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REFUGIADOS

Refugiados

São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relaci-
onados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou
opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos
armados.

Muitos novos refugiados

A Síria foi o país que mais gerou refugiados no mundo. Cerca de 824.400 pessoas foram forçadas a
fugir dos conflitos que assolam o país. As crises na África subsaariana também levaram a novos des-
locamentos. Quase 737.400 pessoas deixaram o Sudão do Sul para escapar de uma crise humanitária
que cresceu consideravelmente em 2016. Burundi, Iraque, Nigéria e Eritréia também geraram grande
número de refugiados.

De onde vem os refugiados?

Os 5,5 milhões de sírios que foram forçados a fugir constituem o maior grupo de refugiados do mundo.
Os refugiados do Afeganistão aparecem em segundo lugar se considerado o país de origem.

Onde os refugiados são acolhidos?

A Turquia recebeu o maior número de refugiados – um total de 2,9 milhões, vindos principalmente da
Síria. O país também abriga cerca de 30.400 refugiados do Iraque. As crises na África subsaariana
tendem a forçar as pessoas a fugir para os países vizinhos e, como resultado, esta região continua a
acolher um número cada vez maior de refugiados do Sudão do Sul, Somália, Sudão, República Demo-
crática do Congo, República Centro-Africana, Eritréia e Burundi.

O Paquistão acolheu a segunda maior população de refugiados no final de 2016: 1,4 milhão de pessoas
vindas principalmente do Afeganistão. Esse número diminuiu ligeiramente devido aos refugiados que
regressaram para casa. Cerca de um milhão de refugiados buscaram segurança no Líbano e 979.400
no Irã.

Uganda vivenciou um aumento dramático da população de refugiados que saltou de 477.200 no final
de 2015 para 940.800 no final de 2016. Esta população era constituída por pessoas vindas principal-
mente do Sudão do Sul (68%), mas também contava com números significativos de pessoas vindas da
República Democrática do Congo, Burundi, Somália e Ruanda. Na verdade, Uganda registrou o maior
número de novos refugiados em 2016.

O número de refugiados também aumentou na Etiópia, Jordânia e República Democrática do Congo.


Na Alemanha, a população de refugiados mais do que duplicou em 2016 e chegou a 669.500 pessoas.
O principal motivo para esse aumento foi o reconhecimento de solicitações de refúgio apresentadas
em 2015 principalmente por sírios.

Existem 25,9 milhões de pessoas refugiadas no mundo, segundo a Organização das Nações Uni-
das (ONU). Desse contingente, muitos vivem em campos de refugiados sob cuidados de organismos
internacionais ou organizações não governamentais. No entanto, na maior parte dos casos, essas pes-
soas vivem em condições precárias, de super lotação e com pouco acesso a serviços básicos.

De acordo com um levantamento da Oxfam, cada torneira é usada, em média, por 250 pessoas nos
campos de refugiados ao redor do mundo. Sem acesso à água, é quase impossível garantir a higiene
necessária para prevenir o contágio com o novo coronavírus. Apesar da situação preocupante, não
existem cifras oficiais sobre contaminados com a covid-19 nesses acampamentos.

Muitos refugiados fogem de conflitos armados que têm no seu centro a questão da terra, a exploração
de riquezas naturais e são despojados de sua pátria, de sua condição de cidadãos. Sem um Estado
que se faça responsável por adotar políticas públicas, essa população se torna ainda mais vulnerável.

A Agência de Refugiados da ONU (Acnur), principal organismo que atende essa população, lançou
uma campanha para arrecadar doações aos refugiados e ajudar no combate à pandemia. Os valores
começam em R$35 e seriam destinadas a fornecer equipamentos de segurança, como máscaras e
luvas, até atendimento médico de terceiro nível.

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Confira a reportagem do Brasil de Fato em vídeo

Síria

Os sírios representam o maior contingente de pessoas em situação de refúgio na última década. Se-
gundo a Acnur, 6,7 milhões de pessoas foram forçadas a deixar os seus lares. Entre aqueles que
ficaram no país, cerca de 13 milhões de pessoas dependem de ajuda humanitária para viver, 40% são
crianças e adolescentes.

A Síria, rica em petróleo e minérios, foi invadida em 2011 por tropas do Tratado do Atlântico Norte
(Otan) e por grupos armados terroristas, com destaque para o Daesh, autodenominado Estado Islâmico
- uma organização que saiu da Al Qaeda, fundada com apoio da Casa Branca na década de 80 para
combater o avanço da influência da União Soviética pelos países do Oriente Médio.

A justificativa para iniciar o conflito armado era a derrubada do governo de Bashar Al Asad, o resultado
foi a morte de 400 mil pessoas e a mudança forçada de 11 milhões de sírios.

Nove anos depois do início da guerra o país ainda vive confrontos armados principalmente na região
norte, província de Idleb, bastião da Frente Al Nusra e do Daesh e território em disputa com o governo
turco. Em 2018, aproximadamente mil crianças foram vítimas de bombardeios, segundo relatório da
Unicef.

Entre os mais de 11 mil refugiados em território brasileiro, 1.018 são sírios, de acordo com dados de
2019 do Conselho Nacional de Refugiados (Conare) e da Acnur. Durante o início do conflito, o Estado
brasileiro facilitava os documentos para a entrada dos sírios no país, mas a atenção aos refugiados
ainda é feita majoritariamente por organizações do terceiro setor.

É o que assegura Marcelo Aydu, do Instituto Adus de Reintegração do Refugiado, uma Organização
da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), que atende cerca de 400 refugiados mês a mês, na
cidade de São Paulo. "O grosso do trabalho focado em integração local, com aulas de português, ca-
pacitação para o mercado de trabalho, ações de empreendedorismo, ações culturais e de lazer, grande
parte vem sendo realizado por ONGs e quase sempre sem apoio do Estado", garante.

Segundo o direito internacional, a legislação brasileira e convenções adotadas pelas Nações Unidas, a
pessoa que solicita refúgio têm o direito de permanecer no país de acolhida até o momento que quiser.
Se houver necessidade, poderá haver cooperação entre Estados para que a pessoa migre novamente,
mas o regresso ao país de origem, seja pelo fim das ameaças e conflitos ou por outros motivos, é de
livre arbítrio do refugiado.

"Eles têm a liberdade de voltar pro país de origem no momento em que quiserem, a questão é que os
governos não são obrigados a arcar com os custos da volta deles. Essa é a questão. Via de regra quem
tem que arcar com esses custos são os próprios refugiados", comenta Aydu.

A Cruz Vermelha fornece serviços de água e saneamento às autoridades da região – Síria, Iêmen,
Iraque, Jordânia, Gaza, Cisjordânia e Líbano. / CICV

Palestina

O povo palestino é a nacionalidade há mais tempo em situação de refúgio e também a mais numerosa.
Desde 1927, com a primeira invasão à Cisjordânia e à Faixa de Gaza por forças militares israelenses,

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milhões de palestinos são obrigados a deixar suas casas. São 8 milhões de palestinos refugiados,
enquanto cerca de 4 milhões ainda resistem para defender o que lhes sobrou de território.

As pessoas que fugiram do conflito na segunda e terceira onda imigratória (1948 e 1967) sequer podem
voltar às suas casas, porque a terra foi invadida e as moradias demolidas para dar lugar a assenta-
mentos ilegais de Israel. Em 1950, a ONU criou a Agência de Assistência aos Refugiados da Palestina
(Unrwa - pela sigla em inglês), que administra 58 acampamentos.

No entanto, nem todos palestinos despatriados vivem nesses acampamentos. Cerca de metade dos
refugiados, 4 milhões, vivem na Jordânia, 2,5 milhões nos territórios palestinos ocupados (Cisjordânia
e Gaza) e cerca de 1,5 milhão vive na Síria e no Líbano.

A situação em cada país é bastante diferente, como confirma Muad Moussa, membro do comitê central
da Frente Democrática pela Liberação da Palestina (FDLP).

No Líbano um refugiado palestino é proibido de exercer 70 profissões, entre elas: médico, engenheiro,
farmacêutico, advogado. O palestino só pode exercer essas funções dentro do acampamento de refu-
giados.

Segundo um informe publicado pelo comitê de saúde e juventude da organização política palestina Al-
Fatah, a situação vulnerável dos refugiados palestinos no Líbano foi exacerbada pelas restrições de
movimento, fechamento de instalações vitais e toque de recolher imposto pelas autoridades libanesas
para impedir uma propagação adicional da covid-19.

"Avisamos que, caso o vírus atinja os campos de refugiados palestinos, é provável que a situação atinja
um ponto sem retorno, já que a grande maioria das famílias de palestinos estão em situação de po-
breza", denunciam no documento.

Já na Síria, Moussa comenta que os palestinos são bem recebidos pelo governo e pelo povo. Podem
trabalhar, estudar, o sistema de saúde os atende e não há distinção entre palestinos e sírios, podem
gozar de todos os seus direitos humanitários e políticos.

Na Jordânia, os palestinos foram obrigados a se nacionalizar como jordanos, por conta de um conflito
nos atos 1970 entre organizações palestinas e o governo jordano. "Isso obrigou os palestinos a forjar
uma política educativa social e econômica, que de uma forma ou outra tende a apagar a memória
histórica dos refugiados palestinos e cortar seus vínculos com sua pátria", assegura Muad Moussa.

Tanto na Cisjordânia, como na Faixa de Gaza, os palestinos vivem em solo considerado pátrio, mas
não nas suas aldeias nativas, porque foram impedidos de voltar aos seus lares. Nessas localidades,
eles são atendidos pela autoridade palestina, comandada pelo presidente Mahmoud Abbas, da Orga-
nização para a Liberação da Palestina (OLP).

Há 14 anos, a Faixa de Gaza sofre um bloqueio naval e terrestre por parte das forças de Israel, dificul-
tando o abastecimento de combustível, medicamentos e comida. Por conta do conflito, ambulatórios e
hospitais foram bombardeados pelo exército israelense.

Em 2012, a ONU emitiu um relatório no qual afirmava que a região seria inabitável em 2020. O acam-
pamento de Al Shati, reunia em 2013, cerca de 82 mil palestinos num espaço de 727 m².

Existem mais palestinos em situação de refúgio, sob atenção da ONU, que habitando sua terra natal. /
UNRWA

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Segundo o Ministério de Saúde palestino, a região conta com pouco mais de dez respiradores e 65
leitos de tratamento intensivo. Para Ghada Majadle, da organização Médicos pelos Diretos Humanos,
do ponto de vista do direito internacional, Israel seria responsável por fornecer insumos médicos aos
palestinos.

Decretada a quarentena total desde o final de março, a Faixa de Gaza registrou até dia 8 de abril, dois
infectados com o novo coronavírus. "Essa pandemia da covid-19 agrava ainda mais os problemas já
existentes na Faixa de Gaza. Com o pouco que temos, estamos tratando de estabelecer algum con-
trole de forma a cumprir a quarentena, mas isso também gerou uma grave crise para as famílias pales-
tinas que não têm como viver sem trabalhar diariamente. Mais de 70% da população da Faixa de Gaza
vive abaixo da situação de pobreza", afirma Muad Moussa, da FDLP.

Além do bloqueio, desde 2018, os Estados Unidos suspenderam o apoio financeiro à sessão da Acnur
que atendem os palestinos. Em 2017 o montante era de 350 milhões de dólares.

"O povo palestino já não aguenta mais e o seu destino não é seguir reclamando ou denunciando as
barbaridades do sionismo e do exército de Israel, mas merecem uma vida digna e isso passa por re-
construir nossa casa, nossa unidade nacional, nosso lar, para poder falar ao mundo com uma só voz
que é o clamor pela nossa independência, liberdade, pelo retorno de todos os refugiados e com Jeru-
salém como capital eterna", finaliza Muad Moussa.

Crise

A crise dos refugiados tem como uma das causas o aumento dos fluxos migratórios, fenômenos que
acompanham a humanidade desde os seus primórdios e cujos motivos podem ser os mais diversos,
embora o mais comum seja a busca por melhores condições de vida, ou seja, migração econômica.

Todavia, há um tipo específico de migrante, o refugiado, este se vê obrigado a fugir de seu país por
sofrer perseguição de qualquer natureza e temer por sua integridade física e pela própria vida. Conflitos
armados e guerras têm provocado o deslocamento em massa de refugiados ao redor do mundo, prin-
cipalmente de 2015 em diante.

Embora inicialmente se desloquem no limite das fronteiras de seu país, em situações dramáticas faz-
se necessário buscar asilo em países vizinhos e, por vezes, em países distantes. Esse tipo específico
de migrante, reconhecido na década de 1950, tornou-se protagonista na agenda de países e organis-
mos internacionais nos últimos anos, quando houve um ingresso em massa dele no continente euro-
peu.

Migrantes e refugiados

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), refugiado é aquele que
foge de sua terra natal por conta de perseguição ou de conflitos armados. Fazer parte desse grupo
confere o direito firmado em legislação internacional de receber assistência do ACNUR, de Estados e
de organizações especializadas.

O ACNUR foi criado em 1950, sua primeira missão foi assistir aos refugiados europeus remanescentes
da Segunda Guerra Mundial. Alguns campos de refugiados criados em meados do século passado
ainda existem e estão ativos, como um campo localizado na Zâmbia, de 1966, que inicialmente abrigava
refugiados da guerra civil angolana e, em 2020, passou a acolher congoleses que fogem dos conflitos
protagonizados por milícias armadas que assolam seu país politicamente instável.

O Estatuto dos Refugiados, adotado pela Convenção das Nações Unidas em 1951, prevê que um re-
fugiado não pode ser expulso de um país ou devolvido ao seu país em situações que coloquem em
risco sua vida e liberdade.

Qual a diferença entre refugiado e migrante? O migrante muda-se para outro país por escolha pessoal,
e não por sofrer ameaça direta, sua intenção é melhorar de vida e não fugir de perigos iminentes.
Mesmo que se trate de migrantes em situação de extrema pobreza, eles não são definidos como refu-
giados, o status de refugiado está estreitamente ligado a situações de violência. Portanto, os migrantes
não são contemplados pela mesma lei que os refugiados, cada país trata-os conforme sua legislação
específica, e não há restrição para devolvê-los aos países de origem.

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Geralmente, o itinerário de um refugiado dá-se da seguinte maneira: primeiro, ele se desloca interna-
mente dentro de seu próprio país em busca de proteção, nessa circunstância é convencionalmente
denominado “deslocado interno”. Quando a insegurança generalizada impele-o a cruzar as fronteiras,
para que sua condição de refugiado seja reconhecida oficialmente, ele precisa solicitar asilo ao país
em que se abrigou, situação em que é chamando de “solicitante de asilo”, e nem sempre o pedido de
asilo é atendido.

Conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2019 havia cerca de 68 milhões de refugiados
no mundo. Desses 40 milhões em média eram deslocados internos, 25 milhões eram refugiados e três
milhões eram solicitantes de asilo. Note que a quantidade de deslocados internos é significativamente
maior que a de refugiados, isso reforça a tese defendida por especialistas de que fugir do próprio país
é o último recurso daqueles que vivem em situações de conflito, é uma atitude dramática, pois requer
afastar-se de laços culturais e consanguíneos e viver com direitos restringidos.

Muitos refugiados têm a intenção de voltar aos seus locais de origem após o fim dos conflitos, porém a
média global de tempo vivido na condição de refugiado é de 26 anos.

Refugiados na Europa

O pico histórico da chegada de migrantes à Europa foi em 2015, quando cerca de um milhão de pes-
soas adentraram em território europeu. Embora intensificado por levas de sírios que fugiam da guerra
em seu país, também havia muitos migrantes fugindo da fome e da pobreza, sobretudo de países
africanos.

Esse fluxo migratório arrefeceu-se nos anos posteriores por conta de medidas adotadas pelos países
do bloco europeu, tais como o fechamento de fronteiras, especialmente na rota dos Bálcãs, por onde
migrantes iam a pé; o acordo entre a Itália e a Guarda Costeira da Líbia, país que era o principal ponto
de embarque em viagens clandestinas à Europa; e o acordo controverso e criticado firmado em 2016
entre a União Europeia e a Turquia, pelo qual para cada refugiado sírio que chegasse ao litoral grego
e fosse devolvido à Turquia, outro refugiado que estivesse em território turco seria levado à Europa.

Esse acordo é criticado por defensores de Direitos Humanos, que alegam ser ferida a legislação inter-
nacional de não rejeitar solicitantes de asilo. O efeito dessas medidas fez com que, em 2018, o número
de refugiados e migrantes ingressando na Europa fosse inferior a 200 mil.

Celebração de convênio entre Junta de Governo e a ONG ACCEM para atender a refugiados em Madrid
(Espanha), 2019.

Principais rotas dos refugiados

Crises de refugiados constituem um fenômeno antigo. Na mais recente crise de refugiados, sentida
especialmente a partir de 2015 por conta da guerra civil que aterroriza a Síria, as rotas foram diferentes
de crises anteriores, posto que a conjuntura geográfica onde se desenrola o conflito que motiva a crise
é determinante para a formação de itinerários de fuga.

O comum é que inicialmente os refugiados desloquem-se dentro de seu próprio território e, quando isso
não é mais possível, cruzem as fronteiras para os países vizinhos. Os refugiados sírios, por exemplo,

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não foram diretamente para a Europa quando a crise intensificou-se, mas para os países mais próxi-
mos, como Jordânia, Líbano e Turquia, sendo que, neste último, em 2019, havia cerca de 3,3 milhões
de refugiados sírios.

Isso representa, aproximadamente, metade do total de refugiados sírios ao redor do mundo. Essa ten-
dência de procurar asilo nos países fronteiriços ao seu país de origem é um dos principais motivos para
que 85% dos deslocados estejam abrigados em países em desenvolvimento, segundo o ACNUR.

O país com maior número de refugiados no mundo, em 2018, era a Turquia, com 3,3 milhões; em
segundo lugar, estão Uganda e Paquistão, com 1,4 milhão de refugiados cada; e, em terceiro lugar, o
Líbano, com 1 milhão aproximadamente. Para efeito de comparação, a Itália, nesse mesmo ano, tinha
em média 150 mil refugiados e 180 mil solicitantes de asilo, o que representa um terço do total de
refugiados do Líbano.

Refugiados sírios e iraquianos chegando da Turquia à Ilha de Lesbos (Grécia, 2015) e sendo ajudados
por uma ONG espanhola (Proactiva Open Arms).

A partir de 2015, um fluxo intensificado de migrantes tentou entrar na Europa. Muitos iam para a Líbia,
país ao norte da África, onde contrabandistas organizavam a viagem em embarcações precárias que
realizavam travessias perigosas e, não raro, mortíferas pelo Mar Mediterrâneo, tendo como porta de
entrada para o continente países como Grécia e Itália. Segundo a ONU, em 2016, mais de cinco mil
pessoas morreram durante travessias no Mediterrâneo.

As travessias são divididas em três caminhos: rota do Mediterrâneo central, parte da Líbia para a costa
italiana (Ilha de Lampedusa); rota do Mediterrâneo ocidental, parte do Marrocos, Tunísia e Argélia para
a costa espanhola; rota do Mediterrâneo oriental, parte da Turquia para a costa grega. Outro caminho
comumente utilizado é a rota dos Bálcãs, menos perigosa porque pode ser terrestre. Essas incursões
têm diminuído em razão de medidas tomadas pelos países europeus.

Causas da crise dos refugiados

Crises humanitárias movidas por migração em massa são um fenômeno milenar. Por toda a história
humana, houve situações em que populações tiveram que fugir de perseguições, fome e guerras. No
entanto, conforme legislação internacional, o status de refugiado está condicionado à migração moti-
vada por situações de conflito violento, como perseguição a uma etnia específica, conflitos armados
localizados ou guerra civil.

Portanto, as causas de uma crise de refugiados estão relacionadas à violência, insegurança e ameaça
à vida. As crises motivadas por pobreza e fome são crises migratórias. Uma crise de refugiados só
pode ser assim definida se a causa for perseguição ou guerra. Portanto, toda crise de refugiados é uma
crise migratória, mas nem toda crise migratória é uma crise de refugiados.

Além da definição de refugiados como fugitivos de guerra e conflitos armados, nos últimos anos têm-
se discutido a emergência de uma nova categoria, os “refugiados climáticos”, referente às pessoas que
fogem de seus países por conta de catástrofes naturais resultantes das mudanças climáticas. Essa
categoria, embora esteja ganhando cada vez mais espaço no debate público, não é reconhecida pela
ONU nem por outras organizações internacionais.

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Conforme dados apresentados por O Globo |1|, em 2019 mais da metade dos refugiados no mundo
(57%) era oriunda de três países: Síria (6,3 milhões), Afeganistão (2,6 milhões) e Sudão do Sul (2,4
milhões), três países em guerra civil, o primeiro desde 2011 até o presente, o segundo desse 1978 até
o presente, e o terceiro desde 2013 até fevereiro de 2020.

A guerra civil vivida na Síria causou, a partir de 2015, a maior crise migratória desde a Segunda Guerra
Mundial. Outros países que também vivem graves conflitos que obrigam seus patrícios a fugirem são:
Eritréia, República Centro Africana, Iraque, Somália, República Democrática do Congo, Burundi e Ni-
géria.

Refugiados no Brasil

No Brasil, em 2019, havia cerca de um milhão de estrangeiros residentes. Isso corresponde a menos
de 0,5% da população brasileira. Na última década, três ondas migratórias foram sobressalentes no
país: a partir de 2010, a dos haitianos; a partir de 2015, a dos sírios; e a partir de 2018, a dos venezu-
elanos. Cerca de 11 mil estrangeiros eram reconhecidos pelo status de refugiado e havia 161.057 so-
licitações de reconhecimento. Conforme a pesquisa “Refúgio em números” |2|, dos refugiados reconhe-
cidos, 36% eram sírios, 15% eram congoleses, 9% eram angolanos, 7% eram colombianos, e 3% eram
venezuelanos.

Mesmo sendo o maior e mais populoso país da América do Sul, o Brasil tem um fluxo migratório pe-
queno se comparado a outros países. Quando analisamos, por exemplo, a migração de venezuelanos
que, principalmente a partir de 2018, intensificou-se no estado de Roraima, percebemos que, compa-
rado a outros países vizinhos, o Brasil, naquele ano, recebeu cerca de 455 mil venezuelanos, menos
que o Peru (506 mil) e a Colômbia (1,1 milhão).

É sempre importante frisar que há uma diferença entre o migrante econômico e o refugiado, o primeiro
foge da fome e pobreza, busca melhores oportunidades de vida, o segundo foge de perseguição de
qualquer natureza, de situações de violência e ameaça à sua integridade física. A legislação brasileira
estabelece como critério para reconhecer pedidos de refúgio o medo de voltar para casa. O Comitê
Nacional para Refugiados (Conare) é vinculado ao Ministério da Justiça. A lei brasileira de refúgio, Lei
9.474, de 1997, considera como refugiado |3|:

“[…] todo indivíduo que sai do seu país de origem devido a fundados temores de perseguição por
motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas imputadas, ou devido a uma
situação de grave e generalizada violação de direitos humanos no seu país de origem.”

De acordo com o Conare, conforme apontado pelo G1|4|, em 2018 as principais razões que motivaram
pedidos de refúgio deferidos pelo órgão no Brasil foram: grave e generalizada violação de Direitos Hu-
manos, opinião política, grupo social, religião, nacionalidade e raça. O estado brasileiro que mais re-
gistrou pedidos de refúgio no mesmo ano foi Roraima (63%), em razão do colapso na Venezuela. Em-
bora os venezuelanos sejam os que mais apresentaram pedidos de refúgio, o contingente de refugiados
venezuelanos oficialmente reconhecidos é o menor (3%) em comparação a outras nacionalidades.

Família síria vende esfirras no Rio de Janeiro após fugir da guerra em seu país natal (2015).

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Consequências da crise dos refugiados

O fluxo de pessoas em todo o mundo gera inúmeras consequências, boas e ruins. Em situações nor-
mais, as trocas culturais entre povos distintos são imensamente proveitosas, mas, em situações de
conflito, a tendência é que as consequências negativas sejam mais enfatizadas.

Em termos políticos, a consequência que se destaca é o crescimento do nacionalismo nos países que
recebem grande número de refugiados e migrantes. Partidos ultranacionalistas passaram a ganhar
mais cadeiras no parlamento europeu, e alguns alcançaram o governo central em seus países, como
Hungria, Ucrânia e Polônia.

Um exemplo significativo dessa tendência deu-se na Itália, cuja promessa de campanha do governo
eleito em 2018 era impedir o desembarque de navios clandestinos. A medida drástica de fechar os
portos italianos fez com que tanto navios de migrantes e refugiados quanto navios de organizações
internacionais de resgate ficassem vários dias à deriva, mesmo com idosos, crianças e pessoas doen-
tes a bordo.

Os temores das populações locais — em perderem o emprego, terem seu acesso a serviços estatais
restringido ou redução da qualidade desses serviços e pagarem mais impostos para a rede de proteção
governamental atender a estrangeiros — acabam por gerar focos de xenofobia, isto é, aversão a es-
trangeiros, o que pode resultar não só em manifestações individuais de intolerância e preconceito, mas
em organizações de promoção desse tipo de hostilidade, como grupos supremacistas.

Embora um fluxo de pessoas acima do esperado gere, inicialmente, pressão sobre a rede de proteção
governamental e sobre o mercado de trabalho, no longo prazo, caso o governo local consiga distribuir
esse contingente de pessoas em seu território e integrá-lo por mecanismos formais em seu sistema de
seguridade e no sistema econômico, o grupo de migrantes pode representar ganhos econômicos para
o país que o acolhe.

Por exemplo, o pesquisador Álvaro Navarro Sotillos constatou que, a partir de 2016, a presença maciça
de refugiados sírios na Turquia propiciou a instalação de um número crescente de empresas com ca-
pital sírio. Os refugiados têm o potencial de atrair novos mercados para as nações que os recebem.
Além disso, em países de populações envelhecidas, a mão de obra jovem representa uma revitalização
na economia.

Os efeitos negativos da presença de refugiados, seja na provisão de serviços públicos, seja na de-
manda de empregos e salários, são subvertidos em longo prazo, pois os refugiados bem instalados
têm o potencial de dar retorno a esses países.

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