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-As provas foram difíceis e exigentes achámos mas a professora acha que isso é necessário
para tornar esses momentos sérios e tornar o estudo uma coisa conveniente para a formação
de conhecimento do resto do direito.
TGDC é exigente para evitar lacunas nas outras áreas.
-Essa exigente não significa que seja inultrapassável e para ultrapassar é preciso saber estudar
sem ser por sebentas com erros, etc.; há uma formação de ideias erradas; é aconselhado uma
revisão periódica para o estudo, ver aulas práticas, etc. interiorizando os conteúdos das aulas
para formar dúvidas mais do que tudo até para as esclarecer a tempo e não nas épocas de
avaliação.
TGDC II…
Começámos TGDC I por tentar definir do DC quer por um ponto de vista sistemático, como
material e deparámo-nos com vários direitos fundamentais que nos permitiu entender e
depois analisámos a relação jurídica e elementos;
-Objeto (não nos vai ocupar muito tempo e o plano é que hoje isto fique estudado)
-Facto jurídico (vais nos acompanhar até ao final do ano letivo pois percebendo o que +e isto e
os tipos que existem vamos mergulhar num específico que é o negócio jurídico e é este que
nos vai ocupar todo o nosso tempo)
Apontamentos das aulas teóricas e práticas e eventualmente se necessário pode haver uma
complementar, mas estudando as lições temos aí toda essa matéria.
As aulas nos mesmos moldes mantendo a plataforma online para as várias razões e não é
preciso avisar se estamos positivos, etc…
As aulas práticas são dadas pelo Dr. Pedro e pela própria Dr. Mafalda e o tempo parece
controlado e não como no último semestre, mas não quer dizer que eventualmente não se
possa pedir uma extensão, mas isso não será a regra.
Na próxima terça-feira provavelmente não haverá aulas por tolerância de ponto (carnaval),
mas vamos ver.
Aula teórica às 14:30 nesta sexta apenas.
Comecemos…
O Objeto da relação jurídica é aquilo sobre o que ela incide ou mais precisamente é aquilo
sobre o que incide o direito titulado pelo sujeito ativo da relação jurídica.
Ou seja, falar entre objeto da relação ou objeto do direito subjetivo do direito ativo é o mesmo
e por vezes faz-se distinção entre objeto:
-Imediato
-Mediato
A diferenciação passa por saber se estes ditos poderes do titular ativo incidem sobre aquele de
uma forma direta ou indireta e temos de ver se os ditos poderes que caracterizam o direito
subjetivo incidem sobre o bem de forma direta ou indireta.
Esta distinção não é particularmente importante sobretudo por que só faz sentido por
referência aos direitos de crédito que impliquem uma prestação de coisa certa.
Imaginemos, se estivermos a falar de direitos reais; é um direito direto sobre a coisa e não faz
sentido falar sobre objetivo mediato ou imediato e o objeto é só um.
Se falarmos de direito de crédito que A tem relativamente a B no sentido em que B é obrigado
a cantar num espetáculo neste caso temos apenas um objeto que é a prestação a que B se
vincula e não faz sentido distinguir objeto mediato e imediato mas se estivermos a pensar por
exemplo no direito que A tem à entrega de uma coisa podemos distinguir dois objetos
(imediato- prestação; mediato- a coisa que vai ser entregue)
Nota: podemos ter diferentes objetos para a relação jurídica consoante o tipo de relação
jurídica que existe (se lermos o art.º 202 do CC – dá-nos a definição de coisa.)
Ao que parece se lermos este artigo que o objeto da relação jurídica é uma coisa e sempre
uma coisa, mas a verdade é que este artigo tem uma redação infeliz porque existe mais
objetos para além das coisas e vamos ver aliás o que é uma coisa para o direito afinal.
-As pessoas (direitos funcionais ou poderes-deveres, mas sabemos que isto não correspondem
a uma objetivação do sujeito e não tiramos humanidade a estas pessoas, mas sim para
salvaguardar estes)
-As prestações (as prestações traduzem-se num comportamento a que alguém se vinculou que
pode ser um comportamento ativo ou passivo (uma ação ou uma omissão). Os direitos objetos
das prestações são os direitos de crédito (artigo 397 do CC- Obrigação é o vínculo jurídico por
virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação.)
-As coisas (o artigo 202 do CC define coisa, mas percebemos que esta noção é muito
infeliz porque faz equivaler a coisa a qualquer objeto da relação jurídica e não ao bem – a
coisa para o direito do ponto de vista jurídico não tem o mesmo significado de coisa da
linguagem corrente (ex.: para o direito a eletricidade é uma coisa (mesmo que incorpórea)
mas na linguagem corrente as pessoas diriam que não). Curiosamente isto gerou um
problema interessante no passado e no direito penal existe um crime de furto (subtração
de coisa alheia com o fim dela se apropriar e na altura era muito comum o desvio de
eletricidade e colocava-se a questão de saber se poderíamos ou não punir aquele sujeito
através da sanção própria do crime de furto e se estávamos perante esse subtração de
coisa alheia por essas definições de coisa (para o direito coisa é qualquer bem de caráter
estático, desprovido de personalidade e não integradora do conteúdo dessa personalidade
que seja suscetível de constituir objeto de relações jurídicas).
Para estarmos perante uma coisa temos de perante um bem de caráter estático (para
distinguir das prestações que têm caráter dinâmico); não podem ter personalidade nem
constituir tal personalidade e têm de ser suscetíveis de constituir relações jurídico e isso
preciso de 3 requisitos:
Existência autónoma ou separada (se não houver esse tipo não se pode falar em
coisa e quando muito em parte integrante (ex.: se tivermos um tijolo o tijolo é uma
coisa, mas se estiver incorporado numa casa é uma parte integrante).
Tem que haver possibilidade de apropriação exclusiva (o mar não é uma coisa
porque não é suscetível de apropriação exclusiva – não se exige que seja
efetivamente apropriado (existem os chamados res nullius – e é uma coisa que
não pertence a ninguém)
Tem que se mostrar apto a satisfazer necessidades humanas e por isso se
costuma dar o exemplo que um grão de areia que retiramos do areal da praia não
é possível ser considerado uma coisa porque não consegue satisfazer
necessidade humanos.
Dentro das coisas podemos encontrar diversas classificações (ver artigo 203 do
CC)
As coisas são imóveis ou móveis, simples ou compostas, fungíveis ou não fungíveis,
consumíveis ou não consumíveis, divisíveis ou indivisíveis, principais ou acessórias,
presentes ou futuras.
-Outro tipo de objeto, os próprios direitos (podemos ter direitos sobre próprios direitos (ex.:
penhor de créditos).
-e por último, desde 2017, podemos ter outro objeto que são os animais – desde 2017
porque antes daí havia animais só que eram considerados coisas e não se
autonomizavam deste objeto e a partir daí deixam de ser considerados coisas e temos o
artigo 201-B, C e D a regular os animais.
e aqui são considerados ser vivos, dotados de sensibilidade e objetos de proteção jurídica
em virtude da sua natureza.
São distinguidos das coisas mas se virmos os 201-D com hipocrisia jurídica aplicar aos
animais a legislação de direitos da coisa com as devidas adaptações.
-Podemos falar de património como o conjunto das relações jurídicas ativas avaliáveis em
dinheiro de que um sujeito é titular (se falarmos assim estamos a olhar para o ativo
(direitos de natureza matrimonial de que é titular (falamos assim de património ilíquido)).
Olhamos apenas para o ativo.
-Podemos falar de património líquido (aqui comtemplamos todas as relações avaliáveis em
dinheiro de que um sujeito é titular ativo e vou descontar as relações jurídicas avaliáveis
em dinheiro em que é passivo (ativo- passivo dando resultado líquido)
No artigo 2070:
Artigo 2070.º
(Preferências)
TEXTO
1. Os credores da herança e os legatários gozam de preferência sobre os credores
pessoais do herdeiro, e os primeiros sobre os segundos.
2. Os encargos da herança são satisfeitos segundo a ordem por que vêm indicados no
artigo 2068.º
3. As preferências mantêm-se nos cinco anos subsequentes à abertura da sucessão ou à
constituição da dívida, se esta é posterior, ainda que a herança tenha sido partilhada; e
prevalecem mesmo quando algum credor preterido tenha adquirido garantia real sobre os
bens hereditários.
Este diz-nos que se o próprio herdeiro tiver dívidas esses credores serão pagos com os
bens da herança depois de satisfeitos todos os encargos da herança. Mesmo que o
herdeiro seja devedor só pode utilizar os bens da herança para pagar aos seus devedores
depois de satisfeitos os encargos das heranças e temos outra nota da autonomia
patrimonial da herança. Naturalmente se o herdeiro herdar um imóvel de 100.000 euros e
dever 200.000 ele pode não querer dar o imóvel mas pagar os 100.000 euros do próprio
herdeiro.
Capítulo do facto jurídico- hoje apresentamos apenas isto num apanhado geral
O que é um facto jurídico? É aquilo que faz nascer a relação jurídica, de onde provém esta
relação e de onde emerge e faz nascer.
Há determinados factos que são irrelevantes para o direito e se o facto é jurídico é
relevante para o direito, também pode modifica-la ou extingui-la.
Sobre esta ideia de ter factos irrelevantes para o direito temos de ter cautela porque
estamos longe do positivismo onde o legislador define o direito e hoje em dia depende.
Imaginemos um convite para jantar a priori e´irrelevante mas pode levar a que haja uma
responsabilidade pela confiança dependendo do caso. (ex.: A convida B para ir passear
numa montanha gélida e arriscada em princípio é irrelevante mas se A sabia que B tinha
uma condição de saúde, vertigens etc. pode ser relevante.)
Um aspeto, os simples atos jurídicos não se confundem com os negócios mas temos de
ter atenção ao que determina o 295 do CC.
~
Artigo 295.º
(Disposições reguladoras)
TEXTO
Aos atos jurídicos que não sejam negócios jurídicos são aplicáveis, na medida em que a
analogia das situações o justifique, as disposições do capítulo precedente.
O capítulo precedente é aquele que diz respeito ao negócio jurídico as disposições
relativas a este dentro daquilo que a analogia permitir ser aplicada aos simples atos
jurídicas sendo mais forte nos quase negócios jurídicos do que nas materiais.
-Involuntários -A morte e o nascimento são factos naturais mas fazem emergir relações
jurídicas e se juridicamente relevantes e involuntários
Não temos aula na terça mas a aula vai ser ás 14:30 still
Vamos parar e ver que o negócio jurídico e focar neste por duas razões:
-A multiplicidade de negócios jurídicos que se celebram no dia a dia e é incortonável um
jurista saber lidar com estes
-As regras próprias do negócio jurídico se aplicam com as devidas adaptações e sempre
que a analogia assim o permita aos simples atos jurídicos.
-Assim teríamos a teoria dos efeitos práticos nisso destes efeitos práticos (hoje voltamos
aquela primeira fase do semestre em que criticamos todos) Esta teoria não pode ser aceite
porque se defendemos que o negócio jurídico é um ato voluntário que se dirige à produção
de efeitos práticos não conseguimos distinguir o negócio jurídico de outros acordos da vida
social que não têm esse caráter de negócio jurídico designadamente não vamos conseguir
distinguir o negócio jurídico dos chamados negócios de pura ou mera obsequiosidade nem
dos acordos de cavalheiros (gentlemen agreement).
O que será um negócio de pura obsequiosidade? Um deste traduz-se numa combinação
da vida social à qual é estranho o intuito de criar, modificar ou extinguir um vínculo jurídico
(ex.: são combinações próprias da vida social das quais não uma intenção de vinculação
jurídico – o famoso convite para jantar, ir ao cinema, passar o fim de semana em algum
lado) – nenhuma das partes quer ficar vinculadas juridicamente.
O que são os acordos de cavalheiro (são promessas sobre matéria que normalmente é
objeto de negócios jurídicos mas que naquele caso concreto estão desprovidas da
intenção de criar um negócio jurídico) que é comprovado conforme interpretação que
vamos dar. Os gentlemen agreement aparecem muitas vezes na prática comercial e
vamos ver em direito comercial sobre a forma de carta de conforto (um empresário precisa
de crédito do banco e o banco tem algumas reticências e vai haver uma sociedade que vai
fazer vouch por ele sobre carta de conforto e há vários graus entre baixo, médio e forte; a
forte tem uma vinculação mas a baixa não e é esse agreement.
Isto é mais simples na teoria do que na prática e como perguntei é difícil essa
interpretação e ver se houve ou não intenção; segundo, porque muitas vezes mesmo
aqueles negócio de pura obsequiosidade podem ter alguma vinculação jurídica e quando
demos sobre o princípio de confiança vimos que havia essa possibilidade e então a
juridicidade e relevância jurídica é mais ampla que a vinculacidade relacional mas tem
também consequências mais graves. Como terceiro problema trata-se de saber se os
sujeitos podem mesmo descaracterizar um tal negócio jurídico (se podem alcançar os
efeitos práticos desse negócio sem se vincular a ele).
O que nos interessa é que além de saber o que são esses negócios de pura tal e acordos
de cavalheiro é saber que estes são todos motivos para negar esta teoria dos efeitos
práticos.
-Sendo assim, há autores que propõem uma teoria superador que é a teoria dos efeitos
prático-jurídicos. Esta teoria diz-nos que a declaração negocial que integra um negócio
visa produzir determinados efeitos práticos que as partes querem que sejam juridicamente
vinculantes. Portanto a vontade dirige-se à realização de efeitos práticos e a estes
associam-se efeitos irídicos.
Esta teoria parece ter algumas limitações:
-1º- não permite explicar todas as situações em que os sujeitos pretendem excluir a
vinculatividade negocial designadamente naquelas situações em que o legislador
disciplinou um determinado tipo contratual (um regime de contrato que é um tipo de
negócio jurídico) mas as partes celebram um determinado acordo que se encaixa naquele
esquema negocial que foi disciplinado pelo legislador e a´te pode ter sido disciplinado por
pormenor pelo legislador e aqui as partes pretendem excluir a vinculatividade negocial e se
podem ou não fazê-lo. Se dissermos que sim não explica como é que desencadeiam
efeitos práticos que automaticamente desencadeiam efeitos jurídicos e com este critério
não conseguimos saber e precisamos de uma solução.
-Alguns autores tentaram apresentar uma solução superadora e ofereceram uma noção de
contrato como uma forma de autorregulação de interesses que eram estabelecidas pelas
partes que depois comunicaria essa vontade. O problema dessa visão é que é uma visão
que bebe influência do pensamento positivista designadamente bebe influência de um
autor que se chama Kelsen porque este autor entende que o direito funciona como uma
ordem composta apenas por normas e tem uma visão escalonada do ordenamento jurídico
(em escala) – teria de ter uma norma superior a autorizar uma norma inferior. Então o
contrato firmaria precisamente uma regulação normativa configurada pelas normas mas
aquilo que legitimaria o contraria era um norma superior que autorizaria que o contrato
fosse celebrado nesses termos.
O problema dessa conceção como qualquer conceção positivista conduz-nos ao
formalismo – deixamos de ter em conta os fundamentos axiológicos desse mesmo
contrato.
Qual é o fundamento último do contrato então? A autonomia privada do sujeito. Senão
queremos ficar presos a essa visão positivista e formalista temos de procurar qual esse
pilar do contrato que é da autonomia privada.
Devemos compreender o negócio jurídico como um instrumento de exercício da autonomia
privada e este autonomia já não é autonomia do indivíduo mas sim autonomia da pessoa e
por isso só se tutelam manifestações da vontade que sejam eticamente valiosas. Por outro
lado, se na base do reconhecimento desta autonomia está a pessoa e não o indivíduo
significa que ao estabelecer-se este acordo/vinculação vamos ter de fazer intervir uma
ideia de confiança e uma ideia de boa fé.
É esta ideia de boa fé e confiança que nos pode ajudar no caso concreto a determinar se
existe ou não vinculação e se se pode ou não retirar a vinculatividade e muitas vezes não
se poderá. (se o legislador cria a tutela para proteger a parte mais fraca não se deve tirar).
Isto significa que os sujeitos pretendem de facto produzir determinados efeitos práticos,
mas porque a vontade de os produzir é a vontade da pessoa e não a vontade do indivíduo
aceitam determinados efeitos que ultrapassam a sua previsão inicial. (as pessoas querem
produzir x efeitos práticos e fazendo produzem-se efeitos jurídicos que muitas vezes
ultrapassam os efeitos práticos para além do previsto e tem de ser aceite pela pessoa por
ser pessoa e não indivíduo.
A partir deste momento sabemos o que é um negócio jurídico, mas precisamos de saber
que tipo de negócios jurídicos – classificação dos negócios jurídicos.
Recapitulando começamos por definir o que era o negócio jurídico e como compreendê-lo
tendo em conta as perspetivas diferentes que existiam.
Depois definimos a definição que seguimos e começa-mos por dar as várias modalidades.
Demos uma (os unilaterais (os recetícios e os não) e os contratos (bilaterais) entre uni e
bilaterais.
Em regra, para que haja um negócio jurídico o que é necessário? Declarações de vontade.
Já sabemos que no caso dos contratos é necessário um proposta e uma aceitação e
convergem num ponto de consenso.
Esta é a regra e por isso maior parte dos negócios são negócios consensuais quanto à sua
constituição (consideram-se perfeitos com as declarações de vontade.
(depois vamos estudar a perfeição do negócio jurídico e quando acontece mas ficamos
com a ideia que para serem perfeitos é preciso a declaração de vontade)
E depois há os negócios solenes ou formais que seguem uma estrutura predefinida da lei
para que se aperfeiçoem.
Há porém outros negócios que são considerados reais quanto à constituição – são
negócios para cuja perfeição é necessário que exista para além das declarações de
vontade, a prática de um ato material.
Estes negócios reais quanto à constituição são a exceção
Notas.: a maioria dos autores mostram-se profundamente crítico quanto à existência deste
e entendem que esta figura configuraria um restício da tradição do direito romano. Algo
que tinha ficado do DR que era caracterizado por um formalismo maior do que existe hoje
e hoje não teira grande sentido.
Isto com duas exceções. Encontram razão de ser para esta exigência no caso do penhor e
no caso da tal doação bla bla bla.
No caso do penhor exige esse ato material da coisa como uma forma de dar publicidade
ao penhor
No caso da doação de coisas móveis que não seja feita por escrito seria uma forma de
consciencializar o doador do ato que estava a praticar e do perigo que poderia configurar
para o seu património.
Essas seriam as exceções e em todas as outras hipóteses não haveria razão para a
existência do ato material de entrega para acontecer o negócio.
Ex.: A resolve viajar para o estrangeiro e uns dias antes da viagem perguntou se podia
deixar o seu automóvel na garagem que explorava comercialmente B, B disse que sim
mas a verdade é que foi ara o estrangeiro e acabou por não deixar o automóvel.
Hoje B exige o pagamento do que foi acordado e A diz que não paga nada porque não
celebrou qualquer contrato.
Aqui estaria em causa o contrato de depósito e se fosse um contrato consensual haveria
contrato com as declarações de vontade e aí A pagaria alguma coisa a B. Sendo um
contrato real quanto à constituição só se considera efetivamente celebrado com o ato
material de entrega e só se A deixa-se o automóvel na garagem de B era considerado o
contrato celebrado.
1º solução – dizer que o contrato é um contrato real quanto à constituição, este contrato é
um contrato nulo por falta de entrega da coisa. O que fazemos ao contrato nulo é convertê-
lo num contrato de promessa de deposito. (duas notas: vamos estudar mais tarde a
matéria da conversão, a conversão transforma o negócio nulo para um contrato que
cumpre a intenção mas de forma mais precária)
A vantagem deste contrato de promessa é que pode ser suscetível de execução específica
(isto traduz-se numa ação que é proposta num tribunal e a sentença favorável do tribunal
vai no fundo funcionar como a declaração negocial faltosa (tinham celebrado o contrato de
promessa de depósito e A viaja sem depositar contrato e não celebrou o contrato e essa
sentença vai fazer cumprir o contrato de negócio e A teria que pagar)
2º solução /posição – não é necessário converter este negócio num contrato de promessa
porque a liberdade contratual viabiliza a celebração deste negócio como um negócio
consensual e portanto as partes poderiam celebrar aquele negócio como consensual e
podemos considerar aquele negócio como não válido exceto se uma das partes quiser
comprovar que apenas quiserem praticar o negócio como negócio real e nesse caso então
é possível na tal conversão ao negócio num contrato promessa.
Quid iuris? Se o negócio for considerado real quando à constituição e não houver ato de
entrega? Vai depender dos determinados casos e em alguns o que está em causa é a não
celebração do negócio, noutras situações estará em causa um problema de forma e
portanto a consequência será a nulidade do negócio (A hipótese da doação de coisa móvel
que não celebrada por escrito e se não houver a entrega da coisa o negócio deve ser
considerado nulo por vício da norma; no caso do penhor devemos considerado como se
nem fosse celebrado tal negócio).
Outro critério permite distinguir o negócio jurídico pela natureza da relação jurídica que
pode modificar, constituir ou extinguir.
Consoante a natureza da relação jurídica que é constituída, modificada ou extinta
podemos ter diferentes tipos de negócios jurídicos como obrigacionais, familiares,
sucessórios ou reais.
A distinção entre estes tipos de negócios jurídicos é importante porque a amplitude da
liberdade de contratual é diferente conforme a área em que estamos.
Falamos de negócios reais aqui mas falámos no critério anterior sobre negócios real mas
não confusão a fazer entre os vários.
O que falámos anteriormente é os negócios reais quanto à constituição e este que falamos
são negócios reais quanto aos efeitos.
A compra e venda é um negócio real consensual quanto aos efeitos porque vai produzir
um efeito (a transmissão da propriedade). E esta diferenciação é essencial para não
confundir. Daí até ser dito no artigo 408º do CC que a transmissão de propriedade pode
ser feita por mera declaração de vontade. Além de ser obrigacional também naturalmente,
mas o seu tema principal é o da coisa.
Outro critério de distinção é o que permite distinguir os negócios jurídicos tendo em conta
a natureza da relação jurídica que o negócio constitui, modifica ou extingue na perspetiva
de saber se ela pode ou não ser avaliada em dinheiro.
Aqui podemos distinguir dos negócios pessoais dos negócios patrimoniais.
OS pessoais são aqueles que se referem a uma relação jurídica que não é suscetível de
avaliação pecuniária (ex.: o casamento é um contrato (negócio pessoal) e a relação
jurídica que se constitui não é suscetível de se avaliar em dinheiro)
Os onerosos envolvem atribuições patrimoniais para ambas as partes e estas estão unidas
por um nexo de correspetividade. (uma atribuição patrimonial é causa de outra atribuição
patrimonial) (ex.: A dá x porque B paga x) e isto pressupõe que haja um certo equilíbrio
entre as atribuições mas este não tem que ser um equilíbrio objetivo mas sim estabelecido
segundo o critério das partes (e portanto posso vender um computador a um preço abaixo
do que está no mercado e não obstante estou perante um negócio oneroso (seja porque
não sou bom vendedor, preciso de dinheiro, etc..)
Mas temos de ter cuidado porque noutras situações podemos ter o negócio a perder
características de onerosidade (A vende a sobrinho o seu automóvel pelo preço simbólico
de 100 euros e fê-lo porque queria beneficiar o sobrinho e neste caso poderemos ter um
negócio misto ou um negócio que cite as regras do negócio gratuito.
Outra a nota a distinguir é que esta distinção entre negócios onerosos e gratuitos não se
pode confundir entre contratos bilaterais e unilaterais.
Na semana passada distinguimos estes onde os unilaterais era obrigações para um e o
vice-versa. Bilaterais como exemplo compra e venda e unilaterais é doação. Nem todos os
unilaterais são gratuitos e os bilaterais são onerosos.
O mútuo é oneroso porque temos atribuições por ambas as partes que estão unidas por
nexo de correspetividade só que este contrato que é oneroso é simultaneamente um
contrato unilateral porque deste contrato só resulta obrigação para A ( que é de devolução
de capital e pagamentos de juros e o banco não tem obrigação) Não tem obrigação porque
este ato de entrega de dinheiro é um ato de entrega material que faz parte da formação de
negócio e como demos no início estamos num negócio real quanto à constituição.
Temos portanto duas atribuições patrimoniais mas unilateral.
Dentro dos negócios onerosos a maioria dos negócios classificam-se como comutativos,
ou seja, existem as tais duas atribuições patrimoniais que estam unidades por um nexo de
correspetividade. Há no entanto outros negócios que podem ser classificados como
onerosos e que não são comutativos (os chamados de negócios aleatórios.
Nos negócios aleatórios a onerosidade resulta do facto das partes se submeterem a uma
alea (um risco de perder ou ganhar) e podemos ter 3 situações:
-Só existe uma atribuição patrimonial, mas não se sabe qual das partes vai ser onerada
com esta (ex.: o contrato de aposta, ele é oneroso e não temos nenhum ânimo de
liberdade mas não temos duas atribuições de patrimoniais mas um e não sabemos se é A
ou B que ganha a prestação; seja contrato de aposta ou de jogo.)
-Tenho uma prestação que é certa e uma prestação que é incerta (ex.: um contrato de
seguro de responsabilidade civil automóvel (há uma prestação que é certo, o tomador do
seguro tem que pagar o valor correspondente à apólice e a seguradora pode ter que não
ou pagar uma prestação e depende se existe um sinistro que traga um risco para a
seguradora).
-Temos uma prestação certa e outra que é certa mas incerta quanto ao montante (ex.: o
seguro de vida, a prestação que a seguradora vai pagar e vai ter que pagá-la só que é
incerto o montante a pagar porque tudo depende da capitalização que seja feita e
prestações que seja feita por ele tomador do seguro.
Continuando a classificação dos negócios jurídicos
Agora vamos ver o critério do momento da produção dos efeitos jurídicos – se tivermos
isso em conta confrontamo-nos com duas modalidades de negócios (os intervivos (ou
entre vivos) e os mortis causa).
O que distingue estes dois negócios é que os inter vivos produzem efeitos em vida do
declarante e os mortis causa produzem efeitos depois da morte.
Esta noção e distinção é aparentemente simples mas temos de ter algumas cautelas
porque como nos alerta Menezes Cordeiro ao abrigo da liberdade contratual os sujeitos
podem estipular um determinado negócio que vá produzir efeitos depois da morte e no
entanto é um negócio inter vivos (ex.: o seguro de vida, é inter vivos mas produz efeitos
depois da morte (e atribui o montante capitalizado depois da morte) não consideramos um
mortis causa porque em rigor os efeitos do negócio jurídico começam-se a produzir logo e
as partes ficam vinculadas desde logo e vamos ver que nos mortis causa porque os efeitos
se produzem apenas depois da morte esse negócio é revogável até esse momento.
Ex. típico do mortis causa: O testamento – haverá outros negócios mortis causa? Temos o
testamento e entre nós são proibidos os pactos sucessórios e ficamos limitados quanto a
encontrar outros negócios mortis causa porém devemos olhar para o que nos diz o artigo
1700 e temos de ter em contas 2 situações:
-2ª- senão intervém no ato então há liberdade total de revogação e é mortis causa
Então se pensarmos quais são os mortis causa que temos é o testamento e a instituição
de herdeiro ou legatário, feita numa convenção antenupcial por um esposado a favor de
um terceiro sem a sua intervenção.
Poderíamos falar de um pacto sucessório, mas esse é considerado nulo mas pode ser
apresentado como uma disposição testamentária.
Passemos agora a outro critério permite a distinção pelo risco e importância patrimonial de
um negócio – se tivermos em conta isso encontramo-nos numa distinção conhecida:
Ex.: O A comprou com o dinheiro que obteve da venda das maçãs do seu pomar adubo
para poder frutificar as àrvores de novo (negócio de frutificação normal) mas imaginemos
que o A decide com esse dinheiro comprar sementes de pêras para plantar além de maçãs
e temos um negócios de frutificação anormal mas foi com o dinheiro que vem do bem)
Os formais são aqueles relativamente aos quais se exige uma determinada forma.
Os consensuais, não ou não formais podem ser de qualquer forma inclusive verbalmente,
A regra é que os negócios são não formais, não solenes ou consensuais na sua maioria
são assim.
(Nota: o registo não tem nada a haver com a forma e são coisas diferentes)
Depois haverá exceções e vamos ver isso quando estudarmos o problema da forma.
A maioria dos negócios é causal o que quer dizer que não abstraem/não deixam de ter em
consideração a relação jurídica que a constitui e que está na sua base.
Nos abstratos vamos abstrair da relação jurídica que está na base da celebração de um
negócio ou seja a função económica ou social típica da relação jurídica que constitui a
causa do negócio não releva.
Negócios abstratos são por exemplo: A preenche um cheque e quando um preenche
atribui um determinado direito ao portador a um determinado sujeito inscrito no cheque e
quer o cheque, quer a livrança ou a letra podem ser endossados A convenção de cheque
quer dizer que o portador dele chega ao banco e o banco paga a quantia e quem vai
suportar tal é o A titular do cheque.
A passa cheque a B porque lhe devia 20.000 euros e o cheque serve de pagamento e
entretanto o cheque foi endossado a C e C vai ao cheque sacar o cheque e A não pode
recorrer ao C porque o cheque se abstrai da relação jurídica que antes se formou mesmo
se o negócio for nulo agora.
A mesma coisa com as letras e a livrança e a base daquele negócio cartolar só pode ser
invocado nas relação entre A e B e C já está de fora e abstrai da relação jurídica que
causou o negócio jurídico.
mesmo que A invoque qualquer exceção (ex.: estava alcoolizado no momento que contraiu
a dívida não pode aplicar a exceção na relação com C mas apenas com B) Temos uma lei
sobre as letras e livranças e imaginemos que foi feito com má fé, ou o cheque e assinatura
foi mal feito, tinha-se apropriado do título ou tenha violado um princípio normativo aí talvez
pudéssemos invocar algo mas no geral e abstrato não.
tendo um panorama traçado das várias classificações vamos olhar para a formação do
negócio jurídico.
Esta noção que apresentamos de declaração negocial envolve já uma tomada de posição
entre as perspetivas objetivistas e as subjetivistas.
Vamos perceber que a nossa posição é uma posição objetivista embora mitigada porque
embora a vontade seja obviamente essencial por o negócio jurídica seja um ato de
vontade não nos podemos esquecer de um vetor que é a tutela da confiança.
Não vale a pena estar a enunciar todos os problemas que pode estar a dizer ou num
problema objetivista ou subjetivista e ficamos apenas com a ideia que há medida que
estudamos os vários problemas vemos quando somos objetivistas ou subjetivistas.
Esta declaração negocial que estudamos é composta por dois elementos negociais:
-A declaração dita (o comportamento propriamente dito)
São expressas quando feitas por palavras ,por escrito ou por qualquer outro meio
diretamente que manifeste a vontade do sujeito
São tácitas quando a vontade do sujeito se deduz de factos que com toda a
probabilidade a relevem (comportamentos compudentes) (ex.: A pergunta a B se ele
quer compra um chocolate que tem à sua frente por 5 euros e B nada diz ou escreve
mas o B pega num chocolate e começa a comer, aí temos um comportamento
compudente e desse comportamento podemos presumir que ele aceita a proposta
negocial)
Já vimos que as declarações podem ser expressas ou tácitas e temos que ver se o
próprio silêncio pode resolver uma declaração e o 218 diz que em regra o silêncio não
vale como declaração.
O silêncio para o direito é diferente da linguagem comum e não é de fazer barulho (no
exemplo dele comer chocolate sem dizer nada seria silêncio sobre a linguagem
comum mas o silêncio para nós é o nada dizer e nada fazer (a perfeita omissão) e
sendo a perfeita omissão o legislador entendeu que não se deve dar nenhuma
vinculação a esse silêncio e portanto consideramos o silêncio como não valer nada
mas como boa regra que é comporta boas exceções que estão no 218 e há 3
hipóteses de exceção:
1º hipótese – quando esse valor seja atribuído por lei (ex.: o artigo 1054)
2º hipótese - convenção das partes – as partes podem ter acordado que o silêncio vale
como declaração negocial e em caso de silêncio pode significar a aceitação ou recusa
do acordo de vontades mas ao mesmo tempo exige uma convenção das partes em
que atribuem esse valor ao próprio silêncio.
3^hipótese – quando esse valor seja atribuído pelo uso (ex.: dois sujeitos que têm um
historial de celebração de negócios e uma celebração corrente de negócios entre si e é
habitual atribuir ao silêncio valor de declaração negocial)
-Facilita a prova da celebração do contrato e dos termos dos contratos e por isso
muitas vezes a lei não exige a celebração nessa forma mas as partes sim para se
acautelarem (facilitação da prova).
-Autênticos (são exerdados por uma autoridade pública (por um notário) ou alguém
investido nesse papel (no passado seriam os notários hoje em dia podem até alguns
os advogados)
-Autenticados (são elaborados pelas partes mas depois a sua veracidade é verificada
pelo notário)
Estes documentos têm pesos diferentes e portanto o valor probatório deles será
diferente (artigo 371 do CC)
Artigo 371.º
(Força probatória)
TEXTO
1. Os documentos autênticos fazem prova plena dos factos que referem como praticados
pela autoridade ou oficial público respetivo, assim como dos factos que neles são
atestados com base nas perceções da entidade documentadora N; os meros juízos
pessoais do documentador só valem como elementos sujeitos à livre apreciação do
julgador.
2. Se o documento contiver palavras emendadas, truncadas ou escritas sobre rasuras ou
entrelinhas, sem a devida ressalva, determinará o julgador livremente a medida em que os
vícios externos do documento excluem ou reduzem a sua força probatória.
Esta força probatória plena só pode ser afastada na prova da falsidade dos documentos.
Quanto ao documento particular tem o valor probatório de qualquer outra prova e fica
sujeito à livre apreciação do julgador.
(Ex.: A vende a B um terreno e portanto temos a compra e venda de um imóvel que tem de
ser celebrado pro escritura pública ou escrito particular autenticado e combinaram que o
preço seria pago em duas parcelas e no momento em que fazem a escritura pagariam
metade do preço e a outro metade ao fim de dois anos.
O negócio foi formalizada através de uma escritura pública mas no documento de
formalização do negócio não consta este acordo quanto ao modo de pagamento do preço.
Sendo este um negócio solene ou formal esta estipulação verbal deve ou não ser
considerado válido?
O que tem de estar integrado na forma e daí o problema do âmbito e a resposta é nos
oferecida pelo artigo 221 do CC.
Artigo 221.º
(Âmbito da forma legal)
TEXTO
1. As estipulações verbais acessórias anteriores ao documento legalmente exigido para a
declaração negocial, ou contemporâneas dele, são nulas, salvo quando a razão
determinante da forma lhes não seja aplicável e se prove que correspondem à vontade do
autor da declaração.
2. As estipulações posteriores ao documento só estão sujeitas à forma legal prescrita para
a declaração se as razões da exigência especial da lei lhes forem aplicáveis.
Então numa situação como esta o que podemos concluir é que a regra dessas
estipulações acessórias verbais são nulas porque não constam da forma mas podem ser
consideradas válidas e para o serem é necessário que se comprove alguns requisitos:
Quid iuris? Se for violada a forma temos que fazer distinção entre a forma legal e a forma
convencional.
Dentro da forma legal temos que distinguir por seu turno:
-Formalidades ad substantiam (é uma exigência de validade no negócio e portanto nos
termos do artigo 220 do CC a consequência será a nulidade)
Artigo 220.º
(Inobservância da forma legal)
TEXTO
A declaração negocial que careça da forma legalmente prescrita é nula, quando outra não
seja a sanção especialmente prevista na lei.)
-Formalidades ad probationem (neste caso elas não são exigidas como requisito de
validade do negócio e podemos ver isso no artigo 1069 do CC
Artigo 1069.º
Forma
TEXTO
1 - O contrato de arrendamento urbano deve ser celebrado por escrito.
2 - Na falta de redução a escrito do contrato de arrendamento que não seja imputável ao
arrendatário, este pode provar a existência de título por qualquer forma admitida em
direito, demonstrando a utilização do locado pelo arrendatário sem oposição do senhorio e
o pagamento mensal da respetiva renda por um período de seis meses.
Aquele negócio tem de ser celebrado por escrito, mas é uma formalidade ad probationem
e portanto não sendo por escrito terá de provar o contrato através de outras formas.)
Se for a forma convencional em regra a falta da forma depois de estipulada pelas partes
conduz também à nulidade no entanto temos de ter em conta aquilo que dispõe o artigo
223 do CC distinguindo duas situações:
-1º- em que as partes estipularam uma determinada forma antes da celebração do negócio
e aqui presume-se que elas apenas se quiseram vincular por aquela foram e a
consequência será a nulidade.
-2º- não convencionaram antes uma forma e se chegaram a acordo de uma forma e só
convencionaram essa forma depois da celebração do negócio ou no momento em que
estavam a celebrar o negócio e nesta hipótese se houver razões a entender que se
quiseram vincular logo entende que essa forma apenas servirá para consolidar o negócio
(no fundo a finalidade de acautelar perante possíveis litígios futuros).
Retomando o que foi dito vamos tentar perceber qual o momento da perfeição negocial
(quando foi efetivamente concluído)
Pode acontecer que esta declaração não entre na esfera de poder do declaratário mas
seja dele conhecida por outro meio e nesse caso é considerado perfeito. Esta solução
resulta do artigo 224 do CC.
Agora vamos pensar em que termos se considera perfeito um contrato que precisa de uma
proposta e de uma declaração tais que precisam de convergir num ponto de consenso.
Então quando consideramos um contrato efetivamente considerado.
Em teoria temos diversos hipóteses/momentos:
-Podíamos optar pela teoria da emissão (o contrato estava perfeito no momento em que a
resposta contendo a aceitação é emitida) (ex.: A e B estão a negociar a compra e venda
de um automóvel através de carta (A envia carta a B a perguntar se tinha interesse em
comprar o automóvel por 50.000 euros e B manda uma carta a aceitar e temos aceitação
mas não há ainda contrato). Não nos podemos contentar com este momento da aceitação.
2. É também considerada eficaz a declaração que só por culpa do destinatário não foi por
ele oportunamente recebida.
3. A declaração recebida pelo destinatário em condições de, sem culpa sua, não poder ser
conhecida é ineficaz.
Devemos ainda chamar a anteção às regras do artigo 228º quanto à duração da proposta
contratual:
Artigo 228.º
(Duração da proposta contratual)
TEXTO
1. A proposta de contrato obriga o proponente nos termos seguintes:
a). Se for fixado pelo proponente ou convencionado pelas partes um prazo para a
aceitação, a proposta mantém-se até o prazo findar;
b). Se não for fixado prazo, mas o proponente pedir resposta imediata, a proposta
mantém-se até que, em condições normais, esta e a aceitação cheguem ao seu destino;
c). Se não for fixado prazo e a proposta for feita a pessoa ausente ou, por escrito, a
pessoa presente, manter-se-á até cinco dias depois do prazo que resulta do preceituado
na alínea precedente.
2. O disposto no número anterior não prejudica o direito de revogação da proposta nos
termos em que a revogação é admitida no artigo 230.º
Também o artigo 230 do CC.:
Artigo 230.º
(Irrevogabilidade da proposta)
TEXTO
1. Salvo declaração em contrário, a proposta de contrato é irrevogável depois de ser
recebida pelo destinatário ou de ser dele conhecida.
2. Se, porém, ao mesmo tempo que a proposta, ou antes dela, o destinatário receber a
retratação do proponente ou tiver por outro meio conhecimento dela, fica a proposta sem
efeito.
3. A revogação da proposta, quando dirigida ao público, é eficaz, desde que seja feita na
forma da oferta ou em forma equivalente.
(ex.: A envia carta a B e a partir do momento que a carta chega à esfera de poder de B
torna-se irrevogável e o B fica com um direito potestativo de aceitar a proposta e proceder
ao negócio.)
Desta forma conseguimos distinguir a proposta de uma outra declaração que com ela não
se confunde que é o chamado convite a contratar.
Um convite a contratar é uma declaração ao público em geral e que tem um objetivo claro
que é o de provocar a emissão de propostas contratuais às quais depois se seguirá a
aceitação e a celebração do negócio.
(ex.: Anúncio no jornal “Vendo cães da raça x”; vendo o meu automóvel por x”; “procuro
alguém que queira trabalhar no sítio x etc,”. Neste caso não estamos perante propostas
estas que são irrevogáveis; fazendo essa proposta a um público variado estaríamos a dar
um direito potestativo de aceitar e todos teriam direito a ter esse negócio.
O objetivo do convite a contratar temos mais o procurar de uma proposta e a última
palavra é minha (ex. de escola: anúncios em jornais; catálogos, etc.).
É assim que se forma um negócio jurídico claro que temos aqueles desvios que
estudámos como o de adesão em que o indivíduo estabelece um contrato unilateralmente,
previamente e de forma rígido e outro limita-se a aceitar ou não…
Qual vamos optar? Nenhuma porque o novo CC opta por uma teoria objetivista mitigada
que corresponde à chamada teoria da impressão do destinatário.
Então ela consta no artigo 236 do CC
Significa que a declaração negocial vale com o sentido que um homem médio
(mediamente diligente) colocado na posição do real declaratário possa concluir da posição
do declarador/ da declaração. Tem em conta também a posição do real declaratário que
vamos ver que tem os seus limites.
Como se constitui esse sentido da posição quanto ao destinatário e vamos ter conta vários
elementos:
-Letra
-Texto
-Declarações
-Negócios coligados com aquele
-Antecedentes da declaração do negócio (anúncios, avaliação dos peritos, etc.)
-Contexto negocial
-O fim do negócio
-Elementos normativos (interpretação que não é pura exegese aqui)
Esta teoria conhece um limite que está previsto na parte final do nº1 do artigo 236
1. A declaração negocial vale com o sentido que um declaratário normal, colocado na
posição do real declaratário, possa deduzir do comportamento do declarante,
salvo se este não puder razoavelmente contar com ele.
Portante este sentido quanto à posição do destinatário sejam imputáveis ao declarante e
são muitos raros os casos em que não são.
Mas se a situação ocorrer a consequência deve ser a invalidade do negócio
O nº2 deste artigo diz que se por acaso o declaratário conhecer a vontade real do
declarante é de acordo com esta vontade real que vale.
Não há grande desvio da posição objetivista e atendemos a tudo o que o declaratário real
conhece e tudo o que efetivamente devia conhecer.
Artigo 237.º
(Casos duvidosos)
TEXTO
Em caso de dúvida sobre o sentido da declaração, prevalece, nos negócios gratuitos, o
menos gravoso para o disponente e, nos onerosos, o que conduzir ao maior equilíbrio das
prestações.
Imaginemos que apesar disso A declara doar a B todos os seus relógios de que é
proprietário (tem 5 relógios e para além deste tinham um anel que funcionava com relógio)
e colocava-se a dúvida se contava ou não como relógio e como o negócio era gratuito
tínhamos que interpretar de forma mais favorável ao disponente (o doador).
Imaginemos que apesar disso A declara doar a B todos os seus relógios de que é
proprietário (tem 5 relógios e para além deste tinham um anel que funcionava como
relógio) e colocava-se a dúvida se contava ou não como relógio e como o negócio era
gratuito tínhamos que interpretar de forma mais favorável ao disponente (o doador).
Senão for em todo possível eliminar as dúvidas? Quid iuris? Neste caso consideramos o
negócio nulo por falta de determinação (artigo 280 do CC) em prol da palavra
indeterminável.
- Desvio no sentido de u maior objetivismo – no caso dos negócios formais (artigo 238) –
Artigo 238.º- Desvio no sentido de um maior objetivismo – no caso dos negócios formais
(artigo 238) – Artigo 238.º
(Negócios formais)
TEXTO
1. Nos negócios formais não pode a declaração valer com um sentido que não tenha
um mínimo de correspondência no texto do respetivo documento, ainda que
imperfeitamente expresso.
2. Esse sentido pode, todavia, valer, se corresponder à vontade real das partes e as
razões determinantes da forma do negócio se não opuserem a essa validade.
Se o negócio é formal então tenho de ter um mínimo de correspondência no
documento que formalizado o negócio; senão existir essa correspondência então o
negócio irá ser considerado nulo por vício de forma
-desvio no sentido de um maior subjetivismo
Também no caso dos testamentos com o artigo 2187 porque interpretamos o
testamento de acordo com a vontade real do testador.
O motivo disto:
-É um negócio fora do comércio jurídico
-Um negócio mortis causa
-UM negócio que dispõe para além da vida do sujeito e tentamos manter ao máximo a
vontade do de cuiús e não prejudica uma outra parte. EM prol desta vontade posso
recorrer a prova complementar
Mas há um limite e diz o nº2 do 2187 e diz que a real vontade do testador tem de ter
um mínimo de correspondência ainda que imperfeitamente expressa.
Artigo 2187.º
(Interpretação dos testamentos)
TEXTO
1. Na interpretação das disposições testamentárias observar-se-á o que parecer mais
ajustado com a vontade do testador, conforme o contexto do testamento.
2. É admitida prova complementar, mas não surtirá qualquer efeito a vontade do testador
que não tenha no contexto um mínimo de correspondência, ainda que imperfeitamente
expressa.
O problema que vamos dar hoje é o das divergências entre a vontade e a declaração.
Quando a vontade é normal o interno corresponde ao externo mas a verdade é que pode
haver situações em que a aquilo que digo não corresponde ao que quero e esse dissídio
pode ter diferentes causas (e por isso tem uma figura autónoma) e desdobram-se em dois
tipos:
-Intencionais (quando são queridas/desejadas e o sujeito deu aso intencionalmente aquela
divergência) e dentro desta encontramos:
A simulação (que já conhecemos)
A reserva mental
As declarações não sérias
-Não intencionais (não foram desejadas/ queridas e, portanto, surgem fortuitamente) e
encontramos nesta:
A falta de consciência da declaração
A coação física ou coação absoluta
O erro na declaração ou erro obstáculo
Agora temos que estudar cada uma das divergências autonomamente, mas porque não
podemos estudar de forma conjunta? Porque têm regimes jurídicas diferentes e qual a
disciplina jurídica a cada uma das categorias.
Mas podemos por referência a caga uma delas interesses contrapostos:Mas podemos por
referência a cada uma delas interesses contrapostos:
-Interesse do declarante (o declarante tem interesse em não ficar vinculado)
-Interesse do declaratário (interesse em ficar vinculado)
Então temos aqui um conflito que é a tutela da autonomia (salvaguarda da posição do
declarante) e depois a tutela da confiança que nos aponta para a tutela do declaratário,
A defesa de cada um destas posições pode dizer respeito a uma posição mais subjetivista
(da vontade) ou objetivista (da confiança).
O nosso legislador não opta por nenhuma, mas sabemos que dá importância e relevo à
tutela da confiança não querendo dizer que seja uniforme.
-Interesses de 3ºs (ex.: há um credor de declarante que pode ter interesse na invalidade
do negócio e que ele não venda)
-Interesses gerais do comércio jurídico (celeridade, estabilidade, confiança)
Antes de entrarmos no estudo de cada figura dizemos que este problema entre a vontade
e a declaração só se consegue formular porque em matéria de interpretação de negócios
jurídicos aderimos a uma posição tendencialmente objetivistas.
Temos A que emite uma proposta e temos B que aceite
Coloca-se o problema da interpretação das declarações negociais (por mais clara que
pareça temos de interpretá-la).
Vamos interpreta a declaração como o declaratário normal na posição de declarante
entenda.
Mas imaginemos que A quer X e declara Y se aderíssemos a uma posição subjetivista
esta declaração valeria como x e não o y e por isso nunca conseguiríamos formular um
problema de divergência porque interpretávamos a declaração ao que efetivamente ele
queria. Como interpretamos no sentido da interpretação do destinatário então pode haver
divergência entre o que diz e o que quer.
Divergências intencionais:
A simulação – é uma divergência intencional entre a vontade e a declaração que resulta de
um acordo entre declarante e declaratário e tem como objetivo enganar 3ºs. E temos nesta
definição os elementos essenciais para que haja simulação:
-Uma divergência entre vontade e declaração
-Seja intencional
-É necessário que haja um acordo entre declarante e declaratário (aquilo que se chama de
pacto simulatório)
-É necessário que haja intenção de enganar terceiros.
Esta distinção em regra não é relevante pois ambas conduzem à nulidade do negócio mas
vamos ver que há uma situação específica em que interessa essa distinção.
Objetiva – quando diz respeito ao objeto (relativa objetiva pode dizer respeito:
o ou à natureza do negócio (A e B declaram vender um automóvel quando na
verdade celebram um contrato de doação de um automóvel)
o ou pode dizer respetio ao valor do negócio (simulação de preço)
Subjetiva – quando diz respeito ao sujeito (relativa subjetiva diz respeito aos sujeitos e
portanto esta corresponde aquilo que se designa por interposição fictícia de pessoas)
Ex.: A finge doar ao B por seu turno B finge doar ao C e há um acordo (conluio) entre
os 3 e na verdade é o A e o C que celebram o contrato de doação.
estas interposição fictícia de pessoas não se pode confundir com a chamada
itnerposição real de pessoas e nesta segunda o interposto atua em nome próprio
embora atue no interesse e por conta de outrém (ex.: A quer compra um imóvel mas
sabe que o proprietário do imóvel jamais o venderá a si e o que faz´e celebrar com B
um contrato de mandato e encarrega a B adquirir o imóvel por sua conta e B celebra
com C o contrato de compra e venda e depois o B transmite aquela propriedade ao A.
Aqui não temos qualquer simulação entre os 3 porque o C não sabe de nada porque B
compra ao C mas compra por nome próprio por interesse de outrém e esta
interposição real de pessoas não há simulação e para ser simulação tinha de haver um
pacto simulatório entre os 3 e vamos ver um caso prático sobre isto na aula prática)
Quid iuris – no caso da simulação relativa o contrato continua a ser nulo mas temos de ver
qual o valor do negócio simulado e a solução é nos dada pelo artigo 241 do CC
Artigo 241.º
(Simulação relativa)
TEXTO
1. Quando sob o negócio simulado exista um outro que as partes quiseram realizar, é
aplicável a este o regime que lhe corresponderia se fosse concluído sem dissimulação,
não sendo a sua validade prejudicada pela nulidade do negócio simulado.
2. Se, porém, o negócio dissimulado for de natureza formal, só é válido se tiver sido
observada a forma exigida por lei.
A validade do negócio dissimulado depende conforme ele seja válido ou não senão
estivesse coberto. E caso haja exigência formal do negócio temos que ver se foi cumprida
e senão o foi pode ser gerar a nulidade formal do negócio simulado.
Este artigo diz que mesmo que o preço não seja terminado é possível que o negócio valha
e que o preço seja determinado por os termos na lei e poderá abrir-se esta exceção não
precisando da contra declaração ou escrita de reserva.
Artigo 394.º
A reserva mental – caracteriza por ser uma divergência intencional entre a vontade e a
declaração e tem como objetivo enganar o declaratário e tal como a simulação a reserva
mental pode ser:
-Inocente (se apenas tiver o intuito de enganar o declaratário)
-fraudulenta (se também o quiser prejudicar)
Ao contrário da simulação há efetiva relevância nesta distinção
Qual o valor do negócio celebrado em reserva mental – em regra é válido e deixa de ser
válido se a reserva for conhecida do declaratário e nesse caso trata-se a reserva mental
como se trata a simulação e o negócio é considerado nulo.
Reparemos que aqui estamos preocupados em salvaguardar a confiança da contra parte.
Há aqui uma nota a assentar: Se a nossa reserva mental for inocente ou mais do que isso
se a reserva mental tiver como intenção beneficiar o declaratário então não se deve ser
tão exigente e deve-se considerar que o negócio é nulo quando haja mera
cognoscibilidade (o declaratário não conhece mas era-lhe exigível que conhece-se
(ex. de escola – A sofre de uma grave depressão e tem diversas vezes pensamentos
suicidas e B que é conhecido como avarento que não dá nada a ninguém e decide que
deve animar o amigo e declara que lhe vai doar o barco de festa mas faz esta celebração
em reserva mental e quer engana-lo para o beneficiar e neste caso devemos considerar
que o negócio é nulo com a simples cognoscibilidade e como conhecia a avareza de A
então facilmente devia ter percebido que aquela declaração era feito sobre reserva mental.
– ex.: diz que é compra e venda mas nunca cobrava o preço)
Outra divergência:
-Declaração não séria – divergência entre a vontade e a declaração e é intencional mas
não intenção de enganar terceiros ou o declaratário porque o declarante diz algo que não
corresponde à sua vontade porque acredita que o declaratário se vai aperceber da falta de
seriedade da declaração.
(ex.: A professora faz a declaração se quer vender a uma aluna o telemóvel mas
naturalmente acredita que a aluna confia na falta de seriedade da declaração pois a
declaração era didática e serviu esta declaração para explicar o que era uma declaração
não séria. (outro caso são amigos numa conversa e um diz que vende o automóvel por
1000 euros mas é sem seriedade) e isto está no artigo 245 do CC:
Artigo 245.º
(Declarações não sérias)
TEXTO
1. A declaração não séria, feita na expectativa de que a falta de seriedade não seja
desconhecida, carece de qualquer efeito.
2. Se, porém, a declaração for feita em circunstâncias que induzam o declaratário a aceitar
justificadamente a sua seriedade, tem ele o direito de ser indemnizado pelo prejuízo que
sofrer.
Temos aqui algo mais grave que a nulidade porque o negócio é inexistente e para
perceber isto tem de ser averiaguado no contexto em que a declaração é deferida.
Na próxima semana a propósito de outra divergência vamos perceber o que é esta
inexistência mas ficamos com a ideia que é uma sanção mais grave que a nuldiade.
O nº2 deste artigo – aqui distinguimos 3 tipos de declarações:
-Declaração patentemente/claramente não sérias – o negócio é inexistente (245/1)
-Declaração patentemente não séria mas acaba por enganar a contraparte/declaratário
(245/2) – podendo haver lugar a este direito à indemnização.
-Declarações secretamente não sérias (estava a brincar mas disse de tal forma que
parecia a sério) – neste caso o problema não é tanto de declaração não séria e deve ser
considerado como um problema de reserva mental (se só eu sei que não é série é
verdadeiramente uma reserva mental e aplica-se exatamente o regime desta).
Quid iuris?
3ª hipótese – A diz a B, por telefone, que lhe vende um automóvel por 30.000 euros “eu
vendo-te um automóvel por 30.000” e isso é perguntar a B se quer. B diz-lhe que “já te
responde daqui a pouco”. No dia seguinte B chega a casa de A com um cheque de 30.000
euros e A responde-lhe que já tinha vendido o automóvel a Catarina.
Quid iuris?
Neste caso B diz que já responde mas fica um dia sem dizer nada e a resposta ficou sem
ser eficaz. Apesar de não dizer precisamente que pede uma resposta imediata presupõe-
se logo pela forma como feita a chamada e como B desaparece durante uma dia então é
muita coisa.
Na alínea c) o conceito de pessoas ausentes é como comunicação por carta, etc. em que
demora mas o caso de chamadas telefónicas conta como presente pois é no sentido de
resposta imediata.
Até pode ter acontecido uma catástrofe com B mas mesmo assim o A não é obrigado a
ficar à espera.
2 ex. de escola
No 1º- A é tetraplégico e há alguém que pega na sua mão e submete a uma força de tal
modo irresistível que faz com que ponha a sua assinatura na aceitação de uma proposta; o
comportamento dele não é voluntário, mas sim daquele que exerce a força sobre ele.
No 2º- vimos que o exemplo não tem valor de declaração negocial mas há exceções
(quando a lei o determina-se, quando o uso o determina-se ou quando houvesse acordo
entre as partes) – imaginemos uma situação em que o silêncio tem esse valor e o que
acontece se A nada dissesse sobre a proposta de B no espaço de 15 dia então a proposta
é aceite.
B decide raptar o A e deixa-o no mato sem possibilidade de recusar e como o silêncio vale
como aceitar a proposta celebra-se mas como foi sujeito a uma força irresistível então não
teve liberdade de declaração.
A propósito deste problema da convergência entre a vontade e a declaração vamos
estudar depois o vício da vontade e quando acontece isto a declaração e a vontade
coincidem mas o problema é que a vontade que coincide com a declaração não foi
formada de modo natural e saudável e houve algum problema que de algum modo inclinou
aquela vontade e com que não correspondesse a uma verdadeira autonomia do sujeito e
quando estudarmos estes vícios vamos estudar uma coação moral ou relativa e depois
vamos estudar o que isto significa.
Temos de ficar com a ideia que nesta moral quando declara algo tem essa vontade mas
para afastar o medo iminente (ex.: A aponta pistola à cabeça de B e diz “ou vendes o
automóvel por 30 euros ou disparo a pistola” neste caso apesar de ser um força estamos
perante um hipótese de coação moral e não física porque aqui o sujeito vai declarar que
quer vender o automóvel por 30 euros e efetivamente quer isso mesmo mas quer isso para
afastar aquela ameaça e não quer isso por bons motivos e portanto não vai corresponder a
uma autonomia de vontade do sujeito) No caso da coação física então essa vontade tem
de estar totalmente ausente.
Na moral ainda existe um espaço mínimo de liberdade e o sujeito ainda tem liberdade para
dizer sim ou não mas na física essa liberdade está totalmente excluída e por isso o
comportamento não é voluntário e nesses 3 tipos de vontade que analisámos falta a mais
básica que é a vontade de ação.
Esta coação física ou absoluta está no artigo 246 do CC. Mas tem de ser lido o artigo
trocado porque fala da coação física mas também doutra divergência que vamos estudar.
Em questão de sanções jurídicas isto corresponde aquela sanção mais grave já referida
que é um negócio inexistente.
No final do nosso programa vamos estudar autonomamente a inexistência mas devemos
antecipar algumas considerações desta para saber do que estamos a falar e o porquê de
distinguir isto da nulidade.
A inexistência é uma categoria autonomizada primeiro no direito francês e que gera até
hoje alguma controvérsia.
Foi autonomizada a propósito do casamento e hoje há autores que não a aceitam.
Nós aceitamos esta categorização e é importante porque os negócios nulos ainda podem
produzir alguns efeitos (em regra não produzem qualquer efeito) mas ainda podem
produzir alguns efeitos (imaginemos – a eficácia geral do registo faz com que o negócio
que era nulo produza efeitos; o artigo 293 do CC também e faz com que o negócio nulo
por simulação possa produzir efeitos; depois temos o artigo 291 que embora sejam efeitos
laterais podem produzir efeitos).
Os negócios nulos depois vamos ver que podem produzir efeitos com a reversão e a
conversão que vamos dar.
Há situações tão graves que o negócio nem deve produzir qualquer efeito como este
negócio realizado sobre coação física ou absoluta e daí a importância da autonomização
da inexistência.
Quando falamos de inexistência não é inexistência fáctica (situações onde o negócio não
se celebra) mas aqui o negócio celebrou e um convergência de proposta e aceitação só
que o que existe é que aquelas declarações e a vontade que jaziga em si não permite
afirmar um corpus minimus (substrato mínimo) que permita depois extrair algumas
consequências de direito.
Percebendo a inexistência percebemos porque esta coação física tem que determinar a
sua inexistência.
-Falta de consciência da declaração- esta é uma divergência não intencional que resulta
do facto de o declarante não ter perceção/consciência de que o seu comportamento que é
voluntário que tem o valor de declaração negocial.
Ex. de escola: um já referido foi que o A está num leilão e está a ser licitada uma peça e a
licitação é faça com o braço no ar e tem que levantar o braço e naquele momento entra
pela porta B amigo e decide levantar o braço.
O comportamento é voluntário mas fê-lo para cumprimentar o amigo e não percebe que
aquele comportamento funciona como declaração.
Aqui não falta a vontade do comportamento mas sim da vontade de declaração.
Isto está previsto no artigo 246 e aqui lemos já completo.
Artigo 246.º
(Falta de consciência da declaração e coacção física)
TEXTO
A declaração não produz qualquer efeito, se o declarante não tiver a consciência de fazer
uma declaração negocial ou for coagido pela força física a emiti-la; mas, se a falta de
consciência da declaração foi devida a culpa, fica o declarante obrigado a indemnizar o
declaratário.
Aqui claramente temos referência à coação física e referência clara à falta de consciência
de declaração. Para qualquer uma delas o legislador diz que a declaração não produz
qualquer efeito e esta produção de qualquer efeito devia ser entendida no sentido da
inexistência.
Mas no que diz respeito à falta de consciência de declaração deve ser entendida como
nulidade.
“não produz qualquer efeito” é interpretado em duas formas e dependendo da divergência
pode ser nulidade ou inexistência pois aqui a situação da inconsciência não é tão grave e
apenas falta a vontade de declaração e não a vontade de ação e podemos estabelecer um
corpus minimus para poder pensar em vontade de declaração.
Numa situação em que não há vontade nem de ação ou declaração aqui poderá se
considerar um negócio inexistente e esta solução foi avançada por alguns autores para
corresponder á situação em que alguém falsifica a assinatura de outrem e faz-se passar
por ela e aqui nem tem consciência da ação nem da declaração.
Autores como Menezes Cordeiro mostra-se muito crítico deste regime consagrado no
regime 246 quanto à falta de consciência mostra-se incongruente quer com a solução do
artigo 236 e do 247.
1º - incongruência com a solução em matéria de interpretação de negócio (236) e não
jogam bem as duas soluções
2º- incongruente com a solução em matéria de erro na declaração (247).
Quanto ao conflito com o 247 – já voltamos cá porque vamos estuda-lo daqui a pouco e
voltamos.
Esta falta de consciência da declaração não se confunde com um vício da vontade que
vamos estudar, mas que já conhecemos de certo modo. É a incapacidade acidental –
mobilizamos a propósito do regime dos maiores acompanhados e é um vício da vontade e
há situações na jurisprudência onde se colocou um problema em identificar os dois.
Era sobre um determinado sujeito que padecia de uma situação de demência e
basicamente a pessoa dizia disparates, não reconhecia as pessoas e estava numa fase
em que não tinha perceção do mundo que o rodeava e acabou por celebrar um contrato
nesse estado e o tribunal não sabia se era uma situação de falta de consciência de
declaração ou incapacidade acidental. A primeira traz nulidade e a segunda anulabilidade.
O critério para distinguir é saber se existe ou não vontade de declaração. Se não existir é a
primeira se existir mas não souber a extensão do ato estamos perante um caso de
incapacidade acidental.
era a diferença de não perceber se era um contrato ou não, se era uma vontade de
declaração ou não ou perceber que era um negócio mas não saber se era prejudicial ou
não.
-Erro obstáculo ou erro na declaração – este erro traduz numa divergência entre a vontade
e a declaração e é não intencional e resulta de um engano.
Esse engano pode traduzir-se num lapsus linguae (o e final é o de) ou lapso de língua e
diz uma coisa e queria dizer outra.
Também pode resultar de um erro mecânico (estamos a escrever num computador e
queremos dizer uma coisa e diz outra e a escrita inteligente às vezes diz uma coisa ou
outro)
Pode resultar de um erro de ajuizamento (ex.: A quer compra a casa onde nasceu (nasce
em uma determinada casa que deixou de pertencer à família) e estava convencido que
tinha nascido no nº10 da rua Alexandre Herculano mas na verdade queria comprar o nº11
que era a casa onde verdadeiramente nasceu e pensava que era o 10.
Neste obstáculo só estamos perante uma divergência entre a vontade e a declaração
porque queria dizer uma coisa e diz outro e, portanto, há uma falta de vontade negocial
(vontade de negociar).
Vamos tentar perceber qual o regime do erro obstáculo que está no 247 do CC
Artigo 247.º
(Erro na declaração)
TEXTO
Quando, em virtude de erro, a vontade declarada não corresponda à vontade real do autor,
a declaração negocial é anulável, desde que o declaratário conhecesse ou não devesse
ignorar a essencialidade, para o declarante, do elemento sobre que incidiu o erro.
Então deste artigo 247 resulta que o negócio deferido como obstáculo vai declarado
anulável e para que possa ser anulado é necessário que se verifiquem dois requisitos:
1º -essencialidade – o elemento sobre que incidiu o erro tem de ser essencial para o
declarante e esta essencialidade é aferida em termos subjetivos e não há um padrão
objetivo para determinar o que é essencial ou não e vai ser o declarante a definir o que é
essencial ou não. (A quer comprar um carro azul mas vai comprar um verde para nós pode
não ser mas para ele pode ser essencial)
Portanto o declaratário não tem de saber que o carro era verde quando o carro era azul
mas sim que soubesse que para ele era essencial a cor do carro e aqui a lei é menos
exigente do que se exigisse o conhecimento do erro.
É criticado este regime por autores por permitir uma desvinculação fácil do negócio.
Nota - Não é necessário que o erro seja desculpável e pode haver culpa no erro que o
sujeito incorreu, mas mesmo havendo culpa o negócio continua a ser anulável porem
(duas notas importantes):
-1º nota- perante 1 erro indesculpável (há culpa, mas não é desculpável) pode ser mais
difícil provar a essencialidade daquele elemento)
-2º nota- havendo culpa pode haver lugar ao pagamento de uma indemnização
-Um ano a contar desde que o vício cessa (o momento em que se apercebe do erro)
Uma nota importante: o artigo 248 diz-nos que a anulabilidade fundada em erro na
declaração não procede se o declaratário aceitar o negócio como o declarante queria.
Ex. caricato: A que declara que quer comprar um automóvel azul quando na verdade
queria comprar um automóvel verde por qualquer erro que seja.
Consequência: se for um elemento essencial e se a contra parte tiver cognoscibilidade
dessa essencialidade o negócio pode ser anulado no prazo de 1 ano.
O 248 diz que se o declaratário aceitar o negócio tal como o declarante fez então.
Se o declaratário souber que o proprietário do stand aceitar a venda de um automóvel
verde em vez de um azul o automóvel vende-se e deixa de se poder invocar a
anulabilidade.
Se aceitar a mudança também passa.
Como podemos ver para além do que já ouvimos anteriormente só por esta enumeração
vemos que há um erro e uma coação e portanto há uma proximidade grande entre os
vícios da votnade e as divergência já ditas.
Vamos começar pelo erro vício que não se confunde com o erro obstáculo.
Ao nível deste existe uma incorreta ou inexata representação da relaidade (O sujeito
declarou que quer comprar um determinado terreno porque achava que o terreno tinha
lençóis friáticos e era bom para agricultura de rega (regadio) mas afinal era completamente
seco e parecia um deserto e auqi temos sujeito A e corresponde total e claramente à sua
vontade só que a sua vontade foi determinada por um incorreta visão da realidade e se
soubesse o verdadeiro estado do terreno não o tinha adquirido.)
Para que o erro seja relevante é preciso verificar dois requisitos (chaamdos requisitos
gerais de relevância do erro (são gerais porque depois há várias modalidades do erro vício
que têm os seus requisitos especiais e estes são de todos)):
-Quando não seja possível determianr os termos em que o negócio teria sido celebrado
(sem erro, quanto daria pelo terreno)
-Quando a contraparte venha comprovar que naqueles tais termos não iria celebrar aquele
negócio.
2º requistio geral – a propriedade do erro (o erro tem de ser próprio) – o erro é próprio
quando não incide sobre o requisito legal de validade do negócio.
ex.: imaginemos que A vendeu e o B comprou um apartamento; este negócio foi celebrado
por escrito particular não autenticado e portanto padece de um vício de forma e logo é
nulo.
Não é possível A dizer que quer invalidar o negócio com base em erro dizendo que se eu
soubesse que era necessário outorgar em escritura pública o negócio porque envolvi
outros custos e não faz sentido porque já tem uma nulidade e tem de incidir sobre uma
coisa que já não ela própria fundamenta de invalidade do negócio.
Temos que chamar a atenção para uma situação particular:
A tem 15 anos e vende a B um automóvel – qual é o valor do negócio? O negócio é
anulável por força da capacidade de exercício de A e tem um fundamento para anular o
negócio que é a sua incapacidade de exercício e não faz sentido vir dizer que invoca erro
porque saberia que não era capaz de exercer então nunca faria isso.
Para B é impossível se desvincular do negócio e só A e os seus representantes legais que
se podem e B pdoe invocar que se soubesse que estava a celebrar com um menor jamais
celebraria um negócio e aqui já é um erro próprio porque não tem outro fundamento de
invalidade para invocar como o A e os seus representantes.
dentro do erro há várias modalidades de erro (ou seja, há autores, que acabam por dizer
que há regime de lógico sobre o erro e tem de incidir sobre algo que tenha um regime de
legalidade e algo específico (mas vamos ver que há então um caráter residual de alguns
erros):
-O erro pode ser sobre a pessoa do declaratório e pode tratar-se
de um erro sobre a sua identidade
ou sobre as suas qualidades
-O erro pode ser sobre o objeto e neste integra-se
o erro sobre a identidade do objeto,
o erro sobre a características do objeto,
o erro sobre a natureza do negócio
-O erro pode ser sobre os motivos (esta é a parte residual) e neste podemos ter
erro sobre os motivos propriamente ditos;
erro sobre a base do negócio
A alteração foi feita porque assim concluímos uma matéria importante e na próxima sexta
são só aulas práticas e podemos já faze casos práticos que envolvem várias matérias e
podemos pegar nas coisas todsa.
No caso em que B faz um mau preço e depois percebe que podia ter vendido mais
caro. Este erro não é de todo relevante: Na situação em que adquire um terreno
para construir mas o PDM proíbe a características não resulta de algo intrínseco
ao objeto mas algo imposto de fora.
Aqui não é um erro de objeto mas poderá ser relevante para um erro por motivos
de que já vamos falar.
Tudo aquilo que diga respeito a erro por pressupostos a efeitos externos não
releva por erro de objeto mas há situações em que pode relevar que são aquelas
situações em que os pressupostos externos não são mutáveis ao longo do tempo
e estão ligadas ao objeto com caráter de durabilidade ao ponto de se poderem
considerar características intrínsecas.
(ex.: A comprou uma casa porque queria instalar o seu escritório de advocacia um
bocado mais recuada da cidade e depois apercebe-se que a rede nacional elétrica
não chega lá.
Não é uma qualidade intrínseca do objeto mas pressupostos externos mas que de
todo o modo estão ligados à coisa com caráter de durabilidade ao ponto de se
assemelhar a uma característica intrínseca.)
O que distingue este dois? Depois vamos ver o regime de cada um.
Voltando aos ex.s: A arrendou um determinado apartamento em Lisboa porque achava
que a sua entidade patronal o tinha transferido para a capital quando afinal não tinha.
Numa situação como esta os motivos dizem respeito ao António exclusivo e B que
arrendou a casa não fazia ideia de tudo e isto é um erro por motivos propriamente ditos.
Outro ex.: A comprou um terreno a achar (por 100.000) que podia construir um prédio lá. E
depois descobre que o PDM que tinha sido aprovado um ano antes não permitia a
construção de edifícios daquele género e portanto tem motivo específico que determinou a
vontade de celebrar negócio.
Este motivo diz respeito a A mas também a B porque de acordo com a boa fé e mesmo
que B não o reconheça e se fosse levado a A ele não o poderia ignorar e o preço seria
diferente. Porque ele tirou proveito de um erro que não se poderia ignorar e o motivo não
foi prosseguido e isto é um erro sobre a base.
Outro ex.: A resolve contratar com B a cedência de uma varanda para poder assistir a um
desfile qualquer e o que acontece é que B está a retirar um determinado proveito daquele
bem e afinal aquele evento que ia passar na rua e justificou aquele contrato tinha sido
cancelado dois meses antes e não sabiam que tinham sido cancelado e os motivos diziam
respeito aos dois e ambos conheciam o motivo e um quer a varando e outro está a
aproveitar-se do motivo para rentabilizar a varanda e neste caso é a base do negócio.
É algo sobre o que assenta o contrato.
Conhecidas as modalidades de erro vício vamos agora ver os requisitos especiais de cada
um conhecendo o seu regime.
Começando com o erro sobre a pessoa do declaratário e do objeto porque têm o mesmo
regime.
Erro sobre a pessoa e sobre o objeto do negócio esta previsto no artigo 251 que nos diz
que o negócio jurídico é anulável nos termos do artigo 247 e a remissão consta do próprio
artigo.
Qual o artigo 247º? É o que revê o erro obstáculo ou erro na declaraçõ então o requisito
especial para que seja anulável é;
Se o negócio é anulável e o 251 não nos diz nada temos que saber quem e em que prazo
se pode arguir (remissão para o 287)
Pode arguir:
-O errante
-Propriamente ditos (previsto no 252/1) 1. O erro que recaia nos motivos determinantes da
vontade, mas se não refira à pessoa do declaratário nem ao objecto do negócio, só é
causa de anulação se as partes houverem reconhecido, por acordo, a essencialidade do
motivo.
Ou seja, o requisito agora é a existência de um acordo no qual as partes reconhecem a
essencialidade do motivo e isto entende-se (ex.: Do António que arrendou a casa em
lisboa a pensar que entidade patronal, etc. neste caso a outra parte não tem interesse de
saber os motivos e pode querer não ficar dependente da caraterização ou não desses
motivos e o legislador acha que devemos ser mais exigentes nestes casos e passa no
procedimento do acordo da essencialidade e acordar que o negócio não fazia sentido sem
o elemento da transferência e não é necessário que seja feito por escrito. E aqui devemos
fazer remissão para o 287 para saber quem pode arguir e os prazos.
Em todas estas situações até agora o sujeito enganou-se e foi ele que incorreu em erro.
Há, porém, que a pessoa não incorre ela em erro mas é induzida em erro por alguém e é
nestas situações que falamos de dolo (erro provocado por alguém).
Podemos ter:
-Dolo ativo (quando alguém emprega sugestões ou artifícios com a intenção ou a
consciência de induzir ou manter em erro o declarante). Estes artifícios, sugestões, etc.
podem ir de uma mentira simples até esquemas mais complicados que envolvam uma
mizancene, etc. O sujeito já podia estar em erro, mas tem de haver intenção de induzir ou
manter em erro.
-Dolo negativo- temos a dissimulação pelo declaratário ou por 3º do erro do declarante (o
declarante está em erro e enganou-se e eu apercebemos, mas vou fazer de tudo para que
ele não se aperceba. Este dolo negativo só é relevante se houver dever de
informar/esclarecimento.
Como sabemos se há esse dever? Ele resulta da boa fé e faz surgir em cada caso
concreto esse dever e podemos dizer que como hoje em dia o alcance da boa fé até entre
as relações entre profissionais e consumidores e esse papel da boa fé no surgimento de
deveres é tão intensa é muitas presente esse dever de informação mas não quer dizer que
não há situações em que haja esse dever.
Há uma situação que gera dúvidas na doutrina que passa na problemática da indução
negligente em erro…
Falamos de dolo enquanto vício da vontade.
Este dolo envolve como caracterizamos envolve o dolo enquanto forma de culpa (tem de
haver a intenção ou pelo a consciência de induzir ou manter em erro) e o resultado
enganatório tem que ser no mínimo perspetivado pelo sujeito e conformado por ele. Há
porém situações em que o sujeito induz o declarante em erro e não porque queria e tenha
intenção ou conformidade mas porque negligentemente omitiu determinados deveres que
deveria ter cumprido.
Temos aqui outra situação que é negligência.
Ele atua negligentemente e devia ter-se informado sobre determinada característica sobre
o cão mas não foi e confiou e portanto atuou negligentemente.
Nesta hipótese podemos falar ou não de dolo? Há duas respostas:
Há um grupo de autores que dizem que uma situação destas não é equiparável ao
dolo mas acrescentam que não sendo equiparável ao dolo porque há violação de
deveres de informação pode gerar-se uma situação de responsabilidade pré-
contratual (quando estudamos responsabilidade civil soubemos que esta faz
obrigação de indemnizar e em determinadas situações se passa para
indemnização por equivalente). Aqui a reparação natural faz-se na anulação do
negócio e portanto aqui não se pode invocar o dolo mas pode invocar a
responsabilidade pré-contratual e invocando pode obter a desvinculação do
negócio.
Dentro destes autores há alguns que chamam atenção para o aspeto que o prazo
para arguir a anulabilidade é de 1 ano e o prazo de prescrição para a
responsabilidade pré-contratual é de 3 anos e parece que tem mais tempo para se
desvincular do negócio. Não é bem assim porque não se começam a contar ao
mesmo tempo, mas mais do que isso os autores vêm propor que haja aqui uma
correção dos prazos e não se poderia invocar a responsabilidade pré-contratual
durante os 3 anos.
Outro grupo de autores defendem que é possível considerar por analogia que
estamos perante situações equiparáveis ao dono.
2 argumentos principais:
1: situações em que é difícil distinguir situações de dolo destas
2:a grande vantagem de invocação do dolo por referência ao erro é que como
vamos ver que o dolo conduz à anulabilidade do negócio sem qualquer requisito
adicional e isto porquê? Porque não há expectativas de confiança da outra parte
(se engano a minha contraparte não estou à espera que o negócio seja válido, ou
que haja tutela) verdadeiramente se consideramos estas situações de indução
negligente em erro vamos ver que apesar de não existir uma intenção/vontade.
Houve violação de determinados deveres impostos pela boa fé porque tinha o
dever de informar corretamente e não informou e foi negligente e também aqui a
sua confiança não é digna de proteção.
Então aceites estes argumentos é a possibilidade de aplicação do regime do dolo
em situações como estas.
-Dolo omissivo
b
O Dr. Mota Pinto tornou-se deputado na AR então agora não consegue dar todas as aulas
então a Dr. Mafalda tem que assumir a regência da 1ª turma mas não pode fazer isso
enquanto rege a segunda então a solução é os da 2ª turma terem com o da 1ª turma.
Depois de estudar matéria sobre o erro fictício começamos a falar do dolo que podia ser:
-ativo (sugestões ativas, etc.)
-negativo (dissimulação e aí era necessário o dever de esclarecimento)
Depois dissemos que esse dolo envolveria em regra o dolo enquanto forma de culpa mas
haveria situações de dolo negligente de indução em erro e que os autores diziam que não
passava pelo regime do dolo mas nós configuramos que sim.
Distinção entre dolus malus (mau) e bônus dolus (bom) Não dizemos dolo bom e mau
porque fica feio e significa (253/2)
2. Não constituem dolo ilícito as sugestões ou artifícios usuais, considerados
legítimos segundo as conceções dominantes no comércio jurídico, nem a
dissimulação do erro, quando nenhum dever de elucidar o declarante resulte da lei,
de estipulação negocial ou daquelas conceções.
O dolo para ser relevante tem que ser esse dolus malus (engano produzido através de
sugestões ou artifícios que ultrapassem um critério de normalidade ou usualidade)
Dependendo do setor de atividade em que se está a atuar ou até através do estatuto das
partes envolvidas podem ser situações normais ou usuais.
Ex.: dizer comprem este pão que é o melhor do mundo pode não ser verdade, mas é
normal.
Outra coisa sobre esta artigo 253 e é sobre o dolo negativo é que sempre que haja um
dolo negativo há sempre obrigação de esclarecimento que pode resultar da lei, de uma
estatuição e das práticas dominantes do comércio.
Nota importante: autores têm vindo a explicar que há um alargamento Paulatino da esfera
do domínio do dolus malus e o que é relevante porque a boa fé tem vindo a impor cada
vez mais nas relações entre sujeitos que não tenham o mesmo poder (não apresentem as
mesmas forças) tem vindo a impor mais deveres de informação e deixar quase de ser
relevante esta distinção porque esse dolo negativo tem sido esse dever de informação
mas agora quase que esse dever agora resulta da boa fé.
Mas claro que entre o consumidor e profissionais haverá mais dever de informação mas
entre profissionais o dever de elucidar será menor.
Outra nota importante: o dolo pode provir do declaratário e pode ele produzir esse engano
ou pode vir desse 3º e ser este a gerar engano.
Esta diferença é importante porque o regime do dolo do declaratário é diferente do do 3º.
Outra distinção relevante é aquele entre o dolo essencial e o incidental e esta é fácil
porque se encontra com a distinção do erro essencial e incidental. O dolo essencial era
essencial para o negócio (sem o dolo jamais teria celebrado ao negócio) e incidental senão
foi determinante da celebração do negócio e apenas dos termos em que o negócio foi
celebrado (senão tivesse sido enganado nunca teria comprado o automóvel por 300.000
euros, mas sim por 20.000 euros).
Não foi determinante da vontade de celebrar do negócio, mas sim em termos diferentes.
O regime que aplicamos ao dolo incidental é o mesmo do erro incidental (o erro incidental
conduz à alteração dos termos do negócio e portanto este dolo incidental levará ao
mesmo)
Há situações em que o erro incidental pode levar à nulidade;
-Não é possível determinar os termos em que o negócio foi celebrado
-Quando a contraparte venha comprovar que naquelas condições não teria celebrado.
Mas quanto ao dolo incidental esta segunda condição não é possível e não pode provar
que nos outros termos não teria celebrado o negócio.
-1ª- o destinatário (declaratário) tinha ou devia ter conhecimento do dolo (no caso aqui é a
companhia de seguros e se esta conhecia ou devia conhecer então o negócio é anulável
porque mais uma vez neste caso não haveria expectativas de tutela do declaratário e
neste caso pelo princípio da boa fé até devia estar esclarecer podendo argumentar que até
seria um dolo do declaratário)
2ª- o declaratário não conhece nem é exigível que conheça o dolo (cognoscibilidade) –
nesse caso o que acontece é que o negócio não é totalmente invalidade mas se resultar
diretamente daquele negócio um direito para um terceiro vamos anular essa parte do
negócio (do qual resulta esse direito) desde que esse terceiro fosse o autor do dolo ou
então desde que esse conhece-se ou devia conhecer o dolo. (voltando ao ex.: a
companhia não conhece nem devia ter cognoscibilidade do dolo de Miguel e daqui resulta
um direito que beneficia Maria e o negócio pode ser anulado em relação a esse benifício
desde que a Maria fosse autora do dolo (não o é) ou desde que conhece-se ou devesse
conhcer o dele (porque ela estava em esquema com o Miguel e tivesse apercebido).
Temos que ter em conta que neste caso concreto o que acontece é que como estamos a
falar de um contrato de seguro de vida há uma grande parte do contrato que é invalidada
podendo tomar em conta uma invalidade do total do contrato mas isso fica para os casos
práticos.
Já falámos da coação moral ou relativa quando falámos da física – esta coação traduz-se
no medo que o sujeito tem de um determinado perigo em virtude que lhe é dirigida. A
vontade do sujeito é determinada por esse receio e o negócio só se celebra porque o
declarante cede à ameaça que lhe está a ser dirigida.
Para ter coação moral tenho de ter antes de mais uma ameaça.
Esta ameaça pode dizer respeito:
-à honra da pessoa
-a uma dimensão patrimonial da pessoa
Outra nota importante sobre esta ameaça – esta ameaça não se confunde com o chamado
temor reverencial (que no fundo é o receio de desagradar). (Senhor A tem um superior
hierárquico e este pergunta se vende o automóvel por 2.000 euros e o A não tem vontade
de vender e o superior não está a ameaçar mas o A fica com medo de receber o trabalho
mais maçador, não ter promoção, etc. e tem receio com que a outra pessoa com que tem
relação de hierarquia fique melindrada mas não aqui ameaça.
Outra nota importante- esta ameaça tem de ser ilícita e ela é ilícita em 2 situações:
-Quando os meios são em si mesmos ilícitos (o A aponta pistola a B (ameaça de morte é
sempre ilícita em qualquer situação)
-Quando seja ilegítimo prosseguir uma determinada finalidade com determinados meios
(nesta segunda hipótese aquilo que determina a ilicitude é a relação meio-fim)
(ex.: A vira-se para o B e diz que ou vendes o automóvel por 5.000 euros ou denuncio a
autoridade tributário que durante os 5 anos não pagaste impostos relativos a x.
Ou vendes o teu automóvel por x ou denuncio-te ao MP por que mataste alguém.)
A denúncia criminal não é ilícita e até é boa mas o que é mau é a relação meio fim o
porque dos meios.
A coação moral não existe quando o que esteja em causa seja o exercício de um direito (A
é credor e B devedor e imaginemos que o A começa a ver que o B está a gastar
demasiado dinheiro e a contrair mais dívidas e diz, ou hipotecas o teu apartamento a meu
favor ou vou ter que executar uma dívida. Aqui neste caso há uma ameaça mas não é
ilícita porque o credor está a exercer o seu direito de exigir a qualquer momento o seu
crédito.
-Coação incidental (quando é determinante dos termos do negócio, mas não da vontade)
(Ex.: A ameaça B de ou vendes o negócio ou declara sobre um crime que fez e só quando
a ameaça deixa de surtir efeito (não tem receio do mal) é que cessou um vício).
Nem faria sentido porque ele não descobre que foi ameaçado ele já sabia desde o início.
1ª nota- este estado de necessidade não se confunde com o estado de necessidade das
causas de exclusão de ilicitude – isto significa que a pessoa se vê mergulhada numa
situação que envolve um perigo e a pessoa celebra um negócio para remover esse perigo.
Esse perigo não resulta de um ameaça com a coação moral mas é pré-existente (existe).
O vício da vontade existe porque o declaratário aproveita-se dessa situação para obter
determinadas vantagens.
Então quais os requisitos para que o negócio possa ser anulável com base no estado de
necessidade:
-1º- necessário que existe uma situação de necessidade que se caracteriza por aquilo do
sujeito se encontrar numa situação de dependência e precisa de outro para remover essa
ameaça.
-2º- é necessário que alguém explore essa situação de necessidade
-3º- necessário que dessa exploração de necessidade resulte benefícios excessivos ou
injustificados
(ex. mais clássico: sujeito em risco de perder a sua casa poruqe o banco vai executar a
hipoteca senão pagar e pede dinheiro a um amigo mas cobre juros altíssimos de 30 ou
40% muito acima dos juros legais e aqui temos o aproveitamento do estado de
necessidade)
Prazo (um ano depois de cessar o vício e cessa quando acaba o estado de necessidade).
-Aquelas em que o sujeito que explora a situação de necessidade tinha o dever legal ou
moral de agir e não o fez e nestas situações o negócio deve ser considerado nulo nos
termos do artigo 280 do CC por violação dos bons costumes.
(ex.: A estava doente e tinha uma doença grave e vivia numa determinada aldeia do
interior em que só havia um médico para o tratar e o médico diz que o trata mas exige com
o tratamento que doe a casa onde vive, o automóvel e parte da sua conta bancária. Neste
caso temos claramente um situação de necessidade, exploração desta e um benefício
desproporcional relativamente ao que é feito só que neste caso concreto (além dos 3
pressupostos usurários de estado de necessidade) também tem o dever de agir e o
médico tem o dever de negociar (uma das situações em que é obrigatório de celebrar o
negócio como vimos como exceção à liberdade contratual e alguns trabalhos liberais) e
portanto para nunca nos enganarmos é por lá uma setinha a dizer 280).
Por último um outro vício da vontade é a incapacidade acidental (prevista no 257 do CC) e
esta implica que no momento da celebração do negócio o sujeito não era capaz de
entender o sentido do alcance da declaração ou então não conseguia determinar a sua
vontade de acordo com o pré-atendimento.
Ou ele não consegue entender o sentido da declaraão (o seu alcance) ou apercebe-se do
sentido mas qualquer situação faz com que não consiga determinar a sua vontade ou os
dois.
Se isto ocorrer o negócio é anulável mas exige-se que se verifique um pressuposto
adicional.
Esta incapacidade intencional tem que ser notória ou conhecida do declaratário e o
declaratário tem de a conhecer ou de poder se ter apercebido dela e o 257 diz-nos o que é
um facto notório e este pormenor é relevante porque é possível uma situação de
incapacidade incidental bilateral.
A e B ambos incapacitados porque foram beber ambos cervejas e perguntam se quer
vender o automóvel por 100 euros e outro diz que sim. Verdadeiramente ambos estão
incapacitados e ambos não se apercebem do estado do outro.
A importância deste requisito notório é no facto de uma pessoa de normal consciência
poderia notar então o negócio pode ser inválido mesmo que o outro sujeito não tenha
percebido. (remissão do artigo 257 para o 287)
Hoje o que se vai passar durante a tarde vão ser 2 horas teóricas agora com os da primeira
turma e depois os alunos da 1ª turma terão uma terceira hora teórica que teremos nós à
sexta-feira.
Hoje não haverá aula prática com o Dr. Pedro porque precisa de fazer o trabalho de
cooperação.
Continuando…
Na sexta feira terminamos os vícios da vontade e terminaram hoje no fim do dia ficando a
acompanhar-nos finalmente.
Nós vamos avançar sendo que não há grande perigo de não entender o avanço mesmo para os
da 1ª pois as matérias mesmo que relacionadas estão estanques.
Este surge porque muitas vezes as relações contratuais que se estabelecem não se esgotam
num só momento, há muitos contratos celebrados cuja execução não é instantânea e vão-se
prolongar no tempo (ex.: Contrato de arrendamento que se prolonga no tempo mais ou
menos; um contrato de fornecimento de bens também, contrato com a EDP para
fornecimento de energia) – múltiplos contratos de execução continuada.
Há outro problema que é a necessidade que temos de distinguir esta questão da alteração do
problema do erro então vamos dar um exemplo.
-O contrato funciona como um instrumento de gestão de risco (qualquer pessoa que celebra
um contrato submete-se a riscos e pondera estes para se submeter ao equilíbrio entre o risco
e os ganhos e, portanto, essa gestão de riscos é feita pelo sujeito e corresponde a um ato de
autonomia deste)
-A certeza e a confiança do tráfego negocial – não pode ser qualquer alteração que quebra o
vínculo do negócio senão ficava demasiado frágil e, portanto, temos que a priori rejeitar duas
posições radicais:
1º- posição que se pode enunciar através de uma expressão latina – o princípio pacta
sunt servanda – isto quer dizer que esta posição dizia-nos que o contrato tem que ser
pontualmente cumprido independentemente de alteração das circunstâncias e isso é
irrelevante não só no sentido temporal mas também cumpridos ponto por ponto. Esta
visão é extremamente formalista porque a alteração de circunstâncias pode tornar
desadequada a ponderação de riscos feita e o ato deixa de corresponder a um ato de
autonomia privada.
2º posição – cláusula rebus sic stantibus- isto significa que qualquer alteração que
ocorre-se devia relevar e qualquer alteração que viesse a existir devia permitir a
desvinculação do negócio – esta é uma posição por um radical subjetivismo liberal que
não tem em conta o outro vetor que consideramos que é a segurança e certeza.
Se nós rejeitamos estas duas posições radicais temos que procurar uma solução
intermédia – em primeiro lugar temos de ver se as partes integraram no contrato uma
cláusula para resolver o problema (as partes do momento de celebração do contrato
podem ter posto no contrato (e se as circunstâncias se alteram) e puserem uma cláusula
em que se mudasse as circunstâncias nesse sentido deviam modificar algo no contrato ou
extingui-lo (cláusula de Hardship).
Se existir esta cláusula a solução é aquela ditada pela vontade das partes no exercício na
sua autonomia.
A segunda hipótese é nada ser previsto pelas partes e aí temos nós de saber se aquela
alteração é ou não relevante e para isso surgiram ao longo dos tempos diversas teorias :
2ª teoria- teoria da pressuposição- esta teoria diz-nos que cada negócio/contrato integra
uma determinada pressuposição e esta deve ser vista/entendida/concebida como uma
condição não desenvolvida (já ouvimos falar de condições no direito romano) cláusula
acessória que se estabelece no contrato no qual o contrato fica dependente de um
acontecimento futuro e incerto) e a eficácia do contrato fica dependente das verificação
de um evento futuro e incerto e portanto a pressuposição seria uma condição não
desenvolvido. Implícita no fundo porque a declaração de vontade e a eficácia desta ficaria
dependente de um estado de coisas que se pressupôs.
Aquelas circunstâncias foram pressupostas e senão se verificarem a eficácia do negócio
fica em causa.
Se essa alteração fosse cognoscível pela outro parte então alteradas as circunstâncias
poderia haver desvinculação do negócio.
Críticas:
1º C´riticas partimos de uma ficção porque estamos a sujeitar o contrato a uma condição
que a outra parte não conhece e apenas exigimos a cognoscibilidade (fixamos uma
cláusula contra as regras de celebração do negócio jurídico)
3ª teoria- doutrina da base do negócio- O que nos vem dizer isto é que a alteração
superveniente das circunstâncias é relevante se essa alteração ocorre ao nível da base do
negócio – isto da base do negócio é o quê? Numa primeira formulação a base do negócio
era compreendida como o conjunto de circunstâncias que eram representadas por uma
das partes do negócio desde que a outro parte as aceitasse como importantes (no fundo
circunstância a partir das quais assentaria a celebração do próprio negócio (parte do pilar
sustentador do negócio)
Posteriormente a esta definição há um autor que veio a estabelecer que esta alteração na
base do negócio só seria relevante se aquelas circunstâncias seriam conhecidas ou
cognoscíveis no momento de celebração do próprio negócio.
Entre nós o professor Manuel de Andrade veio depois esclarecer que esta alteração
também é relevante quando o princípio da boa fé exija no momento em que o problema
se coloca que o contrato não fique tal como está.
Como podemos compreender a base do negócio? Deve ser entendida como o conjunto de
circunstâncias que ambas as partes assumiram como fundamentais para a celebração do
negócio ou que apenas 1 das partes considerou ou representou mas que a outra parte não
poderia deixar de ter em conta à luz do princípio da boa fé.
(ex.: A e B celebram um contrato de fornecimento de trigo sendo que o A é Ucraniano e B
PT e celebram o contrato há 1 ano atrás, ambas as partes assumiram como pressuposto
um clima de paz que permitira um fácil colheita e uma fácil exportação deste e estas
circunstâncias alteraram-se e foram assumidas por ambas as partes ou mesmo assumidas
por uma delas (o português) e o ucraniano sabia dos climas de tensão há luz da boa fé o
ucraniano teria de aceitar tais condições determinantes do negócio.
O que acontece com a alteração destas circunstâncias que integram o negócio isto vai
determinar aquilo que um autor alemão Larenz designa por turbação da equivalência.
O tal equilíbrio que se tinha estabelecido já não existe e hoje em dia a possibilidade de
colher o trigo e o exportar é muito mais custoso e agora o equilíbrio de prestação não
existe e portanto a manutenção do negócio tal como foi celebrado contraria o princípio da
boa fé.
O problema da alteração superveniente das circunstâncias está previsto no artigo 437 do
CC.
Artigo 437.º
(Condições de admissibilidade)
TEXTO
1. Se as circunstâncias em que as partes fundaram a decisão de contratar tiverem sofrido
uma alteração anormal, tem a parte lesada direito à resolução do contrato, ou à
modificação dele segundo juízos de equidade, desde que a exigência das obrigações por
ela assumidas afecte gravemente os princípios da boa fé e não esteja coberta pelos riscos
próprios do contrato.
Requisitos deste artigo para alteração dos termos do contrato ou resolução deste
(extinção do contrato validamente celebrado):
1º- alteração anormal da base do negócio (significa isto que tem de haver uma
modificação insólita (Não habitual) na base do negócio)
2º- é necessário que as exigências das obrigações afete gravemente os princípios da boa fé
(ou seja, a alteração tem que ser significativa ou melhor assumir proporções tais que a
manutenção do contrato subverteria a própria economia do contrato e a ponderação de
risco tomada já não fosse adequada.
3º - alteração não pode estar coberta pelos riscos próprios do contrato (isto significa que,
por um lado, as partes não podem ter integrado aquela ponderação de risco no próprio
acordo (ex.: no contrato swap em que a teoria de imprevisão permitiria a extensão
segundo esta teoria não se permitiria a extinção do negócio porque aquele risco de
alteração das taxas de juros era um dos riscos integrado dentro da economia do contrato.
Também não se poderá aplicar esta alteração quando haja um regime supletivo
estabelecido pelo legislador a resolver aquela questão. Esta não cobertura pelos riscos
próprios exige que vejamos a ponderação de riscos e o seu alcance e regimes supletivos.
Só recorremos ao artigo se o legislador não tiver resolvido o problema desta forma.)
Ex.: Senhor A vendeu a sua empresa a B, muito pouco tempo depois da venda ocorreu
entre nós a revolução de 25 de abril de 1974 e na sequência desta houve uma série de
nacionalizações. Significa isto que o senhor B que tinha pago um preço por aquela empresa
de repente vê a empresa nacionalizada e saída da esfera e perguntou-se se se podia aplicar
o regime da alteração superveniente das circunstâncias.
Houve pareceres contraditórios de vários professores à época e a melhor resposta é que
aqui não pode haver alteração do contrato por alteração das circunstâncias e se houve
extinção do contrato por alteração isso significa que o contrato deixava de ter efeitos e
voltada para o A tendo este que suportar o peso da nacionalização.
Aqui entende-se que não se aplica porque:
1º - o negócio está cumprido e este regime não faz sentido a negócio já cumpridos
2º e principal – a alteração superveniente das circunstâncias por força do nº2 do 437 tem
uma natureza subsidiária e há outro regime que deve ser mobilizada que é o regime do
risco (artigo 796)
Artigo 796.º
(Risco)
TEXTO
1. Nos contratos que importem a transferência do domínio sobre certa coisa ou que
constituam ou transfiram um direito real sobre ela, o perecimento ou deterioração da coisa
por causa não imputável ao alienante corre por conta do adquirente.
ex.: A vende a B determinado automóvel e o automóvel fica destruído por um raio o peso e
prejuízo seria suportado para b e no caso da nacionalização será o do B e neste caso se só se
aplica o 437 senão for previsto outra foram então aplica-se o 796.
Quando falamos desta representação falamos dessa forma de atuação (alguém atue em nome
de outrem – substituir esse outrem e os efeitos jurídicos produzirem automática e
imediatamente na esfera jurídica)
-Porque no dia atrasado da outorga da escritura pública não pode aparecer e B faz por ele
-Vai para o estrangeiro e quer que alguém faça por ele algumas coisas dando alguns poderes
de disposição
-Recebeu algum dinheiro e não sabe o que fazer e vai dar poderes de representação para que
salvaguarde o dinheiro ou para o próprio interesse do representante.
Outra coisa que não devemos confundir não é a atuação por conta de outrem, mas sim por
nome de outrem não podendo confundir com o mandato (contrato onde a pessoa fica
incumbida de atuar por conta de outrem. (mandato vs. representação)
Outro ex.: A e B celebram contrato de mandato e pode ser celebrado com ou sem
representação (neste exemplo sem) A incumbe B a adquirir determinado imóvel sem poderes
de representação e não o dando quando B compra imóvel ao C quem se torna proprietário é B
e nesta hipóteses de mandato sem representação só está concluído quando se celebrar o
negócio de celebração do mandato onde B transmite a propriedade ao A.
Numa mandato com celebração não é preciso isso porque aí já há poderes de representação.
O mandato pode atribuir poderes de representação mas também pode ser sem.
A caraterísticas essencial para que haja representação é que haja atuação em nome de outro
mas não basta sendo necessária que haja a chamada legitimação representativa (é necessário
que sejam atribuídos poderes de representação). Se me lembrar de atuar em nome de A não
há verdadeira de representação porque atuo mas sem legitimação.
Esta legitimação representativa no caso de representação voluntário (na legal por lei e na
orgânica pelo pessoa coletiva) estes poderes são concedidos por ato que se designa por
procuração artigo 262 do CC.
2. Salvo disposição legal em contrário, a procuração revestirá a forma exigida para o negócio
que o procurador deva realizar.
-Qual a forma da procuração?
Para saber qual a forma procuração temos de saber o negócio que vai ser celebrado com base
nesta (se A concede a B poderes sobre bens móveis – a forma exigida aqui é nenhuma no caso
de compra e venda de bens imóveis e, portanto, a venda verbal de um automóvel e
computador como forma convencional (validade a probacione).
O A compreende ao B representação para vender o computador e aqui não é preciso forma.
Agora para vender um imóvel será necessário escritura público ou escrito particular
autenticado e então a forma da procuração será a mesma.
Mas naturalmente pode ser sempre exigida a justificação dos poderes de representação e
muitas vezes por questões de prova pode ser exigida um documento escrito que demonstre
essa procuração mas é apenas probatório não precisando para validade.
-O procurador não precisa de ter plena capacidade de exercício (263) e apenas tem de ter a
capacidade de querer e entender que seja exigida pela natureza do negócio.
-1 hipótese – A ratifica
-2ª hipótese – não ratifica estamos perante uma situação de falta de representação do negócio
e a consequência é a ineficácia do negócio em relação ao representado (se A celebra em nome
de B contrato de compra e venda o negócio é válido mas é ineficaz em relação ao B e tudo se
passa como se o negócio não tivesse sido realizado para B).
Como podemos de alguma forma proteger o C? Proteger desde logo daquilo que se chama
uma tutela negativa da confiança – através de uma indemnização.
Quem tem de o indemnizar é o A que é o representante, mas pode haver situações em que o
representado tenha que indemnizar o terceiro por força do artigo 800 do CC.
Artigo 800.º
(Atos dos representantes legais ou auxiliares)
TEXTO
1. O devedor é responsável perante o credor pelos atos dos seus representantes legais ou das
pessoas que utilize para o cumprimento da obrigação, como se tais atos fossem praticados
pelo próprio devedor.
2. A responsabilidade pode ser convencionalmente excluída ou limitada, mediante acordo
prévio dos interessados, desde que a exclusão ou limitação não compreenda atos que
representem a violação de deveres impostos por normas de ordem pública.
Isto é buscado para a responsabilidade civil das pessoas coletivas, mas é mais amplo.
Imaginemos que A tem o B como empregado que costuma cumprir as suas obrigações depois
o A pode ser chamado a indemnizar e vai responder a este interesse contratual negativo se
desconhecer com culpa a atuação de B.
E vai responder com interesse contratual positiva de conhecer a atuação de B e não o fizer.
Para além desta tutela negativa é possível também tutelar-se positivamente a confiança de C
dando eficácia aquele contrato que há partida não teria eficácia e quando pode haver essa
atribuição de eficácia – casos de procuração tolerada ou aparente.
Falamos de procuração tolerada naquelas situações em que o representado conhece a atuação
do representante (portanto o A conhece a atuação do B e atua com problemas de
representação) e não age contra ele (tolera) e cria no C a ideia de que existem poderes de
representação e neste caso vamos dar eficácia ao negocia (tutela positiva). Cria na esfera do
terceiro a convicção que existem poderes de representação quando não existem.
Imaginemos que B atuou no âmbito de poderes de representação que lhe foram atribuídos
mas contrariou o sentido da própria representação ( A atribui poderes de representação ao B
no sentido de poderes de disposição de imóveis no sentido de adquirir um apartamento em
nome de A e fez isso porque precisava de um apartamento para montar o seu escritório de
advocacia e no domínio desses poderes comprou um terreno agrícola e agiu dentro do
domínio de poderes de representação mas contrariou o sentido.
Formalmente cumpriu os poderes mas materialmente não estando perante uma situação de
abuso de representação (269 do CC)
Consequência deste abuso – ineficácia do negócio em relação ao representado, mas neste caso
exige-se um requisito adicional (exige-se que o terceiro conheça ou deve-se conhecer o abuso)
S- isto faz sentido porque nas hipóteses de falta de poderes de representação o terceiro acaba
por poder reconhecer a falta de representação ou porque pode pedir essa justificação
protegendo o representado.
Agora neste caso ele age dentro da representação e portanto tentam proteger mais este
terceiro.
Imaginemos que A celebra com C um contrato de promessa de compra e venda (até ao final de
2021 A venderia a C um imóvel de 200.000 euros e entretanto foi para o estrangeiro e atribui
poderes de representação ao B por outorga de uma representação e imaginemos que C
também é representado por B e temos negócio consigo mesmo mas exclui invalidade porque é
contrato de promessa e todas as condições estão estabelecidas neste.
Última nota sobre artigo 261 – devemos interpretar de forma corretiva este artigo 261
permitindo aquilo que se chama uma extensão teleológica – ou seja vamos aplicar a mesma
solução a casos que não estão previstos no sentido literal da norma mas protegidos pela ratio
da norma (evitar conflitos de interesse para que não surja prejuízos ao representado).
Imaginemos que B em nome de A vende imóvel a C e C é mulher de B e não há formalmente
negócio consigo mesmo mas há conflito de interesses e dependendo do regime de bens
poderá ser mais ou menos latente.
Imaginemos que C é filho de B temos outra vez conflito de interesses e em todas as situações
em que podemos vislumbrar esse conflito de interesse em nome da ratio do 261º para
proteger o interessado.
Depois há outros problemas relacionados com pessoas coletivas mas damos isso nas teóricas
ou nas práticas.
Outra nota – para garantir que os alunos da primeira turma não morram de cansaço com aulas
do Dr. Pedro o Dr. Pedro vai dar aulas sobre o vício de vontade não vamos dar mais aulas e na
sexta-feira vamos ter aulas, mas apenas práticas para não estarem a avançar mais matéria
ainda e para que isso não acontece como a segunda turma não tem pressa vamos ter apenas
aulas práticas outra vez.
No fundo temos que questionar agora o que integra o objeto e o conteúdo do negócio jurídico
o que modera estas duas coisas.
Não vamos poder dar resposta a esta pergunta porque sabemos que ao nível do negócio
jurídicos e sobretudo ao nível dos contratos vigora um princípio de autonomia privada e se nos
regermos por esse princípio torna-se impossível dizer à priori o objeto e conteúdo do contrato.
405 do CC (liberdade contratual)
Este artigo diz-nos claramente quais são os requisitos a que deve obedecer o objeto jurídico e
aplica-se tanto ao objeto como ao conteúdo:
Fisicamente possível (tem que existir) e para além de existir tem que cumprir a finalidade
do negócio jurídico e portanto se o A vender a B 3 m2 da lua é inválido porque é
fisicamente impossível pois é impossível exercer tais direitos de propriedade.
Assim como venda de uma determinada parcela do céu.
Em termos mais convindos (mais ou menos disparatados) e mais realistas no nosso
contexto podemos dizer que é nulo um negócio jurídico que tenha por objeto um
computador que foi destruído há um mês (é nulo porque o objeto não existe).
Para além da possibilidade física exige-se que seja legalmente possível – aqui o que
queremos dizer com a impossibilidade legal diz respeito em que o objeto é uma realidade
normativa. (ex.: um contrato promessa que tem por objeto a celebração de um
determinado negócio – imaginemos que esse negócio prometido é proibido por lei-
nesse o objeto do contrato de promessa é legalmente impossível)
As segundas situações não têm este efeito liberatório (não fazem extinguir a
obrigação) apesar desta distinção ser clara em termos práticos temos zonas cinzentas
que nos trazem dificuldades porque muito graças à doutrina alemã e às alterações ao
código civil alemão em 2002 passou-se a falar em outras duas formas de
impossibilidade:
2º requisito – não contrariedade à lei – o objeto tem que ser lícito e não contrário à lei –
não está em causa a possibilidade ou impossibilidade legal ou celebrar no futuro um
negócio não permitido, mas sim para ver se estes negócio jurídico não viola normas
legais imperativas.
É nulo o negócio jurídico cujo objecto seja física ou legalmente impossível, contrário à
lei ou indeterminável.
Se apenas o fim do negócio jurídico for contrário à lei e não é o objeto em si ou uma
cláusula que viola uma norma imperativa mas sim o fim, o negócio só é nulo se o fim
for comum a ambas as partes.
Resulta do artigo 281 do CC.
Ex.: A compra uma arma com o objetivo de matar maria e o objetivo do negócio é ilícito
mas não determina a nulidade do negócio porque o objetivo não é comum a ambas as
partes.
A propósito da licitude – o direito não pode ser entendido só de forma moral e portanto
não podemos só incluir os negócio contrário à lei mas também nos negócios em fraude
à lei.
Muitas vezes são criados expedientes para contornar proibições legais e estes
também são proibidos e nulos mas aqui temos de fazer distinção e interpretar a norma
imperativa posta em causa e tentar perceber se o legislador pretendeu proibir um
determinado resultado e se o legislador pretendeu proibir um determinado resultado
são proibidos os meios direitos e os indiretos (fraude) para o contornar e aqui é nulo.
Ou temos o legislador a não querer proibir o determinado resultado, mas sim combater
certos meios para chegar a esse resultado. Se só quis combater certos meios então
outros meios que conduzam a outros meios são legítimos não tendo então negócio em
fraude à lei.
4º requisito – o objeto do negócio tem que ser conforme aos bons costumes – quando
falamos de bons costumes temos associada a este cláusula geral uma conotação
valorativa.
Os bons costumes não são os usos dominantes:
1ºporque a lei fala em bons costumes e não de simples costumes (bonnes mores (do
DR)) – dimensão valorativa porque não são apenas os usos dominantes.
2º razão – se os usos degradarem o direito não pode ficar preso nestes e o direito
deve reconduzir os costumes para os ideais não nos limitando aos usos costumes.
Há autores:
-Dizem que nos apontam para moral dominante e traduziram o sentido de como de
todos aqueles que pensam com intuidade e justiça. Esta noção de moral dominante
pode ser problemática em sociedades relativistas como a nossa.
-Então alguns autores como Menezes cordeiro parece apontar para um conceito mais
restritivo – apontam para uma dimensão de moral, sexual e familiar dominante e das
regras deontológicas das várias corporações (dos médicos, advogados, jornalistas,
etc.)
O bom costume tem de nos apontar para uma ideia de justiça que ultrapassa o próprio
ordenamento jurídico- uma ideia de consciência jurídica geral.
5º requisito – o objeto do negócio jurídico tem que ser conforme à ordem pública –
essa conformidade à ordem pública implica que o objeto não possa violar princípios
normativos fundamentais sejam eles contidos positivamente no ordenamento jurídicos
como não positivos, mas que alicercem de algum modo o ordenamento jurídico.
A verdade é que mesmo não podendo dizer qual o conteúdo a priori podemos dizer
que a prático nos diz que há cláusulas típicas que costumam surgir (são recorrentes).
Estas estipulações por outro lado são acessórias (não são essenciais – senão
existirem no negócio jurídico continua a valer como um determinado tipo negocial e
podem ser postas acessoriamente e são postas regularmente daí chamarem-se
(cláusulas/estipulações acessórias típicas).
-Resolutiva- quando o negócio produz ad inicio aqueles efeitos e cessa a produção dos
efeitos no momento em que se verifica aquele evento futuro e incerto.
2º- esse evento futuro tem que ser incerto (não podemos ter a certeza que vai
acontecer
3º- essa subordinação dos efeitos do negócio ao tal evento tem que resultar das
vontades das partes e não da lei.
4ºex.: - condições legais – não resultam da vontade das partes, mas da lei.
2º nota – as condições podem ser suspensivas ou resolutivas, mas para além desta
qualificação temos ainda uma distinção entre condições:
-se a condição for potestativa, arbitrária mas a parte debitoris alguns autores vêm dizer
que ela é admissível no fundo porque o devedor poderia no fundo desencadear ou não
de forma absolutamente insignificante a eficácia do negócio ou não.
Mas os autores também dizem que nos contratos bilaterais (geram obrigações para
ambas as partes) alertam que nesses contratos nenhum evento será totalmente
insignificante pois a obrigação de uma das partes é compensada pela obrigação de
outra dos sujeitos contraentes.
Outro negócio jurídico que não admite condição (compensação) artigo 848 do CC.
Artigo 848.º
Outra nota quanto a estes negócios incondicionáveis para além destes situações em que
os negócios não podem ser condicionados os autores têm entendido que em determinados
negócios em virtude de proteger a parte considerada mais frágil se deve impedir a
aposição da dita cláusula que é a condição.
A lei diz expressamente nas situações ditas que não se pode acondicionar e há
determinados negócios relativamente à qual a lei não se pronuncia mas há determinados
negócios apesar da lei não ter dito pela dinâmica da relação temos que proteger de algum
modo a figura mais frágil não permitindo a condição.
Ex.: Num contrato de arrendamento não é possível apor uma condição resolutiva porque
está estabelecido na lei e não podemos ir além disso.
Outro ex.: No contrato de trabalho –as hipóteses de cessação do CT estão previstos na lei
e não podemos apor uma condição resolutiva que ultrapasse a resolução nessa matéria.
-Tem que obedecer a todos os requisitos relativos ao objeto do negócio (que vimos na
sexta)
Quid iuris? Se for aposta uma cláusula impossível ou uma cláusula ilícita? O artigo 271 dá
uma resposta parcial a este problema. Diz que se for aposta uma condição ilícita o negócio
é nulo.
Se for aposta uma condição impossível temos de fazer um distinção:
-
Se for suspensiva – todo o negócio é nulo
-Se for resolutiva- gera-se apenas a nulidade da própria condição.
Há algum desvio quanto ás doações (967) e testamentos (2263)
Artigo 967.º
(Condições impossíveis, contrárias à lei ou à ordem pública, ou ofensivas dos bons costumes)
TEXTO
1. A condição física ou legalmente impossível considera-se não escrita e não prejudica o
herdeiro ou legatário, salvo declaração do testador em contrário.
2. A condição contrária à lei ou à ordem pública, ou ofensiva dos bons costumes, tem-se
igualmente por não escrita, ainda que o testador haja declarado o contrário, salvo o
disposto no artigo 2186.º
(Pendência da condição)
TEXTO
Aquele que contrair uma obrigação ou alienar um direito sob condição suspensiva, ou
adquirir um direito sob condição resolutiva, deve agir, na pendência da condição, segundo
os ditames da boa fé, por forma que não comprometa a integridade do direito da outra
parte.
Imaginemos que A vendeu a B sob condição um imóvel e ainda não é titular mas neste
período de tempo o A tem que agir sobre aquilo que é imposto pelo princípio da boa fé
para tutelar a posição de B.
Esta nota é importante porque verificado um comportamento contrário aquilo que a boa fé
impõe poderá gerar problemas e responsabilidade da contraparte.
(Retroatividade da condição)
TEXTO
Os efeitos do preenchimento da condição retrotraem-se à data da conclusão do negócio, a
não ser que, pela vontade das partes ou pela natureza do ato, hajam de ser reportados a
outro momento.
2. Se a verificação da condição for impedida, contra as regras da boa fé, por aquele a quem
prejudica, tem-se por verificada; se for provocada, nos mesmos termos, por aquele a quem
aproveita, considera-se como não verificada.
Se tivermos a certeza de que a aquele evento futuro e incerto não se vai verificar podemos
dizer que não se verifica e dá-se por não verificada e desencadeiam-se os efeitos
resultantes da não verificação (não produção de efeitos jurídicos).
Imaginemos agora que a condição não se verifica porque a parte que se aproveita da não
verificação e impediu ou imaginemos que aquele beneficiava com a verificação vai
provocar essa verificação.
Aqui vai contra a boa fé e nestes casos deve inverter-se e devemos dizer que a situação é
verificada ou ao contrário.
Imaginemos que A e B celebram um contrato e apõem uma condição e só se produzem se
se verificar um desvio nas contas de uma empresa no valor de mil e se se for verificada
beneficiará o A e senão for verifica o B porque se produzem ou não os efeitos.
Imaginemos que o B que beneficiava da sua não verificação impede a sua verificação e se
atuar contra a boa fé a condição deve dar-se como verificada.
Imaginemos que a condição beneficiava o A – era benéfico que se verifica-se e o A contra
as regra da boa fé vai provocar essa verificação. A consequência é com isso vamos
considerar como não verificada a condição.
Ex. dado para dizer que não estávamos perante condição: negócio só produzirá os efeitos
se António vier a morrer (o A vai morrer de certo não se sabe é quando e portanto estamos
perante um termo incerto porque não sabemos quando vai morrer mas sabemos que vai).
Tal como a condição em regra o termo pode ser aposto a qualquer contrato (fundamento –
405 do CC – princípio da liberdade contratual).
No entanto há negócios que são inaprazáveis (não são suscetíveis de um prazo/de ter um
termo).
Aqueles artigos que vimos para a condição referem-se também ao termo (compensação,
perfilhamento e casamento havendo outras situações que justificam essa impossibilidade)
NO que diz respeito ao regime do termo (aquelas regras do 273 e SS.) aplicam-se também
ao termo.
O regime aplicado ao termo é muito próximo do regime aplicado à condição.
Chamar a atenção ao 279 do CC. Que é um artigo que estabelece algumas regras (já foi
referido antes a propósito do momento exato em que termina a menoridade) e baseia-se
precisamente no conto do termo.
3ª cláusula acessória tipo – módulo ou cláusula modal – é uma cláusula acessória típica
que só existe por referência às doações e às liberalidades testamentárias e portanto não
pode existir um módulo num contrato de compra e venda e apenas em doações e
contratos de testamento e nos termos desta cláusula o doador ou testador impõem ao
beneficiário a obrigação de adotar um determinado comportamento.
Impõem um determinado encargo.
O cumprimento deste encargo pode estar ao serviço ou do doador ou do testador ou pode
estar ao serviço do próprio benificiário ou ao serviço de um terceiro.
Em determinadas situações, na prática, dependendo do modo como é formulada à
cláusula pode haver uma dificuldade de distinguir uma condição de um módulo.
(ex.: A doa um automóvel à M com a condição de margarida ter positiva num exame de
TGDC, estamos a falar de uma condição ou de um módulo. Uma cláusula que condiciona
a eficácia do negócio consoante o resultado na avaliação ou numa cláusula que impõe um
determinado encargo.
Vamos tentar distinguir.
Em termos teóricos não há dificuldades.
tratando de uma condição suspensiva é tranquilo porque o negócio não produz efeitos e se
fosse suspensiva só produziria efeitos se no dia em que saíssem as notas ela tivesse
positiva.
No caso do módulo ele produz efeitos mas há um encargo de ir à avaliação e ter positiva
(já vamos ver a consequência).
Outra coisa – da condição não surge obrigação e do módulo sim.
Se compararmos o módulo com a condição resolutiva vamos ver que no caso da condição
resolutiva verificando-se evento futuro e incerto à cessação automático do negócio e com
eficácia retroativa.
No caso do módulo não vai ser assim e já vamos ver qual a consequência da não
verificação do módulo e vamos ver que nem sempre o incumprimento do encargo
determina a resolução do negócio.
Quid iuris? Naquelas situações em que ficamos mesmo com dúvida entre os dois.
Neste caso lançamos mão de um princípio que é o princípio da preservação dos negócios
jurídicos. Tentamos sempre salvaguardar os efeitos do negócios jurídico em homenagem á
autonomia privada que presidiu à construção daquele instrumento.
E neste caso optamos sempre pela classificação daquela cláusula por um módulo porque
se a condição for suspensiva não produz efeitos até ao evento e na resolutiva cessa os
efeitos.
No caso do módulo o incumprimento não conduz ao destruimento dos efeitos do negócios.
Entre os dois a classificação de cláusula modal permite preservar mais o negócio.
Quais os negócios em que podem ser apostas uma cláusula modal? Testamento e
contrato de doação.
Quid iuris? Se for aposta uma cláusula modal impossível (estabelece um encargo físico ou
legalmente impossível de cumprir).
Neste caso a cláusula é nula mas mantém-se a validade do testamento ou doação porém
tal como tínhamos visto a propósito das doações e testamentos no caso da condição
impossível então vamos ver que o doador ou testamentador pode cancelar a doação ou
testamento.
Se o módulo for ilícito (não só contrariedade à lei, mas também à ordem pública e bons
costumes) há nulidade do encargo mas o testador ou doador não podem excluir a validade
do restante ato como poderiam no impossível (como vimos anteriormente na condição
impossível)
E depois outra.
Vamos hoje tentar terminar a matéria e assim a partir de sexta vai ser só aulas práticas.
Vimos que não conseguimos caracterizar o objeto do negócio jurídico fruto da autonomia
privada e a liberdade que as partes têm de introduzirem.
São cláusulas acessórias nos termos das quais os contraentes(partes do negócio) vão
acordar excluir ou limitar (consoante os casos (consoante cláusulas de exclusão ou
limitação) a responsabilidade do devedor pelo não cumprimento da obrigação que
assumiu.
Aqui este não cumprimento é em sentido amplo (embarco o sentido estrito e amplo mora,
etc.).
-Por atos de auxiliares (só se exclui ou limite a responsabilidade quando decorre de um ato
de um auxiliar e não do devedor)
Etc.
Reparemos que estas cláusulas não funcionam todas da mesma maneira e muitas delas
só conduzem a uma limitação da responsabilidade em termos indiretos e por isso só
vamos centrar a análise numa modalidade destas cláusulas:
-Cláusulas que limitam a responsabilidade em função de um determinado grau de culpa ou
em função de um montante.
Se elas são válidas… será válido apor estas clausulas? Coloca-se este problema em face
do artigo 809 do CC.
Artigo 809.º
O problema é que esta interpretação literal do 809 não corresponde à melhor interpretação
da norma e isto que parece lógico afinal não é a melhor solução.
1º- o artigo 809 não abrangeria no seu âmbito de relevância as cláusulas de limitação da
responsabilidade porque estas cláusulas não configuram uma renúncia do credor a um
direito e apenas limitam um direito e não implicam a renúncia deste.
2º argumento – há outra cláusula que muitas vezes surge inserida nos contratos e que
vamos estudar a seguir que é a cláusula penal que está previsto no CC numa das sua
modalidades (810) e que na prática pode funcionar como um cláusula de limitação da
responsabilidade.
Vamos estudar a seguir esta mas para perceber o argumento vamos falar dela (ex.:
Contrato entre A e B e neste foi aposta uma cláusula de limitação da responsabilidade e B
como devedor vê a sua responsabilidade limitada a 3,000 euros e se B não cumprir o A
apenas pode referir 3.000 euros.
Imaginemos que se apurava bens no valor de 500 euros… O A neste caso tem direito a
uma indemnização de 500 euros.
Agora se se apurar bem no valor de 5,000 euros…O A tem direito a indemnização no valor
de 3,000 euros.
Agora imaginemos que temos contrato entre A e B a qual foi aposta uma cláusula penal.
Tem várias modalidades, mas uma delas é a de fixação qualquer coisa (nesta as partes
estabelecem uma determinada prestação que o devedor deverá pagar com o não
cumprimento). Imaginemos que foi escolhida uma pena de 3.000 euros mas os danos
apurados foi de 5,000 euros. O A terá direito a 3,000 euros porque esta pena substitui a
indemnização.
Se os danos apurados for de 500 euros ele terá direito a 3,000 euros porque o que está
em causa não é uma limitação da responsabilidade mas sim substituição da indemnização
por uma pena.
Nesta cláusula penal vamos ver que pode funcionar em benefício do credor como também
pode funcionar como limitação da responsabilidade.
Então pareceria um pouco estranho que o legislador permitiria uma cláusula penal e
depois veda-se completamente a possibilidade de introduzir num negócio uma cláusula de
limitação de responsabilidade).
Estas duas razões justificam que o artigo apenas proíba as cláusulas de exclusão de
responsabilidade e não as de limitação.
Se o que estiver em causa for a culpa leve parece que não há possibilidade de a cláusula
afetar a natureza jurídica da obrigação.
Ainda nos lembramos o que é contratos de adesão e há um diploma que regula este
(446/85) e neste são consideradas absolutamente proibidas e como tal nulas as cláusulas
que excluam ou limitem a responsabilidade pelo não cumprimento, definitivo, ou não
cumprimento defeituoso em casa de dolo ou culpa grave e portanto à luz deste decreto-lei
são consideradas nulas estas cláusulas por dolo ou culpa grave.
Ao ler isto podemos concluir o contrario as cláusulas de exclusão e limitação por culpa
leve.
Então se elas são válidas no quadro dos contratos de adesão onde há fortes limitações à
liberdade contratual então não faz sentido não ser válida no quadro dos contratos
negociais que tem um regime mas livre.
Este diploma posterior ao CC parece reforçar um melhor entendimento quanto 809.
Conclusões:
Este diz-nos que é possível através de uma cláusula excluir-se a responsabilidade me que
o devedor incorreria e é possível desde que não compreenda atos que envolvam normas
de ordem pública.
Quando são atos práticos de atos auxiliares essa exclusão seria válida
independentemente do grau de culpa em causa.
Devemos no entanto traçar aqui uma distinção entre os tipos de auxiliares em causa:
-Auxiliares dependentes (as condições de validade são exatamente as mesmas (só são
válidas em caso de culpa leve e só são nulas se limitarem ou excluírem a responsabilidade
no caso de dolo ou culpa grave))
-Auxiliares independentes (neste caso devemos considerar que são sempre válidas
mesmo nas hipóteses de dolo
É necessário fazer esta distinção porque primeiro o artigo 800/2 não limita a
responsabilidade por salvaguarda de culpa, mas temos de ter em conta que os auxiliares
dependentes são muitas vezes usados pelos devedores para estes efeitos e são
considerados como atos do próprio devedor.
Além destas que são “contratuais” ainda temos as cláusulas de exclusão e limitação de
responsabilidade extracontratual e as condições de validade são exatamente as mesmas.
Os fundamentos não são os mesmos pois está em causa a ideia de ordem pública e
princípios normativos mas o que daqui resulta é que as condições de validade são as
mesmas.
Portanto apenas serão válidas no caso de culpa leve e sempre nula nas hipóteses de dolo
ou culpa grave.
Cláusula penal – estipulação acessória típica e nos termos desta estipulação as partes
convencionam antecipadamente uma determinada prestação (normalmente pagamento de
uma quantia em dinheiro) que o devedor deverá realizar em caso de não cumprimento,
cumprimento defeituoso ou mora.
Tradicionalmente a doutrina considerava que a cláusula penal era unitária (existia uma
apenas) e esta cláusula penal enquanto figura unitária cumpriria simultaneamente duas
funções:
-Permitira fixar antecipadamente a indemnização (sabia-se a priori a indemnização que o
devedor teria de pagar)
-Cláusula penal em sentido estrito – neste caso a pena substitui a indemnização não
porque seja a própria indemnização mas porque satisfaz por outra via o interesse do
credor.
Substitui a indemnização mas não é a própria indemnização e por isso ao contrário da
primeira modalidade o credor pode optar pela pena ou indemnização (por uma ou outra).
Por isso também a pena é exigível mesmo que não haja danos.
Esta modalidade de cláusula penal também não está prevista no CC mas mais uma vez
considera-se válida ao abrigo da liberdade contratual (405).
No CC apenas está prevista a primeira modalidade de cláusula porém o artigo 812 do CC.
Artigo 812.º
(Redução equitativa da cláusula penal)
TEXTO
1 - A cláusula penal pode ser reduzida pelo tribunal, de acordo com a equidade, quando
for manifestamente excessiva, ainda que por causa superveniente; é nula qualquer
estipulação em contrário.
3- É admitida a redução nas mesmas circunstâncias, se a obrigação tiver sido
parcialmente cumprida.
- Então entende-se que isto é aplicável a todas as cláusulas penais extraindo daqui um
princípio mais amplo.
Ex.: negócio celebrado sobre condição suspensiva onde o acontecimento não se verificou
(ineficácia absoluta)
Ex.: Negócio celebrado por representante celebrado sem representação (ineficácia
relativa) – é ineficaz, mas apenas em relação ao representante.
AO contrário do que se diz o negócio nulo ainda pode produzir alguns efeitos.
Quais são os efeitos que o negócio nulo pode produzir?
-Há outros efeitos que o negócio nulo pode fazer (efeitos resultantes da redução e
conversão dos negócios jurídicos) – vamos ver no final desta aula ou no início da próxima
aula.
isto para dizer que ainda estes fazem efeitos e estes efeitos residuais que ele próprio pode
produzir levou a doutrina a autonomizar outra categoria que é:
Depois esse conceito foi alargado a outras coisas para além do direito patrimonial.
Esta inexistência não é material (ex.: faltou declaração negocial que aí é inexistência
material) esta inexistência jurídica em que falta de tal forma elementos essenciais para não
haver corpus minimus de um negócio jurídico.
É importante falar por tratar de situações graves e por saber que os negócios nulos ainda
produzem alguns efeitos.
Então situações em que fomos autonomizando que corresponde a estes casos de
inexistência:
Quer a nulidade como a anulabilidade têm eficácia retroativo – isto significa que para lá de
os efeitos laterias e residuais que os negócios inválidos podem produzir todos os efeitos
do negócios são destruídos (289 do CC)
O ordenamento jurídico perante esta repristinação restabelece a situação de status quo
ante ou seja, apagamos tudo como se o negócio nunca tivesse acontecido.
Significa isto que perante a invalidade do negócio vai constituir-se uma relação jurídica que
é uma relação jurídica de liquidação.
A chamada relação jurídica de liquidação.
Esta relação jurídica envolve a devolução de tudo quanto haja sido prestado (imaginemos
que contrato compra e venda o A entrega automóvel a B e B paga a A e a devolução é a
relação jurídica inversa. A devolve a B o dinheiro e B devolve a A automóvel).
Isto parece simples mas há determinadas situações em que não é possível ser prestado o
que foi o cumprimento do contrato.
E nessas hipóteses temos de ter atenção.
Quid iuris? Não é possível devolver automóvel porque foi vendido a C e ele é protegido ou
foi destruído num acidente então o que é necessário devolver valor equivalente ao bem.
B não teria de devolver automóvel mas sim valor correspondente a este (resulta do artigo
289 do CC)
Artigo 289.º
2. Tendo alguma das partes alienado gratuitamente coisa que devesse restituir, e não
podendo tornar-se efetiva contra o alienante a restituição do valor dela, fica o adquirente
obrigado em lugar daquele, mas só na medida do seu enriquecimento.
3. É aplicável em qualquer dos casos previstos nos números anteriores, diretamente ou por
analogia, o disposto nos artigos 1269.º e seguintes.
Este artigo ainda nos diz no nº2 e, portanto, temos que compatibilizar a solução do 289
com as soluções do artigo 1269 do CC.
Artigo 1269.º
2ª regra – aquele que estiver de boa fé pode fazer seus os frutos naturais (aquilo que o
bem produz) e os frutos civis (isto são por exemplo os juros ou as rendas) que tenha
recebido até ao momento em que sabe que tem de devolver aquele bem.
Outro problema é o do valor a restituir quando não seja possível a devolução da coisa (ex.:
A vende a B automóvel e o negócio é nulo e já vimos que o A tem que devolver a B o
preço e o B têm que devolver a A o automóvel. Imaginemos que o automóvel não existia a
regra é que tem que devolver o valor equivalente, mas qual é esse. Vamos ter em conta o
valor do bem no momento da celebração do contrato ou no momento da devolução
assumindo que é completamente diferente e se pensarmos nos imóveis o valor é diferente
(se bem que no primeiro normalmente ele diminuiu e no imóvel aumentou).
Temos que ter em conta qual momento?
Parece que a Melhor solução é nós considerarmos que deve haver atualização do
valor do preço de acordo com a inflação ou não? Essa é a questão. – Vamos ter
que ter em conta a atualização do valor correspondente à coisa e temos de ter em
conta a valorização do mesmo.
Outra questão (imaginemos que A fez obras no imóvel e hoje vale mais que no
momento da aquisição (2º tipo de atualização) – neste caso estamos perante as
bem feitorias e de acordo com o artigo 1262 a bem feitoria, se estiver de boa fé,
pertencem ao próprio e não vamos ter em conta esse valor.
3º problema – hoje em dia independentemente do imóvel o próprio valor do
dinheiro é diferente daquele que existia no momento 1.
Temos dois tipos de atualização?
-Valor no momento 1 ou momento 2 (com a inflação)
-Bem feitoria
-Valor do dinheiro
Tal como combinado vamos terminar rapidamente o programa e depois casos práticos
(preciso de ir a Viseu e depois Aveiro por isso não vai haver casos práticos)
No caso de uma assinatura falsa num documento temos das duas uma dependendo dos
autores (não vou escrever porque a matéria vai começar, mas é entre inexistência e
ineficácia)
Vimos que os negócios inválidos vêm os seus efeitos destruídos por força da nulidade ou
anulabilidade.
Vimos que o negócio nulo pode produzir determinados efeitos e a anulabilidade também.
Entre esses efeitos jurídicos constam daqueles que constam ou da redução do negócio ou
da conversão do negócio jurídico.
A redução (prevista no artigo 292 do CC) e ela opera quando nós estamos diante negócios
parcialmente inválidos.
Não é todo o negócio que é inválido mas apenas parte dele.
Perante estas ideias,, perante um negócio parcialmente inválido partindo desta suposição
de divisibilidade do negócio e tentando salvaguardar o máximo o negócio jurídico permite-
se a redução do negócio.
Expurga-se o inválido e fica o válido.
E por isso o contraente que se opuser à redução é que vai ter que vir provar que sem
aquela parte eliminada não teria formado negócio jurídico ou seja, é o contraente que se
opõe à redução que tem de vir provar a chamada vontade hipotético-conjetural (a vontade
que teria tido se soubesse que o negócio apenas valeria pela metade.
Mesmo se provando esta vontade hipotético-conjetural é possível que haja situações em
que a redução tem lugar obrigatoriamente;
1ª situação – (a chamada redução teleológica que não tem nada a haver com a redução
teleológica que falamos em IADI sobre a interpretação) sempre que a invalidade parcial
resulta da violação de uma norma que se destina a proteger uma parte contra a outra.
Prende-se que se esta invalidade resultou da violação de uma parte que violou uma norma
que visava proteger a outra.
2ª situação – sempre que a boa fé o imponha e esta é uma solução que está de acordo
com aquilo que estudámos em matéria de integração do negócio jurídico porque nesta
integração também recorremos à vontade hipotético conjetural das partes exceto quando a
boa fé a contrariar sendo que aí ela prevalece.
3ª situação – nos contratos de adesão – quando haja violação de certas normas,
determinadas clausulas envolverem violação de determinadas normas por questões de
proteção do consumidor a redução será obrigatória.
No caso da conversão não estamos perante um negócio parcialmente inválido mas sim
aqui o negócio é totalmente inválido (totalmente nulo ou nos negócios ineficazes até se
tem chegado à conclusão que é aplicável).
Não se pode aproveitar partes nenhumas então vamos reconstituir através dos elementos
do negócio jurídico inválido um outro negócio jurídico aproveitando o material do negócio
inválido.
Que outro negócio jurídicos? O negócio jurídico cujo o objetivo, embora de forma mais
precária, se aproxime daquilo que as partes tinham em vistas quando celebraram o
contrato
(ex.. estamos perante um contrato de compra e venda de um imóvel e é nulo por vício de
foram e é totalmente nulo mas podemos convertê-lo num contrato de promessa de compra
e venda e o resultado final no final será semelhante ao contrato de compra e venda
embora de forma mais precária).
Ex.: de redução: A vende a B um terreno com 500 m quadrados, mais tarde descobre-se
que apenas 250 m2 pertenciam a A e outros 250 a outro. Neste caso a venda dos 250m2
corresponde a uma falha que é nula, mas há uma parte do terreno que podia ser vendida
então o que fazemos é reduzir o negócio jurídico.
Mesmo para terminar vamos falar de outros 4 conceitos.
Vimos que as invalidades determinam a não produção de efeitos jurídicos assim como a
ineficácia.
Também vimos que há formas de fazer cessar os efeitos jurídicos que pressupõem que
esse negócio foi validamente executado:
Nem sempre esses 4 conceitos são usados com total propriedade pelo legislador e nem
sempre aplicados muito corretamente pelo legislador havendo várias clivagens
terminológicas tendo em conta a legislação avulsa relativa a diretivas e portanto nem
sempre é fácil fazer uma cisão clara mas vamos tentar ao menos distingui-las:
-Resolução- implica também o ponto final da produção de efeitos jurídicos e tem como
fundamento ou facto previsto nas leis ou uma convenção das partes. Os efeitos desta
estão previstos nos artigos 433 e SS. E em alguns pontos estes efeitos equiparam-se aos
efeitos da nulidade e anulabilidade, ou seja, tem eficácia retroativa.
-Revogação- implica a cessação dos efeitos do negócio jurídico que produz efeitos apenas
para o futuro, ou seja, o efeito que o negócio produziu até o momento é tranquilo. Este
efeito pode existir quando a lei estabeleça esse efeito ou quando haja um acordo entre as
partes nesse sentido.
-Caducidade- esta opera também apenas para o futuro e pressupõe a verificação de um
facto a que a lei atribui eficácia distintiva (ex.: A morte de um determinado sujeito num
determinado contrato pode determinar a eficácia extintiva do contrato – ele caduca)
-Denúncia- traduz-se numa faculdade que um contraente tem de através de uma simples
declaração fazer cessar os efeitos do negócio. Em muitos casos basta esta declaração e
nem é necessário fundamentar a declaração (denuncia ad nutum).
Esta figura é importante nos contratos de duração indeterminada e há determinados
contratos que se estabelecem com esta duração e a vinculação perpétua constituiria uma
limitação à liberdade contratual porque não seria aceitável exceto em situações
excecionais.
Portanto admite-se que em situações um dos contraentes ou os dois consiga cessar os
efeitos do contrato com esse aviso.