre nula nas hipóteses de dolo
ou culpa grave.

Última cláusula que vamos estudar – cláusula penal

Cláusula penal – estipulação acessória típica e nos termos desta estipulação as partes
convencionam antecipadamente uma determinada prestação (normalmente pagamento de
uma quantia em dinheiro) que o devedor deverá realizar em caso de não cumprimento,
cumprimento defeituoso ou mora.
Tradicionalmente a doutrina considerava que a cláusula penal era unitária (existia uma
apenas) e esta cláusula penal enquanto figura unitária cumpriria simultaneamente duas
funções:
-Permitira fixar antecipadamente a indemnização (sabia-se a priori a indemnização que o
devedor teria de pagar)

-Função de compelir o devedor ao cumprimento (levar o devedor ao cumprir) como um


estímulo porque o devedor saberia que em caso de incumprimento nem era necessário
calcular os danos porque o credor teria sempre direito aquela pena.

Posteriormente, sobretudo fruto dos trabalhos de doutoramento do professor Pinto


Monteiro percebeu-se que não existiria apenas uma cláusula penal que cumpriria essa
função mas sim diversas modalidades de cláusula penal.
Devemos ter que distinguir pelo menos 3 grandes modalidades (há mais mas vamos dar
em direito comercial):

-Cláusula penal enquanto cláusula de fixação antecipada da indemnização (prevista no


artigo 810 do CC e SS.) – o que caracteriza esta cláusula é que esta fixa um pena e esta
pena substitui uma indemnização porque esta é a própria indemnização.
As partes fixam de modo invariável e antecipado o dano que se iria verificar e portanto o
montante indemnizatório.
Verificado o incumprimento em sentido amplo o credor deixa de ter de provar dano e tem
direito à pena e só tem direito à pena e não pode optar pela indemnização e não pode
optar por esta porque aquela pena foi fixada perto do interesse do credor que não precisa
agora de provar o dano que pode ser uma prova complexa mas também no interesse do
devedor pois ele se acautela (aconteça o que acontecer não tenho que pagar mais do que
isto (se os danos apurados foram 500 e a pena era 3,000 então paga 3,000).
Agora senão houver dano (o apurado for 0) não há direito há pena).Por outro lado, se a
pena substitui a indemnização também o credor só terá direito à pena se o devedor ter
agido com pena (aplicamos o campo da responsabilidade contratual portanto a culpa
assume-se mas é possível iludir essa presunção)
-Puramente ou estritamente compulsória – neste caso a pena não substitui a
indemnização mas sim acresce à indemnização – aqui a única finalidade desta pena é
compelir o devedor ao cumprimento e por isso ao contrário da primeira modalidade que
vimos a pena vai ser devida mesmo que não haja dano (mesmo que seja 0) haverá direito
à pena pois o objetivo desta é compelir o devedor ao cumprimento.
Porém exige-se que haja culpa pois sem culpa não faz sentido que haja indemnização.
Esta cláusula penal não está consagrada no CC no entanto considera-se válida ao abrigo
da liberdade contratual.

-Cláusula penal em sentido estrito – neste caso a pena substitui a indemnização não
porque seja a própria indemnização mas porque satisfaz por outra via o interesse do
credor.
Substitui a indemnização mas não é a própria indemnização e por isso ao contrário da
primeira modalidade o credor pode optar pela pena ou indemnização (por uma ou outra).
Por isso também a pena é exigível mesmo que não haja danos.
Esta modalidade de cláusula penal também não está prevista no CC mas mais uma vez
considera-se válida ao abrigo da liberdade contratual (405).

No CC apenas está prevista a primeira modalidade de cláusula porém o artigo 812 do CC.
Artigo 812.º
(Redução equitativa da cláusula penal)
TEXTO
1 - A cláusula penal pode ser reduzida pelo tribunal, de acordo com a equidade, quando
for manifestamente excessiva, ainda que por causa superveniente; é nula qualquer
estipulação em contrário.
3- É admitida a redução nas mesmas circunstâncias, se a obrigação tiver sido
parcialmente cumprida.

- Então entende-se que isto é aplicável a todas as cláusulas penais extraindo daqui um
princípio mais amplo.

Vamos passar a outra matéria.

Ineficácia nuclear do negócio jurídico.

Isto não é matéria desconhecida mas sim sistematização de conhecimentos que já


invocámos:

-O negócio jurídico é ineficaz quando não produz efeitos.


Esta ineficácia pode dividir-se em (a ineficácia em sentido amplo divide-se):
 Ineficácia em sentido próprio ou em sentido estrito – falamos disto quando o
negócio jurídico não produz efeitos por força de uma circunstância externa que
integra a situação complexa produtora de efeitos jurídicos ou pendente à produção
de efeitos jurídicos.
 Invalidade (o negócio não produz efeitos por força de uma deficiência intrínseca,
de uma falha de um elemento essencial e interno desse negócio)
A invalidade é absoluta (o negócio ou é válido ou inválido)
A ineficácia em sentido estrito pode ser:
-Absoluta (pode ser invocada por todos os interessados (opera erga omnes)
-Relativa (quando é ineficaz em relação a um determinado sujeito)

Ex.: negócio celebrado sobre condição suspensiva onde o acontecimento não se verificou
(ineficácia absoluta)
Ex.: Negócio celebrado por representante celebrado sem representação (ineficácia
relativa) – é ineficaz, mas apenas em relação ao representante.

No que diz respeito á validade sabemos que pode ser:


-Nulidade (corresponde normalmente a casos mais graves e isso repercute-se a nível de
regime jurídico)
-Anulabilidade
Diferentes:
Negócios nulos:
-Pode ser invocado por qualquer interessado
-Invocada a qualquer tempo
-É de conhecimento oficioso
-Não é sanável
Negócios anuláveis
-Pode ser invocada por aqueles no qual o interesse pela qual foi produzida
-Pode ser invocada num determinado período de tempo (ou estabelecido especificamente
ou no geral 1 ano a contar do conhecimento do vício)
-Não é de conhecimento oficioso (tem de ser invocada)

-Pode ser sanável (pelo percurso do tempo ou por confirmação)

AO contrário do que se diz o negócio nulo ainda pode produzir alguns efeitos.
Quais são os efeitos que o negócio nulo pode produzir?

-Desde logo determinados efeitos putativos que a lei reconhece.

-Todas aquelas situações que analisamos em proteção de 3ºs (A vendeu a B automóvel e


B não registou e B vendeu a C e é venda de coisa alheia, mas para todos os efeitos
protegemos C que registou de boa fé) – passou 3 anos da negociação, etc.)

-Há outros efeitos que o negócio nulo pode fazer (efeitos resultantes da redução e
conversão dos negócios jurídicos) – vamos ver no final desta aula ou no início da próxima
aula.

isto para dizer que ainda estes fazem efeitos e estes efeitos residuais que ele próprio pode
produzir levou a doutrina a autonomizar outra categoria que é:

-Inexistência – primeira vez pensado no ordenamento jurídico francês no caso do


casamento- na altura esta existia para dar resposta aos casos que não estavam na lei em
casamentos com pessoas do mesmo sexo ou casamento sem consentimento de um.
Estas situações não estavam na lei e a lei determinava que só seriam nulos o casamentos
previstos na lei e essas eram hipóteses de inexistência.

Depois esse conceito foi alargado a outras coisas para além do direito patrimonial.

O que podemos dizer sobre a inexistência hoje em dia?


Há forte controvérsia na doutrina e nem todos os autores aceitam a categoria da
inexistência como categoria autónoma.
Á professora tem boas razões para a aceitar:

-Há situações particularmente graves relativamente às quais existe a aparência de


existência de um determinado negócio jurídico, mas verdadeiramente não passa de uma
aparência e a realidade não corresponde a essa e há determinadas situações em que
falha o elemento essencial do negócio jurídico porque a sua existência não é corporizada
por uma materialidade existente (falta um corpus minimus para poder falar de negócio
jurídico).

Esta inexistência não é material (ex.: faltou declaração negocial que aí é inexistência
material) esta inexistência jurídica em que falta de tal forma elementos essenciais para não
haver corpus minimus de um negócio jurídico.
É importante falar por tratar de situações graves e por saber que os negócios nulos ainda
produzem alguns efeitos.
Então situações em que fomos autonomizando que corresponde a estes casos de
inexistência:

-Coação física ou coação absoluta

-Declarações não sérias

-Declarações sobre nome de outrem (A celebra contrato como B)

Embora estas hipóteses correspondendo segundo alguns autores como falta de


consciência de declaração que corresponderiam a inexistência para outros seria falta de
representação que daria aso a ineficácia.
Estas situações de inexistências são gravosas na sua parte mas esta inexistência tem
consequências gravosas também.

(A vende a B e B vende a C nesta situação, se o negócio for inexistente deixa de haver


esta proteção sequer e, portanto, conduz a estes resultados gravosos e daí apenas
devemos usar a inexistência em situações residuais que justifiquem este uso).

Quer a nulidade como a anulabilidade têm eficácia retroativo – isto significa que para lá de
os efeitos laterias e residuais que os negócios inválidos podem produzir todos os efeitos
do negócios são destruídos (289 do CC)
O ordenamento jurídico perante esta repristinação restabelece a situação de status quo
ante ou seja, apagamos tudo como se o negócio nunca tivesse acontecido.

Significa isto que perante a invalidade do negócio vai constituir-se uma relação jurídica que
é uma relação jurídica de liquidação.
A chamada relação jurídica de liquidação.

Esta relação jurídica envolve a devolução de tudo quanto haja sido prestado (imaginemos
que contrato compra e venda o A entrega automóvel a B e B paga a A e a devolução é a
relação jurídica inversa. A devolve a B o dinheiro e B devolve a A automóvel).

Isto parece simples mas há determinadas situações em que não é possível ser prestado o
que foi o cumprimento do contrato.
E nessas hipóteses temos de ter atenção.
Quid iuris? Não é possível devolver automóvel porque foi vendido a C e ele é protegido ou
foi destruído num acidente então o que é necessário devolver valor equivalente ao bem.
B não teria de devolver automóvel mas sim valor correspondente a este (resulta do artigo
289 do CC)

Artigo 289.º

(Efeitos da declaração de nulidade e da anulação)


TEXTO
1. Tanto a declaração de nulidade como a anulação do negócio têm efeito retractivo,
devendo ser restituído tudo o que tiver sido prestado ou, se a restituição em espécie não
for possível, o valor correspondente.

2. Tendo alguma das partes alienado gratuitamente coisa que devesse restituir, e não
podendo tornar-se efetiva contra o alienante a restituição do valor dela, fica o adquirente
obrigado em lugar daquele, mas só na medida do seu enriquecimento.

3. É aplicável em qualquer dos casos previstos nos números anteriores, diretamente ou por
analogia, o disposto nos artigos 1269.º e seguintes.
Este artigo ainda nos diz no nº2 e, portanto, temos que compatibilizar a solução do 289
com as soluções do artigo 1269 do CC.

Artigo 1269.º

(Perda ou deterioração da coisa)


TEXTO
O possuidor de boa fé só responde pela perda ou deterioração da coisa se tiver procedido
com culpa.

Havendo culpa terá de responder.

2ª regra – aquele que estiver de boa fé pode fazer seus os frutos naturais (aquilo que o
bem produz) e os frutos civis (isto são por exemplo os juros ou as rendas) que tenha
recebido até ao momento em que sabe que tem de devolver aquele bem.

Há determinadas situações em que esta eficácia retroativa parece perder-se (ex.: A e B


celebram negócio (contrato de arrendamento (A senhorio, B arrendatário) o negócio é nulo
e eficácia retroativa tem que se devolver tudo o que foi prestado com o negócio.
O senhorio tem que devolver a B as rendas e o B tem que devolver a A o gozo da coisa
mas como é que ele faz isso? Não devolve.
Não podendo tem que devolve o equivalente ao gozo da coisa que são as próprias rendas
e portanto aqui aufere-se uma compensação e não se dá a ninguém.
Aparentemente perdeu-se eficácia retroativa mas apenas aparentemente porque se perde
em função deste âmbito da liquidação.

Outro problema é o do valor a restituir quando não seja possível a devolução da coisa (ex.:
A vende a B automóvel e o negócio é nulo e já vimos que o A tem que devolver a B o
preço e o B têm que devolver a A o automóvel. Imaginemos que o automóvel não existia a
regra é que tem que devolver o valor equivalente, mas qual é esse. Vamos ter em conta o
valor do bem no momento da celebração do contrato ou no momento da devolução
assumindo que é completamente diferente e se pensarmos nos imóveis o valor é diferente
(se bem que no primeiro normalmente ele diminuiu e no imóvel aumentou).
Temos que ter em conta qual momento?
 Parece que a Melhor solução é nós considerarmos que deve haver atualização do
valor do preço de acordo com a inflação ou não? Essa é a questão. – Vamos ter
que ter em conta a atualização do valor correspondente à coisa e temos de ter em
conta a valorização do mesmo.
 Outra questão (imaginemos que A fez obras no imóvel e hoje vale mais que no
momento da aquisição (2º tipo de atualização) – neste caso estamos perante as
bem feitorias e de acordo com o artigo 1262 a bem feitoria, se estiver de boa fé,
pertencem ao próprio e não vamos ter em conta esse valor.
 3º problema – hoje em dia independentemente do imóvel o próprio valor do
dinheiro é diferente daquele que existia no momento 1.
Temos dois tipos de atualização?
-Valor no momento 1 ou momento 2 (com a inflação)
-Bem feitoria
-Valor do dinheiro

Tal como combinado vamos terminar rapidamente o programa e depois casos práticos
(preciso de ir a Viseu e depois Aveiro por isso não vai haver casos práticos)

No caso de uma assinatura falsa num documento temos das duas uma dependendo dos
autores (não vou escrever porque a matéria vai começar, mas é entre inexistência e
ineficácia)

Vimos que os negócios inválidos vêm os seus efeitos destruídos por força da nulidade ou
anulabilidade.
Vimos que o negócio nulo pode produzir determinados efeitos e a anulabilidade também.
Entre esses efeitos jurídicos constam daqueles que constam ou da redução do negócio ou
da conversão do negócio jurídico.

Falámos já destes dois algumas vezes (redução e conversão do negócio jurídico)


Hoje vamos analisar mais aprofundadamente estes institutos.

A redução (prevista no artigo 292 do CC) e ela opera quando nós estamos diante negócios
parcialmente inválidos.
Não é todo o negócio que é inválido mas apenas parte dele.

Se só parte do negócio é inválido vamos tentar aproveitar o restante conteúdo do negócio


e vamos dividir o negócio para aproveitar o conteúdo que resta e que não sofre de
invalidade.
O princípio adjacente aqui é o da conservação dos negócios jurídicos.

O legislador parte de duas ideias fundamentais:


-O primeira ideia é este da conservação do negócio jurídico (vamos tentar salvaguardar o
negócio até ao limite)
-A outra é a ideia de divisibilidade do negócio jurídico (o negócio jurídico mesmo sendo
unitário pode ser um bloco que pode ser dividido)

Perante estas ideias,, perante um negócio parcialmente inválido partindo desta suposição
de divisibilidade do negócio e tentando salvaguardar o máximo o negócio jurídico permite-
se a redução do negócio.
Expurga-se o inválido e fica o válido.

E por isso o contraente que se opuser à redução é que vai ter que vir provar que sem
aquela parte eliminada não teria formado negócio jurídico ou seja, é o contraente que se
opõe à redução que tem de vir provar a chamada vontade hipotético-conjetural (a vontade
que teria tido se soubesse que o negócio apenas valeria pela metade.
Mesmo se provando esta vontade hipotético-conjetural é possível que haja situações em
que a redução tem lugar obrigatoriamente;

1ª situação – (a chamada redução teleológica que não tem nada a haver com a redução
teleológica que falamos em IADI sobre a interpretação) sempre que a invalidade parcial
resulta da violação de uma norma que se destina a proteger uma parte contra a outra.
Prende-se que se esta invalidade resultou da violação de uma parte que violou uma norma
que visava proteger a outra.
2ª situação – sempre que a boa fé o imponha e esta é uma solução que está de acordo
com aquilo que estudámos em matéria de integração do negócio jurídico porque nesta
integração também recorremos à vontade hipotético conjetural das partes exceto quando a
boa fé a contrariar sendo que aí ela prevalece.
3ª situação – nos contratos de adesão – quando haja violação de certas normas,
determinadas clausulas envolverem violação de determinadas normas por questões de
proteção do consumidor a redução será obrigatória.

No caso da conversão não estamos perante um negócio parcialmente inválido mas sim
aqui o negócio é totalmente inválido (totalmente nulo ou nos negócios ineficazes até se
tem chegado à conclusão que é aplicável).
Não se pode aproveitar partes nenhumas então vamos reconstituir através dos elementos
do negócio jurídico inválido um outro negócio jurídico aproveitando o material do negócio
inválido.
Que outro negócio jurídicos? O negócio jurídico cujo o objetivo, embora de forma mais
precária, se aproxime daquilo que as partes tinham em vistas quando celebraram o
contrato
(ex.. estamos perante um contrato de compra e venda de um imóvel e é nulo por vício de
foram e é totalmente nulo mas podemos convertê-lo num contrato de promessa de compra
e venda e o resultado final no final será semelhante ao contrato de compra e venda
embora de forma mais precária).

Relativamente a esta conversão temos 2 conceções na doutrina:


-Conceção dualista- que olha para a conversão no sentido de se transformar o primeiro
negócio num segundo negócio através de um aproveitamento de alguns elementos do
primeiro.
-Perspetiva monista(defendida pelo Prof. Menezes Cordeiro) onde há apenas um negócio
jurídico – há apenas um negócio jurídico, mas verifica-se uma falha que impede a
produção desses efeitos jurídicos e portanto vamos interpretar esse negócio jurídico de
modo a fazer dele uma leitura sistemática que permita a que ele se integre validamente no
ordenamento e que seja aproveitado embora também através de um efeito mais precário.

Ex.: de redução: A vende a B um terreno com 500 m quadrados, mais tarde descobre-se
que apenas 250 m2 pertenciam a A e outros 250 a outro. Neste caso a venda dos 250m2
corresponde a uma falha que é nula, mas há uma parte do terreno que podia ser vendida
então o que fazemos é reduzir o negócio jurídico.
Mesmo para terminar vamos falar de outros 4 conceitos.
Vimos que as invalidades determinam a não produção de efeitos jurídicos assim como a
ineficácia.
Também vimos que há formas de fazer cessar os efeitos jurídicos que pressupõem que
esse negócio foi validamente executado:
Nem sempre esses 4 conceitos são usados com total propriedade pelo legislador e nem
sempre aplicados muito corretamente pelo legislador havendo várias clivagens
terminológicas tendo em conta a legislação avulsa relativa a diretivas e portanto nem
sempre é fácil fazer uma cisão clara mas vamos tentar ao menos distingui-las:

-Resolução- implica também o ponto final da produção de efeitos jurídicos e tem como
fundamento ou facto previsto nas leis ou uma convenção das partes. Os efeitos desta
estão previstos nos artigos 433 e SS. E em alguns pontos estes efeitos equiparam-se aos
efeitos da nulidade e anulabilidade, ou seja, tem eficácia retroativa.
-Revogação- implica a cessação dos efeitos do negócio jurídico que produz efeitos apenas
para o futuro, ou seja, o efeito que o negócio produziu até o momento é tranquilo. Este
efeito pode existir quando a lei estabeleça esse efeito ou quando haja um acordo entre as
partes nesse sentido.
-Caducidade- esta opera também apenas para o futuro e pressupõe a verificação de um
facto a que a lei atribui eficácia distintiva (ex.: A morte de um determinado sujeito num
determinado contrato pode determinar a eficácia extintiva do contrato – ele caduca)
-Denúncia- traduz-se numa faculdade que um contraente tem de através de uma simples
declaração fazer cessar os efeitos do negócio. Em muitos casos basta esta declaração e
nem é necessário fundamentar a declaração (denuncia ad nutum).
Esta figura é importante nos contratos de duração indeterminada e há determinados
contratos que se estabelecem com esta duração e a vinculação perpétua constituiria uma
limitação à liberdade contratual porque não seria aceitável exceto em situações
excecionais.
Portanto admite-se que em situações um dos contraentes ou os dois consiga cessar os
efeitos do contrato com esse aviso.

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