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O Processo Ideológico

Professor Me. Bruno Rodrigues Ferreira


A origem do termo
• A Psicologia passou a adotar o termo na década de 70

• Apesar de sempre estar presente em nossa vida social, a


ideologia só passou a ser estudada como tal em pouco mais
de um século.

• Talvez não exista outro termo tão complexo, escorregadio e


sujeito a equívocos nas ciências sociais, do que a Ideologia.
A origem do termo
• A Ideologia já era estudada desde os filósofos Gregos e
Romanos, porém sem que esse termo fosse adotado.

• No século XV e XVI estudos mais críticos e pertinentes


começaram a surgir sobre o tema.

• Francis Bacon, no século XVI, desenvolve um estudo muito


próximo do que hoje se entende por Ideologia.
A Teoria das 4 classes de ídolos
• Bacon sugeriu quatro classes de “ídolos” que nos dificultam
chegar próximo à verdade:
• 1º:
• CAVERNA: Nossas idiossincrasias, caráter.

Características particulares de um sujeito ou grupo. Fonte


do estereótipo. Ex: Todo brasileiro gosta de Futebol e
samba é uma idiossincrasia do Brasileiro.
A Teoria das 4 classes de ídolos
• Bacon sugeriu quatro classes de “ídolos” que nos dificultam
chegar próximo à verdade:
• 2º:
• TRIBO: Superstições, paixões.

A tribo é para ele a Espécie Humana. São nossas criações


por pensar que os humanos são seres privilegiados.
A Teoria das 4 classes de ídolos
• Bacon sugeriu quatro classes de “ídolos” que nos dificultam
chegar próximo à verdade:
• 3º:
• FORO OU PRAÇA: Interrelações Humanas, principalmente
por linguagem.

Ao atribuir significados ao que não existe ou nomes


confusos às coisas que existem, as palavras confundem ou
atrapalham a razão.
A Teoria das 4 classes de ídolos
• Bacon sugeriu quatro classes de “ídolos” que nos dificultam
chegar próximo à verdade:
• 4º:
• TEATRO: Transmissão das tradições e doutrinas dogmáticas
e autoritárias. Nem tudo que é transmitido pode ser validado
ou estudado pela ciência.
Teatro é o meio de transmissão. Hoje poderíamos incluir os
meios de comunicação e redes sociais nessa definição.
A “Era da informação”
• A Ideologia passou a ter mais importância, graças a nossa
evolução, que tornou nossa comunicação cada vez mais
rápida e com valores e objetos imateriais.

• Mais do que nunca, foi tão fácil comunicar-se ou transmitir


uma ideia, por mais errada que ela seja.
Tentando definir
• A Ideologia possui diversos enfoques teóricos, que lhe dão
diversos significados.

• Ela pode ser primeiramente e basicamente dividida em duas


dimensões básicas:

Dimensão POSITIVA
Dimensão NEGATIVA
Dimensão Positiva ou neutra:
• A Ideologia no sentido positivo ou neutro, é entendida
como um conjunto de valores, ideias, ideais, filosofias de
uma pessoa ou grupo.

• Nesse sentido, TODOS os grupos sociais ou TODAS as


pessoas, possuem sua ideologia, já que é impossível alguém
não ter suas ideias, ideais ou valores próprios.
Dimensão Positiva ou neutra:
• Destutt De Tracy (1803): ideologia é o estudo das ideias, que
são emanação do cérebro.

• Lenin e Lukács (1971): ideias de um grupo revolucionário.

• Manhheim (1954): Tudo que pensamos é ideológico. É


impossível não se contaminar pela situação social em que
alguém nasce e vive. Ideologia = Conhecimento.
• Ideologia e conhecimento são condicionados.
Dimensão Negativa
• A Ideologia no sentido negativo ou crítico, seria construída
por ideias distorcidas, enganadoras, mistificadoras.

• Seriam uma espécie de meias-mentiras. Algo que ajuda a


obscurecer a realidade e enganar as pessoas.

• É algo abstrato, ilusório ou errôneo. Expressando interesses


dominantes e sustentando relações de dominação.
Dimensão Negativa
• Marx: Ideologia no pensamento Marxista é um conjunto de
proposições elaborado, na sociedade burguesa, com a
finalidade de fazer aparentar os interesses da classe
dominante com o interesse coletivo, construindo uma
hegemonia daquela classe. A manutenção da ordem social
requer dessa maneira menor uso da violência.

• A ideologia torna-se um dos instrumentos da reprodução do status e


da própria sociedade.
Dimensão Negativa
• Mannhein (1954): Ideologias são as ideias dominantes de
um grupo sobre outro.
Mais duas dimensões:
• Depois de dividir a ideologia em duas dimensões horizontais
básicas: Dimensão POSITIVA
Dimensão NEGATIVA

• É possível dividir em mais duas dimensões, desta vez,


verticais:
Dimensão Dimensão
MATERIAL DINÂMICA
CONCRETA PRÁTICA
Dimensão Material Concreta:
• A Ideologia no sentido concreto pode ser exemplificada
pela concepção de Marx, onde assume a prática das ideias
da classe dominante.

• Althusser (1972), define ideologia como aparelhos


ideológicos de Estado. São frutos de tensão entre homens e
está materializada em instituições: Escola, Família, Igrejas,
Meios de Comunicação.
Dimensão dinâmica prática:
• A Ideologia no sentido dinâmico prático é vista como um
modo de agir. Uma maneira de se criar ou manter
determinadas relações sociais.

• A função da ideologia seria também a produção, reprodução


e transformação das experiências vitais.
Juntando todas as dimensões:
Ideologia como algo Ideologia como
positivo e concreto. maneira de se criar e
Manifestações manter as relações
artísticas e religiosas, sociais.
por exemplo.
Ideologia como as Ideologia como
ideias da classe prática, que serve
dominante. para criar ou manter
Instituições relações assimétricas,
desiguais e injustas.
Ideologia para a Ciência Social
• A Ideologia no sentido prático que serve para criar, ou
manter, relações assimétricas ou desiguais, injustas, foi
cunhada por John B. Thompson (1995).

• Deixando os “ismos” de lado, Ideologia assume a dimensão


de uma prática, de um modo de operação, de uma estratégia
de ação.
Ideologia para a Ciência Social
• A Ideologia passa a ter uma concepção que nos obriga a
examinar as maneiras como as relações sociais são criadas e
sustentadas por formas simbólicas, que circulam na vida
social, aprisionando pessoas e guiando-as para determinadas
direções.

• Assim, um fenômeno ideológico só é verdadeiramente


ideológico se ele servir, em circunstâncias específicas, para
estabelecer e sustentar relações de dominação.
Ideologia para a Ciência Social
• Assim, a ideologia, para a Psicologia Social, tende a ter um
sentido negativo ou mesmo pejorativo.

• Implica que o fenômeno caracterizado como ideológico é


enganador, ilusório ou parcial.

• Caracterizar o fenômeno como ideologia já carrega consigo a


própria condenação desses fenômenos.
Sentido e formas simbólicas
• Para se sustentar uma ideologia é necessário o uso de formas
simbólicas que adquirem sentidos que servem para sustentar
relações de dominação.

• FORMAS SIMBÓLICAS são: ações e falas, imagens e textos,


expressões linguísticas, faladas ou não. São produzidas por
pessoas e reconhecidas por elas como contendo um significado.
O significado das formas simbólicas
• Dimensão intencional – de um sujeito para um sujeito;

• Convencional – produção, emprego e interpretação


envolvem a aplicação de regras ou convenções de vários
tipos;
O significado das formas simbólicas
• Estrutural – as formas simbólicas são construções articuladas;

• Referencial – referem-se a algo, diz algo sobre alguma coisa;

• Contextual – estão inseridas em contextos sócio-históricos, por meio


dos quais são produzidas, transmitidas e recebidas.
Poder e dominação

• Poder é a capacidade de produzir algo. Todo tipo de prática


envolve certa quantidade de poder.

• Em um contexto social estruturado, em virtude de sua


localização, toda pessoa tem diferentes graus de “poder”.
Poder e dominação

• Dominação é uma relação, e se dá quando alguém


expropria poder de outro.

• Também acontece em relações estabelecidas de poder que


são sistematicamente assimétricas.
Estratégias para sustentar Dominação
• Legitimação:
• Relações de dominação representadas como legítimas, dignas de apoio. Baseia-se em três
pilares: Racionalização, Universalização e Narrativação.

• Dissimulação:
• Relações de dominação ocultadas, negadas ou obscurecidas.

• Unificação:
• Construção de uma unidade que interliga os indivíduos numa identidade coletiva,
independentemente das diferenças e divisões que possam separá-los.
Estratégias para sustentar Dominação
• Fragmentação:
• Unifica as pessoas numa coletividade, mas segmentando aqueles que possam ser
capazes de se transformar num desafio real. Baseia-se em Diferenciação e Expurgo.

• Reificação:
• Naturaliza as relações de dominação de uma situação transitória, histórica, como se
essa situação fosse permanente, natural, atemporal (sempre existiu pobre e rico).

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