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Universidade Camilo Castelo Branco.

Carolina Carneiro

Ingrid Aparecida Ferreira Santana

Stefani de Oliveira Andrade

Teoria das Representações Sociais.

São Paulo

2014
Universidade Camilo Castelo Branco.

Carolina Carneiro

Ingrid Aparecida Ferreira Santana

Stefani de Oliveira Andrade

Teoria das Representações Sociais.

Pesquisa da disciplina de Psicologia Social


e Comunitária. Ministrada por Professora
Ms. Sueli Rodrigues Burgarelli. Curso de
Graduação em Psicologia. Universidade
Camilo Castelo Branco.

Sueli Rodrigues Burgarelli.

São Paulo

2014
Tema
Pesquisa sobre a Teoria das Representações Sociais suas características, principais conceitos,
área de atuação e Influenciais.
Introdução
Este trabalho consiste em uma pesquisa de aprofundamento teórico sobre o conteúdo estudado
em sala nas aulas de Psicologia Social e Comunitária, têm como estudo teoria das
representações sociais. Trata-se de uma abordagem psicossocial do conhecimento que busca
uma compreensão do homem na sua totalidade.
Teoria das Representações Sociais.
Representações Sociais é o conjunto de explicações, crenças e ideias que nos permitem evocar
um dado acontecimento, pessoa ou objeto. Estas representações são resultantes da interação
social, pelo que são comuns a um determinado grupo de indivíduos.

As representações sociais têm no psicólogo social Serge Moscovici a sua primeira base


teórica, em 1961, através da obra “A Psicanálise, sua imagem e seu público”.
O objetivo da Teoria das Representações Sociais é explicar os fenómenos do homem a partir
de uma perspectiva coletiva, sem perder de vista a individualidade.
A teoria das representações sociais é uma forma sociológica de psicologia social (Farr, 1998),
contextualizada numa perspectiva europeia com ênfase no estudo das relações intergrupais e
numa abordagem cultural e social dos processos sociopsicológicos (Farr, 1994).

A teoria das representações sociais reapresenta um problema que já é, historicamente, de


interesse de outras ciências humanas, como a história, antropologia e sociologia (Jodelet,
2001). É uma teoria científica sobre os processos através dos quais os indivíduos em interação
social constroem explicações sobre objetos sociais (Vala, 1996).

Elas são equivalentes, em nossa sociedade, aos mitos e sistemas de crenças das sociedades
tradicionais; podendo, também, serem vistas como a versão contemporânea do senso comum
(Sá, 1996).

A representação social, portanto, não é uma cópia nem um reflexo, uma imagem fotográfica
da realidade: é uma tradução, uma versão desta. Ela está em transformação como o objeto que
tenta elaborar. É dinâmica, móvel. Ao mesmo tempo, diante da enorme massa de traduções
que executamos continuamente, constituímos uma sociedade de “sábios amadores”
(Moscovici, 1961), na qual o importante é falar do que todo o mundo fala, uma vez que a
comunicação é berço e desaguadouro das representações. Isto indica que o sujeito do
conhecimento é um sujeito ativo e criativo, e não uma tabula rasa que recebe passivamente o
que o mundo lhe oferece, como se a divisória entre ele e a realidade fosse um corte bem
traçado.

Principais Autores.
A Teoria das Representações Sociais surgiu da obra de Serge Moscovici intitulada La
psychanalyse: son image et son public, publicada na França em 1961. O sociólogo Durkheim
trabalhara, anteriormente, com as representações coletivas, contribuindo significativamente
para a construção dessa teoria (Moscovici, 2003).

As Representações Sociais não pertencem a um único campo de conhecimento; possuem suas


raízes na sociologia, atravessam a psicanálise de Freud e se desenvolvem na psicologia social
de Moscovici, aprofundada por outros autores como Denise Jodelet. A partir dos anos 1960,
aumenta o interesse pelo estudo dos fenômenos do domínio simbólico, importando a
explicação destes como recurso às noções de consciência e imaginário. Acrescentam-se as
noções de representação e memória social, que também fazem parte dessas buscas de
explicação que receberão, após os anos 1980, sua teorização, passando a servir como
ferramenta para outros campos, como a saúde, a educação, a didática e o meio ambiente, com
propostas teóricas diversificadas (Arruda, 2002).
Moscovici buscou referência na obra de Durkheim, que preconizava a explicação sociológica
dos fatos sociais, mais especificamente em seu conceito de Representações Coletivas.
Entendendo a sociedade como uma realidade em si, Durkheim propôs por tal conceito um
fenômeno coercitivo, autônomo, exterior ao indivíduo e que, através do agenciamento de
ideias, experiências e saberes de gerações, instituem aspectos mais íntegros, unificados e
estáveis do social, como a religião, os mitos, as ciências, etc. (Sá, 2004).

Divergindo desse aspecto reminiscente da representação, Moscovici se voltou para os


fenômenos mais dinâmicos, cotidianos e fugidios, que muitas vezes escapam de uma
unificação que os institucionalize. Dessa forma, o autor forjou um espaço psicossociológico
próprio ao buscar um afastamento do excessivo psicologismo americano, encontrar
referências na proposta durkheimiana e reconsiderar desta a exaltação do social sobre o
individual, buscando uma nova compreensão dos vínculos entre estes.

Para Jodelet (2002), as Representações Sociais são definidas como sendo uma forma de
conhecimento socialmente elaborado e compartilhado com um objetivo prático e que
contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Elas são
equivalentes aos mitos e às crenças das sociedades, ou seja, ao senso comum. Recomenda-se
que a Representação Social seja estudada articulando-se elementos afetivos, mentais e sociais,
integrando-os, ao lado da cognição, da linguagem e da comunicação, às relações sociais que
afetam as representações e a realidade material, social e ideal sobre a qual eles vão intervir.

Principais Conceitos.

Os conceitos, ideias ou noções que compõem as representações sociais organizam-se numa


estrutura de conhecimento (Abric, 1998) que relaciona estes elementos, segundo uma lógica
natural, diferente da lógica formal acadêmica (Rateau, 1995). Essa organização estrutural
possui natureza hierárquica, o que implica dizer que os sistemas de cognições interligadas
diferenciam-se quanto a suas naturezas e funções relativas à representação.

Anteriormente apresentamos a comparação de representações sociais a redes dinâmicas de


conceitos e imagens (Moscovici, 1988) e arquiteturas de cognições (Carugati, Selleri e
Scappini, 1994). São noções que de certo modo já assumem seu caráter estrutural, pois trazem
implícita a necessidade de princípios de organização e encadeamento de elementos
cognitivos.

Uma representação social estruturada é formada por dois sistemas de cognições: sistema
central e sistema periférico (Sá, 1996). O sistema central compreende as cognições que
determinam a identidade da representação, isto é, a existência de sistemas centrais diferentes é
que indica a existência de representações diferentes, enquanto que representações com
sistemas centrais idênticos, não importando as demais cognições, podem ser consideradas
idênticas (Abric, 1998). Outras funções do sistema central são dar estabilidade à
representação e organizar seus elementos (Abric, 2003).
O sistema central contém os elementos mais estáveis da representação, o que significa que são
resistentes a mudanças (Abric, 2003). Bauer (1994) afirma que as representações sociais
funcionam como um sistema imunizante que neutraliza ativamente inovações simbólicas
através de sua ancoragem em formações tradicionais. Uma mudança no sistema central
acarreta uma mudança de representação: são elementos não-negociáveis (Abric, 2003). As
cognições centrais são mais frequentes e aparecem fortemente ligadas às outras cognições
(Campos, 2003). Além disso, os componentes desse sistema geralmente são abstratos e tratam
de aspectos normativos da constituem definições, ou características de todos os objetos
processados pela representação. Elementos periféricos e descritivos formam um conjunto de
descrições, contendo as características mais prováveis e frequentes do objeto social da
representação. Elementos centrais e avaliativos fornecem normas, ou seja, critérios para
avaliar o objeto. Finalmente, os elementos periféricos e avaliativos tratam de expectativas, ou
características desejadas referentes ao objeto. Esse modelo integrando centralidade e
o continuum descritivo - avaliativo formam o que o autor chama de modelo bidimensional de
representações sociais.

Além disso, também são estudadas as relações entre representações sociais diferentes. As
representações sociais podem ser autônomas, isto é, possuírem um sistema central bem
definido, ou não. No segundo caso, remete-se a outras representações sociais (Flament, 2001).
Vergès (2005) afirma que há casos em que algumas representações são dependentes de outras,
especialmente no caso de objetos sociais novos, que são elaborados em referência a outros
mais antigos. Segundo Morin e Vergès (1992), na década anterior a aids enquadrava-se nessa
situação, sendo classificada de modo semelhante a objetos como doença e flagelo social. Mas
cabe lembrar que, segundo a noção de ancoragem, não há uma representação "pura", no
sentido de independente das outras.
As Representações Sociais podem, ainda, ser definidas como modalidades de conhecimento
prático orientadas para a comunicação e para a compreensão do contexto social, material e
ideativo em que vivemos. São formas de conhecimento que se manifestam como elementos
cognitivos (imagens, conceitos, categorias, teorias), mas que não reduzem jamais os
componentes cognitivos (Spink, 1993). Devem ser vistas como uma maneira específica de
compreender e comunicar aquilo que já sabemos. Elas ocupam uma posição, em algum ponto,
entre conceitos que têm como objetivo abstrair o sentido do mundo e introduzir nele ordem e
percepções que reproduzam o mundo de forma significativa (Moscovici, 2003).

Elas funcionam como um sistema de interpretação da realidade, atuando nas relações


estabelecidas pelos indivíduos no meio em que estão inseridos, orientando, assim, seus
comportamentos e práticas. Embora as Representações Sociais não determinem inteiramente
as decisões tomadas pelos indivíduos, elas limitam e orientam o universo de possibilidades
colocadas a sua disposição (Vergara e Ferreira, 2005).

Destaca-se que as Representações Sociais, por meio da atividade psíquica, dão às coisas uma
nova forma. Elas envolvem uma relação entre o sujeito e o objeto-mundo. O sujeito se insere
numa comunidade concreta e simbólica, embora não esteja condenado a simplesmente
reproduzir essa realidade. O indivíduo está constantemente elaborando uma tensão entre o
mundo e seus próprios esforços para ser um sujeito. É nesse processo de construção de sua
identidade social que ele se desenvolve, ou seja, na relação entre sujeito e mundo social, que é
mediada pelas Representações Sociais. Ao mesmo tempo em que o sujeito recria a realidade
social e suas representações, também modifica a sua própria relação com o mundo. Dessa
forma, os objetos presentes no meio social aparecem sob a forma de representação,
constantemente recriados pelos sujeitos (Siman, 2005).

Segundo Moscovici (2003), não são as mesmas para todos os membros da sociedade, pois
elas dependem tanto do conhecimento do senso comum (popular) como do contexto
sociocultural em que os indivíduos estão inseridos.

Os métodos de estudo em Representação Social se apresentam de forma diversa, podendo ser


destacadas duas perspectivas mais consensuais entre os tantos: a ênfase nas condições de
produção e o uso de material espontâneo. A primeira, partindo do supracitado não
entendimento do conhecimento apenas na esfera cognitiva, visa seu remetimento às condições
sociais que o engendram, o contexto de onde ele emerge, circula e se transforma. Isto se dá
pelo estudo de situações sociais complexas (como instituições, comunidades, etc.) ou pela
focalização de sujeitos, atores socialmente definidos, aproximando-a da prática etnográfica. Já
a segunda se volta para a manifestação das informações dialógicas que formam e reformam as
representações, sejam aquelas introduzidas por questões, expressas livremente em entrevistas
ou já cristalizadas em produções sociais, como livros, documentos, mídia escrita, etc. Há três
formas de obtenção de dados mais comuns: as técnicas verbais, baseadas usualmente em
entrevistas abertas e com roteiro mínimo; as de associação livre a partir de palavras-estímulo,
de caráter menos hermenêutico; e as técnicas projetivas, ou não-verbais, como o desenho
(Spink, 2004).

Em outros termos, pode-se distinguir a observação empírica da Representação Social pela


ausência ou presença de validação quantitativa do material simbólico, esta importante para
uma distinção segura das representações de um grupo em relação a outro (Souza Filho, 2004).
Entre essas abordagens quantitativas se destaca a análise de conteúdo, procedimento que se
resume na descrição de dados simbólicos a partir de unidades de registro do texto. Há uma
reunião dos dados segundo um significado comum de primeira ordem (dados brutos) e sua
associação a categorias de análise relativas, concordantes com a problemática da pesquisa
(Souza Filho, 2004).

A Realidade das Representações Sociais.


A teoria propõe uma articulação entre o psicológico e o social, considera inseparáveis sujeito,
objeto e sociedade.

Esta criação se dá através e nas dinâmicas de comunicação. É a comunicação o veículo que


permite a formação das representações que, por sua vez, tornam possíveis a reconstrução do
real (NÓBREGA, 2001). Se o estranho não se apresentasse, o pensamento social teria a
estabilidade de que Durkheim falava e suas representações coletivas dariam conta de explicá-
lo.
Abric (1998) apresenta as seguintes funções das representações sociais: função de saber,
função identitária, função de orientação e função justificadora.

Ao assumir a função de saber ou cognitiva, as representações permitem compreender e


explicar a realidade permitem que os atores sociais adquiram conhecimentos e os integrem em
um quadro para eles próprios, assim elas facilitam a comunicação social.

Como função identitária, elas definem a identidade e permitem a proteção da especificidade


dos grupos, salvaguardando a imagem positiva dos mesmos.

A função de orientação permite que as representações guiem os comportamentos e as


condutas dos indivíduos, elas são um guia para a ação. (ABRIC, 1998; MOSCOVICI,
1978; JODELET, 1986).

Finalmente, a função justificadora permite a justificativa das tomadas de posição e dos


comportamentos por parte dos sujeitos, assim como a manutenção ou reforço dos
comportamentos de diferenciação social assumidos pelos grupos sociais ou pelos indivíduos.

Conclusão
Em virtude do que foi mencionado concluímos que a teoria das representações sociais
consiste em um conjunto de conceitos, proposições e explicações originados na vida cotidiana
no desenrolar das comunicações interpessoais podendo, também, serem vistas como a versão
contemporânea do senso comum, é uma teoria científica sobre os processos através dos quais
os indivíduos em interação social constroem explicações sobre objetos sociais. A
representação social, portanto, não é uma cópia nem um reflexo, uma imagem fotográfica da
realidade: é uma tradução, uma versão desta. Ela está em transformação como o objeto que
tenta elaborar.

Referencias Bibliográficas
 Angela Arruda Teoria das Representações. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15555.pdf> Acessado em 16/04/2014 ás 12h24m09seg.

 João Fernando Rech Wachelke; Brigido Vizeu Camargo. Representações sociais, representações
individuais e comportamento. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0034-
96902007000300013&script=sci_arttext>Acessado em 26/04/2014 ás 12h51m33seg.
 Representações sociais. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Representa
%C3%A7%C3%B5es_sociais> Acessado em 26/04/2014 ás 13h15m38seg.

 Wilse Arena da Costa; Angela Maria de Oliveira Almeida. Teoria das Representações Sociais: uma
abordagem alternativa para se compreender o comportamento cotidiano dos indivíduos e dos grupos
sociais. Disponível em:
< http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev13/as_teorias_das_repres.html> Acessado em 27/04/2014
ás11h11m58seg.

 Lucia Maria Patriota. Teoria das representações sociais:Contribuições para apreensão da


realidade. Disponível em:
<http://www.uel.br/revistas/ssrevista/c-v10n1_lucia.htm> Acessado em 27/04/2014 ás 15h21m18seg.

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