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Sumário

Carta das Mesas..........................................................................................................................1


O que é e como funciona o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados?.........2
Introdução...................................................................................................................................3
Ondas Migratórias do Oriente Médio e Norte de África para a Europa.....................................5
Desafios Enfrentados pelos refugiados...................................................................................... 6
Condições de vida nos países de origem e durante a jornada de migração................................7
Sobrecarga dos sistemas de asilo e infraestrutura dos países de destino, discriminação,
xenofobia e exploração...............................................................................................................9
Controle de fronteiras...............................................................................................................10
Soluções e Respostas Internacionais e Regionais.................................................................... 15
Conclusão................................................................................................................................. 21
Questões a que uma resolução deve responder........................................................................ 22
Representações......................................................................................................................... 23
Referências............................................................................................................................... 24
Carta das Mesas

Senhores Delegados,

Bem vindos a mais uma edição da Nation MUN, é com muito prazer que as mesas
realizaram os materiais e desenvolveram esta “pequena experiência” para os senhores.
Todos nós já estivemos no vosso lugar, foi onde tivemos os nossos melhores lugares,
no entanto, nenhum comitê foi tão inesquecível como este será. Entregamo-vos um fim de
semana dentro de uma experiência inesquecível, ao rubro para participarmos de um desafio
da ACNUR.
O ACNUR é um comité pelo qual temos uma relação muito especial e este tema em
específico é muito importante sobretudo pelo atual cenário de instabilidade na Europa.Para
alguns de vocês será um primeiro discurso, para outros mais um discurso e
independentemente do que acontecer peguem em todo o vosso nervosismo e tornem em algo
diferente e maravilhoso. As mesas recomendam fortemente que os senhores encontrem o
comité onde se sentem em casa, seja ele CDH, OMS, etc…, o que interessa é que encontrem
o vosso sitio, aprendam e sejam felizes, divirtam-se acima de tudo.
Sejam o delegado que marca a diferença e independentemente de não saberem o que
falar quando estiver um silêncio profundo falem, pode até estar errado, mas falem e falem
com assertividade, sejam convincentes e MARCANTES. A equipe Nation está aqui para
auxiliar vocês no que for necessário, estamos aqui para auxiliar no que for necessário.
Desejamos a melhor experiência possível aos senhores, e que não hesitem em tirar dúvidas!

Sejam bem vindos e desfrutem desta aventura,

Atenciosamente, NationMUN.
O que é e como funciona o Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados?

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados é uma agência das
Nações Unidas, criada em 1950 para ajudar as pessoas deslocadas na Europa, como resultado
da Segunda Guerra Mundial.
Atualmente, apoia milhões de pessoas que precisam de ajuda para sobreviver e
garantir a proteção dos seus direitos. Conta com a presença de mais de 135 países para
satisfazer as necessidades de todos aqueles que fugiram da guerra, perseguição ou violações
dos direitos humanos. A agência atua em estreita colaboração com governos, organizações
não governamentais (ONGs) e outros parceiros humanitários para coordenar a resposta global
aos deslocamentos forçados.
Além disso, o ACNUR registra e documenta os refugiados, o que é fundamental para
garantir seu reconhecimento legal e acesso a serviços e direitos. A agência também busca
soluções duradouras para os refugiados, como repatriação voluntária, integração local ou
reassentamento em um terceiro país. O ACNUR realiza campanhas de sensibilização e
programas educacionais para aumentar a conscientização sobre a situação dos refugiados e
promover a tolerância e a solidariedade.
Existem atualmente mais de 103 milhões de pessoas refugiadas, deslocadas e
apátridas em todo o mundo. Desde a sua criação em 1950, o ACNUR ajudou mais de 50
milhões de pessoas e recebeu duas vezes o Prémio Nobel da Paz, em 1954 e 1981.
Introdução

Ainda assim, há outro conceito que devemos abordar, a migração forçada. A migração
forçada refere-se ao deslocamento involuntário de pessoas de suas casas ou países de origem
devido a diversas razões, como conflitos armados, violência, perseguição, desastres naturais,
mudanças ambientais, pobreza extrema e falta de oportunidades. É um fenômeno complexo e
desafiador que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.
A migração forçada traz consigo uma série de desafios humanitários e de proteção. Os
indivíduos que são forçados a migrar enfrentam riscos significativos em suas jornadas,
incluindo abusos, violações de direitos humanos, exploração, discriminação e dificuldades
para acessar serviços essenciais, como abrigo, alimentos, água, saúde e educação.
Segundo a ACNUR, um refugiado é a pessoa que está fora do seu país de origem
devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião,
nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como
também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados​​.

“A Síria foi o país que mais gerou refugiados no mundo. Cerca de 824.400 pessoas
foram forçadas a fugir dos conflitos que assolam o país. As crises na África subsaariana
também levaram a novos deslocamentos. Quase 737.400 pessoas deixaram o Sudão do Sul
para escapar de uma crise humanitária que cresceu consideravelmente em 2016. Burundi,
Iraque, Nigéria e Eritréia também geraram grande número de refugiados. Os 5,5 milhões de
sírios que foram forçados a fugir constituem o maior grupo de refugiados do mundo. Os
refugiados do Afeganistão aparecem em segundo lugar se considerado o país de origem.”

Além do termo refugiado na globalidade, existem algumas categorias específicas de


refugiados que se destacam devido às circunstâncias particulares que os levaram a buscar
proteção em outros países. Alguns deles são:

- Refugiados Climáticos: São pessoas que são forçadas a deixar seu local de origem
devido a desastres naturais, mudanças climáticas, degradação ambiental ou outras
condições ambientais adversas. Esses refugiados enfrentam desafios causados pela
perda de terras cultiváveis, falta de recursos naturais, aumento do nível do mar,
desertificação e outros efeitos das mudanças climáticas;

- Refugiados de Conflitos Armados: São pessoas que fogem de seus países devido a
conflitos armados, guerras civis, violência generalizada ou perseguição relacionada ao
conflito. Esses refugiados enfrentam riscos graves à sua segurança e bem-estar devido
à violência e à instabilidade em suas regiões de origem;

- Refugiados por Motivos Étnicos ou Religiosos: São pessoas que são perseguidas em
função de sua origem étnica, religião ou afiliação a um grupo social específico. Esses
refugiados buscam proteção em outros países para escapar da discriminação, violência
ou opressão com base em sua identidade;

- Refugiados por Gênero: Essa categoria inclui mulheres e crianças que são forçadas a
fugir de seus países devido a violência de gênero, casamentos forçados, mutilação
genital feminina, tráfico de pessoas ou outras formas de violência baseada em gênero.
Esses refugiados enfrentam riscos específicos e podem requerer proteção adicional;

- Refugiados LGBTQ+: São pessoas que são perseguidas em função de sua orientação
sexual ou identidade de gênero. Refugiados LGBTQ+ buscam proteção em outros
países para escapar da discriminação, violência, ameaças ou criminalização devido à
sua orientação sexual ou identidade de gênero.

O ACNUR trabalha, portanto, em assegurar a proteção e assistência a todas as pessoas


que são forçadas a deixar seus países de origem, independentemente das circunstâncias
específicas que as levaram a se tornar refugiadas.

Ondas Migratórias do Oriente Médio e Norte de África para a Europa

As ondas migratórias de refugiados do Médio Oriente e Norte de África para a Europa


têm raízes profundas e complexas que começaram há séculos atrás, como tal, o mais
importante é inicialmente compreendermos todo o contexto histórico, destacando o
Colonialismo, Conflitos, Instabilidade Política, Desigualdade Económica e Social. São
sobretudo estes os aspetos que vamos explorar, porque é em grande parte por eles que a
Europa recebe grandes ondas migratórias.
O Colonialismo Europeu no Médio Oriente, mas sobretudo em África, começou no
século XIX e continuou até meados do século XX, tendo um impacto significativo nas
estruturas sociais, políticas e econômicas da região. A divisão arbitrária de territórios e
fronteiras pelas potências coloniais levou a conflitos étnicos e religiosos e deslocamento de
populações. Uma das formas mais simples de compreendermos, é pegarmos na atual
República Centro Africana, uma nação que passou por instabilidade política e conflitos desde
a sua independência da França, em 1960. Quando foram determinados os territórios pelos
países europeus, várias etnias foram separadas e juntadas com outras que não se podiam
relacionar, porque se não o resultado era conflito e agressão. O país tem experimentado
golpes de Estado, guerras civis e violência étnica ao longo das décadas.
Os Conflitos e sobretudo Guerras Civis, continuam a ser frequentes sobretudo na
região do Médio Oriente, que tem sido palco de conflitos frequentes ao longo do século XX e
além, incluindo a criação do Estado de Israel em 1948 e os subsequentes conflitos
árabe-israelenses, a Guerra Irã-Iraque (1980-1988), a Guerra do Golfo (1990-1991), a Guerra
Civil Libanesa (1975-1990), a guerra civil síria (2011-presente) e outros conflitos regionais.
Atualmente, a Turquia recebe muitos refugiados sírios que tentam fugir do conflito
decorrente à 1 década, acabando muitos destes em países europeus, através da imigração
ilegal. As guerras em curso na Síria, Iraque, Iêmen e Líbia têm causado enormes
deslocamentos de populações, com milhões de pessoas fugindo da violência e dos horrores da
guerra em busca de segurança.
A Instabilidade Política é outro fator crítico, a prevalência de regimes ditatoriais e
instabilidade política em vários países da região levou a violações dos direitos humanos e
perseguições políticas, incentivando a fuga de muitos indivíduos em busca de segurança e
liberdade. O melhor exemplo é por exemplo o caso do Afeganistão. Claramente, o país já
enfrentava alguma instabilidade política e quando o Talibã chega ao poder, muitas pessoas
fogem em busca dos seus direitos para outros países. A situação chegou a ser tão má que os
EUA se retiraram e montes de pessoas desesperadas agarraram-se ao avião para fugirem.
A Desigualdade Econômica e Social é outro grande fator que determina a questão da
migração, a disparidade econômica entre o Norte de África e algumas partes do Médio
Oriente em comparação com a Europa tem sido uma das principais razões para a migração.
Muitos buscam melhores oportunidades de emprego e oportunidades econômicas que
melhorem a sua condição de vida na Europa.
A Perseguição Política e Religiosa tem sido outro grande fator, uma vez que
minorias étnicas e religiosas em alguns países do Oriente Médio sofrem com perseguição e
discriminação, forçando-as a buscar refúgio em países europeus mais tolerantes.
Para finalizar e não menos importante, as Mudanças Climáticas têm se tornado outra
grande razão destes acontecimentos, uma vez que assistimos a uma degradação ambiental e a
escassez de recursos naturais, estando por vezes relacionadas à migração forçada de
populações que sofrem os impactos das mudanças climáticas.
Atualmente, assistimos a um grande fluxo migratório do Médio Oriente e Norte de
África para a Europa. É uma questão complexa e desafiadora para a atualidade europeia.
Desafios Enfrentados pelos refugiados

“Conflito no Sudão deixa mais de três milhões de deslocados e refugiados”,“Resgate


de refugiados em perigo no mar é questão humanitária” “Quatro homens nigerianos são
encontrados escondidos no leme de um navio no Espirito Santos”. Manchetes como essas,
embora muitas vezes não repercutidas, estão presentes na mídia global. Entretanto,
enquanto a imprensa internacional tinha seu total foco no submarino Titan, ao menos 78
imigrantes faleceram no mar Mediterrâneo. Assim demonstrando como o tópico referente
aos refugiados e pessoas em vulnerabilidade ainda é desprezado.
Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro de 1948,
por direito: “Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.”.
Quando o Estado é incapaz de prover esse mínimo direito, pessoas que buscam uma
realidade melhor ou, pelo menos, uma vida digna e preservada, optam por abandonar seus
lares, suas famílias e, acima de tudo, sua nação, sujeitando-se a condições que em muitas
das vezes ferem - novamente - sua integridade. Em uma reportagem da Uol Ahmed
Hammed - refugiado da Palestina - relata sobre o sentimento negativo de deixar sua terra
natal, mas que em tempos de guerra pessoas ameaçadas acima de tudo buscam sobreviver
dia após dia. Essa afirmação está em consonância com as ideias expressa a décadas atrás
pelo autor judeu Adolf Rudnicki.

“Vivemos num mundo ameaçado, e neste mundo o único valor


autêntico que nos resta é a vida, nada mais que a vida.”
Adolf Rudnicki

Condições de vida nos países de origem e durante a jornada de migração

Ao passo que durante o século XIX e XX o Brasil era destino de milhares de


imigrantes italianos, portugueses, alemães, japoneses e árabes - em decorrência da Segunda
Guerra e outras grandes devastações - atualmente Venezuela, Haiti, Bolívia e Colômbia
atuam como os principais nomes das listas de imigração e refúgio na nação brasileira. Isso
sem contar em escala global, em que cidadãos de inúmeras outras nacionalidades se
encontram em situações semelhantes, entre eles: ucranianos, iraquianos, sul-sudaneses e
infelizmente muito outros.
Tomando como exemplo a Síria, em um contexto da Primavera Árabe há 12 anos
atrás iniciou uma guerra civil ainda não cessada. Desde então seus conflitos já deixaram
mais de 400 mil mortos, 13,5 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas -
número maior que população portuguesa inteira - além de tragicamente 90% das famílias do
país viverem na pobreza, enquanto mais de 50% sofrem de insegurança alimentar, segundo
dados divulgados pela UNICEF.

“Sentimos que talvez fosse a nossa vez de morrer. Então decidimos


partir”
Sahar, 25 anos, refugiado sírio no Líbano

Em fuga, essa população refugiada enfrenta tanto perigo - quando não mais - ao
enfrentar a jornada de migração, principalmente ao realizar a travessia, sendo ela por vias
terrestres ou marítimas. As três rotas consideradas mais periculosas são: rotas do
mediterrâneo, rotas internas africanas e cruzamento da fronteira americana (via México).
Embora as mesmas sejam um vislumbre de esperança para muitos refugiados, o número de
desastres e tragédias consequentes da mesma cresce exponencialmente.
No mês de fevereiro do ano de 2023, em um domingo, mais de 4 mil refugiados
pisaram em solo Italiano em uma duração de tempo de 24 horas, entretanto, na jornada
teme-se que mais de 100 vidas foram ceifadas.

“Temos casos de crianças que se tornaram órfãs, como um garoto


afegão de 12 anos que perdeu toda a sua família, uma família de nove
pessoas, incluindo quatro irmãos, pais e outros parentes íntimos”
Sergio di Dato

No último mês, um naufrágio em águas gregas tirou a vida de 300 pessoas. A causa
da tragédia ainda está sendo investigada, até o momento especula-se que foi uma junção de
inúmeros fatores, desde problemas mecânicos com a embarcação a problemas de
abordagem da guarda costeira.

“Este incidente devastador ressalta a necessidade urgente de abordar e


condenar o ato abominável de tráfico ilegal de pessoas.”
Muhammad Sadiq Sanjrani
Fato é que tal embarcação evidenciou mais uma vez ao mundo a ineficiência e os
problemas da travessia, ainda mais por serem embarcações ilegais que envolvem tráfico
internacional humano, custando muitas vidas inocentes

“Eles não os estão mandando para a Europa, eles os estão mandando


para a morte. Isso é o que eles estão fazendo e é absolutamente
necessário evitá-lo”
Ylva Johansson

Sobrecarga dos sistemas de asilo e infraestrutura dos países de destino,


discriminação, xenofobia e exploração

Em dados divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
no último mês de junho, após um ano de ataques russos, 6.3 milhões de ucranianos
deixaram sua nação em direção a outros países europeus devido ao risco que enfrentam.
Observa-se que tal número é maior do que a população absoluta de muitos países europeus,
exemplo disso sendo Irlanda, Dinamarca, Noruega, Finlândia, entre outros.
Embora grande parcela dos ucranianos pretendam voltar a sua terra natal, o
acolhimento de refugiados gera muitas incertezas e pressões governamentais, visto que
amparar esses refugiados é financeiramente custoso, além de haver um temor da
infraestrutura dos países não ser suficientemente capaz de lidar com a própria população
mais as pessoas estrangeiras.
Em uma pesquisa realizada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura), em 2019, cerca de 47% das crianças refugiadas no mundo
não vão à escola de educação primária. Sendo assim, tendo mais um de seus direitos
violados.
Refugiados e imigrantes passam por muitas situações até chegar ao país que os
receberá, seja temporária ou permanentemente, e do mesmo modo, tais nações enfrentam
desafios ao acolhê-los. Com políticas próprias, cada país tem seu modo de acomodar esses
refugiados. Dependendo da política e gestão, há consequências como déficits
infraestruturais, negligências, entre outros. Sendo assim, é de extrema importância que tais
medidas sejam minuciosamente planejadas e executadas para que não haja marginalização
dessas pessoas e para que não haja impactos sociais negativos, como aumento da xenofobia.
Tomando como exemplo a sociedade francesa, a maior parte da população
muçulmana na Europa atualmente reside em solo francês - 5,7 milhões de muçulmanos
franceses. Entretanto desde 2004 o governo aprovou uma série de banimentos
internacionalmente controversos, sendo algum deles: a proibição do uso de hijab por garotas
na escola, a proibição de utilizar em pública burca ou niqab desde 2011, a proibição o uso
do hijab por menores de 18 anos em 2021.
Ações que já foram até mesmo acusadas pela ONU de violarem os direitos humanos
persistem até atualmente, incentivando a segregação e o preconceito. Segundo alguns
estudiosos, o banimento de certos símbolos religiosos é uma medida governamental
utilizada para o desencorajamento de imigração e de não ser destinada a refugiados.

“Ninguém nasce a odiar outra pessoa devido à cor da sua pele, ao


seu passado ou religião. As pessoas aprendem a odiar, e, se o podem
fazer, também podem ser ensinadas a amar, porque o amor é mais
natural no coração humano do que o seu oposto”.
Nelson Mandela

Controle de fronteiras

Gestão de Fronteiras
Gestão de fronteiras diz respeito ao conjunto de medidas e políticas que tem como
objetivo regular a entrada e saída de pessoas, bens e serviços, no contexto da migração de
refugiados a gestão de fronteiras está relacionada à entrada e saída de pessoas
documentadas ou ilegais.

Países membros da União Europeia


O bloco da União Europeia dentro do seu sistema fronteiriço e sua legislação
migratória utiliza como ferramenta de gestão de fronteira o Frontex, criado em 2004, tem
como objetivo de proteção às fronteiras externas do espaço Schengen, sendo que a partir de
2016 a agência foi alargada e se tornou a Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e
Costeira, aumentando suas funções desde controle de migração à gestão de fronteiras.
Operações como buscas e salvamento também são competência do Frontex. As principais
responsabilidades e funções que a agência realiza são:
- Destacamento para o terreno;
- Análise de riscos;
- Acompanhamento das fronteiras;
- Avaliação de vulnerabilidade;
- Cooperação europeia no domínio das funções de guarda costeira;
- Compartilhamento de informações relativas a atividades criminosas;
- Operações de regresso;
- Relações externas;
- Reação rápida;

No que tange a ações de cooperação com outras agências, o Frontex atua em sua
maioria em conjunto com outras agências da União Europeia, como a Europol (União
Europeia para Cooperação Policial), à Agência Europeia de Segurança Marítima (AESM) e
a Agência Europeia de Controle das Pescas(AECP).

Fluxos migratórios na União Europeia


Dentre os países membros da UE, o fluxo de entrada de imigrantes refugiados
ilegais e legalizados vindos do continente africanos e região do Oriente Médio é mais
intensa nas rotas Ocidentais do Mediterraneao (Sul da Espanha), Central do Mediterraneo
(Sul da Itália) e Orientais do Mediterraneo (Leste da Grécia).
Regiões de entrada ilegal de imigrantes refugiados

Mapa Migratório (europa.eu)


De acordo com os registros do Frontex, a origem dos imigrantes não-europeus é de
maioria do Norte da África e Oriente Médio, como mostrado nos gráficos abaixo do
Relatório Anual de Análise de Risco (2021):

Os imigrantes que entram pelas 3 principais rotas não têm a intenção de permanecer
nos países de entrada, mas sim de chegar aos países mais ricos da UE, como Alemanha e
França.
A Alemanha sendo o principal destino dos refugiados, em 2022 tinha em seu território
cerca de 1.95 milhões de migrantes forçados não europeus. Os principais países de origem
dos imigrantes não europeus na Alemanha:
● Republica Arabe da Siria: 576.796 imigrantes (24.0%);
- 522.575 refugiados;
- 54.218 solicitantes de asilo.
● Emirado Islâmico do Afeganistão: 215.677 imigrantes (9.0%);
- 180.810 refugiados;
- 34.867 solicitantes de asilo.

● República do Iraque: 133.267 imigrantes (6.0%)


- 103.374 refugiados;
- 29.893 solicitantes de asilo.

A França é o segundo principal destino dentro da União Europeia dos refugiados,


sendo que em 2022 tinha em seu território cerca de 618.679 mil de migrantes forçados não
europeus. Os principais países de origem dos imigrantes não europeus na França:
● Emirado Islâmico do Afeganistão: 74.636 imigrantes (11.0%);
- 63.506 refugiados;
- 11.130 solicitantes de asilo.

● Republica Arabe da Siria: 41.331 imigrantes (6.0%);


- 40.339 refugiados;
- 992 solicitantes de asilo.

● República Democrática do Congo: 36.300 imigrantes (5.0%).


- 32.763 refugiados;
- 3.537 solicitantes de asilo.

Países não membros da União Europeia


O principal país que recebe refugiados que não faz parte do bloco da União
Europeia é a Turquia, tendo a maior população de refugiados do mundo seu sistema de
gestão de fronteira é altamente fragmentado, atualmente o assunto tem sido pautado
principalmente pela relação entre a Turquia e a União Europeia, devido a um acordo feito
entre as parte em 2016 que determinou algumas medidas no que diz respeito aos refugiados
que saem do território turco para a Grécia, tais medidas têm como objetivo eliminar a
migração irregular da Turquia para o território da UE.
As medidas definidas na Declaração UE-Turquia 2016 são as seguintes:
1) Todos os novos migrantes irregulares que cruzem da Turquia para as ilhas gregas
a partir de 20 de março de 2016 serão devolvidos à Turquia;
2) Por cada sírio regressado à Turquia a partir das ilhas gregas, outro sírio será
reinstalado na UE;
3) A Turquia tomará todas as medidas necessárias para impedir a abertura de novas
rotas marítimas ou terrestres para a migração irregular da Turquia para a UE;
4) Assim que as travessias irregulares entre a Turquia e a UE terminarem ou tiverem
sido substancialmente reduzidas, será activado um regime voluntário de admissão
humanitária;
5) O cumprimento do roteiro para a liberalização dos vistos será acelerado com vista
a levantar a obrigação de visto para os cidadãos turcos, o mais tardar, até ao final de junho
de 2016. A Turquia tomará todas as medidas necessárias para cumprir os restantes
requisitos;
6) A UE, em estreita cooperação com a Turquia, acelerou ainda mais o desembolso
dos 3 mil milhões de euros inicialmente atribuídos ao abrigo do Mecanismo para os
Refugiados na Turquia. Quando estes recursos estiverem prestes a ser utilizados na íntegra,
a UE mobiliza um financiamento adicional para o Mecanismo até um montante adicional de
3 mil milhões de EUR até ao final de 2018;
7) A UE e a Turquia congratularam-se com os trabalhos em curso sobre a
modernização da União Aduaneira.
8) O processo de adesão será revigorado, com o capítulo 33 aberto durante a
Presidência neerlandesa do Conselho da União Europeia e os trabalhos preparatórios sobre
a abertura de outros capítulos a prosseguirem a um ritmo acelerado;
9) A UE e a Turquia trabalharão para melhorar as condições humanitárias na Síria.

Atualmente a Turquia mantém os altos números de refugiados em seu território, em


2022 os números de refugiados sobre proteção temporária eram de 3.7 milhões de pessoas.
Os principais países de origens dos refugiados são:
- República Arabe da Siria: 3.685.839 milhões de pessoas
- República do Iraque: 162.760 mil pessoas
- Emirado Islâmico do Afeganistão: 125.104 mil pessoas

Além do acordo UE-Turquia, o governo turco tem trabalhado em conjunto com o


Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (United Nations High
Commissioner for Refugees) sob a Lei sobre Estrangeiros e Proteção Internacional (2013) e
o Regulamento de Proteção Temporária (2014), tendo como tópicos prioritários a proteção,
fortalecimento do acesso aos serviços de proteção, retorno voluntários, autossuficiência,
promoção de coesão social e harmonização e engajamento externo.
Soluções e Respostas Internacionais e Regionais

Sendo o referente tema deste guia bastante importante em prol da defesa dos direitos
dos imigrantes e refugiados, contudo, ao mesmo tempo negligenciado muitas das vezes
quando é noticiado pela mídia no geral, o seguinte tópico do guia dedica-se a apresentar o
histórico dos debates diplomáticos a respeito do tema e as respostas encaminhadas ao longo
do tempo como forma de solucionar esse problema.

Convenção de Genebra de 1951


As discussões acerca de uma total garantia dos direitos básicos a imigrantes em
situação vulnerável, sem nenhuma distinção entre seus indivíduos de acordo com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, começaram em 28 de julho de 1951, poucos
anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, momento no qual representantes de 26
Estados, dentre os quais inclui o Brasil, se reuniram em Genebra, Suíça, para resolver a
situação dos refugiados da Europa no pós-guerra. A Convenção das Nações Unidas relativa
ao Estatuto dos Refugiados, ou simplesmente Convenção de Genebra de 1951, como foi
designada a reunião, foi oficialmente efetivada em 22 de abril de 1954. Em seu 1º artigo,
seção A, item 2, a convenção consolidou formalmente o componente fundamental para o
Direito Internacional dos Refugiados (DIR), sendo este a definição do termo “refugiado”:

“2) Que, em conseqüência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de


1951 e temendo ser perseguida por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo
social ou opiniões políticas, se encontra fora do país de sua nacionalidade e que não
pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que,
se não tem nacionalidade e se encontra fora do país no qual tinha sua residência
habitual em conseqüência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido
temor, não quer voltar a ele.” (Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados,
1951)

Percebe-se neste trecho a preocupação da convenção em proteger os direitos das


pessoas afetadas pela devastação gerada durante a guerra na Europa, período antecedente à
convenção. A seção C ainda prevê as hipóteses em que uma pessoa não é mais considerada
como um refugiado, quando, por exemplo, retornar voluntariamente ao seu Estado de origem.
Por fim, na seção F são apresentadas as cláusulas de exclusão, isto é, prevê-se às hipóteses de
vedação de reconhecimento da condição da pessoa refugiada, como sendo o cometimento de
um crime de guerra, crimes contra a humanidade e atos contrários aos princípios das Nações
Unidas.
Dessa forma, após a definição do termo, a convenção institui no 2º artigo a
obrigatoriedade dos refugiados em respeitarem as leis do país contratante que os recebeu para
garantir a ordem pública, além de proibir a discriminação racial e religiosa nos artigos 3 e 4,
respectivamente. Em seguida, os próximos artigos estabelecem os padrões básicos de vida
que devem ser providos aos refugiados sem, no entanto, impor limitações aos Estados para
que estes possam desenvolver esse tratamento, conforme descrito no 5º artigo. Porém, com
relação ao princípio da reciprocidade, no qual o país A deve conceder a um estrangeiro, de
origem do país B, direitos semelhantes dados a ele em B e vice-versa, essa noção é isenta
pelo artigo 7 aos refugiados, pelo motivo de não possuírem proteção em seu Estado natal (B,
por exemplo). Assim, são assegurados o acesso gratuito aos tribunais; fornecimento de
assistência administrativa, documentos de identidade e de viagem; oportunidade de
continuidade de residência; educação pública; aquisição de propriedade móvel e imóvel;
dentre outros direitos fundamentais.
Por fim, os artigos 35 e 36 tratam das Disposições Executórias e Transitórias, em que
se estabelece o comprometimento dos Estado contratantes em cooperar junto ao Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados ou qualquer outra entidade da ONU na
supervisão e aplicação dos dispositivos da convenção. Cabe ainda às autoridades nacionais
enviar ao ACNUR as informações e dados estatísticos sobre o estatuto dos refugiados, a
execução das medidas da convenção e as leis relativas aos refugiados.

Protocolo de 1967
Embora a Convenção de Genebra de 1951 tenha consolidado as bases do Direito
Internacional dos Refugiados, este possuía na época um viés eurocentrista do mundo, visto
que as cláusulas temporal e espacial da convenção limitavam-se à Europa no final da 2º GM e
demais antecedentes de 1951. Soma-se a isso o processo de independência das colônias das
potências europeias nos continentes africano e asiático que se seguiu nas décadas de 1950 e
1960. Dessa forma, a atuação dos dispositivos da convenção era limitada e não atendia em
ampla conformidade todos os refugiados de um mundo que agora contava com novos Estados
nações integrantes das Nações Unidas, mas que estavam em meio a conflitos e a incidência
de novos fluxos de refugiados.
Nesse sentido, tornou-se necessário adicionar novas providências aos instrumentos da
convenção para providenciar uma defesa mais extensa aos refugiados. Assim, em 1966, o
Protocolo relativo ao Estatuto dos Refugiados foi apresentado à Assembleia Geral das Nações
Unidas, sendo assinado pelo Presidente da AGNU e pelo Secretário-Geral das Nações Unidas
em 31 de janeiro de 1967, tornando-se conhecido também como o Protocolo de 1967. Entrou
em vigor em 04 de outubro do mesmo ano.
É importante ressaltar que embora o protocolo esteja relacionado com as provisões da
convenção, este é um instrumento do DIR independente à mesma, visto que em seu texto
retira os limites espaciais e temporais da convenção, tornando-se aplicável a todos os países
membros das Nações Unidas - independente de ser signatário ou não da Convenção de 1951 -
e incide sobre todos as pessoas enquadradas como refugiados de acordo com o artigo 1 da
convenção.

Convenção da OUA de 1969


As discussões a respeito da proteção legal dos direitos dos refugiados não se
restringiram somente a nível intercontinental, como também foram desenvolvidos marcos
jurídicos regionais nos continentes, dentre eles o africano, em razão da evolução do problema
dos refugiados durante o processo de descolonização nas décadas posteriores à Segunda
Guerra Mundial. À medida que antigas colônias africanas tornaram-se nações independentes
e começaram a integrar as Nações Unidas, percebeu-se a necessidade de reunir os novos
países em uma comunidade africana para promover a solidariedade e intensificar a
cooperação entre os Estados, dentre outros princípios. O resultado foi a criação da
Organização da Unidade Africana (OUA), em 1963, sendo substituída em 2002 pela União
Africana (UA).
Dessa forma, em 10 de setembro de 1969, os 42 membros integrantes da OUA até
aquele momento se reuniram em Adis Abeba, capital da Etiópia (antiga sede da OUA e atual
sede da UA), onde realizaram a Convenção sobre Aspectos Específicos dos Problemas dos
Refugiados na África, a qual se baseia no escopo da Convenção de Genebra de 1951. Seu 1º
artigo também conta com a definição do termo “refugiado” e as hipóteses pelas quais uma
pessoa é enquadrada ou não como refugiada, porém adequando-se ao Protocolo de 1967, ou
seja, expandiu a definição para além dos limites territorial e temporal europeus:

“Artigo 1, seção 1 - Para fins da presente Convenção, o termo refugiado aplica-se a


qualquer pessoa que, receando com razão, ser perseguida em virtude da sua raça,
religião, nacionalidade, filiação em certo grupo social ou das suas opiniões
políticas, se encontra fora do país da sua nacionalidade e não possa, ou em virtude
daquele receio, não queira requerer a protecção daquele país; ou que, se não tiver
nacionalidade e estiver fora do país da sua anterior residência habitual após aqueles
acontecimentos, não possa ou, em virtude desse receio, não queira lá voltar.”
(Convenção da OUA sobre Aspectos Específicos dos Problemas dos Refugiados na
África, 1969)
Os demais artigos referem-se aos direitos básicos inalienáveis que qualquer indivíduo
deve ter e os tratamentos adequados que os Estados de destino dos refugiados devem ter para
com eles. Entrou em vigor no dia 20 de junho de 1974.

Declaração de Cartagena de 1984


O Brasil e a Colômbia foram os primeiros signatários da América Latina na
Convenção de Genebra de 1951. Porém, assim como a Convenção da OUA de 1969, as
nações latino-americanas perceberam a necessidade de expandir regionalmente os
fundamentos da convenção. Historicamente, desde o século XVI, a tradição de hospitalidade
da América Latina convergiu no acolhimento de milhões de migrantes durante o seu processo
de povoamento, contudo, apenas no século XIX que a migração se tornou um movimento
direcionado pelos recém Estados independentes de suas antigas metrópoles. A mobilização
no continente em ampliar a definição de “pessoa refugiada” ocorreu na década de 1980
devido ao surgimento de uma grave crise humanitária na América Central, resultante de
vários conflitos internos em meio ao contexto da Guerra Fria (1947-1991).
Dessa forma, em 22 de novembro de 1984, o ACNUR articulou um colóquio1 na
cidade colombiana de Cartagena das Índias, onde representantes governamentais e
acadêmicos locais se reuniram para encontrar soluções àquela crise. O resultado foi a
elaboração da Declaração de Cartagena, a qual estende o conceito de “refugiado” em sua
terceira conclusão:

“Terceira - [...] a definição ou o conceito de refugiado recomendável para sua


utilização na região é o que, além de conter os elementos da Convenção de 1951 e
do Protocolo de 1967, considere também como refugiados as pessoas que tenham
fugido dos seus países porque a sua vida, segurança ou liberdade tenham sido
ameaçadas pela violência generalizada, a agressão estrangeira, os conflitos internos,
a violação maciça dos direitos humanos ou outras circunstâncias que tenham
perturbado gravemente a ordem pública.” (Declaração de Cartagena, 1984)

Percebe-se na Declaração de Cartagena a preocupação da América Latina em


enquadrar na situação de refugiado qualquer pessoa que esteja sob risco iminente e amparado
pelo arcabouço legal da Convenção de Genebra de 1951. Dessa forma, os países
latino-americanos começaram a incluir essa definição estendida em sua legislação interna
sobre refugiados, como ocorre com todos os membros do Mercosul, com exceção da
Venezuela.

1
Interação comunicativa (conversa) entre duas ou várias pessoas.
A Declaração de Cartagena ainda não se limitou a sua época, sendo que desde sua
divulgação foram estabelecidas reuniões decenais, as chamadas Cartagena +, semelhantes às
conferências ambientais posteriores à Eco-92 (Rio+10, Rio+20 e Rio+30), com o objetivo de
atualizar as políticas regionais de proteção aos refugiados e buscar soluções duradouras no
continente. Assim, em 1994, na cidade de San José (Costa Rica), foi realizada a
Cartagena+10, a qual resultou na Declaração de San José; em 2004, a Cartagena+20, no
México, levou à Declaração e Plano de Ação do México; e por fim, em 2014, ocorreu a
Cartagena+30, em Brasília, onde foi criada a Declaração e Plano de Ação do Brasil.

Atuação do ACNUR
Embora a existência de discussões a respeito da proteção dos refugiados seja
importante para manter a salvaguarda dos seus direitos legais, é crucial a existência conjunta
de instituições especializadas no tema que promovam de forma organizada e eficaz as
reuniões para essas discussões e a fiscalização dos acordos resultantes. Dessa forma, a
Assembleia Geral, por meio da resolução Nº 428, criou no dia 14 de dezembro de 1950 -
pouco mais de 7 meses antes da ocorrência da Convenção de 1951 - o Alto Comissariado das
Nações Unidas para Refugiados. O ACNUR começou sua atuação em janeiro de 1951 e com
o objetivo inicial de ajudar os refugiados europeus do pós-guerra.
O trabalho da agência é fundamentado no último preâmbulo da Convenção das
Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados, sendo que ao final do texto ainda é
introduzido brevemente o escopo dos artigos 35 e 36 sobre a cooperação entre as nações e o
ACNUR:

“Notando que o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados têm a
incumbência de zelar pela aplicação das convenções internacionais que assegurem a
proteção dos refugiados, e reconhecendo que a coordenação efetiva das medidas
tomadas para resolver este problema dependerá da cooperação dos Estados com o
Alto Comissário.” (Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados, 1951)

Portanto, além de agir em prol da defesa dos direitos dos refugiados, o ACNUR
possui também a função de supervisionar e zelar pela aplicação dos dispositivos das
convenções internacionais em cooperação com os Estados.
Com relação à proteção direta aos refugiados, a agência atua com vários mecanismos,
como o envio de equipes de emergência a locais de crise, auxílio no deslocamento de pessoas
e o fornecimento de abrigo, alimento e cuidados médicos. Em ações mais indiretas, o
ACNUR trabalha na recomendação aos países para revisarem suas legislações nacionais
sobre refugiados, apoio a grupos de defesa dos direitos humanos e centros de ajuda a
refugiados ou ainda o fortalecimento e capacitação de instituições governamentais já
existentes na área.
Enquanto isso, o ACNUR também promove soluções duradouras na defesa dos
direitos fundamentais dos refugiados e possibilitar a eles a reconstrução de suas vida, como
ajudar a encontrar um domicílio e/ou obter nacionalidade no país de destino, integração social
e cultural, e apoio durante o processo de repatriação voluntária.

Conclusão

Este comité evidencia realmente uma certa complexidade e a urgência nesta questão
humanitária. Durante os debates, os delegados deverão discutir e procurar soluções para os
desafios enfrentados por milhões de refugiados em busca de proteção e segurança na Europa.
Foi ressaltada a importância de garantir o respeito aos direitos humanos dos
refugiados, incluindo o direito de buscar asilo, a proteção contra a perseguição e a
discriminação, bem como o acesso a abrigo, serviços de saúde, educação e meios de
subsistência. A inclusão e a integração dos refugiados nas sociedades de acolhimento também
foram enfatizadas como fatores-chave para uma resposta humanitária eficaz. A simulação
destacou a necessidade de reforçar a capacidade do ACNUR e de outras organizações
humanitárias para responder às necessidades dos refugiados, bem como de mobilizar recursos
financeiros e logísticos para enfrentar essa crise em larga escala. O engajamento e o apoio da
comunidade internacional são fundamentais para abordar essa questão e encontrar soluções
sustentáveis.
No entanto, lembrem-se da atual situação na Europa, a maior parte dos países estão a
desenvolver uma política zero tolerante a refugiados e imigrantes. A França é o melhor
exemplo a termos neste momento, mas países como Portugal, Espanha, Itália, Grécia e os
países que fazem a borda a leste da União Europeia sofrem bastante com a atual situação de
refugiados. A situação agravou-se ainda mais com uma política da UE, em que cada
refugiado que for recusado por um certo país, o mesmo país terá de pagar um valor em média
de 20 mil euros.
Ao final do processo, a esperança é que as resoluções adotadas promovam a proteção,
a assistência e a busca de soluções duradouras para os refugiados, além de promover a
cooperação internacional e a solidariedade em relação a essa crise humanitária de larga
escala. No entanto, não se dispersem da vossa política externa.
Questões a que uma resolução deve responder

1. Quais as várias dimensões de deslocamento de refugiados do Oriente Médio e Norte


da África para a Europa?
2. Quais são as principais causas destas ondas migratórias?
3. Quais são os países de origem e de destino mais afetados por estas ondas migratórias?
4. Quais são os principais desafios enfrentados pelos refugiados durante o percurso até a
Europa?
5. Quais são os riscos e perigos que os refugiados enfrentam ao atravessar o
Mediterrâneo?
6. Como é que os países europeus e a União Europeia podem responder a estas ondas
migratórias?
7. Qual é o papel e como é que o ACNUR pode auxiliar na gestão das ondas
migratórias?
8. Quais são/devem ser os direitos e proteções legais dos refugiados no contexto destas
migrações?
9. Como garantir uma resposta humanitária eficaz e coordenada para lidar com as
necessidades imediatas dos refugiados na Europa?
10. Como lidar com os desafios relacionados à xenofobia, racismo e discriminação
enfrentados pelos refugiados na Europa?
11. Como promover a paz e a estabilidade na região do Oriente Médio e Norte da África
como forma de abordar as causas dessas ondas migratórias?
Representações

América do Norte e Central Grécia Ásia e Oceânia


Canadá Espanha Austrália
Estados Unidos da América Irlanda Nova Zelândia
México Itália Singapura
Cuba Noruega China
Países Baixos Nepal
América do Sul Polónia Camboja
Brasil Portugal Vietname
Venezuela República Checa Tunísia
Colômbia Roménia Ilhas Fiji
Argentina Roménia Filipinas
Uruguai Roménia
Suíça África
Europa Lituânia Líbia
Alemanha Letónia Egipto
Áustria Letónia Argélia
Bélgica Malta Marrocos
Bielorrússia Turquia Nigéria
Bulgária Ucrânia Sudão
Chipre Médio Oriente
Croácia Afeganistão
Croácia Iémen Filippo Grandi - Presidente do
Eslováquia Iraque Alto Comissariado das Nações
Eslovénia Irão Unidas para os Refugiados
Espanha Jordânia
Estónia Líbano
Finlândia Síria
França Israel
Referências

PDF’s e Artigos
Microsoft Word - SiGM 01-inlaga_211207.docx (diva-portal.org)
Declaração UE-Turquia, 18 de março de 2016 - Consilium (europa.eu)
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-61979671****As rotas de migração
mais perigosas do mundo**** BBC NEWS 29 junho 2022
Convenções sobre refugiados (pucsp.br)
Convenção relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951) - pdf
Convenção da OUA sobre Aspectos Específicos dos Problemas dos Refugiados na
África (1969) - pdf
Declaração de Cartagena (1984) - pdf

Sites e matérias

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