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Dados sobre refúgio contemporâneo

Ao final da Segunda Guerra Mundial estimara-se que os fluxos de refugiados, se não


cessassem, diminuiriam consideravelmente. O período de 1960 e 1970, no entanto,
frustrou as expectativas em função dos conflitos em torno das independências na
África e na Ásia. Nesse contexto, a Europa deixou de ser fonte de migrantes forçadas,
passando o bastão aos países africanos, asiáticos e sul-americanos.
Novas hostilidades – mesmo que em menor escala e com envolvimento de um
pequeno número de países – intensificaram essas movimentações geográficas. A
Guerra Fria, por sua vez, foi um propulsor dessa conjuntura. Ao seu término, criou-se,
mais uma vez, a crença de que o número de refugiados mundial se reduziria; o que não
se concretizou.
No momento atual, conflagrações envolvendo perseguições de diversas ordens,
violências, violações de direitos humanos ou outros eventos fazem fervilhar o cômputo
do contingente em fuga.
Conforme dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR),
órgão criado em 1951 que responde, até os dias atuais, pelos problemas e
monitoramento do refúgio no mundo, há 84,4 milhões pessoas desterradas hoje
(dados de 2021; ACNUR, 2022). Dentro dessa conta, 68% seriam originários de apenas
cinco países:

País Refugiados
República Árabe da Síria 6,7 milhões
Venezuela 4,0 milhões
Afeganistão 2,6milhões
Sudão do Sul 2,2 milhões
Mianmar 1,1 milhão
(Organização: LIMA. Fonte: ACNUR, 2022, p. 03)

Ao final de 2020, eram 82,4 milhões de pessoas deslocadas no mundo. Esses números
representam o dobro do levantamento da década precedente – que apontou 41
milhões em 2010. Em dez anos, portanto, a fração de refugiados teve um aumento de
4% em relação ao ano de 2019 – 79,5 milhões. Em outros termos, os refugiados
mundiais constituem em torno de um por cento da população do globo.
O cenário que deu ensejo a tais índices condiz com diversas crises, como a do
Afeganistão, da Somália, do Iêmen e dos dez anos de conflitos na Síria. O relatório da
ACNUR (tradução nossa, 2022, p. 06) destaca também que na região africana do Sahel,
“quase três quartos de um milhão de pessoas foram deslocadas recentemente, nessa
que talvez seja a crise regional mais complexa do mundo” 1. O panorama se repete na
Etiópia, onde o contingente chega a mais de um milhão; na região de Tigray (leste do
Sudão), o número é de 54 mil pessoas em fuga. No norte de Moçambique são centenas
de milhares de indivíduos buscando escapar do massacre perpetrado por grupos
armados. Já o enfrentamento entre Armênia e Azerbaijão provocou a evasão de
dezenas de milhares. E, por fim, tem-se a invasão da Ucrânia pela Rússia que, com
trinta dias de ataques (iniciados em 24 de fevereiro de 2020), repercutiu no abando do

1
“In the Sahel region of Africa, nearly three-quarters of a million people were newly displaced in what is
perhaps the most complex regional crisis worldwide”.
território às pressas de mais de 4 milhões de pessoas. De acordo com o relatório da
ACNUR, (tradução nossa, 2022) “com um mês de guerra, quase um quarto da
população da Ucrânia está deslocada”. A questão, portanto, mostra-se premente
também em nossos dias.

Referência:
UNITED NATIONS HIGH COMMISSIONER FOR REFUGEES (UNHCR/ ACNUR Brasil). MID-
YEAR TRENDS 2021. Statistics and Demographics Section UNHCR Global Data Service,
Copenhagen, Denmark, 2021. Disponível em:
https://www.unhcr.org/statistics/unhcrstats/618ae4694/mid-year-trends-
2021.html#_ga=2.93480925.1589471572.1648821658-
1674484196.1648209850&_gac=1.61226334.1648211396.Cj0KCQjw0PWRBhDKARIsAP
KHFGinybFzw5yDuarbCwOJaJuuVc_UA5unHYicokW2JYm2LYYtLBqIWv4aAmmEEALw_
wcB. Acesso em: 17 março, 2022.

UNITED NATIONS HIGH COMMISSIONER FOR REFUGEES (UNHCR/ ACNUR Brasil).


Ukraine refugee situation. Statistics and Demographics Section UNHCR Global Data
Service, Copenhagen, Denmark, 2021. Disponível em:
https://data2.unhcr.org/en/situations/ukraine. Acesso em: 30 março, 2022.

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