Você está na página 1de 14

 

REDAÇÃO JORNALÍSTICA
AULA 2

Prof. Mauri Konig


CONVERSA INICIAL

Bem-vindo e bem-vinda à nossa aula. Falaremos sobre o texto jornalístico, desde formatos, influências que sofre até tipos de
textos para cada mídia. Vamos nos concentrar no entorno desse texto, o que chamamos de contexto.

A matéria-prima do jornalismo são os acontecimentos. Logo, trabalha-se aqui com esse emaranhado complexo que são todas as
relações – causas e efeitos dessas relações –, instituições, pessoas, conceitos e saberes.

Por isso, nesta aula, nosso objetivo geral é entender as variáveis que podem influenciar a produção textual jornalística. Para isso,
os temas serão estes:

Ideologia na produção jornalística.


Retórica e informação.
O mito da imparcialidade.
A busca da objetividade.
Sensacionalismo no texto.

Esses cinco temas nos permitirão:

1. Conhecer formas de ideologia e ter condições de perceber a própria.

2. Saber que a maneira como se escreve ou se fala pode influenciar o sentido do relato.

3. Perceber as questões que envolvem a busca pela imparcialidade no texto jornalístico.

4. Entender as formas de garantir a objetividade do texto, fundamental para o jornalismo.

5. Identificar um texto sensacionalista e entender por qual razão se deve evitá-lo.

CONTEXTUALIZANDO

Você deve ter percebido que em todas as aulas há um subcapítulo que se chama Contextualizando. Parece coisa de professor,

didática e métodos de ensino, mas é também algo importante no jornalismo. Não tem como você fazer um texto relatando um fato
sem contextualizá-lo, no mínimo, sobre como foi que isso tudo aconteceu.

Por exemplo, se você cobrir um acidente de trânsito, dizer que estava chovendo, que ventava ou que as luzes do carro não
funcionavam é um jeito de contextualizar. Isso muda a percepção sobre o acidente. É uma maneira de fazer todo mundo entender em

que cenário o fato se construiu. Por isso, este capítulo é muito importante. Jornalistas responsáveis vão entender que o contexto em
que um fato vira notícia, em que se produz um texto noticioso, faz muita diferença.
Os itens que separamos aqui, divididos em temas, fazem parte dos contextos nos quais são produzidas as notícias e as

influenciam de uma maneira quase invisível. Quem consegue notá-las sai na frente na hora de comunicar.

TEMA 1 – IDEOLOGIA NA PRODUÇÃO JORNALÍSTICA

  Em meio à pandemia de Covid-19, que já havia ceifado milhares de vidas no Brasil, grupos contra o presidente Jair Bolsonaro a
favor dele saíram às ruas em 2020. Atos parecidos haviam acontecido em 2016, nos protestos contra a

ex-presidenta Dilma Roussef, e em 1992, quando os caras-pintadas foram às ruas pelo impeachment do ex-presidente Fernando
Collor de Mello.

  Mais do que apoiar ou criticar um governo, essas pessoas foram às ruas movidas por uma ideologia. Mas, o que é ideologia?

Uma explicação simplista diria tratar-se de um conjunto de ideias. A filósofa Marilena Chauí explica ideologia como “um ideário
histórico, social e político que oculta a realidade” (Chauí, 2008, p. 7). Para entender melhor, temos de ir às origens desse termo.

O filósofo francês Antoine Louis Claude Destutt De Tracy (1754-1836) foi o primeiro a estudar as ideias. Toda palavra com o
sufixo logia vai sempre significar o estudo de algo. Vem daí a palavra ideologia, criada por ele para designar o que estava estudando.
Seu livro, intitulado Elementos da Ideologia, trata do estudo científico das ideias.

De Tracy usou os métodos científicos para estudar de maneira analítica como as ideias eram formadas, o que poderia consistir
nas percepções, nas crenças ou na moral de cada indivíduo. Em vez de se limitar a julgar as ideias dos outros, o filósofo foi a campo
para perguntar e observar como elas se formavam.

Pensando na origem do nome, ou na etimologia (etmo = origem; logia = estudo), podemos dizer que ideologia é o conjunto de

ideias de um indivíduo. Com o tempo, essa explicação também deu lugar ao ideal de cada pessoa, isto é, um conjunto de crenças,
estabelecimentos e pensamentos do que seria um mundo ideal para esse indivíduo.

Mais tarde, outros pensadores foram desenvolvendo o conceito e até negando-o, como Émile Durkheim (1858-1917), para quem

a ideologia nasce antes mesmo da ciência e, por isso, não era muito útil para entendermos os processos sociais. Já Auguste Comte
(1798-1857) achava que tinha nexo essa história de estudar a ideologia das pessoas observando-as.

Karl Marx (1818-1883) elevou o conceito a outro patamar ao dizer que a ideologia não pode ser estudada longe do que
acontece ao redor do indivíduo, isto é, das condições sociais ou históricas, ou, como já podemos apontar, do contexto em que

essas ideias são produzidas. Marx dividia a sociedade em burgueses e proletários e afirmava que cada grupo tinha uma ideologia
própria, e a ideologia determinava essas posições e as mantinha. A grande sacada de Marx, que usamos para explicar muita coisa até

hoje, é que ele propôs que a ideologia poderia ser utilizada para a dominação de um grupo pelo outro. Veja o exemplo:

Socialmente, filhos de padeiros não poderiam estudar ou fazer faculdade, porque nasceram pobres e não teriam condições para isso. Já do filho do dono da fábrica
de automóveis, esperava-se que fizesse bons cursos, principalmente de engenharia, para poder investir seu tempo nos negócios da família.

Para Marx, enquanto a sociedade, principalmente proletária, acreditar que essa é a ordem natural das coisas, as coisas não vão

mudar. Esse “acreditar” é uma ideologia de dominação para manter tudo como está: ricos estudando e sendo mais ricos, e pobres se
matando de trabalhar sem conseguir estudar. Marx via essa influência da ideologia como dominação.

[1]
Louis Althusser (1918-1990) foi além do que Marx propunha e apontou os aparelhos ideológicos , instituições da sociedade

capazes de construir e defender ideologias. Para ele, o conjunto de meios de comunicação seria o aparelho ideológico de informação,
isto é, a mídia constrói um tipo de ideologia.

É aqui que a nossa profissão entra nessa discussão. “O jornalismo como manifestação de informação acaba diretamente

influenciado pela ideologia, seja dos veículos de comunicação, seja dos próprios jornalistas que apuram os fatos ou redigem as
matérias” (Rech, 2018, p. 44).

Então, precisamos conversar sobre ideologia. Todos temos um conjunto de ideias, valores, “verdades” que modelam o nosso

mundo. Em um primeiro momento, precisamos conhecer em que acreditamos para, depois, em um segundo momento, entender que
isso não deve aparecer no nosso texto jornalístico.

O relato jornalístico tem de ser o mais fiel possível ao fato, por isso não pode ter crenças e valores embutidos. Embora seja difícil

sermos isentos o tempo todo, precisamos fazer um esforço para entender e respeitar outras ideias, outros valores, para nos
colocarmos no lugar dos outros, dos entrevistados, das vítimas, dos acusados. Veja este exemplo:

Em geral, os programas policiais possuem uma ideologia muito clara. Esse conjunto de valores está determinado por algumas verdades ditas no meio da atração,

lançadas como enquetes sugestivas. Há uma “crença” geral emanada dessas produções e desses apresentadores. Vejamos algumas:

· Bandido bom é bandido morto. No mínimo, tem de ser preso e sofrer.


· Policiais são heróis, principalmente os mais violentos.

· Quem faz coisas erradas (furtos, roubos, tráfico, sequestro) é vagabundo. São pessoas más e ponto.
Enfim, os programas policiais, enquanto relatam um fato, trazem-no quase sempre carregado de uma ideologia de punição, de que a pessoa é boa ou má, que não

há razão que justifique alguém roubar ou espancar outrem.

Vamos rebater essa ideologia com outra: esse tipo de programa ignora que há um mundo de gente sem acesso à educação, que
é aliciada desde pequena para sustentar a família por meio do comércio de drogas. Esse tipo de programa esquece os fundamentos
psicológicos que podem determinar se uma pessoa é violenta ou não. Estudos da psicologia dizem que quem é espancado pelos pais

tende a ser um espancador também. Mas esses programas entendem que todo mundo tem o poder de escolher ser bom ou ruim. Já
essa outra ideologia diz: como alguém pode escolher ser isso ou aquilo se só foi exposto a uma das opções? Percebe? A maneira
como a gente trata um fato tem um grande peso ideológico.

Cada um sabe no que acredita, o que poderia ser um mundo ideal com base em suas ideias. Nós, jornalistas, precisamos ser

honestos com o nosso público e, pelo menos, dizer quais são nossas crenças ou fazer um grande esforço para dar todas as versões
possíveis de um acontecimento a fim de proporcionar espaço, do mesmo tamanho, para possíveis outras ideologias.

Isso acontece principalmente quando temos de tratar de fatos que tenham fortes discussões ideológicas, por exemplo quando
precisamos relatar os debates que acontecem na Câmara dos Deputados com base na discussão de mudanças de leis que

confrontam ideais de vida. Vejamos algumas:

Regulação ou desregulação do porte de armas para civis.

Descriminalização do aborto.
Diminuição da maioridade penal.

Mudança no rótulo dos produtos transgênicos para essa informação ser mais discreta.
Mudança na lei que indica o que é trabalho análogo à escravidão.

Se formos explicar à população no que consiste cada uma dessas escolhas e votações, precisamos deixar claro o que cada lado
defende, a crença e a ideologia de cada lado. Exemplo: a quem interessa tirar um T gigante com destaque em amarelo das

embalagens de comidas dos supermercados e trocar por contém alimento transgênico? Isso muda a vida de quem?
Muda a vida de quem faz questão de evitar alimentos com matéria-prima transgênica, e ficará mais difícil identificar isso. Muda a

vida dos produtores, que podem vender mais se os seus produtos não forem taxados com sinalização de “quase venenosos”. Alguns

acreditam que os transgênicos não fazem mal ao ser humano, outros se importam apenas com as vendas.

Percebe como a coisa pode ser bem sutil? A questão, dependendo da abordagem que tiver, pode favorecer um ou outro lado,

somente com o relato do debate, com as palavras escolhidas ou ainda com a ordem da informação dada.

Como fazer para identificar a ideologia dentro de um texto?

Para isso, é necessário se informar muito e por diferentes fontes. Cada uma vai mostrar a sua ideologia, e você, aos poucos, vai
conseguir identificar, com base na ordem das informações ou mesmo na maneira como o relato está sendo dado, o esforço para

esconder a ideologia ou mesmo a ausência desse esforço.

TEMA 2 – RETÓRICA E INFORMAÇÃO

Retórica é a arte do convencimento, a capacidade de usar a linguagem para se expressar bem e persuadir pelo discurso.
Aristóteles (385 a.C. – 323 a.C.) foi o primeiro filósofo a tratar a retórica com profundidade, e os seus três volumes de livros dedicados
a ela ainda hoje são o maior tratado relacionado ao assunto. Hoje, há muita gente estudando a retórica aplicada no jornalismo ou,

ainda, a retórica midiática ou midiatizada.

  Aristóteles estabeleceu três gêneros retóricos: deliberativo, judiciário e epidítico (demonstrativo). Para o filósofo, todos eles
devem estar baseados em uma demonstração, pois a retórica deve se desenvolver com base em evidências. Veja os três gêneros de
retórica:

Deliberativo (exortativo): voltado a aconselhar ou levar alguém a tomar uma decisão.


Judiciário (forense): destinado a acusar ou a defender, para convencer o público em favor de uma tese.
Epidítico (exibição): focado no elogio ou na censura, com apelo moralista.

Além dos métodos de evidências recomendados por Aristóteles, qualquer um dos três gêneros precisa de muita eloquência do
orador. Você deve ter visto o discurso de um político em busca de votos, o de um advogado em um tribunal, ou ainda o de um

amigo hábil em contar histórias e capaz de convencer todo mundo. Todos se valem da retórica para persuadir os demais.

De modo simples, retórica é o conjunto de procedimentos que leva a um bom discurso, uma boa argumentação. É resultado de

uma boa organização tanto do vocabulário e dos argumentos (conteúdo) quanto do conhecimento do público e dos objetivos ou do
resultado que se quer alcançar com o “discurso”, aqui entendido como qualquer texto escrito ou falado.

Vamos agora aos objetivos ou resultados de um discurso. Em geral, a retórica é usada quando se quer ter algum tipo de

resposta com esse discurso, quando se quer provocar algo no receptor. Pode ser desde a simples crença de que aquele “discurso” é

verdade, que as pessoas podem acreditar nele, quanto o convencimento da audiência sobre algum tipo de premissa.

Chegou a vez do jornalismo nesta discussão. Sabemos que o seu papel é relatar os fatos tal como aconteceram, mas, em

algumas situações, é importante também convencer a sua audiência de algo. Vamos a um exemplo:

Figura 1 – Notícia do jornal O Estado de S. Paulo


Créditos: Estadão.

Essa notícia do jornal O Estado de S. Paulo é um exemplo claro de como o jornalismo pode relatar um fato, mas também ter a

intenção de convencer seu público a realizar alguma ação, convencer a fazer algo. Nela, temos um tratamento bem objetivo do fato
de que “lavar as mãos e cobrir nariz e boca ao tossir e espirrar são medidas que ajudam a evitar a propagação do novo coronavírus, o
Covid-19” (Felix, 2020).

  Em seguida, a notícia usa falas de especialistas e fontes oficiais, segundo a classificação de Lage (2006a), que representam
instituições e órgãos do Estado e detêm o conhecimento relacionado ao assunto. Com isso, tenta-se convencer a população a utilizar

máscara e lavar as mãos para evitar o contágio.

Usamos a retórica no nosso dia a dia desde pequenos, mas há pessoas mais competentes do que outras na argumentação, na
organização das informações, na exposição dos fatos e das falas dos personagens. Se damos voz a alguém em uma matéria, se
publicamos uma fala de alguém e não da outra pessoa, já temos uma intenção, mesmo que não seja consciente, de convencer nosso

leitor/ouvinte/telespectador de que aquela fonte é credível.

Assim, dependendo de como você organiza os seus relatos de notícia, você pode fazer uso da retórica para melhor comunicar
ou, ainda, convencer, e no jornalismo estamos sempre tentando convencer. No mínimo, estamos tentando convencer de que aquilo

que estamos falando é verdade e usamos uma estrutura específica para isso.

Há outro motivo para entender a retórica. Seus entrevistados e suas fontes podem ser pessoas que operem muito bem o
mecanismo da retórica, e é possível que você seja convencido de algumas coisas somente pelo jeito como elas são contadas, mas

nem sempre serão verdade. Você não pode cair nessas armadilhas. Quem mais lança mão da retórica com os jornalistas? Os políticos
[2]
, é claro.

Vamos ver o que o jornalista e pesquisador Murilo Soares propõe sobre a retórica na análise das campanhas políticas sob dois

modos retóricos básicos, de persuasão e da sedução.

A estratégia da persuasão foi objeto principal da retórica aristotélica e constrói-se segundo lógica do provável, da opinião, do verossímil,

manifestando-se pela argumentação. A argumentação, por conseguinte, tem um conteúdo cognitivo, constituído de noções, princípios,
valores. Mas, ao lado dela, observamos emprego de uma estratégia da sedução, que mobiliza os sentimentos, os sentidos, buscando

atração da plateia por meio do encantamento. Seduzir, nesse caso, significa pôr em suspensão razoável, em favor do prazer ou da emoção
(o pathos, que também foi tratado por Aristóteles). A sedução, contemporaneamente, organiza-se pela comoção e pelo espetáculo, visando

ao efeito estético e, por isso, seu modo de expressão por excelência é a dramatização. O princípio desse modo retórico não é o argumento,

mas a representação sensível, resultante da estruturação da mensagem como narrativa ou drama, pela sua encenação (caso da propaganda
pela televisão). (Soares, 2009, p. 34)

Dessa forma, o jornalista precisa estar atento às formas retóricas de convencimento para não as repetir no seu texto ou, quando
necessário, como no caso de serviço público, usá-las de modo adequado.
TEMA 3 – O MITO DA IMPARCIALIDADE

Os meios de comunicação de massa costumam dizer que são imparciais, que relatam os fatos com isenção. A ideia de

imparcialidade está diretamente ligada à objetividade. “Ser objetivo é direto ao ponto, sem emitir juízo ou opinião. Já a
imparcialidade está ligada à necessidade de não se tomar partido na cobertura de determinado fato, dando visibilidade a todos os

envolvidos no fato” (Rech, 2018, p. 47).

Na verdade, não há imparcialidade no jornalismo. A prática nos mostra que é impossível relatar um fato sem ter contaminação
alguma. Mesmo a Folha de S.Paulo, um dos jornais mais influentes do país, admite que a objetividade não existe. “Ao escolher um

assunto, redigir um texto ou editá-lo, o jornalista toma decisões em larga medida subjetivas, influenciadas por suas posições pessoais,
hábitos e emoções” (Folha de S.Paulo, 2010, p. 19).

A imparcialidade é impossível por vários motivos. Um deles já foi visto nesta aula: a ideologia. Todo mundo tem uma e é

praticamente impossível relatar algo sem passar pelo filtro do que você acha certo ou errado ou pelos valores nos quais você
acredita. A busca pela imparcialidade é uma forma de evitar que os jornalistas tomem partido e, pior, façam o público achar que o

que está publicado é a mais pura verdade.

Já falamos que toda a notícia deve ser verdade, mas também falamos que existem várias verdades. Vamos a um exemplo:

Suponha que três jornalistas presenciaram o mesmo fato, que seria um protesto de sem-teto na entrada da prefeitura, dispersados pela polícia com violência. No

geral, os relatos serão muito similares, mas nunca iguais. É possível que um deles descreva coisas que outros não viram e vice-versa. Um deles pode dar mais peso à
versão do prefeito ou da polícia do que à versão dos manifestantes ou o contrário. Alguém está mentindo? Não, todo mundo pode estar falando a verdade ou as

várias verdades que se referem a esse fato. Há um jornalista mais certo do que os outros? Talvez um deles faça o relato mais completo, mas não existe o certo ou
menos certo. Existem tipos de relatos. Agora, uma pergunta: como você acha que são feitas as notícias? Elas nada mais são do que relatos de versões dos fatos.

Para fazer com que as notícias cheguem bem perto do que seria a verdade, criou-se uma fórmula, um padrão de construção da
notícia a ser seguido pelos profissionais da notícia. Com isso, garante-se a busca pela objetividade – sobre a qual logo falaremos – e,
por consequência, a imparcialidade. Então, ainda há uma busca pela imparcialidade, mas vamos listar aqui três questões contextuais
que pretendem fazer você questioná-la.

A primeira tem a ver não só com a ideologia do profissional do jornalismo, mas com a bagagem conceitual que ele carrega. As

pessoas falam do que sabem, ou do que tentam saber, e com o jornalista não é diferente. Uma mesma matéria tem mudanças, ou
parcialidades, dependendo do quanto o jornalista é afeito ao assunto ou ainda do quanto ele entende do que está falando.

A segunda razão para você desconfiar da imparcialidade prometida por alguns veículos é que esses jornalistas trabalham para

esses veículos, os quais possuem donos que têm o interesse em que determinados assuntos não sejam publicados e outros sejam

publicados com determinado enquadramento. E tem mais, você nem sempre pode emitir sua opinião.

A terceira se dá porque a opinião pública e a própria retórica, ou mesmo a relação com o entrevistado, podem fazer o
jornalista produzir uma matéria que seria diferente se fossem outras variáveis. O contexto influencia, sim. A própria corporação, os

colegas, acaba forçando a se colocar o mesmo viés de um acontecimento. São poucos os jornalistas que efetivamente destoam,

questionando o discurso da maioria em uma cobertura, seja de guerras, terrorismo, protestos etc.

Você deve estar se perguntando como garantir um texto imparcial: simples, não prometa isso e não acredite que algum dia você
vai conseguir ser imparcial. Isso é um bom começo para ser um jornalista de qualidade. Os profissionais que acreditam que são

imparciais possuem em seus óculos sujeiras imensas que não os deixam ver e questionar o próprio trabalho, e jornalismo sem crítica

constante não é jornalismo.


Você precisa ser honesto com o seu público. Busque incessantemente a checagem das informações e a construção do texto da

maneira mais próxima possível das informações coletadas – releia e refaça o texto até, a seu ver, ficar equilibrado. Se tiver tempo, por

exemplo, peça para mais alguém opinar. Não acreditar na imparcialidade não dá o direito ao jornalista de sair dando opinião por aí,

de fazer textos tendenciosos ou de relaxar quanto à construção das reportagens. A busca por um relato equilibrado deve ser feita

sempre, mas nunca ser chamada de imparcialidade, porque ninguém é imparcial.

TEMA 4 – A BUSCA DA OBJETIVIDADE

Dentre as características do texto jornalístico, uma delas é que ele deve ser objetivo. O que isso quer dizer? Na verdade, algo
que é objetivo se baseia em fatos, é concreto. Já a subjetividade – que consideramos o oposto da objetividade – pode vir das
opiniões, daquilo que nem sempre se pode provar.

Ao buscar a objetividade, o jornalista consegue, no máximo, um efeito de sentido. “Significa que a linguagem,
independentemente de sua tipologia, não tem objetividade [...] a objetividade é uma criação de mecanismos das linguagens” (Rech,
2018, p. 4748). Sobre isso, veja duas manchetes de 8 de abril de 2018, um dia após a prisão do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Figura 2 – Notícias sobre a prisão do ex-Presidente Lula

Créditos: O Globo; Jornal do Brasil.

Na manchete do Jornal do Brasil, o ex-presidente aparece como um agente ativo da ação, que se entrega, e a capa é ilustrada
com uma foto de Lula nos braços do povo, ou seja, é uma manchete pró-Lula. Já no jornal O Globo, o destaque da capa coloca o ex-
presidente como um agente passivo, que é preso, e a foto da capa o mostra em uma situação aflitiva, entre policiais, ou seja, é uma

manchete contra Lula.

As duas manchetes são pretensamente objetivas, porque partem de algo concreto, a prisão de Lula, mas não são nada

imparciais. Tanto uma como outra carregam um implícito juízo de valor, e isso flerta com a opinião, ainda que não se diga isso com
todas as letras.

Aqui, começamos a ligar a ilusão da imparcialidade com as técnicas jornalísticas. Boa parte das pessoas acredita que as notícias
são imparciais, e as próprias empresas jornalísticas vivem falando que são imparciais por causa da busca da objetividade e por

ouvirem os dois lados da história. Essa objetividade perpassa a prática jornalística, mas as intenções aparecem mesmo no texto, no
relato, no resultado.

Veja estes dois textos para uma posterior análise:

Texto 1
Eu não sabia ao certo como as coisas poderiam ficar. Eu tinha ouvido gritos e pensei que deveria chamar a polícia, mas, ao mesmo tempo, tem aquela história de

que em briga de marido e mulher não se mete a colher, e, por isso, fiquei ouvindo atrás da porta. Foi aí que ouvi o tiro. Quer dizer, eu achava que era tiro e daí corri
para chamar o vizinho da frente e ver o que poderíamos fazer. Cheguei lá meio assim, meio ressabiado, porque, sabe como é, né, você não quer se meter na vida

dos outros...
Texto 2

Na última quarta-feira, uma festa particular terminou na delegacia. O casal Jolene Abreu e Ivaldo Soares estava comemorando a promoção que ele havia recebido
quando os vizinhos ouviram gritos e um estampido que parecia barulho de tiro. A polícia foi chamada para averiguar e acabou arrombando a porta do apartamento

no bairro Albuquerque. Policiais encontraram o casal bêbado, deitado no chão da sala, rindo. Várias garrafas de espumantes estavam espalhadas. Recuperada,

Jolene contou aos policiais que não está acostumada a beber, por isso ria e gritava muito. O estampido da rolha de uma das garrafas foi o barulho de tiro escutado
pelos vizinhos. O casal foi autuado por perturbação da ordem pública.

Vamos à análise. Os dois textos são fictícios, contam o mesmo fato, mas são diferentes. O que é diferente em cada um? No
primeiro, identificamos o relato de um dos vizinhos que chamou a polícia carregado de opinião, de achismos, de subjetividade, sem
certeza do que estava acontecendo. O vizinho deduziu e, com base nessa dedução, determinou sua ação.

O segundo texto está em formato jornalístico. Poderia ter sido escrito por um jornalista que estava de plantão na delegacia e
acompanhou a polícia ao local. Perceba que o jornalista não coloca claramente a própria opinião no texto. É quase impossível
identificá-la. Por que isso acontece? Porque o texto jornalístico lança mão de algumas técnicas que fazem desaparecer a opinião do
agente ou a escondem muito bem.

Entre os dois textos, há uma diferença de pessoa. No texto 1, é a primeira pessoa do singular: eu – “eu achava”, “eu ouvi”. No
texto 2, tudo é relatado em terceira pessoa. É como se o jornalista não estivesse lá, e muitas vezes ele realmente não está. Segundo
o pesquisador José Luiz Fiorin (2012, apud Rech, 2018, p. 47), “toda narração em terceira pessoa cria um efeito de objetividade, ao
passo que aquela feita em primeira pessoa produz efeito de subjetividade”.

O texto em terceira pessoa ajuda a determinar essa sensação de que o fato narrado é concreto, é real, é a verdade. Primeiro,
porque não fica claro que é uma opinião. Um texto em terceira pessoa geralmente está trazendo fatos para comprovar algo. Expõe
[3]
algo que terceiros falaram ou fizeram, o que significa que o jornalista fica invisível . É como se ele não estivesse ali. Significa que ele

foi atrás dos fatos, que os fatos são concretos, verdade. Logo, dá para acreditar.

O texto 2 relata o que os vizinhos pensaram (eles – terceira pessoa do plural), o que a Jolene explicou (ela – terceira pessoa do

singular) e a ação dos policiais. Há momentos em que relata a ação como se estivéssemos lá, como ao dizer que os “policiais
encontraram o casal bêbado...”.

Alguém pode ter contado a cena para o narrador, e ele assumiu como algo que aconteceu e, assim, relatou sem precisar que

alguém o dissesse no texto. Ao afirmar que Jolene não está acostumada a beber, e ela era a única que poderia afirmar isso, o

jornalista informa ter sido ela quem falou ser fraca para a bebida, por isso, colocou a informação como declaração, entre aspas.

Poderíamos ir longe vendo as principais características que fazem do texto 2 ser um texto objetivo, isto é, baseado em fatos,

mas, vamos dar a voz ao professor Nilson Lage, que explica isso melhor:

Como construção retórica referencial, a notícia trata das aparências do mundo. Conceitos que expressam subjetividade estão excluídos; não

é notícia o que alguém pensou, imaginou, concebeu, sonhou, mas o que alguém disse, propôs, relatou ou confessou. É também axiomática,
isto é, afirma-se como verdadeira: não argumenta, não concluiu nem sustenta hipóteses. O que não é verdade, numa notícia, é fraude ou

erro. (Lage, 2006b, p. 26)

Há outras formas de se garantir essa aparência textual de objetividade e, consequentemente, de que o que está sendo dito é
verdadeiro. Nós vamos perpassar essas características, mas não há mal em citar algumas que vão fazer você já ir prestando atenção:
1. Não há uso do adjetivo. Não existe: a linda mulher atravessou a rua; o homem mal-encarado correu; ou a fabulosa

fábrica de refrigerantes foi fechada. Caso necessite-se apontar algo com base na sua qualidade, busca-se ser também o mais

objetivo possível: a mulher que atraía olhares dos passantes atravessou a rua; o homem que vestia trapos correu; a fábrica de

refrigerantes que agradava a todos que a visitavam foi fechada. Percebe?

2. Não se dá opinião. Você relata, descreve, ouve e conta o que constatou. Não diz se a coisa é boa, feia, se foi bom para o
atleta ou não.

3. Usa-se sempre terceira pessoa.

4. Numeram-se quantidades. Nada de usar “a grande multidão...”. O que seria “grande” para você? E para o seu colega?

Seja específico e preciso: “a multidão reunia em torno de 50 mil pessoas e...”.

Essas são algumas das dicas para se buscar objetividade, tornar-se invisível e fazer seu texto ficar o mais perto possível do que
seria a verdade. Então, você diria que finalmente algo existe no jornalismo: a objetividade. É, é quase isso. Mesmo nesse esforço
gigantesco de falar somente o fato, é possível escorregarmos para algumas subjetividades, a começar com os vocábulos usados no
texto. Por isso, é muito importante que você saiba fazer o uso adequado dos vocábulos, tenha um grande e profundo conhecimento

da língua e seja competente na construção do relato para garantir sua competência na busca da objetividade.

TEMA 5 – SENSACIONALISMO NO TEXTO

A definição de sensacionalismo no jornalismo é um tanto controversa. Em última análise, sensacionalismo é o que provoca
sensações, mas, em geral, o termo carrega uma carga pejorativa porque se caracteriza como uma estratégia dos meios de

comunicação para angariar audiência. Assim, a cobertura está focada em “tragédias, crimes, escândalos, violência e fofocas, mas
também se ocupa dos fait divers” (Rech, 2018, p. 49).

  Ciro Marcondes Filho (1986) vê o sensacionalismo como uma forma de mercantilização da informação, uma busca pelo

consumo imediato. Assim, a imprensa sensacionalista “presta-se básica e fundamentalmente a satisfazer as necessidades instintivas
do público, por meio de formas sádicas, caluniadora e ridicularizadora das pessoas” (Marcondes Filho, 1986, p. 32).

O sensacionalismo se popularizou nos Estados Unidos, com jornais como o National Enquirer, fundado em 1926 e em atividade até hoje.

Depois ganhou força no Reino Unido, com os famosos tabloides, como o The Sun, e encontrou no mundo do crime, da violência e do sexo

seu maior expoente no Brasil. (Rech, 2018, p. 50)

A referência é ao jornal Notícias Populares, ou NP, fundado em 1960 e extinto em 2000. Ligado ao Grupo Folha, o jornal “não se

limitava a manchetes chamativas ou à matéria-prima de crimes e escândalos; muitas vezes, o expediente era criar factoides baseados
em interpretações desvinculadas das verdades dos fatos” (Rech, 2018, p. 50). Veja estas manchetes:

Figura 3 – Manchetes do jornal Notícias Populares


Créditos: Notícias Populares, 1974.

A chamada apelativa da esquerda foi publicada pelo NP em 1º de fevereiro de 1974, e a segunda, em 11 de maio de 1975. Uma
versão contemporânea do NP é o Meia Hora de Notícias, do Rio de Janeiro. Esses jornais fazem parte da imprensa marrom, formada
pelo conjunto de veículos que alimenta esse tipo de divulgação, que muitas vezes é exagerada, tendenciosa, escandalosa.

O termo imprensa marrom deriva da expressão yellow press (imprensa amarela), surgida no final do século 20 na disputa entre o
New York World, de Joseph Pulitzer, e o The New York Journal, de William Randolph Hearst. O World reinava em Nova York e
publicava aos domingos uma história em quadrinhos criada por Richard Felton Outcault, cujo personagem era um menino orelhudo,
careca e sorridente que usava uma camisola amarela, na qual as falas dos personagens eram escritas.

Devido o forte tom amarelo de sua roupa, o personagem ficou conhecido por “Yellow Kid”. Quando Hearst passou a dirigir o seu diário, o

“Journal” contratou Outcault para desenhar o “Yellow Kid” em seu jornal. Sem se dar por vencido, Pulitzer continuou a publicar o “Yellow
Kid” no “World”, mas agora era desenhado por George Luks. A disputa entre os dois jornais pelo personagem de quadrinhos, e

principalmente pela liderança nas vendas, foi tão marcante que os críticos ao estilo sensacionalista do “World” e do “Journal” começaram a
utilizar o termo “yellow press” (imprensa amarela) para jornais que tinham uma linha editorial baseada no sensacionalismo e abusavam de

manchetes em letras garrafais, grandes ilustrações e exploração de dramas pessoais. (Coutinho, 2015).

  Veja como eram as ilustrações do yellow kid, que gerou a disputa entre os dois maiores magnatas das comunicações à época

nos Estados Unidos.

Figura 4 – Ilustrações do Yellow Kid


Créditos: Richard Felton Outcault/PD.

Segundo Coutinho (2015), há muitas versões para a mudança de cor, do amarelo para o marrom.

A mudança de cores tem diversas versões. Uma delas diz que se fez uma apropriação do termo francês para procedimento não muito

confiável: imprimeur marron (impressor ilegal), expressão utilizada na França para designar os jornais impressos em gráficas clandestinas.

Segundo Alberto Dines, o termo foi utilizado pela primeira vez em 1960, quando ele, ao noticiar no Diário da Noite o suicídio de um

cineasta, escreveu que a tragédia era o resultado da atuação irresponsável da

“imprensa amarela”. A vítima havia sido chantageada pela revista Escândalo. Ao passar pelas mãos do chefe de reportagem, Calazans

Fernandes, a expressão foi alterada para “imprensa marrom”, pois segundo ele o amarelo era uma cor alegre, e o marrom seria mais
apropriado por ser a cor dos excrementos. Há ainda uma terceira versão segundo a qual a cor marrom seria de forma racista ligada a

clandestinidade e ilegalidade, por associação aos escravos que fugiam ou viviam de forma ilegal no país. (Coutinho, 2015)

Trouxemos a discussão sobre o sensacionalismo porque é fácil desandar para o exagero na hora de relatar um fato quando o
veículo só busca o aumento da audiência. Veículos que não levam em conta a ética da cobertura jornalística, tornando o fato muito
mais um show do que poderia ser, são os que “forçam a barra” e podem ser chamados de sensacionalistas. Estes procuram causar
sensações adversas em um público que gosta de consumir escândalos.

A questão ética que envolve o assunto é que veículos em geral precisam de audiência. Já está comprovado que o ser humano é
curioso por natureza e ainda mais se o assunto for a desgraça alheia. Essa combinação entre busca por um lucro e uma audiência que
compra é como palha perto do fogo. O jornalista que está no meio dessa relação tem de ter muita noção sobre se vai querer fazer

parte disso.

Para identificar se seu material está sendo sensacionalista, é importante um exame de consciência – que nem sempre temos

tempo para ter – antes da publicação ou da divulgação de um material.

TROCANDO IDEIAS

Chegou o momento de trocar ideias com os seus colegas! Qual dos elementos contextuais tratados nesta aula tem maior
relevância no exercício do jornalismo diário? Por quê? Considere a sua opinião depois deste estudo.

Participe!

NA PRÁTICA

A seguir, temos uma matéria publicada no site do jornal O Globo no dia 13 de janeiro de 2016. Reflita sobre os influenciadores
contextuais da produção jornalística que podem ter atuado nessa produção textual. Analise o uso de vocábulos, a organização e a

priorização da informação dada e que tipo de ideologia ou retórica pode ter atuado. Procure refletir com base no que vimos, se há
uma tendência sensacionalista e como se buscou a objetividade no texto. O texto está disponível em: <http://oglobo.globo.com/mun

do/professor-da-ufrj-condenado-na-franca-por-terror-decide-deixar-brasil-18463419> .

FINALIZANDO

Terminamos mais uma aula. Aqui, você teve condições de entender mais a fundo as variáveis que influenciam a sua produção
textual jornalística, conseguiu identificar alguns estilos e vocábulos que podem ser perigosos no trabalho cotidiano e pôde ver que é

possível desmistificar algumas das “verdades” ou falsas verdades que se impõem à construção da notícia. Vamos em frente!

REFERÊNCIAS

CHAUÍ, M. O que é ideologia? 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2008.

COUTINHO, E. O que significa imprensa amarela ou marrom? Casa dos Focas. Disponível em: http://www.casadosfocas.com.br/o-
que-significa-imprensa-amarela-ou-marrom/. Acesso em: 23 jul. 2020.

DIMENSTEIN, G.; KOTSCHO, R. A aventura da reportagem. São Paulo: Summus, 1990.

FELIX, P. É hora de usar máscara? Veja medidas para se proteger contra o coronavírus. Estadão. Disponível em:
https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,conheca-medidas-para-evitar-a-contaminacao-pelo-novo-coronavirus,70003210777;.
Acesso em: 23 jul. 2020.

FOLHA DE S. PAULO. Manual de Redação. 14. ed. São Paulo: Publifolha, 2010.

LAGE, N. A estrutura da notícia. São Paulo: Ática, 2006a.

_____. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2006b.

MARCONDES FILHO, C. Televisão: a vida pelo vídeo. São Paulo: Moderna, 1986.

RECH, G. K. Redação jornalística: apontamentos para a produção de conteúdo. Curitiba: InterSaberes, 2018.

SOARES, M. C. Representações, jornalismo e a esfera pública democrática. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

[1] Entre eles, estão a família, a escola, a igreja, o tribunal, enfim, instituições que propõem e constroem uma ideologia para a

sociedade.

[2] Em A aventura da reportagem, Dimenstein e Kotscho contam muito sobre o que acontece em uma cobertura de editorias de

política em Brasília. Vale a leitura.

[3] Anote essa afirmação e carregue-a para o resto da sua vida. Jornalista que se preza torna-se invisível na sua produção textual.

Você também pode gostar