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ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA TERESA RAMOS

GUERRA CIVIL NA SÍRIA


Trabalho de Geografia

BRUNO CÉSAR RABOCK


GABRIEL VIEBRANTZ
JOÃO HENRICK FOSSILE
VITOR DANIEL DE OLIVEIRA SENNA

PROFESSOR JUVENIR DE MELLO

CORUPÁ,
2022.
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem o intuito de abordar um dos principais conflitos mundiais, sendo esse
designado como a Guerra Civil na Síria, que se estende do ano de 2011 até a atualidade.
Para tanto, realizou-se uma pesquisa em meio eletrônico, a qual auxiliou em informações
concretas sobre o tema. Será abordado o período das origens desse conflito, os países e os povos
envolvidos, os principais interesses, os impactos sociais e econômicos, localização geográfica, as
negociações de paz e também algumas curiosidades sobre a guerra em questão.
DESENVOLVIMENTO

A Guerra Civil na Síria é um conflito que acontece desde março de 2011. Iniciou-se pelos
protestos da Primavera Árabe. A reação violenta do governo de Bashar al-Assad levou ao surgimento
de uma oposição armada. Estima-se que, até o momento, cerca de 600 mil pessoas morreram vítimas
desse conflito (SILVA, 2021).
Complementando, entende-se como Primavera Árabe a forma com que ficaram conhecidos os
protestos populares que abalaram o norte da África e o Oriente Médio no final de 2010 e começo de
2011.
1 CAUSAS E INTERESSES
A Síria é governada pela família Al-Assad desde a década de 1970 de maneira ditatorial.
Bashar al-Assad só assumiu o país em 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad. O governo de
Bashar sofreu inúmeras críticas pela corrupção e pela falta de liberdade política. Essas críticas
tomaram novas proporções com a Primavera Árabe.
A Primavera Árabe aconteceu quando a população de inúmeros países árabes manifestou-se
exigindo democracia e melhores condições de vida em seus países. Os protestos iniciaram-se no final
de 2010, na Tunísia, e espalharam-se por outros países, como Líbia e Egito. Na Síria, os protestos
iniciaram-se em março de 2011, na cidade de Deraa, no sul do país. A resposta do governo sírio foi
violenta, o que motivou novas rebeliões em diferentes partes do país, como na capital, Damasco, e
em Aleppo, sua maior cidade.
As primeiras manifestações contra o governo de Bashar al-Assad aconteceram em uma escola
de Deraa, quando estudantes menores de 15 anos começaram a pichar palavras contra o presidente.
A polícia secreta síria foi mobilizada para prendê-los. Posteriormente, esses estudantes presos foram
brutalmente torturados no interrogatório conduzido contra eles.
A prisão dos estudantes e a insatisfação da população motivaram novos protestos, e, à medida
que a repressão do governo contra os protestos populares aumentava, mais protestos eram
organizados. Logo se formaram grupos de resistência que se transformaram em milícias armadas,
cujo objetivo era, primeiro, garantir sua defesa contra a repressão do governo e, segundo, garantir a
derrubada de Bashar al-Assad.
Esses exércitos rebeldes foram inicialmente formados por civis e militares desertores que não
concordavam com o trato violento que a população do país estava recebendo.
2 FORÇAS BELIGERANTES NA GUERRA DA SÍRIA

É importante ressaltar também que nesse período, quatro forças distintas atuam no conflito,
sendo elas:
 República Árabe Síria – liderados pelo presidente Bashar al-Assad, as Forças Armadas sírias
tentam manter o presidente no poder e enfrentam três inimigos distintos. Tem o suporte do
Iraque, Irã, Hezbollah libanês e Rússia.
 Exército Síria Livre – está formado por vários grupos que se rebelaram contra Bashar al-Assad
após o começo do conflito em 2011. Recebem apoio da Turquia, Arábia Saudita e Catar.
 Partido da União Democrática – formado pelos curdos, este grupo armado reivindica a
autonomia do povo curdo dentro da Síria. Desta maneira, curdos iraquianos e turcos se
envolveram nesta luta. Tanto o Exército Síria Livre quanto os curdos recebem o apoio dos
Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá, etc. No entanto, o presidente Barack
Obama e seu sucessor, Trump, se recusam a intervir militarmente na região.
 Estado Islâmico – seu principal objetivo é declarar um califado na região. Apesar de terem
capturado cidades importantes, foram derrotados pelas potências ocidentais.
Além disso, o conflito é alimentado pela diferença sectária de sunitas e xiitas.

2.1 FORÇAS ESTRANGEIRAS

O conflito na Síria tem essa longa duração, principalmente, pela interferência estrangeira, que
garante o financiamento dos grupos armados e a manutenção da luta. Primeiramente, a participação
dos Estados Unidos no conflito ocorreu pelo apoio financeiro que o país ofereceu ao ELS e aos curdos.
Além disso, o crescimento do Estado Islâmico motivou os Estados Unidos a bombardearem
constantemente as posições dominadas por esse grupo. O governo norte-americano também
bombardeou instalações do Hezbollah na Síria, bem como instalações do governo sírio depois de
ataques químicos realizados por esse governo contra sua própria população.
A Rússia atua no conflito como principal aliada do governo de Bashar al-Assad. Os russos
impedem na ONU que o governante sírio sofra sanções e enviou tropas à Síria, a partir de 2015, para
auxiliar o exército sírio, que estava perdendo posições para os rebeldes. O apoio dado pelos russos
aos sírios foi fundamental para sustentar Bashar al-Assad no poder em seu pior momento na guerra.
Outro país que apoia o governo sírio é o Irã, com envio de tropas, armas e dinheiro.
A Turquia apoia o ELS e luta abertamente contra a milícia curda formada no norte da Síria.
Os curdos na Turquia são uma minoria perseguida, e o governo turco teme que o fortalecimento dos
curdos sírios influencie os curdos turcos. Inúmeros outros países atuaram direta ou indiretamente no
conflito, como Arábia Saudita e o Reino Unido.

3 CONSEQUÊNCIAS

Ao longo de 10 anos, a Guerra Civil Síria deixou consequências graves para esse país do
Oriente Médio. A guerra foi responsável por destruir a infraestrutura do país, colocou grande parte
da população local em situação de pobreza e foi responsável pela morte de milhares de pessoas.
Atualmente, fala-se que a guerra civil na Síria foi responsável pela morte de 600 mil pessoas.
Essa estatística foi disponibilizada pelo Observatório Sírio para os Direitos Humanos e inclui as
pessoas que estão oficialmente mortas e desaparecidos (que, dado o cenário do país, provavelmente,
são pessoas que faleceram e não tiveram seus corpos encontrados ou identificados).
Fala-se também em cerca de dois milhões de pessoas que foram feridas ao longo do conflito.
Entre essas pessoas, milhares ficaram com algum tipo de deficiência física permanente. Outra
consequência foi a grande quantidade de pessoas que foram forçadas a abandonar as suas casas.
Estima-se que, aproximadamente, 13 milhões de sírios abandonaram suas casas, dos quais,
sete milhões migraram no interior do território sírio, enquanto que outros seis milhões optaram por
fugir do país. Desse total, mais da metade se refugiou no interior da Turquia, o país no mundo que
mais recebeu refugiados sírios. A migração de milhões de sírios para a Europa resultou no que ficou
conhecido como crise dos refugiados.
A guerra colocou milhares de pessoas em situação delicada, e muitos têm dificuldade de
obter alimentos. Milhares de crianças tiveram suas chances de construir um futuro melhor destruídas
ao ficarem sem educação, e milhões de sírios sofrem com a destruição do sistema de saúde do país
ao longo desses 10 anos de guerra.
Os bombardeios que o país sofreu durante esse conflito fizeram com que cidades como Aleppo
ficassem inteiramente destruídas, e a imagem dessa destruição correu o mundo. Por fim, a Síria, ainda,
presenciou a destruição do seu patrimônio histórico cultural, com destaque para Palmira, que teve
sítios importantíssimos sendo destruídos pelo Estado Islâmico.
Depois de 10 anos de conflito, os observadores internacionais ainda não veem possibilidades
de término. Muitos acreditam que a Síria vai se tornar mais um país com instabilidade crônica, como
é o caso de Iraque e Afeganistão, por exemplo.

4 NÚMEROS DO CONFLITO DA GUERRA DA SÍRIA ATÉ 2019

 320.000 a 450.000 pessoas já morreram no conflito.


 1,5 milhões ficaram feridas.
 6,7 milhões de refugiados sírios, sendo a Turquia o principal destino com 3,7 milhões. (Fonte:
ACNUR/2019)
 O Brasil, até 2018, tinha concedido entrada a 3.326 sírios. (Fonte: Ministério da Justiça e
Segurança Pública)
 A Líbia abriga a 1,5 milhões de refugiados sírios que correspondem a 25% da sua população.
 6,5 milhões de pessoas foram deslocadas internamente.
 1,2 milhão de sírios foram obrigados a deixar suas casas apenas em 2015.
 A produção de petróleo era de 385.000 barris por dia em 2010, porém em 2017 era 8.000
barris/dia.
 60,2% do território está controlado pelo Exército sírio. O restante do território é dividido entre
o Estado Islâmico, curdos e as Forças Democráticas Sírias. (Fonte: Agência EFE/2019)
 70% da população não têm acesso à água potável.
 2 milhões de crianças estão fora da escola.
 Antes da guerra, a população síria era de 24,5 milhões. Agora, calcula-se que seja de 17,9
milhões.
 A pobreza atinge 80% a população, que não têm condições de acesso a alimentos básicos.
 15 mil militares de 80 nações estão na linha de frente do conflito.

5 NEGOCIAÇÕES DE PAZ

Nenhuma das negociações de paz deu certo e, por conta disso, não se sabe quando a guerra
terá fim e se terá fim. Principalmente por conta que as intervenções estrangeiras seguem alimentando
o conflito. Além disso, nenhum dos lados envolvidos parece disposto a baixar armas, o que deixa a
Síria com o seu futuro bastante ameaçado.
Não há como prever o fim da guerra tão cedo, mas os negociadores concordam que é preciso
encontrar uma solução política e não bélica. Mas as nove rodadas de negociações de paz mediadas
pela ONU não avançaram, com o presidente Assad aparentemente sem vontade de negociar com
grupos de oposição que insistem que ele deve renunciar como parte de qualquer acordo.

6 QUEM ESTÁ NO CONTROLE AGORA

O governo de Assad recuperou o controle das maiores cidades da Síria, mas grande parte do
país ainda está sob controle de rebeldes, jihadistas e das Forças Democráticas da Síria, sob a liderança
dos curdos. Não houve grandes mudanças nas frentes de batalha por dois anos. O último reduto da
oposição remanescente está na província de Idlib, no Noroeste, e em partes adjacentes de Hama, no
norte, e Aleppo, oeste do país.
A região é dominada por uma aliança jihadista ligada à al-Qaeda chamada Hayat Tahrir al-
Sham, mas também é o lar de facções rebeldes convencionais. Estima-se que na região vivam 2,7
milhões de pessoas desabrigadas, incluindo um milhão de crianças, muitas delas em condições
precárias.
Em março de 2020, a Rússia e a Turquia intermediaram um cessar-fogo para interromper uma
ofensiva do governo na tentativa de retomar Idlib. Desde então, o conflito tem tido um período de
relativa baixa atividade militar.

7 CURIOSIDADES

 O conflito já dura mais que a Segunda Guerra Mundial


Com duração de 6 anos, entre 1939 e 1945, a segunda grande guerra já foi ultrapassada e
muito pela atual guerra na Síria, país que gera mais refugiados do que qualquer outro país no mundo.
Segundo o ACNUR, a duração do conflito também levanta um alerta para os riscos de se tornar uma
emergência esquecida.
 Ao todo, mais da metade da população foi obrigada a deixar suas casas
A situação na Síria é considerada a maior crise de deslocamento do mundo. Ainda de acordo
com dados do ACNUR, contabilizam-se mais de 5,6 milhões de refugiados registrados em outros
países e mais de 6,5 milhões de deslocados internos. Estes números significam que os sírios compõem
um terço da população total de refugiados no mundo. Atualmente, 1 milhão de bebês sírios nasceram
em outro país.
 Países fronteiriços são os que recebem a maior parcela de refugiados sírios
Destes 5,6 milhões de refugiados, a maioria se encontra em apenas cinco países que fazem
fronteira com a Síria: Turquia, Líbano, Iraque, Jordânia e Egito. Apenas na Turquia, foram acolhidos
pouco mais de 3 milhões de sírios, já no Líbano, estima-se que uma em cada quatro pessoas é um
refugiado sírio.
 70% dos refugiados sírios vive em situação de extrema pobreza
Cerca de 90% dos sírios em situação de refúgio nos países vizinhos vivem em comunidades
de acolhimento, localizadas em zonas rurais e urbanas. Apenas na Jordânia, 8 em cada 10 sírios que
moram fora dos campos vivem abaixo da linha de pobreza. De acordo com relatório do Acnur, cerca
de 60% dos refugiados no Líbano vivem com menos de 2,87 dólares por dia, valor que configura
pobreza extrema.
 Estima-se que 50% da população na Síria vive sob risco de minas explosivas
Nas regiões de conflito, as pessoas que vivem ali estão sob constante risco de se deparar com
minas terrestres ou outros itens de artilharia explosiva. Segundo estudo do NRC, estima-se que 10
milhões de pessoas estejam vivendo em áreas consideradas contaminadas. Maioria das pessoas em
situação de vulnerabilidade (70%) são mulheres e crianças.
 Os sírios resistem
As famílias sírias têm demonstrado, ao longo do conflito, ter uma resiliência admirável, sendo
obrigadas a lidar com o que recebem para recriar uma rotina digna. Abrigos temporários foram
transformados em casas e sacrifícios foram feitos para reunir parentes. Muitos sírios despertaram
criatividade e empreendedorismo para reconstruir suas vidas.
De acordo com pesquisa realizada pelo ACNUR em 2018, 76% dos refugiados sírios
afirmaram que esperam voltar para seu país um dia.

8 QUESTÕES
As respostas estão escritas em azul.

01. Leia o fragmento abaixo e depois assinale a alternativa correta.


“O país enfrenta, desde março de 2011, uma guerra civil que já deixou pelo menos 130 mil
mortos, destruiu a infraestrutura do país e gerou uma crise humanitária regional. Quase três anos
depois, as partes envolvidas e a comunidade internacional tentam fazer estabelecer em conjunto os
termos para paz. Uma segunda conferência de paz, chamada Genebra II, foi realizada em janeiro/2014
na Suíça. Entretanto, após mais de uma semana de negociações, houve poucos avanços. O contestado
de Bashar al-Assad, da minoria étnico-religiosa alauíta, enfrenta uma rebelião armada que tenta
derrubá-lo do poder”.
Refere-se ao país:
(A) França.
(B) Síria.
(C) Rússia.
(D) Iraque.
(E) Emirados Árabes.

02. Qual é o principal motivo da guerra na Síria?


Resposta: A Guerra na Síria foi deflagrada após as denúncias de corrupção reveladas pelo
WikiLeaks.
CONCLUSÃO

Desde que começamos a estudar história e geografia, lá quando éramos crianças ainda,
entendemos que a guerra, infelizmente, é uma realidade ligada à história da humanidade. Visto que
ela já esteve presente com os nossos antepassados e segue presente até a atualidade, e, sem dúvidas,
percorrerá no futuro também.
Em relação ao tema abordado, a Guerra Civil na Síria, entende-se que a situação é triste, pois
já se passaram vários anos e ainda não chegaram em um acordo. Com isso, a população sofre, não só
a da Síria, mas em geral, pois este é um conflito de grande complexibilidade. Assim sendo, interfere
nas diferentes áreas sociais, econômicas e até humanas.
REFERÊNCIAS

BEZERRA, Juliana. Guerra na Síria. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/guerra-na-


siria/>. Acesso em: 13 OUT 2022.

ROSENBROCK, Ingrid. A guerra civil na Síria. Relações Internacionais-Florianópolis, 2015.

SABINO, Paulo Manuel Duarte et al. A Guerra Civil na Síria. 2018. Tese de Doutorado.

SILVA, Daniel Neves. Guerra Civil na Síria. Disponível em:


<https://brasilescola.uol.com.br/geografia/conflito-na-siria-primavera-que-nao-consegue-se-
estabelecer.htm>. Acesso em: 13 OUT 2022.

SILVA, Daniel Neves. Guerra Civil Síria. Disponível em:


<https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/guerra-civil-na-siria.htm1>. Acesso
em: 13 OUT 2022.

SOARES, João VS. A guerra civil na Síria: atores, interesses e desdobramentos. Observatório de
Conflitos Internacionais, Marília, v. 5, n. 1, p. 1-8, 2018.

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