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DIREITOS HUMANOS E REFUGIADOS

Introdução
O problema dos refugiados constitui uma das questões mais complexas com que a
comunidade internacional hoje se defronta. Trata-se de um problema pluridimensional e
global. Assim, qualquer abordagem ou solução a adoptar deverá ser globalizante e
contemplar todos os aspectos do problema.
O problema agravou-se significativamente desde 2010 com o eclodir da guerra na Síria,
no Afeganistão, no Congo e Sudão e da crise económica na Venezuela. Mais
recentemente a guerra na Ucrânia veio tornar a realidade do problema dos refugiados
ainda mais próximo da Europa.

Quem são os Refugiados?


Os refugiados são pessoas que saíram do seu país devido a graves violações dos
direitos humanos, como a existência de conflitos armados ou perseguições devido à sua
identidade (etnia, nacionalidade, pertença a um determinado grupo social), convicções
religiosas ou opiniões políticas.

O Direito Internacional dos Refugiados


A Convenção de 1951 relativa ao Estatuto dos Refugiados
A Convenção de 1951 constituiu um marco histórico no estabelecimento de princípios
reguladores do tratamento dos refugiados.
Trata-se do fundamento legal que está nos pilares do trabalho da ACNUR, a agência da
ONU para os refugiadosJ
Estabeleceu os princípios básicos para o tratamento dos refugiados, nomeadamente os
direitos elementares que lhes devem ser reconhecidos. Define também o estatuto
jurídico dos refugiados e contém disposições relativas ao direito ao emprego
remunerado e ao bem-estar, à emissão de documentos de identidade e de viagem, à
aplicabilidade de encargos fiscais e ao direito à transferência de bens para outro país,
onde tenham sido admitidos com vista à sua instalação.
Proíbe a expulsão e o regresso forçado das pessoas que beneficiam do estatuto de
refugiado. Refere-se também à naturalização e integração dos refugiados. Contudo, a
proteção internacional abrange mais do que a segurança física. Os refugiados devem
usufruir, pelo menos, dos mesmos direitos e da mesma assistência básica que qualquer
outro ser humano usufrui, como, por exemplo, o direito à vida, a protecção contra a
tortura e os maus tratos, o direito à nacionalidade, o direito à liberdade de circulação, o
direito a deixar qualquer país, incluindo o seu, o direito a regressar ao seu país e o
direito de não ser forçado a regressar.
De igual modo, os direitos económicos e sociais que se aplicam aos refugiados são os
mesmos que se aplicam a outros indivíduos. Pessoas refugiadas devem ter acesso à
assistência médica, a habitação, aos tribunais, à segurança social, ao emprego e à
escolaridade.
Por outro lado, os refugiados também têm responsabilidade e obrigações, entre elas a
de respeitar as leis do país que os acolhem.

A Situação Global dos Refugiados


O número de refugiados e deslocados internos no mundo continuou a crescer em 2020,
atingindo um novo recorde de 82,4 milhões no final de 2021 em resultado de perseguições,
conflitos, violência, fome e outras violações dos direitos humanos
A guerra na Ucrânia já é responsável por cerca de 7,3 milhões de refugiados (ler tabela)

Relação entre a Violação dos Direitos Humanos e os Refugiados


Existe uma relação evidente entre o problema dos refugiados e a questão dos direitos
humanos. As violações dos direitos humanos constituem uma das principais causas dos
êxodos e o desrespeito pelos direitos básicos dos refugiados não permite que estes
encontrem a paz e segurança noutros países, são objecto de medidas restritivas que
lhes negam o acesso a territórios seguros.

Violação dos Direitos Humanos como Causa dos Êxodos de Populações


Na maioria dos casos os êxodos devem-se a conflitos armados, que fazem com que as
pessoas tenham que abandonar as suas casas, as suas comunidades e o seu país com
o medo de serem assassinados, torturados, vitimas de violação, escravatura, assaltos …
O que corresponde à violação do artigo 3°: Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade
e à segurança pessoal.
Por outro lado, as perseguições devido à identidade também se encontram na origem
deste problema. Pessoas de minorias étnicas e religiosas, comunidade LGBT, de
opiniões políticas diferenciadas são exemplos dos principais alvos de perseguição.
O artigo 14: “Todo ser humano vítima de perseguição tem direito a asilo.” impõe o direito
de viver num país mais seguro no caso desse tipo de perseguições

Violação dos Direitos dos Refugiados


Nalguns casos, os requerentes de asilo e os refugiados são mantidos em detenção ou
enviados à força para zonas onde a sua vida, a sua liberdade e a sua segurança são
ameaçadas
Ainda nos dias de hoje diversos países enfrentam acusações de expulsões sumárias,
violência, indiferença em relação aos náufragos, falta de proteção às crianças. Alguns
são atacados por grupos armados. Outros são vítimas do racismo.

Conclusão
O respeito pelos direitos humanos é uma condição necessária tanto para prevenir,
como para solucionar os atuais fluxos de refugiados. Estes têm direitos que devem ser
respeitados antes, durante e depois do processo de concessão de asilo.
Para prevenir os fluxos de refugiados é necessário promover a paz, visto que a guerra
trata-se da principal causa das saída ilegais de população.
Por outro lado, é importante garantir que os refugiados tenham acesso a alimentação,
abrigo, saúde e educação, tal como a sua integração segura nas novas comunidades em
que se inserem.
A proteção dos direitos dos refugiados é também uma questão de responsabilidade
coletiva e é essencial as comunidades trabalharem juntas para encontrar soluções
duradouras para a crise global de refugiados.

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