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ABSTRACT
1
Romeno naturalizado francês, autor da obra La Psychanalyse: Son image e son public, um estudo sobre a
representação social da psicanálise, primeiramente publicado na França em 1961, com segunda edição,
bastante revisada em 1976 (MOSCOVICI, 2003).
Essa divisão entre o individual e o coletivo2, foi objeto de reflexão,
inicialmente, do sociólogo francês Émile Durkheim, que levantou a necessidade de estudar
os “fatos sociais cientificamente” (OLIVEIRA, 1998-99, p. 173).
Émile Durkheim, ao propor tal divisão procurava dar conta de um todo,
mas se fundamentava em uma concepção de que as regras que comandam a vida individual
(representações individuais – objeto da psicologia) não são as mesmas que regem a vida
coletiva (representações coletivas – objeto da sociologia). Foram estas últimas que deram
origem à criação do termo de Representações Sociais por Moscovici3.
Segundo Alexandre (2004), Durkheim estudava religião, magia e
pensamento mítico, ou seja, representações duradouras, tradicionais, ligadas à cultura, e
também às experiências individuais, tudo que uma sociedade acumulou de sabedoria e
ciência ao passar dos anos e que seriam transmitidas lentamente por gerações. Para
Durkheim, esses fenômenos são coletivos porque são produtos de uma comunidade, ou de
um povo - assim como uma língua, uma religião não pode ser inventada por um indivíduo e
sim tem que ser criada a partir de interações entre indivíduos.
De acordo com Sá (1995), Moscovici, ao contrário de Durkheim, que
estudava as sociedades tradicionais, focaliza as sociedades modernas e “[...] as mudanças
que as ciências oficiais, religiões, e ideologias, devem passar a fim de penetrar na vida
cotidiana e se tornar parte da realidade comum” (p. 22), tornando-se representações sociais.
Contudo, essas representações modernas também apresentam certa duração e, assim,
podemos considera-las como “arcaicas – resíduos do acervo cumulativo das produções
culturais inscritas no imaginário social” (SPINK, 1995, p. 102). Mas, diferentemente das
representações coletivas de Durkheim, as estudadas por Moscovici também podem ser do
tipo “representações novas” que são “produtos do encontro cotidiano com a ciência que
circula através dos meios de comunicação” (p. 102). Assim, Moscovici é considerado um
2
Sobre esta divisão entre o individual e o coletivo, Robert M. Farr (1995) faz um estudo detalhado em seu
artigo Representações sociais: a teoria e sua história, na obra O conhecimento no cotidiano: As
representações sociais na perspectiva da psicologia social, no qual desenvolve toda uma pré-história da Teoria
das Representações Sociais.
3
Para Moscovici (apud GUARESCHI ; JOVCHELOVITCH, 1995), o conceito de Representação Social tem
origem na Sociologia e na Antropologia, através de Durkheim e Lévi-Bruhl. Também contribuíram para a
criação da Teoria das Representações Sociais, a Teoria da Linguagem de Saussure, a Teoria das
Representações Infantis de Piaget e a Teoria do Desenvolvimento Cultural de Vigotsky.
dos principais representantes de uma psicologia coletiva constituindo-se referência para
todos que trabalham neste campo.
Mas, ao analisarmos as obras deste autor, verificamos que o conceito das
representações sociais utilizado, não é preciso. Sobre isso, Alexandre (2004, p. 135) afirma
que:
A partir do que nos adverte esse autor, procuramos, a partir da leitura das
obras de diversos autores4 e do próprio MOSCOVICI (2003), apresentar, não um conceito,
mas o nosso entendimento, através destas contribuições de Representações Sociais. Enfim,
as Representações Sociais se apresentam como a gama de todas as formas de
conhecimento, ligado a imagens, conceitos, categorias e teorias, elaborados por indivíduos
que pensam a partir do senso comum, “não sozinhos”, embutidos em processos de
comunicação no cotidiano das relações sociais. Estes conhecimentos não se reduzem
apenas aos elementos cognitivos, mas que, compartilhados, contribuem para a construção
de uma realidade comum. Assim, as Representações Sociais constituem-se em um
fenômeno social que têm de ser entendido a partir do seu contexto de produção, do
interagir, isto é, a partir das funções simbólicas e ideológicas a que servem e das formas de
comunicação onde circulam.
4
FARR, 1995 (principal divulgador da perspectiva renovadora de Moscovici na comunidade científica de
língua inglesa); FÉLONNEAU, 2003; GIL FILHO, 2005; GUARESCHI, 1995; JODELET, 2001(principal
colaboradora e continuadora do trabalho de Moscovici); JOVCHELOVITCH, 1995, 2000; LANE, 1995; SÁ,
1995; SAWAIA, 1995; SPINK, 1995.
A IMPORTÂNCIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NO ESTUDO DA
PRODUÇÃO DO ESPAÇO AQUÁTICO URBANO
BRUNI, José Carlos. A água e a vida. Tempo Social. Rev. Sociol. São Paulo: USP, 5(1-2) .
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SÁ, Celso Pereira de. Representações Sociais: o conceito e o estado atual da teoria. In:
SPINK, Mary Jane. (org.). O conhecimento no cotidiano: As representações sociais na
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