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Livro de Representações sociais

Ao contrá rio, o conhecimento é sempre produzido atra-9


vés da interação e comunicação e sua expressão está sempre liga-da aos interesses humanos que
estão nele implicados. O conheci-mento emerge do mundo onde as pessoas se encontram e intera-
gem, do mundo onde os interesses humanos, necessidades e de-sejos encontram expressão,
satisfação ou frustração
As representações sociais são entidades quase tangíveis. Elas circulam, se entrecruzam e se cristalizam continua-
mente, através duma palavra, dum gesto, ou duma reunião, em nosso mundo cotidiano- Elas impregnam a maioria
de nossas relações estabelecidas, os objetos que nós produzi-mos ou consumimos e as comunicações que
estabelecemos.

O ponto de partida fundamental para essa jornada intelectu-al, contudo, foi a insistência
de Moscovici no reconhecimento da existência de representações sociais como uma forma
característi-ca de conhecimento em nossa era, ou, como ele coloca, uma in-sistência em considerar
“como um fenômeno, o que era antes con-siderado como um conceito”

Mais precisamente, Moscovici se filia aqui à corrente de pensamento sociopsicológico que foi
sempre uma corrente minoritária, ou marginal, dentro duma disciplina domi-nada, em nosso
século, primeiro pelo comportamentalismo e, mais recentemente, por um cognitivismo não menos
reducionista e, du-rante todo esse tempo, por um individualismo extremo.

Ao procurar estabelecer uma ciência “mista”, centrada no conceito de representação, Moscovici


reconheceu uma dívida du-radoura ao trabalho de Durkheim. Como vimos acima, contudo, a
formulação feita por Durkheim do conceito de representações co-letivas mostrou-se uma herança
ambígua para a psicologia social. O esforço para estabelecer a sociologia como uma ciência autôno-
ma levou Durkheim a defender uma separação radical entre repre-sentações individuais e coletivas
e a sugerir que as primeiras de-veriam ser o campo da psicologia, enquanto as últimas formariam o
objeto da sociologia

O próprio Moscovici sugeriu que, ao preferir o termo “social”, queria enfatizar a quali-dade
dinâmica das representações contra o caráter mais fixo, ou estático, que elas tinham na teoria de
Durkheim (ver capítulo 1, onde Moscovici ilustra a maneira como Durkheim usou os termos “social”
e “coletivo” de maneira intercambiável)

Moscovi-ci se refere à impossibilidade de manter qualquer distinção clara entre o “social” e o


“coletivo”. Esses dois termos não se referem a ordens distintas na organização da sociedade
humana, mas tam-bém não é o caso de que os termos “representação social” e “repre-sentação
coletiva” apenas colocam uma distinção, sem estabelecer uma diferença.

Um enfoque mais produtivo pode ser constatado através duma reflexão posterior sobre o próprio
argumento de Durkheim. Durkheim não estava simplesmente interessado em estabelecer o caráter
sui generis das representações coletivas como um elemen-to de seu esforço para manter a
sociologia como uma ciência autô-noma.

A psi-cologia social de Moscovici, por outro lado, foi consistentemente orientada para questões de
como as coisas mudam na sociedade, isto é, para aqueles processos sociais, pelos quais a novidade
e a mudança, como a conservação e a preservação, se tornam parte da vida social.

Moscovici a ver que, da perspectiva so-ciopsicológica, as representações não podem ser tomadas
como algo dado nem podem elas servir simplesmente como variáveis explicativas. Ao contrário, a
partir dessa perspectiva, é a constru-ção dessas representações que se torna a questão que deve
ser discutida, dai sua insistência, tanto em discutir como um fenôme-no que antes era visto como
um conceito, como em enfatizar o ca-ráter dinâmico das representações, contra seu caráter
estático de representações coletivas da formulação de Durkheim (uma dis-cussão mais ampla desse
ponto, feita por Moscovici, pode ser en-contrada no capitulo 1).

Por conseguinte, enquanto Durkheim vê as representações co-letivas como formas estáveis de


compreensão coletiva, com o po-der de obrigar que pode servir para integrar a sociedade como um
todo, Moscovici esteve mais interessado em explorar a variação e a diversidade das idéias coletivas
nas sociedades modernas. Essa própria diversidade reflete a falta de homogeneidade dentro das
sociedades modernas, em que as diferenças refletem uma distribui-ção desigual de poder e geram
uma heterogeneidade de represen-tações.

E, do mesmo modo que a natureza detesta o vácuo, assim também a cultura detesta a ausên-cia de
sentido, colocando em ação algum tipo de trabalho represen-tacional para familiarizar o não-
familiar, e assim restabelecer um sentido de estabilidade

Mais freqüentemente, as re-presentações sociais emergem a partir de pontos duradouros de


conflito, dentro das estruturas representacionais da própria cultu-ra, por exemplo, na tensão entre
o reconhecimento formal da uni-versalidade dos “direitos do homem”, e sua negação a grupos
espe-cíficos dentro da sociedade. As lutas que tais fatos acarretaram foram também lutas para
novas formas de representações. O

O fenômeno das representações está, por isso, ligado aos pro-cessos sociais implicados com
diferenças na sociedade. E é para dar uma explicação dessa ligação que Moscovici sugeriu que as
representações sociais são a forma de criação coletiva, em condi-ções de modernidade, uma
formulação implicando que, sob outras condições de vida social, a forma de criação coletiva pode
também ser diferente.

O fenô-meno das representações sociais pode, neste sentido, ser visto como a forma como a vida
coletiva se adaptou a condições des-centradas de legitimação. A ciência foi uma fonte importante
de surgimento de novas formas de conhecimento e crença no mundo moderno, mas também o
senso comum, como nos lembra Mosco-vici.

A transição para a modernidade é também caracterizada pelo papel central de novas formas de
comunicação, que se originaram com o desenvolvimento da imprensa e com a difusão da alfabeti-
zação. gerou tanto novas possibilidades para a circulação de idéias, como também trouxe grupos
sociais mais amplos para o processo de produção psicossocial do conhe-cimento.

Mas enquanto tais teorias em psi-cologia social tenham discutido “distorções” como exemplos de
como o pensamento comum se afasta da lógica sistemática da ci-ência, do ponto de vista das
representações sociais elas são vistas como formas de conhecimento produzidas e sustentadas por
gru-pos sociais específicos, numa determinada conjuntura histórica

na teoria da representação social o próprio conceito de repre-sentação possui um sentido mais


dinâmico, referindo-se tanto ao processo pelo qual as representações são elaboradas, como às es-
truturas de conhecimento que são estabelecidas.

Moscovici argumenta que “o propósito de todas as representações é tomar algo não-familiar, ou a


própria não-familiaridade, familiar”

A familiarização é sempre um processo construtivo de ancoragem e objetivação (cf. capítulo 1),


através do qual o não-familiar passa a ocupar um lugar dentro de nosso mundo familiar.

As representaçõ es sociais emergem, nã o apenas como um modo de compreender um objeto


particular, mas 21
também como uma forma em que o sujeito (indivíduo ou grupo) adquire uma capacidade de
definição, uma função de identidade, que é uma das maneiras como as representações expressam
um valor simbólico

As representações são sempre um produto da interação e co-municação e elas tomam sua forma e
configuração específicas a qualquer momento, como uma conseqüência do equilíbrio especifico
desses processos de influência social.

Precisa-mente devido a essa interconexão, as representações podem tam-bém mudar a


estabilidade de sua organização e estrutura depende da consistência e constância de tais padrões
de comunicação, que as mantêm.

A mudança dos interesses humanos pode gerar novas formas de comunicação, resultando na
inovação e na emer-gência de novas representações. Representações, nesse sentido, são
estruturas que conseguiram uma estabilidade, através da transformação duma estrutura anterior.

Na verdade, a partir dum ponto de vista diverso, poder-se-ia argumentar que a pesqui-sa em
representaçõ es sociais contribuiu tanto quanto qualquer 25
outro trabalho em psicologia social, senão mais, para nossa com-preensão dum amplo espectro de
fenômenos sociais (tais como o entendimento público da ciência, idéias populares sobre saúde e
doença, concepções de loucura, ou o desenvolvimento de identi-dades de gênero, para nomear
apenas alguns poucos).

De que modo pode o pensamento ser considerado como um ambiente (como atmosfera social e
cultural)? Impressionistica-mente, cada um de nós está obviamente cercado, tanto individu-
almente como coletivamente, por palavras, idéias e imagens que penetram nossos olhos, nossos
ouvidos e nossa mente, quer quei-ramos quer não e que nos atingem, sem que o saibamos, do
mesmo modo que milhares de mensagens enviadas por ondas eletromag-néticas circulam no ar
sem que as vejamos e se tomam palavras em um receptor de telefone, ouse tomam imagens na
tela da televisão.

as representações possuem precisamente duas funções: a) Em primeiro lugar, elas


convencionalizam os objetos, pes-soas ou acontecimentos que encontram. Elas lhes dão uma
forma definitiva, as localizam em uma determinada categoria e gradual-mente as colocam como
um modelo de determinado tipo, distinto e partilhado por um grupo de pessoas.

Esses exemplos mostram como cada experiência é somada a uma realidade predeterminada por
convenções, que claramente define suas fronteiras, distingue mensagens significantes de men-
sagens não-significantes e que liga cada parte a um todo e coloca cada pessoa em uma categoria
distinta.

Então, em vez de negar as convenções e preconceitos, esta estra-tégia nos possibilitará reconhecer
que as representações constitu-em, para nós, um tipo de realidade.

Em segundo lugar, representações são prescritivas, isto é, elas se impõem sobre nós com uma força
irresistível. Essa força é uma combinação de uma estrutura que está presente antes mesmo que
nós comecemos a pensar e de uma tradição que de-creta o que deve ser pensado.

Pessoas e grupos criam representações no decurso da comunicação e da co-operação.


Representações, obviamente, não são criadas por um individuo isoladamente. Uma vez criadas,
contudo, elas adquirem uma vida própria, circulam, se encontram, se atraem e se repelem e dão
oportunidade ao nascimento de novas representações, en-quanto velhas representações morrem.

pessoas e grupos, longe de serem receptores passivos, pensam por si mesmos, produzem e 45
comunicam incessantemente suas próprias e específicas repre-sentações e soluções às questões
que eles mesmos colocam.

É óbvio que o conceito de representações sociais chegou até nós vindo de Durkheim. Mas nós
temos uma visão diferente dele - ou, de qualquer modo, a psicologia social deve considerá-lo de
um ângulo diferente - de como o faz a sociologia. A sociologia vê, ou melhor, viu as representações
sociais como artifícios explanató-rios, irredutíveis a qualquer análise posterior.

Ainda mais: do ponto de vista de Durkheim, as representa-ções coletivas abrangiam uma cadeia
completa de formas intelec-tuais que incluíam ciência, religião, mito, modalidades de tempo e
espaço, etc.

E a característica especifica dessas representa-ções é precisamente a de que elas “corporificam


idéias” em expe-riências coletivas e interações em comportamento,

São fenômenos específicos que estão relacionados com um modo particular de compreender e de
se comunicar - um modo que aia tanto a realidade como o senso comum. É para enfatizar essa
distin-ção que eu uso o termo “social” em vez de “coletivo”.

FAMILIARIDADE

m seu todo, a dinâmica das relações é uma dinâmica de familiari-zação, onde os objetos, pessoas e
acontecimentos são percebidos e compreendidos em relação a prévios encontros e paradigmas.

O não-familiar atrai e intriga as pes-soas e comunidades enquanto, ao mesmo tempo, as alarma, as


obriga a tomar explícitos os pressupostos implícitos que são bási-cos ao consenso.

E quando a alteridade é jogada sobre nós na forma de algo que “não é exatamente” como deveria
ser, nós instintivamente a rejeitamos, porque ela ameaça a ordem estabelecida.

ontudo, embora nós tenhamos a capacidade de perceber tal discrepância, ninguém pode livrar-se
dela. A tensão básica entre o familiar e o não-familiar está sempre estabelecida, em nossos uni-
versos consensuais, em favor do primeiro.

Quando tudo é dito e feito, as representações que nós fabrica-mos - duma teoria cientifica, de uma
nação, de um objeto, etc. - são sempre o resultado de um esforço constante de tornar comum e
real algo que é incomum (não-familiar), ou que nos dá um senti-mento de não-familiaridade. E
através delas nós superamos o pro-blema e o integramos em nosso mundo mental e físico, que é,
com isso, enriquecido e transformado.

ANCORAGEM

O primeiro mecanismo tenta ancorar idéias estranhas, redu-zi-las a categorias e a imagens comuns,
colocá-las em um contexto familiar.

O objetivo do segundo mecanismo é obje-tivá-los, isto é, transformar algo abstrato em algo quase
concreto, transferir o que está na mente em algo que exista no mundo físico.

Esses mecanismos transformam o não-familiar em familiar, primeiramente transferindo-o a nossa


própria esfera particular, onde nós somos capazes de compará-lo e interpretá-lo; e depois,
reproduzindo-o entre as coisas que nós podemos ver e tocar, e, conseqüentemente, controlar.
Sendo que as representações são criadas por esses dois mecanismos, é essencial que nós
compreendamos como funcionam.

Ancoragem - Esse é um processo que transforma algo estra-nho e perturbador, que nos intriga, em
nosso sistema particular de categorias e o compara com um paradigma de uma categoria que nós
pensamos ser apropriada.
No momento em que determinado objeto ou idéia é comparado ao paradigma de uma categoria,
adquire características dessa categoria e é re-ajustado para que se enquadre nela.

Ancorar é, pois, classificar e dar nome a alguma coisa. Coisas que nã o sã o classificadas e que
nã o possuem nome sã o estranhas, nã o existentes e ao mesmo tempo ameaçadoras. Nó s
experimenta-mos uma resistência, um distanciamento, quando nã o somos ca-pazes de avaliar
algo, de descrevê -lo a nó s mesmos ou a outras pessoas, O primeiro passo para superar essa
resistê ncia, em dire-62
ção à conciliação de um objeto ou pessoa, acontece quando nós somos capazes de colocar esse
objeto ou pessoa em uma determi-nada categoria, de rotulá-lo com um nome conhecido.

No momento em que nós podemos falar sobre algo, avaliá-lo e então comunicá-lo - mesmo
vagamente, como quando nós dizemos de alguém que ele é “inibido” - então nós podemos
representar o não-usual em nosso mundo familiar, reproduzi-lo como uma réplica de um modelo
fami-liar. Pela classificação do que é inclassificável, pelo fato de se dar um nome ao que não tinha
nome, nós somos capazes de imaginá-lo, de representá-lo.

Na verdade, o processo de representação envolve a codificação,

Classificar algo significa que nó s o confinamos a um conjunto de comportamentos e regras que


estipulam o que é , ou nã o é , permitido, em relaçã o a todos os indivíduos pertencentes 63
a essa classe.

Categorizar alguém ou alguma coisa significa escolher um dos paradigmas estocados em nossa
memória e estabelecer uma rela-ção positiva ou negativa com ele.

Isso concretamente significa que ancorar implica também a prioridade do veredicto sobre o
julgamento e do predicado sobre o sujeito. O protótipo é a quintessência de tal prioridade, pois
favorece opiniões já feitas e geralmente conduz a decisões super apressadas.

De fato, a tendência para classificar, seja pela generalização, ou pela particularização, não é, de
nenhum modo, uma escolha puramente intelectual, mas reflete uma atitude específica para com o
objeto, um desejo de defini-lo como normal ou aberrante. É isso que está em jogo em todas as
classificações de coisas não-familiares - a necessidade de defini-las como con-formes, ou
divergentes, da norma.

É isso que está em jogo em todas as classificações de coisas não-familiares - a necessidade de


defini-las como con-formes, ou divergentes, da norma.

A esta altura, a teoria das representações traz duas conse-qüências. Em primeiro lugar, ela exclui a
idéia de pensamento ou percepção que não possua ancoragem. Isso exclui a idéia do assim
chamado viés no pensamento ou percepção.

Em segundo lugar sistemas de classificação e de nomeação (classificar e dar nomes) não são,
simplesmente, meios de graduar e de rotular pessoas ou objetos considerados como entidades dis-
cretas. Seu objetivo principal é facilitar a interpretação de caracte-rísticas, a compreensão de
intenções e motivos subjacentes às ações das pessoas, na realidade, formar opiniões.

Essa domesticação é o resultado da objetivação, que é um processo muito mais atuante que a
ancoragem e que nós va-mos discutir agora. Objetivação une a idéia de não-familiaridade com a de
realida-de, torna-se a verdadeira essência da realidade. Percebida primei-ramente como um
universo puramente intelectual e remoto, a ob-jetivação aparece, então, diante de nossos olhos,
física e acessí-vel.
Para começar, objetivar é descobrir a qualidade icô nica de uma idéia, ou ser impreciso; é
reproduzir um conceito em uma imagem. Comparar é já representar, encher o que está
natural-72
mente vazio, com substância.

Cada cultura possui seus próprios instrumentais para transformar suas representa-ções em
realidade.

imortais. Ancoragem e objetivação são, pois, maneiras de lidar com a memória. A primeira mantém
a memória em movi-mento e a memória é dirigida para dentro, está sempre colocando e tirando
objetos, pessoas e acontecimentos, que ela classifica de acordo com um tipo e os rotula com um
nome. A segunda, sendo mais ou menos direcionada para fora (para outros), tira dai concei-tos e
imagens para juntá-los e reproduzi-los no mundo exterior, para fazer as coisas conhecidas a partir
do que já é conhecido.

R.S UM DOMINIO EM EXPANSÃO ( JODELET, 2001)

Sempre necessitamos saber o que temos a ver com o mundo que nos cerca. É necessário
ajustar-se, conduzir-se, localizar-se física ou intelectualmente, identificar e resolver
problemas
que ele põe. Eis porquê construímos representações.
Por isso as representações são sociais e são tão importantes na vida cotidiana. Elas
nos guiam na maneira de nomear e definir em conjunto os diferentes aspectos de nossa
realidade
cotidiana, na maneira de interpretá-los, estatuí-los e, se for o caso, de tomar uma
posição
a respeito e defendê-la.
Elas
circulam nos discursos, são carregadas pelas palavras, veiculadas nas mensagens e
imagens
mediáticas, cristalizadas nas condutas e agenciamentos materiais ou espaciais. Apenas
um
exemplo para ilustrar.
É uma forma de conhecimento,
socialmente elaborado e compartilhado, que tem um objetivo prático e concorre para
4
a construção de uma realidade comum a um conjunto social (
Deste ponto de vista, as representações sociais
são abordadas simultaneamente como o produto e o processo de uma atividade de
apropriação
da realidade exterior ao pensamento e da elaboração psicológica e social da realidade.
Ou seja, está-se interessado em uma modalidade de pensamento, sob seu aspecto
constituinte,
os processos, e constituído, os produtos ou conteúdos. Modalidade de pensamento que
tem
sua especificidade em seu caráter social.
implica que ela seja relacionada com os processos que se erguem de
uma dinâmica social e de uma dinâmica psíquica e que seja elaborado um sistema
teórico, ele
mesmo complexo. Deve-se considerar, de um lado, o funcionamento cognitivo e o do
aparelho
psíquico, de outro, o funcionamento do sistema social, dos grupos e das interações, na
medida em que estes afetam a gênese, a estrutura e a evolução das representações e são
afetados
por sua intervenção.
Mas é necessário dizer: as representações sociais devem
ser estudadas articulando elementos afetivos, mentais e sociais e integrando, ao lado da
cognição,
da linguagem e da comunicação, a consideração das relações sociais que afetam as
representações
e a realidade material, social e ideal sobre a qual elas intervêm
Não se pode eliminar da noção de representação social as refe-
8
rências aos múltiplos processos individuais, interindividuais, intergrupos e ideológicos
que
frequentemente entram em ressonância uns com outros e cujas dinâmicas de conjunto
desabrocham
nas realidades vivas que são, em última instância, as representações sociais
No centro desse Quadro figura o esquema de base caracterizando a representação
como uma forma de saber prático ligando um sujeito a um objeto.
A representação social é sempre uma representação de alguma coisa (objeto) e de
alguém (sujeito). As características do sujeito e do objeto terão uma incidência sobre o
que ela
é.
A representação social está com seu objeto numa relação de "simbolização", ela
toma seu lugar, e de "interpretação", ela lhe confere significações. Estas significações
resultam
de uma atividade que faz da representação uma "construção" e uma "expressão" do
sujeito.
o sujeito é então considerado
de um ponto de vista psicológico. Mas a particularidade do estudo das representações
sociais
é a de integrar na análise desses processos o pertencimento e a participação sociais e
culturais
do sujeito.

PINHEIRO 2004 REPRESENTAÇOES COLETIVAS


autor afirma que a vida coletiva
é feita essencialmente de representações,

Dado
esse piso comum, a solução durkheimiana se constitui alicerçada na
definição das categorias como uma espécie do gênero das representações
coletivas, identificando-as.

OLIVEIRA 2012

O conceito de representações coletivas é central em Durkheim. Em


termos teóricos, mantém semelhanças com o conceito de fato social.
Contudo, é menos imperioso e coercitivo que o último, já que é
forjado
no cotidiano das interações sociais. Mas, como o primeiro, ele
também
é coletivo, exterior e objetivo. Empiricamente, as representações
podem
representar qualquer coisa, ou seja, qualquer objeto pode ser
mentalmente
representado. As representações são assim funções mentais.
Representando,
fazemos viver o mundo
Socialmente, as representações coletivas sintetizam
o que os homens pensam sobre si mesmos e sobre a realidade que os
cerca.
É, portanto, inicialmente, uma forma de conhecimento socialmente
produzida.
Resultado de esforço coletivo, elas emancipam-se das representações
individuais, pautam novas ações e demonstram a existência da
sociedade.
As representações são coletivas e, portanto, não podem ser
simplesmente
reduzidas aos indivíduos. Sendo fruto da interação e dos laços sociais
que
os homens estabelecem entre si, elas os ultrapassam, adquirindo
realidade
e autonomia próprias.
Aqui, as representações alcançam o terreno das
práticas sociais, às quais se ligam, muito embora essa relação não
tenha sido
sufi cientemente desenvolvida por Durkheim. Em resumo, o conceito
de
representações coletivas é ao mesmo tempo forma de conhecimento e
guia
para as ações sociais,
Aqui, as representações alcançam o terreno das
práticas sociais, às quais se ligam, muito embora essa relação não
tenha sido
sufi cientemente desenvolvida por Durkheim. Em resumo, o conceito
de
representações coletivas é ao mesmo tempo forma de conhecimento e
guia
para as ações sociais,

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