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Teoria Geral de direito civil I

Mafalda Miranda Barbosa

Vamos estudar pela primeira vez uma disciplina de direito civil

E o direito civil tem de ser caracterizador nas primeiras aulas temos que tentar perceber o que
é o direito civil:

É um ramo do direito privado e dentro do direito privado é um direito geral e um direito mãe.

As nossas primeiras aulas (terça feira) serão dedicadas a tentar perceber o que é o direito civil
enquanto ramo do direito privado e depois vamos estar mais aptos porque falamos de uma
teoria geral do direito civil (porque o direito civil é amplo e por ser amplo recebe uma
generalização, etc.)

Teoria geral porque se vai aplicar a todo os ramos dentro do direito civil.

Depois isto não nos diz nada sobre o que é verdadeiramente o direito e depois vamos
caracterizar mais o direito civil e vemos que é o direito que afeta mais o ser humano (afeta-o
desde a sua vida até depois da sua morte).

Desde antes do nascimento até a sua pós-morte (ex.: profanar cadáveres, os bens dos mortos,
não podemos difamar um morto)

Durante a nossa vida o direito civil acompanha-nos diretamente no nosso dia a dia.

Pelo facto de ser pessoa já tenho tutela do direito civil.

Quando nós saímos da civil e quisermos ir tomar uma agua nos estamos a celebrar um
contrato com quem explorar o bar ex.

Muitas vezes as pessoas pensam que o contrato envolve um papel e caneta, mas não. A cada
instante usufruimos de uma série de contrato que celebramos. O direito civil acompanha-nos o
temos que perceber o que é.

Temos que entender as circulações do CC mas isso não chega porque o CC vai mudando e os
juristas têm que se adaptar. (ex.: regime estudado nas aulas pode deixar de existir)

Mais importante do que perceber as normas é perceber o que está por de trás das normas (os
seus princípios). Portanto uma das matérias é perceber os princípios fundamentais do direito
civil podendo assim caracterizar melhor este direito.

Quando tivermos conhecimento destes princípios (precisando de chamar à coação alguns


exemplos concretos) vamos perceber como se sistematiza em termos dogmáticos o direito civil
como está consagrado no nosso ordenamento jurídico este influenciado pelo ordenamente
jurídico alemão (pandectista alemã)

Vamos perceber que no centro do direito civil temos um conceito chave – relação jurídico e
vamos ver a sua noção, modalidades, elementos e depois a sua estrutura interna.
Relação da vida social regfulada pelo direito mediante a atribuição a um sujeito de um direito e
a sujeição a um sujeito de um dever. ( se o antónio é credor então o bernardo é devedor – se
sou titular do direito à vida então do outro lado há aqueles que têm de respeitar esse meu
direito)

Vamos estudar a noção de direito subjetivo – os seus tipos e classificações

Sujeição e as suas categorias.

Mas o direito não é constante olhamos para a personalidade jurídica não estática mas
dinâmica com a aquisição de direitos, extinção,etc.=

Depois vamos repensar que esta relação jurídica se estrutura com vários elementos (ex.:
sujeitos) e tem que incidir sobre alguma coisa (objeto da relação jurídica) esta que tem de
surgir do facto jurídica e depois a garantia da relação jurídica.

No primeiro semestre só vamos estudar os sujeitos da relação jurídico e o resto fica para o
segundo semestro referindo só essa garantia levemente e maior parte fica para o direito
processual.

Vamos estudar nos sujeitos as pessoas singulares e coletivas e não há possibilidade de surgir
mais sujeitos da relação jurídica? No nosso tempo atual temos outras discussões como se os
animais podem ser sujeitos de direito e os algoritmos podem ser sujeitos de direito.

Anyways sobre estas duas primeiras vamos estudar muito e saber sobre a personalidade
jurídica e entender quase se ganha esta, quando cessa (ex.: com a morte e vamos os critérios
jurídicos da morte, etc.).

Vamos estudar outras situações onde o cadáver não apareceu mas as circunstância foram tais
em que não podemos duvidar que a pessoa morreu.

Vamos estudar o direito de personalidade que hoje em dia é uma matéria de relevo. Vamos
estudar a capacidade de gozo de direitos. Capacidade de exercício a capacidade de exercer os
seus direitos (adquirida aos 18 anos mas mesmo assim podem continuar a haver pessoas que
precisam algum cuidade (pessoas com doenças demenciais, etc – regime de acompanhamente
de maiores debilitados – não tirando o exercício mas que a pessoa age com uma
representação ou autorização de alguém).

Depois as pessoas coletivas, como se constituem, etc, bla bla bla.

Como não temos matérias práticas e aulas práticas dadas pela professor transformamos aulas
práticas de sexta em teóricas para termos tempo para tudo. À sexta teríamos às 2:15-4:15 e
depois 1h fazendo 3. Próxima semana sexta começa às 2:30 às 4:30 para ganharmos 1 horas.
As aulas práticas são excelentes mas com as práticas de DA temos uma alternativa. As práticas
não começam ainda para a semana porque não há matéria subjacente ainda para começar a
dar mais aulas.

A professora quer que as aulas sejam dialogos e que qualquer duvida que tenhamos devemos
apresentar.

A primeira questão é saber o que é o direito civil

Para saber o que é temos que dar resposta a duas questões.

Primeira vamos analisar o direito civil do ponto de vista formal e sistemático e depois material

Formal e sistemático

O direito civil é direito privado

Se dizemos isso temos que saber desde logo a diferença entre direito público e privado

Direito público vs direito privado – clássica dicotomia mas que ao longo dos tempos esteve em
volta de alguma controvérsia e isso quer dizer que podemos ser confrontados com diversas
doutrinas que estabelecem diferentes critérios para esta distinção:

1ªteoria – teoria ou doutrina dos interesses (Não tem a haver com a jurisprudência dos
interesses)

A doutrina ou teoria dos interesses vem nos dizer que são normas do direito público aquelas
que tutelam interesses públicos. As de privado tutelam interesses particulares.

Críticas:

-O critério é simples, não obstante ele não pode ser aceite porque desde logo porque
encontramos normas de direito privado que tutelam interesses públicos (mais à frente vamos
estudar os contratos que é um acordo entre duas pessoas com vista à produção de efeitos
práticos que querem ver juridicamente ressalvado que não precisa de ser em regra
dependente de qualquer forma ao contrário do comumente acreditado – regra da liberdade
de forma. Há certas exceções em que o legislador exige uma forma – compra e venda de uma
casa por exemplo em que impõe uma celebração de um contrato através de escrito particular
autenticado ou escritura. Esta é uma norma que tutela interesses particulares e público.

-Há deternminadas normas de direito público que tutelam também ineteresses particulares
(ex.: direito penal é direito pública mas a norma do DP que impune o homicídio tutela
interesses públicos e particulares (está em tutela o bem de vida jurídica de cada um de nós)

Isto significa que o critério não nos serve. O que se tentou foi corrigir de algum modo este
critério e a correção deste determinou o surgimento de um segundo critério – surgindo a
teoria do interesse dominante/prevalecente:

Vem-nos dizer que as normas de direito público tutelam em primeira linha preferencialmente
interesses públicos e as normas de direito privado tutelam em primeira linha
preferencialmente interesses particulares. De algum modo já escapamos à crítica da primeira
teoria mas ainda assim esta teoria falha e não pode ser aceite como critério distintitvo entre
este

Críticas:

-Através da interpretação da norma podemos aceder aos interesses subjacentes da norma mas
é difícil nós hierarquizar-mos os interesses. A norma tutela-os articuladamente e
harmonizadamente e, portanto, pode ser difícil estabelecer tal hierarquia.

-Continuamos a perceber que há normas de direito privada que parece que em primeiro lugar
estão a tutelar interesses públicos se conseguíssemos estabelecer tal hierarquia (ex.: maioria
das normas imperativas (que não podem ser afastadas daqueles a quem se destina), normas
respeitantes às fundações sendo que este regime é moldado segundo um interesse público.

Chegasse à conclusão que segundo estes critérios objetivos porque têm em conta a norma não
servem.

Vamos tentar pensar noutros critérios e surgem critérios subjetivos porque atendem não ao
objeto da norma mas aos sujeitos afetados pela norma

1ªteoria – teoria da posição relativa dos sujeitos

Esta diz-nos que as normas de direito público regulam relações de suprainfraordenação


(relações em que um sujeito está numa posição de superioridade e outra numa de
inferioridade) e as normas de direito privado regulariam relações de paridade/igualdade em
que os sujeitos já se encontram no mesmo patamar/nível. A perspetiva relativamente às
teorias anteriores é inversa.

Esta também não serve- críticas:

-Encontramos normas de direito público que regulam relações em que os sujeitos estão numa
relação de paridade (ex.: relação entre estados onde estão no mesmo plano, normas que
disciplinam relações entre autarquias locais) todos estes estão no mesmo plano e são normas
de direito público.

-Há normas de direito privado que regulam relações entre sujeitos que estão numa relação de
suprainfraordenação em que o patamar não é de total igualdade (ex.: direito de trabalho, no
âmbito do direito privado especial, estabelecem-se relações que não são de paridade; no
âmbito do direito da família nós encontramos disciplinada a relação entre pais e filhos onde os
filhos têm o dever de obediência aos pais e não é portanto paritária)

2ª teoria – critério/teoria da identidade dos sujeitos

É subjetivo e vai-nos dizer que as normas do direito privado são aquelas que disciplinam
relações entre particulares e as de direito público são aqueles que disciplinam as relações
entre particulares e o estado ou entre público entre si.

O que permite distinguir é a presença ou não do estado

Este critério não pode ser aceite, críticas:


-Há situações em que o estado pode assumir a veste de um particular

-Há determinadas normas que disciplinam situações em que são os particulares que se
relacionam entre si e são normas de direito público. Há situações em que os particulares se
relacionam entre si por meio de normas de direito público (ex.: normas que disciplinam os
concursos de acesso ao emprego público e permitem que os particulares se relacionem entre
si a partir do direito público)

Senão posso atender à identidade dos sujeitos para distinguir o direito e o privado vamos ter
de atender à qualidade dos sujeitos e essa é a última teoria

3ª- teoria da qualidade dos sujeitos

São normas de direito público aquelas que disciplinam as relações particulares e o estado,
particulares e outros entes públicos ou entre entes públicos entre si desde que o estado ou os
outros entes públicos surjam munidos em ius imperium (poder de imperium). Ius imperium
traduz-se no poder de emitir comandos vinculativos executáveis pela força se necessário
contra aqueles a quem se dirigem, o poder que um determinado ente tem de emitir um
comando vinculativo contra destinatários. Força não é necessariamente força bruta, mas há
mecanismo coercitivos para executar tal comando.

Este critério ainda nos transmite algumas imperfeições:

-Há determinadas normas que é difícil nós percebermos porque é que elas se integram no
direito público com base neste critério apesar de não haver dúvidas que são de direito público.
(normas que disciplinam a atribuição de determinados subsídios e subvenções).

Não obstante estas fragilidades deste critério parece que é acolhido no nosso ordenamento
jurídico e conseguimos percebê-lo através de alguns artigos do C.C:

-Artigo 501 do C.C O (Estado e demais pessoas coletivas públicas, quando haja danos
causados a terceiro pelos seus órgãos, agentes ou representantes no exercício de
atividades de gestão privada, respondem civilmente par esses danos nos termos em que
os comitentes respondem pelos danos causados pelos seus comissários.) – quando
alguém causa um dano a alguém a resposta do direito civil normalmente trás a obrigação
de indemnizar o sujeito danado.

O artigo 500 do C.C diz que no caso das pessoas coletivas (não age por si mas tem órgão
que age pela pessoa coletiva) também poderá ter que indemnizar o sujeito pelas ações de
seu órgão.

Quando é o estado e os seus funcionários ou agentes podem causar danos no exercício


de funções de gestão públicas o estado terá de responder pelas ações dos seus b n
funcionários, mas há outras situações em que o estado tem de responder mas também o
agente em si. Quando são ações que não exigem ius imperium para agir (ex.: atropelar
alguém – eu não preciso de ius imperium para tal) o direito privado pode ser aplicado e a
indemnização recair sobre o privado e é isso que o 500 dizem sobre as ações revestidas
de imperium

Lei 67 de 2007 quando as ações não estão revestidas de ius imperium.


-artigo 2133 do C.C – (1. A ordem por que são chamados os herdeiros, sem prejuízo do
disposto no título da adoção, é a seguinte:
a) Cônjuge e descendentes;
b) Cônjuge e ascendentes;
c) Irmãos e seus descendentes;
d) Outros colaterais até ao quarto grau;
e) Estado.
2. O cônjuge sobrevivo integra a primeira classe de sucessíveis, salvo se o autor da
sucessão falecer sem descendentes e deixar ascendentes, caso em que integra a
segunda classe.
3. O cônjuge não é chamado à herança se à data da morte do autor da sucessão se
encontrar divorciado ou separado judicialmente de pessoas e bens, por sentença que já
tenha transitado ou venha a transitar em julgado, ou ainda se a sentença de divórcio ou
separação vier a ser proferida posteriormente àquela data, nos termos do n.º 3 do artigo
1785.º)

Se a pessoa morrer sem deixar testamentos os bens são deixados nesta ordem

-Artigo 2153 do C.C (O Estado tem, relativamente à herança, os mesmos direitos e


obrigações de qualquer outro herdeiro.)

Na fusão destes o estado aparece como um particular e cabe no direito privado outro
exemplo é:

-artigo 1304 do C.C (O domínio das coisas pertencentes ao Estado ou a quaisquer outras
pessoas coletivas públicas está igualmente sujeito às disposições deste código em tudo o
que não for especialmente regulado e não contrarie a natureza própria daquele domínio.)

Diz-nos que relativamente ao estado temos bens que pertencem ao domínio público do
estado e outros que não e se não pertencerem ao domínio público do estado é aplicado o
regime do código civil.

Grandes motivos para estas dificuldades de entendimento porque:

- a atividade administrativa modificou-se – pensemos num médico, se um médico atuar e


magoar alguém na sua clínica é responsável mas num hospital é o estado mas a atividade
é a mesma. A atividade administrativa modificou-se de uma forma que temos o estado a
contratar alguém para exercer atividades que eram do estado.

-Fruto da complexificação da vida social surgem hoje novos ramos do direito que são
integrados que por normas de direito público ou privado, ou seja, tradicionalmente
tínhamos ramos de direito público e ramos de direito privado, mas agora temos ramos de
direito vamos ter a concorrência para o compor de normas de direito público e normas de
direito privado como o direito do consumo. O direito de consumo é composto
preferencialmente por normas de direito privada, mas também por normas de direito
público.
Apesar disto devemos manter a distinção entre o direito privada e público porque é
importante do ponto de vista teórico e prático e porque?

-Porque se o problema for de regime de direito público ou privado o regime aplicável pode
ser diferente

-A competência dos tribunais é diversa e se tivermos a lidar com um problema de direito


público os tribunais administrativas e fiscais estão em cima desta (TAFs) e se estivermos a
lidar com um problema de direito privado os tribunais competentes são os tribunais
comuns (dentro destes temos os cíveis e os de competência especializada (tribunal de
trabalho, tribunal de família e menores)).

-A intencionalidade de cada um dos ramos de direito é diversa. No âmbito do direito


privado prevalece uma ideia de liberdade e uma ideia de justiça comutativa. No âmbito do
direito público prevalece uma ideia de legalidade e a justiça dominante é a justiça
distributiva. A consideração desta intencionalidade é relevante não só para garantir a
compreensão dos diversos regimes jurídicos com que temos que ligar mas também como
figura essencial para garantir a autonomia do direito privado.

Esta autonomia do direito privado é por vezes posta em causa por correntes que têm vindo
a falar da constitucionalização do direito privado (um impacto tão forte do direito
constitucional na relação dos privadas que chegam a ponderar a constitucionalizar o direito
privado). Quais são os índices desse impacto:

-As normas de direito civil têm que se mostrar compatíveis com a constituição (senão são
desaplicadas).

-A nossa CRP consagra no seu artigo 18 uma solução importante ao dizer que DLG são
diretamente opuníveis/invocáveis nas relações entre privados.(impacto direto ao nível do
direito privado)

-Na interpretação que se faça de determinados conceitos gerais (indeterminados) vamos


ter que recorrer aos princípios constitucionais

(ex.: artigo 280 do C.C – (1. É nulo o negócio jurídico cujo objecto seja física ou legalmente
impossível, contrário à lei ou indeterminável.
2. É nulo o negócio contrário à ordem pública, ou ofensivo dos bons costumes.)

Para podermos concretizar este conceito geral da ordem público vamos ter que recorrer
aos princípios constitucionais – um contrato no qual uma pessao se obriga em troca de
uma determinada prestação a não casar ou não ter filhos contraiaria este ordem público e
concretizariamos esta ordem pública segundo os princípios encontrados na ordem
constitucional. O direito privado mantém então a sua intencionalidade contrariando essa
constitucionalização.

Vamos estudar mais tarde o princípio da igualdade ao nível de direito civil com um âmbito
diferente do artigo 13 da constituição pois na sua raiz o direito civil na sua raiz é
desigualitário e discriminatório. Isto no sentido onde no direito privado há liberdade e um
pode agir como quer dentro da lei podendo vender um computador a um terceiro em
detrimento do senhor B porque não gosta dele simplesmente enquanto no direito público
não pode haver nada disso. Agora se há preconceito racial, etc. há um abuso de liberdade,
etc.
Depois o C.C tem sanções próprias. Quando se viola a constituição incorre numa
inconstitucionalidade e no C.C tem os próprios.

O DC dentro do direito privado

O DC surge no direito privado geral porque em todo o direito privado surge direito civil,
antigamente era o direito de cidadãos o atual direito civil. Todo o direito era antigamente,
direito civil.

Agora nem todo o direito privado é geral agora pois há medida que se foram complexando
determinadas necessidades foram necessárias criar regras especiais que se foram
agrupando e constituindo um corpo autónomo e coesa e acabaram por formar ramos de
especialização de direito privado especiais (ex.: inicialmente todo o direito era direito de
cidadãos, direito civil mas depois a atividade mercantil começa a desenvolver-se muito e
traz exigências dos mercadores e queriam tornar tudo mais célere pelas limitações que o
direito civil normal lhes trazia e criaram regra aplicadas especialmente aos mercados e
foram se criando e agrupando até se autonomizar naquilo que hoje é o direito comercial
isto numa visão simplificada do que é o direito comercial; com a revolução industrial surge
uma classe operário suprimida e houve uma necessidade de tutelar de uma forma mais
intensa os trabalhadores e surgem regras especiais que ganham uma coerência e unidade
interna que dão origem ao direito de trabalho).

Agora deixamos de lado o direito público e observamos agora o interior do direito privado
onde temos o direito civil como direito privado geral e depois vários ramos especiais.

O direito civil como direito privado geral pode ser considerado direito mãe porque surge da
autonomização de outros ramos, mas como mãe os outros ramos de direito apesar de
autónomos sempre que há uma lacuna pode se aplicar o direito geral ou seja o direito civil.

O direito civil funciona como direito subsidiário dos outros ramos.

Se o direito comercial tiver alguma coisa a dizer sobre o problema da forma diz “senão
aplica-se a regra geral do direito civil

O Direito civil trata das relações entre particulares no seu quotidiano e regula estas
relações em todas as dimensões da vida. É o ramo de direito que atinge mais
intensamente e extensamente o homem. Antes de nascer e depois de morrer-
extensamente. Atinge-nos aspetos pessoais e todas as relações negociais do quotidiano-
intensamente.

Os sujeitos que aparecem não são qualquer sujeitos. Cada um de nós para o direito civil
não é um mero indivíduo mas sim pessoa porque o direito civil coloca no centro da sua
disciplina a pessoa podemos dizer que ele não é neutro do ponto de vista axiológico.
Como materialmente se constitui o direito civil

Depois de saber como se constitui sistematicamente e formalmente este, materialmente,


estudando os princípios fundamentais do direito civil.

O primeiro que vamos estudar, já hoje, que é muito relevante.

1º-princípio do personalismo ético – transmite-nos que no centro do direito civil está o


homem pessoa.

O que é isto de ser pessoa? Durante muito tempo o homem foi considerado um mero
indivíduo, o iluminismo forjou o indivíduo. Era um na sua bolha jurídica e tudo bem desde
que não afetasse outra. Depois percebeu-se que o homem não podia ser concebido
apenas como indivíduo, mas como pessoa. Este ser de pessoa é um ser de relação onde
se diz que cada um de nós não se consegue desenvolver no seu isolamento e somos um
ser de relação e é através do outro que o eu se reconhece como inteiramente digno.

Reconhece-se como inteiramente digno porque o tu dirige-lhe uma pretensão de respeito e


o eu faz o mesmo ao tu, ou seja, reconhecemos tal dignidade por relação de respeito. O
reconhecimento da integral dignidade envolve um salto para um patamar axiológico porque
se o tu se degradar e dirigir com base nessa degradação uma pretensão de respeito para
o eu o ele vai-se reconhecer numa relação de degradação e não de dignidade. Isto resulta
numa relação subjetiva mas tem de a ascender para uma dimensão axiológica onde se
pressupõe tal dignidade para que não haja uma degradação. Isto permite-nos concluir que
o sujeito do direito civil já não é o indivíduo solitário e egoísta mas a pessoa que tal ser
supõe uma dimensão ético-axiológica.

Isto tem inúmeras consequências ao nível do direito civil como:

-No modo como compreendemos o direito subjetivo;

-Vai reconhecer o direito civil, o ser humano como um ser que tem uma dignidade própria
e originária;

-O reconhecimento de direitos de personalidade

-Ao nível da compreensão da liberdade e a liberdade de que vamos falar na sexta-feira

-Do modo como compreendemos a responsabilidade

-Obrigou o DC a reconhecer personalidade e capacidade jurídica a todos os homens sem


exceção

-Vai conduzir a uma compreensão do direito de propriedade não individualista

-Vai permitir à afirmação da família com um polo de integral desenvolvimento da pessoa.

Todas estas ideias do personalismo éticos vamos compreender melhor à medida que
estudamos.
Vamos continuar a nossa tentativa de perceber o que é o direito civil

Já falamos do personalismo é ético onde colocamos a pessoa no centro do direito civil

Os princípios fundamentais que vamos estudar hoje tmabém são designados por esta
ideia de pessoa não confundir com a ideia de indivíduo. A pessoa é ela própria uma
categoria ético axiológica,

A ideia de autonomia realiza-se sobretudo através de dois instrumentos:

-Direito subjetivo (que vamos estudar mais tarde) – confere um poder e quando exerço um
poder exerço a minha liberdade e autonomia,

-Através de um mundo negocial preferencialmente (designadamente dos contratos)

Hoje vamos falar de um princípio importante que é o da autonomia privada,

Vem dizer-nos que o sujeito é iminentemente livre no âmbito do direito privado. A primeira
coisa que temos de fazer é saber como entendemos esta liberdade porque não foi sempre
entendido do mesmo modo. Hoje concebemos a liberdade com várias dimensões. No
período iluminista era entendida como uma liberdade negativa “o sujeito não podia ser
obrigado a fazer algo que não quisesse” haveria uma restrição à liberdade sempre que
houvesse uma sobreposição heterónoma. Não havia qualquer obstáculo à sua usufruição
das necessidades, etc.

Hoje encontramos esta liberdade negativa mas também uma liberdade positiva entendida
de um modo formal – esta liberdade positiva é a possibilidade que cada um tem de optar
entre diversas alternativas de ação/de fazer as suas próprias escolhas no fundo.

Isto não chega para definir a nossa liberdade... Isto porque o direito em si não é uma pura
forma e o direito não pode admitir tudo. A liberdade que é tolerada ao nível do direito civil é
uma liberdade que tem um conteúdo ético-axiológico. Ou seja, é a liberdade não do
indivíduo que vê outro como um obstáculo mas sim a liberdade da pessoa, pessoa que só
se realiza no encontro com o outro e isto tem 2 consequências fundamentais:

-É possível que em determinadas situações o sujeito incorre no abuso da sua própria


liberdade.

-Ao ser livre a pessoa porque é um ser de relação é simultaneamente responsável e é


responsável pelo outro. Sempre que exercito a minha liberdade eu tenho que o fazer
cumprindo uma série de deveres que me permitam agir em relação ao outro com o
cuidado que ele merece. Isto depois tem a haver com o princípio da responsabilidade que
vamos dar noutras aulas.

A liberdade não é vista como a liberdade perante o outro mas sim a liberdade agora
envolve ela a responsabilidade.

Esta autonomia/liberdade embora seja um pilar central de todo o DC não conhece a


mesma amplitude em todos domínios do DC. Ela é central mas vai conhecendo uma
amplitude maior ou menor dependendo do domínio do DC em que se insere.
Vamos percorrer vários domínios do DC para perceber em que poder ser oscilante estes
princípios da autonomia:

-Direitos da personalidade (direitos sobre nós próprios e bens da nossa personalidade (ex.:
direito à vida, etc.) e há alguma margem de liberdade pois podemos limitar os nossos
direitos de liberdades através do chamado consentimento (ex.: vou cortar o cabelo e se
alguém cortar o cabelo sem a minha autorização está a praticar um ato ilícito, mas como
autorizei não). Mas vamos estudar que há limites para os limites e essa limitação fica
condicionada pelos limites da ordem pública, pelos limites dos bons costumes, e os limites
da salvaguarda da pessoa. Aqui vemos que nos limites da liberdade o sujeito pode fazer
muita mas não tudo neste domínio.

-Direito da família tem uma ampla margem de liberdade pois um pode decidir com quem e
quando quer casar, quando quiser acabar a relação de matrimónio e qual o regime de
bens. Mas depois a liberdade acaba aqui pois quando casa há certas restrições de
liberdade de estabelecimento da relação. (ex.: um pai não pode acabar com o estatuto de
relações familiares com o filho).

-Direito real (das coisas) – no âmbito dos direitos reais há uma margem de liberdade pois
podemos decidir se queremos adquirir ou não a propriedade e podemos exercer os nossos
direitos dentro de determinados limites, mas o legislador cria um princípio de tipicidade. Há
um princípio de tipicidade no que diz respeito à forma de aquisição desses direitos reais.
Só pode ser considerado direito real aquilo que o legislador considerou como tal e só
podemos adquirir direitos reais a partir das formas estabelecidas pelo legislador.

-Direito das sucessões – o direito que regula o fenómeno sucessório, o que vai acontecer
aos bens da pessoa depois da sua morte. Podemos aqui ver liberdade do sujeito para
celebrar um testamento e nesse testamento pode decidir a quem pode deixar os seus
bens, mas não tem toda a liberdade do mundo pois há um limite de bens para a disposição
sucessória e isso incorre na legítima e essa é a quota indisponível dos bens do sujeito
porque obrigatoriamente uma parte dos seus bens tem de ser atribuída aos seus herdeiros
legitimários (filhos e cônjuge).

-Direito das obrigações- o direito das obrigações incide nos direitos de crédito ou
obrigacionais (traduzem-se no poder que o sujeito tem de exigir de outro a realização de
uma prestação). Pode ser a entrega de uma coisa, a realização de uma tarefa, o
pagamento de uma quantia em dinheiro, etc. É no âmbito deste direito que a ideia de
autonomia privada se agiganta e dentro deste direito nós vamos depois confrontar-nos
com duas figuras (os negócios jurídicos unilaterais e os contratos)

Os negócios jurídicos são sempre manifestações de vontade, num ato jurídico voluntário
que visa a produção de determinados efeitos práticos sobre tutela do direito. Esta vontade
é declarada através das chamadas declarações negociais. E há determinados negócios
que são compostos por apenas uma declaração negocial ou várias no mesmo sentido.
Estes negócios jurídicos estão sujeitos a um princípio de tipicidade pois isto afeta um
sujeito e sendo unilateral (ex.: testamento) deve ser tipificado pelo legislador para não
haver abuso de liberdades.

Os contratos são relações de negócios jurídicos com duas posições opostas e


convergentes (ex.: compra e venda). É nestes contratos que a autonomia se agigante e
podemos aqui o princípio da liberdade contratual. Esta liberdade contratual conhece 3
grandes dimensões:
-A liberdade de celebração ou não celebração do contrato (cada um só celebra um
contrato sequer e ninguém pode ser obrigado) –

 mas isto conhece limites (ex.: Há situações em que há o dever de contratar (ex.: o
contrato de seguro de responsabilidade civil automóvel é obrigatório pois todos
aqueles que querem circular com o seu automóvel têm que celebrar este
contrario); se estivermos no âmbito nos serviços públicos essenciais (Luz, àgua,
gás) a lei 23/96 impõe a obrigatoriedade de celebração de contrato e os
prestadores de serviços não podem eximir-se à celebração deste contrato (Se
quiser energia em casa a EDP não pode recusar tal serviço); há outras situações
também onde se tem entendido que em determinados contextos em que
determinadas empresas funcionam em regime monopolistas pode haver
efetivamente um dever de celebrar contrato; em determinadas profissões liberais,
determinadamente médicos, pode haver casos onde o médico não possa recusar a
celebração do contrato de prestação de serviços médicos)

 Outro limite – há determinadas situações em que a valdiade de um contrato pode


ficar dependente da autorização de um terceirro (Ex.:artigo 877, do CC- (Venda a
filhos ou netos)

1. Os pais e avós não podem vender a filhos ou netos, se os outros filhos ou netos não
consentirem na venda; o consentimento dos descendentes, quando não possa ser
prestado ou seja recusado, é susceptível de suprimento judicial.
2. A venda feita com quebra do que preceitua o número anterior é anulável; a anulação
pode ser pedida pelos filhos ou netos que não deram o seu consentimento, dentro do
prazo de um ano a contar do conhecimento da celebração do contrato, ou do termo da
incapacidade, se forem incapazes.
3. A proibição não abrange a dação em cumprimento feita pelo ascendente.)

Diz que o senhor tem 2 filhos B e C não pode vender apartamento a B sem autorização de
C. Isto não vale para doações mas para negócios onerosos sim. O legislador fala da
compra e venda mas não da doação porque quando o pai morre os filhos são herdeiros
legitimários e cada um dos filhos terá direito a uma quota indisponível e isso pode
significar que quando é feita a partilha pos mortum vai ter em conta a doação feita em vida.
O que pode se fazer é o pai fingir que está a vender mas na verdade estava a doar e
contornar este problema na partilha e para contornar esse truque faz essa restrição a
liberdade de disposição relativamente aos netos.

-A liberdade de escolha de contraparte – cada um é livre de escolher com quem


contrata ou não contrata e isto é uma marca do direito civil no sentido discriminatório no
sentido em que podemos escolher com quem concrato em vez de x mas há limites;

 Há certas situações onde é proíbidos celebrar contrato com certas pessoas –


casos de indisponibilidade relativa (artigo 953 e depois 2192 a 2198)
o Ex.: O A é casado com B e comete adultério com C e quer-lhe doar um
automóvel mas não pode pois a lei não deixa.

 Segundo limite segundo aquele que incorre dos direitos legais de preferência.
(ex.:Imaginemos que o sujeito A tem um contrato de arrendamento com o sujeito
B. A certa altura A decide que quer vender o apartamento arrendado por 100.00
euros. Em regra decide com quer que contratar essa venda mas o arrendatário tem
o direito legal de preferêncai e quando A quiser vender o apartamento tem que
comunicar a A que quer vender e as condições dessa venda podendo B preferido e
ser o comprador preferencial. A pode escolher se B não escolher preferir)

 Também podemos ter direitos convencionais de preferência onde a preferência


não é atribuída por lei mas resulta de um contrato que celebrou onde o A celebra
com B que quando o A vender a casa o B vai ter preferência. Aqui já o sujeito se
auto vincula e não legislador então não há um limite à liberdade de escolha de
contraparte

 Outro limite é imposto pelo princípio da igualdade. Vimos que o princípio da


igualdade tinha uma amplitude e gravidade muito própria. Esta liberdade deixa de
ser assim quando haja um pendor discriminatório que afete bens essenciais da
personalidade e temos algumas normas no nosso ordenamento jurídico que
impedem essas normas de discriminação com base na religião, sexo, etnia, raça,
etc. e nessa medida poderão configurar um limite a essa liberdade de escolha de
contraparte. Aqui há quase uma conformação da liberdade atribuída à pessoa.

-A liberdade conformação do conteúdo do contrato. Isto quer dizer que eu posso criar
o conteúdo do contrato que quiser (artigo 405 do CC -1. Dentro dos limites da lei, as partes
têm a faculdade de fixar livremente o conteúdo dos contratos, celebrar contratos diferentes
dos previstos neste código ou incluir nestes as cláusulas que lhes aprouver.
2. As partes podem ainda reunir no mesmo contrato regras de dois ou mais negócios, total
ou parcialmente regulados na lei.)

De acordo com isto os sujeitos podem:

 celebrar contratos típicos (que estam previstos na lei)


 celebrar contratps atípicos (não previstos na lei mas que as partes modelaram
conforme os seus interesses)
 modelar regras de vários tipos contratuais
 podem inserir dentro do contrato as claúsulas que entenderem.

Podemos entam ter contratos típicos, atípicos e misto

Mas ainda tem limties:

 Há normas imperativos, há normas que não podem ser afastadas das partes
 Os limites impostos à liberdade do negócio jurídico referido no artigo 280 - 1. É
nulo o negócio jurídico cujo objecto seja física ou legalmente impossível, contrário
à lei ou indeterminável.
2. É nulo o negócio contrário à ordem pública, ou ofensivo dos bons costumes.)
 Os limites impostos pela boa fé – boa fé é outro princípio fundamental que vamos
estudar a seguir (remissão para o próximos episódios)
 Limites impostos pelos contratos de adesão (pelo recurso aos contratos de
adesão) – os contratos de adesão são uma realidade negocial cada vez mais
frequente nos nossos dias e tem dado resposta às necesisdades trementes da vida
quotidiano. Em regra para ter um contrato tem de existir uma proposta (A) e uma
aceitação um B. Entre a proposta e a aceitação costuma existir uma negociação
que permite que a conformação final do contrato resulta de uma unificação de
interesses. Há uma realdiade onde a negociação não é possívle- contratos de
adesão – contrato onde as claúsulas do contrato são redigidas de forma prévia e
unilateral limitando-se o outro sujeito a aderir ou a rejeitar. Há um sujeito que se
chama predisponente que vai elaborar as claúsulas de foram unilateral, prévia e
rígida e depois há outro sujeito que se chama aderente que se limita a aderir ou
não.
Quando estes contratos de adesão para além destas caracterísitcas anteriores
associa uma outra característica que é a generalidade diz-se que os contratos de
adesão é celebração com recurso a clásuuslas contratuais gerais. Os contratos
com operadoras, fornecedores de energia, bancos, seguradores, compras de
eletrodomésticos, digitais na net- não podemos rejeitar esta realidade porque era
impossível os bancos negociarem cada contrato mas devemos estar conscientes
dos riscos. Nós não negociamos e simplesmente aderimos ou não. Eu não
participo na modelação de contrato e a minha liberdade passa apenas por aceitar
ou não aceitar e isto comporta riscos e são 3:

-Risco do desconhecimento das cláusulas (como são elaboradas previamente e


em termos técnicos com letras pequenas de difícil leitura)

-Adesão a cláusulas injustas ou adesivas (se forem injustas ou abusivas a pessoa


não adere, mas esta liberdade de aderir ou não aderir é muito especial só que
estamos a falar de áreas de contratação envolvem bens essenciais e feitas por
empresas que funcionam em regime monopolista ou oligopolista sendo as
cláusulas muito parecidas entre outras no oligopólio. A liberdade que a pessoa tem
em teoria é limitada.

-Riscos processuais – estes riscos processuais (ex.: muitas vezes as pessoas


mesmo sabendo que tem cláusulas abusivas vai ter dissaboros judiciais e do outro
lado vai ver uma equipa de advogados e sobre essa ameaça vai provavelmente
não fazer nada.

1985 com o decreto de lei 486 de 85 que é uma reação a isto que foi
sucessivamente alterado mas manteve-se a estrutura importante e vai estabelecer
uma estrutura de 3 níveis controlo em resposta a estes 3 grandes riscos:

 1º nível de controlo – formação de contrato – o legislador estabeleceu dois grandes


deveres – devere de comunicação e dever de informação. Todas as cláusulas de
contrato têm de ser comunidas de forma prévia, integral e de forma adequada de
forma a atribuir o devido conhecimento por parte do aderente e senão forem
comunicadas de acordo com estas carcaterísitcas estas claúsulas dão-se como
não escritas. E também o dever de informação seja este dever espontâneo
(espontaneamente por iniciativa próprio o predisponente tem de explicar o alcance
e o sentido das cláusulas ou pelo menos daquelas que considere mais importante
ou mais complexas até pela forma técnica como o contrato é escrito e portanto
pode haver casos onde o aderente não tenha dúvidas sobre o contrato por ele não
perceber o mesmo então deve haver uma informação do próprio) ou de uma forma
provocada (tendo o predisponente que dar resposta a todas as dúvidas dirigidas
pelo aderente). O que acontece se for violado este dever de informação, as
cláusulas dão-se como não escritas outra vez. No decreto de lei 486/85 os artigos
5º, 6º e 8º.
 2º nível de controlo- controlo ao nível do conteúdo do contrato – o legislador previu
longas listas de cláusulas abusivas e essa cláusulas são proíbidas e são de dois
tipos: ou absolutamente proíbidos ou relativamente proíbidas. No primeira são
sempre proibídas ou na segunda as cláusulas são suspeitas e têm de ser
consideradas dependendo do padrão da àrea padronizado (da àrea de negócio).
Estão no artigo 18, 19, 21, 22. Uma cláusula pode vir a ser considerada nula se em
concreto violar a boa fé mesmo não estando na lista.

 3º e último nível de controlo – controlo ao nível processual – o legislador consagrou


a chamada ação inibitória e isso é o quê? Quando nós temos um litígio com
alguém (ex.: A celebra contrato com B e a meio o A considera que há um cláusula
abusiva não precisando de ser um contrato de adesão podendo ser um litígio de
outros contratos. Como o A pode reagir? Reage recorrendo a tribunal para que ele
considere nula ou anule a cláusula e a reação típica é sempre após o litígio) Mas
esta ação inibitório no artigo 26 envolve um controlo a priori não havendo um litígio
entre o A e o B e nem sequer há um contrato as pessoas previstas no artigo 26
pode a priori sem aderir de inquerer em tribunal a anulação de um cláusula que tal
pessoa ache abusiva.

Os contratos de adesão vão portanto impor dois limites *a liberdade de contratual que é
fáctica sobre os conteúdos pois não posso modelar os contratos conforme os meus
interesses e normativas porque o predisponente controla o conteúdo do contrato de forma
rígida.

Voltando agora chegamos ao estudo do segundo princípio do direito civil que é o princípio
da Boa fé.

A Boa fé pode ser entendida num sentido:

-Subjetivo – traduz um estado psicológico daquele que acredita que está a atuar em
conformidade com o direito, aquele que acredita que está a atuar sem levar direitos
alheiros. Esta boa fé em sentido subjetivo pode ser entendida numa perspetiva meramente
psicológico (o sujeito acredita que está... então está a atuar de boa fé e se fosse o
contrário era má fé) ou numa perspetiva etico-psicológica (o sujeito acredita que está a
atuar sem levar direitos alheios e acredita sem qualquer culpa portante está de boa fé).

Se o sujeito acreditar que está a atuar sem levar direitos alheias, mas tiver culpa que está
a levar direitos alheios já está a agir em má fé

Ex.: O artigo 291 no CC fala-nos de boa fé neste sentido subjetivo e depois vamos estudar
este artigo e percebemos que é importante. O A vendeu apartamento a B e o B vendeu
apartamento ao C. Imaginemos que o negócio entre A e B é inválido e assim o B não é
proprietário então não pode vender ao C então se o primeiro é inválido o segundo também.
A lei estabelece requisitos para proteger o C e se está protegido pode ser considerado
proprietário e um dos requisitos era que C estivesse de boa fé e que desconhecesse o
negócio entre A e B mas não desconhecer apenas mas sem culpa. Falando este artigo de
uma boa fé no sentido subjetivo numa perspetiva ético-psicológica.
-Objetivo- a boa fé neste sentido é que nos traduz o sentido da boa fé. Se estivermos no
âmbito subjetivo aquele que atua contra a boa fé está a atuar de má fé mas se estivermos
no âmbito objetivo não falamos de má fé mas sim de contrariedade ao princípio de má fé.

Este princípio da boa fé impõe que os contraentes sejam honestos, leais e corretos.

Uma nota importante: esta princípio da boa fé atua ao nível contratual mas vai um pouco
além do regime do contrato e pode ser invocado nas relações entre pessoas certas e
determinadas que não seja uma relação contratual (ex.: se o A leva o filho do B ao colégio
todos os dias não há uma relação contratual mas há um princípio da boa fé que pode ser
invocado).

Além disso o princípio da boa fé visa atuar no domínio da execução do contrato (artigo
762) mas também na fase onde ainda só há negociação entre as partes (artigo 227) e na
fase pós contratual pois mesmo depois de completar o contrato as partes continuam
vinculadas por este princípios (ex.: A trabalhou durante determinados anos numa empresa
e durante esse período apercebeu-se de vários segredos da empresa ele não deixa de
estar vinculados por esses deveres sigílio discrição e pode ser responsabilizado se vier a
revelar esses segredos)

Este princípio da boa fé estabelece um padrão de comportamente a que deve obedecer os


contraentes mas já tentaram escautelizá-lo:

-Princípio da boa fé apresenta uma sentido:

 Negativo (pode proíbir certos comportamentos (ex.: proíbe que o credor torne a
prestação do credor mais onerosa (ex.: A tem que entregar uma bicicleta ao B e o
B cria dificuldades para que a entrega se possa realizar e isso intenta sobre o
princípio da boa fé); proíbe o venire contra factum proprium (proíbe que a pessoa
vá contra o próprio comportamente, a pessoa não pode adotar um comportamento
indutor de confiança e amanhã adotar outro (ex.: determinados contratos têm de
estar sujeitos a determinada forma (ex.: A vende a B um armazem mas sobre um
contrato celebrado entre as partes e não uma escritura e assim é nulo, isso só
acontece porque A porque B convence sobre um comportamento de confiança a
celebrar esse contrato privado até porque B devia favores a A, etc. O Bernardo
começa a fazer investimento e obras no armazém e passado de uns anos António
zanga-se e invoca a nulidade do negócio e isso vem ao venire contra factum
próprio); proíbe a invocação da exceção de não cumprimento de contrato quando
falha do cumprimento seja diminuta (ex.: A paga bem a prestações paga 1000
euros e não pagou ainda 5 euros a falha é tão diminuta que não é leal tu dizeres
que não entregas por 5 euros)

 Positivo do princípio da boa fé – o princípio da boa fé impõe determinados deveres.


Uma dimensão obrigacional é composta por vários deveres (ex.: contrato de
compra e venda entre A e B de um ac. O A vende e o B comprou. O A tem a
obrigação de entregar a coisa e o B a obrigação de pagar a coisa, Estes dois
deveres são os deveres principais de prestação e permitem caracterizar o tipo de
contrato. Estamos a falar da venda de ac e sendo um de parede é preciso de
instalada e para além dos deveres principais de prestação há os acessórios de
prestação onde o A tem a obrigação de me dar informações do como montar o ac,
mandar alguém para o montar e levá-lo a minha casa. São acessórios pois estão
ali para satisfazer as necessidades do credor quanto ao bem.
Outro exemplo num contrato de prestação de serviços (A obrigou-se a pintar as paredes
de casa do Rui em troca de determinado pagamento e pode pintá-las de duas maneiras
(pintando, pintando ou tendo cuidado forrando os móveis, evitando deixar a lata em cima
da porta, desviando os móveis, etc.) Não parece correto pintar as paredes sem cuidado e
isso significa para além dos deveres principais e acessórios de prestação existem os
deveres de proteção também chamados de deveres laterais ou deveres de conduta que
decorrem diretamente da boa fé e visam garantir a integridade/incolumidade do restante
património do credor e da restante pessoa do credor (círculo próximo do credor).

A relação obrigacional deve então ser vistas como uma relação obrigacional completa

Para que tudo seja tranquilo a professora vai continuar a ligar a sala nas práticas para não
andarmos a correr de um lado para o outro com as aulas presenciais e as online.

Avançando na matéria dos princípios fundamentais do direito civil...

O terceiro princípio que temos de falar é o princípio da confiança, no entanto para poder
explicar cabalmente/adequadamente o princípio e em que moldes o ordenamento jurídico
acolhe este princípio precisamos de saber mais algo sobre a responsabilidade civil
estudando primeiro um quarto princípio que é o princípio da responsabilidade.

Princípio da responsabilidade – 4º princípio

A ideia de responsabilidade ao nível do direito civil surge como um corolário/projeção do


princípio do personalismo ético de que partimos porque esse personalismo ético diz-nos
que no centro do DC está a pessoa (ser autónomo e simultaneamente responsável).

É responsável de duas formas:

-Pelo outro (é por ser isto que tem uma série de deveres a cumprir em relação aos outros)
– tem uma série de deveres para cumprir para salvaguarda do outro

-Perante o outro – senão cumprir esses deveres que visam salvaguardar o outro vai ter
que compensá-lo de alguma maneira e é nesta segunda dimensão da responsabilidade
que nós no cruzamos com a responsabilidade civil. ´

A responsabilidade civil surge então como um instituto que pode ser entendido como a
projeção dogmática do princípio da responsabilidade e além disso é um instituto que vai
fazer emergir uma obrigação de indemnizar. (se o A destruir o computador o A vai ter que
indemnizar e o primeiro remédio indemnizatório é a reconstituição natural (reparar o
computador)

Só que há determinadas situações em que não é possível reparar o computador ou que a


reparação do computador não é suficiente para reparar os danos (no período em que o
computador estava danificado adquiriu outro equipamento ou reparar o computador é
demasiado oneroso e a reparação fica mais cara do que um computador novo e nesses
casos já não estamos perante uma reconstituição natural mas uma indemnização por
equivalente (uma indemnização em dinheiro) mas para isso acontecer não basta que o
computador fique estraga. Têm que se verificar vários pressupostos e estes são diferentes
consoante a modalidade de responsabilidade civil concretamente em causa. Duas grandes
modalidades:

-Responsabilidade civil extracontratual – de uma forma muito simplificada que mais tarde
percebemos que é não é muito rigorosa- é a que resulta da violação de direito absolutos

-Responsabilidade civil contratual – resulta da violação de direitos relativos

Direitos absolutos/direitos relativos

Direitos absolutos são direitos que vinculam todos os membros de uma comunidade
jurídica (ex.: o direito à vida ou o direito de propriedade são direitos absolutos – remissão
ao programa onde nos encontramos com o conceito de relação jurídica e falamos aqui de
relações jurídicas porque se digo que sou titular ao direito à vida de um lado estou eu e do
outro lado está o resto da comunidade e estou a dizer a todas as outras pessoas da
comunidade que respeitem o meu direito à vida e a mesma coisa com a propriedade pois
tenho um poder direto e imediato sobre o computador mas também tenho o direito de dizer
a toda e qualquer pessoa que posso decidir o que fazer o computador). Estes direitos têm
eficácia erga omnes (para todos)

Direitos relativos são direitos que vinculam apenas pessoas certas e determinadas (ex.: A
empresta dinheiro a B e ao emprestar dinheiro ao B o A transforma-se em credor do B e o
B em devedor de A. O A tem em relação a B o direito de crédito e este direito de crédito é
relativo porque tem o direito de exigir dinheiro mas só com B e se for pedir a C, C pode
dizer que não paga e que não tem nada a ver com isso.).

Há determinadas situações em que os autores dizem que ocorre uma situação em que há
danos mas essa situação não se consegue integrar nem na responsabilidade contratual ou
extracontratual e então nessas hipoteses falam alguns autores de uma terceira
via/modalidade. Para já não nos vamos focar nesta e primeiro vamos perceber melhor a
responsabilidade civil e isto é só para perceber que estas modalidades não são certas e
pode haver uma 3ª.

para já vamos estudar os pressupostos da responsabilidade civil e tais que não são iguais
entre as modalidades.

Responsabilidade extracontratual – pressupostos:

-Ilicitude – o ato tem de ser ilícito e o ato é ilícito numa de 3 situações.

 3 situações:
 se violar direitos absolutos (o A matou o B – direito à vida – ilicitude)
 quando há violação de normas legais de proteção de interesses alheios (o
que são normas legais de proteção de interesses alheios? Há
determinadas normas que não atribuem um direito subjetivo mas que
protegem diretamente determinadas pessoas/ um grupo de pessoas contra
um determinado risco e então essas normas uma vez violadas também
permitem desvelar/reconhecer a ilicitude (ex.: imaginar normas do código
da estrada – as normas do CE além de tutelaram e protegeram a boa
fluidez do tráfego visam proteger os interesses das várias pessoas que
circulam no tráfego (a vida, etc.) contra um risco ( o acidente) então a
norma que proíbe circular acima de x velocidade e por acaso esta norma já
está a proteger interesses que envolvem direitos absolutos mas há casos
em que não como nas normas de direito de concorrência pois visam a
proteção das empresas no mercado e proíbe a fixação de preços mas de
vez em quando as empresas decidem fazer um cartel (cartelização) e
estabelecer um preço e o mercado de concorrência deixa de funcionar-
estas normas podem ser consideradas normas de proteção de interesses
alheias e pode haver um grupo de indivíduos que são afetados pela
violação dessa norma e certas normas podem ser desse tipo)
 Abuso do direito – sobre o abuso do direito a professora não vai dizer nada
porque não faz sentido falar disto sem saber verdadeiramente o que é o
direito subjetivo e os seus limites que um dos limites será o tal abuso de
direito. Hoje ficamos a saber que estas situações podem servir para dizer
que o ato é ilícito.
 A culpa- a culpa é um juízo de censura ético-jurídico e a culpa ao nível do DC
entende-se como um desvio no comportamento, ou seja, o sujeito atuou de uma
forma e devia ter atuado de outra. Então e qual é o padrão para sabermos se devia
agir ou não de outra forma? A culpa em DC afere-se em abstrato, ou seja, (artigo
487, nº2) vai se atribuir de acordo com o padrão “bonus pater familias” – este bom
pai de família é o homem médio. Como é que naquela situação como é que teria
agido este homem mediano. E vemos se o agente concreto desviou-se ou não
desse padrão. Dentro da culpa podemos distinguir dois tipos de culpa:

o Dolo – o comportamento pode ser doloso ou seja, intencional e dentro do


dolo podemos distinguir 3 tipos de dolo (direto, necessário, eventual):
 Direto (Ex.: O A dispara um tiro sobre o B porque detesta o B e
quer vê-lo morto e o A, o agente quer efetivamente aquele resulta
efetivamente)
 Necessário (ex.: O A não quer matar B mas resolve assaltar a casa
B porqeu quer mesmo uma peça de arte da casa de B e infiltra-se
na casa dele e enquanto está na casa B oferece resistência e
nesse caso A dispara sobre B e mata B. O seu comportamento é
intencional mas o seu objetivo era a obra da arte, aceite o resultado
(a morte de B) como necessário para alcançar o resultado que ele
efetivamente queria)
 Eventual (ex.: A está a circular na autoestrada a 240km/h e ele
prevê que a circular a 250km/h pode circular um acidente e matar
alguém só que ele quer tanto guiar o automóvel a 250km/h que ele
assume o risco de matar alguém para poder conduzir a essa
velocidade. Aqui o agente prevê o resultado lesivo e não confia na
não produção do resultado/ aceita a eventualidade do mesmo)
 Negligência- a negligência traduz-se num comportamento descuidado ou
seja, a negligência traduz-se no comportamento que violou determinados
deveres de cuidado e dentro desta podemos distinguir a negligència
consciente da negligência inconsciente:
 Consciente (ex.: A anda a circula a 250km/h e o A prevê a
possibilidade de provocar um acidente e matar alguém mas
neste caso o António tem o raciocínio típico de muitas
pessoas de que não vai acontecer nada e que isso só
acontece aos outros. O agente prevè o acontecimento
como possível mas confia que ele não vai acontecer (seja
porque confia na sua sorte ou habilidades) Neste caso
estamos no campo da negligência consciente tem
consciência que pode acontecer mas ele confia. Como
podemos perceber distinguir entre dolo eventual e
negligência consciente é difícil. Boa notícia em ambos
casos há obrigação de indemnizar mas as más notícias é
que em certos regimes entre um e outro não é indiferente
mas a verdade é que essa prova vai ser sempre complexa.
 Inconsciente (ex.:O sujeito nem sequer preveu a
possibilidade do resultado lesivo. Se ele não preveu então
porque consideramos culpado? Porque ele não previu mas
naquelas circunstâncias o tal Bonus pater familias teria
prevista. Naquelas circunstâncias era exigível que não
tivesse sido discuidado. Em regra não responsabilidade
sem culpa. (artigo 483 que é o preceito geral mais
importante da matéria da responsabilidade extracontratual e
da ínicio a uma secção sobre esta responsabilidade). No
nº2 diz aqui que em regra não há responsabilidade sem
culpa e só existe obrigação de indemnizar
independentemente de culpa nos casos previstos na lei e
isto significa que a regra é essa mas excecionalmente
poderá haver responsabilidade sem culpa.
Importa fazer distinção então sobre a responsabilidade subjetiva (regra) – a
responsabilidade por culpa e a responsabilidade objetiva (a
responsabilidade pelo risco – esta tem duas notas -está sujeita ao princípio
da tipicidade (só existe nas situações previstas pelo legislador) e a
responsabilidade objetivo prescinde da culpa e também da ilicitude, Aqui o
sujeito é obrigado a indemnizar um dano não porque agiu com culpa mas
porque o dano resultou de uma determinada atividade que leva a cabo do
qual retira um determinado benifício e que envolve riscos
específicos/acrescidos e então o legislador tendo em conta estes dois
vetores (uma atividade benéfica e uma atividade perigosa que envolve
riscos) o legislador não proíbe a atividade mas diz que aquele que tira dela
um benefício tem que arcar com os prejuízes que possa envolver e o
legislador determina vários níveis de situações de responsabilidade com
base no risco e estão previstas várias situações até fora do CC. (ex.
Dentro: 499 e seguintes – ex.: 503. O A está a conduzir um automóvel e
acontece um acidente e daquele acidente sai ferido B mas não fez nada de
mal e houve apenas uma falha mecânica mas vai ter indemnizar se se
preencherem os pressupostos do artigo 503 do CC. Esta também é
relacionado com o seguro de responsabilidade civil automóvel onde foi feito
para estes casos.
 Existência de danos – não pode haver indemnização sem danos, indemne é pagar
por um dano. Havendo danos todos os danos são indemnizávceis e podemos
distinguir dois tipos de danos (danos patrimoniais e os danos não patrimoniais):
-Patrimoniais- são aqueles que são avaliáveis em dinheiro (ex.: A atropela B e ao
atropelar B, o B vai ter que pagar consultas médicas por ter sido lesado na sua
integridade física, os medicamentos, fisioterapeuta e alguém que faça os seus
serviços domésticos e isso pode ser avaliado em dinheiro) Dentro dos danos
patrimoniais estes exemplos são os danos emergentes que resultam daquela
lesão. Vamos pensar em mais danos...para além daquelas despesas todas B ficou
impossibilitado de trabalhar durante 2 meses e trabalha a recibos verdes e durante
2 meses perdeu rendimentos e essa perda de 2 meses também é avaliada em
dinheiro e faz parte dos patrimoniais e é chamado não de emergente mas sim
lucros cessantes que traduzem a perda de rendimentos que podiam ser obtidos
mas não foram em virtude do ato lesivo.
-Não patrimoniais- são aqueles que não são suscétiveis de avaliação pecuniária.
Para além destes ele sente dores, sofre, angustia-se, ficou com uma cicatriz na
cara, ficou de ir a um evento que ansiava ir à muito tempo. Estamos a falar de
danos que sofre mas que não dá para quantificar e temos aqui exemplos de danos
não patrimoniais. Durante muito tempo questionou-se se fazia ou não sentido
indemnizar estes danos não patrimoniais e muitos alguns diziam que não por duas
razões (no caso dos danos não patrimoniais não dão para apagar por isso a
indemnização não surtiria efeito e indemnizar estes danos faria entender que
determinados bens ligados à pessoa eram suscétiveis de mercantilização).
Esta posição foi superada porque de facto os autores foram dizer em contraponto
44que (é verdade que estes danos não se apagam mas de alguma forma
podemos dar uma satisfação ao lesado para dar a ideia que o ilícito não
compensa) – esta última ideia foi abrigado pelo nosso legislador onde no artigo
496 consagra uma cláusula de compensação dos danos não patrimoniais. Esta é
uma peculiaridade do nosso ordenamento jurídico pois nos outros não existe uma
regra abrangente entre todos nós sobre a compensaão de bens não patrimoniais.
 Não basta que o comportamento seja ilícito, que seja culposo e que haja danos
mas também tem de haver um elemento de ligação entre o comportamento ilícito e
culposo aos danos. Tem de haver algo que liga os dois. Em muitas situações é
~kfácil perceber a ligação mas há outras situações onde não é fácil (ex.: A feriu B
golpe no braço e B teve que ir ao Hospital e no hospital contraiu uma daquelas
bactérias e morre, será o A reponsável pela morte de B? Tudo depende daquilo
que entendemos como nexo da causalidade. Ao longo do tempo foram surgindo
várias teorias para lidar com esta problemática do nexo da causalidade. Vamos
analisar estas teorias que surgiram para lidar com o nexo de causalidade e a sua
fragilidade e depois vamos ver outra alternativa:
o 1ª-Teoria da conditio sine qua non – traduzindo significa a condição sem a
qual não. O que diz é que a causa do dano todo e qualquer
comportamento, toda e qualquer condição sem a qual o dano não existiria.
O que temos de fazer de acordo com a teoria é analisar o processo causal
e ver se há alguma condição.
 Esta teoria não pode ser aceite porque quadra mal com a
intencionalidade jurídica, esta teoria é uma teoria determinística
onde se A verifica B então A sempre verificará B. Esta perspetiva
determinística nem sequer é aceite no mundo das ciências exatas
então quanto mais no mundo do direito.
 Segundo argumento- esta teoria leva-nos a alargar demasiada
responsabilidade (pegando no ex. Anterior onde depois é curado e
fazem a costura e depoi sai do hospital e morre e então a ida ao
hospital pode ser causa da morte porque senão tivesse ido lá não
era atropelado e isto é tão geral só falta culpa o pai, avô e bisavô
porque sem ele não tinha nascido. Conduz-nos a essa lógica
contrafactual). Noutras situações restringe demasiado esta
responsabilidade (ex.: A e B em simultâneo disparam um tiro contra
C. Ao dispararem um tiro contra C o C morre. Se eu eliminar o
comportamento do A o resultado morte continua a verificar-se
porque continua o ação de B e vice-versa então neste caso
segundo esta teoria não há responsabilidade porque não se verifica
o critério conditio sine qua non. Depois há uns autores que tentam
complementar isto com a teoria da causalidade adequada.
o 2ª- teoria da causalidade adequada- diz-nos que é causa do dano o
comportamento que passe pelo teste da probabilidade ou seja, aquilo que
tenho de questionar é se é normal e provável que de um determinado tipo
de comportamento resulte um determinado tipo de dano. Problemas desta
teoria:
 1º - passa pela própria descrição dos relatos (termos a relacionar) –
consoante a descrição que faça dos termos/eventos a relacionar
assim será diferente a minha resposta (ex.: se perguntar é normal e
provável que de um golpe na cara morra um sujeito? A resposta é
não. Mas se fizer a pergunta se é normal e provável que de um
golpe na cara a um doente de risco sem assistência médica é
provável que cause morte? Tem uma chance alta. Se
descrevermos os acontecimentos de forma abstratos caímos no
erro do positivismo que é não ter em conta os eventos do caso
concreto mas se descrever os acontecimento de forma muito
detalhada caio num círculo vicioso porque estou a dar a resposta
na pergunta. Pergunta pela resposta que já tenha, Qual é a
perspetiva que vou considerar? Posso considerar a perspetiva do
observador ótimo/experiente colocado no momento do ajuizamento.
A minha resposta será uma. Eu posso ter em conta a perspetiva do
próprio agente/sujeito no momento em que atua e a perspetiva será
outra e então no primeiro caso o meu juíz probabilísitca será um
estatísitca que não é aceitável no ponto de vista do direito e quadra
mal com a intencionalidade jurídica porque a estatísitca pouco nos
comunica. Se adotar a segunda perspetiva vou estar a confundir a
probabilidade com a culpabilidade/previsibilidade.
 A causalidade adequadra ainda parte de uma relação causa-efeito
e ao partir disto não consegue dar resposta a determinadas
situações em que há a intermediação de comportamento da vítima.
(ex.de um caso real: Médico tinha que operar criança com
problema no rim e extraiu o rim e a criança sobrevive normalmente
mas o que acontece é que o médico extraiu o errado. Na sequència
disso não foi difícil de apurar a responsabilidade do médico mas há
outro acontecimento que foi que a mãe ofereceu-se para doar o rim
ao seu filho e o problema era se o médico era responsabilidade
pela lesão que a mãe também sofre. O comportamento do médico
dirige-se ao sofrimento do filho mas temos que pensar com
intermediação com o comportamento da mãe.
 Por último a causalidade adequada parte ainda da teoria da
conditio sine qua non parte (é uma correção da mesma) desta vai
ainda sofrer todos os defeitos desta teoria.

Teoria imputacional (teoria superadora) - Podemos resolver o problema


substituindo uma perspetiva causal por uma perspetiva imputacional. Esta
perspetiva imputacional traduz-se primeiro na distinção de dois nexos de
causalidade (causalidade fundamentadora da responsabilidade e a
causalidade preenchedora da responsabilidade).
-A fundamentadora vai ligar o comportamento do sujeito à violação do
direito absoluto ou do interesse protegido,´
-A preenchedora vai ligar a violação do direito ou do interesse aos danos
subsequentes.

Primeira coisa que temos de fazer é ver se o sujeito edificou ou não um


esfera de risco e esta surge por uma de duas vias:
-1º- porque ele assumiu uma daquelas atividades perigosas e que o
legislador consagrou ao nível da responsabilidade pelo risco.
Responsabilidade objetiva.
-2º- porque ele na sua atuação concreta violou determinados deveres que
tinha para com o outro. Determinados deveres no tráfego (é assim que se
chamam como os deveres que tinha para com o outro). (ex.: Entramos
numa superfície comercial e está uma tableta de piso escorregadio e isso é
um dever no tráfego para que a pessoa assuma uma posição de cautela).
Violas estas deveres no tráfega a esfera de deveres pelo outro transforma-
se numa esfera de responsabilidade pelo outro e portanto em regra o
sujeito é responsável por todas as lesões que teriam sido evitadas com o
cumprimento do dever e terá de indemnizar. O objetivo do dever é evitar
lesões destas. O juízo agora já não de probabilidade mas de possibilidade.
 Não haverá responsabilidade senão tiver havido aumento do risco
 Não haverá responsabilidade se2 tiver havido pelo contrário
diminuição do risco (ex.: B está com A e empurra A contra o muro
do prédio mas para que este não fosse atropelado por uma trotinete
elétrica e agiu para diminuir o risco e não haverá responsabilidade)
 Não haverá responsabilidade nas hipóteses de força maior e de
caso furtuito
 Não haverá responsabilidade nas hipóteses em que haja um
comportamento lícito alternativo e mesmo que o sujeito não agisse
de tal forma o acontecimento ia acontecer na mesma. Mesmo que
atua-se conforme o direito aquela lesão ia ocorrer de qualquer
forma.

Para além da assunção de uma esfera de risco de repsonsabilidade temos que confrontar
esta com outras esferas de risco de responsabilidade:

 Temos desde logo que confrontar com a esfera de risco geral da vida para concluir
que o sujeito não será responsável se o seu comportamento apenas determinou a
presença do bem jurídico lesado no tempo e no espaço da lesão. (ex.: A foi para o
hospital por causa do arranhão e apanhou uma bactéria hospitalar e depois caiu da
escada. A atitude do A s´p determinou o tempo e espaço da lesão).
 Temos que considerar a esfera de risco do lesado. 1º temos que considerar as
predesposições constitucionais do lesado (ex.: um lesado que é tal frágil que tem
certos deveres de cuidados consigo mesmo e temos de ponderar o
comportamento lesado e ver se é ou não um comportamento livre porque pode não
ser) (ex.: Caso do rim, a decisão da mãe aparentemente foi livre mas só
aparentemente pois estava condicionado pela atuação do médico e temos 3
critérios:
o Critério da Provocação
o Critério da Autoridade
o Défice informacional
Se o comportamento do lesado for livre temos que aplicar o artigo 570 do CC e
aplicando este artigo podemos chegar a várias conclusões – dependendo do
confronte entre o comportamento do lesado e do lesante aí pode ser limitada ou
eliminada a responsabilidade do lesante (ex.: A placa do piso escorregadio, o
sujeito não colocou a placa e o lesada apercebendo-se que o chão está molhado
põe-se acorrer)

 Vamos ter que ponderar ainda a esfera de risco do lesante com a esfera de risco
de um terceiro e mais uma vez temos que ver o comportamento do terceiro é ou
não livre. Senão for livre o lesante vai ser responsável e se for livre temos que ver
até que ponto os deveres que o lesante violou tinham ou não como objetivo evitar
o comportamento desse terceiro. Em segundo lugar vamos ter confrontar e
comparar graus de culpa, perigosidade da atividade ou do comportamento e
podemos chegar à conclusão que são os dois responsáveis e nesse caso serão
solidariamente responsáveis.

Antes de começarmos as aulas propriamente ditas alguns recados:

-Começam as aulas práticas na quarta do pedro mendes e sexta da professora, no entanto


em virtude destas interrupções letivas, etc. vamos manter o de às sextas feiras termos
mais horas teóricas e menos práticas. Pra ir a práticas tem que ser quarta e sexta não.
Ainda assim iremos excluir alguns pontos da matéria e isso será depois indicado nos ditos
sumários desenvolvidos que irão ser entregues e são disponibilizados há medida que
terminamos cada capítulo da matéria.

Depois precisamos de esperar pelos restantes sumários. Nesta sexta a nossa aula será
transferida para as jornadas luso brasileiras da responsabilidade civil. O link vai-nos ser
dado.

Vamos então retomar as aulas. Estávamos a falar de responsabilidade civil como uma
projeção do princípio da responsabilidade no domínio do direito civil.

A responsabilidade civil enquanto instituto do direito civil conhecia mais do que uma
modalidade e começamos pela responsabilidade extracontratual:

Falámos da culpa, etc.

Agora falamos da outra modalidade, a responsabilidade contratual. Esta resposnabilidade


resulta da violação de um direito em sentido técnico. Se o senhor A celebra contrato com
senhor B e obriga-se a uma prestação se não realizar ou realizar mal ela tem
responsabilidade.

Quais são as responsabilidades possíveis:

-Não cumprimento – ( não pintou as paredes)

- cumprimento defeituoso - Pinto a parede da casa do senhor mas com uma cor diferente e
deixou as paredes com umas rachas – realizou a prestação mas mal

-Pintou as paredes mas tinha que as pintar até ao 10 de outubro mas só terminou o
trbaalho no dia 31 então realizou a prestação com atraso – hipótese de mora
-Pintou as paredes de casa do senhor B não teve cuidado suficiente e não tapou o móveis
o que significa que quando pintou as paredes pintou os móveis, sofás, etc. e deixou
algumas latas de tinta à entrada e o senhor tropeçou nelas e ficou magoado- realizou a
prestaçaõ mas violou uma série de deveres de cuidado que lhe eram impostos pela boa fé
(princípio da boa fé – fazia avultar dentro da relação jurídica uma série de deveres que são
os deveres laterais) – violação positiva do contrato

Estas situações envolvem necessariamente a culpa e para haver responsabilidade


contratual tem de haver culpa mas ao nível da responsabilidade contratual esta culpa
presume-se enquanto ao nível da repsonsabilidade extracontratual é o lesado que tem de
provar a culpa agora o lesado não tem que provar a culpa e esta presume-se (artigo 799
do C.C).

Para haver responsabilidade contratual é necessário que haja danos e o tal nexo de
causalidade mas sobre estes vale o que dissemos aqui sobre a responsabilidade
extracontratual.

Já conhecemos as duas grandes modalidades de responsabilidade civil e agora vamos


apresentar uma hipótese prática muito breve para explicar outra coisa no âmbito da res-
ponsabilidade civil.

Ex.: O senhor A e o B estão a negociar a compra e venda de um armazém e estão durante


meses naquela negociação e apenas falta ortogar a escritura pública. Na véspera da
ortoga da escritura pública o B desiste daquele negócio. Qual é o problema? Como o A
estava convencido que o negócio ia ser realizado perdeu inúmeras oportunidades de
realizar o negócio nas mesmas condições.. Estas hipóteses geram danos (são lesivas)
mas verdadeiramente não está em causa a violação de um direito absoluto não podendo
falar de responsabilidade extracontratual nem a violação de um direito de crédito porque
ainda não tinha sido celebrado um contrato.

Estamos no âmbito da responsabilidade pré-contratual que está prevista no artigo 227 do


CC. O artigo 227 diz:

1. Quem negoceia com outrem para conclusão de um contrato deve, tanto nos
preliminares como na formação dele, proceder segundo as regras da boa fé, sob
pena de responder pelos danos que culposamente causar à outra parte.

2. A responsabilidade prescreve nos termos do artigo 498.º

Esta responsabilidade integra hipõteses:

-De rutura injustificada das negociações

-De celebração de um contrato inválido quando uma das partes deu causa a essa
invalidade

-De celebração de contratos válidos mas prejudiciais quando tenha havido violação de
deveres de informação
É necessário que haja violação (em qualquer das hipóteses) das regras impostas pela boa
fé e tem de haver culpa. A questão que se coloca é saber onde integramos esta
responsabilidade pre-contratual há quem acredite que se integre na responsabilidade
delitual (extracontratual) e outros autores entendem que ela se integra no âmbito da
responsabilidade contratual e por fim um 3º grupo de autores entendem que nós devemos
falar de uma terceira via de responsabilidade civil. Para a qual seriam reconduzidas várias
hipóteses dentre as quais esta responsabilidade pre-contratual. Não vamos desenvolver a
matéria da classificação da responsabilidade pre contratual mas temos que ter noção
nesta divergência na doutrina

O dano que se indemniza a este nível é o dano da confiança ou o interesse contratual


negativosti.

Vamos falar de outro princípio fundamental do direito civil (há outros mas que vamos saltar
porque vamos tocar noutros capítulos)

Princípio da confiança
Os autores têm vincado que a ideia de confiança é essencial no nosso ordenamento
jurídico e permitimos dar uma tutela positiva e uma negativa à confiança:

-Negativa- passa pela consideração de hipóteses de responsabilidade assente na


confiança que é agora na sequência do que perguntei também uma das hipóteses que
autores conduzem a uma terceira via mas não vamos desenvolver disto.

-Positiva – significa que o ordenamento jurídico vai atribuir relevância jurídica a


determinadas situações que à priori seriam ineficazes por falta de determinados
pressupostos. Não vamos adiantar muito sobre estas porque vamos aprofundar esta
possibilidade quando no segundo semestre falarmos de outra matéria. É positiva porque
nos vai dar eficácia a uma situação inicialmente ineficaz.

Para falar de responsabilidade pela confiança há pressupostos e primeiro:

-É preciso uma atitude/situação de confiança

-Justificação objetiva para a tal confiança

-É necessário que haja um investimento de confiança

-É necessário que se possa imputar a situação de confiança ao sujeito que lhe deu causa

Isto existe muito ao nível do mercado financeiro, ao nível de relações jurídicas coletivas,
etc.

Ex. Do mais simples: A e B são vizinhos e combinaram enquanto vizinhos que A daria a B
boleia todos os dias para o trabalho e não celebraram nenhum contrato por não se
quererem vincular e B confiou naquela situação e houve um dia em que A não aparece
sem aviso e frustra aquela confiança e B perde uma reunião importante. Aqui
eventualmente poderá invocar-se uma situação de responsabilidade de confiança. Como
nos disse este exemplo é quase caricato em comparação com as potencialidades desta
relação de responsabilidade por confiança.

Agora vamos dar um salto nas lições e passamos dos vários princípios que íamos dar
(personalidade jurídico, proteção da personalidade, etc. porque vamos dar isso à medida
que vamos dar as instituições). A sistematização do C.C vai ser dada de forma prática nas
aulas práticas e nós vamos entrar no segundo grande capítulo dedicado à relação jurídica.

Esta relação jurídica é um conceito geral do direito civil.

A noção de relação jurídica é a que unifica a sistematização do C.C. Nem todos os autores
adotam esta sistematização com base na relação jurídica e falam de situação jurídica.

Vamos ficar-nos na relação jurídica e vamos tentar perceber o que é isso:

-Em sentido amplo – é toda a relação da vida social disciplinada pelo direito

-Em sentido estrito- é toda a relação da vida social disciplina pelo direito através da
atribuição a um sujeito de um direito e a correspondente imposição a outro sujeito de um
dever.

Esta noção permite-nos perceber que encontramos sempre dois lados-- na relação que é o
lado ativo onde encontro o direito e um lado passivo onde vou encontrar o dever.

Como se estrutura esta relação jurídica? Em tornos de diversos elementos:

-Sujeitos

-Tem que incidir sobre algo- objeto da relação jurídico

-Tem que surgir a partir de algo- facto jurídico- é o que me faz emergir a relação jurídica e
de onde promana esta relação

-Tenho que ter uma garantia porque senão a tiver não estou perante uma relação jurídica,
posso estar numa relação de vida social ou familiar, mas não jurídica porque a garantia é o
conjunto de meios e mecanismo que o ordenamento jurídica me disponibiliza para eu
tornar efetivo o meu direito. Um elemento coercibilidade. (ex.: Se o A não quer pagar a
dívida a B, O B terá que recorrer a tribunal para que o A seja condenado ao pagamento, se
ainda não pagar assim pode propor uma ação para penhorar o património de A e o tribunal
vende os bens e esse dinheiro ganho vai para o B para liquidar a dívida.

Além destes elementos que fazem a sua estrutura externa há uma estrutura interna que jã
aludimos porque já falámos do lado passivo e ativo, mas agora temos que mergulhar nesta
estrutura para perceber o que é esse direito e o que é esse dever. Podemos ter vários
tipos de direito e dependendo do que temos fazemos corresponder diversos tipos de
dever.:

- é o direito do sujeito ativo- direito subjetivo – direito polarizado num sujeito – o direito
subjetivo começou por não existir e é uma criação tardia. Este direito não existia até ao
jusracionalismo. Como se tutelava as pessoas até lá? Protegiam-se as pessoas porque
estavam inseridas numa ordem e então a proteção que se tutelava às pessoas era
objetiva.

Com o jusracionalismo iluminista o sujeito autonomiza-se e chega-se à afirmação de uma


série de direitos naturais do próprio homem. Direitos naturais que seriam exercitados em
face do estado para limitar esses mesmos poderes do estado em relação ao indivíduo.
Mais tarde, na Alemanha, fruto da conceptualização Alemã, surge um autor que se chama
Savigny que elabora pela primeira vez o conceito subjetivo na esfera privatística.

Esse direito subjetivo foi compreendido como um poder de vontade, poder de vontade
esse que radicava no indivíduo (era a vontade do indivíduo que estava em causa). Não
podemos esquecer que o indivíduo era aquele ser solitário, numa esfera na qual ninguém
poderia interferir e era um poder de vontade absoluto que ninguém podia intervir. Isto
levou a uma reação e o excesso de liberalismo e individualismo associado a este poder de
vontade levou a uma reação e chegou outro autor chamado Ihering que veio a definir o
direito subjetivo como um interesse juridicamente protegido.

Não podemos aceitar esta ideia porque:

1º- porque há interesses que são protegidos pelo ordenamento jurídico aos quais não
corresponde qualquer direito subjetivo e sabemos disso porque a propósito da
responsabilidade civil falamos de relações entre pessoas que não envolvem a atribuição
de um direito.

2º- esta definição do direito subjetivo a partir do interesse poderia conduzir a uma
funcionalização do direito subjetivo- o direito subjetivo teria que ser exercido em nome de
determinado interesse e em prossecução de um interesse.

Alguns autores foram mais longe e chegaram a negar a existência de um direito subjetivo.
Hoje são muitos os autores que propõe assunções do direito subjetivo diferentes. Mesmo
na doutrina portuguesa.

Como devemos conceber o direito subjetivo?

Devemos continuar a concebê-lo como o poder. O direito subjetivo é um poder de vontade.


Qual é a diferença entre este e de Savigny? É que agora que este poder não é do
indivíduo, mas da pessoa. Pessoa essa que estabelece com outro uma relação de cuidado
e hoje reconhecemos limites aos direitos subjetivos por um lado reconhecemos limites aos
direitos subjetivos e também vamos perceber que o exercício do direito subjetivo é
indissociável da responsabilidade que já estudámos.

Agora temos de saber em termos dogmáticos e fundamentais o que é esse direito


subjetivo e como devemos operar com este.

Como podemos definir em termos técnico operativos o direito subjetivo:

direito subjetivo do doutor miguel andrade– poder ou faculdade de, em princípio,


livremente exigir ou pretender de outrém um determinado comportamento positivo ou
negativo ou de por um ato de livre vontade, só de per si (isolado), ou integrado por um ato
de uma autoridade pública produzir determinados efeitos que inevitavelmente se vão
projetar na esfera jurídica da contraparte

Esta noção é longa e podemos dividir em duas parte onde se separa por “ou de por um ato
de livre (...)”.

Ou seja, temos aqui um ou, conjunção, que nos mostra que estamos a falar de duas
partes. A primeira parte vai corresponder ao direito subjetivo em sentido estrito, a segunda
parte da noção vai corresponder ao chamado direito subjetivo potestativo.

Vamos relembrar algumas noções básicas:

-Direito subjetivo corresponde a um poder de vontade da pessoa (quando me coloco


dentro de um direito subjetivo temos que questionar que tipo de poder ele me confere e
conforme o poder podemos estar perante o direito subjetivo estrito ou potestativo.

No primeiro podemos exigir de alguém um determinado comportamento. Do outro lado


encontramos um dever jurídica de adotar o comportamento que estou a exigir. Ou seja, se
no lado ativo tenho um direito subjetivo em sentido estrito no lado passivo vou encontrar
um dever jurídico.

No segundo tenho o poder de desencadear determinados efeitos jurídicos que


inevitavelmente irá afetar a esfera jurídica de outra. Se no lado ativo da relação jurídica
tiver um direito potestativo tenho o poder de desencadear determinados efeitos jurídicos e
do lado passivo encontro um sujeito que não tem de fazer nada além de suportar os
efeitos jurídicos que desencadeado, no lado passivo encontro uma sujeição (termo a usar).

Concentrando no direito subjetivo estrito temos que considerar as classificações deste e


direitos que se integram nesta categoria:

-Direitos de personalidade – direitos que têm como objeto a própria pessoa ou


determinados bens da personalidade (ex.: Direito à vida, integridadae física, liberdade,
imagem, honra, etc.) e são direitos subjetivos em sentido estrito. Quando digo que sou
titular direito à vida tenho o direito de exigir o comportamento negativo sobre não afetar o
direito à vida.

-Direitos reais – têm como objeto uma coisa e afere-nos o direitos direto e imediato sobre
uma coisa (direito da propriedade) – cai sobre o princípio da tipicidade e diz-nos que só há
x existentes como por exemplo:(direito da propriedade, usufruto, uso e apropriação,
superfície, servidões prediais, direito real de habitação periódica, etc.) Se digo que tenho
direito da propriedade posso estar a exigir um comportamento negativo para não violar o
meu direito.

-Direitos de crédito- direitos a uma prestação, o direito que determinado sujeito tem a exigir
a outrém o exercício de uma prestação a si.

Agora vamos classificá-los dentro do direito subjetivo estrito:


-Absolutos(absolutos quando vinculam todos os membros da comunidade jurídica (direitos
de personalidade e reais) De um lado encontro o sujeito e do passivo encontro o dever a
que chamamos de obrigação passiva universal. Passiva porque entende uma omissão de
comportamento e universal porque é para todos os sujeitos da comunidade jurídica. Uma
especificidade, nos casos de direito personalidade mais do que uma obrigação passiva
universal fala-se de um dever de respeito porque há determinadas hipóteses pode haver
um dever de agir ativamente (se vemos alguém a afogar-se e sabemos nadar e podemos
socorrer a pessao sem arriscar a vida, somos obrigados a fazê-lo senão podemos ser
responsabilizados por tal. Podemos ter de agir para salvaguardar os direitos de
personalidade de outrém e nos direitos reais não importa e não precisamos de salvar o
telemóvel de outros que cairam no rio)

-Relativos (são os direitos de crédito, no caso destes direitos são relativos – no lado
passivo da relação jurídico vou encontrar uma obrigação em sentido técnico. Ex.: A é
credor e B é devedor, o B tem que pagar uma prestação). É um direito relativo porque
apenas vincula pessoas certas e determinadas e a obrigação diz-se neste caso obrigação
em sentido técnico.

Agora outra nuance. Na definição inicial falamos do poder ou faculdade de exigir ou


pretender. Às vezes há a ideia dos juristas acumular palavras mas neste caso não e
quando exigo há mais força do que quando pretende e há uma diferença de grau entre os
dois. Quando falamos de direitos de personalidade, reais e de crédito falamos sempre do
poder de exigir mas há determinadas situações onde só tenho o poder de pretender e
essas situações correspondem aos direitos menos plenos.

Quando só tenho o poder de pretender sou titular de um direito menos plenos (quando
tenho o poder de exigir é um direito pleno).

Se do lado ativo temos um desses direitos menos plenos do lado passivo encontramos
aquilo que se chama uma obrigação natural (artigo 402 do C.CL). Diz:

A obrigação diz-se natural, quando se funda num mero dever de ordem moral ou social,
cujo cumprimento não é judicialmente exigível, mas corresponde a um dever de justiça.

Obrigação não é sinónimo de sujeição, mas sim de dever.

Não posso exigir judicialmente a obrigação. Se o A deve dinheiro a B e não paga e B leva
a tribunal para ele pagar e se continua depois a não pagar depois pode recorrer a uma
garantia de recurso ao tribunal e tem essa força, coerção.

Agora as dívidas prescritas depois de invocada a prescrição (o A deve dinheiro a B, se ao


fim de 30 anos não pagar a B essa dívida prescreveu e se invocar a prescrição, se nunca
invocar a dívida durante 30 anos e depois for invocada a prescrição passa para obrigação
natural. Artigo 403º:

1. Não pode ser repetido o que for prestado espontaneamente em cumprimento de


obrigação natural, exceto se o devedor não tiver capacidade para efetuar a
prestação.
2. A prestação considera-se espontânea, quando é livre de toda a coação.
Imaginemos que a dívida está prescrita, mas ainda tem força judicial pois mesmo depois
do direito ser natural, se decidir pagar não pode pedir o dinheiro de volta tendo uma
garantia ainda aí apesar de não poder ser exigido judicialmente.

Outro ex.: de obrigação natural – dívidas resultantes de contrato de jogo ou aposta desde
que seja um contrato de jogo e aposta lícitos desde que não sejam ressalvados em
legislação especial.

No caso de jogo e aposto temos 3 hipóteses:

-O jogo e aposta são ilícitos (se forem o contrato é nulo nos termos do artigo 280) e se é
nulo não gera qualquer obrigação.

-O contrato de jogo ou aposta é lítico e está previsto em legislação especial, há normas


que regulam aquele tipo de jogo (em casinos, etc.) – gera-se uma obrigação civíl e pode
ser socialmente exigível

-Contrato de jogo e aposta que sejam lícitos mas que não estejam explícitos em legislação
especial – nesse caso gera-se uma obrigação natural. (trouxe-se a questão do quem quer
ser milionário e saber se eles estavam ressalvados sobre legislação especial ou não e se
podiam levar a rtp a tribunal ou não para pagar o prémio)

Para além destas classificações entre absolutos relativos, plenos e pouco plenos podemos
dividir entre:

-Patrimoniais – sujetivéis de avaliação pecuniária

-Não patrimoniais-Não são sujetíveis de avaliação pecuniária

Podemos também distinguir entre:

-Direitos dominiais- são direitos em que o titular do direito tem plena disponibilidade, pode
dispor livremente do objeto do seu direito (ex.: direito da propriedade é dominial porque o
titular pode livremente dispor desse direito. Pode alienar a coisa, usar a coisa como quiser,
pode, exceto se for bem protegido com regime especial, destruir a coisa)

-Direitos não dominiais – são aqueles em que o seu titular não pode dispor livremente do
objeto do direito ((ex.: Os direitos de personalidade são não dominiais porque não posso
dispor ou abdicar dos meus direitos de personalidade)

Passando para os direitos potestativos

Podem ser de 3 tipos:


-Potestativos constitutivos – são assim quando o efeito que o sujeito desencadeia é a
constituição de uma relação jurídica. Ex.: Imaginemos um prédio encravado (que não tem
saída para a rua, temos uma casa que está rodeada por prédios e para ir para a via
pública tenho que passar por um pátio de um prédio. Neste caso, qaundo isto acontece o
C.C reconhece um direito que é o direito a constituir uma servidão de passagem e este é
potestativo constitutivo. Ao exercer o direito estou a constituir uma relação jurídica. A partir
do momento que exerço este direito ele deixa de existir e a partir daqui o direito que existe
aqui é o de servidão de passagem e este aqui é subjetivo em sentido estrito. É-o assim
porque o direito de constituição de servidão de passagem não pode ser negado e sou
obrigado a dá-lo. Não só eu tenho que dar passagem como todos os outros têm que
respeitar a passagem dele. Por essa natureza os direitios potestativos não podem ser
violados porque no lado passivo tenho a sujieição que depois traz direitos subjetivos que já
trazem comportamentos. É impossível de violar um potestativo mas um subjetivo dá para
violar em termos factuais e práticos. O direito potestativo é o direito de constituir a servidão
de passagem e de ir a tribunal e pedir para conceder o direito de passar e o subjetivo é o
direito de passagem. A partir de que executamos o direito de servidão de passagem não o
executamos de novo e o resto é o direito de passagem em si que é subjetivo.

-Potestativos modificativos – são assim quando o efeito é a modificação de uma relação


jurídica. Ex.:Se falarmos relação de sepração de pessoas e bens é a mesma coisa. A
relação matrimonial modfica-se mas a relação matrimonial mantém-se.

-Potestativos extintivos – são assim quando o efeito é a extinção de uma relação jurídica.
Um exemplo de um direito potestativo extintivo – direito ao divórcio – o sujeito A está
casado com B e quer por fim à relação matrimonial e pode exercer o seu direito ao divórcio
e quando o faz vai extinguir a relação patrimonial e a B o que tem de fazer? Nada. Tem de
ver extinta a relação que antes tinha.

A primeira parte dos sumários já foi disponibillizado e há medida que formos avançando
nos capítulos da matéria vão ser disponibilizados mais.

Vamos continuar a estudar a relação jurídica.

A propósito desta analisamos a estrutura interna desta e o seu conteúdo e dissemos que
havia um lado ativo (direitos) e um passivo (dever) ou uma sujeição no caso dos direitos
potestativos.

Vamos hoje continuar a analisar alguns conceitos de categorias que podem estar na
relação jurídica.

Outro tipo de direitos:

-Direitos funcionais/deveres funcionais/deveres poderes – ex.: estamos a falar no poder


que os pais têm relativamente aos filhos, as chamadas responsabilidades parentais
antigamente chamadas poder parental – configura o chamado poder dever ou direito
funcional.

A diferença entre este e os direitos subjetivos?


-Os direitos subjetivos são de exercício livre (Se o A quiser pode não cobrar a dívida ao B),
os deveres funcionais ou direitos funcionais não são de exercício livre (o pai não pode
abdicar do exercício das suas responsabilidades parentais)

-Os direitos subjetivos são exercidos no interesse do próprio titular pelo contrário estes
direitos funcionais são exercidos no interesse de terceiros (o pai quando exerce as
responsabilidades parentais exerce no interesse do filho e não dele) daí serem funcionais
(estão funcionalizados para um determinado fim.

Estas são as duas notas de distinção e isto faz com que alguns autores considerem que os
direitos funcionais não se integrem na categoria de direito em sentido amplo e uma
categoria à parte.

Devemos entender que apesar destas diferenças há boas razões para continuarmos a
considerar que o direito funcional se integra dentro daquela categoria mais amplo do
direito subjetivo em sentido estrito.
Se no lado ativo tenho um direito funcional do lado passivo encontro deveres e sujeições
(o filho tem dever perante os pais e está sujeito às decisões do apis)

Outra noção:

Expectativa jurídica:

-É uma situação ativa (do lado ativo da relação)

-Para além disso é juridicamente tutelada.

O que distingue isto do direito subjetivo?

-Corresponde a uma fase de um processo complexo de formação de um direito. É a


expectativa de vir a receber um direito

Não podemos confundir estas expectativas jurídicas com meras expectativas de facto (O A
tem a expectativa de vir a receber uma herança, pode ter a esperança, mas esta não lhe
confere proteção jurídica agora se disser que o A foi chamado à sucessão depois do seu
pai falecer e estamos naquele período em que parente morreu e o herdeiro ainda não
aceitou a herança então estamos aqui numa esperança jurídica, estamos num processo de
formação do direito.

Depois vamos perceber que esta noção de expectativa jurídica gera controvérsia entre
autores onde uns consideram situações como expectativa jurídica e outros não. Mais à
frente no ano vamos falar disto.

Terceira figura a conhecer:

-Ónus Jurídico – traduz-se num encargo, ónus igual a encargo. É um encargo que o sujeito
tem de suportar e tem de fazê-lo para obter ou manter uma determinada vantagem. (ex.: o
A danificou o automóvel de B, B tem direito a que o A pague uma indemnização mas este
direito subjetivo à indemnização apenas se pode provar se o B provar uma série de
requisito em tribunal e por isso falamos do ónus da prova (um encargo que a pessoa tem
de suportar para efetivar o seu direito). Aquele que vê recair sobre si um dever está
obrigado a alguma coisa. Mas aquele que vê cair em si um ónus não está obrigado e não é
um dever apenas lhe cai o encargo. Se cair sobre mim um ónus, se eu não o suportar, não
me é aplicada uma sanção apenas perco uma possível vantagem.

Ficámos a conhecer a estrutura interna da relação jurídica.

Agora dizemos que o direito subjetivo apesar de nos dar poderes tem os seus limites. O
direito subjetivo começou por não existir e depois surge com jusracionalismo e nessa
época ele não tinha limites. Á medida que superamos essa visão de indivíduo e passamos
para a pessoa definimos limites para o direito subjetivo. Há dois limites extremamente
importantes:

-É-nos comunicados pela figura do abuso do direito- o abuso do direito está previsto no
artigo 334 do CC e diz: “É ilegítimo o exercício de um direito, quando o titular exceda
manifestamente os limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes ou pelo fim social ou
económico desse direito.”. Algumas notas sobre o abuso do direito:

 1ª fase- Naquele período inicial do direito subjetivo como era visto como direito
absoluta era difícil conceptualizar o abuso e as 1ªs tentativas de conceptualização
do abuso de direito diz-nos que eram situações onde afinal o direito não existe. Era
difícil naquela altura porquê? Imaginemos o direito de propriedade da altura... O
proprietário podia fazer tudo o que quisesse. As primeiras tentativas de
conceptualização de abuso do direito eram muito estritas com hipóteses muito
limitadas e baseasou-se em “intenção inequívoca de prejudicar terceiros” –
correspondeu a um exercício de um direito, sem qualquer interesse nisso, para
prejudicar a um terceiro. (ex. de escola: quando a pessoa constroi um muro sem
qualquer satisfação de necessidade por este só para tirar a luz ao vizinho)
 2ª fase- era necessário remeter o direito a outros ordenamentos e o direito seria
sindicado por uma ordem moral
 3ª fase- é a nossa fase e alteramos aqui a compreensão quanto ao direito
subjetivo. Este agora é alicerçado na pessoa e não no indivíduo. O direito subjetivo
surge no quadro de um ordenamento jurídico que é integrado não só por normas
mas também por princípios normativos. Então em que se vem a traduzir o dirieto
subjetivo? Vem-se a traduzir no exercício de um direito que formalmente se invoca
em consonância com os princípios que as alicerçam sobre pena haver uma
autonomia. Visto nisto o direito subjetivo tem determinado nele um conteúdo ético-
axiológico. O abuso do direto nesta nossa fase– quando o sujeito exerce o direito
que formalmente invoca em contradição com os princípios normativos do sistema
(ex.: A no âmbito de uma relação contratual tem o direito de resolver o contrato
(fazer cessar o contrato) e vamos imaginar que A assumiu uma determinada
postura ao nível contratual durante a vigência e agora a contravenção do princípio
da confiança assume outra postura diferente e daqui podemos detetar o abuso do
direito) – O direito continua a existir mas como está a existir está a contrariar
determinados princípios fundamentais do ordenamento jurídico.
Há situações onde a contrariedade que se verifica é entre o direito (exercício do
direito) e o fundamento ético-axiológico do fundamento desse direito. Nessas
hipóteses mais do que situações de abuso do direito podemos dizer que o direito
está ausente (ex. caricato: Cada um de nós tem o direito à autodenominação ao
nosso corpo e claro que isto tem que ser reconhecido à luz do reconhecimento
ético-axiológico que é a integridade física e depois A queria replicar um estátua
grega e tirar os seus braços. Aqui em vez de falar de abuso de poder deviamos
dizer que este direito não existe dizendo que o que o direito protege é a dignidade
do corpo humano e que tal coisa degradaria a dignidade de tal).

-Segundo limite é-nos oferecido pela chamada colisão/conflito de direito – quando se


verifica isto? Verifica-se quando o exercício de um direito que é titulado por um sujeito se
mostra incompatível com o exercício do direito titulado por outro sujeito. (ex.:A vive no 1º
andar e B no 2º, o A está a ouvir música e B está a assistir a esta aula e o B não consegue
ouvir nada por causa da música e os direitos aqui colidem). Para que haja colisão de
direitos é necessário que os dois direitos existam validamente por isso se A exercer o seu
direito incorrendo em abuso de direito não haverá conflito com o direito de B. Isto permite-
nos distinguir as chamadas:

 Colisões aparentes- (ex.: um grupo de trabalhadores que se manifesta contra as


condições degradantes que a empresa lhe oferece e têm direito à liberdade de
expressão, manifestação, etc. e em vez de levar cartazes resolvem pintar a parede
do edifício sede da empresa, aqui há uma colisão da liberdade de expressão e de
manifestação com o direito de propriedade da empresa, os trabalhadores podiam
ter exercido os seus direitos sem pintar as paredes e aqui temos uma colisão
aparente porque o direito dos trabalhadores podia ser exercido sem afetar o direito
de propriedade da empresa e os direitos ultrapassaram os pressupostos formais e
axiológicos do direito) esta é assim em 2 duas situações
o Quando um direito poder limitar o outro
o Quando não se verificam os pressupostos formais e axiológicos de um dos
direitos
 O problema existe quando a colisão for real e se o for temos que aplicar os
conceitos do artigo 335 do CC que nos diz:
1. Havendo colisão de direitos iguais ou da mesma espécie, devem os titulares
ceder na medida do necessário para que todos produzam igualmente o seu efeito,
sem maior detrimento para qualquer das partes.
2. Se os direitos forem desiguais ou de espécie diferente, prevalece o que deva
considerar-se superior.

Se houverem dois direitos vamos restringir os dois direitos iguais salvaguardando


os seus núcleos e tornando-os compatíveis e se forem diferentes prevalece o
superior. Agora a pergunta é perceber os iguais dos diferentes e se desiguais qual
deles é superior. Não conseguimos dizer e definir em abstrato e só em concreto.

Podemos estabelecer alguns princípios como “O direito pessoal prevalece sobre o


direito patrimonial” mas não é algo constante mas podemos dar mão de alguns
critérios para distinguir os direitos:

o A natureza e o âmbito dos bens em causa


o Adequação e a proporcionalidade dos meios que foram utilizados
o As consequências do exercício do direito
o A antiguidade do exercício do direito (ex.: O A vive no 1º andar de um
prédio e começou a funciona no R/C do prédio um bar que gera um ruído
medonho ao A neste caso em regra o bem jurídico (integradade física,
saúda, descanso) prevalecerá sobre a atividade económica do bar e os
seus direitos. Agora imaginemos que o A comprou aquele apartamento
sabendo que funcionava ali um bar há 30 ou 40 anos, neste caso temos
que ter em a antiguidade da formação do direito para esta colisão do
direito.

Vamos tocar nestes mas à medida que avançamos até porque só em concreto é que dá
para perceber melhor.

Vamos mudar de problema mantendo-nos no âmbito da análise da relação jurídica,

Temos analisado esta num plano estátitco onde A tem um direito e B tem um dever agora
vamos analisar num ponto de vista dinâmico porque o A não é sempre ittular de um
direitoa invocar e B o mesmo para dever.

Vamos estudar desde a constituição, a aquisição, a modificação e a extinção de direitos.

Vamos começar isso hoje e esta é uma matéria com diversos nuances e pormenores.

Constituição de direitos

Traduz-se no surgimento de um direito ex novo – surge pela primeira vez num


ordenamento.

Diferente da constituição é a aquisição de direitos – é o aparecimento de um direito na


esfera jurídica de um sujeito

Agora vamos tentar relacionar estes dois:

-Em regra a constituição envolve a aquisição – quando há constituição haverá aquisição.


Vamos ver que nem sempre esta relação existe e há autores que teorizam sobre um
direito sem sujeito (remissão para os sujeitos da relação)

-O inverso nem sempre é verdade- nem sempre a aquisição leva com ele uma constituição
de direitos.

Dentro da aquisição de direitos distinguimos:

-Originário – é assim quando depende unica e exclusivamente de facto aquisitivo.


Depende só do facto aquisitivo e protanto não fica dependente da existência de um direito
prévio (da existência, da extensão e do conteúdo de um direito prévio) (ex.: usucapião –
traduz-se na aquisição da propriedade com base na posse mantida durante determinado
lapso de tempo com base no tempo e determinadas características. Não fica dependente
se existia um direito de propriedade na esfera de B ou C)

-Derivada- depende não só do facto aquisitivo mas também da existência, extensão e


conteúdo de um direito prévio (Ex.: A vende apartamento a B, o B adquire o direito de
propriedade do apartamento, depende do facto aquisitivo mas também do direito de
propriedade de B) podemos destinguir 3 tipos de aquisição derivados:

 Translativa (quando o direito que se adquire é o mesmo direito que existia na


esfera jurídica de outro sujeito) –“fala-se de mera transferência de direito”
 Constitutiva (em que o direito se adquire à custa/conta da limitação ou da
compressão de um direito pré-existente” (ex.: O A é proprietário de um terreno e
resolveu constituir com bernardo um direito de usufruto – o usufrutuário pode
exercer vários direitos sobre a coisa mas o proprietário de raiz continua a ser o A.
O B adquire um direito, a aquisição deste direito está dependente de outro direito
mas agora não é o mesmo direito que passa de uma esfera para a outra e o direito
adquirido por B é o direito de propriedade reduzido ao mínimo)
 Restitutiva (é o reverso da aquisição derivada constitutiva, ex.: O usufruto foi
constituido por um prazo de 20 anos, ao fim de 20 anos o usufruto extingui-se da
esfera juríidca de B e na esfera jurídica de A ele vai recuperar os direitos de
propriedade que antes estavam comprimidos, isto tem a haver com o direito de
propriedade e a sua elasticidade onde antes comprimimos o elástico e agora
expande-se.

Em termos práticos distinguir a derivada e originária é importante porque a derivada


fica sujeita a um princípio que é o “Nemo plus iuris in allium transfere potest quam
ipse habet” o que isto quer dizer?

-Isto vamos ver tantas vezes que vamos ter facilidade de decorar e podemos decorar
como princípio “Nemo plus iuris”

-Tradução: “Ninguém pode transmitir mais direitos do que aqueles que tenha”

Ao nível do ordenamento jurídico encontramos várias projeções deste princípio:

 1ª projeção – nula de venda de coisa alheia – não é possível vender um coisa


que não é nossa (artigo 892 do CC)
 2ªprojeção – nula a doação de bens alheios – (artigo 956 do CC)
 3ª projeção – (artigo 939 do CC) – se nós tivermos a falar não de uma venda
de bens alheios mas sim uma premuta de bens alheios ela vai ser considerada
nula por força da aplicação das regras da venda ao abrigo deste artigo.

Este princípio conhece exceções e estas vão-se rtaduzir em situações em que a pessoa
adquire a partir de alguém que não tem legitimidade para trasmitir:

 1ª exceçção – efeito central do registo


 2ª exceção – artigo 291 do CC
 3ª exceção – artigo 243 do CC

Efeito central de registo – imaginemos que A vendeu a B um apartamento, este contrato


de compra e venda de bens imóveis tem que ser celebrado por escritura pública ou escrito
particular autenticado (artigo ... do CC) esta escritura ou tal diz respeito à forma do negócio
e é imperativa. Senão for cumprida a forma o negócio é nulo. Quando o B adquire aquele
direito de propriedade o B vai ter que registar a aquisição daquele direito. Há determinados
bens sujeitos a registo (imóveis e alguns bens móveis (automóveis, aeronaves,
embarcações, participações sociais)). O registo não diz respeito à forma mas diz respetio à
publicidade do ato e o que acontece se o B não registar? O negócio continua a ser válido
ao contrário da escritura pública.

O que acontece quando A vende a B? Quando vende, por mero efeito do contrato a
transferência do direito de propriedade é feito (artigo 408 do CC) ou seja, o A vende a B e
B é proprietário mesmo que não registe. Então isto permite-nos dizer que o registo não é
condição de validade no negócio nem de eficácia inter partes (entre partes). O registo é
condição de eficácia em relação a terceiros (terceiras para efeitos de registo – são todos
aqueles que do mesmo autor ou trasmitente adquirem direitos total ou parcialmente
incompatíveis ou conflituantes sobre o mesmo objeto – esta definição é para saber com
exatidão).

Imaginemos que o A vende a B e o B não registou... Ao não registar o que acontece é que
como não registou continua a ser proprietário mas o A resolveu vender novamente aquele
apartamento ao C. Quando o faz está a fazer uma venda de coisa alheia e o 892 diz-nos
que o negócio é nulo porque é venda de coisa alheia. O que acontece é que o C registou a
aquisição do seu direito e então como o fez e como o registo não sendo conidção de
eficácia inter partes é em relação em terceiros como B e C são terceiros para efeitos de
registo significa que o B não pode opor o seu direito ao C mas o C pode fazê-lo. No fim de
tudo isto o C vai ser considerado proprietário e a isto chama-se o Efeito Central de registo
e resulta do artigo 5 do Código de registo predial.

O registo vai sanar a invalidade da venda de bem alheio só sana esta validade e mais
nenhuma. Ao sanar esta validade o registo vai trazer uma exceção ao princípio Nemo plus
Iuris.

Este efeito central do registo funciona também quando as aquisições são gratuitas (ex.: se
o A tinha doado ao B, etc.). Aplica-se mesmo que o C conhece-se toda a situação anterior
e esteja de má fé. Só pode excecionar em casos de abuso de direito. Funciona esta
proteção mesmo em título gratuito e em casos de má fé.

Esta lógica de proteção funciona também quando em causa esta a constituição de um


usufruto em vez do direito de propriedade. (exemplo a extrair)

Artigo 291 do CC- segunda exceção- já falamos deste artigo quando falamos da boa fé em
sentido subjetivo- diz:
Artigo 291.º
(Inoponibilidade da nulidade e da anulação)
1. A declaração de nulidade ou a anulação do negócio jurídico que respeite a bens
imóveis, ou a móveis sujeitos a registo, não prejudica os direitos adquiridos sobre
os mesmos bens, a título oneroso, por terceiro de boa fé, se o registo da aquisição
for anterior ao registo da acção de nulidade ou anulação ou ao registo do acordo
entre as partes acerca da invalidade do negócio.
2. Os direitos de terceiro não são, todavia, reconhecidos, se a acção for proposta e
registada dentro dos três anos posteriores à conclusão do negócio.
3. É considerado de boa fé o terceiro adquirente que no momento da aquisição
desconhecia, sem culpa, o vício do negócio nulo ou anulável.
(ex.: A vende a B um automóvel e vamos imaginar que há uma qualquer causa que
determina que o negócio é nulo (vamos estudar isto mais à frente – nulidade) por algum
motivo e se ele é nulo não produz efeitos e significa que o B não vai adquirir direito de
propriedade e segundo princípio Nemo Plus Iuri não pode transmitir esse direito porque
não tem. Agora imaginemos que o B vende o automóvel ao C. O que a lei diz é que vamos
ter que proteger o C. A compra e venda entre B e C é nula.
Sendo os dois nulos temos uma invalidade consequencial quase como peças de dominó.
O que o artigo 291 nos vem dizer é que mediante determinados requisitos exigentes
podemos proteger o C:
-Esteja em causa um bem imóvel ou um móvel sujeito a registo
-Cadeia sujeita em transmissões
-Tem de haver um terceiro (todo aquele que inserindo numa mesma cadeia de
transmissões vê a sua posição jurídica afetada por causa de um negócio jurídico anterior)
-É necessário que o C tenha efetivamente registado a aquisição do seu direito, esta
proteção é o efeito lateral do registo e não o central.
-É necessário que tenha adquirido o bem a título oneroso.
-Tem ainda que estar de boa fé – aqui traduz-se no desconhecimento sem culpa aquilo
que estava para trás na cadeia de transmissões.
-Necessário ter decorrido 3 anos a contar da celebração do negócio inválido (A-B)

Ex.: O negócio A-B tinha sido celebrado em 2010, o C estaria protegido em 2013. Agora
imaginemos que o C tinha também doado aquele automável a D... aí não há proteção a D.
Imaginemos que o D não preenche todos os requisitos mas a verdade é que C estava
protegido a partir de 2013 e doou em 2015. Considera-se que a partir de 2013 se criou
uma barreira e tudo o que ficou para trás desaparece e C não pode ser atacado inclusive a
de doar gratuitamente e sem pena de o A poder vir reinvidicar a coisa.
A esta proteção indireta que o D recebe damos o nome de proteção inter corrente.
Aqui estamos perante uma exceção ao princípio Nemo plus Iuris porque estamos a
considerar proprietário alguém que adquire de alguém que não legitimidade para transmitir
“a non domino”.
´Começamos a estudar relação jurídica na sua dinâmica na concessão de direitos e da
aquisição de direitos tanto a originária como a derivada.
Vimos que só as derivadas ficavam limitadas pelo princípio nemo plus iuris e depois vimos
a exceção a este princípio.
Agora vamos começar à terceira exceção ao nemo plus iuris – artigo 243.
Para percebermos temos que saber alguns conceitos de matéria que só vai ser lecionada
no segundo semestre:~
-Já falamos de negócios jurídicos e de contratos e ficamos com a ideia que o contrato é
um acordo e esse acordo estabelece-se ou materializa-se através de declarações de
vontade. O negócio jurídico de que o contrato faz parte é um ato voluntário e para existir e
preciso declarações de vontade de sentido oposto mas convergentes. (ex.: A e B compra e
venda temos o A com proposta e o B a aceitar). Em regra as vontades propriamente ditas
está subjacente nas declarações ditas. Se diz que quer vender o carro por 400 euros
normalmente isso seria a vontade). Às vezes à exceções patológicas a este acordo e há
divergência entre o acordo e a vontade.
Uma dessas divergências é a simulação (ex.: A quer vender carro a B e B diz que quer
compra carro de A mas só o fazem porque querem enganar os credores de A, A tem uma
dívida, não tem como pagar a dívida e tem medo que lhe tirem o carro e vende a B, A
intenção de A de vender não é real nem a de comprar de B e a verdadeira intenção é
enganar os credores de A. Numa situação destas estamos perante um negócio simulado.
Simulação traduz-se numa divergência intencional entre a vontade (o que ser quer dizer) e
a declaração ( o que se diz). Divergência intencional essa que resulta de um acordo entre
declarante e declaratário (entre A e B) e que tem como intenção enganar terceiros e
portanto temos que ter:
-Divergência entre vontade e declaração
-Intencional
-divergência acordada entre A e B
-Como intenção enganar terceiros

Dentro da simulação podemos distinguir uma simulação:


-Absoluta (exemplo de à pouco era uma absoluta. Não têm qualquer intenção de realizar
um negócio jurídico. O valor do negócio simulado? É sempre nulo o negócio simulado
(artigo 240/2 do CC) em regra não vai produzir efeitos isto no âmbito da simulação
absoluta.
-Relativa (Num caso de simulação relativa por detrás do negócio simulado existe um outro
negócio que é real ou dissimulado – as partes fingem realizar um negócio quando na
verdade querem negociar outro de outra natureza, condições, etc.) Há um negócio
simulado que é sempre nulo e por detrás deste vou ter outro negócio que é o real ou
dissimulado. O problema agora é saber qual é afinal o valor do negócio real ou
dissimulado? A resposta é-nos dada pelo artigo 241 do CC –
1. Quando sob o negócio simulado exista um outro que as partes quiseram realizar, é
aplicável a este o regime que lhe corresponderia se fosse concluído sem dissimulação,
não sendo a sua validade prejudicada pela nulidade do negócio simulado.
2. Se, porém, o negócio dissimulado for de natureza formal, só é válido se tiver sido
observada a forma exigida por lei.
O valor do negócio real? Depende e isso diz este artigo.
Depende do tratamento que receberia senão tivesse havido simulação. Se quero saber o
valor do negócio dissimulado tenho que saber que, sendo feito por debaixo da mesa, atrás
de outro, tenho que o trazer à luz e ver se o negócio jurídico é valido, nulo ou anulável.
Quando daqui a umas aulas estudarmos as incapacidades de exercício de menoridade e
acompanhamento de menores vamos dar a diferença entre nulo e anulável.

Outro ponto - Qualquer negócio jurídico por ser valido ou inválido do ponto de visto
substancial e do ponto de vista formal.
A primeira coisa que tenho de pensar quando me deparo com um negócio dissimulado
tenho que pensar se e´válido ou inválido
Ex.: A finge vender carro à B, com esta compra e venda simulada quiseram vender a
doação do automóvel e premoner A e B são amantes. Quando estudámos as limitações
estamos perante uma hipótese de indisponibilidade relativa porque não é possível fazer
negócios gratuitos entre amantes e portanto é nulo segundo o artigo 242/2.
Ex.: A finge vender carro à B, com esta compra e venda simulada quiseram vender a
doação do automóvel e sim porque era uma das muitas primas que o A tinha e tinha medo
que as outras se sentissem melindradas. Neste caso o negócio simulado é nulo pelo 240
mas o negócio dissimulado pois é válido.

Temos que referir que o simulado é sempre nulo pelo artigo 240/2.

Só que há negócios que têm exigência de forma (ex.: se falarmos de compra e venda de
um apartamento é precisamos de uma escritura (270 e tal do CC)
(ex.: A fingiu vender a B um apartamento e celebrar o negócio simulado por escritura
pública e o simulado é nulo, queremos saber se o dissimulado é válido ou inválido. Não
temos dados substancialmente mas formalmente é válido ou inválido?
Há divergências na doutrina:
-Uma mais exigente- não basta que o negócio real tenha sido celebrado pela forma
legalmente exigida, é necessário que haja uma contra declaração, essa que tem de
revestir a forma legal ou seja, no fundo, era necessário que as partes fizessem um escrito
de reserva onde dissessem que “estou a doar” e que “estou a aceitar a doação”. Quando a
forma exigida é uma escritura público é difícil ter esse escrito de reserva e esse é um
problmea porque revelada logo o caráter simulado do negócio. Quando a forma é
demasiado exigente, segundo este visão, o negócio dissimulado será nulo. Há uma
exceção e mesmo estes autores mais exigentes entendem que não se deve exigir a contra
declaração quando em causa esteja a chamada simulação de preço (ex.: A declarou
vender ao B um apartamento por 100.000 euros e na realidade o que celebraram foi um
negócio jurídico de compra e venda por 200.000 euros. O negócio na verdade era de
preço mais elevado.)
-Uma menos exigente – para estes bastaria haver a escritura pública de compra e venda e
o negócio real aprovetiar-se-ia da forma do negócio simulado. Bastaria aqui a escritura
pública e esta doação aproveitava-se e seria suficiente para cumprir os requisitos formais.

Isto tem a haver com nemo plus iuris porque o artigo 243 diz-nos que:
1. A nulidade proveniente da simulação não pode ser arguida pelo simulador contra
terceiro de boa fé.
2. A boa fé consiste na ignorância da simulação ao tempo em que foram constituídos os
respectivos direitos.
3. Considera-se sempre de má fé o terceiro que adquiriu o direito posteriormente ao
registo da acção de simulação, quando a este haja lugar.
(ex.: A vendeu ao B e este é simulado e este sabemos que é nulo (artigo 240/2) com esta
compra e venda simulada queriam esconder uma simulação que é o negócio real ou
dissimulado ou então não quiseram esconder nada e apenas existia este simulado.
Imaginemos então que este dissimulado é também invalido. Imaginemos então que sendo
os dois inválidos que aquele efeito de transmissão de propriedade não ocorre e B não é
legitimo proprietário não pode transmitir dirieto de propriedade e se o B vender ao C
eventualemtne estamos perante uma invalidade consequencial porque o negócio é nulo
porque não pode transmitir direitos de propriedade.
O artigo 243 vem-njos dizer que o simulador não pode invocar a invalidade do negócio
simulado perantes terceiros.
Vamos proteger o C quando:
-Quando estiver de boa fé (quando desconhece a simulação está de boa fé) – há autores
que questionam se é só a boa fé como desconhecimento ou a boa fé sem culpa também,
No nosso caso basta o desconhecimento.
-É preciso que a nulidade seja invocada por um dos simuladores (ou A ou B).
(ex.: Imaginemos agora, e esta é agora uma especificidade da nulidade e vamos ver mais
à frente, que é possível no caso de negócios nulos que é possível que haja um terceiro a
invocar a nulidade (na inulabilidade não é qualquer pessoa a invocar) podemos entar ter
um x que é credor do A e tem um interesse em invocá-la. O que acontece aqui? Se o
credor x vem dizer que o negócio é simulado e consegue reunir a prova da simulação (que
não é fácil e vamos ver no segundo semestre). Invocando a nulidade daqueles negócios
sendo x o credor já não podemos aplicar o artigo 243 e o C não está protegido pelo artigo
243. Não podemos proteger o C? Sim podemos mas a partir do artigo 291 que estudamos.
O problema é que este é muito mais exigente e tem mais requisitos ao contrário do 243
que tem só dois requisitos).

Agora vamos pensar numa segunda hipótese... O A declarou vender ao B um apartamento


imóvel de escritura público pelo valor de 250.000 e com este queriam esconder o
verdadeiro valor daquela compra e venda... foi compreendida por 200.000 euros por
motivos fiscais. O que acontece aqui é que o negócio simulado é nulo e o simulado é
válido. Imaginemos então que o imóvel estava arrendado a C. Contrato de arrendamento
de A com C. O C enquanto arrendatário tem direito a frequência quanto à venda daquele
imóvel. O C tem o direito a que o A quando decide vender lhe comunique a intenção de
venda e as condições em que pretende vender o C pode efetivamente preferir. Isto
siginifica que pode dizer que se vender, vende a mim e nesta condições vende a mim.
Está no mais alto patamar hierárquico da lista de possíveis compradores.
O A não comunicou nada ao C e o C agora apercebendo-se que a venda foi realizada
pode por uma ação de preferência em tribunal e a sentença é que ocupar o lugar que
estava a ser ocupado pelo B. O C arrendatário quer proferir mas apenas conhece o
negócio que está visível (250.000 euros) perante aquela hipótese de proferir por 250.000
euros o A percebe que está a perder dinheiro e vem invocar a nulidade do negócio
simulado e vem dizer que o negócio está simulado e o valor real é de 200.000 euros. O
grande problema é que o nosso arrendatário conhece o ordenamento jurídico e o C diz
que eu sou terceiro e estava de boa fé e desconhecia completamente o negócio simulado
então invocado o artigo 243 do CC. Quando o A invoca a nulidade se o negócio for
efetivamente nulo. O artigo 243 pode aplicar-se a preferentes? Sim ou não?
A resposta é não. Este artigo não server para proteger preferente porque a ratio do artigo
243 é evitar o prejuízo para aquele que está de boa fé e só pode ser aplicado até um ponto
em que serve para apagar o prejuízo não pode ser aplicado quando em causa esteja a
criação de um benifício e se nós aplicarmos este ao preferente não estamos a evitar um
prejuízo mas a criar um benifício. Se não tivessem montado esta simulação o C nunca
podia ter comprado o imóvel por 200.000.

Modificação de dirietos
A modficiação ocorre quando o direito mantendo-se o mesmo vê os seus elementos
alterar-se ou modifica-se.
Pode ser:
-Subjetiva – singifica que há uma alteração do sujeito – aquele direito tinha um titular
passa a ter outro (ex.: A vende a B, quando é isso há um fenómeno de aquisição de
direitos na esfera do B mas também modificação de direitos subjetiva)
-Objetiva – altera-se o próprio objeto do direito (ex.: Imaginemos que A obrigou-se a pintar
as paredes de casa do B, não o fez ou fê-lo imperfeitamente ou mal. O que acontece?
Este dever de prestar transforma-se num dever de indemnizar então temos aqui um direito
que se mantém inalterado na sua identidade mas que vê alterado um dos seus elementos.

Extinção de direitos
Ocorre uma extinção quando o direito desaparece e pode ser:
-Subjetiva- significa que o direito se extingue na esfera jurídica de um sujeito embora
permaneça a existir no ordenamento (quando A vende ao B e o B adquire um determinado
direito, na esfera do A o que ocorre é uma extinção subjetiva de direitos)
-Objetivo- traduz as situações em que o direito pura e simplesmente desaparece (ex.: A P
tinha um direito de propriedade sobre um computador e o computador se desfez em cinzas
e neste caso o direito de propriedade exitinguiu-se e desapareceu.) (situações especiais
no CC de extinção de direitos: Caducidade e a prescrição).
Caducidade (328 e seguintes) e Prescrição (arts 300 e seguintes) – são formas de
extinção de direitos que resultam do uso do tempo.
Não há um critério substancial para distinguir a prescrição da caducidade, no passado
houve uma tentativa de estabelecimento de um critério onde a caducidade se aplicaria
quando em causa estivessem direitos potestativos e a prescrição de crédito e é uma
distinção tendencial.
A distinção do CC é formal – sempre que o legislador indique um prazo de prescrição são
as regras de prescrição aplicadas, se o legislador aplicar um prazo e não o especificar, o
prazo é de caducidade e as regras não são exatamente as mesmas mas passam pelo
facto da prescrição ter causas de prescrição e interrupção.
Poderemos ouvir falar eventualmente da prescrição aquisitiva – é o mesmo que usucapião
tho.

Com isto chegamos ao fim de mais uma matéria e entramos no terceiro – sujeitos da
função jurídica.

Vamos então agora começar o terceiro capítulo da nossa matéria.

Analisamos cada elemento da relação jurídica.


Sujeitos - quem é sujeito nas relações jurídicas??
Sujeitos de relações jurídicas são aqueles que têm personalidade jurídica.
Todas as pessoas singulares e coletivas e vamos estudar os dois.
Vamos ter a oportunidade de questionar novos sujeitos das relações jurídicas como os
animais (são classificados como objetos da relação jurídica no CC mas há quem advoque
o anterior mencionado). Há hoje em dia quem pressione a atribuição de personalidade
jurídica ao sistema de inteligência artificial.

Dizemos agora as pessoas singulares e coletivas mas é muito pouco e temos que
perceber o que é a personalidade jurídica.
Perosnalidaade jurídica – é a suscetibilidade para ser titular de relações jurídicas, ou seja,
a suscetibilidade de ser titular de direitos e deveres, ser um ser autonómo de relações
jurídicas.
Esta suscetibilidade que estamos a falar é uma suscetibilidade em abstrato.
Temos que deixar clara uma nota importante – a personalidade jurídica das pessoas
singulares não é absolutamente idêntica à das pessoas coletivas porque as coletivas são
criação do direito e as pessoas singulares têm uma liberdade intrínseca que se impõe ao
próprio legislador e direito ou seja, não é possível, não reconhecer personalidade jurídica
às pessoas singluares.
A personalidade jurídica das pessoas singulares traduz-se na projeção da personalidade
humana no mundo do direito.
Um doutor ainda falava de uma terceira categoria além de persoanlidade humana e
jurídica e falava de subjetividade jurídica. Este traduzir-se-à na possibilidade de ser sujeito
de direito.
Vamo-nos focar agora nas pessoas singulares
2ª questão que vamos colocar – quando começa a perosnalidade jurídica – artigo 66/1 –
1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida. – critério
que vem no cordão umbilical.
Mas o número 2 diz - 2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu
nascimento.
O número 2 reconhece também direitos aos nascituros e se tem direitos tem personalidade
jurídica e portanto temos um estatuto dos nascitudos.
Nascitudos (aqueles que ainda não nasceram e dividem-se entre:
-Já concebidos (os embriões já ferteis)
-Não concebidos (os projetos ainda ideia)
O ordenamento jurídico reconhece direitos aos nascitudos de natureza patrimonial e
pessoal:
-Patrimonial – os nascitudos podem receber bens em sucessão e além disso podem
receber doações. Há aqui uma diferença entre os concebidos e não concebidos.
Os já concebidos podem receber bens por sucesão legal ou por sucessão testamentária.
Os não concebidos não são chamados à sucessão mas podem receber testamentária ou
doação. Quando alguém morre há vários tipos de sucessão:
Testamentária – segundo o testamento e o que está escrito
Legal – senão houver testamento ou se for inválido
Os herdeiros legitimários não podem ser afastados do testamento e se o testamento
afastar esses herdeiras temos de reduzir aquela lista do testamento.
-Pessoal – Os nascitudos já concebidos têm direitos de natureza pessoal e os não
concebidos não faz sentido falar disso porque são uma mera ideia. Os direitos de natureza
pessoal são no fundo os dirietos de personalidade (à vida, imagem, honra, livre
desenvolvimento da personalidade, etc.)
Hà acórdãos que vêm reconhecer esse de personalidade ao nascitudo como o direito à
vida do nascitudo. Quando uma mulher é atropelado e o embreão acaba por morrer por
causa disso é precisa uma indemnização autónoma à morte do embrião.
(ex.: A é filho B, e a mão está grávida de A e B é atropelado e morto. Tem direito o A de
pedir indemnização ou a mãe por privação do livre de desenvolvimento de personalidade
por crescer privado da presença do pai.)

Outro questão: Como se explica a existência do direito à vida por parte do nascituro e ao
mesmo tempo a existência do aborto legal? Não há uma situação de conflito?

Direitos de personalidade e direitos patrimoniais


Reparemos uma coisa importantes – o artigo 66/2 diz:

2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.


Ficariam sujeitos a uma condição suspensiva. Têm esses direitos mas só seriam
reconhecias ou a sua eficácia ficariam dependentes do seu nascimento. Isto só se aplica
aos direitos de natureza patrimonial porque se aplicasse aos de natureza pessoal
cairíamos numa verdadeira antimonia jurídica (contradição do ordenamento)

2 exemplos dessa contradição

1º ex.: imaginemos que a maria está grávida e A atropela maria e com aquele
atropelamento A causa graves lesões da integridade física do embrião que vem com
graves deficiências no nascimento. Aqui há indemnização autónoma do defunto.

Atropelou A a maria com requintes de malvadez e atropelou várias vezes com a intenção
de matar a criança, num caso como este se aplicarmos o artigo 66/2 não haveria direito à
indemnização autónoma do nascitudo porque não nascia porque estava morto.

Há portanto alguns autores que defendem que este artigo só se aplica aos patrimoniais
porque há uma monte de direitos de personalidade que carecem de proteção naquele
período de gestação. Isto traz problemas:

-Aquela questão colocada. Como isto se comptabiliza no caso de existir aborto legal. O
direito penal é aquilo que se chama direito de ultima ratio. É tão intrometido na vida das
pessoas pelos efeitos graves que têm e portanto só funciona em ultima ratio. Para haver
possibilidade incriminação no direito penal é preciso dois requisitos:

-Inclusão de um objeto jurídico reconhecido pelo ordenamento jurídico

-Que se cumpri um critério de eficiência ou de eficácia (através da incriminação se possa


cumprir a finalidade das penas)

E isso foi o ponto que levou aos defensores do aborto legal segundo certas condições.
Quando dizem que o aborto não é punível sobre certas circunstâncias, o legislador penal
não está a atribuir um direito ao aborto mas um retração do direito penal (porque
efetivamente é o direito ultima ratio) nessa zona. O facto do comportamento não ser ilícito
sobre o ponto de vista do direito penal não quer dizer que não seja ilícito do direito civil
(ex.: O pai que se oponha ao aborto da mãe pode pedir indemnização pela decisão da
mãe pelo direito de autodeterminação como pai e o direito à vida do filho)

Se passar um cheque sem cobertura num banco não sou criminalizada mas sou
responsabilizada e portanto o penal funciona sobre isso. Pode ser penal irrelevante mas
no civil relevante. Se o direito penal não previr aquele comportamento como crime ainda
pode ser um comportamento que gere responsabilidade civil e não penal. Senão havia
uma coordenação entre o ordenamento penal e civil e isso não existe.

Se ser nascitudo chega para ter direitos de personalidade então não faz sentido dizer que
não têm personalidade jurídica e tentam construir várias posições que defendem estes e
vamos ver as várias e qual adquirimos.

Vamos retomar a matéria neste ponto para a semana e continuaremos com o termo da
personalidade jurídica até chegarmos aos direitos de personalidade que vamos estudar na
sexta feira.
A nossa aula só vai começar às 16:30

Hoje vamos aproveitar o tempo que temos e retomar o que começamos na sexta.
Começamos a estudar os sujeitos da relação jurídico e dissemos que eram as pessoas
singulares e as coletivas,

Começamos por nos focar nas singulares mas mais importantes de quais são os sujeito é
sabero que é ser um e deparámo-nos com o personalidade jurídica e soubemos que é o
que é preciso para poder assumir direitos e deveres.

Aquilo que marca o momento de persopnalidade jurídico é o corte do cordão umbelical


contudo antes do nascimento já há direitos – direitos dos nascitudos e vimos que têm os
de natureza patrimonial e os de natureza pessoal.

Depois pensamos se o nascitude tem ou não personalidade jurídica porque se esta é a


capacidade de ser titular de direitos e de deveres isso significa que tem personalidade
jurídica e dizendo que tem direitos então deviam ter personalidade jurídica e a este tema
há diferentes opiniões:

 Autores dizem que não tem peronsalidade jurídica – dizem que há um fenómeno
de retroação da personalidade – aqueles direitos do nascitudo seriam
reconhecidos mas tudo se pasava quando no momento de nascimento a
personaldiade jurídica retroagisse para cobrir os outros direitos.

Não podemos aceitar esta porque

1º motivo contraria o princípio do personalismo ético que diz que devemos reconhecer os
direitos a todo o ser humano e pessoa e não devemos ter o conceito de pessoa sujeito a
gradações

2º motivo – esta teoria não justifica a atribuição de direitos pessoais ao nascitudo e o artigo
65 até se fala dos direitos pessoais não se aplicarem.

 Há outros autores que falam de direito sem sujeito – antes dissemos que a
constituição envolve a aquisição mas o contrário não acontece. Mas para quem
reconheça a existência de direitos sem sujeito há situações onde pode haver
constituição sem aquisição. Os direitos existiriam e ficariam submetidos a uma
condição suspensiva e só mais tarde é que entrariam na titularidade de um
determinado sujeito

Este também não pode ser aceite porque:

1ºmotivo – mais uma vez contrariamos aquele sentido do personalismo ético de onde
partimos, isto não quer dizer (fora da problemática dos nascitudos) que a categoria dos
direitos sem sujeitos não possa ser aplicada a outras situações (ex.: imaginemos um
bilhete de lotaria premiado, aquele título incorpora o próprio direito e este perde-se e está
no chão. O direito existe mas ainda não ingressou na personalidade de um sujeito. São
situações muito particulares que em nada se confundem com a hipótese dos nascitudos)

 Há ainda outros autores que dizem que os nascitudes têm uma personalidade
jurídica parcial, não plena mas parcial.
Qual o problema desta teoria/posição? O problema é que a personalidade jurídica é um
conceito absoluto (vamos estudar outros conceitos a propósito dos sujeitos
nomeadamente a capacidade jurídica e dentro deste a capacidade de gozo de direitos e
de capacidade de direitos e este é que é mais amplo consoante as circunstâncias) mas a
personalidade é absoluta e vêem o artigo 66 não à luz da personalidade mas da
capacidade.

Devemos entender disto que o princípio fundamentla que alicerça o DC (personalismo


ético) impõe ao ordenamento jurídico o reconhecimento da personalidade jurídico a toda e
qualquer ser humano e portanto nessa medida os nascitudos têm efetivamente
personalidade jurídica. A personalidade jurídica traduz-se numa projeção da personalidade
humana no mundo jurídico.

Esta personalidade jurídica vai-se depois verter naquilo que o prof. Orlando de Carvalho
designava de subjetividade jurídica. Esta subjetividade jurídica será aquela que está
contemplada no artigo 66.

Quando este fala de personaldiade jurídica fala neste sentido de subjetividade jurídica.
Então devemos pensar em relação ao nascitudos que têm subjetividade jurídica (são
sujeitos de direito) sempre que as especiais circunstâncias em que se encontrem
determinem que não faz sentido a configuração daquele momento temporal que é o
nascimento. Eles têm personalidade jurídico. No que diz respeito à vertente da
personaldiade jurídica esta é reconhecido e o momento do nascimento é fundamental mas
deixa de ser relevante sempre que as circunstâncias justificam a necessidade da tutela
desses direitos mesmo antes desse acontecimento.´

Quanto aos nascitudos não concebidos não têm personalidade porque não passam de um
mero projeto que pode vir.

Agora sabemos que a personalidade jurídica se inicia no nascimento mas existe a tutela
de direitos associados ao nascitudo.

Agora precisamos de saber quando é que a personalidade jurídica cessa. Ela cessa,
nos termos do artigo 68, com a marca. Com a morte vão-se extinguir as relações jurídicas
de natureza pessoal e as relações jurídicas de natureza patrimonial vão ser transmitidas
aos herdeiros.

Depois vamos ver mais tarde que depois da morte tutelar alguns direitos patrimoniais
segundo o artigo 71.

Fundamental é por isso sabermos quando ocorre a morte. (ex.: há necessidade de fazer
uma colheita de órgãos para uma determinada coisa e até que momento é que a pessoa é
considerada morta para poder extrair órgãos. O critério legal da morte é a chamada morte
cerebral (quando o tronco cerebral deixa de ter atividade). O critério da morte
cardiorespiratória não é válido porque está provado que isso pode ser revertido.

Há determinadas situações em que não é possível determinar se a pessoa efetivamente


morreu ou não ou seja, há situações em que não é possível um profissional da àrea
determinar a morte principalmente em situações onde não há cadáver. (um naufrágio e um
dos tripulantes não aparece, não conseguimos certificar o óbito e apesar de não termos
cadáver e não podermos atestar o óbito a pessoa desapareceu em circunstâncias tais que
não podemos duvidar da morte dele e quando é assim -) Presumimos a morte da pessoa
(artigo 68/3 do CC) – e abre-se um processo de justificação judicial do óbito.

Há então uma presunção de morte.

O artigo 68/2 cionasgra outra presunção:

2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa,


presume-se, em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.

Presunção de Comoriência

(ex.: A é casado com B e vamos imaginar que estes têm um filho o C que está casado com
D. Imaginemos que A é proprietário de um apartamento e de um estabelecimento
comercial. Imaignemos que este A e C estavam embarcados num navio que naufragou e
foram dados como mortos e não sabemos qual morreu primeiro. Podemos fazer conjeturas
dizendo que um é mais novo sobreviveu mais tempo, etc. e nunca saberemos qual morreu
primeiro mas é relevante porque imaginemos,

1ª hipótese – A morre primeiro – herdeiras são B e C, quando se filho morre parte daquilo
que seu filho recebeu vai pertencer à B e C

2ª hipótese – C morre primeiro – Se o C morrer primeiro não tem bens e não há nenhum
problema e a seguir morre o A e quem é herdeiro aqui? O B e aqui só vai receber o B,

Portanto não é indiferente para uma certo efeito jurídico qual deles faleceu em primeiro
lugar e aí aplicamos a presunção de comoriência que diz que presumimos que faleceram
ao mesmo tempo. Se falerecem ao mesmo tempo A e C morre. Quando A morre significa
que já não existe a esfera jurídica do C e portanto só B herda.

Muito importante – estas hipóteses em que alguém desaparece em circunstâncias tais em


que não podemos duvidar da morte mesma não se confundem daquelas hipóteses
daqueles senhor que foi comprar cigarros e nunca mais aparece. Aqui a situação precisa
que não ofereça dúvidas. No caso do senhor que “desapareceu” nesse caso o problema é
outro que diz respeito ao problema da ausência.

Na linguagem corrente a ausência é a não presência mas na linguagem jurídica, em


termos tecno-jurídicos, a ausência é a não presença acompanhada da falta de notícias e
não sabemos do seu paradeiros. Não sabemos efetivamente onde está.

Se a pessoa desaparece e deixa de dar notícias temos que em primeiro lugar administrar
mecanismos para administrar os seus bens. O senhor que “desaparecer” tem que se
adminsitrar os bens através de um instituto que se chama curadoria provisória (prevista no
artigo 89).

Para que seja nomeado um curador provisório é necessário que:

-Se verifique uma situação de ausência


-O ausente não tenha um representante legal ou um procurador (representante voluntário)-
isto porque neste caso já existiria alguém que administre estes bens

Quem pode requerer esta curadoria provisório?:


-O MP

-Alguém interessado

Quem pode ser escolhido como curador provisório?

-Uma das pessoas que estejam previstas no artigo 92 do CC:

O curador provisório:

-Tem que prestar contas da sua atuaçãp

-Tem que prestar uma caução

A curadoria termina numa das situações previstas no artigo 98 do CC:

(Termo da curadoria)
A curadoria provisória termina:

a) Pelo regresso do ausente;

b) Se o ausente providenciar acerca da administração dos bens;

c) Pela comparência de pessoa que legalmente represente o ausente ou de procurador


bastante;

d) Pela entrega dos bens aos curadores definitivos ou ao cabeça-de-casal, nos termos do
artigo 103.º;

e) Pela certeza da morte do ausente.

Neste período em que as pessoas deixa de dar notícias a reação imediata é administrar os
bens do ausente e isto está desenhado com base na ideia de que o ausente vai regressar
porque essa é a presunção mais forte e vamos ver o que acontece quando o tempo
começar a passar.

Retomando... Neste momento a presunção mais forte é a do regresso do ausente


acontece é que o tempo vai passando e a esperança disso vai esmorecendo-se e há um
determinado momento em que a presunção de que o ausento vai regressar e uma onde
ele não vai regressar equilibram-se e isso permite o recorrer a outro tipo de mecanismo
que é a curadoria permanente (prevista no artigo 99)

Presupostos para esse período para uma curadoria permanente:

-Dois anos sem representante legal ou procurador

-Cinco anos com representatne legal ou procurador pode o Ministério Público ou algum
dos interessados requerer a justificação da ausência.

Quem pode requerer:

Cônjuges
Herdeiros do ausente

Todos aqueles que tiverem direitos sobre o bem do ausente cujo direitos estejam
dependentes da morte dele

Com a curadoria definitiva os bens do ausentes são entregues aos herdeiros mas sobre o
título de curadoria e não de transmissão de bens porque ainda há esperança para esse
retorno e é por isso que o tribunal pode exigir caução aos curadores definitivos. Não são
proprietários e apenas curadores definitivos e portanto não podem praticar qualquer ato
(artigo 94/3):

3. Só com autorização judicial pode o curador alienar ou onerar bens imóveis,


objectos preciosos, títulos de crédito, estabelecimentos comerciais e quaisquer
outros bens cuja alienação ou oneração não constitua acto de administração.

Além deste número, todo o artigo 94 se aplica também aos curadores definitivos além
dos provisórios,

Então o tempo vai passar e a presunção de regresso do ausente desaparece e a


presunção mais forte é que o ausente não vai voltar e pode já ter morrido e numa situação
como essa é possível que haja a chamada declaração de morte presumida (prevista nos
artigos 114 e seguintes)
Nota muito importante: vamos ver os requisitos para que haja declaração de morte
presumida mas não podemos confundir com a declaração de morte do artigo 68/3 que é
imediata à presunção de morto e ocorre logo.
E diz-nos este artigo 114:
(Requisitos)
TEXTO
1. Decorridos dez anos sobre a data das últimas noticias, ou passados cinco anos, se
entretanto o ausente houver completado oitenta anos de idade, podem os interessados a
que se refere o artigo 100.º requerer a declaração de morte presumida.
2. A declaração de morte presumida não será proferida antes de haverem decorrido cinco
anos sobre a data em que o ausente, se fosse vivo, atingiria a maioridade.
3. A declaração de morte presumida do ausente não depende de prévia instalação da
curadoria provisória ou definitiva e referir-se-á ao fim do dia das últimas notícias que dele
houve.
Quais são os requisitos então:
-Uma situação de ausência (igual em todas estas funções)
-Tenha decorrido determinado lapso de tempo (em regra de 10 anos mas há prazos
especiais e temos que ter em conta estes):
 Ex.: A desapareceu em 2010, quando pode ser declarada a morte presumida a
morte presumida de A? Em 2020.
2º Ex.: A quando desapareceu tinha 86 anos significa que entretanto faz 80 anos
de idades pode o requerente fazer o pedido de declaração de morte presumida ao
fim de 5 anos
3º Ex.: Tem 76 anos, temos que esperar 5 anos porque entretanto completa 80
anos.
4º Ex.: Quando desapareceu tinha 74 anos... se esperarmos os 5 anos não faz 80,
se esperarmos 10 anos tratamos de forma dispar alguém com 70 ou 80 anos... A
doutrina nestes casos diz que temos de esperar até aos 80 anos.
-O artigo 114 também nos diz que a declaração de morte assumida não será assumida se
não tiver ainda decorrida 5 anos a partir da data em que o sujeito ausento faria 18 anos
(atingisse a maioridade) (nº2 do 114) – ele faz isto porque um velho é mais provável de
morrer que o jovem e portanto faz esperar mais um tempo.
 Ex.: A tinha 8 quando desapareceu e ao passar 10 anos terá 18 anos- neste caso
não pode haver a declaração e temos que compatibilizar com o prazo do nº2 e
temos que acrescentar mais 5 anos e só em 2025.
 Outro ex.: Imaginemos que não desapareceu com 8 anos mas com 16 anos.
Também é menor e se nós fizermos decorrer 10 ano em 2020 tem 26 anos e neste
caso é possível haver a declaração assumida de morte porque este prazo de 10
anos integra o prazo de 5 anos a contar da maioridade.

Para haver declaração de morte assumida não é preciso haver curadoria qualquer e não
têm relação de precedência o mesmo da definitiva com a provisória.
Com esta declaração tem os mesmos efeitos de uma declaração de morte com a exceção
do caso que não se dissolva. Óbvio que a pessoa que fica pode requerer o divórcio mas o
casamento não se extingue porque o legislador entendeu que estaria a afetar uma relação
íntima entre pessoas.
Imaginemos que a pessoa que fica casa de novo... No Frei Luís de Sousa há uma bigamia
quase porque o primeiro casamento não se extingue... No nosso ordenamento diz que o
cônjuge casado com o ausente pode casar-se novamente e se viermos a saber que o
ausente está vivo consideramos que o primeiro casamento está extinto à data da
declaração de morte presumida não por efeito da morte mas por divórcio, (artigo 116).
Como todos os outros efeitos são equiparáveis à declaração de morte e portanto agora os
bens do ausente são entregues aos herdeiros a título de direito de propriedade e adquirem
com base na sucessão. Então o que acontece aos bens quando ele regressa?
A resolução é-nos oferecido pelo artigo 119 do CC que diz:
(Regresso do ausente)
TEXTO
1. Se o ausente regressar ou dele houver notícias, ser-lhe-á devolvido o património no
estado em que se encontrar, com o preço dos bens alienados ou com os bens
directamente sub-rogados, e bem assim com os bens adquiridos mediante o preço dos
alienados, quando no título de aquisição se declare expressamente a proveniência do
dinheiro.
2. Havendo má fé dos sucessores, o ausente tem direito a ser indemnizado do prejuízo,
sofrido.
3. A má fé, neste caso, consiste no conhecimento de que o ausente sobreviveu à data da
morte presumida.
O que acontece aos bens do ausente? São devolvidos ao ausente no estado em que se
encontra (isto significa o que? Imaginemos que A desaparece e depois declarado
presumidamente morto e tinha um apartamento, um centro comercial e a conta bancária,
quando regressa só havia os primeiros 2 e o saldo bancário tinha sido gasto em coisa, o
que temos de devolver é o apartamento e o centro comercial.
Agora numa situação onde para além do saldo bancário, o apartamento já tinha sido
vendido... Devolvemos o centro comercial e o dinheiro resultante da venda do apartamento
está numa conta bancária á ordem e é devolvido,
Agora imaginemos que com esse dinheiro tinham comprado outro apartamento e dizia na
escritura pública que o dinheiro resultava do dinheiro da outra venda era devolvido o
segundo apartamento e a isso chama-se sub-rogação do bem (há uma substituição do
bem original por outro)

Embora não se possa confundir ambas declarações imaginemos o náufrago cuja


declaração de morte foi tomada como certa mas sobreviveu e veio, numa situação destas
vão aplicar (apesar dos institutos e instrumentos serem diferentes) vão aplicar este artigo
sobre o engano na aplicação de morte sobre o artigo 68/3.

Continuando...
Estamos a falar de personalidade jurídica e quando começa e acaba...
A personalidade jurídica nasceu no seio alemão...
Esta personalidade jurídica pode ser deixada de ser compreendida em termos formais e
ser considerada em termos materiais quando tal personalidade é projetada no mundo do
direito.
Este conteúdo mínimo da personalidade jurídica é-nos oferecida pelo direito de
personalidade.
O que são direitos de personalidade- são direitos que têm como objeto a própria
personalidade humana.
-Podem ter como objeto a pessoa humana nas suas múltiplas faces – direito geral de
personalidade (só um)
-Ou que tem como objeto determinados bem específicos da personalidades (direitos
especiais de personalidade) – ex.: direito à igualdade, integridade física, etc. Qualquer
bem destacado atribuido à pessoa podemos considerar direito especial de personalidade.

Os direitos de personlaides começaram por não existir até ao período jusracionalista


iluminista a tutela da pessoa era feita porque a pessoa era portegida porque era inserida
numa ordem. Só com a autonomização do sujeito é que permite a afirmação dos direitos
de personalidade.
Toda esta evolução histórica que acompanha a do direito subjetivo (que são importantes
para entender exatamente hoje quais são as categoriais com que lidamos). Estes direitos
de personalidade enquanto direitos subjetivos suscitam algum criticismo e há alguns
autores hoje que negam a autonomia dos dirietos de personalidade como direitos
subjetivos com vários argumentos:
-Os de índole mais lógico-conceptual – não faz sentido um direito onde o sujeito e o objeto
coincidem. Estes mesmos autores também dizem que conbemos o direito subjetivo como
um poder de vontade, se concebermos os direitos de personalidade como direitos
subjetivos estamos a correr um risco tremendo que é tornar o homem um escravo de si
mesmo. Invocando um direito de exigir o direito de desenvolvimento de personalidade
posso ultrapassar qualquer fronteira bio-ética e éticas pretendentes (ex.:A pessoa que
acha linda a estátua grega sem braços e quer-se amputar).
Esta preocupação é legítima e não devemos de deixar de ter em conta mas não afasta a
possibilidade de conceber os direitos de personalidade como direitos subjetivos porque há
uma chave que evita esta escravatura?
 Porque este direito subjetivo não é aquele preso no indivíduo mas na pessoa que é
a tal figura ético-axiológica e portanto só vou invocar este direitos senão violar os
fundamentos únicos destes direitos que é a integridade da pessoa.

Afastando este receios podemos afastar os direitos da personalidade como direitos


subjetivos.

Direitos inatos não inatos ao nascimento

Direito de personalidade:

-Direito ao nome (só no registo de civil)

-Direito moral de autor (este direito moral de autor não é ianto e para que seja titular é
necessário que elabora uma obra de arte, literária, científica que seja oral e tenha o
mínimo de projeção – tem que a haver uma projeção da pessoa num determinado objeto e
portanto há pessoas que podem nunca chegar a ser titulares de direito de autor.

O direito de personaldiade são absolutos (beneficiam de uma proteção erga omnes - i),
inatos, gerais e abstratos, extrapecuniais (não são susceptíveis de tributação pecuniária).

Não quer dizer que os direitos de personalidade alguns não possam ter uma
intencionalidade económica (direito à imagem – essa imagem é suscétivel de exploração
económica pelo próprio titular – podemos ter contratos de cedência de imagem a uma
agência de imagem) assim como os direitos de autor em que pode ter uma exploração
económica.i

Se a pessoa morrer o direito à vida não tem uma expressão patrimonial mas quando morre
geram-se danos patrimoniais (a custa do enterro, etc.) e depois danos não patrimoniais
(sofrimento da morte, sofrimento por parte dos próprios familiares) e portanto o direito à
vida não tem uma ligão patrimonial.

A ideia é que há alguns direitos de personalidade que podem sujeitos a aproveitamento


económica.

Estamos também perante direitos inalianáveis e não podem ser abdicados e se o fizer está
a abdicar da sua dignidade já que são reconhecidos em nome da dignidade. Além de
serem alineanáveis também tendencialmente indisponíveis. O titular do direito não tem a
plena disposição sobre o objeto do direito – em regra o titular não pode dispor desses
direitos porém há situações em que o titular dos drieitos pode limitá-los volutanriamente.
Como?
Através de uma figura que é conhecido pelo consentimento do ofendido

O consentimento do ofendido está previsto no artigo 81 do CC.

Devemos ver também o art.340 do CC que nos diz que o ato lesivo do direito de outrém é
lícito desde que este tenha consentido pela lesão...

Várias notas sobre esse consentimento:

-Traduz numa forma de excluir a ilicitude do ato

-Não temos um tipo de consentimento mas vários:

 Consentimento vinculante – diz-se assim quando o titular do direito confere um


poder jurídico de agressão – no fundo está a conferir um direito, (ex.: A cedeu a
sua imagme a agência x, neste caso estamos perante um consnetimento
vinculante porque se vinculam juridicamente e resulta deste negócio para agência
um pleno direito) – foi conferido um direito
 Consentimento autorizante – é aquele através do qual o titular do direito confere
um poder fáctico de agressão – confere já não um poder jurídico (direito) mas um
poder de facto de agressão (ex.: consentimento prestado ao médico para extrair
um órgão com vista à transpalantação (está a constituir um poder fáctico) a pessoa
pode a qualquer momento retirar o consentimento e pode fazê-lo a todo o tempo
(diz-no o artigo 81) – vai ter que indemnizar pelos prejuízos causados às legítimas
expectativas – não falamos de um dano por incumprimento como no
consentimento anterior. – ex.: pagou já a clínica para obter o rim e a expectativa foi
quebrada.
 Consentimento tolerante – não confere um poder jurídico de agressão nem de
facto de agressão mas traduz-se numa mera causa de exclusão da ilicitude e é no
fundo o consentimento a que se refere o artigo 340 do CC.

-O próprio consentimento tem limites (serve para limitar direitos e direitos de


personalidade) mas também tem limites e:

 o artigo 340 diz que


o não pode ser contrário a uma proibição legal
o ou aos bons costumes e o
 341 diz que
o não pode ser contrário aos princípios da ordem públicas

Vamos atender aos princípios normativos e vemos que o consentimento deixa de ser
válido quando põe em causa a dignidade da pessoa que é base daquele direito. O senhor
que quer cortar os braços etc. não teria consentimento válido porque contraria os
princípios da ordem pública.

-O consentimento tem que ser livre e voluntário e tem que corresponder a um ato de
vontade do sujeito e por isso pode voltar atrás a qualquer momento e por isso tem que ter
requisitos:
 não pode haver qualquer coação
 O consentimento tem que ser específico (consinto que violem o meu direito de
integridade física é muito abrangente e temos que consentir para um determinado
ato e tendo em conta as finalidade desse ato
 isto significa também que em determinados domínios que são caracterizados por
um especial complexidade técnica o consentimento pode ter que ser acompanhado
com explicações prévias (consentimento informado) – onde isto é claríssimo é o
consentimento médico. Não basta o médico perguntar se autoriza cirurgia e neste
caso tem que explicar a finalidade, os prós e os contras desta, se é adequada e
porquê, quais os riscos que corre e o médico tem o dever desse esclarecimento,
Outro domínio onde isto também existe é o da proteção de dados e um dos
requisitos é o do consentimento e para isso é preciso certos grau de informação
para esse consentimento.

-O consentimento não tem que ser expresso – há domínios em que o consentimento tem
de ser expresso (ex.: consentimento médico explícito em certos atos, proteção de dados
em determinadas matérias tem que ser expresso) mas em geral pode ser tácito (prestado
através de atos compundentes dos quais se possa extrair com uma certa margem de
certeza que aquela corresponde à vontade do sujeito. Ex.: agora pegava num telemóvel e
tirava uma fotografia e todos percebem e fazem poses ninguém disse que sim e aceitam o
consentimento da prestação ao direito de imagem aquele comportamento pode ser
considera compundente.

O artigo 340 permite-nos ir mais longe e permite falar de um consentimento presumido


(nº3 tem se presumida a lesão quando foi feita no seu interesse do lesado, etc.) (ex.: A
chega à urgência inconsciente e não pode dar consentimento e o médico pode intervir
porque presume e é a favor do A.)

Continuando nos direitos do personalidade vamos ter em atenção outro aspetos. Dissemos
que os direitos de personalidade já são tutelados antes da pessoa nascer e agora vamos
falar de outro momento (artigo 71 do CC) vem admitir a tutela dos direitos de
personalidade de pessoas já falecidas.

Notas sobre o artigo:

-É objeto de profunda discussão doutrinal e apresentam posições divergentes quanto à


interpretação deste. Poderíamos tentar sistematizar as posições em 3 grupos para facilitar
a vida:

1º Grupo – autores que entendem que este artigo configura uma exceção à regra pela qual
a personalidade jurídica cessa com a morte e esta posição não lhe parece de aceitar e não
há nada que nos aponte para a continuidade da personalidade jurídica. Todas as relações
jurídicas cessaram e as relações patrimoniais foram transmitidas aos destinatários.

2º grupo – não são os direitos de personalidade do defunto que estão a ser protegidos
mas os dos familiares ou de alguns familiares ainda vivos. Esta também parece que não
deve ser acolhida e não porque se em causa estiverem diretamento os direitos da pessoa
sobreviva não era preciso um artigo a consagrar esses direitos e também não era
necessária a regra previsto no artigo 61.
3º Grupo – melhor para a professora- o que está em causa é a tutela de alguns bens da
personalidade do falecido, bens esses que acabam por irradiar os seus efeitos para além
da própria morte. A proteção que e´dispensada por esses bens é exercidas pelos
familiares sobrevivos. Não estamos a falar de todo e qualquer bem da personalidade nem
todo e qualquer direito da personalidade (não faz sentido tutelar o direito de vida da
pessoa já falecido mas há outros como o direito à honra, imagem, privacidade, direitos de
autor, direito à história pessoal e portanto aquilo que está em causa não é apenas a tutela
da memória que os familiares têm da pessoa mas a tutela dos próprios bens de
personalidade.

Esta tutela post mortem dos bens da peronsalidade pode gerar alguns conflitos (ex.: De
um lado o direito à investigação história e por outro lado no direito à tutela da história
pessoal e do direito à honra).

Esses conflitos vão ser estudados à medida que vão ser estudados e um elemento
importante para estes conflitos é o tempo e quanto mais tempo passar menor a
proteção/menos intensa é a tutela que vamos dispensar aos bens da personalidade da
pessoa já falecida.

Ex.: Direitos de autor durante 70 marco temporal este que não é rígido em conflito de
direitos.

Outro aspeto importante que pode ser tutelar a este nível (disse que não pode ser tutelado
a integridade física mas pode tutelada a integridade dos restos mortais ou do corpo físico e
há muita jurisprudência quanto a estes bens).

Nós na 3ª feira tivemos a nalisar alguns dos bens da perosnalidade e alguns dos quais
correspondem a direitos especiais de perosnalidade e hoje vamos continuar esta análsie a
acabá-la talvez e depois passamos à c apacidade talvez.

Outro direito:

-Privacidade – diz diretamente respeito à dignidade da pessoa e não deve deixar de ser
erconhecido pelo ordenamento jurídico e tutelado por este. Diz diretamente respeito à
personalidade humana e à sua dignidade porque o ser humano precisa de um espaço
onde esteja à vontade para desenovlver o seu eu e todas as suas dimnesões enquanto
pessoa.

Esta privacidade não se confunde porém com a privacy norte americana. Porque aquilo
que nós tutelamos no nosso ordenamento jurídico é uma dimensão informacional e no
fundo tutelamos o direito diz respeito ao poder que cada um tem de controlar os dados da
vida privada. No àmbito da common law além desta dimensão informacional tem também
uma decisional e a pessoa como ser tem o direito a ser deixado só e determinadas
decisões dizem respeito á pessoa e ninguém pode decidir por ele.

Esta dimnesão decisional não pode ser entendida nem incorporada por nós porque remete
àquele entendimento do homem isolado que rejeitamos e portanto no nosso ordenamento
só temos a dimensão informacional

Esta informacional diz que ninguém pode ter acesso a dados pessoas, da vida privada
sem a sua autorização e tutela-se auqi não só acontecimentos que ocorrem em locais
privados como também os que ocorrem em público. (ex.: A e B têm uma conversa num
local público sobre a vida privada ainda é tutelado por aquilo que dizem)

Há violação deste direito sempre que haja divulgação de factos da vida privada alheia mas
não é preciso que haja divulgação e a tomada de conhecimento sem autorização em si
mesmo já configura um atentado às privacidade.

Ao nível do direito controlamos estas informações que podem dizer respeito a: gostos,
hábitos de vida, projetos de vida, história clínica, orientação sexual, crenças ideológicas,
religiosas, etc.

A panóplia de elementos que se tutelam ao nível da privacidade é tão ampla que parte da
doutrina entende que se deve distinguir 3 esferas de privacidade:

1ª- pessoal – diz respeito a aspetos como fotografias da pessoa, animais, veículos que
conduz e diz respeito a todos aqueles elementos que fazendo parte da vida pessoal
daquele sujeito mas que facilmente podem ser casptados por alguém que tenha minimo de
contacto com a esfera da pessoa em questão. (os vizinhos sabem que automóvel
conduzimos, etc.) Dizendo respeito à vida do sujeito podem ser captados pelo mínimo
contacto)

2ª-privada- é mais densa e profunda e diz respeito ao gosto, preferências, orientações e


projetos de vida, etc. e não é facilmente captada só pelo contacto com o sujeito.

3ª- segredo- ainda mais profunda e escondida, faz parte desta todos aqueles factos que
sejam secretos pela sua própria natureza (ex.: dados clínicos do sujeito, diários íntimos,
segredos de confisão, etc.) e são secretos pela sua natureza ou outros factos que sejam
secretas por determinação da pessoa.

Qual a importância desta análise tripartida criticado por muitos autores é preceberes que
há medida que caminhamos mais densamente nesta esferas tanto maior vai ser a
proteção que o ordenamento dispensa a este direito ao ponto de haver decisões
jurisprudenciais em portugal que recusam a consideração de um diário íntimo como
matéria de prova de crime por ser considerar como elemento da esfera de segredo ser
uma prova ilícita.
Para além de não ser lícita a tomada de conhecimento e divulgação destes factos que
dizem respeito a esfera do sujeito também não são consideradas lícitas as perseguições
(A que acompanha surrateirmente B para o trabalho, etc.) isso é perseguição e
considerando ilícita esta estamos a considerar o tal (right to be let alone) direito a estar só.
Mas este não pode ultrapassar a consideração da ilicitude da perseguição.
Os Americanos invocam esta conceção até para viabilizar práticas como o aborto.

Também se pode considerar o direito ao esquecimento.

Este direito ao esquecimento tem importância extrema a propósito da proteção de dados.


O direito ao esquecimento tem hoje em dia tem porteção e regulamentação expressa no
regulamento geral de proteção de dados.
Passado o tempo mesmo legal certas coisas não divulgadas devem.

Ainda em direito de privacidade temos exceções como os menores onde os pais podem
dependendo do grau de maturação privar esse direito de privacidade.
Outro grupo de sujeitos que muita das vezes de confronta com limitações ao direito de
privacidade são as pessoas famosas. Quanto as estas não são raros os conflitos entre o
seu direito de privacidade e o direito à informação que se invocam. (ex.: Basta pensar nas
pessoas cujos factos são divulgados nas revistas, etc.) Quanto às figuras públicas temos
que começar por pensar que têm a sua privacidade limitada e têm-no muitas das vezes
por vontade própria e maior parte das vezes procuram exposição mediática para
progressão na carreira para depois ter a sua liberdade limitada.
Esta limitação é verdade mas as esferas não são todas eliminadas:

-A esfera de segredo mantém-se privada

-A esfera pessoal e privada conserva-se mas ainda é limitada e o critério de limitação será
o critério do interesse público. Admitimos que esta limitação só é lícito conforme interesse
público (saber no fundo se a informação é ou não relevante para formação da opinião
pública e pode haver factos relevantes nas vidas destas figuras). Ex.: expor a vida escolar
de um governante, ou a familia de um político que tem como bastião de princípios a família
estabelecida tradicionalmente.

Considerando outro direito – Direito à honra

Por direiot à honra cosndieramos o direito à imageo exterior que os outros têm do sujeito.
Dentro do direito à honra podemos distinguir duas vertentes:

-Pessoal- respeito pela própria pessoal enquanto tal

-Social- respeito á consideração de que a pessoa goza no meio social/ no ambinete que se
insere.

A propóstio da honra os autores têm discutido várias conceções da honra:

1ª conceção fáctica: apontam para a alteração de certos elementos de facto, esta


conceção fáctica de honra traz-nos no ponto de vista jurídica algumas dificuldades porque
se fossemos aferir a lesão da honra em termos fáciticos isso significaria que uma pessoa
dotada de uma personalidade exacerbada podia entender qualquer coisa como atentado à
honra e portanto se estivéssemos perante uma pessoa como uma inserção social negativa
ou sistema emocional muito forte era difícil disntiguir um atentado à honra.

2ª concenção normativa: a pessoa só pelo facto de ser pessoa merece respeito. Dentro
desta concenção podemos distinguir:

-Esfera invariáveis de honra- honra pessoal (ideia de dignidade da pessoa humana), honra
familiar (o respeito não é devido à pessoa polarizada em si mesmo mas na família a que
pertence).

-Esferas variáveis de honra – a honra profissional, a honra de crédito (é boa pagadora ou


não), a honra de decoro. Nesta perspetiva a honra identificasse com a reputação e
portanto estas esferas variáveis de honra identificáveis com reputação podem ser lesadas
com a divulgação de determinados factos. A invariável também o pode.

A divulgação de determinados factos desonrosos determina um atentado à honra. Esta


divulgação pode ser lícita e para o ser é necessário dois requesitos:
-A informação tem que ser verdadeira (requisito da veracidade)

-Tem de haver uma finalidade de interesse pública para a divulgação desta informação
desonrosa.

Este dois requisitos têm que ser balizados pela ideia de mínimo de dano mesmo
cumprindo as anteriores finalidades não é bem um terceiro requisito mas é mais ou menos.
(temos ainda que verificar nos acessos às informações um princípio de menor dano e os
meios para acesso à informação tem que provacar o dano mais pequeno)

Último direito de personalidade que vamos dar – direito ao livre desenvolvimento da


personalidade.

Este direito ao livre desenvolvimento da personalidade no fundo traduz o poder que cada
um tem de que não seja privado das condições de pleno desenvolvimento das suas
potencialidades como pessoa.

Quando falamos de potencialidades como pessoa falamos das aspirações, projetos


vocacionais, própria construção da personalidade do sujeito e portanto tem se entendido
que poderá haver aqui violação do direito ao livre desenvolvimento da personalidade por
exemplo quando uma criança é limitado à presença do pai, quando é impedido por alguém
ou várias pessoas de prosseguir o seu projeto vocacional, etc.

Mas temos de ser particularmente cautelosos quanto a este direito porque tem sido
invocado diversas vezes para legitimar vários comportamentos que são otentatórios da
ideia da dignidade da pessoa.
os direitos de personalidade só podem ser invocados em obediência ou respeito pelo
fundamento múltiplo do reconhecimento desses direitos (a dignidade da pessoa humana) e
portanto não podemos invocar este direito para legitimar um comportamente que me
degrada ou danifique. Nesse caso não estou a invocar um direito mas um não-direito.
Temos que ser particularmente cautelosos nesta dimensão. (ex.: invocam este direito para
se prostituir ou para o consumo de estupefacientes, etc.)

Os direitos de personalidade podem ser postos em causa e vimos isso em vários


exemplos em que são lesados ou há uma limitação. Como é que o lesado pode reagir a
esses atentados, dois remédios:

-Responsabilidade civil – não basta que haja violação de direito de personalidade e para
alem destes todos os requisitos que estudamos sobre esta.

-Podemos lançar dano das providências a que faz referência o artigo 70/2 do CC. Pode-se
lançar mãos de providência para atenuar os efeitos dessa lesão ou para prevenir esta
(podemos estar a falar de um pedido de desculpa, desmentido, recolha de livros, revistas
ou jornais, uma proibição de contacto com a pessoa). Temos providências preventivas e
outro tipo.

Até aqui estudámos a persoanlidadej urídicoa e dissemso que é suscetibilidade em


abstrato de ser peronsagem do direito

Vamos começar então um novo capítulo da matéria – capacidade jurídica


Disingue-se em:

-Capacidade de gozo – suscetibilidade de em concreto se ser titular de um círculo mais ou


menos amplo de direitos ou obrigações – no respeito às pessoas singulares a regra é a
plenitudade de capacidade de gozo de direitos e obrigações o mesmo não acontece para
as pessoas e coletivas. O singlar pode gozar em regra de todos os direitos (plenitude da
capacidade de gozo). Contudo há exceções (3 hipóteses de incapacidades):

 Ver artigo 1601 do CC – os menores de 16 anos não têm capacidade de gozo para
casar e têm uma incapacidade nupcial portanto.
 Incapacidade para perfilhar – artigo 1850 – aperfilhação (quando alguém nasce
tem um pai e uma mãe e esse vínculo biológica tem que ser estabelecido
juridicamente, como se define quem é a mãe? É quem deu à luz mas se não se
sabe quem deu à luz pode haver uma investigação mas na paternidade há a
presunção de paternidade onde é quem é casada a mulher mas senão estiver
casada ou o casado prova-se que não é filho pode haver uma prefilhação senão há
uma investigação também). Têm capacidade de aperfilhar os maiores de 16 anos,
nem maiores acompanhos ou tenham uma incapacidade mental, psicológica, etc.
no momento da perfilhação.
 Capacidade de testar- 1879- são incapacitados de testar os menores ou maiores
acompanhados, etc.

Estas incapacidades de gozo significam que o sujeito não é titular da capacidade de casar,
testar ou perfilhar e estas capacidades são insupríveis (não há formas de nós as
afastarmos e alguém atuar pelo incapaz e isso diz que não existe essa faculdade mas
ainda está com o sujeito)

-Capacidade de exercício – é a suscetibilidade para por em movimento a esfera jurídica


exercendo direitos, adquirindo direitos, assumindo obrigações, cumprindo obrigações por
ato próprio e exclusivo ou através de um representante/procurado voluntário. Já sabemos
o que é o representante voluntário quando falámos das probadorias.
Aqui não falamos da titularidade dos direitos mas a possibilidades de exercer por ato
próprio ou outra forma.

Em regra a capacidade de exercício adquirisse aos 18 anos e isso significa que os


menores têm incapacidade de exercício de direito. Dizendo em regra diz que em
determinadas situações pode ser limitado o exercício de maiores como por exemplo no
acompanhamente de maiores.

Hoje vamo-nos centrar na minoridade.

Quem é menor? Quem não completou ainda 18 anos de idade, a maioridade atinge-se aos
18 anos e às 24h do dia em que a pessoa faz 18 anos e portante às 0h do dia seguinte. E
estes prazos podem ser importantes no regime da maioridade.

Quando termina a minoridade? No momento em que a pessoa adquire os 18 anos (nas


24h a seguir dos 18). Há outras formas de cessar a incapacidade por minoridade como a
emancipação (traduz-se na equiparação do menor ao maior e como ocorre? No nosso
ordenamento só há uma via que é através do casamento (artigo 132 do CC) relativamente
ao casamento temos que considerar vários períodos etários. Já vimos há pouco que até
aos 16 anos a pessoa não pode casar, a partir dos 18 anos a pessoa tem plena
capacidade de exercício e gozo e pode casar sem impedimente desde que se verifiquem
os outros requistios. Há um período médio entre os 16 e 18 anos e pode casar e há duas
hipóteses:
-Casa com autorização dos seus representantes legais e aí emancipasse e é equiparada a
um maior adquirindo plena capacidade de exercício dos direitos.

-Não obteve autorização dos representantes legais e aí o casamento é válido mas é


irregular e a sanção para tal é o menor não se emancipar em relação aos bens que levou
para o casamento ou que posteriormente tenha adquirido a título gratuito (ex.: o menor
quando se casa é proprietário de um apartamento deixado pelo avô, ele não se emancipa
do apartamento mas se por acaso vier a adquirir por doação um automóve, uma quinta,
etc. também não se emancipa perante tal mas tem capacidade de exercício para bens a
título oneroso.

Mas enquanto o menor é menor é titular de direitos mas não pode exercê-los e coloca-se o
problema como vamos suprir a capacidade de exercício dos menores – artigo 124 do CC.
É suprida pelo poder partenal e subsidariamente pela tutela. Esse suprimento é feito pela
via da representação legal (essa representação signifca que há determinado ou
determinados sujeitos que vão agir em nome do menor e significa que há um sujeito que
atua e que os efetios jurídicos dessa atuação se produzem na esfera jurídica do menor e
em regra os representantes legais são os pais mas há situações em que não há pais ou os
pais podem estar inibidos do poder paternal e nesse caso quem vai representar o menor é
o tutor.
O representante vai exercer os direitos de que o menor é titular e nome do menor no
entanto os pais têm algumas limitações (artigo 1889 do CC). Se o fizerem os atos são
considerados anuláveis nos termos do artigo 1993.

Quanto ao tutor está o artigo 1997 e depois o artigo 1938. Se o tutor leva a cabo este atos
podem ser nulos 1939 e depois o artigo 1940.

Agora vamos para de falar de minoridade e agora vamos distinguir de nulidade e anulável.

Quando falamos disto estamos a falar de atos inválidos e podemos ter dois tipos de
nulidade:

-Nulidade – é mais grave que a anulabilidade e essa maior gravidade projeta-se em termos
de regime

-Anulabilidade

(diferenças de regime):

-Atos nulos ou nulidade pode ser invocada a qualquer tempo (daqui a 20 anos podemos
invocar nulidade de hoje) vs Os atos anuláveis a anulabilidaed tem um prazo para ser
abolida (o prazo tem duas hipóteses – ou o legislador nos diz um prazo ou o prazo regra é
aplicado-287- um ano a contar da cessação do vício)

-A nulidade pode ser invocada por aquilo interessado (ex.: A e B celebraram um negócio
compra e venda e é nulo, quem pode invocar a nulidade? O A, o B se tiverem interesse
nisso mas podemos ter um x que é credor e também pode ter interesse em invocar a
nulidade para o bem volta à esfera jurídica do A e portanto pode ser invocado por qualquer
interessado) vs A anulabilidade só pode ser invocado pela pessoa pelo interesse da qual
ela foi estabelecida (ex.: imaginemos que esta compra e venda é anulável por erro (o B
pensava que tinha muita àgua para plantar arroz e era de sequeiro) O negócio é anulável ,
vamos dar mais tarde, só pode invocar esta no interesse da qual pessoa no qual a
anulabilidadae foi estabelecida e a anulabilidade foi no interesse de quem se engano que
foi o B que se engano) Vamos ver a propósito dos menores quem tem a eligibilidade para
pedir a anulabilidae o legislador pode dizer mas senão é critério do 287).

-A nulidade é de conhecimento oficioso (isto quer dizer que por ex. O juíz recebe a peça
processual e pode reconhecer a nulidade sem ser invocado) vs A anulabilidade não pode
ser conhecido oficiosamente e o juíz até pode perceber mas senão o invocam é como se
fosse válido.

-A anulabilidade pode ser sanada (resolvido) Como posso sanar? Dois meios (ou pelo
precurso do tempo (acaba o prazo não se faz nada) ou por confirmação (a confirmação é o
ato daquele que poderia vir a invocar a anulabilidade e vai dizer que assente de facto na
confirmação do negócio e reitera a celebração do negócio e assim sana-se a
anulabilidade.

-A anulabilidade pode ser vítima de um prazo, ou o estabelciido pelo legislador ou o prazo


regra mas há uma situação onde a anulabilidade pode ser invocada a todo o temp o
(287/2). Aquela situação em que o negócio não está cumprido (ex.: num cumprido o A faz
uma proposta e B aceita, este momento é o momento da celebração do negócio e é o
momento relevante para a transmissão da propriedade mas neste momento além de
resultar a transmissão da propriedade resultam obrigações para ambas as partes (um
entrega a coisa e outro paga o preço) e estes dois momentos podem não coincidir.
Podemos ter o momento de celebração de negócio e depois o momento de cumprimento
de negócio como o pagamento e a entrega e portanto se o negócio não estiver cumprido e
uma das partes não tiver prestado a prestação a qual se obrigou pode-se sempre invocar a
anulabilidade.

O menor é incapaz de exercício de direitos mas há exceções (artigo 127 do CC):

Alínea a)-Requisitos para que o ato praticado pelo menor seja válido:

-O menor tem que ter mais de 16 anos, tem de os ter não só no momento da celebração
do negócio como também no momento em que adquiriu o bem objeto do negócio.

-O objeto do negócio tem que ser um bem que tem que ter sido adquirido pelo trabalho do
menor e aqui trabalho deve ser entendido em sentido amplo (não equivale ao exercício de
uma atividade profissional, o trabalho aqui corresponde ao despendio por mínimo que seja
de esforço físico e ou intelectual e por isso tem se considerado que o menor que adquire
num concurso de televisão um determinado prémio, se utilizar esse dinheiro ou coisas e
negociar com ele esse bem foi adquirido com o seu trabalho.

Segunda exceção alínea b) – requistios para validade nesta:

-Necessário que se trate de um negócio da vida corrente do menor. Este negócios


significam os negócios que fazem parte do ordinário da vida, não quer dizer que seja da
vida quotidiano.
-Tem que estar ao alcance da sua capacidade natural e tem de ter hipótese de
comprrender o amplo do ato que está a praticar

-Tem de implicar despesas de pequena importância (quais são as de pequena


importância? Há autores que defendem um critério objetivo mas o entendimento é que
devemos ter em conta o ambiente familiar e condições familiares da família em que está
inserido) (mas, o filho de um milionário pode vender um carro de 15 mil euros? Não porque
não coisa os outros)

Alínea c) – requisitos desta:

-ex.: Imaginemos que o menor se dedica à pintura e vende-as numa feira, nesse caso
falamos de negócios válidos e a intencionalidade deste artigo e ideia do legislador é no
fundo permitir que não haja um corte abrupto entre a comunidade e a minoridade e tem em
conta que há uma progressiva gradual maturação de menor e isso permite que alguns
negócios sejam realizados validamente pelo menor tendo em conta as suas
particularidades. Devemos chamar a atenção que noutros ordenamentos jurídicos o
regime da minoridade é gradual.

Relativamente aos direitos de natureza pessoal o legislador nada nos diz mas devemos
considerar que este artigo 127/1-b) pode também legitimar a prática de atos de natureza
pessoal pelo próprio menor (ex.: imaginem que é necessário dar o consentimento para a
limitação de determinados direitos de personalidade que sejam limitados é entendido que
o menor deve ser chamado a dar o seu consentimento acompanhado ou não pelos
representantes a partir que se entenda que este compreende o alcance do ato que se vai
praticar.

Falta saber o que acontece se o menor praticar um ato que não pode celebrar. Nesse caso
rege o artigo 125- vem considerar que o ato do menor são anuláveis msa diz
expressamente este artigo quem e dentro de que prazo se pode arguir a anulabilidade:

Quem? Em que prazo?

-O representante legal (prazo de 1 ano a contar do conhecimento mas nunca depois do


maior atingir maioridade – ex.: menor celebra negócio no 1 de janeiro de 2018 e os pais
têm conhecimento do ato em janeiro de 2021 e têm um ano, 1 de janeiro de 2022 mas
imaginemos que em agosto de 2021 o menor fez 18 anos, os pais só poderiam arguir a
anulibilidade em agosto de 2021)

-O próprio menor(prazo de 1 ano a contar da maioridade ou da emancipação, neste


exemplo cria um ano a partir de agosto de 2021 e tem até agosto de 2022 –
independentemente do momento de celebração do contrato)

-A reprimento de qualquer herdeiro do menor este podem arguir a anulabilidade (prazo de


1 ano a contar da morte do menor desde que essa morte tenha ocorrido dentro do prazo
que o menor tinha para arguir essa anulabilidade) (ex.: Menor chega a setembro de 2022 e
o menor morre então os herdeiros não podem fazer nada, mas se o faz em outubro de
2021 então os herdeiros podem arguir a anulabilidade então a morte que ocorra até aos 19
anos no fundo)
Quem tem legibilidade para arguir a anulabilidade pode confirmar o ato.

Nós na sexta feira começamos a estudar o problema da capacidade e distinguimos a de gozo e


exercício.
No de gozo a regra era de plenitude mas há umas exceções que tratamos de incapacidade de
gozo.

Depois entramos na capacidade de exercício e vimos que era adquirida aos 18 e vimos as
exceções

Depois vimos afinal no caso de um menor celebrar um negócio para o qual não tem
capacidade e vimos a diferença entre nulidade e anulabilidade.

Falta-nos para esta ma´teria um ponto quanto aos menores.

Se é verdade que os menores, representantes legais ou herdeiros naquela hipótese em que


este morra para arguir a anulabilidade do negócio há situações em que o menor perde a
hipótese de anular o negócio artigo 126 do CC

Ex.: A quer comprar um carro com 16 ou 17 anos e o negócio é anulável no entanto forjou o ID
e apresentou onde consta que tem 20 anos ou utiliza toda uma espécie de artimanhas e
artifícios de forma a fazer a contraparte acreditar que é maior. Nesse caso temos o dolo do
menor- usa artimanhas e aritfícios e mentiras com vista a fazer a contraparte acreditar que ele
é maior ou emancipado e a consequência da utilização deste dolo do menor é a
impossibilidade da invocação da anulabilidade do negócio nos termos do 126.

Então e os outros sujeitos do artigo 125 que têm direito de arguir a anulabilidade... Os
herdeiros perdem essa legitimidade porque herdam esse direito do menor, quanto aos
representantes legais há dúvidas ou divergência na doutrina:

-Há autores que dizem que mantêm a eligibilidade de arguir a nulabilidade e há outros que
compreendem que estes deixam de ter essa possibilidade.

Destas duas posições a nossa casa defende a segunda posição.

Argumentos/razões para esta visão:

1ª- o regime da minoridade existe para proteção do menor e existe para proteger o menor
contra a sua imaturidade, irreflexão, contra a falta de ponderação na atuação ou de dilegência
e sapência na atuação de tráfego negocial. O ordenamento jurídico parece considerar que se o
menor tem a esperteza suficiente para econtrar essa artimanhas e artifícios no sentido de
enganar a contraparte isso significa que não necessitará dessa proteção que o ordenamneto
jurídico no gerla lhe confere;

2º- É fundamentla nós tutelarmos a confiança da contraparte e a contraparte que foi enganada
acreditou seriamente e de forma fundamentada que esta a negociar com um maior.

Estas duas razões fundamentam esta posição onde os representantes legais perdem essa
elegibilidade.

Agora chegamos ao 18 anos e aqui a pessoa adquire capacidade de exercício de direitos (passa
a ser maior) regra da capacidade.
a verdade é que há pessoas por algumas das suas características acabam por não ter
possibilidade de atuar no tráfego negocial sem estar sujeitas a uma grande vulnerabilidade.
Ex.: Pessoa portadora de um deficiência mental profunda, um idoso que entrou num processo
de erosão mental profunda ou uma pessoa que tem um vício em bebidas alcóolicas ou de
estupefacientes e essas pessoas precisam de proteção não no ponto de vista etário mas devido
às suas características.
o ordenamento jurídico sempre foi sensível a determinadas pessoas com certas caracterísitcas
que eram verificadas ao nível do tráfego negocial.

Até 2018 a situação era solucionada através de 2 institutos:


-Interdição (para os portadores de anomalia psíquica, surdos, mudos e cegos quando a
gravidade da situação fosse tal que estavam impossibilitados de reger que a sua pessoa ou
bens) Um interdito era comparado a um menor e ao sê-lo era incapaz de exercício de direitos,
tal como os menores esta incapacidade era suprida através da representação legal e tal como
os menores tinham capcaidade para a prática de certos atos (artigo 127) tendo apenas que
interpretar de forma diferente este artigo.

-Inabilitação - Além dos listados também adicionamos aqueles que dependem de consumo de
drogas ou àlcool ou pródigos (prodigar que era gastar tudo crónicamente, sofrem de habitual
prodigalidade). Têm as suas especificidades mas tem os elementos comuns com interdição. A
diferença aqui é que as situações de inabilitação eram menos graves e este mostrava-se
apenas impossibilitado de reger os seus bens e então não seria totalmente excluida a sua
capacidade de exercício mas era limitada e continuava a ter capacidade para a prática de atos
de natureza pessoal, podia celebrar negócios morti causa (produz efeitos apenas pós-morte
(ex.: testamento)) (vamos ver o que é isto depois) diferente do inter vivos (produz efeitos em
vida). O inabilitado podia ainda celebrar negócios de mera administração.
Não tinha capacidade de exercício para a prática de atos de disposição.
Atos de administração vs atos de disposição-
Negócios de mera administração- são negócios que não involvem uma alteração do capital
nem do rendimento ou seja, são negócios que não potenciam grandes ganhos mas não
também não envolvem o risco de grandes perdas. (ex.: se vender as maçãs do quintal da
minha casa, comprar depois adubo para adubar a minha àrvore ou pedrinhas para fazer um
caminho para a àrvore, estou a fazer negócios de acordo com o rendimento do bem)

Negócios de disposição – pelo contrário são negócios que envolvem uma alteração do
património e do capital. Podem gerar grandes ganhos mas são suscétiveis de gerar grandes
perdas. (ex.: vender e comprar um computador)

Essa incapacidade não era suprida por uma representação legal mas por outro instituto que é a
assistência. O inabilitado não tem um tutor como um interdito mas um curador a assisti-lo e
isso significa que inabilitado praticava o ato mas para fazê-lo era preciso consentimento do seu
curador. Ao contrário dos menores onde o representante legal substituia o menor ou interdito
no caso dos inabilitados eles eram assistido. Em regra onde não diria que se aplica inabilitação
aplica-se a interdição-

Entretanto começaram a surgir várias vozes críticas a estes 2 regimes.


-Em primeiro lugal dizia-se que estes regimes eram demasiado rígidos nos fundamentos, nas
consequèncias, deixavam de fora muitas situações que precisam de tutela. Deixam muitos
interditos desabilitados noutras situações. Não bastava que a pessoa tivesse os pressupostos
mas tinha de haver um processo por trás para esse estatuto ser aplicado-

-Impunham uma restrição desmedida à capacidade de exercício. Esta crítica não parece tão
válida porque a restrição era feita em nome da salvaguarda do sujeito.

Verdadeiramente começaram a ecoar vozes para considerar este regimes estigmatizantes

-Não estariam em consonância estes regimes com convenções internacionais à qual o


ordenamneto jurídico PT devia responder e respeitar.

isto gerou um movimento para alteração deste regimes e a lei 49/2018 veio revogar o regime
de inabilitação e interdição e veio introduzir o regime de acompanhamente de maiores e com
este tentamos elevar ao máximo possível a capacidade de exercício do sujeito e vamos ver em
que ter termos (artigo 138 e seguintes).
para que seja decretada uma medida de acompanhamento são precisos 2 pressupostos e
depois alia-se a este um 3º:

1º- a impossibilidade de exercer plena e pessoal e conscientemente direitos ou de cumprir


plena pessoal e conscientemente deveres. Isto quer dizer que o sujeito tem que mostrar a sua
incapacidade para formar e dominar a sua vontade ou/e tem que se mostrar também
diminuído nas suas capacidades intelectuais. O sistema volitivo e/ou cognitivo do sujeito tem
que estar limitado ou afetado. Os regimes antigos exigiam a habitualidade das situações e os
fundamentos que referimso tinham que ser duradoros mas este regime novo não exige a
habitualidade/durabilidade mas exige uma certa constância.
Ou seja, exigia-se a durabilidade e habitualidade no caso antigo porque não é porque na
semana da queima das fitas bebermos muito que depois somos inabilitados, o problema de se
exigir esta durabilidade é que deixava de fora situações em que a pessoa pode necessitar de
tutela e não a obteria. (ex.: Uma pessoa tem um acidente e tem um coma e é prevista por um
mês... Não temos situação de habitualidade mas pode haver alguém que o substituia na
administração do seu bem e negócios). É neste sentido que se exige uma constância mas não
habitualidade... óbvio que não pode ser uma coisa pontual até porque esta medida de
acompanhamento está sujeito a uma princípio de necessidade e só é feita quando não é
possível atingir as mesmas finalidades através dos deveres de auxílio e cooperação.

2º- esta capacidade de cumprir plena e pessoal os deveres tem que resultar (artigo 138) de
razões de saúde, deficiência ou do comportamento do sujeito.
Na saúde integra-se o quê? Todas as patologias de ordem física, psíquica e mental e com isto
nós temos uma mais valia ou de certo modo temos alguma flexibilidade quanto ao regime
antigo porque não ficamos prezos à anomalia psíquica. De notar que já anterior regime o
jurista não tinha que ficar preso a uma conceção estritamente médico daquilo que é anomalia
psíquica.
Nas deficiência inclui-se qualquer handicap física, aquelas habituais situações de surdez,
mudez e cegueira integram-se aqui (alguns autores mostram-se críticos desta solução dizendo
que estes têm mais autonomia do que antes teriam pelos novos meios de acessibilidade
presentes e podem ter uma vida perfeitamente normal e há condições hoje em dia que levam
a essa grau de autonomia mas não parece crítica válida porque o facto da maioria seja assim
não quer dizer que não possa haver um caso onde essa autonomização não tenha ocorrido. O
facto desta previsão existir não afeta aqueles que não precisam mas pode ajudar aqueles que
sim).
Quanto ao comportamento do próprio sujeito inclui o que? Temos que ver o comportamento
no ponto de vista moral, do bom costume, etc.? Não, isso seria na inabilitação com o consumo
excessivo de bebidas alcóolicas, predigaridade mas aqui pensamos ir mais longe porque, ao
contrário dos antigos regimes que eram rígicos nesse princípio de tipicidade nestes casos
tirando certos casos analógicos que ainda asssim eram difíceis, agora consideramos além dos
da inabilidade consideramos quaisquer vícios como ir ao casino todos os dias e pode necessitar
um acompanhamento.

Houve um acórdão ainda no antigo regime se podia haver acompanhamento de um indivíduo


que sempre se dedicou à pastoria e nunca desenvolveu nem aprendeu nada como contas,
escrever, ler e há época não havia motivação para acompanhamento deste e agora era
possível fundamentar o decretar numa decisão de acompanhamento e isso mostra
flexibilidade.
Esta flexibilidade é depois compensada por uma menor rigidez do regime.
Estes dois pressupostos que demos para decretar uma medida de acompanhamento que
constam do 138 têm que ser conjugados com um terceiro que é o princípio da necessidade. A
medida de acompanhamento em ultima ratio e se podemos cumprir as mesmas finalidades
através dos princípios gerais de auxílio e cooperação não precisamos de uma medida de
acompanhamento.
O conteúdo é menos rígido do que o regime antigo e antes podíamos antes a priori saber o
que podia fazer ou não dependendo dos dois regimes e agora não podemos saber a priori e
apenas por caso concreto.

Voltando ao regime dos maiores acompanhamos vimos que a maior flexibilidade dos
acompanhamentos é compensada pela menor rigidez do conteúdo do acompanhamento. Não
sabemos à priori o que podia e não podia fazer. Não sabemos o que “um sujeito maior
acompanhado implica” porque as medidas de acompanhamento são muito variáveis e são
moldadas em concreto pelo juíz em função das especificidades e necessidades do maior. Há
apenas um regra qeu é que a medida do acompanhamento tem que se limitar ao necessário
além do seu caráter de ultima ratio.
A ideia é potenciar a autonomia e capacidade de exercício do sujeito até ao máximo.

dependendo do caso concreto o juíz pode decretar várias coisas previstas no artigo 145,nº2 do
CC:
Artigo 145.º
Âmbito e conteúdo do acompanhamento
TEXTO
1 - O acompanhamento limita-se ao necessário.
2 - Em função de cada caso e independentemente do que haja sido pedido, o tribunal pode
cometer ao acompanhante algum ou alguns dos regimes seguintes:
a) Exercício das responsabilidades parentais ou dos meios de as suprir, conforme as
circunstâncias;
b) Representação geral ou representação especial com indicação expressa, neste caso,
das categorias de atos para que seja necessária;
c) Administração total ou parcial de bens;
d) Autorização prévia para a prática de determinados atos ou categorias de atos;
e) Intervenções de outro tipo, devidamente explicitadas. (pelo juíz)
3 - Os atos de disposição de bens imóveis carecem de autorização judicial prévia e
específica.
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Isto significa que se analisarmos o nº2 do artigo 145,

O acompanhado vai manter sempre a capacidade para a cleebração do negócio da vida


jurídica 2 hipóteses.

O que são negócios da vida corrente: negócios que fazem parte da vida ordinária jurídica.
-Ele mantém a sua capacidade de fazer negócios da vida jurídica.
-Exercício de direitos pessoais;. (ligaram-me aqui e perdi-me)

Primeira nota- do elenco de direito pessoais a que tem direito de exercer mas este elenco
não esgota todos os direitos contemplados
Segunda nota- algumas hipóteses previstas no artigo 147/2 não configuram verdadeiros
direitos subjetivos mas que qualificamos como qualificamos como qualidade jurídica
primária
Terceira nota- esta previsão desta capacidade de exercício dos maiores acompanhados a
alguns direitos correspondem também ao alargamento da sua capacidade de gozo em
algumas situações... Ex.: interditos por anomalia psíquica não podia casa ou perfilhar mas
agora a regra é que podem.
Quarta nota- a capacidade para o exercício destes direitos pessoas pode ser limitada ou
excluída por decisão judicial.

Vamos ter situações em que um maior acompanhado tem um represetante legal e outro
em que tem um assistente.

Chamando atenção ao 145 nº3 diz que 3 - Os atos de disposição de bens imóveis
carecem de autorização judicial prévia e específica. Este número tem suscitado profundas
críticas e este artigo não existia no ano de projeto do código civil e foi excerto quando a
questão se debatia na AR e os que habitaram este número não tinham grande visão global
do ordenamento jurídico globalmente considerado e tentarma proteger o maior
acompanhado mas causaram dificuldades causando repetição de coisas subentendidas no
CC.
Aqui os atos de disposiição de bens imóveis mas de quem? Não pode ser do maior
acompanhado porque ou ele precisa de assistência e autorização para esse atos ou não
precisa de ajuda e tem capacidade.
Segunda hipótese é os atos imóveis serem do acompanhante para protegê-lo do
acompanhado e é bom de certa forma mas o problema é que o regime de
acompanhamento segue o regime de tutela e nós até dissemos que os representantes
seguem certas regras e já chegávamo á mesma solução com o artigo 1889 e 1938 do CC
com o regime da tutela.
2ª crítica a este nº3- não percebe porque se fala de atos de disposição de bens imóveis e
não outros e reparamos que hoje me dia há outros atos que envolvem muitos mais riscos e
maiores quantias pecuniárias e valor patrimonial mais elevado que é por exemplo dos
bens mobiliários das ações e obrigações.
3ªcrítica – este nº3 refere aos atos de disposição de bens imóveis nas hipóteses em que o
acompanhado precisa de autorização do acompanhante ou seja, hipóteses de assistência
e não representação. Aqui não é preciso porque o controlo desta autorização já ocorre da
vontade do acompanhado. Além disso temos outros controlo da atuação do acompanhante
e resulta do artigo 150 do CC e diz que este deve abster-se de agir em conflito de
interesse com o acompanhado e tem consequência no artigo 261 do CC. Este artigo fala
do negócio consigo mesmo.
Concedo o poder a alguém para celebrar negócio jurídico por mim e essa pessoa resolve
vender o meu apartamento em meu nome e compra o apartamento em nome de si mesmo
e para celebrar o negócio consigo mesmo. Há exceções mas em regra este é anulável e
nesta hipóteses havendo um conflito de interesses entre o acompanhante e o
acompanhado devem ser considerado anuláveis segundo os critérios do negócio consigo
mesmo.
É possível que o acompanhado não respeite a decisão do juíz na sentença e pratique
determinados atos dos quais não tem capacidade e qual é a valor. Ele tem capacidade
para todos aqueles não especificados na sentença. No caso de não a ter os negócios são
anuláveis mas temos que ter em conta vários momentos porque enquanto a minoridade
resulta numa incapacidade de exercício ipso factu aqui falamos de incapacidades de
exercício que exigem a intervenção do tribunal e podemos ter os requisitos mas sem a
sentença não poderam ser considerados maiores acompanhados e portanto não é a
caracterísitcas da pessoa que lhe dá o estatuto como os menores e temos que ter em
conta 3 momentos:
-Atos posteriores ao registo do acompanhamento – depois do decreto judicial e registo
desta medida de acompanhamento.. Estes aqui são anuláveis e para já ficamos aqui e
depois vamos quem e dentro de que prazo.
-Momento que vai desde o anúncio do processo até ao registo do acompanhamento-
identifcado como de pendência da ação. Foi plubicitado o início do processo e depois o
registo- Quid iuris? Os atos são anuláveis mas é necessário que se verifiquem dois
requisitos:
1º -necessário que seja efetivamente decretada a medida de acompanhamento
2º- necessário que os atos se mostrem prejudiciais ao acompanhado e esta
prejudicialidade deve ser aferida no momentoda prática do ato e deve ser aferida tendo em
conta o momento da prática do ato. Ex.: A vende ações à cotação do mercado no mês de
agosto e durante este mês vendeu e se as vendeu significa que as vendeu ao preço
corrente de mercado e não sofreu qualquer prejuízo e qualquer pessoa nas suas
circunstâncias da altura teria celebrado um bom negócio depois a ver validade do negócio
as ações valem muito mais e comparativamente era um mau negócio e todas as
valorizações ou desvalorizações ao ato de aferência da validade não são importantes e
devemos considerar o momento,
-Atos anteirores ao anúncio do processo de acompanhamento. – artigo 154/3 diz que aos
atos anteriores ao início do processo aplica-se o regime de capacidade acidental (artigo
257)
O que consideramos é que o ato é anulável desde que verificados determinados
requisitos:
1º- necessário que no momento da prática do ato o sujeito estivesse efetivamente privado
das suas capacidades cognitivas(pensamento) ou volitivas (vontade).
2º-é necessário que essa incapacidade que se tem de verificar no momento em que
praticou o ato essa situação tem que ser conhecida da contraparte ou então tem que ser
notória. É notória quando o homem médio/de comum diligência poderia ter notado.

Se estamos a falar de atos anuláveis temos sempre duas perguntas sacramentais a


perguntar: Quem e até quando?
Quem pode arguir? (nos atos posteriores ao registo e aqueles praticados na pendência do
processo- antes isto não se colocava porque no regime antigo aplicava-se o regime da
minoridade do 225 e agora pergunta-se se aplicamos entre o regime regra (1 ano a contar
da cessação do vício ou 225):
-O maior depois de ser levantada a medida de acompanhamento (no prazo do 1 ano após
a levantação da medida de acompanhamento agora pode nunca ser levantada e por isso
vamos considerar que tem legitimidade)
-Representantes legais ou assistentes (a contar 1 ano após conhecimento desse ato)
Agora relativamente aos atos realizados na pendência da ação não se pode começar a
contar a partir do registo da sentença e se o acompanhante conhecer depois do registo da
sentença conta 1 ano após o conhecimento mas se conhecer antes da sentença de
acompanhamento é só 1 ano após a aplicação da medida de acompanhamento.) Se na
pendência do processo o acompanhante só tem 1 ano a partir da aplicação da medida de
acompanhamento.
-Quanto aos herdeiros têm o prazo de 1 ano a contar da morte mas se a medida de
acompanhamento já tivesse sido levantada no momento da morte então eles apenas
dispõe do prazo que o próprio decuido (maior acompanhado que entretanto morreu) teria.

Falta-nos apenas considerar os atos praticados antes do anúncio do ínício da ação:


Legitimidade:
-Maior a contar de um ano do momento em que readquire o domínio da vontade e da
cognição. Se este prazo já tiver terminado antes de ser decretado o acompanhamento
(naquele momento estava incapacitado e depois recupera) mas depois se este prazo
termina antes de começar o acompanhamento não se pode arguir a anulabilidade mas
senão tiver esgostado então o acompanhante terá um prazo de 1 ano a contar do
momento do conhecimento.

Na sexta feira vamos falar do regime da legitimidade.

Sanção para ilegitimidade

-venda de coisas alheias – nulidade

-Negócio consigo mesmo anulabilidade

-Noutro tipo de situações a sanção será a ineficácia- ainda não estudámos as outras
hipóteses mas já falámos da representação legal e depois iamos falar da representação
voluntária.
Para haver representação voluntária é preciso eu dar os meus poderes a alguém e se
alguém tentar fazer um negócio por mim sem minha autorização será ineficaz e portanto
não produz efeito na minha esfera.
Ao contrário da incapacidade a ilegitimidade visa tutelar terceiras.
Com as incapacidades protegemos por exemplo incapacidade por minoridade o menor
quando restringimos a capacidade de exercício do maior para o proteger. As
incapacidades são feitas para estimar o sujeito das suas debilidades e não discriminar
niguém.
No caso das ilegitimidades o objetivo é proteger terceiros. Podemos falar de uma panóplia
de ilegitimidade mas vamos destacr uma que são as:

-Ilegitimidades conjugais distinguir das incapacidades nupciais (incapacidade para casar),


As legitimidades conjugais é para proteção de um dos cônjuges e da família. Basta ler
1682 do CC.
Artigo 1682.º
(Alienação ou oneração de móveis)
TEXTO
1. A alienação ou oneração de móveis comuns cuja administração caiba aos dois cônjuges
carece do consentimento de ambos, salvo se se tratar de acto de administração ordinária.
2. Cada um dos cônjuges tem legitimidade para alienar ou onerar, por acto entre vivos, os
móveis próprios ou comuns de que tenha a administração, nos termos do n.º 1 do artigo
1678.º e das alíneas a) a f) do n.º 2 do mesmo artigo, ressalvado o disposto nos números
seguintes.
3. Carece do consentimento de ambos os cônjuges a alienação ou oneração:
a) De móveis utilizados conjuntamente por ambos os cônjuges na vida do lar ou como
instrumento comum de trabalho;
b) De móveis pertencentes exclusivamente ao cônjuge que os não administra, salvo
tratando-se de acto de administração ordinária.
4. Quando um dos cônjuges, sem consentimento do outro, alienar ou onerar, por negócio
gratuito, móveis comuns de que tem a administração, será o valor dos bens alheados ou a
diminuição de valor dos onerados levado em conta na sua meação, salvo tratando-se de
doação remuneratória ou de donativo conforme aos usos sociais.

há uma série de atos que dizem respeito a bens móveis que só podem ser praticados com
o consentimento do outro cônjugo e sem essa é anulável 1687 do CC. Este artigo 1682
tem que ser conjugado com 1678 porque é este que nos diz qual dos cônjuges tem a
administração de que bens.
Artigo 1678.º
(Administração dos bens do casal)
TEXTO
1. Cada um do cônjuges tem a administração dos seus bens próprios.
2. Cada um dos cônjuges tem ainda a administração:
a) Dos proventos que receba pelo seu trabalho;
b) Dos seus direitos de autor;
c) Dos bens comuns por ele levados para o casamento ou adquiridos a título gratuito
depois do casamento, bem como dos sub-rogados em lugar deles;
d) Dos bens que tenham sido doados ou deixados a ambos os cônjuges com exclusão da
administração do outro cônjuge, salvo se se tratar de bens doados ou deixados por conta
da legítima desse outro cônjuge;
e) Dos bens móveis, próprios do outro cônjuge ou comuns, por ele exclusivamente
utilizados como instrumento de trabalho;
f) Dos bens próprios do outro cônjuge, se este se encontrar impossibilitado de exercer a
administração por se achar em lugar remoto ou não sabido ou por qualquer outro motivo, e
desde que não tenha sido conferida procuração bastante para administração desses bens;
g) Dos bens próprios do outro cônjuge se este lhe conferir por mandato esse poder.
3. Fora dos casos previstos no número anterior, cada um dos cônjuges tem legitimidade
para a prática de actos de administração ordinária relativamente aos bens comuns do
casal; os restantes actos de administração só podem ser praticados com o consentimento
de ambos os cônjuges..
A regra é que cada um gere os bens próprios e os bens em cônjuges e os bens comuns
deles gerem juntos. O nº2 diz algumas exceções.
Para além disso temos que perceber quando é que os bens são comuns ou não e vamos
pressupor o regime de bens que vigora dentro do casal havendo 3 possíveis regimes:
-Se nada for dito entre os cônjuges o regime supletivo é da comunhão de adquiridos
(segundo este previsto no 1721 e seguintes) são bens próprios de cada um cônjugues os
bens que cada um leve para o casamento e os bens que adquiram depois da celebração
do casamento a título gratuito ou através de sucessão. (ex.:M e A casa. M no momento em
que casa era proprietária de um apartamento e A de uma casa e automóvel.. Cada um
morre e deixa em testamento uma quinta, esta quinta é bem próprio de M, Imaginemos
que um amigo de A doa em vida 500.000 euros... esse dinheiro é do A prórpio. Tudo o que
adquiram depois do casamento tudo o que adquiram a título oneroso são bens comuns.
-Porém os cônjugues podem celebrar uma convenção ante-nupcial e nesta podem optar
por oturos dois regimes:
 Comum geral de bens (1732 e seguintes) – neste regime a regra é que todos os
bens são comuns quer os que tinham no momento em que se casaram ou nos que
venham a adquirir mas há x que são incomunicáveis que são aqueles previstos no
1733 e seguintes.
 Regime da separação de bens – aqui cada um conserva o domínio e fruição dos
bens que tenha ou que venha a adquirir (1735 e seguintes)

Precisamos de saber se os bens são próprios e comuns até para saber se pode alienar ou
não os bens ou se precisa de consentimento.
Se os bens forem imóveis aplicam o 1782-A este aparecem assim porque o CC tinha uma
numeração e depois na revisão foram postos e para não mudar a numeração do início ao
fim eles fazem estes artigos com letras até ao fim.
Este artigo vem exigir o consentimento de ambos os Cônjugues para a alienação,
arerndar, oneração de bens imóveis próprios ou comuns, E ainda para alienação,
oneração ou destacação de estabelecimento comercial comum.
Só não é necessário o consentimento de ambos se entre eles vigorar o regime da
separação de bens. Independentemento do regime de bens mesmo que vigora este
regime referido será sempre necessário o consentimento de ambos se o objeto imóvel for
a casa de morada de família.
A propósito da morada de cada de família podemos ver no 1682b.
Se houver violação deste consentimento antes referido a sanção será também aquela
prevista no artigo no 1687 ou seja os negócios são anuláveis.

quem pode arguir a anulabilidade são:


-O cônjugue que não deu o consentimento
-Pelos herdeiros

Prazo:
-6 meses a contar do conhecimento mas nunca depois de decorridos 3 anos, Temos que
ver qual é a data que o cônjugue ficou a saber e pode arguir mas nunca depois de 3 anos.
Agora vamos passar às pessoas coletivas...

O que são pessoas coletivas, quando estudamos pessoas singulares foi fácil de perceber
as pessoas coletivas são organizações constitu´dias por uma coletividade de pessoas ou
por uma massa de bens que estão adstritos á prosseguição de determinados interesses
comuns ou coletivos à qual o ordewnamento jurídico atribui uma personalidade jurídica.

Organização:

-Coletividade de pessoas ou massa de bens

-Prosseguição de interesses que têm de ser comuns ou coletivos

A massa de bens refere aquilo das instituições onde x pessoa afeta determinado
património á fundação que vai prosseguir objetivos de finalidade pública.

Estes novos sujeitos não se confundem com as pessoas singulares. A personalidade


jurídica das pessoas singulares é uma exigência que é comunicada ao ordenamento
jurídico e não pode deixar de reconhecer essa personalidade ao mesmo.
no caso das pessoas coletivas estas não surgem como exigência axiolóigico e não é uam
personalidade jurídica exigida mas atribuída. O ordenamento jur´ídica aceita estas
pessoas coletivas porque reconhece que há determinados interesses humanos que se
prosseguem melhor se as pessoas estiverem congregadas e atuarem de forma coletiva.

Esta questão da natureza jurídicadas pessoas coletivas é complexa do ponto de vista


dogmática e tem tido respostas diferentes:

-1º resposta-Savingy- para ele as pessoas coletivas eram pura ficção pura fictio.

-2ª resposta- depois de Savigny surge Otto von Gierke- que considerava que as pessoas
coletivas tinham uma existência ótica e concebia estas como um verdadeiro organismo-
ele era o defensor das teorias organicistas.

Há multiplas razões para nos afastar de ambas as respostas e o que devemos considerar
de facto é que as pessoas coletivas são uma criação do direito e surge justificadas pela
existência de um determinado extrato e por isso mesmo o estudo destas pessoas passa
pela análise pelos dois elementos que integram estas pessoas e permitem a constituição
destas pessoas. Vamos perceber como se integram as pessoas coletivas e quais os
elementos que constituem e compõem as pessoas coletivas.

Vamos estudar os diversos elementos que integram as pessoas coletivas:

-Substrato- elemento de facto – dentro destes encontramos diversos subelementos

 1º- elemento pessoal – o elemento pessoal está presente num determinado tipo de
pessoa coletiva que são as corporações – estas caracterizam-se efetivamente por
terem como elemento relevante o elemento pessoal (se lembrarmos a definição
que a pessoa apresentou as corporações representam a pessoa coletiva por um
grupo de pessoas... não quer dizer que o património não seja relevante mas o que
significa é que o que marca a pessoa na essência do regime é ser esta
coletividade d epessoas – neste grupo de corporações estão as
associações(associados) e as sociedades (sócios)
 2ºelemento patrimonial – traduz a tal massa de bens que são adstritos à
prossecução de determinadas aitivdades e é um elemento determinante e
marcante no caso das fundações. Obviamente que isto não signifca que na
fundação não há pessoas ou a vontade do fundador não seja importante mas o
que e preciso saber é que o que marca aqui as coisas é o bem
 3º elemento teleológico- diz respeito ao fim, isto é, as pessoas coletivas têm um
determinado fim que justificará a existência de necessidade de criação da pessoa
coletiva. É através da consideração do fim que se determinará a amplitude de
capacidade de gozo das pessoas coletivas. Diz respeito ao fim e pode dizer que
pode haver a necessidade de criar a pessoa coletiva. Este fim é relevantíssimo
para esse propósito. Vamos estudar mais tarde que é relevantíssimo pois é a partir
da consideração de fim que vamos determinar a extensão da capacidade de gozo
da pessoa coletiva. Elas não têm a mesma capacidade de gozo e está capacidade
funcionalmente. Certas coisas a entender:
1º O fim tem de obedecer ao artigo 280 do CC e este artigo faz referência aos
requisitos de validade do objeto jurídico que estudámos antes. Também aqui a
finalidade da pessoa coletiva obedece a este requisitos.
2º O fim tem de ser comum ou coletivo – porque dizemo isto? No caso das
sociedades isso é imposto pelo artigo 994 do CC. O Artigo 494 tem como epígrafo
pacto leonino e diz que é nula cláusula que exclui o sócio dos lucros e atividades,
etc. Este artigo 994 proíbe o chamado pacto leonino e pro+ibe que haja um acordo
nos termos do qual um sócio ou vários deixa de participar nos lucros ou perdas da
sociedade e vemos que no caso das sociedades que tem uma finalidade lucrativa
tem que ser comum aos sócios.
No caso das fundações este caráter comum resulta da acumulação do 157 e 178.
No regime das fundações percebemos que estas fundações têm que ter
necessariamente uma finalidade de utilidade social e quer dizer que este é um fim
coletivo.
No caso das associações não temos propriamente um artigo do qual resulte o
caráter coletivo do qual resulte o fim da pessoa coletiva mas essa exigência vem
da própria natureza da associação que diz que o fim tem que ser comum.
 4º elemento intencional – este elemento traduz-se na intenção de criar um ente
jurídico autónomo. Esta intenção tem que estar necessariamente presente mas
como sabemos que existe? Sabemos que existe porque na base da criação das
pessoas coletivas está um negócio jurídico:
No caso das associações temos um ato de constituição da associação
No caso das fundações temos o ato de instituição da fundação
No caso das sociedades temos um contrato de sociedade
Há determinadas realidades que se aproximam da pessoa coletiva mas que não
têm personalidade jurídica porque fala este elemento intencional e é o caso das
comissões especiais (artigo 199 do CC - ex.: Comissão construída para executar
um plano de socorro ou uma festa, estas comissões especiais não têm
personalidade jurídica por falta deste elemento), ou as fundações de facto
(estamos perante uma fundação de facto quando um indivíduo pretende criar ou
manter uma determinada obra de utilidade pública mas sem pertender constituir o
vínculo jurídico correspondente – ex.: A é abastado e resolve afetar parte do
património para uma causa de utilidade pública ao fazê-lo está a criar e manter um
obra de utilidade social mas não prentede fazer um vínculo jurídico correspondente
e quer dizer que a qualquer momento pode deixar de financiar o projeto), outro
caso são fundações fiduciárias (estas existem quando um sujeito dispõe de parte
do seu património a favor de uma pessoa coletiva já existente para a realização de
um qualquer ato de benificiência)
 5º elemento organizatório – a pessoa coletiva é desde logo uma organização então
este elemento é essencial. A pessoa coletiva quando criada precisa de
determinados órgãos, estruturas, organização e regras funcionamento e todos
estes elementos fazem parte deste aspeto organizatório. Todo este regulamento
está previsto nos estatutos da pessoa coletiva que são necessários a esta.
A pessoa coletiva precisa ainda de uma determinada sede para que possa ser
constituída.

Todos estes subelementos integram os substratos mas podemos tê-los e não ter
pessoa coletiva porque é preciso o elemento de reconhecimento que permite
elevar à categoria de sujeito para o direito este substrato havendo diversos tipos
de reconhecimento.

-Reconhecimento – elemento de direito que vai permitir elevar o substrato à categoria de


sujeito de direito. Permite que o substrato seja elevado à categoria de sujeito para o
direito. Diversos tipos de reconhecimento:

 Normativo- se resultar diretamente da lei. Dentro deste podemos ter dois subtipos
de reconhecimento
o Incondicionado- aquele que resultando da lei se basta com a verificação
dos elementos do substrato e a lei faz atribuir personalidade jurídica a
partir de que reune os elementos do substrato. Este tipo de
reconhecimento não vigora no nosso ordenamento jurídico.
o Condicionado- resulta também da lei (normativo) mas para além de se
reunirem os elementos do substrato é necessário que se verifique ou que
se cumpra algum requisito ou requisitos adicionais impostos por lei. Esta
forma de reconhecimento vigora entre nós para as associações e para as
sociedades. No caso das associações – artigo 168 do CC:

Artigo 168.º

Forma e comunicação

TEXTO

1 - O acto de constituição da associação, os estatutos e as suas alterações devem constar


de escritura pública, sem prejuízo do disposto em lei especial.
2 - O notário, a expensas da associação, promove de imediato a publicação da
constituição e dos estatutos, bem como as alterações destes, nos termos legalmente
previstos para os actos das sociedades comerciais.
3 - O ato de constituição, os estatutos e as suas alterações não produzem efeitos em
relação a terceiros, enquanto não forem publicados nos termos do número anterior.

Qual o sentido da exigência de escritura pública? Percebe-se porque o notário vai


estabelecer aqui um controlo de legalidade. Devemos chamar à atenção de que hoje em
determinadas situações ser mais fácil constituir uma associação. Existem as associações
na hora que têm um caso mais simplificado de criação mas mesmo aqui não é possível
falar de reconhecimento normativo incondicional.

No caso das soceidades é exigido o registo. Só adquirem personalidade jurídica com o


registo.
Individual ou por concessão – não resulta diretamente da lei mas resulta do ato de uma
autoridade administrativo que caso a caso discricionariamente vai atribuir ou não
personalidade jurídica aquele abstrato. No caso deste reconhecimento ele vigora para as
fundações.

Como se formam as várias pessoas coletivas?

No caso das associações – temos um ato de constituição de associação e tem que


obedecer aos requisitos do 167 do CC. Depois será necessário rever a forma de escritura
pública e que haja publicação.

No caso das sociedade- temos um contrato de sociedade ou pacto social e depois temos
necessariamente o registo.

No caso das fundações – temos um ato de instituição da fundação. Este ato pode ser um
ato entre vivos (o fundador ainda está vivo) ou pode ser um ato mortis causa (pode ser
feito por testamento).
Se for feito por um ato entre vivos tem que constar de escritura pública. O ato de
instituição torna-se irrevogável a partir do momento em que é requirido o reconhecimento.
Os herdeiros não podem revogar a instituição embora estejam protegidos pelas regras
próprias da sucessão primárias podendo reduzir a qunatidade de recursos para a
situação.Se for mortis causa é irrevogável logo que o sujeito morra.

depois temos uma autoridade administrativa que vai controlar não só a legaldiade como
também a oportunidade (controlo à cerca de conseguir prosseguir ou não determinados
fins da fundação e se os bens demasiado pequeno para o fim a criação é negado)- artigo
188.

Os autores fundamentam a hipótese de ser pensável a instituição de fundações com


finalidades privadas.

Que tipos de pessoas coletivas podemos ter:

-Associações – são pessoas coletivas de direito privado que têm utilidade pública, fim
desinteressado ou fim ideal ou económico não lucrativo (ex.: Associação de defesa de
direitos das crianças (fim desinteressado), promoção de desporto x (fim ideal), associação
com fim económico mas que não seja lucrativo.) São pessoas coletivas, de direito privado,
de utilidade público e fim desinteressado.

-Fundações

-Sociedades- pessoas coletivas de utilidade privada e escopo lucrativo, o objetivo é a


obtenção de lucros para serem distribuídos pelos sócios.

Nota importante: dentro das sociedades só se reconhece personalidade jurídica:


-às sociedades comerciais – tem como objeto a prática de comércio e quando estudarmos
direito comercial vamos perceber que pode haver atos objetivamente ou subjetivamente
comericiais mas isto não interessa) e têm uma forma comercial – as sociedades civis só
têm personalidade jurídica se tiverem essa forma e essa forma é uma das formas previstas
no código das sociedades comerciais e podemos :

 -Sociedades em nome coletivo – nestas os sócios respondem pelas dívidas da


sociedade e portanto são sociedades de responsabilidade ilimitada (primeiro
responde a sociedade mas os sócios podem ser chamados a resolver)
 -Sociedades por cotas – nesta o capital social está dividido em cotas e os sócios
são responsáveis pela integração da sua quota e têm que pagar à sociedade o
valor da sua quota, são responsáveis pela integração da quota dos outros sócios
mas não respondem perante os credores sociais pelas dívidas da sociedade.
 -Sociedades anónimas – nestas o capital social está dividido em ações e os sócios
não são responsáveis nem pela integração do capital social nem são responsáveis
perante os credores sociais e por isso são sociedades de responsabilidade
limitada.
 -Sociedades em comandita- nestas nós temos dois tipos de sócio:
o Sócios comanditários- respondem nos termos dos sócios das sociedades
anónimas.
o Sócios comanditados – estes respondem nos termos dos sócios das
sociedades em nome coletivo.

-às sociedades civis sob forma comercial (as que não têm forma comercial em regra não
tem personalidade jurídica)

A seguir vamos falar da capacidade de gozo das pessoas coletivas.

Vamos continuar o estudo sobre as pessoas coletivas no ponto que interrompemos na


sexta feira passada e o que são as pessoas coletivas os elementos desta, os processos de
formação das pessoas coletivas e os vários tipos e classificações das pessoas coletivas.

Agora vamos falar da capacidade de gozo e da capacidade de exercício das pessoas


coletivas e eventualmente a responsabilidade civil das pessoas coletivas.
Nem todas as sociedades anónimas são cotadas na bolsa de valores.

Continuando…

Problema da capacidade de gozo das pessoas coletivas

Já flaamos há pouco tempo da capacidade de gozo (suscetibilidade para ser em concreto


titular de um círculo mais ou menos amplo de direitos e deveres). Quais os direitos que
pode ser titular em concreto?

A propósito das pessoas singulares não dificuldade por que em regra é o princípio da
plenitude dos direitos mas com as coletivas não será assim e não seram titulares de todos
os direitos e todos os deveres e a estes propóstio há duas direções na doutrina
portuguesa:

-um diz que a capacidade de gozo das pessoas coletivas é genérica embora sofra
limitações

-outros dizem que este capacidade é limitada porque é funcionalizada


Nestas duas posições que podiam parecer inconciliáveis acabam por convergir porque
aqueles que defendem a primeira acabam por admitir que ela tem limitações e os
segundos que dizem que é funcionalizada (que está limitada) acabam por perceber que os
critérios de limitação são maleáveis e portanto poderam chegar a soluções que defendem
os outros.
Destas duas vamos considerar preferível é a que olha para a capacidade de gozo destas
pessoas e entende que ela é limitada e esta limitação percebe-se a priori porque as
pessoas coletivas são uma ciração do direito para a prossecução de determinados fins que
se reconhece que poderão ser mais rapidamente alcançados através da sinergia de
esforços.
Nesta matéria vai ser fundamental o artigo 160 do CC:
Artigo 160.º
(Capacidade)
TEXTO
1. A capacidade das pessoas coletivas abrange todos os direitos e obrigações necessários
ou convenientes à prossecução dos seus fins.
2. Excetuam-se os direitos e obrigações vedados por lei ou que sejam inseparáveis da
personalidade singular.

Este artigo é determinante da matéria da capacidade de gozo das pessoas coletivas


porque apresenta os limites podendo falar de 3:

-Aquele que decorre da natureza das coisas – reparar o n~2 diz que se excetuam os
direitos inseparáveis da personalidade singular e há certos direitos que não fazem sentido
à pessoa coletiva (ex.: direito à vida, a casar, integridade física) e há determinados direitos
que são inseparáveis da personalidade humana e estão naturalmente excluídos da
capacidade de gozo dos coletivos. Estudámos os direitos de personalidade e são
infindáveis de cada um de nós sendo alguns bens mantido pos mortem mas apesar dessa
ligação estreita há determinados direitos de personalidade que podem ser titular pessoas
coletivas porque há determinados desses direitos cuja proteção poderá ser essencial para
a prossecução dos fins da pessoa coletiva (ex.: direito à honra – ex.: jornal x faz artigo a
dizer que empresa trafica drogas em vez de fabricar bolos e neste caso é uma ofensa à
honra da pessoal coletiva e a sua imagem externa além da imagem das pessoas
singulares desta e a afirmação deste facto pode gerar danos gravíssimos a estas
pessoas).
Outra pertença de direitos absolutos é a responsabilidade civil e o jornalista pode ser
responsável civilmente perante essa pessoa coletiva, esta indemnização em regra (sendo
para singular ou coletiva) temos danos patrimoniais e não patrimoniais mas com as
pessoas coletivas temos uma situação especial e não podem ser indemnizadas por danos
não patrimoniais porque estas não sofrem angústias, etc. e não tem estrutura psicológica
para desenvolver este tipo de sentimentos negativos que depois se avaliem
pecuniariamente)

-2ª limitação – as pessoas coletivas não são titulares de direito e obrigação que estejam
vedados por lei (docorre das proibições legais) há uma série de direitos que podem ser
excluídos pelo próprio legislador.
A doutrina aqui deverge e:
-Há autores (o da funcionalizada) que entendem que sempre que haja uma vedação legal
estamos perante uma situação de incapacidade.
-Os outros dizem que é um problema de ilegalidade

3ª limitação – princípio da especialidade do fim – está consagrado no artigo 160/1 do CC e


o princípio diz-nos que as pessoas coletivas só são titularaes dos direitos e dos deveres
que sejam necessários ou pelos menos que sejam convenientes à prossecução do seu
fim. Este princípipo contudo gera uma enorma controvérsia na doutrina:

-Há uns que entendem que este princípio não faz hoje sentido nem tem aplicação prática
(ex:: Estudos do doutor Menezes Cordeiro) Argumentos para sustentar esta posição:

-Argumento histórico – explica-nos qual é o surgimento histórico deste princípio e analisa o


problema histórico de dois pontos de vista (ponto do direito continental e outro
anglosaxónico). No mundo anglo-saxónico as pessoas coletivas seriam criadas por uma lei
do parlamento e esta definia as competências e os poderes da pessoa coletiva em causa e
não podia praticar um ato além da sua competência (e se fossem praticados além da sua
competência eram chamados atos ultra vires) No nosso mundo o continental o que
acontece é que este enfrentou durante algum tempo o chamado problema dos bens de
mão morta e estes bens eram frequentes durante x período histórico a doação de bens à
igreja e deixavam bens para este e estes eram considerados bens de mão morta que não
eram produtivos, que não poderiam ser alienados e que tinham um regime próprio e
historicamente sabemos também que existiu uma tentativa de concertação do poder nas
mãos dos monarcas e começou a tentar limitar-se de algum modo a proliferação destes
bens de mão morta… historicamente também sabemos que com a revolução francesa
acaba por haver quase uma perseguição à igreja e uma tentativa de cerceamento desse
bens delagos à igreja e neste contexto surge este princípio para limitar o poder desta
pessoas coletivas (neste caso de direito canónico) podiam fazer.
O doutor diz que como estes problemas desapareceram este princípio de especialidade do
fim desapareceu.

-Arguemtno dogmático – este não tem aplicação prática porque em rigor diz o Doutor não
haverá nenhum ato qwue esteja radicalmente excluída da capacidade de gozo das
pessoas coletivas. Sabemos que as sociedades comerciais têm como finalidade a
obtenção de lucro para ser distribuído pelos sócios e pelo seu escopo lucrativo. Apesar
disso vamos ver que há determinadas doações realizadas por estas sociedades (lei do
mecenato que gera empobrecimento)

O que devemos considerar? Faz sentido falar deste princípio pela razão há pouco
apresentada… as pessoas coletivas são criadas pelo direito, o direito atribui-lhes
personalidade jurídica a um determinado substrato em nome de uma finalidade que integra
esse mesmo substrato e por isso dissemos que esse elemento teológico ser importante
para falarmos deste tipo de pessoas.
Se a pessoa coletiva é admitida por prosseguir x fins faz sentido que só posso partir os
atos necessários ou que sejam para prosseguir esse fim. É esse princípio à luz da
intencionalidade destas pessoas.
Este princípio depois tem que ser compreendido com maleabilidade e vamos apresentar
alguns critérios para podermos saber mobilizar este princípio das especialidade do fins:

-Se estamos a falar de capacidade de gozo falamos de categorias de atos e não de atos
em concreto.

-É verdade que quase nenhuma categoria está a priori excluída da capacidade de gozo
das pessoas coletivas mas isso não quer dizer que não haja certas categorias de atos que
estejam vedados a certos tipos de pessoas coletivas (ex. mais paradigmático disto: o caso
dos negócios gratuitos tendo em conta as sociedades comerciais – qualquer sociedade
comercial tem como finalidade a obtenção de lucro para distribuição entre sócios (mas no
direito comercial já duvidam desta finalidade mas não importa) os negócios gratuitos
envolvem sempre um empobrecimento e portanto em regra estes negócios gratuitos
afetam o escopo lucrativo e isso resulta do artigo 6 do código das sociedades comericiais
(simplesmente não podemos ser formalistas e portanto apesar de podermos olhar para
cateogorias de atos quando nos é colocado o problema de saber (a pessoa x pode ou não
praticar o ato) temos que olhar para o ato na sua conformação concreta para saber se em
concreto ele pretençe ou não à categoria de atos em que abstratamente se integra – ou
seja, temos que olhasr para o ato especificamente praticado para saber se em concreto
pertence ou não à categoria de atos em que se abstratamente se integraria – isto quer
dizer que as sociedades comerciais não podem celebrar doações mas o que devemos
entender é que imaginando que a sociedade comercial praticou uma doação remuneratória
(oferece computador ao melhor funcionário) aparentemente estamos perante um negócio
gratuito mas este aparentemente gratuito tem ainda uma finalidade lucrativa porque no
fundo quer incentivar não só aquele funcionário mas todos os outros para poderem atingir
o prémio de produtividade no final do ano. Quem fala disto, fala de uma determinada oferta
de um grupo de clientes que se destacou ao longo do ano ou a uma dessas empresas de
doação mas consegue lançar no mercado uma imagem de marca para atrair mais
clientes). Temos que olhar para o ato para categorizá-lo em concreto.
O mesmo é o contrário e ver num ato que normalmente em abstrato era oneroso mas não
obstante em concreto se venha a mostrar um negócio que se deve excluir desses
negócios onerosos e contraria o escopo daquela sociedade (ex.: uma sociedade decide
vender ao filho de um dos sócios maioritários um apartamento de luxo por um valor mais
baixo apesar de ser oneroso tem notas de gratuitidade que permite excluir do escopo

-Quando dizemos que este princípio deve ser visto de forma maleável significa que
devemos considerar válidos aqueles negócios necessários mas também aqueles que
sejam convenientes e devemos apenas considerar excluídos da capacidade de gozo
aquele que contrariam abertamente a finalidade da pessoa coletiva (ex.: um associação de
festa recreativa (tem como finalidade promover e fomentar as atividade ligadas à festa
recreativa e esta sem finalidade resolve investir parte dos lucros que teve em
determinados produtos financeiros (ex.: ações na bolsa de valores) aqui não temos uma
contrariedade do princípio de especialidade do fim porque a associação está à procura de
ter mais lucros para a festa… O mesmo uma associação de leitura que queira explorar um
bar não viola este princípio porque encontra uma fonte de receita para financiar os seus
fins. Quando falamos deste princípio estamos a falar do fim da pessoa coletiva e não o
objeto desta. Esta situação entre fins e objetos pode ter uma linha muito ténue. Nas
sociedades é fácil porque o fim é obtenção de lucros e podemos ter uma que se dedica à
hotelaria, automóvel, etc. todas elas têm objeto diferente e fim comum e a sociedade pode
ir além do seu objeto não pode é contrariar o seu fim.
No caso das associações esta decisão nem sempre é clara… A regra é que esta pode ir
para além do seu objeto (a tal da literatura pode explorar o bar (expandir o objeto) mas não
contrariar o fim. Mas se houver contrariedade aberta do objeto da pessoa coletiva haverá
ao fim também.
Ex.: Associação que promove vida saudável e depois resolve explorar um fast food… Aqui
não estamos para além do objeto mas também a contrariar este fim com este fim ideal ou
altruístico). O fim é em finalidade para que a pessoa foi constituída, o objeto é a atividade
que a pessoa pratica. No caso das associações de fim ideal ou altruístico pode ser muito
ténue porque posso ir muito além do objeto sem contrariar o fim mas se contrariar
abertamente o objeto estou a contrariar também o fim.

Quid iuris? Se esta praticar um ato que contraria este princípio – esse ato deve ser
considerado nulo (conjugação entre artigo 160 com o 294). 294:
Artigo 294.º
(Negócios celebrados contra a lei)
TEXTO
Os negócios jurídicos celebrados contra disposição legal de carácter imperativo são nulos,
salvo nos casos em que outra solução resulte da lei.

Passando à capacidade de exercício das pessoas coletivas


A capacidade de exercício não diz respeito à titularidade deos direitos mas a capacidade
de exercer esses direitos por um representante ou por força própria.
A pessoa coletiva precisam de alguém para as movimentar os titulares do órgão.
Será que as pessoas têm capacidade de exercício dos seus seus:
-Alguns dizem que não porque precisam de alguém a representá-las – não representação
legla mas orgânica ou estatutária
-Alguns dizem que as pessoas têm caapcaidde de exercício de direitos não porque
neguem esse papel essencial nos órgãos mas sim porque a relação que se estabelece
entre os titulares do órgão e a pessoa coletiva não é uma de representatividade mas de
organicidade e portanto isto significa que verdadeiramente a pessoa coletiva embora
necessitasse desse titulares do órgão teria cpacaidde de exercício dos direitos e é a
melhor posição a adotar e é corroborada pelo CC designadamente em matéria de
responsabilidade civil das pessoas coletivas e não vamos adiantar o argumento porque
vamos estudar isto autonomamente.

responsabilidade civil das pessoas coletivas (artigo 165 do CC):


Artigo 165.º
(Responsabilidade civil das pessoas colectivas)
TEXTO
As pessoas colectivas respondem civilmente pelos atos ou omissões dos seus
representantes, agentes ou mandatários nos mesmos termos em que os comitentes
respondem pelos actos ou omissões dos seus comissários.

Este implica um dupla remissão se a responsabilidade com que tivermos a lidar for uma
extracontratual vamos aplicar à responsabilidade civil das pessoas coletivas o artigo 500
do CC.
Se for responsabilidade contratual vamos aplicar o artigo 800 do CC e a estrutura do artigo
500 e 800 são completamente diferente e aquilo que vaomos estudar primeiro é a
responsabilidade extratual contratual das pessoas coletivas e depois a contratual.

Artigo 500 – extracontratual


Artigo 500.º
(Responsabilidade do comitente)
TEXTO
1. Aquele que encarrega outrem de qualquer comissão responde, independentemente de
culpa, pelos danos que o comissário causar, desde que sobre este recaia também a
obrigação de indemnizar.
2. A responsabilidade do comitente só existe se o facto danoso for praticado pelo
comissário, ainda que intencionalmente ou contra as instruções daquele, no exercício da
função que lhe foi confiada.
3. O comitente que satisfizer a indemnização tem o direito de exigir do comissário o
reembolso de tudo quanto haja pago, excepto se houver também culpa da sua parte; neste
caso será aplicável o disposto no n.º 2 do artigo 497.º
Deste artigo resolvem dois requisitos/pressupostos para se poder afirmar que a pessoa
coletiva é responsável:
-O titular do órgão tem que ser civilmente responsável ou seja, todos os pressupostsos da
responsabilidade civil tem que se verificar por referência ao ato desse sujeito. O ato desse
sujeito tem que ser ilícito, culposo (exceto numa situação de hipótese subjetiva), tenha um
danos e nexo de causalidade.
-É necessário que este titular do órgão, agente ou funcionário tenha praticado esse ato no
exercício das suas funções e aqui reside muitas vezes a dificuldade do artigo 500 do CC
saber o que é o exercício das funções e diz que atuar no exercício das funç~eoss ignifica
que atuou no quadro geral de competência que lhe foi atribuída. Agiu por causa das
competências que lhe foram atribuídas e não interessa se foi no tempo e local de trabalho
mas se foi no abrigo daquele quadro de competências.

Outras notas:
-O sujeito pode ter atuado intencionalmente e pode ter atuado contra as instruções da
pessoa coletiva. Tem-se entendido porém que a pessoa coletiva só deve ser responsável
se o sujeito atuou intencionalmente e contra as instruções que recebeu para prosseguir
interesses da PC e não próprios.
Considera-se de facto que permitir a responsabilidade da PC qunado o sujeito prossegue
interesse próprios significa lesar demasiado longe essa responsabilidade havendo uma
exceção (ex.: O sujeito atuou intencionalmente e contra as instruções da pessoa coletiva,
que o sujeito prosseguiu interesses próprios mas que o sujeito beneficiou da imagem de
credibilidade que lhe foi comunicada pela pessoa coletiva. Nessa hipótese entende-se que
deve haver responsabilidade da pessoa coletivadire) – o exemplo de escola é o do caixa
de banco que recebe um maço de notas para depositar e em vez de o fazer fica com o
dinheiro para si, agiu intencionalmente, prosseguiu interesses próprios mas podemos dizer
que é levar demasiado longe a responsabilidade mas beneficiou da imagem da PC e se
não estivesse no quadro da PC ninguém lhe dava provavelmente o maço. O mesmo de um
funcionário de uma sociedade que instala câmaras segurança em casa e têm chave a
mais em caso de emergência imaginemos que o sujeito entra em casa de x e furta tudo lá,
está a usar essa imagem da PC para poder entrar em casa.) Se estes pressupostos todos
estiverem preenchidos é responsável singular que agiu e a coletiva e a responsabilidade
ntre a coletiva e a singular é uma responsabilidade solidária.
O que é a responsabilidade solidário (em direito de obrigações vamos estudar as
obrigações solidárias e as conjuntas e vamos então ver a solidária);
Ex.. Imaginemos que a empresta dinheiro a B e a C 2000 euros. Estas obrigação é
conjunta e significa que quando A quiser cobrar aquele dívida tenho demandar
simultaneamente B e C 1000 cada um e ele tem que demandar conjuntamente B e C.
No nosso caso a obrigação é solidária – temos aqui o A que é o lesado e o A pode pedir a
indemnização (de 2000 euros) como é uma responsabilidade solidária ele pode exigir 2000
euros de B, da pessoa coletiva ou então pode exigir os 2000 euros em simultânea da
pessoa coletiva+B e não vai ter direito a 4000 mas sim 2000 conjunto obviamente. Mas
pode pedir a totalidade daquilo que tem direito a um, a outro ou aos dois. Ele pode
escolher e é indiferente mas o que acontece na prática é (imaginemos uma sociedade,
aqui a responsabilidade vai funcionar como uma espécie de garantia porque os
funcionários em princípio não tem o dinheiro mas como beneficiou a PC também é
responsável. Nota: Fiador não é responsabilidade solidária e tem regime próprio.
O que acontece? A partir do momento em que a PC pagou a indemnização o A lesado
desaparece da história qual é o problema? O problema no âmbito das relações internas
(entre a pessoa coletiva ou o titular do órgão agente ou funcionário) O que acontece é que
imaginando que a PC pagou e não teve culpa nem instruções erradas, etc e a culpa
detetou-se na pessoa singular e neste caso a PC tem direito de regresso (tem o dirieto de
exigir o reembolso de tudo aquilo que lhe pagou). Imaginemos que houve também culpa
da parte da PC (ex.: Exigiu através da administração que o funcionário trabalhasse 24
horas por dia e não ligou a cenas de segurança e feriu a alguém e nesse caso aplicamos o
artigo 497/2 do CC.

E se a responsabilidade for da responsabilidade contratual? Se o for contratual então já


não vamos aplicar o artigo 500 mas o 800 do CC:
Artigo 800.º
(Atos dos representantes legais ou auxiliares)
TEXTO
1. O devedor é responsável perante o credor pelos atos dos seus representantes legais ou
das pessoas que utilize para o cumprimento da obrigação, como se tais atos fossem
praticados pelo próprio devedor.
2. A responsabilidade pode ser convencionalmente excluída ou limitada, mediante acordo
prévio dos interessados, desde que a exclusão ou limitação não compreenda actos que
representem a violação de deveres impostos por normas de ordem pública.
A estrutura imputacional deste artigo é completamente diferente porque no âmbito da
responsabilidade contratual não responsabilizamos primeiro o indivíduo e depois a coletiva
e pensamos primeiro – a pessoa coletiva é devedor e daí é ela que protagoniza o
incumprimento (não cumprimento por culpa, por … ou mora) e não havendo esse
cumprimento presume-se culpa. Mas quem responde é aquele vinculado pela obrigação
que era a pessoa coletiva.
E quais são os pressupostos para a responsabilidade contratual das PC:
1º necessário que a PC esteja vinculada por uma obrigação
2º necessário que essa vinculação/obrigação tenha tido origem no ato de alguém como
legitimidade para a vincular (Se falarmos do porteiro de uma sociedade comercial ele não
terá poderes para vincular esta)
3º tem que haver não cumprimento presumindo-se a culpa
4º tem que haver dano e nexo de causalidade
E a partir daqui o artigo 800 permite-nos considerar que o ato de não cumprimento da
pessoa singular deve ser visto como um ato da própria pessoa coletiva.
Reparemos que aqui não há responsabilidade solidária e só responde a pessoa coletiva.
Vamos apenas explicar quais as cenas dos próximos capítulos e o final do semestre… Na
próxima sexta feira não vamos ter a aula das 14:30 por causa da frequência e também não
temos grande possibilidade de nos clonar e o que nos falta é muito pouco para concluir o
program e falta apenas ver algumas considerações sobre um problema que não é
propriamente de TGDC mas um problema que vamos ver em Direito Comercial.
E depois o assunto sobre em dia pensarmos em outros sujeitos da relação de direito civil e
para isso na terça feira ficamos perfeitamente à vontade para concluir essa parte.

Na sexta ficamos dedicados ao esclarecimento de dúvidas que tenhamos.


relativamente a terça feira o favor a pedir é que em vez da aula começar às 14:30 começa
às 15:30 porque a professora vai participar da católica talk que começa ao 12:45 e diz
respeito a problemas da personalidade jurídica e respeito a esses novos sujeitos jurídicos.

Ou para contornar uma proibição legal

Dissemos que os pais não podem vender aos filhos por lei sem o consentimento dos
outros 877 do CC (a tem dois filhos b e c e quer vender a b mas necessita para tanto da
autorização da C para que seja válido o negócio e C não dá a autorização e imaginemos
que o B constitui uma soceidade unipessoal por quotas, ou seja, constroi uma sociedade
comercial pessoa coletiva em que ele é o único sócio e vamos imaginar que A vende
aquele imóvel não ao bernardo mas à sociedade comercial que tem como único sócio
aquele filho a quem não podia vender. A relação jurídica não é com o filho e não cai na
alçada do 877 mas aqui o que está a ser abusado é esta pessoa coletiva para contornar
uma proibição legal e nestas situações chamamos de abuso da personalidade coletiva e
sobre estas situações podemos levantar a pessoa coletiva e consideramos que a relação
se imputa ao sócio e não à sociedade. Este exemplo é muito simples mas podem ser mais
complexos.
É preciso perceber este problema e perceber que há duas perspetivas para abordar este
problema:

-subjetivista – exige como requisitos para esta desocnsideração uma situação de abuso,
que se verifique a intencionalidade e a intenção de obter um fim ilícito.

-objetivista- é necessário para poder levantar esta personalidade coletiva é necessário que
a separação pesosal e patrimonial inerente à pessoa coletiva se mostre em contradição
com intencionalidade do reconhecimento dessa personalidade. Nesta perspetiva objetivista
não era necessária a intenção mas bastava que se verificava esta essa conrtadição entre
a mobilização que se faz da personalidade coletiva e a razão de reconhecimento desta
personalidade.

Com isto chegamos ao fim dos sujeitos da relação jurídica mas vamos dar sobre dois
problemas atuais:

-Se os animais devem ou não ser vistos como sujietos para o direito

-Se os A.I podem ou devem ou não ser considerados sujeitos de direito.

Estas duas questões não se colocam no plano do direito constituído mas no direito a
constituir e os animais vamos dar que são considerados como objetos da relação jurídica e
agora ao menos já não visto como coisas como antigamente.
Esta alteração foi feita no CC e deixaram de ser vistos como coisas e são vistos como
objetos da relação jurídica e do direito real e patrimonial e a pergunta coloca-se no que
virá a ser.
Podem ou não ser visitos como sujeitos de direitos os animais?

Parece que não por odis pontos essenciais:


-Para se ser sujeitos de direirto é se necessariamente também sujeitos de deveres mas
estes não podem ser responsabilizados e não têm as caraterísitcas de autonomia do ser
humano e as lesões dos animais tem o dever de responsabilização aquele com dever de
vigilância deste.

-Os animais não têm a mesma dignidade que se reconhece ao ser humano, Vimos que o
reconhecimetno da personalidade jurídica resultada necessariamente da inerente
dignadade ética do rser humano e isto não ocorre por referência aos animais.

Não obstante, há autores que apresnetam oposições opostas.

Há um autor chamado Tom Regan que vem defender que os animais devem ser vistos
como um fim em si mesmo e seriam portadores de um valor intrínseco e portanto teriam ou
dever-lhes-iam ser reconhecidos direitos como são reconhecidos ao homem e teriam esse
mesmo valor intrínseco do ser humano porque tal como este são capazes de um grua de
inteleg~encia, memória, gerar empatia, etc. e o autor mostra-se incapaz de estabelecer
diferenciações entre os próprios animais.
Problema desta perspetiva é que mostra ser incapaz de estabelecer um critério de
ajuizamente quando está em causa conflitos de diferenciação e como diferenciamos o cão
que gera empatia a todos nós da barata que gera repulsa.
Esta perspetiva esquece-se que a dignidade do ser humano não resulta das caracterísitca
onteológicas mas sim axiológicas e acaba por conduzir à própria degradação do ser
humano e ao esvaziar essa dimensão axiológica do ser humano acaba por comparar
homem e animal.

Outra perspetiva é a de Peter Singer, é um ator que filia nas correntes utilitaristas e coloca
no centro da sua reflexão o princípi oda igualdade só que para ele a igualdade deve ser
igualdade na consideração dos interesses. Nessa medida homens e animais estariam
equiparados porque todos eles têm interesse em não sofrer.
Onde estabelecemos a decisão entre os seres sencientes (capazes de sentir dor) e
aqueles que não o fossem e chegar a algumas considerações engraçadas:

-Não é possível usar animais na alimentação do próprio homem exceto as galinhas que
não têm noção da própria dor. Quando a professora leu isto pelo primeira vez achou
estranho mas depois foi-lhe explicado que as galinhas são dos animais mais estúpidos.

-Admite o infanticídio até determinada idade porque não têm consciência da dor.

-Admite a eutanásia e até a não voluntária de pessoas deficientes por não terem
consciência da dor.

Esta perspetiva choca totalmente com a matriz ético-axiológica de que partimos para
alicerçar todo o ordenamneot jurídico e portanto podemos voltar às nossas considerações
preliminares e que os animais não são sujeitos de direitos.

Mas isso não quer dizer que as pessoas não podem mal tratar os animais (as pessoas
quando houve que estes não têm dirietos pensam que querem maltratar-los mas não é
isso e o homem tem deveres perante os animais que têm 1 de 3 finalidades:

1º salvaguarda dos interesses de certos homens (ex.: proprietário do próprio animal que às
vezes até explora o animal para ganhar dinheiro)

2º em nome da salvaguarda do próprio ecossistema e das gerações futuras (ex.:


salvaguarda de animais em risco de extinção)
3º para salvaguardar os bons costumes (não vamos andar a esfolar cães na rua ou
maltratar este mas tudo bem matar uma barata encontradas à entrada de casa)

Outro probelma colocado é olhar para os algoritmos inteligentes como sujeitos de


direitos...

Estes algoritmos categorizam-se por duas notas principais:

-Pela sua autonomia e em contextos de incerteza podem assumir determinadas decisões

- capacidade de auto-aprendizam – conseguem superar a programação inical através do


processamento massivo da quantidade de dados e através deste processamente, atráves
de corrugações estatísitca riar novos dados auto-aprendendo o que significa que a certa
altura certos atos praticados por estes jão não ligação direta ao seru programador inicial.

Tendo em conta estas caraterísticas determindaos autores teorizam (até por temas ligados
à responsabilidade civil) deivam personificar este alogritmos e deviam ser vistos como
sujeitos de direito).

A estas duas caracterísitcas liga-se o anuncia de um proliferação e de um


desenvolvimento exponencial do AI num futuro próximo que faria com que houvesse quase
uma confusão entre homem e máquina.
Quase miscinação e este ocorria de uma de duas formas:

1º - o próprio homem procurando superar as suas limitações seriam enxertado como


determinadas componentes próprias da IA e num estádio de desenvolvimento futuro
surgiriam verdadeiros ciborges.

2º- os autores anunciam a possibilidade de fazer uma espécie de scan ao cérebro de ser
humano e transferir a network cerebral do cérebro para um computador mais poderoso
que nós e assim atingiria-se a imortalidade como avatar num sítio digital e atingiria-se um
plano sobrehumano.

Há um autor que trabalha na google que diz que está pronto em 2030 e 2040 mas depois
há autores que dizem que não é possível dizendo que não há compatibilidade entre
hardware e software e as sinápses não sobrevivem.
A inteligência artificial é mais inteligente mas não consegue atingir determinadas
dimensões do ser humano que tem um dimensão semântica. A máquina interrelaciona os
dados para criar novos mas não sabe o que são e não distingue bem ou mal,etc. e não
tem acesso a essa dimensão semântica e só vê dados e não sabe o significado dele.

O anúncio dessa miscinação existe e para alguns autores dizem que haverá uma fusão
entre a máquina e o homem e outros dizem que a máquina supera o homem e merece
personalidade jurídica.
Outros autores dizem mesmo que a máquina não atinja este desenvolvimento temos outra
personalidade objetividade à pessoa coletiva e como se atribui a estas poderá se atribuir
aos algoritmos e o que devemos dizer sobre isto:

1- Não é possível estabelecer analogia entre algoritmos e pessoas singulares e como


foi dito não é possível considerar que a inteligência humana seja equiparável à
inteligência do algoritmo e por maior que seja a sua cpaacidade de processamento
de dados o algoritmo não é capaz de aceder à dimensão semântica, de
imaginação, éticas (de lidar com o outro) e não consegue transcender a si próprio.
Considerar o contrário é reduzir a inteligência humana ao processamento de dados
e vai mais além e o ser humano e a sua dignidade vai mais além do que raciocinar
em termos cartesianos (dedutivo)
2- Autonomia dos algoritmos é um a tecnológica e não ético-axiológica
3- Não sabemos qual vai ser o futuro e conhecemos apenas os anúncios deste
mundo novo mas esses anúncios levam-nos a realidade distópicas em que a
máquina controla o homem ou outro homem controlo outra através da ma´quian e
nem tudo o que é visto do ponto de vista técnico deve ser aceite do ponto de vista
ético e à vista desse mundo novo enquanto juristas cabe-nos a nós que essas
situações limite aconteçam.
Há várias situações que no ponto de vista técnico científico é possível mas no
dirieto como clonagem.
4- As pessoas coletivas são criação do direito mas elas são uma criação deste em
nome da salvaguarda dos interesses humanos (pessoas coletivas é uma
organização composta por pessoas com um fim ao qual o OJ atribui personalidade
porque se aprecebe que estas finalidade se prosseguem de melhor forma se os
sujeitos estiverem numa unidade do que separados) na base desta criação está a
salvaguarda do interesse humano e isto não existe no caso dos algoritmos e não
temos uma razão no ponto de vista humano pragmático que justifique essa
atribuição de personalidade jurídica.

(no caso da responsabilidade jurídica houve uma tentativa de deresponsabilização do


operador e do programador do algoritmo e em vez de uma hipótese de
responsabilidade do algoritmo ou dos outros era através de um fundo para restaurar
esses danos) – a verdade é que o algoritmo pode-se desviar do input do operador e do
programa inicial e há portanto já dados que dividem os sistemas de AI entre:

-Sistemas de alto risco – aqui o operador ele vai responder objetivamente


(independentemente de culpa e só pode excluir essa responsabilidade em caso de
força maior)
-Sistema de baixo risco – (não diz que é porque o AI tem vontade própria mas
pode ser isento se comprovar que fez tudo bem e atualizou tudo mas pode ainda
ser responsabilizado se o terceiro que fez alguma coisa mal e não for apanhado ou
não tiver condições de pagar)

Há um autor alemão Ray (Raymond) Kurzweil que diz que poder haver uma
titularidade parcial no que toca à titularidade dos dados criados depois

Por enquanto a resposta irá ser que não faz sentido atribuir personalidade jurídica
aos algoritmos.

Esta pequena parte a partir do nº4 não faz parte.

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