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OS SETE SABERES NECESSÁRIOS À


EDUCAÇÃO DO FUTURO.

EDGAR MORIN

PROF.ª MÉRCIA MIRANDA VASCONCELLOS CUNHA


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LINHAS GERAIS DE REFLEXÃO

Com a intenção de buscar sociedade mais justa, fraterna e solidária, Morin assume compromisso com a educação de
qualidade que, segundo ele, necessariamente, passa por renovação de paradigma, a fim de incorporar novos desafios tanto
à escola, quanto à humanidade → Renovação de paradigma é necessária para vivenciar os desafios da educação e sociedade
→ É necessário promover a circulação de saberes que nos motivem a romper a fragmentação do conhecimento.

Edgar Morin nos convida ao olhar sistêmico na educação, a disseminar uma nova ética que agrega, por ter percepção da
complexidade do pensamento, percepção ecológica profunda, capaz de relacionar, contextualizar e religar diferentes saberes
ou dimensões da vida → é necessário mentes abertas, escutas mais sensíveis, pessoas mais responsáveis e comprometidas
com a transformação de si e do mundo.

Educação de qualidade → renovação de paradigma → olhar sistêmico → percepção da complexidade do pensamento,


percepção ecológica profunda → novas práticas pedagógicas.
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Educação pautada nos 7 saberes, que privilegie o desenvolvimento da compreensão e da condição humana, a cidadania
planetária e na ética do gênero humano → Novas práticas pedagógicas.

Construção de um conhecimento de natureza transdisciplinar envolvendo → indivíduo sociedade natureza

Linhas fundamentais do pensamento do autor neste livro:

1. Novo paradigma – olhar sistêmico, integrador, transdisciplinar, ecológico;


2. Novas práticas pedagógicas → pautadas no desenvolvimento da compreensão e da condição humana, na cidadania
planetária e na ética do gênero humano;
3. Novos desafios e práticas educacionais para romper a fragmentação do conhecimento;
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CAPÍTULO I

AS CEGUEIRAS DO CONHECIMENTO : O ERRO E A ILUSÃO

Há cegueira da educação que visa transmitir conhecimentos em relação ao conhecimento do ser humano, suas
enfermidades, potencialidades → Conhecimento não pode ser considerado ferramenta ready made (pronta) – sem haver
uma busca do que seja o “conhecimento do conhecimento” → A educação deve dedicar-se à identificação da origem dos
erros, ilusões e cegueiras.

Conhecimento “pronto” “não cessa de parasitar a mente humana”. (p. 15)

Todo conhecimento comporta erro e ilusão → Não há conhecimento que não esteja em algum grau, ameaçado pelo erro e
pela ilusão → O conhecimento não é espelho de coisas ou do mundo externo → é fruto de PERCEPÇÕES que são, ao
mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos
→ O conhecimento racional não está livre dos erros.
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O erro de percepção é somado ao erro intelectual → sob a forma de palavra, ideia, teoria, o erro intelectual é reconstruído e
repassado por meio de linguagem e do pensamento e se acresce à percepção;

A projeção de nossos desejos, medos e perturbações mentais trazidas por nossas emoções multiplicam os riscos de erro; (o
desenvolvimento da inteligência é inseparável do mundo da afetividade .

Há um eixo entre intelecto afeto → A afetividade pode asfixiar e fortalecer o conhecimento – estreita relação entre
conhecimento e afetividade;

A faculdade de raciocinar pode ser diminuída ou mesmo destruída pelo defict de emoção – o enfraquecimento da capacidade
de reagir emocionalmente pode mesmo estar na raiz de comportamentos irracionais;
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PONTOS IMPORTANTES

✓ Todo conhecimento está sujeito a erros e ilusões;


✓ Conhecimento racional não está livre de erros;
✓ Desenvolvimento da inteligência é inseparável da afetividade;
✓ Não existe conhecimento pronto;
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Erros mentais, intelectuais, da razão

Erros mentais → Incapacidade de distinguir a alucinação da percepção, o sonho da vigília, o imaginário do real, o subjetivo do
objetivo → 98% da nossa conexão com o mundo refere-se ao funcionamento interno – mundo psíquico em que fermentam
necessidades, sonhos, desejos, ideias, imagens, fantasias → Pessoas podem contar mentiras para si próprias e deformam as
percepções e memórias → Egocentrismo, necessidade de autojustificativa, tendência de projetar no outro a causa do mal.

Erros intelectuais → Sistemas de ideias, teorias, doutrinas, ideologias estão sujeitos a erros e protegem os erros e ilusões
neles inscritos → Faz parte da lógica organizadora de qualquer sistema de ideias RESISTIR à informações que não lhes convém
ou que não pode assimilar → argumentos contrários são rechaçados, porque eles são considerados como perigo à verdade do
sistema.

Erros da razão → A atividade racional da mente é a melhor proteção contra o erro e a ilusão → Racionalidade construtiva →
elabora teoria coerentes, verifica dados empíricos, compatibilidade entre as ideias que compõem a teoria – deve permanecer
aberta ao que contesta para evitar que se feche em doutrina e se converta em racionalização.
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Racionalidade → Sistema aberto, traz em seu seio possibilidade de erro e de ilusão. Dialoga com real, opera debate
incessante entre a instância lógica e a empírica, é o fruto de debate argumentado de ideias e não a propriedade de um
sistema de ideias. Consegue identificar suas insuficiências.

Racionalização → Sistema lógico perfeito que nega contestação, argumentos e verificação empírica. Sistema fechado.
Constitui fonte poderosa de erro e ilusão. Ignora a subjetividade, a afetividade.

Ocidentais acreditaram ser “portadores da verdade”, ser “proprietários da racionalidade”, ter uma “razão todo-poderosa”,
vendo apenas erros, ilusões e atrasos em outras culturas e julgava qualquer cultura sob a medida do desempenho
tecnológico. (Racionalização) → Qualquer cultura há racionalidade na organização, na elaboração das ferramentas, no
conhecimento das plantas.
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Educação do futuro→ Reconhecer o princípio da incerteza racional → A racionalidade corre o risco constante, devendo
manter-se vigilante e crítica, para não cair na ilusão racionalizadora. “A verdadeira racionalidade é teórica, crítica e autocrítica.

Pontos importantes:
• A verdadeira racionalidade é teórica, crítica, autocrítica, portanto aberta ao que contesta;
• Educação do futuro deve reconhecer o princípio da incerteza racional – deve manter-se vigilante e crítica e evitar
“racionalizações”, evitar fechar-se ao novo, ao diferente, ao discordante;
• Racionalidade é diferente de racionalização. Racionalidade é sistema aberto que dialoga, argumenta, identifica suas
insuficiências. Racionalidade é sistema fechado que nega contestação;
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As cegueiras paradigmáticas

Além de se verificarem os erros e ilusões na coerência lógica das teorias e na verificação empírica, estes também se
apresentam na “zona invisível dos paradigmas”.

Paradigma → conjunto de ideias, teorias, conceitos, operações lógicas, interpretações e ações partilhados por determinada
comunidade → papel, ao mesmo tempo, subterrâneo e soberano em qualquer teoria, doutrina ou ideologia → O paradigma
é inconsciente, mas funda e irriga todo o pensar consciente, controlando-o → Um paradigma pode, ao mesmo tempo,
elucidar e cegar, revelar e ocultar → O paradigma determina escolhas, ações, teorias, operações lógicas, atribui universalidade
e validade à lógica que elegeu → O paradigma funda o AXIOMA e expressa-se em axioma (verdades inquestionáveis) → O
paradigma efetua a seleção e determinação dos conceitos e das operações lógicas, designa categorias fundamentais para sua
compreensão e controla o emprego delas na comunidade. “Os indivíduos conhecem, pensam e agem segundo paradigmas
inscrito culturalmente neles,” (p. 24) → A não obediência ao “comando paradigmático” será clandestina, marginal e desviante.
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O “grande paradigma do Ocidente”, formulado por Descartes e imposto pelo desdobramento da história europeia a partir do
século XVII → O paradigma cartesiano separa o sujeito e o objeto, cada qual na esfera própria: a filosofia e a pesquisa
reflexiva, de um lado, a ciência e a pesquisa objetiva, de outro. Esta dissociação atravessa o universo de um extremo ao outro:
Sujeito/Objeto, Alma/Corpo, Espírito/Matéria, Qualidade/Quantidade, Finalidade/Causalidade, Sentimento/Razão,
Liberdade/Determinismo, Existência/Essência.

Ao determinismo de paradigmas e modelos explicativos associa-se o determinismo de convicções e crenças, que, quando
reinam em uma sociedade, impõem a todos e a cada um a força imperativa do sagrado, a força normalizadora do dogma, a
força proibitiva do tabu. As doutrinas e ideologias dominantes dispõem, igualmente, da força imperativa que traz a evidência
aos convencidos e da força coercitiva que suscita o medo inibidor nos outros.
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Paradigma + crenças oficiais + doutrinas reinantes + verdades estabelecidas + discursos oficiais → poder imperativo e
proibitivo → criam estereótipos cognitivos, ideias recebidas sem exame, conformismo cognitivo, conformismo intelectual,
bloqueio de novos pensares. Aprisionam o conhecimento no multideterminismo de imperativos, normas, proibições, rigidez e
bloqueios.

IMPRINTING e normalização→ O determinismo dos paradigmas e modelos explicativos soma-se às convicções e crenças →
impõem a força imperativa da verdade, a força normalizadora do dogma e força proibitiva dos tabus.

Imprinting – termo proposto por Konrad Lorenz para dar conta da marca indelével imposta pelas primeiras experiências do
animal recém-nascido fazendo com que o que ocorre com ele nas primeiras experiências serão suas verdades. A fábula do
Patinho Feio é um exemplo.

Imprinting cultural → marca matricial que inscreve o conformismo a fundo e a normalização que elimina o que poderia
contestá-lo → marcam os humanos desde o nascimento, primeiro com o selo da cultura familiar, escolar, universidade, vida
profissional;
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Crenças e ideias postas são seres mentais que têm vida e poder e podem nos possuir → noosfera → esfera das coisas do
espírito, com o surgimento dos mitos, dos deuses → Produtos da nossa alma e nossa mente, ela está em nós e nós, nela.

Como noosfera, as ideias tomaram forma, consistência e realidade, nos possuem e nos condicionam com a aparência da
racionalidade. Existe grande dificuldade em reconhecer o mito oculto sob a etiqueta da ciência ou razão – escravidão.

As ideias não podem se identificar com o real. As ideias são mediadoras, não são um fim em si mesmas.

O inesperado surpreende-nos, o novo brota sem parar → Incerteza do conhecimento → é preciso, constantemente, rever
teorias, ideias para receber o novo. Novas reflexões, interrogações oxigenam o conhecimento → integração do conhecedor
em seu conhecimento → deve ser para a educação um princípio e necessidade permanentes → Na busca da verdade, as
atividades de auto-observação são inseparáveis, bem como as autocríticas e críticas, processo de reflexão e objetivação.
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O conhecimento do conhecimento → Integração do conhecedor em seu conhecimento → Na busca da verdade, as atividades


auto observadoras devem ser inseparáveis das atividades observadoras, as autocríticas, inseparáveis das críticas, os processos
reflexivos, inseparáveis dos processos de objetivação.

Metapontos de vista → Refletir sobre a razão e sobre o fundamento último daquele ponto de vista.

As possibilidades de erro e de ilusão são múltiplas e permanentes: aquelas oriundas do exterior cultural e social inibem a
autonomia da mente e impedem a busca da verdade; aquelas vindas do interior, encerradas, às vezes, no seio de nossos
melhores meios de conhecimento, fazem com que as mentes se equivoquem de si próprias e sobre si mesmas.

Desconfiar das ideias ideais, “civilizar nossas teorias”, que sejam abertas, racionais, críticas, reflexivas, autocríticas e aptas a
mudanças constantes → NOVO PARADIGMA – CONHECIMENTO COMPLEXO.
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CAPÍTULO II

OS PRINCÍPIOS DO CONHECIMENTO PERTINENTE


O conhecimento deve ser situado no contexto e no complexo planetário → reforma de pensamento → Educação do futuro →
questão fundamental da Educação → Contexto + global + multidimensional + complexo = influenciam no conhecimento.

Contexto → Informações isoladas não são suficientes. O contexto faz mudar a interpretação.
Global → relação todo com suas partes. É mais do que o contexto → é o conjunto das partes relacionadas ao todo, e as partes
do todo em relação. O todo tem qualidades que as partes isoladas não possuem. Existe presença do todo em cada parte (cada
célula contém o patrimônio genético do todo).
Multidimensional → O ser humano é, ao mesmo tempo, biológico, psíquico, social, afetivo, racional. Na sociedade, as
dimensões econômica, jurídica, social, religiosa, cultural, afetiva são todas interligadas.
Complexo → Interrelação entre a unidade e a multiplicidade. A educação deve promover a “inteligência geral” apta a referir-
se ao complexo, ao contexto, de modo multidimensional e dentro da concepção global.
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Inteligência geral → Conhecer os dados particulares, organizando a mobilização dos conhecimentos de conjunto.
Competências gerais da mente são melhores que especializadas ou particularizadas. A educação deve favorecer a aptidão
natural da mente em formular e resolver problemas essenciais e estimular a inteligência geral, o que pede o livre exercício da
curiosidade → Ao promover a inteligência geral a educação ajudará a superar as antinomias e identificar falsas racionalidades.

Antinomia → Contradições que provocam disjunções, desunião, fragmentação. Por exemplo, as dimensões humanas são
estudadas separadamente : cérebro (biologia), dimensão psíquica, religiosa, econômica são separadas umas das outras nos
departamentos de ciências humanas. Caracteres subjetivos da dimensão humana encontram-se nos departamentos de
literatura e poesia→ Mentes formadas pelas disciplinas perdem as aptidões naturais para contextualizar os saberes, do
mesmo modo que para integrá-los em seus conjuntos naturais → A fragmentação em disciplinas impossibilita o aprendizado
do que “está tecido junto”, ou seja, do complexo.
O conhecimento especializado é uma forma de abstração, rejeita laços e intercomunicações do meio e com o meio. O autor
afirma que a economia é a ciência social matematicamente mais avançada, mas também a ciência social e humanamente mais
atrasada, porque se abstraiu das condições sociais, históricas, políticas, psicológicas, ecológicas inseparáveis das atividades
econômicas.
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O princípio da redução limita o conhecimento do todo ao conhecimento das suas partes, como se a organização do todo
não produzisse qualidades ou propriedades novas em relação às partes consideradas isoladamente → oculta o imprevisto,
o novo, a invenção.
• A incapacidade de organizar o saber disperso e compartimentado conduz à atrofia da disposição mental natural de
contextualizar e de globalizar.
• Problemas essenciais → disjunção e especialização fechada, redução e disjunção, falsa racionalidade;

Falsa racionalidade/Pseudorracionalidade → racionalização abstrata e unidimensional. Soluções presumivelmente


racionais trazidas por peritos técnicos, convencidos de trabalharem para a razão e para o progresso, empobreceram em vez
de enriquecer, destruíram ao criar. Desmatamento, fome, desertificação de terras, lugares isolados pelo tédio, sujeira,
degradação, delinquência.
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Pseudorracionalidade → dominou o século XX, presumiu ser a única racionalidade, mas atrofiou a compreensão, a reflexão e
a visão em longo prazo → catástrofes humanas → Contribuiu para agravar os problemas da humanidade → Grande paradoxo
→ o século XX produziu avanços gigantescos em todas as áreas do conhecimento científico e em todos os campos da técnica,
ao mesmo tempo produziu mais fome, desigualdade e morte. Por quê? Porque os cientistas e técnicos desconhecem os
princípios maiores do conhecimento pertinente. A compartimentação do conhecimento impede a apreensão do que “é tecido
junto”.

Não deveria o novo século se emancipar do controle da racionalidade mutilada e mutiladora, a fim de que a mente humana
pudesse, enfim, controlá-la? Trata-se de entender o pensamento que separa e que reduz, no lugar do pensamento que
distingue e une. Não se trata de abandonar o conhecimento das partes pelo conhecimento das totalidades, nem da análise
pela síntese; é preciso conjugá-las. Existem desafios da complexidade com os quais os desenvolvimentos próprios de nossa era
planetária nos confrontam inelutavelmente.
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CAPÍTULO III

ENSINAR A CONDIÇÃO HUMANA


A educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e universal, centrado na condição humana. Estamos na era planetária.
Uma aventura comum conduz os seres humanos, onde quer que se encontrem. Estes devem reconhecer-se em sua
humanidade comum e ao mesmo tempo reconhecer a diversidade cultural inerente a tudo que é humano → A educação do
futuro deverá ensinar a condição humana, ser o ensino primeiro e universal. Conhecer o humano é situá-lo no universo,
promover grande remembramento dos conhecimentos oriundos das ciências naturais, a fim de situar a condição humana no
mundo, colocar em evidência a multidimensionalidade e complexidade humanas.

É importante reconhecer nosso duplo enraizamento no cosmos físico e na esfera viva → Somos originários do cosmos, da
natureza, da vida, mas devido à própria humanidade, à cultura, à mente, à consciência, tornamo-nos estranhos ao cosmos→
Estamos simultaneamente dentro e fora da natureza. A terra, que fica em um gigantesco cosmos em expansão,
autoproduziu-se e se auto organizou na dependência do sol. Somos seres cósmicos e terrestres a um só tempo → como
seres vivos dependemos da biosfera terrestre.
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O humano é, a um só tempo, plenamente biológico e plenamente cultural.A cultura acumula em si o que é conservado,
transmitido, aprendido → O homem somente se realiza como ser humano pela cultura e na cultura → Não há cultura sem
cérebro humano. Não há mente (capacidade de consciência e pensamento) sem cultura. Há um funcionamento
interconectado entre cérebro, mente e cultura.

A racionalidade NÃO possui poder supremo → Existem conflitos entre razão, afetividade, pulsão → Da mesma forma existe o
circuito interligado “relação tríade” indivíduo, sociedade, espécie.

Os indivíduos são produtos do processo reprodutor da espécie humana → na interação com outro indivíduo ocorre a
reprodução → As interações entre indivíduos produzem a sociedade e também a cultura que influencia os indivíduos pela
transmissão cultural. Todo desenvolvimento verdadeiramente humano significa o desenvolvimento conjunto das
autonomias individuais das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana.

A educação do futuro deve cuidar para que a unidade da espécie humana não apague a ideia de diversidade e que a da
diversidade não apague a unidade.
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Compreender o humano é compreender sua unidade na diversidade, sua diversidade na unidade. Unidade do múltiplo,
multiplicidade do uno, em todas as esferas: individual, social, cultural.
Os indivíduos são produtos do processo reprodutor da espécie humana. As interações entre indivíduos produzem a
sociedade, que testemunha o surgimento da cultura, e que retroage sobre os indivíduos pela cultura.

Individual → todo ser humano carrega a unidade/diversidade nas células, na fisiologia, no intelecto, na afetividade;
Sociedade → várias organizações sociais e culturais. Não há A cultura, mas as culturas – conjuntos de saberes, fazeres,
regras, normas, proibições, estratégias, crenças, ideias, valores, mitos que se transmitem de geração em geração e se
reproduzem em cada indivíduo, controla a existência da sociedade e mantém a complexidade psicológica e social.
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O século XXI deverá abandonar a visão unilateral que define o ser humano pela racionalidade, pela técnica, pelas atividades
utilitárias, pelas necessidades obrigatórias. O ser humano é complexo e traz em si, de modo bipolarizado, contradições:
sábio/louco; trabalhador/lúdico; empírico/imaginário. O homem da racionalidade é também o da afetividade, do mito e do
delírio → Somos seres infantis, neuróticos, delirantes e também racionais. Tudo isso é humano → homo complexus.

A educação deve mostrar e ilustrar o destino multifacetado da espécie humana, o destino individual, o destino social, o
destino histórico, todos entrelaçados e inseparáveis. Cidadãos da Terra → A educação deverá ilustrar este princípio de
unidade/diversidade em todas as esferas.

Esfera individual → existe unidade/diversidade genética →Todo ser humano traz geneticamente em si a espécie humana e
compreende geneticamente a própria singularidade anatômica, fisiológica.
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Esfera social → Na esfera da sociedade, existe a unidade/diversidade das línguas (todas diversas a partir de uma estrutura de
dupla articulação comum, o que nos torna gêmeos pela linguagem e separados pelas línguas), das organizações sociais e das
culturas.

Esfera cultural → O duplo fenômeno da unidade e da diversidade das culturas é crucial. A cultura mantém a identidade
humana naquilo que tem de específico; as culturas mantêm as identidades sociais naquilo que têm de específico. As culturas
são aparentemente fechadas em si mesmas para salvaguardar sua identidade singular. Mas, na realidade, são também
abertas: integram nelas não somente os saberes e técnicas, mas também ideias, costumes, alimentos, indivíduos vindos de
fora.
A cultura existe por meio das culturas. Duplo fenômeno. A cultura mantém a identidade social. As assimilações de uma
cultura a outra são enriquecedoras. A desintegração de uma cultura, sob o efeito destruidor da dominação técnico-
civilizacional é uma perda de toda a humanidade, cuja diversidade constitui um dos mais preciosos tesouros.
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O ser humano é um ser racional e irracional, capaz de medida e desmedida; sujeito de afetividade intensa e instável. Sorri, ri,
chora, mas sabe também conhecer com objetividade; é sério e calculista, mas também ansioso, angustiado, gozador, ébrio,
extático; é um ser de violência e de ternura, de amor e de ódio; é um ser invadido pelo imaginário e pode reconhecer o real,
que é consciente da morte, mas que não pode crer nela; que secreta o mito e a magia, mas também a ciência e a filosofia;
que é possuído pelos deuses e pelas Ideias, mas que duvida dos deuses e critica as ideias; nutre-se dos conhecimentos
comprovados, mas também de ilusões e de quimeras.
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CAPÍTULO IV
CAPÍTULO IV

ENSINAR A IDENTIDADE TERRENA

“Apenas o sábio mantém o todo constantemente na mente, jamais esquece o mundo, pensa e age em relação ao cosmo.” Groethuysen

Tanto a condição humana no mundo como a condição do mundo humano se tornou condição da era planetária → Entramos
a partir do século XVI na era planetária, e encontramo-nos desde o final do século XX na fase da mundialização → O gênero
humano possui em si mesmo recursos criativos inesgotáveis, pode-se, então, vislumbrar, para o terceiro milênio, a
possibilidade de nova criação: a cidadania terrestre e a educação que é, ao mesmo tempo, transmissão do antigo e abertura
da mente para o novo.

É preciso aprender a “estar aqui” no planeta → Aprender a viver, dividir, comunicar, comungar, aprender a ser, a viver, a
comunicar como HUMANOS DO PLANETA TERRA, não mais somente pertencentes a uma cultura, mas seres terrenos. Para
isso, o autor afirma que devemos ter em nós: consciência antropológica + ecológica + cívica terrena + espiritual da condição
humana → A ideia é unir as pátrias, familiares, regionais, nacionais e integrá-las a universo concreto da pátria terrestre.
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O século XX foi o da aliança entre duas barbáries: a primeira vem das profundezas dos tempos e traz guerra, massacre,
deportação, fanatismo. A segunda, gélida, anônima, vem do âmago da racionalização, que só conhece o cálculo e ignora o
indivíduo, seu corpo, seus sentimentos, sua alma, e que multiplica o poderio da morte e da servidão técnico-industriais →
herança de morte.

O ocaso do século XX deixou como herança contracorrentes regeneradoras → Ecológica, qualitativa, de resistência à vida
utilitária, de resistência ao consumo padronizado, pacificação, identidade terrena.

Identidade terrena → Se a noção de pátria comporta identidade comum, relação de filiação afetiva à substância tanto
materna como paterna, enfim, uma comunidade de destino, então podemos fazer avançar a noção Terra-pátria→ Precisamos
aprender a ser, viver, dividir e comunicar como humanos do planeta Terra, não mais somente pertencer a uma cultura, mas
também ser terrenos.
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Devemos inscrever em nós:

• a consciência antropológica, que reconhece a unidade na diversidade;


• a consciência ecológica, isto é, a consciência de habitar, com todos os seres mortais, a mesma esfera viva (biosfera):
reconhecer a união consubstancial com a biosfera e em vez de buscar dominar o universo, passa-se a nutrir a aspiração de
convivibilidade sobre a Terra;
• a consciência cívica terrena, isto é, da responsabilidade e da solidariedade para com os filhos da Terra;
• a consciência espiritual da condição humana que decorre do exercício complexo do pensamento e que nos permite, ao
mesmo tempo, criticar-nos mutuamente e autocriticar-nos e compreender-nos mutuamente.
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CAPÍTULO V
CAPÍTULO V

ENFRENTAR AS INCERTEZAS
“ O conhecimento é a navegação em um oceano de incertezas entre arquipélagos de certezas.”

O futuro é aberto e imprevisível, instável e incerto. O homem é confrontado com incertezas, porque a mudança é a certeza. O
conhecimento é também uma aventura incerta que comporta, em si mesma, o risco de ilusão e de erro. Nas certezas
doutrinárias, dogmáticas e intolerantes encontram-se as piores ilusões e os piores erros.

Ecologia da ação → Ter a consciência do risco e da incerteza na ação, para isso, é necessário levar em consideração a
complexidade que essa ação supõe, ou seja, levar em consideração o aleatório, o acaso, a iniciativa, a decisão, o inesperado,
o imprevisto, a consciência de transformações. Compreende 03 princípios:
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1. Circuito risco/precaução → risco calculado, com madura reflexão.

2. Circuito meio/fins → Os fins podem ou não justificar o meio. Os meios se interconectam com outros meios utilizados no
processo da ação, então, se usarmos meio sórdidos a serviço de fins nobres, é quase inevitável que aqueles pervertam e
terminem por substituí-los. No entanto, não é absolutamente certo que a pureza dos meios conduza aos fins desejados.
Incerteza quanto aos fins e os meios.

3. Circuito ação/contexto → Toda ação escapa a vontade de seu autor quando entra em determinado contexto.
Os efeitos de curto prazo podem ser calculados, mas de longo prazo são imprevisíveis. Por isso, nenhuma ação está segura de
ocorrer conforme o previsto, no sentido da intenção.

Estratégias para enfrentar a incerteza da ação → Tomar uma decisão + fazer escolha consciente da incerteza + estratégia
para ação que leve em conta as complexidades inerentes às próprias finalidades.
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CAPÍTULO VI
CAPÍTULO VI

ENSINAR A COMPREENSÃO
Educar para compreender a humanidade → Ensinar a compreensão entre as pessoas como condição e garantia da
solidariedade intelectual e moral da humanidade → Compreensão entre humanos, povos de diferentes origens culturais +
compreensão entre humanos próximos.

A comunicação não nos garante a compreensão. Compreender significa apreender em conjunto, “abraçar junto”. A
compreensão vai além da explicação. Compreender inclui, necessariamente processo de empatia, de identificação e de
projeção. A compreensão é intersubjetiva e pede abertura, simpatia e generosidade → Deve-se educar para os obstáculos à
compreensão, tais como: “ruído” que cria o mal entendido ou o não entendido/ polissemia (vários significados)/ Ignorância
dos ritos e costumes do outro/ incompreensão dos valores imperativos da outra cultura/ incompreensão dos imperativos
éticos da outra cultura/ da outra visão de mundo/ incompreensão da estrutura mental em relação a outra cultura.

A incompreensão de si é fonte importante da incompreensão do outro.


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A informação, se for bem transmitida e compreendida, traz inteligibilidade, condição primeira necessária, mas não
suficiente, para a compreensão.

Há duas formas de compreensão: a compreensão intelectual ou objetiva e a compreensão humana intersubjetiva.


Compreender significa intelectualmente apreender em conjunto, abraçar junto (o texto e seu contexto, as partes e o todo, o
múltiplo e o uno). A compreensão intelectual passa pela inteligibilidade e pela explicação. A compreensão humana vai além
da explicação.

Educação para os obstáculos à compreensão → Muitos obstáculos à compreensão podem ocorrer:


** “ruído” que parasita a transmissão da informação, cria o mal-entendido ou o não-entendido.
**Polissemia de uma noção que, enunciada em um sentido, é entendida de outra forma; assim, a palavra “cultura”,
verdadeiro camaleão conceptual, pode significar tudo que, não sendo naturalmente inato, deve ser aprendido e adquirido;
pode significar os usos, valores, crenças de uma etnia ou de uma nação; pode significar toda a contribuição das
humanidades, das literaturas, da arte e da filosofia.
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** Ignorância dos ritos e costumes do outro, especialmente dos ritos de cortesia, o que pode levar a ofender
inconscientemente ou a desqualificar a si mesmo perante o outro.
** Incompreensão dos Valores imperativos propagados no seio de outra cultura, como o são nas sociedades tradicionais o
respeito aos idosos, a obediência incondicional das crianças, a crença religiosa ou, ao contrário, em nossas sociedades
democráticas contemporâneas, o culto ao indivíduo e o respeito às liberdades.
**Incompreensão dos imperativos éticos próprios a uma cultura, o imperativo da vingança nas sociedades tribais, o
imperativo da lei nas sociedades evoluídas.
**Impossibilidade de compreender as ideias ou os argumentos de outra visão do mundo, como de resto no âmago da
filosofia, de compreender outra filosofia.
**Impossibilidade de compreensão de uma estrutura mental em relação a outra.
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Perigo do espírito redutor → reduzir o conhecimento do complexo a um de seus elementos, considerado como o mais
significativo.

Importância da ética da compreensão → arte de viver de modo desinteressado, sem esperar reciprocidade. É compreender a
incompreensão, é argumentar em vez de excomungar ou agir violentamente. A compreensão não desculpa nem acusa.
Compreender antes de condenar → estaremos no caminho da humanização das relações humanas.

Favorecem à compreensão → O “bem pensar” (apreender o texto e o contexto) + a introspecção/ autoexame crítico que
permite que reconheçamos os nossos erros e desvios e não assumamos a posição de juiz de todas as coisas.

Requisitos para a compreensão → conhecimento da complexidade humana/ abertura subjetiva em relação ao outro/
interiorização da tolerância.
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A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim da comunicação humana. O planeta necessita, em todos os sentidos, de
compreensões mútuas. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas
as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita da reforma planetária das mentalidades → tarefa da educação
do futuro.
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CAPÍTULO VII
CAPÍTULO VII

A ÉTICA DO GÊNERO HUMANO


Indivíduo, sociedade e espécie são termos, ao mesmo tempo, meio e fim dos outros, não podendo absolutizar nenhum deles.
Tríade complexa da qual emerge a consciência do gênero humano, da humanidade, antropoética.

Antropoética pressupõe: compreender a complexidade do ser/ alcançar a humanidade em nós mesmos na nossa
consciência pessoal/ assumir o destino humano em suas antinomias e plenitudes.

Missão antropológica do milênio → Trabalhar para a humanização da humanidade/ obedecer a vida e guiar a vida/ alcançar
a unidade planetária na diversidade/ respeitar no outro a diferença e identidade quanto a si mesmo/ desenvolver a ética da
solidariedade/ desenvolver a ética da compreensão/ ensinar a ética do gênero humano/ ensinar a democracia com respeito à
diversidade.
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Democracia e complexidade → A democracia não pode ser definida de modo simples. A soberania do povo cidadão comporta
ao mesmo tempo a autolimitação desta soberania pela obediência às leis e a transferência da soberania aos eleitos. A
democracia comporta ao mesmo tempo a autolimitação do poder do Estado pela separação dos poderes, a garantia dos
direitos individuais e a proteção da vida privada.

Deve comportar o direito das minorias e dos contestadores à existência e à expressão, devendo permitir a expressão de ideias
heréticas e desviantes. É preciso proteger a diversidade das ideias e opiniões, bem como salvaguardar a diversidade de fontes
de informação e meios de informação → Caráter-chave da democracia: elo vital com a diversidade.

Caráter dialógico, que permite o diálogo entre termos antagônicos. É necessário regenerar ou democratizar. A regeneração
democrática supõe a regeneração do civismo que, por sua vez, supõe a regeneração da solidariedade e da responsabilidade,
ou seja, o desenvolvimento da antropoética.
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A democracia supõe e nutre a diversidade dos interesses, assim como a diversidade de ideias. O respeito à diversidade
significa que a democracia não pode ser identificada com a ditadura da maioria sobre as minorias; deve comportar o direito
das minorias e dos contestadores à existência e à expressão, e deve permitir a expressão das ideias heréticas e desviantes. Do
mesmo modo que é preciso proteger a diversidade das espécies para salvaguardar a biosfera, é preciso proteger a diversidade
de ideias e opiniões, bem como a diversidade de fontes de informação e de meios de informação (impressa, mídia), para
salvaguardar a vida democrática → A democracia necessita ao mesmo tempo de conflitos de ideias e de opiniões, que lhe
conferem sua vitalidade e produtividade.

A democracia constitui a união entre a união e a desunião; tolera e nutre-se endemicamente, às vezes explosivamente, de
conflitos que lhe conferem vitalidade. Vive da pluralidade, até mesmo na cúpula do Estado (divisão dos poderes executivo,
legislativo, judiciário), e deve conservar a pluralidade para conservar-se a si própria.
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Todas as características importantes da democracia têm um caráter dialógico que une de modo complementar termos
antagônicos: consenso/conflito, liberdade/igualdade/ fraternidade, comunidade nacional/antagonismos sociais e
ideológicos→ depende das condições que dependem de seu exercício (espírito cívico, aceitação da regra do jogo
democrático).

A dominação, a opressão, a barbárie humanas permanecem no planeta e agravam-se. Trata-se de problema antropohistórico
fundamental, para o qual não há solução a priori, apenas melhoras possíveis, e que somente poderia tratar do processo
multidimensional que tenderia a civilizar cada um de nós, nossas sociedades, a Terra → A sós e em conjunto com a política do
homem, a política de civilização, a reforma do pensamento, a antropoética, o verdadeiro humanismo, a consciência da Terra-
Pátria reduziriam a vergonha no mundo
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O educador do futuro deve ensinar a cidadania terrestre → A Humanidade deixou de constituir uma noção apenas
biológica e deve ser, ao mesmo tempo, plenamente reconhecida em sua inclusão indissociável na biosfera → a Humanidade
deixou de constituir uma noção sem raízes: está enraizada em uma “Pátria”, a Terra, e a Terra é uma Pátria em perigo → A
Humanidade deixou de constituir uma noção abstrata: é realidade vital, pois está, doravante, pela primeira vez, ameaçada
de morte; a Humanidade deixou de constituir uma noção somente ideal, tornou-se uma comunidade de destino, e somente
a consciência desta comunidade pode conduzi-la a uma comunidade de vida; a Humanidade é, daqui em diante, sobretudo,
uma noção ética: é o que deve ser realizado por todos e em cada um.
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QUESTÃO 01
QUESTÃO 1

Edgar Morin afirma que é “preciso aprender a enfrentar a incerteza, já que vivemos em uma época de mudanças, em que os
valores são ambivalentes, em que tudo é ligado”. O autor afirma que “a educação do futuro deve voltar-se para as incertezas
ligadas ao conhecimento”. Ao discutir essa questão, ele faz menção a um princípio de incerteza cérebro-mental, que:

a) decorre do processo de tradução/reconstrução próprio a todo conhecimento.


b) advém da falta de autocrítica no processo de racionalidade.
c) emana da impossibilidade humana de se atingir uma consciência integral.
d) diz respeito a deficiências neurológicas que prejudicam a cognição.
e) procede de lacunas no desenvolvimento da competência lógico-matemática.
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QUESTÃO 02
QUESTÃO 2

Para Morin, (2011) qual opção não está em conformidade com os “Sete Saberes necessários à Educação do Futuro”?

a) Para além da relação autoritária ou democrática na sala de aula.


b) As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão.
c) Os princípios do conhecimento pertinente.
d) Ensinar é condição humana.
e) Enfrentar as incertezas.
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QUESTÃO 03
QUESTÃO 3

Ao tecer algumas considerações acerca das cegueiras do conhecimento, Edgar Morin afirma que a:

a) racionalidade é uma qualidade da qual a civilização ocidental tem o monopólio.


b) racionalização, além de ser aberta, é a melhor proteção contra o erro e a ilusão.
c) verdadeira racionalidade deve restringir-se ao caráter lógico da organização teórica.
d) racionalização e a racionalidade são, na verdade, o mesmo fenômeno ou processo.
e) racionalidade é o fruto do debate argumentado das ideias, e não a propriedade de um sistema de ideias.
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QUESTÃO 04
QUESTÃO 4

Edgar Morin, em Os sete saberes necessários para a educação do futuro, propõe que dois desses saberes devem ser:

a) a pontualidade e a racionalidade.
b) o conhecimento e a compreensão humana.
c) a lógica e o conhecimento.
d) a compreensão humana e o capitalismo.
e) a racionalidade e o conhecimento.
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QUESTÃO 05
QUESTÃO 5

Edgar Morin escreveu “Os sete saberes necessários à Educação do Futuro”, destacando a compreensão humana como um
desses saberes. Assinale a alternativa CORRETA sobre compreensão humana:

a) Nunca é um reflexo ou espelho da realidade, é sempre uma tradução, seguida de uma reconstrução. Mesmo no fenômeno
da percepção em que os olhos recebem estímulos luminosos que são transformados, decodificados, transportados a um outro
código, e esse código binário transita pelo nervo ótico, atravessa várias partes do cérebro e isto é transformado em percepção,
logo a percepção é uma reconstrução.

b) É uma incitação à coragem. A aventura humana não é previsível, mas o imprevisto não é totalmente desconhecido.
Somente agora, se admite que não se conhece o destino da aventura humana. É necessário tomar consciência de que as
futuras decisões devem ser tomadas contando com o risco do erro e estabelecer estratégias que possam ser corrigidas no
processo da ação, a partir dos imprevistos e das informações que se tem.
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c) Ela comporta uma parte de empatia e identificação, não existe a preocupação de ensiná-la. Na realidade, isto está se
agravando, cada vez o individualismo aparece mais, estamos vivendo numa sociedade individualista, que favorece o sentido
de responsabilidade individual, que desenvolve o egocentrismo, o egoísmo que, consequentemente, alimenta a auto
justificação e a rejeição ao próximo, compreender não só os outros como a si mesmo.

d) Tem um lado social que não tem sentido se não for na democracia, porque na democracia o cidadão deve se sentir solidário
e responsável e permite uma relação indivíduo-sociedade. A democracia em princípio deve controlar, o controlado passa a
controlar quem controlava e deve tomar para si responsabilidades por meio de eleições o que permite aos cidadãos
exercerem suas responsabilidades.
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QUESTÃO 06
QUESTÃO 6

Os sete saberes necessários à educação enunciados por MORIN, são: As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. Os
princípios do conhecimento pertinente. Ensinar a condição humana. Ensinar a identidade terrena. Enfrentar as incertezas.
Ensinar a compreensão. A Ética do gênero humano. Eles constituem eixos e, ao mesmo tempo, caminhos que se abrem a
todos os que pensam e fazem educação, e que estão preocupados com o futuro das crianças e dos adolescentes. Para o
autor:

a) A educação deve preparar os alunos e as alunas para serem bem-sucedidos(as) na vida adulta.
b) Os professores devem adotar uma postura hegemônica para alcançar os objetivos a que se propõem.
c) Garantir o bem-estar dos alunos e a reconstrução dos conhecimentos universalmente aceitos é fundamental.
d) Não é possível se alcançar a qualidade na educação com turmas heterogêneas e numerosas.
e) Enfrentar as incertezas é um ensino necessário como vanguarda ante a incerteza de nossos tempos.
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QUESTÃO 07
QUESTÃO 7

Segundo Morin, o “ocaso do século XX deixou como herança contracorrentes regeneradoras”. Dentre elas, a contracorrente
_______________, que se manifesta de duas maneiras opostas: uma, pela busca da intensidade vivida; outra, pela busca da
frugalidade e da temperança.

Assinale a alternativa que, de acordo com esse autor, preenche corretamente a lacuna do texto.

a) de resistência à vida prosaica.


b) qualitativa.
c) de emancipação.
d) ecológica.
e) de resistência à primazia do consumo padronizado.
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QUESTÃO 08
QUESTÃO 8

Ao discutir a questão da consciência terrena, Morin faz menção à consciência espiritual da condição humana, que decorre
do(a)

a) exercício complexo do pensamento e que nos permite, ao mesmo tempo, criticar-nos mutuamente, autocriticar-nos e
compreender-nos mutuamente.
b) reconhecimento da unidade na diversidade, segundo o qual, ainda que as pessoas sejam fisicamente diferentes, em
essência, são iguais.
c) união consubstancial com a biosfera, a fim de que seja possível habitar, com todos os seres mortais, a mesma esfera viva
(biosfera).
d) aceitação de uma realidade que transcende a natureza física das coisas, realidade metafísica que, para alguns, diz respeito a
um ser ou princípio divino.
e) responsabilidade e da solidariedade para com os filhos da Terra, ou seja, plantas, animais e quaisquer outras formas de vida
terrena.
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QUESTÃO 09
QUESTÃO 9

Ao tecer algumas considerações acerca da relação entre indivíduo e sociedade, Morin afirma que o(a)

a) democracia não pode existir onde há diversidade e antagonismos, já que tem por finalidade o bem comum.
b) totalitarismo comporta a autolimitação do poder do Estado pela separação dos poderes e a garantia dos
direitos individuais.
c) democracia é um regime político em que não há controle da máquina do poder pelos controlados, os cidadãos.
d) totalitarismo possibilita que os indivíduos e a sociedade ajudem-se, desenvolvam-se e regulem-se mutuamente.
e) democracia é mais do que um regime político, é a regeneração contínua de uma cadeia complexa e retroativa.
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QUESTÃO 10
QUESTÃO 10

Edgar Morin, um dos grandes sociólogos do século XX, mostra em seus trabalhos uma forma transgressora de perceber a
realidade. Ele apresenta um novo paradigma epistemológico, caracterizado pela complexidade. Em
sua obra Os sete saberes necessários à educação do futuro, Morin afirma que a “ética da compreensão”

a) pede que se compreenda a incompreensão. Compreender o fanático que é incapaz de nos compreender é compreender
as raízes, as formas e as manifestações do fanatismo humano. É compreender por que e como se odeia ou se despreza.
b) é a arte de viver que nos demanda compreender de modo desinteressado, e isso exige grande esforço,
paciência e disponibilidade para esperar, porque é preciso aguardar que, assim como nós, o outro compreenda as raízes do
problema.
c) propõe que se aceite o outro incondicionalmente, sem que sejam necessárias argumentações, que se perdoe em vez de
excomungar e anatematizar. Não se pode encerrar na noção de traidor aquele que deve ser visto a partir do amor.
d) desculpa, não acusa, pede que se evite a condenação irremediável, afinal nós mesmos já tivemos momentos de fraqueza e
já cometemos muitos erros. Se compreendermos em vez de condenar, estaremos no caminho da humanização das relações
humanas.
e) envolve um processo psicológico que pode indicar a capacidade de aceitação do comportamento do outro. É uma das
habilidades do domínio cognitivo que solicita a interpretação do contexto em que o referido comportamento ocorreu.
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QUESTÃO 11
QUESTÃO 11

Em sua obra, Edgar Morin desenvolveu muitas reflexões sobre a educação, estabelecendo os sete saberes necessários à
educação do futuro. Considerando essa informação, assinale a alternativa que não apresenta aspecto importante de sua
teoria.

a) Compreensão humana.
b) Identidade humana.
c) Cognição.
d) Conhecimento.
e) Incerteza.
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QUESTÃO 12
QUESTÃO 12

“O poder imperativo e proibitivo conjunto dos paradigmas, das crenças oficiais, das doutrinas reinantes e das verdades
estabelecidas determina os estereótipos cognitivos, as ideias recebidas sem exame, as crenças estúpidas não contestadas, os
absurdos triunfantes, a rejeição de evidências em nome da evidência, e faz reinar em toda parte os conformismos cognitivos
e intelectuais. [...] Há assim, sob o conformismo cognitivo, muito mais que conformismo. Há o ________ cultural, marca
matricial que inscreve o conformismo a fundo, e a______________ que elimina o que poderia contestá-lo.” (MORIN, Edgar.
Os sete saberes necessários à educação do futuro) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto:

a) Automatismo ... Renúncia.


b) Imprinting ... Normalização.
c) Automatismo ... Reificação.
d) Automatismo ... Normalização.
e) Imprinting ... Reificação.
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QUESTÃO 13
QUESTÃO 13

Para Edgar Morin, “Os sete saberes necessários à educação do futuro não têm nenhum programa educativo escolar ou
universitário, não estão concentrados no primário, nem no secundário, nem no ensino universitário, mas abordam problemas
específicos para cada um desses níveis que precisam ser apresentados, porque dizem respeito aos sete buracos negros da
educação, que são completamente ignorados, subestimados ou fragmentados nos programas educativos, que devem ser
colocados no centro das preocupações da formação dos jovens.” (...)Na minha opinião não temos que destruir disciplinas,
mas temos que integrá-las, reuni-las uma às outras em uma ciência, como as ciências estão reunidas, como, por exemplo, as
ciências da Terra, a sismologia, a vulcanologia, a meteorologia, todas elas, articuladas em uma concepção sistêmica da Terra.”
Para Morin, tudo deve estar integrado. Essa visão fragmentada em que vivemos faz com que:

a) Os professores se isolem em suas disciplinas específicas.


b) As experiências docentes não sejam partilhadas entre si.
c) Os reais problemas dos seres humanos permaneçam invisíveis.
d) As concepções de educação fiquem imperceptíveis.
e) As diretrizes curriculares percam o objetivo final.
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QUESTÃO 14
QUESTÃO 14

Em Os sete saberes necessários à educação do futuro, Edgar Morin dedica um capítulo inteiro a ensinar a compreensão. Para
o autor, crucial aos humanos e uma das finalidades da educação do futuro, a ética da compreensão envolve

a) A possessão de uma ideia, uma fé, que dá a convicção absoluta da verdade.


b) Afrouxamento da disciplina e das obrigações.
c) Compreender a incompreensão.
d) Reduzir o conhecimento do complexo a um de seus elementos.
e) Compreender o outro objetivamente, eliminando os aspectos subjetivos.
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QUESTÃO 15
QUESTÃO 15

De acordo com Edgar Morin em Os sete saberes necessários à educação do futuro, assinale a alternativa CORRETA.

a) O conhecimento não é um reflexo da realidade, mas uma tradução seguida de uma reconstrução.
b) O autor cita que se baseou em um programa educativo concentrado principalmente no ensino primário, pois abordava
problemas específicos da base da educação.
c) Antigamente, a ciência determinava elementos mecânicos para assimilar a certeza e a incerteza da microfísica às ciências
humanas.
d) A realidade humana é binitária, pois ocorre a relação individuo-sociedade na troca constante de experiências.
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GABARITO
GABARITO

1) A
2) A
3) E
4) B
5) C
6) E
7) E
8) A
9) E
10) A
11) C
12) B
13) C
14) C
15) A

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