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Psicologia Social

Indivíduo &
ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS
IDEOLÓGICAS
Sociedade

Maurício C. Cardenete
Como seu posicionamento se construiu com
relação:
• Ao aborto?
• Ao relacionamento homoafetivo?
• A população em situação de rua?

Pense em outros temas polêmicos para você e


faça o mesmo questionamento.
• A prática da reflexão leva à autonomia do
pensar e do viver!
IDEOLOGIA – termo serve a diversos objetivos: refere-se à
maneira de pensar, típica de indivíduos ou de grupos →
assinala a ação distorsiva e o efeito negativo que ideias e
modos de pensamento podem ter.
6 acepções distintas – múltiplos usos (cotidianos e
científicos):
1. Um conjunto de ideias ou sistemas de pensamento →
uma “visão de mundo”
2. Um conjunto de ideias relativas ao fazer estritamente
político → orientam o pensar dos partidários.
3. Um constructo geral levando à formação de sistemas
cognoscitivos nas pessoas e nos grupos → estereótipos,
crenças, valores etc. (cognoscitivo – capacidade de
proporcionar conhecimento)
4. Um mecanismo de defesa do eu (função de censura /
filtro) – cumpre um papel dentro de uma determinada
estrutura social.
5. Falsa consciência produzindo uma racionalidade
socialmente estabelecida – manter status quo.
6. Uma forma de perturbação da comunicação → um
ocultamento de algo com a publicização de outra
dimensão. Manutenção de interesses pela linguagem.
IDEOLOGIA é um termo com uma dupla origem histórica:
• Antoine Destutt de Tracy (1803) – busca fazer da
ideologia uma ciência das ideias que permitisse formular
regras para obter uma melhoria individual e social –
aumento do bem-estar individual e benefícios sociais,
através do império da racionalidade.
• Marx-Engels (Ideologia Alemã) – caráter negativo que
designa a forma através da qual a consciência pode ser
falseada → a realidade é distorcida de tal maneira que
as causas reais de um fenômeno escapam ao seu
conhecimento – interesses de grupos de poder!
• Caráter de neutralidade X Caráter de manipulação
(ocultamento, distorção da realidade).
BREVE REVISÃO DO CONCEITO DE IDEOLOGIA
• Usaremos como uma forma de ocultação e distorção,
destinada a manter a hegemonia de determinados interesses.
• não deve ser vista como algo que faz com que pessoas de
algumas categorias sofram → se tornam as únicas receptoras
de suas influências.
• membros da sociedade tem uma ativo papel na sua produção
e reprodução.
• “o paradoxo da ideologia” → efeitos negativos em grupos
sociais em condições de desigualdade – mas reconhecendo a
capacidade pensante destas pessoas e o seu direito a um
mundo melhor.
• contradição pontuada em Gramsci → intelectuais orgânicos –
categoria social intermediária junto à massa → tradutores com
capacidade de discernir entre o coerente e o incoerente.
ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS E IDEOLOGIA:
• Modos de expressão através dos quais seu discurso é
codificado. Estratégias discursivas que formam parte da
função ocultadora e distorcida da ideologia.
• “Ao colocar a ideologia no âmbito da linguagem, onde se
constrói a realidade, necessitamos desvelar o modo de
construção empregado, para o qual a desconstrução do
discurso pode tornar manifestas as vias utilizadas que dão
coerência aos argumentos apresentados a fim de manter
a hegemonia de alguns interesses sobre outros”.
• essas práticas sociais apresentam os argumentos
favoráveis a uma concepção de realidade, para situá-los
acima dos outros → estrutura do discurso – conteúdo e
forma.
ESTRATÉGIAS DISCURSIVAS E IDEOLOGIA (cont.):
• retórica → arte de argumentar para convencer e
persuadir – não é sempre explícita.
Conteúdo e Forma → O QUE SE DIZ X COMO SE DIZ
Quais são as estratégias discursivas que visam a
perpetuação da hegemonia de interesses e ideias?
Criar a ilusão do caráter não discutível do discurso.
Discurso do pensamento científico X discurso do senso
comum (oposição de rigor, e desvalorização dos saberes
produzidos pelo senso comum).
1. Manejo de presenças e ausências. O uso dos implícitos
no discurso e as justaposições argumentativas quanto
aos temas tratados e quanto à qualificação dos
mesmos (contágio/contaminação).
• “Existe uma tendência no investigador a se deixar levar pelos
excessos de otimismo; sem dúvida, nas ciências exatas, ao
investigador rigoroso, isto não o engana”.
2. A forma de assumir ou não a responsabilidade do
discurso → supõe unir ou separar do argumento, ao
critério da autoridade.
• Deictização – referência na autoridade de alguém – prestígio
ou desprestígio.
• Referencialização – Referência no tema ou objeto do discurso
– quem recebe a informação tem um papel mais ativo na
apropriação.
3. A construção de um tipo de argumento que contém
dentro de si um elemento contrário, que o anula –
caráter positivo + mas, contudo, apesar de etc. +
caráter negativo. Ex.: de investigações sobre o
“caráter nacional”. Citação p. 91-92
4. Procedimentos de seleção, adaptação e assimilação
destinados a naturalizar e a familiarizar aquilo que de
fato pode ser antinatural.
• "A distribuição de alimentos na Cracolândia só ajuda o
crime", escreveu no último sábado (7/8/21). Ela disse
ainda que "o padre e os voluntários ajudariam se
convencessem seus assistidos a se tratarem e irem para os
abrigos". Dep. Janaina Paschoal
5. Trivialização ou banalização de ideias, fatos ou
fenômenos – faz-se desaparecer o caráter atípico,
dissidente ou antinatural de uma parte da realidade.
Ex. Governos democráticos precedidos por ditaduras
→ “Pelo bem do Chile, devemos olhar para o futuro
que nos une mais, do que para o passado que nos
separa”. Citação p.93
6. A mitificação → atribuições exageradamente positivas
relacionadas a determinados fenômenos ou
personagens de maneira acrítica. Ex. Tiradentes . . .
7. As ritualizações ou expressões estereotipadas, utilizadas
nos discursos → reforçar aspectos selecionados para
qualificar ou desqualificar. (totalmente,
fundamentalmente, bastante, sem exceções...)
• SEMPRE questionar a coerência desse tipo de asserção!
8. A lógica da contradição – aceitação de efeitos
dissonantes respondendo a explicações provenientes
de ideias hegemônicas → Efeito Moebius → “para que
haja democracia é necessária a ditadura” Citação p.
95
“somos sujeitos ativos e passivos, construtores
e receptores de ideologia. Influentes e influenciados,
no contínuo jogo dialético das forças
exercidas na vida social”.

MARITZA MONTERO
PERGUNTAS . . .
OBRIGADO!!!

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