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Representação Social

Transformando o “estranho” em “familiar”


Citação Inicial
• “O pensamento é por natureza
comunicativo. Considerar o
pensamento na cabeça de um só
é privá-lo de tudo o que o torna
vivo e importante para as
pessoas”
Sobre o autor...
• Serge Moscovici chegou a Paris em janeiro de 1948, vindo
da Romênia, onde teve experiência com racismo,
discriminação e o nascimento do totalitarismo comunista.
Ele acreditava que a psicologia social era uma disciplina
com potencial de encontrar soluções tanto para essas
questões quanto para os problemas políticos, econômicos e
industriais do pós-guerra.
• Dedicou-se também aos estudos das representações
sociais, a partir do conceito de Durkheim.
• Moscovici, desde o final dos anos de 1950 e início
da década de 1960,
preocupa-se com os mesmos temas: o processo
social de produção de conhecimento, a definição
de sociedade e a discussão em torno das
representações sociais.
Representação • Incorpora a discussão de representação coletiva de
Social Durkheim:
• Representações coletivas- são fatos sociais,
qualquer tentativa de explicação psicológica
dos fatos sociais implicava em um erro
grosseiro.
Ela é duplamente orientada com respeito a
alguns tipos de relações microssocial e
macrossocial conjuntas em tensão, tais
como indivíduos e grupos, personalidade e
O que cultura, psicologia e sociologia, e assim por
Psicologia diante.
Social para o
Sendo uma disciplina híbrida em um
autor movimento contínuo, a psicologia social
tem que lidar com as tensões produzidas
por tais relações conjuntas.
MOSCOVICI (1976 –
Representação Social da Psicanálise)

• Estudou, as diversas maneiras pelas quais a psicanálise era


representada, difundida e socializada em Paris. Os
resultados da discussão sobre a relação entre linguagem e
representação, as conclusões deste trabalho fizeram escola.
3 pontos levantados pelo
autor no livro...

1) entre o que se acreditava cientificamente ser a psicanálise e o que a


sociedade francesa entendia por ela existia um intermediário de peso, as
representações sociais;

Essas representações não eram as mesmas para todos os membros da


sociedade, pois dependiam tanto do conhecimento de senso comum, como
do contexto sociocultural em que os indivíduos estavam inseridos;

No caso de novas situações ou diante de novos objetos, como a psicanálise,


o processo de representar apresentava uma sequência lógica: tornar
familiares objetos desconhecidos por meio de um duplo mecanismo então
denominado
• amarração – “amarrar um barco a um porto seguro”, conceito que logo evoluiu para sua
congênere “ancoragem” –, e
• objetivação, processo pelo qual indivíduos ou grupos juntavam imagens reais, concretas e
compreensíveis, retiradas de seu cotidiano, aos novos esquemas conceituais que se apresentam e
com os quais têm de lidar
ANCORAGEM R
SOCIAL
• ANCORAGEM – função de duplicar uma figura-
por um sentido , fornecer um contexto inteligível
ao objeto- interpretá-lo!
• PROCESSO FORMADOR- consiste na integração
cognitiva do objeto representado a um sistema
de pensamento social pré existente.
• Classificar ou denominar- dá-se mediante a
escolha de um dos paradigmas estocados na
nossa memória.
• Exemplo- Eugenio é xxxx , ele é xxxx como
todos os xxxx que eu conheço
3 processos envolvidos na ancoragem
1. atribuição de sentido: há o enraizamento de uma representação em
uma rede de significados articulados e hierarquizados a partir de
conhecimentos existentes. Um sentido e um nome são atribuídos ao
novo objeto;
2. instrumentalização do saber: possibilita um valor funcional à
representação, na medida em que se torna uma teoria de
referência, possibilitando a tradução e compreensão do mundo
social;
3. enraizamento no sistema de pensamento: as novas representações
se inscrevem em um sistema de representações preexistentes,
tornam-se familiares, ao mesmo tempo em que transformam o
conhecimento anterior. Assim, o sistema de pensamento
preexistente ainda predomina e serve como referência para os
mecanismos de classifi cação, comparação e de categorização do
novo objeto.
OBJETIVAÇÃO RS
• OBJETIVAÇÃO- função de duplicar um sentido- dar
materialidade a um objeto abstrato. O processo de
Objetivação está relacionado à qualidade icônica de uma
ideia e possibilita a materialização de conceitos em
imagens (MOSCOVICI, 2003). A Objetivação é um
mecanismo deconcretização simbólica da realidade das
RS
• A objetivação diz respeito à forma como se organizam os
elementos constituintes da representação e ao percurso
através do qual tais elementos adquirem materialidade,
isto é, se tornam expressões de uma realidade vista
como natural.
• EXEMPLO- COMPARAR DEUS A UM PAI
3 processos envolvidos na objetivação
1. seleção e descontextualização: do conjunto total de informações,
os sujeitos retiram algumas a partir de conhecimentos anteriores,
valores culturais ou religiosos, tradição cultural, experiência prévia
etc. Este processo de seleção e reorganização dos elementos da
representação não é neutro ou aleatório, dependendo das normas
e dos valores grupais. ;
2. formação do núcleo figurativo: é a construção de um modelo
figurativo, um núcleo imaginante a partir da transformação do
conceito;
3. naturalização dos elementos: os elementos que foram
construídos passam a ser identificados como elementos da
realidade do objeto.
Representação Social da
Psicanálise
• O estudo da psicanálise, que Moscovici escolheu
para investigar as representações sociais, trouxe à
luz a tensão entre: o pensamento científico e
profissional, de um lado, e o pensamento
quotidiano das pessoas comuns, de outro.
• Muitos estudiosos franceses promoveram a ideia
de que não so - mente a ciência e o senso comum
eram fenômenos descontínuos, mas também que
o pensamento científico era “superior” enquanto
o pensamento quotidiano era “inferior”.
Ciência x Senso Comum
• Moscovici (2005) propõe, com seus estudos, que as
representações que habitam a esfera do senso comum
podem ser analisadas como ciência, pois tudo o que
percebemos do mundo são respostas a estímulos do
ambiente no qual vivemos.
• O que nos distingue é a necessidade de avaliar seres e
objetos corretamente, de compreender a realidade
completamente; e o que distingue o meio ambiente é
sua autonomia, sua independência com respeito a nós,
ou mesmo, poder-se-ia dizer, sua indiferença com
respeito a nós e as nossas necessidades e desejos
(MOSCOVICI, 2005, p. 30).
Criar convenções – Aspectos comuns em
termos de significado
• Segundo Moscovici, as Representações Sociais são modalidades de conhecimento
particular que circulam no dia-a-dia e que têm como função a comunicação entre
indivíduos, criando informações e nos familiarizando com o estranho de acordo com
categorias de nossa cultura. A representação social refere-se a forma dos sujeitos
sociais avaliarem um objeto e construírem nele um significado. Esse significado passa a
ser reproduzido e compartilhado pelo grupo, atuando no senso comum e se tornando
uma regra de comunicação.
• Uma das funções das RS é “convencionalizar” os objetos, pessoas ou acontecimentos que
encontram; elas lhes dão forma e localizam em uma determinada categoria, e
gradualmente colocam como modelo de um determinado grupo de pessoas. Portanto,
estamos todos envoltos em imagens, linguagem ou cultura que são impostos por
representações do grupo ao qual pertencemos
Somos seres históricos
• Nenhuma mente está livre dos efeitos de condicionamentos
anteriores que lhe são impostos por suas representações,
linguagem ou cultura. Nós pensamos através de uma
linguagem, nós organizamos nossos pensamentos, de acordo
com um sistema que está condicionado, tanto por nossas
representações, como por nossa cultura. Nós vemos apenas
o que as convenções subjacentes nos permitem ver e nós
permanecemos inconscientes dessas convenções.

• “a realidade é, para a pessoa, em grande parte, determinada


por aquilo que é socialmente aceito como realidade”
REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
Existem dois mundo:

• Mundo objetivo – é o que ele é


• Mundo subjetivo – o que
construímos em torno dele (se
organiza pela representação)
TRÊS DIMENSÕES DO
CONTEXTO SOCIAL
1. Informações – organização dos conhecimentos que
um grupo possui sobre um objeto (conceito)

2. Campo de representações – a imagem que o grupo


constrói do objeto, o modelo referente aos aspectos
mais precisos da representação do objeto social

3. Atitude – orientação global favorável ou


desfavorável, tomada de posição diante do objeto de
representação.
EXEMPLOS DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
EXEMPLOS DE REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
EXEMPLOS DE REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
PORQUE SÃO CONSTRUÍDAS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS?

• Moñivas Lazaro criou três hipóteses:

 Hipótese do interesse
 Hipótese do desequilíbrio
 Hipótese do controle
HIPÓTESE DO
INTERESSE
• Segundo Moñivas Lazaro, presume-se que há a
intenção de criar imagens capazes de expressar ou
conciliar os propósitos dos indivíduos e da
coletividade, podendo ocorrer nessas imagens
distorções subjetivas da realidade.
HIPÓTESE DO
DESEQUILÍBRIO
• Todo o conhecimento sobre o mundo, todas as ideologias,
são um modo de resolver as tensões psíquicas e afetivas
que provêm do fracasso de sua integração na sociedade,
sendo, portanto, uma compensação imaginária que tem
por propósito restituir algum equilíbrio interno.
HIPÓTESE DO
CONTROLE
• Estabelece que os grupos produzem representações que
atuam como filtros sobre a informação proveniente do
meio, modelando a conduta dos indivíduos, como uma
espécie de manipulação dos processos de pensamento e
estrutura da sociedade.
FUNÇÕES ESSENCIAIS DAS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Funções de saber – permitem compreender e explicar


a realidade

Funções identitária – definem a identidade do grupo


e salvaguarda a sua especificidade

Funções de orientações – guiam comportamentos e


práticas

Funções justificatórias – permitem justificar a


posteriori as tomadas de posição e comportamento.
TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

RESUMINHO
• Representações Sociais- contemplar as duas dimensões –
teoria psicossociológica
• Conhecimento mobilizado pelas pessoas comuns, na
comunicação informal da vida cotidiana sobre diferentes
objetos e assuntos sociais
• São verdadeiras teorias do senso comum- tem relevância
na vida das pessoas, constitui universo de opinião,
confere uma explicação psicossociológica da
compreensão dos assuntos
RS_ JODELET (Aluna de
Moscovici)
• RS são modalidades de pensamento prático
orientadas para a comunicação, para a
compreensão, e se dá no domínio do ambiente
social, material e ideal.
• Tem uma dupla natureza indissociável
1. Conceitual (Oferece um valor subjetivo de ideia)
2. figurativa (Oferece um valor material/prático)

• Toda figura tem um sentido e em todo sentido há


uma figura
R SOCIAL NA PSI SÓCIO
HISTÓRICA
• Entende a Representação social como um dado
empírico do qual se parte para uma análise dialética-
que permite conhecer concretamente a consciência, a
atividade e a identidade do sujeito. 4 níveis que
observamos:

1. nível dos processos situacionais (aplicada à realidade)


2. nível ideológico (enquanto corpo de ideias)
3. nível dos processos inter individuais (entre pessoas)
4. nível intraindividual (dentro do sujeito – individual)
NOVOS RUMOS DAS RS
• Agregar o afetivo e o subjetivo social ao campo das RS
• Apontamento epistêmico para estudos na área da SAÚDE E DOENÇA
( MINAYO)
• REY- as RS são dinâmicas, porque se organizam a partir de um mundo
em movimento e subjetivamente implicado
• Pertinência – capturar significados relevantes
• RS não como um fim mas como um meio para se apropriar de novos
processos psicossociais – dinamizar novas zonas de sentido

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