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Marcelo Afonso Ribeiro | Andréa Knabem

Maria Celeste de Almeida | Milena Sampaio Greve | Paula Morais Figueiredo

ARTICULANDO A
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
E DE CARREIRA E A PSICOLOGIA
ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO
Estudos construcionistas sobre trabalhar,
construções identitárias do trabalhar e carreiras
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

Coleção Fundamentos de Psicologia Social


Volume 2

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização
Marcelo Afonso Ribeiro
Andréa Knabem
Maria Celeste de Almeida
Milena Sampaio Greve
Paula Morais Figueiredo
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO
PROFISSIONAL E DE CARREIRA E
A PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL
E DO TRABALHO: estudos
construcionistas sobre trabalhar, construções
identitárias do trabalhar e carreiras

Coleção Fundamentos de Psicologia Social, v. 2

Editora CRV | Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo


Curitiba | São Paulo
2023
Copyright © dos Autores e da Editora CRV Ltda. – Brasil
Editora CRV Ltda.
Editor-chefe: Railson Moura
Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV
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CATALOGAÇÃO NA FONTE
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: LUZENIRA ALVES DOS SANTOS CRB9/1506

R482

Ribeiro, Marcelo Afonso.


Articulando a Orientação Profissional e de Carreira e a Psicologia Organizacional e do Trabalho: estudos
construcionistas sobre trabalhar, construções identitárias do trabalhar e carreiras / Marcelo Afonso Ribeiro, Andréa
Knabem, Maria Celeste de Almeida, Milena Sampaio Greve, Paula Morais Figueiredo. Curitiba : CRV ; São Paulo :
IPUSP, 2023.
132 p. (Coleção: Fundamentos de Psicologia Social, v. 2)

Bibliografia
ISBN 978-65-251-3436-9 (Coleção Digital)
ISBN 978-65-251-3435-2 (Coleção Físico)
ISBN 978-65-251-4497-9 (Volume Digital)
ISBN 978-65-251-4499-3 (Volume Físico)
DOI 10.24824/978652514499.3

1. Psicologia 2. Identidade – projeto de vida 3. Psicologia organizacional 4. Psicologia do trabalho 5. Estudos


construcionistas I. Knabem, Andréa II. Almeida, Maria Celeste de III. Greve, Milena Sampaio IV. Figueiredo, Paula Morais
V. Título VI. Coleção: Fundamentos de Psicologia Social, v. 2.

CDU 159.98 CDD 150


Índice para catálogo sistemático
1. Psicologia Organizacional e do Trabalho – 150

2023
Foi feito o depósito legal conf. Lei 10.994 de 14/12/2004

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Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.
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AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer a todas/os que direta e indiretamente con-
tribuem com os trabalhos do grupo de pesquisa em Trabalhar, Construções
Identitárias do Trabalhar e Carreiras e vamos nomear algumas pessoas, o que
não significa que desmerecemos as demais – sintam-se todas/os abraçadas/os.
Em primeiro lugar, nossos sinceros e fortes agradecimentos à equipe
do Serviço de Orientação Profissional do Instituto de Psicologia da Univer-
sidade de São Paulo (SOP-IPUSP) – Maria da Conceição Coropos Uvaldo,
Guilherme Fonçatti, Débora Audi, Marcelo Lábaki, Sônia Maria Alavarces,
Marcos Santos – nossas parceiras/os de sempre.
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Em segundo lugar, agradecemos o convívio e o trabalho conjunto com as/


os colegas do Núcleo de Aconselhamento de Carreira (NAC) do SOP-IPUSP
– Ana Paula Pires Serra, Fernando Garcia, Juan Tomás Arregui, Karina Fattori,
Luciana Aparecida Beliomini e Tatiana Angelloto – algumas/uns que, em
breve, se agregarão, definitivamente ao nosso grupo de pesquisa.
Em terceiro lugar, à Profa. Vera Paiva, incentivadora e brilhante inter-
locutora da perspectiva construcionista a partir de seus estudos na área da
saúde, gênero e sexualidade.
Em quarto lugar, às/aos nossas/os mestras/es do campo construcionista,
que embasam e inspiram nosso trabalho, entre as/os quais destacamos John
Shotter, Kenneth Gergen, Lupicinio Íñiguez, Rom Harré e Sheila McNamee,
no contexto internacional, e Emerson Rasera e Mary Jane Spink, no contexto
nacional, bem como David Blustein, Donna Schultheiss, Mats Alvesson e
Peter Spink nas áreas específicas de estudos de trabalho a partir de uma pers-
pectiva construcionista.
E, por último, nossas/os participantes de pesquisa e nas intervenções em
Orientação Profissional e de Carreira (OPC) e em Psicologia Organizacional e
do Trabalho (POT) – nosso muito obrigado, sem vocês nada do que está aqui
seria possível, pois temos como princípio básico de que todo conhecimento
só pode ser produzido na relação entre todas/os as/os envolvidas/os, como
preconiza Boaventura de Sousa Santos ao falar na prática da hermenêutica
diatópica (Santos, 2003).
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O importante é não reduzir o realismo ao que existe, pois, de outro


modo, podemos ficar obrigados a justificar o que existe, por mais
injusto ou opressivo que seja. (Assim) o destino, criticamente,
recupera-se como projeto... que tem que ser forjado com elas/
es (as pessoas), não para elas/es, (pois) o diálogo… é relacional
e, nele, ninguém tem iniciativa absoluta, (sendo) o foco... a
ação conjunta, ou no que as pessoas fazem juntas, e o que este
fazer produz. (Afinal) o mundo é epistemologicamente diverso
e essa diversidade... confere inteligibilidade e intencionalidade
às experiências sociais e (um/a) pensadora/dor comprometida/a
com a vida: não pensa ideias, pensa a existência.

Texto construído a partir de trechos de citações extraídas de publicações


de Boaventura de Sousa Santos, Paulo Freire e Sheila McNamee1.

1 Freire, P. (1970). Pedagogia do oprimido. Paz e Terra.


McNamee, S. (2012). From social construction to relational construction: Practices from the edge. Psycho-
logical Studies, 57(2), 150-156. http://doi.org/10.1007/s12646-011-0125-7
Santos, B. S. (1997). Uma concepção multicultural de direitos humanos. Lua Nova: Revista de Cultura e
Política, 39, 105-124. https://doi.org/10.1590/S0102-64451997000100007
Santos, B. S. (2009). Para além do pensamento abissal. In B. S. Santos & M. P. Menezes (Orgs.), Episte-
mologias do Sul (pp. 23-71). Almedina.
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO������������������������������������������������������������������������������������������ 13
Marcelo Afonso Ribeiro
Andréa Knabem
Maria Celeste de Almeida
Milena Sampaio Greve
Paula Morais Figueiredo

CAPÍTULO 1
DO TRABALHO, IDENTIDADE E CARREIRA PARA O TRABALHAR,
CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS DO TRABALHAR E CARREIRAS:
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histórico, delimitação institucional e principais temáticas estudadas�������������� 17


1.1 Histórico da escolha das temáticas estudadas��������������������������������� 17
1.2 Delimitação institucional�������������������������������������������������������������������� 19
1.3 Principais temáticas estudadas��������������������������������������������������������� 21

CAPÍTULO 2
BASE TEÓRICA E METODOLÓGICA���������������������������������������������������������� 23
2.1 Perspectiva ontológica, epistemológica, metodológica e ético-
política – construcionismo social������������������������������������������������������������� 23
2.2 Principais conceitos de base������������������������������������������������������������� 31
2.3 Principais tipos de investigação: construção teórica, pesquisa de
campo e pesquisa de intervenção����������������������������������������������������������� 43
2.4 Principais estratégias metodológicas: enfoque qualitativo
narrativo, etnografia/netnografia e grounded theory (teoria
fundamentada)���������������������������������������������������������������������������������������� 45
2.5 Principais instrumentos: diário de campo, entrevista em
profundidade/entrevista narrativa, grupos focais e pesquisa de
intervenção���������������������������������������������������������������������������������������������� 49
2.6 Principais estratégias de análise: análise de conteúdo, análise
narrativa e avaliação de processo����������������������������������������������������������� 51

CAPÍTULO 3
APRESENTAÇÃO DAS PRINCIPAIS INVESTIGAÇÕES REALIZADAS����� 55
3.1 Projeto de pesquisa central: formas contemporâneas de
compreensão e construção das carreiras e das construções
identitárias do trabalhar no Brasil������������������������������������������������������������ 55
3.2 Estudos multicêntricos internacionais����������������������������������������������� 64
3.3 Estudos multicêntricos nacionais������������������������������������������������������ 66
3.4 Estudos singulares���������������������������������������������������������������������������� 67

CAPÍTULO 4
PRINCIPAIS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS������������������������������������������������� 73
4.1 Publicações internacionais���������������������������������������������������������������� 73
4.2 Publicações nacionais����������������������������������������������������������������������� 84
4.3 Dissertações e teses������������������������������������������������������������������������� 92
4.4 Textos em blog���������������������������������������������������������������������������������� 96

CONSIDERAÇÕES FINAIS�������������������������������������������������������������������������� 99

REFERÊNCIAS�������������������������������������������������������������������������������������������� 101

INDICAÇÕES DE LEITURA������������������������������������������������������������������������ 121

ÍNDICE REMISSIVO����������������������������������������������������������������������������������� 127

SOBRE AS/OS AUTORAS/OS������������������������������������������������������������������� 129

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APRESENTAÇÃO
Como docente do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (PST-IPUSP), iniciei a
agenda de pesquisa em Trabalho, Identidade e Carreira há 10 anos reunindo,
gradativamente, um grupo de pesquisadoras/es dos diversos níveis de forma-
ção (iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado) interessadas/os
em construir um campo de investigação articulando a Orientação Profissional
e de Carreira (OPC) e a Psicologia das Organizações e do Trabalho (POT),
principalmente focando as formas contemporâneas de compreensão e cons-
trução das carreiras e das construções identitárias de trabalho e fundamentada
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na perspectiva do construcionismo social.


Estamos institucionalmente inseridos na linha de pesquisa Processos
Psicossociais, Cultura e Subjetividade do Programa de Pós-Graduação em
Psicologia Social da Universidade de São Paulo, temos como base de trabalho
o Laboratório de Estudos sobre Trabalho e Orientação Profissional (LABOR)
e o suporte de dois serviços de atendimento à comunidade associados: Serviço
de Orientação Profissional (SOP-IPUSP) e Centro de Psicologia Aplicada ao
Trabalho (CPAT-IPUSP), buscando, sempre, a articulação entre pesquisa e
extensão. Nossos principais vínculos externos de cooperação e ação conjunta
são duas redes de pesquisa associadas: UNITWIN NETWORK da UNESCO
Chair on Lifelong Guidance and Counseling (Rede UNITWIN da Cátedra
da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura – sobre Orientação e Aconselhamento ao Longo da Vida) e Grupo
de Trabalho (GT) da ANPEPP (Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Gra-
duação em Psicologia) nomeado de Carreiras: Informação, Orientação e
Aconselhamento. São duas redes que reúnem pesquisadoras/es renomadas/
os, nacional e internacionalmente, no nosso campo de estudos.
Visamos contribuir com a agenda emergente de estudos sobre a temática
no Brasil e propomos duas formas distintas de investigação: (a) pesquisas
de campo que buscam compreender os processos de construção de carrei-
ras e vidas ativas do trabalhar e das construções identitárias do trabalhar na
contemporaneidade; e (b) pesquisas de intervenção que propõem a experi-
mentação de estratégias de aconselhamento de carreira para os mais diversos
tipos de trabalhadoras/es e a avaliação qualitativa da efetividade do processo
de intervenção realizado através do LAQuA (Life Adaptability Qualitative
Assessment – Avaliação Qualitativa da Adaptabilidade de Vida) e do IMCS
(Innovative Moments Coding System – Sistema de Codificação de Momentos
Inovadores), métodos validados internacionalmente.
14

Buscamos alcançar três níveis de contribuições com as pesquisas reali-


zadas. Um primeiro nível busca ampliar a sistematização em andamento do
campo de estudos das carreiras e das construções identitárias do trabalhar,
ainda pouco investigados na realidade brasileira, bem como propor e elaborar
construções e reconstruções conceituais (justificativa científica). Um segundo
nível busca possibilitar a oferta de subsídios para atividades de assessoria
e de extensão em políticas públicas de trabalho, emprego e renda (justifica-
tiva social). E, um terceiro nível, busca o desenvolvimento tecnológico pela
proposição e avaliação de intervenções de orientação e aconselhamento de
carreira voltadas a públicos diversos que quase não têm auxílio público ou
privado desta espécie no Brasil (justificativa técnico-profissional), conforme
aponta relatório técnico da Organização para a Cooperação e Desenvolvi-

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mento Econômico (OECD, 2021). Consideramos as práticas em OPC como
tecnologia psicossocial e as definimos como todo instrumento, estratégia,
ação ou programa que busque a melhoria de vida das pessoas em algum de
seus aspectos, como a vida ativa do trabalhar, por exemplo, por meio da
intervenção gerada.
Em termos conceituais, são exemplos das produções do nosso grupo de
pesquisa, a proposta de reconceituação da concepção de carreira (Ribeiro,
2014a; Ribeiro & Fonçatti, 2017), da relação eu-outra/o (construção iden-
titária) através da concepção do psicossocial (Ribeiro, 2017a, 2017b), do
desemprego (Mandelbaum & Ribeiro, 2017) e do trabalho decente (Ribeiro,
2020a; Ribeiro, Silva & Figueiredo, 2016). E, em termos das práticas, vimos
realizando discussões e propondo modelos de intervenção em OPC baseados
em uma diversidade de públicos, locais e estratégias, por exemplo, propos-
tas de intervenções com públicos diversos e não tradicionais em OPC como
adultas/os (Ribeiro, 2020b), adultas/os com baixa qualificação (Ribeiro et al.,
2018), trabalhadoras/es informais (Ribeiro, 2018a; Ribeiro & Ribeiro, 2019),
pessoas em situação de vulnerabilidade (Ribeiro, 2016a; Ribeiro et al., 2017;
Silva et al., 2016), pessoas socioeconômica e culturalmente desfavorecidas
por questões da interseccionalidade de classe, gênero/sexualidade e raça/
etnia (Almeida, 2020; Ribeiro, 2020b; Ribeiro & Almeida, 2019; Ribeiro,
Figueiredo & Almeida, 2021) e pessoas vivendo com sofrimento mental
(Ribeiro, 2014b).
Neste sentido, o presente livro busca apresentar a vanguarda de estudos
sobre o trabalhar por meio das investigações sobre construções identitárias
do trabalhar, de carreira e de vidas ativas do trabalhar e das propostas de
intervenção geradas que são base tanto para o campo da OPC, quanto da POT,
contribuindo para pesquisadoras/es, docentes, profissionais e interessadas/os
em geral na temática, principalmente da psicologia, administração, ciências
sociais e educação.
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO15

Para tal, o livro conta com quatro capítulos. No primeiro capítulo, apre-
sentamos o histórico, a delimitação institucional e as principais temáticas
estudadas pelo nosso grupo de pesquisa. No segundo capítulo, discutimos
nossa base teórica e metodológica, fundamentada no construcionismo social
como perspectiva ontológica, epistemológica e metodológica, e introduzimos
nossos principais conceitos de base, os principais tipos de investigação que
realizamos, os principais tipos de métodos que utilizamos, nossos principais
instrumentos de pesquisa e estratégias de análise. No terceiro capítulo, apre-
sentamos e discutimos as principais investigações realizadas baseadas no
projeto de pesquisa central – Formas Contemporâneas de Compreensão e
Construção das Carreiras, das Vidas Ativas do Trabalhar e das Construções
Identitárias do Trabalhar. No quarto capítulo listamos as principais produções
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científicas realizada no período. E, por último, propomos um breve fechamento


discutindo o que já foi feito (passado), o que está em andamento (presente) e
os potenciais projetos emergentes (futuro).
Nosso grupo de pesquisa, inicialmente, tinha como eixo conceitual os
estudos sobre Trabalho, Identidade e Carreira, no entanto, visando propor
reconstruções e discursos conceituais alternativos para a área, propomos uma
série de mudanças conceituais e terminológicas. Inspirados pela prática cons-
trucionista, pela concepção de vida ativa de Arendt (1958/1987) e por teorias
de OPC contemporâneas, principalmente o life design (Duarte et al., 2010;
Ribeiro, Teixeira & Duarte, 2019) e a psychology of working theory (PWT,
Duffy et al., 2016), traduzida em língua portuguesa para teoria da psicologia
do trabalhar (TPT, Pires et al., 2020), o eixo conceitual se transformou, nos
últimos anos, em Trabalhar, Construções Identitárias do Trabalhar e Car-
reiras, nomeação atual do nosso grupo de pesquisa, como será, teoricamente,
explicado e discutido ao longo do presente livro.
As referências às/aos autoras/es seguiram a lógica de citar as/os principais
autoras/es das temáticas e dos fenômenos discutidos, sempre que possível
indicando a literatura existente na língua portuguesa. Desejamos uma boa
leitura e que este livro possa contribuir, de alguma maneira, com suas reflexões
e práticas nos campos da OPC e da POT e em suas possíveis articulações.
São Paulo, 1 de maio de 2021.

Marcelo Afonso Ribeiro


Andréa Knabem
Maria Celeste de Almeida
Milena Sampaio Greve
Paula Morais Figueiredo
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CAPÍTULO 1
DO TRABALHO, IDENTIDADE E
CARREIRA PARA O TRABALHAR,
CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS
DO TRABALHAR E CARREIRAS:
histórico, delimitação institucional e
principais temáticas estudadas
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Neste primeiro capítulo, reconstruímos o histórico de constituição do


nosso grupo de pesquisa em termos institucionais e teóricos. Justificamos a
escolha da temática principal de estudo – carreira – por ser um conceito arti-
culador entre as áreas da OPC e da POT, na qual nos localizamos em termos
de campo de reflexão, investigação e discussão. E apresentamos, de forma
breve, a trajetória conceitual de construção de nossa agenda de pesquisa que
se iniciou embasada na psicanálise e no materialismo histórico-dialético por
meio dos estudos do Trabalho, Identidade e Carreira e se transformou num
campo de pesquisa construcionista pelos estudos do Trabalhar, Construções
Identitárias do Trabalhar e Carreiras.

1.1 Histórico da escolha das temáticas estudadas

As áreas da OPC e da POT nasceram de forma conjunta entre o final


do século XIX e início do século XX, principalmente atendendo a demanda
social daquele momento de auxiliar a ajustar a pessoa certa ao lugar certo e
tendo a psicologia como sua principal base científica (Ribeiro, 2011a, 2014a).
Com base neste princípio, por um lado, a POT propôs e desenvolveu
processos de seleção profissional que visavam identificar potenciais traba-
lhadoras/es entre as/os candidatas/os aos cargos e funções existentes que
tivessem desempenhos competentes nestes futuros cargos, se fixando nas
empresas (Leão, 2012; Malvezzi, 2000a; Ribeiro, 2009a). E, por outro lado,
a OPC propôs e desenvolveu estratégias de auxílio a jovens nas suas escolhas
profissionais e ocupacionais futuras, buscando o melhor “ajuste vocacional
entre as características pessoais com as características das ocupações para a
escolha vocacional que é única e definitiva” (Ribeiro & Uvaldo, 2011, p. 99),
como postulou Frank Parsons, considerado o fundador do campo da OPC
(Parsons 1909/2005; Ribeiro & Uvaldo, 2007). A OPC se fixou nas escolas.
18

POT e OPC se desenvolveram separadas ao longo de todo século XX, no


entanto, a questão da carreira sempre foi o elo de ligação entre as duas áreas
(Ribeiro, 2011a; Ribeiro & Zerbini, 2012). A POT lidava com os processos
de gestão de pessoas de adultas/os no interior das empresas, o que incluía o
planejamento e gestão da carreira. A carreira era compreendida “como artefato
administrativo para fins de gestão de pessoas como uma ferramenta para gerir
a trajetória de cargos e funções a ser trilhada pelas/os funcionárias/os de dada
empresa” (Ribeiro, 2021a, p. 17) e o foco era os planos de carreira externa e
objetivamente propostos e percorridos pelas/os funcionárias/os dentro de uma
dada organização (Dutra, 1996). E, a OPC, desenvolvia teorias e estratégias
focadas, principalmente, na escolha e desenvolvimento de carreira de jovens

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analisando a dimensão subjetiva deste processo (Holland, 1973; Ribeiro &
Melo-Silva, 2011; Super, 1957; Super & Bohn Jr., 1972). É importante marcar
que um/a das/os primeiras/os autoras/es a postular esta dupla dimensionalidade
da carreira foi o sociólogo Evereth Hughes (1937).

Classicamente, a administração e a psicologia das organizações e do tra-


balho se dedicaram a pensar a carreira como artefato administrativo para
fins de gestão de pessoas (dimensão objetiva da carreira) e a psicolo-
gia vocacional/psicologia das carreiras se centrou na análise da carreira
como processo psicossocial para fins de orientação e aconselhamento de
carreira (dimensão subjetiva da carreira), de maneira separada (Ribeiro,
2021a, p. 14).

A partir dos anos 1970, tem início os processos de reestruturação pro-


dutiva, flexibilização e individualização crescente da vida, o que incluía a
vida de trabalho, as identidades de trabalho e as carreiras (Antunes, 2015;
Antunes & Alves, 2004; Malvezzi, 1999, 2000b). Diante disto, de um lado,
a POT teve que começar a dar atenção à dimensão subjetiva das carreiras
(Hall, 1996; Malvezzi, 1999, 2000b) e, de outro lado, a OPC teve que come-
çar a incluir o contexto nas suas proposições e ações práticas (Duarte, 2009;
Ribeiro, 2011a, 2015a).
Gradativamente, a gestão de pessoas vai percebendo que teria que dar
conta tanto dos planos organizacionais de carreira, quanto das trajetórias
individualizadas de carreira (Costa & Balassiano, 2006; Dutra, 2010; Hall,
1996; Malvezzi, 2000b; Schein, 1978), e a OPC não poderia ser centrada
somente nas questões subjetivas e identitárias e teria que incluir os planos
de ação objetivos, contextualizando suas teorias e práticas (Lassance et al.,
2011; Savickas, 1997; Super, 1990). Douglas Hall (1996) sintetiza no título
do seu livro este processo ao dizer que A Carreira está Morta, Longa Vida
à Carreira (The Career is Dead, Long Live the Career), ou seja, o modelo
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO19

único da carreira organizacional já não era mais prevalente (A carreira está


morta), portanto Longa Vida à Carreira, pois novos modelos e formas esta-
vam surgindo.
Diante da necessidade desta nova situação de ter que analisar a carreira a
partir de suas duas dimensões fundantes (subjetiva e objetiva), foi sendo gerada
uma aproximação entre a POT, a partir de Douglas Hall e Edgard Schein, e a
OPC, através de Donald Super, o que redundou nas teorias e perspectivas que
vão sendo propostas, principalmente, no século XXI. Destacamos as proposi-
ções das metáforas de carreira no campo da POT (Carvalho et al., 2015; Inkson,
2006), sendo as principais a carreira proteana (Hall, 2002; Martins, 2006), a
carreira sem fronteiras (Arthur & Rousseau, 1996; Coelho, 2006) e a carreira
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caleidoscópio (Mainiero & Sullivan, 2006); e, no campo da OPC (Ribeiro,


2011b), o life design (Duarte et al., 2010; Ribeiro, Teixeira & Duarte, 2019) e
a psychology of working theory (PWT, Duffy et al., 2016), traduzida em língua
portuguesa para teoria da psicologia do trabalhar (TPT, Pires et al., 2020).
Assim, a concepção de carreira e os conceitos daí derivados se consoli-
daram como nossos fenômenos de estudos centrais, possibilitando reflexões,
investigações e discussões na articulação entre os campos da OPC e da POT
resultando em reconstruções teóricas, análise de fenômenos, grupos, contextos
e/ou situações específicos, e proposição de práticas.

1.2 Delimitação institucional

A nossa agenda de pesquisa em trabalho, identidade e carreira teve início


com o ingresso de Marcelo Afonso Ribeiro, primeiro autor do presente livro
e coordenador do nosso grupo de pesquisa, como docente no IPUSP em 2005
na área de Psicologia do Trabalho e das Organizações do Departamento de
Psicologia Social e do Trabalho (PST), se inserindo também no Programa de
Pós-Graduação em Psicologia Social.
Sua trajetória era marcada por estudos e atuações profissionais em saúde
mental, OPC e POT e, diante da configuração da área na qual se inseria den-
tro de um departamento de psicologia social e do trabalho, decidiu articular
seus interesses e experiências na formação, na pesquisa e na extensão, como
demandava o seu vínculo de trabalho com a USP. Com base no histórico
que acabamos de narrar na seção anterior, decidiu articular o campo da POT
e o campo da OPC com base na psicologia social e elegeu a carreira como
fenômeno central de estudos, mas que requisitariam os estudos do trabalho
e da identidade (fenômenos clássicos de estudos na psicologia social) como
base analítica. Estava configurado o início da agenda de pesquisa em traba-
lho, identidade e carreira fundamentada na psicanálise e no materialismo
20

histórico-dialético – suas bases teóricas naquele momento. A disciplina inti-


tulada Trabalho, Desemprego e as Novas Formas de Carreira sintetiza o
início formal desta agenda.
De imediato se vinculou ao LABOR, começou a coordenar o CPAT-
-IPUSP e a realizar trabalhos com o SOP-IPUSP, se tornando também coor-
denador deste serviço em 2017. Gradativamente, um grupo de pesquisadoras/
es foi se formando interessadas/os nas temáticas da agenda de pesquisa e as
primeiras publicações ainda tinham a marca da psicanálise e do materialismo
histórico-dialético (e.g., Barros Jr., 2009, 2014; Kindi, 2013; Malki, 2015;
Ribeiro, 2005, 2007, 2009b, 2009c; Rodrigues, 2010; Toledo, 2014).
Aos poucos estas bases foram sendo questionadas por motivos onto-

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lógicos e epistemológicos, principalmente por uma sensação de um certo
determinismo em ambas, assim como a necessidade de uma mudança muito
complexa e ampla para que pessoas e contextos pudessem se transformar
e tínhamos um desejo de produzir conhecimento que gerasse transforma-
ções psicossociais. Neste ínterim, Marcelo Afonso Ribeiro iniciou em 2008,
como docente na disciplina Pesquisa Psicossocial da Desigualdade: Ética,
Método e Técnicas em parceria com a Profa. Vera Paiva, que lhe apresentou o
construcionismo e possibilitou que encontrasse, aos poucos, uma perspectiva
compreensiva e analítica que produzisse o sentido que buscávamos para a
interpretação da realidade.
Em 2010, assumimos o projeto construcionista como prática de pes-
quisa e de vida e ele passa a balizar nossa agenda de pesquisa, nos possibili-
tando compreender as novas formas do trabalho, da identidade e da carreira,
agora pensadas como vidas de trabalho, construções identitárias de trabalho
e construções de carreira. O primeiro grande resultado de pesquisa gerou
a tese de livre docência de Marcelo Afonso Ribeiro nomeada como Uma
Abordagem Psicossocial da Carreira com Base no Construcionismo Social
(Ribeiro, 2012).
A parte teórica da tese foi publicada como livro intitulado Carreiras: Novo
Olhar Socioconstrucionista para um Mundo Flexibilizado (Ribeiro, 2014a),
no qual, parte dos principais conceitos aqui discutidos tiveram sua primeira
versão, principalmente a ideia da carreira no plural como signo da pluralidade
e da heterogeneidade das construções das carreiras na contemporaneidade. E, a
parte do trabalho de campo, foi publicada em dois artigos: Sistematização das
Principais Narrativas Produzidas sobre Carreira na Literatura Especializada
(Ribeiro, 2013a) e Contemporary Patterns of Career Construction of a Group
of Urban Workers in São Paulo (Brazil) (Ribeiro, 2015b).
Em Ribeiro (2015b), a partir de um grupo de participantes formado
por 40 trabalhadoras/es, entre 40 e 50 anos, com 20 a 30 anos de carreira,
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO21

com formação superior, que narraram suas histórias de vida de trabalho, foi
proposta uma categorização de cinco padrões narrativos das construções das
carreiras, que corroboravam a literatura internacional (Biemann et al., 2012;
Kovalenko & Mortelmans, 2014; Sullivan & Baruch, 2009), a saber: nostalgia
(modelo tradicional da carreira organizacional), fechamento (modelo tradi-
cional da carreira profissional), possibilidade (modelo contemporâneo das
carreiras flexíveis – proteanas e sem fronteiras), instrumentalidade (modelo
da carreira transicional) e híbrido (articulação dos modelos anteriores).
Cada padrão narrativo sintetiza a finalidade central do processo de cons-
trução da carreira. A nostalgia busca recriar no presente modelos lineares e
estáveis do passado; a possibilidade se define pela abertura à pluralidade de
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oportunidades existentes marcadas pela flexibilidade, mudança constante,


imprevisibilidade e multifuncionalidade; o fechamento diz respeito à necessi-
dade de ter um contorno institucional e está focada na formação profissional;
a instrumentalidade aponta uma relação utilitária e temporária com o mundo
definida por trajetórias intermitentes e descontínuas sem permanência; e o
hibridismo compreende a mistura de padrões.
A partir de então, a perspectiva construcionista fundamenta nossas prá-
ticas formativas e investigativas, o que tem gerado a possibilidade de propor
reconstruções conceituais das vidas de trabalho e das construções identitárias
de trabalho e de carreira.

1.3 Principais temáticas estudadas

Como já mencionado, nossa agenda de pesquisa tem início com estudos


focados no trabalho, na identidade e na carreira e vamos, processualmente,
propondo reconstruções conceituais buscando ampliar as possibilidades com-
preensivas da vida de trabalho.
Com base nos conceitos básicos do construcionismo social, entre eles,
construção, diálogo intercultural (coconstrução), híbrido, posicionamento,
performatividade, significado, sentido, discurso, narrativa, prática, self e iden-
tidade, conforme apresentamos no capítulo 2 do presente livro, iniciamos
nossas reconstruções e proposições conceituais, e vamos modificando aos
poucos a compreensão dos fenômenos estudados, principalmente buscando
fazê-lo de maneira relacional, como preconiza a perspectiva construcionista
(Gergen, 1997; McNamee, 2012; Shotter, 1993; Spink, 1999, 2010).
Em Ribeiro (2012), inspirados pelo life design (Duarte et al. 2010;
Ribeiro, Teixeira & Duarte, 2019), propusemos pensar a carreira como nar-
rativa do projeto e da trajetória de vida no trabalho, colocando como centro a
vida no trabalho e delimitando a construção identitária no trabalho e o plano
22

de ação no trabalho como a dupla dimensão do projeto. Como iremos deta-


lhar melhor no próximo capítulo, em Ribeiro (2014a) modificamos o “no”
pelo “de”, pois, ao utilizarmos a preposição “no” fica delimitada a separação
entre eu e outra/o ao relacionar um constructo psicossocial (por exemplo, a
identidade) ao seu lugar de expressão (trabalho), ou seja, conceber uma iden-
tidade no trabalho é separar eu e outra/o, pois seria uma construção pessoal
realizada em dado contexto que é o contexto do trabalho apartado da pessoa,
o que não é plenamente coerente com a perspectiva relacional e psicossocial
do construcionismo. Enquanto a preposição “de” diz do trabalho como qua-
lidade do constructo psicossocial, não seu lugar de expressão (por exemplo,
construção identitária de trabalho), sendo mais congruente com a perspectiva
construcionista, por isso passamos a utilizar a preposição “de” em todos os

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conceitos propostos.
Trabalho, identidade e carreira se tornaram trabalho/vida de trabalho,
construções identitárias de trabalho e carreiras (entendida na sua dupla dimen-
são constitutiva como projeto e trajetória de vida de trabalho), mas, inspiradas/
os na proposta da vida ativa como base fundante da condição humana de
Arendt (1958/1987) e na teoria da psicologia do trabalhar (TPT, Duffy et al.,
2016; Pires et al., 2020), que concebe o trabalho como atividade e propõe
utilizar a lógica do trabalhar (expressão de uma ação em um dado contexto
em um dado momento) ao invés de trabalho (expressão de um estado), recons-
truímos, novamente, nossos conceitos. Trabalho/vida de trabalho, construções
identitárias de trabalho e carreiras se tornaram trabalhar/vida ativa do trabalhar,
incluindo a dimensão do trabalho decente concebido com trabalhar decente
significativo; construções identitárias do trabalhar; e carreiras (entendida na
sua dupla dimensão constitutiva como projeto de vida ativa do trabalhar e
trajetória de vida ativa do trabalhar). Assim, partindo do Trabalho, Identidade
e Carreira e chegando na reconstrução do Trabalhar, Construções Identitárias
do Trabalhar e Carreiras, definimos nosso campo de compreensão e investi-
gação atual, que iremos apresentar nos capítulos subsequentes.
Por último, baseadas/os na proposta da ética e da política relacional da
perspectiva construcionista (Gergen, 1997; Gergen & Gergen, 2010; McNa-
mee, 2010; McNamee & Gergen, 2011; Rasera & Japur, 2005), buscamos
sempre articular produção de conhecimento e transformação psicossocial e
gerar resultados (a) conceituais, (b) de estudos de fenômenos, grupos, situa-
ções e contextos variados, e (c) de proposição de práticas em OPC e POT.
CAPÍTULO 2
BASE TEÓRICA E METODOLÓGICA
Neste segundo capítulo, reconstruímos as bases da nossa prática de pes-
quisa em termos conceituais, metodológicos e ético-políticos. A partir de uma
perspectiva socioconstrucionista, definimos a nossa compreensão da realidade
em termos ontológicos e epistemológicos, respectivamente, da característica
relacional como fundante do ser humano e da produção intersubjetiva de
conhecimentos; e, em termos metodológicos e ético-políticos, respectiva-
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mente, de uma forma relacional de coconstrução da realidade que inclua todo


tipo de produção de conhecimento (científico e cotidiano) que intervenha na
realidade e gere transformação em prol do bem comum.
Embasamos, assim, nossa produção de conhecimento na coconstrução
ou na lógica relacional nomeando-a de psicossocial, que irá gerar os tipos de
investigação, estratégias metodológicas, instrumentos e estratégias de análise
característicos de nossa prática de pesquisa. A ética relacional é o princípio
básico destas práticas e é ilustrado durante toda narrativa aqui construída.

2.1 Perspectiva ontológica, epistemológica, metodológica e ético-


política – construcionismo social

O construcionismo social: “emergiu como uma alternativa aos modelos


vigentes nas ciências humanas e sociais, principalmente ao pós-positivismo,
marcado por uma ontologia realista de busca de verdades objetivas da rea-
lidade através da comprovação de hipóteses e da postulação de leis gerais”
(Ribeiro, 2014a, p. 91).
Para Spink e Frezza (1999), o construcionismo social pode ser entendido
a partir da confluência de três movimentos interdependentes, que são a reação
da filosofia a visão representacionista do conhecimento, a sociologia do conhe-
cimento e a vertente política. Denzin e Lincoln (2006) localizam a perspectiva
como uma alternativa para os modelos vigentes nas ciências sociais.
A perspectiva construcionista aponta para a construção do conheci-
mento enquanto produto de nossas práticas sociais em constantes interações
e negociações com os grupos sociais dos quais pertencemos e participamos,
como primeiramente apontado por Berger e Luckmann (1973) a partir do
interacionismo simbólico. Todo conhecimento só é produzido na pressupo-
sição da existência da/o outra/o, como indicaram Mannheim (1962) e Mead
(1934), interacionistas simbólicos que foram fonte de inspiração para o
24

construcionismo. Nesse aspecto, pensar a realidade é entender que essa não


é precedente das práticas cotidianas que realizamos, mas sim é formatada no
interior destas práticas, conforme pontuou M. Spink (2003). A autora lembra
que a perspectiva construcionista é heterogênea e múltipla, sendo um campo de
tensões pela pluralidade de posicionamentos, ou seja, deve ser entendida como
uma ciência polissêmica voltada ao cotidiano, por isso mesmo é uma pers-
pectiva duramente criticada (e.g., Almeida, 1999; Castañon, 2004a, 2004b).
Tem como seu principal precursor Kenneth Gergen a partir de propo-
sições fundantes de um modo de pensar alternativo. Em seu texto dos anos
1970 nomeado de Social Psychology as History (Psicologia Social como
História, Gergen, 1973) lança os primeiros princípios para a futura perspectiva

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construcionista ao questionar as bases da ciência psicológica vigente naquele
momento fundamentada na estabilidade, na universalidade, na falta de histo-
ricidade e de contextualização cultural, principalmente pela não inclusão de
valores fundantes de dada cultura para compreensão da constituição do ser
humano e das relações sociais, e, de modo central, na imposição de um modo
de ser e agir no mundo pelo próprio conhecimento psicológico construído.
No início dos anos 1980, propõe o construcionismo social como uma
perspectiva ao publicar o texto The Social Constructionist Movement in
Modern Psychology (Gergen, 1985) que conta com uma versão na língua
portuguesa traduzida como O Movimento do Construcionismo Social na Psi-
cologia Moderna (Gergen, 2009a). Neste texto, define o construcionismo
como “um desafio significativo à compreensão convencional, sendo uma
orientação tanto em relação ao conhecimento quanto ao caráter dos cons-
tructos psicológicos” (p. 299) ao preconizar que a perspectiva proposta busca
ultrapassar o dualismo eu-outra/o fundante da psicologia clássica de cunho
mais individualizante “e situar o conhecimento no interior dos processos de
intercâmbio social” (p. 299).
A perspectiva construcionista vai sendo construída e assumida tanto
por Kenneth Gergen, quanto por outras/os várias/os autoras/es, entre elas/
es, John Shotter, Lupicinio Íñiguez, Rom Harré, Sheila McNamee e Vivian
Burr no contexto internacional, e Émerson Rasera, Mary Jane Spink e Peter
Spink, no contexto nacional. Devemos salientar que estas/es são autoras/es
que temos utilizado como referência para nossas produções, e que tantas/os
outras/os aqui não citadas/os são autoras/es relevantes e produtivas/os para
a perspectiva construcionista. Destacamos alguns textos que consideramos
centrais para nossas compreensões, reflexões, discussões e coconstruções
sobre o construcionismo em língua inglesa (Burr, 1995; Gergen, 1991, 1997,
1999, 2011, 2016; Harré & Gillet, 1994; McNamee, 2010, 2012; Shotter,
1993, 2013) e em língua portuguesa (Gergen, 2009a, Gergen & Gergen, 2010;
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO25

Guanaes & Japur, 2003; Rasera et al., 2004; Rasera & Japur, 2005; Spink,
1999, 2003, 2010), como pode ser conferido nas Indicações de Leitura ao
final do presente livro com uma sinopse de parte destes textos.
O construcionismo social é fundamentado numa ontologia relacional,
numa epistemologia intersubjetivista, numa metodologia dialógica e trans-
formativa, e num projeto ético-político marcado pela política relacional da
coconstrução de significados, conhecimentos e práticas.

2.1.1 Perspectiva ontológica

O construcionismo social questiona a existência de uma realidade obje-


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tiva para além das pessoas e contextos e propõe que pessoas e contextos são
produzidos em relação, ou seja, a relação eu-outra/o – relação primordial
para a psicologia social – não tem duas partes constituintes que interagem e
formam esta relação a partir da realidade dada e objetiva de ambas as partes,
mas, antes, a própria relação constrói a resultante do que seria a pessoa e o
contexto a partir dela.
Assim, a perspectiva socioconstrucionista se funda numa ontologia rela-
cional, ou seja, a relação é o foco de compreensão e análise das construções da
realidade, entendida como realidades narrativas (McNamee, 2012). Haveria,
somente, a realidade da relação como “dado palpável do que é inseparável”
(Gergen, 1991, p. 19), ou seja, versar sobre uma ontologia relacional não
significa negar a existência material das pessoas e das coisas. Significa, pro-
por uma política relacional ao tratar “de trabalhar ontologia no plural: como
múltiplas ontologias, pois se a realidade é performada; se é historicamente e
culturalmente localizada, então é também múltipla” (M. Spink, 2003, p. 5).
Harré (1998) assinala que adotar uma ontologia relacional não significa
negar a existência material das pessoas e das coisas, pelo fato de que, por
exemplo, o corpo humano e a linguagem têm uma existência material, no
entanto, necessitam ser significadas para determinar a vida das pessoas.
Em termos psicológicos, a definição da ontologia relacional se perfaz pela
conceituação e pelo entendimento do que vem a ser psicossocial, que é um
conceito comum e articulador das linhas e grupos de pesquisa do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade de São Paulo, con-
forme pode ser conferido no livro publicado pelo nosso Programa intitulado
A Psicologia Social e a Questão do Hífen no qual o conceito de psicossocial
é discutido de múltiplas maneiras a partir de bases epistemológicas distintas
(Silva Jr. & Zangari, 2017).
A palavra psicossocial, é resultado de duas palavras, psico e social, que
durante muito tempo, e por parte do entendimento de algumas/uns teóricas/
26

os, era escrita com um hífen para unir as duas palavras, psico-social, numa
clara concepção da separação entre a dimensão psicológica e a dimensão
social, embora, também, símbolo de sua interdependência, ou seja, o hífen
seria, simultaneamente, símbolo da divisão e da indissociabilidade (Mandel-
baum, 2012).

A palavra hífen (hyphén) consta no Dicionário grego-francês de Anatole


Bailly (origem 1894) como advérbio e como substantivo. O significado
do advérbio é “num todo”, “num só corpo”; o significado do substantivo
é “traço em forma de arco para marcar a união de duas letras ou de duas
partes de uma palavra”. Hífen é uma junção da preposição hypo (sob) e
do numeral neutro hen (um). O papel do hífen é, então, o de colocar sob

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uma unidade, de unir, razão porque em francês se diz trait d’union (“traço
de união”). Quando, portanto, propõe-se psico-social, indica-se a união
entre o psíquico individual e o grupo, o coletivo (Paiva, 2013, p. 531).

Segundo Ribeiro (2017a), o hífen não seria nem o subjetivo, nem o social,
mas sim, os dois simultaneamente, concretizados no relacional. A concepção
de relação psicossocial, pressupõe um processo de construção contínua e com-
partilhada, que não separa pessoa e contexto, como tradicionalmente se fez
na psicologia, mas sim, ambos são compreendidos num único processo, visto
como um elo de continuidade do subjetivo ao social e do social ao subjetivo.
Paiva (2013, p. 540) afirmou que “a dimensão psicossocial é integrar
domínios por muito tempo tratados de modos separados na formação pro-
fissional – o social do indivíduo, a sociedade da pessoa”. Assim, definimos
psicossocial como um processo contínuo e compartilhado de construção e
significação realizado pelas práticas, discursos e narrativas em dado contexto
que baliza todas as nossas compreensões e práticas.
Com esse entendimento do hífen no psicossocial, fica mais fácil o enten-
dimento da perspectiva socioconstrucionista, que foi utilizada por ser uma
proposta contemporânea, porém não um modismo, que atende de maneira
profícua as demandas atuais de compreensão do mundo social e do trabalho,
entre elas, as construções identitárias do trabalhar e as construções de carreira
entendidas como construções relacionais (Blustein, 2011).
Em suma, o construcionismo se baseia numa ontologia relacional, ou seja,
a realidade é sempre psicossocial e coconstruída na inter-relação entre self e
contexto, não havendo separação possível. Embora considere que exista um
nível de independência entre as dimensões pessoal e social, sendo que “cada
nível pode existir sem que um seja reduzido ao outro” (Arendt, 2003, p. 6).
Por último, é importante marcar a diferença entre o construtivismo e
o construcionismo, que têm sido muito confundidos. Apesar de ambos se
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PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO27

fundamentarem na lógica de que a realidade é sempre uma interpretação pro-


duzida por uma narrativa (epistemologia intersubjetiva), o construcionismo
se difere ontologicamente do construtivismo, pois o primeiro parte de uma
ontologia relacional e concebe a realidade como construção, não havendo
uma realidade objetiva a priori, somente realidades narrativas produzidas em
relação, e o segundo parte de uma ontologia realista e vê a realidade como
representação de algo existente produzida por narrativas marcadas pela cons-
trução de representações mentais sobre a realidade, inacessível diretamente
(Ribeiro, 2014a). Para ampliar a compreensão, vide Arendt (2003), McIlveen
e Schultheiss (2012), Rasera e Japur (2005), Ribeiro (2014a) e Young e Col-
lin (2004).
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2.1.2 Perspectiva epistemológica

Epistemologicamente falando, o construcionismo social assume uma


posição crítica em relação ao conhecimento tomado como universal, objetivo
e dado, assim como a forma de entender o mundo e as pessoas. Questiona o
ponto de vista de que o conhecimento é baseado em observações objetivas e
imparciais, pondo em questão o positivismo e o empirismo tradicional (Blus-
tein et al., 2004). Preconiza um antiessencialismo e, com base na ontologia
relacional apresentada na subseção anterior, se define por uma epistemologia
intersubjetivista que concebe o conhecimento como resultante das relações,
não de pressupostos apriorísticos,

pois não há verdade objetiva e geral possível, nem um conhecimento


único, ele sempre é construído em relação e situado, sendo que o foco
da produção dos conhecimentos está nas práticas sociais, sublinhando a
importância da especificidade cultural e histórica das formas de conhecer
o mundo (Ribeiro, 2014a, p. 93).

Este raciocínio pode levar a conclusão de que somente existiria um rela-


tivismo conceitual e a impossibilidade de qualquer universalidade do conheci-
mento, o que inviabilizaria qualquer forma de intercâmbio e avanço científico.
Falar em uma ontologia relacional significa propor que o conhecimento é
produzido na relação para poder ser contextualizado e melhor explicar dada
realidade pela construção narrativa resultante, contudo uma interconexão
entre local e global é central para se conceber propostas teóricas. Assim, a
produção do conhecimento deve partir de princípios comuns considerando
“a universalidade nas perguntas básicas e as diferenças nas respostas” (Pitkä-
nen, 2005, p. 127), evitando o relativismo conceitual que, potencialmente,
28

impossibilitaria um diálogo entre diferentes culturas. “O universal não é o


ponto de partida, mas sim o de chegada” (Rosenfield & Pauli, 2012, p. 322).
Santos (2009) nomeia esta relação entre universal e particular como eco-
logia de saberes, partindo do princípio central de que todos os conhecimentos
são limitados e que qualquer tentativa de produzir conhecimentos deveria
acontecer por meio do diálogo entre saberes distintos gerados em distintas
práticas sociais, reconhecendo a pluralidade de conhecimentos heterogêneos
existentes, dentro os quais a ciência é um deles, não o soberano, e a necessi-
dade de conceber todo conhecimento como relacional (interconhecimento).
A perspectiva construcionista assume que existem múltiplas visões de
mundo (narrativas) que podem ser articuladas e gerar padrões (discursos) e
que a realidade é construída pela narrativa, pois a linguagem não a reflete e

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sim a constrói ativa e continuamente na chamada ação performática, ou seja,
a linguagem atua como ação social geradora de mudanças (Spink, 2010). Não
há correspondência exata entre a realidade e a sua descrição. Neste sentido,
pressupõe a indissociabilidade entre produção de conhecimentos e ação, pois o
conhecimento é sempre coconstruído pelos processos sociais (Gergen, 1997).
Assim, na perspectiva do conhecimento como algo relativo e interde-
pendente daquilo que compartilhamos, ou seja, das práticas e significados
compartilhados, a postura crítica deve ser constante na busca da compreensão
da descrição da realidade. Logo não há verdades universais, mas formas de
produção do conhecimento que consideram as realidades sociais e relacionais.

O discurso contextualizado, por sua vez, refere-se ao fato de que a pessoa,


suas ações e carreiras, deveriam ser localizadas dentro de um dado contexto
histórico, social, econômico. O construcionismo social contribuiria para
que as teorias, pesquisas e práticas de carreiras fossem entendidas dentro
de um ponto de vista social, político e ideológico (Silva, 2010, p. 53).

2.1.3 Perspectiva metodológica

Para o construcionismo social, o foco está no processo e na dinâmica da


interação social, e não na estrutura do conhecimento individual ou da verdade
objetiva (Blustein et al., 2004). Assim, “a pesquisa construcionista não des-
creve o que as coisas são, mas o processo pelo qual são ativa e continuamente
construídas entre as pessoas” (Rasera & Japur, 2005, p. 24).
Blustein et al. (2004) falam da conversão da perspectiva individualista
para a perspectiva relacional, ou seja, da pessoa para o espaço compartilhado
com as/os outras/os. Esse entendimento é de grande relevância para com-
preensão do socioconstrucionismo, pois permite a percepção deste espaço
compartilhado, onde o conhecimento, a compreensão e as múltiplas perspec-
tivas são criadas e recriadas.
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO29

Nesta forma de pensar, o conhecimento é coconstruído entre as pessoas


através de interações sociais e relacionamentos, e não através de observação
objetiva. Presumimos ainda que a compreensão do mundo é histórica e cul-
turalmente incorporada, sendo os modos de conhecimentos de uma pessoa,
superiores ou mais próximos da verdade, do que outras formas alternativas
do conhecimento. McNamee (2010) diz que uma pesquisa não diz respeito
a descobrir uma verdade, mas a construir verdades por meio das relações
coconstruídas entre todas/os as/os envolvidas/os na situação.
O foco da investigação está nos vários discursos que são coconstruídos
socialmente por meio das narrativas de suas/eus protagonistas, que cons-
troem conjuntamente as realidades psicossociais, não havendo primazia de
um discurso sobre outro. Numa pesquisa científica, tradicionalmente, a/o
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pesquisadora/dor produz conhecimento tratando a/o participante da pesquisa


como informante e o conhecimento é sinônimo de verdade, sendo as/os pes-
quisadoras/es detentoras/es do poder e do controle sobre as/os participantes da
pesquisa (McNamee, 2010). Na proposta socioconstrucionista não deve haver
hierarquia no processo de produção de conhecimentos, e tanto a produção
da/o pesquisadora/dor, quanto da/o participante da pesquisa são considerados
centrais neste processo (Gergen, 1991).
A perspectiva socioconstrucionista convida ao diálogo relacional como
posicionamento metodológico, propondo que a produção de conhecimentos
seja feita via uma negociação das potenciais compreensões das realidades,
dos fenômenos e dos significados. Santos (2003) define esta maneira de pro-
duzir o mundo como hermenêutica diatópica, ou seja, como uma estratégia
de interpretação do mundo (hermenêutica) produzida pelas/as envolvidas/os
no processo (diatópica ou dois topoi dois lugares) – na pesquisa científica:
pesquisadoras/es e participantes da pesquisa.
Este posicionamento coloca a “democracia do debate como valor polí-
tico central, não a defesa de posturas ideológicas e chaves de interpretação
apriorísticas” (Ribeiro, 2014a, p. 95). Desta forma, os pressupostos, hipó-
teses e resultados esperados são sempre contextualizados, nunca universais
e apriorísticos, pois a verdade é emergente do campo. A/o pesquisadora/
dor deve, então, assumir uma responsabilidade relacional, problematizando
continuamente a verdade e a autoridade instituídas, buscando a validação
intersubjetiva do conhecimento coconstruída por todas/os as/os envolvidas/
os no processo de pesquisa, o que transforma toda pesquisa científica em uma
intervenção social (McNamee & Gergen, 1999).

2.1.4 Perspectiva ético-política

O construcionismo social preconiza “ética relacional; respeito à plura-


lidade e à diversidade do mundo social; busca do diálogo democrático entre
30

todos para a produção de conhecimentos” (Ribeiro, 2014a, p. 96), sendo este


seu horizonte ético-político.
Assim, se compromete com princípios de dignidade, diversidade, igual-
dade, solidariedade e sustentabilidade, ao promover o questionamento da
ordem vigente e a proposição de reconstrução contínua via relações psicosso-
ciais, buscando, sempre, a transformação social em prol do bem comum – um
princípio igualmente coconstruído por todas/os.

2.1.5 Síntese

O construcionismo social não é um sistema teórico, mas uma perspectiva


alternativa de leitura da realidade. É definido por uma ontologia relacional,

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pois preconiza que a realidade é coconstruída em relação via narrativas, discur-
sos, significados e práticas sociais, como apontam Gergen (1997), McNamee
(2012) e Rasera e Japur (2005). É importante salientar que “falar em uma
ontologia relacional não significa negar a existência material das pessoas e
das coisas, porque a única realidade existente seria a realidade da relação,
na qual pessoas, coisas e sociedade existem como constituintes da relação”
(Ribeiro, 2017a, p. 267).
É constituído por uma epistemologia intersubjetivista que concebe o
conhecimento como resultante das relações, não de pressupostos apriorísti-
cos. Propõe uma metodologia dialógica e transformativa através da qual a
interpretação sobre a realidade é construída e negociada na própria relação
psicossocial, num processo de coconstrução. E se fundamenta em um projeto
ético-político marcado pela indissociabilidade entre produção de conhecimen-
tos e intervenção social, valorizando uma postura crítica e reflexiva definida
pela ética e pela política relacional (Gergen, 1997).
Resumindo, o construcionismo social se centra na forma como o mundo
vem sendo dotado de significados, via narrativas pessoais e discursos sociais, e
como esses significados são reproduzidos, negociados e transformados através
da prática social, reconstruindo a realidade e produzindo as pessoas, sempre
dentro de um contexto e articulado com o contexto. Busca a coconstrução de
conhecimentos e práticas de forma situada, ou seja, dialogando com todas/
os as/os envolvidas/os no processo em dado contexto, sem impor verdades
pré-concebidas, mas negociando-as com as realidades nas quais se trabalha
e se pesquisa. “Assim, o foco para as/os construcionistas é na ação conjunta,
ou no que as pessoas fazem juntas, e o que este fazer produz” (McNamee,
2010, p. 11). Neste sentido, consequentemente, tem potencial para auxiliar
pessoas de diferentes e diversas características, como vem sendo demandado
pelo campo da OPC e da POT há, no mínimo, uma década (Duarte, 2011;
Guichard, 2012; Ribeiro, 2009a).
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO31

2.2 Principais conceitos de base

Nesta subseção apresentamos nossos principais conceitos bases, funda-


mentados no socioconstrucionismo, de forma sintética e breve, como forma
de construção do campo teórico de nossas práticas de pesquisa. A concepção
de psicossocial, discutida nas seções anteriores, é a base conceitual central
para todos os conceitos aqui definidos. Os conceitos gerais relevantes para
uma perspectiva socioconstrucionista são construção, diálogo intercultural
(coconstrução), híbrido, posicionamento, performatividade, significado, sen-
tido, discurso, narrativa, prática, self e identidade; enquanto que, os conceitos
específicos para nossa área de pesquisa, fundamentados no construcionismo
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social e produzidos pelas nossas pesquisas são trabalhar, vida ativa do traba-
lhar, trabalhar decente significativo, construções identitárias do trabalhar, pro-
jeto de vida ativa do trabalhar, trajetória de vida ativa do trabalhar e carreiras.

2.2.1 Conceitos de base gerais

Apresentaremos, nas subseções subsequentes, os conceitos de base gerais


para nossas pesquisas, reflexões e discussões, inspiradas/os nas/os nossas/
os autoras/es de referência da perspectiva construcionista e no diálogo com
autoras/es não identificadas/os como construcionistas (Boaventura de Sousa
Santos, Claude Dubar e George Mead), mas que abrem espaço para uma
relação conversacional geradora de coconstruções epistemológicas coerentes.

2.2.1.1 Construção

Quando se pensa em socioconstrucionismo, uma palavra logo se associa


à esta perspectiva que é a palavra construção. “Construção é uma das pala-
vras-chave na perspectiva socioconstrucionista e seria definida, em síntese,
como o processo de formação, organização e criação de algo, dando-lhe uma
estrutura, sendo, ao mesmo tempo, ação, processo e resultado de construir”
(Ribeiro, 2014a, p. 98). Concebemos a realidade como processo psicossocial
de construção contínua, nunca acabada completamente, definido por ações
e significações compartilhadas da e na realidade, bem como os significa-
dos gerados, que orientam práticas, interações e discursos em dado contexto
sociocultural específico. A realidade, as pessoas e a relação eu-outra/o não
estão dadas plenamente, nem acessíveis objetivamente, elas serão sempre
produto da própria relação em cada contexto (dimensão espacial) e em cada
momento (dimensão temporal), por isso demandam a coconstrução para garan-
tirem existência.
32

2.2.1.2 Diálogo intercultural (coconstrução)

Da mesma forma que construção é uma palavra-chave para o sociocons-


trucionismo, o termo coconstrução também tem seu papel de importância
através da ideia da interculturalidade, proposta por Santos (2009), que diz que
toda produção de conhecimentos é sempre incompleta e qualquer universali-
zação desta produção é falsa, porque o conhecimento é sempre contextual e
coconstruído nas relações entre todas/os envolvidas/os.
O chamado diálogo intercultural exige e pressupõe “o reconhecimento
mútuo de diferentes culturas em um determinado espaço cultural e prontidão
para o diálogo através de processos de coconstrução” (Silva et al., 2016, p. 48).
Para Santos (2009), a lógica do diálogo intercultural ou da interculturalidade

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teria quatro princípios gerais:

(a) reconhecimento de incompletudes mútuas; (b) troca operada entre


universos de sentido diferentes, constituindo-se, portanto, em uma pers-
pectiva dialógica e psicossocial; (c) inteligibilidade mútua com base numa
teoria de tradução, pela abertura para o interculturalismo (intersubjetivi-
dade), sem um saber anular o outro, mas ambos produzindo um terceiro
saber como resultante do encontro, na qual há uma coconstrução gerada
por ambos, na ideia do saber mestiço (Santos, 2001); e (d) hierarquia de
saberes dependente do contexto que requisita uma tradução intercultural
(Ribeiro, 2017a, p. 267).

A base para o diálogo intercultural é a ecologia de saberes, ou seja, a


proposta de um diálogo horizontal, sem estabelecimento de hierarquias entre
os conhecimentos, no qual todos os saberes presentes são equitativamente
levados em conta.

2.2.1.3 Híbrido

Para Madeira (2010), híbrido advém do termo grego hybris, que “remete
para uma trama de ligações cujo denominador comum é a mistura de coisas
de ordens distintas, da qual resulta algo excessivo (ou, no seu inverso, algo
em falta)” (p. 1).
Bruno Latour é um autor pós-construcionista que discute a concepção de
híbrido e nos inspira para pensarmos que a transformação do mundo se dá por
processos de hibridismo, quando fenômenos psicossociais se coconstroem em
relação e geram resultantes que podem, ou não, ser legitimadas socialmente. O
mundo relacional pode ser conservador e rejeitar novas formas de existência
no mundo, mas pode reconhecer estas novas formas e incluí-las como parte
integrante do mundo legitimado existente (Latour, 1994).
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO33

Para Latour (1994), se houver uma rejeição, a resultante se torna um


monstro, anômalo e fora da ordem, pois interpela o existente. Contudo, se
houver um processo gradativo de legitimação, a resultante se torna um híbrido
e passa a fazer parte do mundo reconhecido existente. Por exemplo, um/a
trabalhador/a informal teria uma carreira? Se partirmos do universo de signi-
ficados existentes, a resposta é não, e a/o trabalhador/a é vista/o como um/a
fora da ordem ou anômala/o que deve ser eliminada/o das relações psicosso-
ciais – monstro ou emergente relacional diferente do usual, segundo Latour
(2012). No entanto, se passarmos a coconstruir discursos sociais nos quais a
informalidade passe a ser incluída no mundo reconhecido do trabalhar, estas/
es mesmas/os trabalhadoras/es teriam sua trajetória validada como carreira,
o monstro se tornaria um híbrido e se integraria, gradativamente, a ordem
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vigente como parte legitimamente constituída dela (Ribeiro, 2017a).

2.2.1.4 Posicionamento, performatividade, significado, sentido, discurso,


narrativa, prática

Sentidos e significados são resultados dos posicionamentos das pes-


soas por meio de ações performadas (práticas) em dado contexto e em dado
momento e intercambiados psicossocialmente via discursos e narrativas. As
pessoas se relacionam em dado contexto e coconstroem maneiras específi-
cas de agir (práticas) definidas pelos seus posicionamentos que constroem
lugares, formas de agir e de se relacionar e de interpretar o mundo (sentidos)
coletivizados por meio de narrativas que tem como base práticas, significa-
dos e discursos socialmente instituídos como consensos sociais (repertórios
interpretativos, segundo Potter & Reicher, 1987).
Segundo Harré e Van Langenhove (1993), posicionamentos definem os
lugares psicossociais assumidos e negociados pelas pessoas em suas relações
e diálogos sociais, tanto compreendendo sua posição na relação, quanto a
posição da/o outra/o. Dependem das normas sociais que regulam as relações,
as situações específicas vividas, a posição ocupada por cada pessoa na relação
e os significados determinantes desta relação – a linha da história e a força
social vigente definem as possibilidades relacionais e conversacionais, bem
como a capacidade de negociar a relação e as suas resultantes psicossociais.
A concepção de posicionamento é extremamente significativa para con-
cebermos e analisarmos o psicossocial, pois permite compreender as múltiplas
e paradoxais situações vividas no cotidiano, além de abrir espaço para uma
potencialidade dinâmica e transformadora das pessoas em relação. Esta pos-
sibilidade de mudança está fundamentada na lógica da performatividade, ou
seja, da compreensão de que a linguagem é ação e que narrativas e discursos
criam e recriam realidades (Spink, 2010).
34

Discursos são a categoria mais geral da produção linguística e podem


ser definidos como

posicionamentos coletivos, se constituindo em macronarrativas construídas


e legitimadas nas relações psicossociais, com base em significados e pro-
cessos de significação mais estáveis, como discursos socioculturais mais
amplos e intimamente associados à distribuição de poder na sociedade.
São narrativas coletivamente compartilhadas que se mantém. Estruturam
acontecimentos e ações numa totalidade que conferiria significados aos
mesmos, se constituindo em princípio organizador da experiência humana
através da ação performativa da linguagem (Ribeiro, 2014a, p. 102).

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Cochran (2007) concebe discurso como o discurso social oficial e cons-
tituinte de uma história normativa, sendo a base discursiva através da qual
uma pessoa se adapta à realidade ou cria realidade como referência a ser
seguida ou rejeitada. Winslade (2005) aponta que discursos são estratégias
de poder com a função de ser referência social e base do poder nas relações
sociais, em geral, produzidos como base do sistema simbólico dominante,
sendo, como versam Rossier et al. (2015), metanarrativas da nossa sociedade
ou metanarrativas sociais. Discursos produzem significados entendidos como
construções coletivas de dado contexto em dado momento que constituem o
sistema simbólico dominante e base normativa para a vida relacional (reper-
tórios interpretativos, segundo Potter & Reicher, 1987).
Narrativas podem ser definidas como formas através das quais uma
pessoa busca construir sentido a suas experiências por meio da construção de
um enredo pessoal desenvolvido ao longo do tempo visando organizar suas
experiências com o mundo e elas próprias. As narrativas atuam, simultanea-
mente, como maneiras de “mediação extremamente mutáveis entre pessoa (e
sua realidade específica) e o padrão generalizado da cultura. Desta forma, as
narrativas são modelos do mundo e modelos do self” (Brockmeier & Harré,
2003, p. 533). É o “meio através do qual a singularidade da existência adentra
ao mundo humano e à ordem do discurso” (Alvesson & Willmott, 2002, p. 96),
ou seja, a narrativa estrutura os sentidos da vida numa estreita ligação com
os significados sociais e culturais, pois ela é histórica e socialmente situada
e determinada pelos discursos.
Para Cavarero (2000), as narrativas seriam práticas performativas por se
constituírem em atos políticos capazes de marcar a interdependência entre as
pessoas nos processos relacionais, porque a validação da narrativa depende da
legitimação da/o outra/o e por conta da potência de desconstrução e reconstru-
ção discursiva. Assim, “narrativas seriam posicionamentos individualizados
que se constituem em micronarrativas construídas e legitimadas nas relações
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO35

psicossociais, marcando a contribuição pessoal através de saberes e experiên-


cias da vida cotidiana transformada em linguagem” (Ribeiro, 2014a, p. 102).
Narrativas produzem sentidos entendidos “como fenômeno linguístico
(na medida em que a linguagem é uma prática social geradora de sentido) que
se expressa nas práticas discursivas que atravessam o cotidiano colocando em
movimento os repertórios interpretativos culturalmente disponíveis” (Spink
et al., 2002, p. 152-153). São construções individualizadas de caráter perfor-
mativo que permitem com que cada pessoa se posicione intersubjetivamente
nos contextos relacionais, produzindo modos de interpretação da realidade
(Spink & Gimenes, 1994).

Em síntese, discursos são formados por significados e narrativas por


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sentidos, com funções antagônicas, ou seja, os discursos visam cristalizar


posicionamentos através da produção de significados, enquanto que as
narrativas visam interpelar e desconstruir os discursos através da pro-
dução de sentidos (Ribeiro, 2014a, p. 101).

2.2.1.5 Self e identidade

Classicamente, a psicologia dividiu eu e outra/o, pessoa e contexto, divi-


são corporificada na concepção de identidade que teria uma dimensão pessoal
(identidade pessoal ou self) e uma dimensão social (identidade social). O cons-
trucionismo social rompe com esta dicotomia ao propor a ontologia relacional
como base da constituição do ser humano e o self narrativo como sua definição,
ou seja, o self como uma produção linguística e relacional, como indica Gergen
(1997). O autor define o self como narrativo no qual as relações e práticas psi-
cossociais estão imersas nos significados gerados pelo e no processo discursivo,
tendo simultaneamente como foco a pessoa no contexto e o contexto na pessoa.

O self não é fundamentalmente uma propriedade da pessoa, mas dos rela-


cionamentos – produto do intercâmbio social. De fato, ser um self com um
passado e um futuro potencial não é ser um agente independente, único
e autônomo, mas ser imerso na interdependência (Gergen, 1997, p. 186).

Gergen (1997) propõe a ruptura da compreensão do self como individual,


unitário e contínuo, e coloca o relacional como o foco para sua definição – “self
como ação discursiva... discurso do self como performance... ação discursiva
como relacionalmente imbricada” (Gergen, 2011, p. 113). Neste sentido, eli-
mina a dicotomia eu-outra/o e foca na lógica relacional, como pioneiramente
propôs Mead (1934).
Mead (1934) postulou que o self teria uma dimensão de objeto e uma
dimensão de sujeito, ou seja, a pessoa seria tanto sujeito, quanto objeto para
36

si mesma. Quando objeto para si mesma, buscaria construir seu self com base
nos padrões sociais e se integrar socialmente; quando sujeito para si mesma,
buscaria construir seu self com base em sua individualidade e modificar seu
lugar e sua posição social, sendo um/a das/os primeiras/os autoras/es a definir
a identidade como psicossocial.
Demazière e Dubar (2006), inspirados em Mead (1934), falam que o self
seria processual e definido pela articulação de dois processos heterogêneos:
processo relacional (identidade para a/o outra/o – dimensão social), que resulta
em reconhecimento social ou não, e processo biográfico (identidade para
si – dimensão pessoal), que visa adaptação/reprodução social (continuidade
identitária) ou produção (ruptura identitária).
O conceito de self encontra o conceito de identidade que, quando conce-

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bido psicossocialmente, foca na relação, não nas suas dimensões constitutivas
(eu e outra/o), por isso optamos por trabalhar com o conceito de construções
identitárias. Construções identitárias e não identidade, porque a origem eti-
mológica da palavra identidade é identitas que significa qualidade do que
é idêntico e a proposta de conceber construções identitárias se define pela
pluralidade, heterogeneidade e pela possibilidade da mudança.
Neste sentido, entendemos construções identitárias como as narrativas
das possibilidades relacionais de posicionamentos em dado contexto em dado
momento que resultam tanto em continuidade (permanência), quanto em
mudança. As construções identitárias seriam realidades narrativas construí-
das relacionalmente que permitiriam que cada pessoa compreendesse quem
ela é (autoconhecimento), como as/os outras/os a compreendem (reconheci-
mento social) e quais as modalidades de relacionamento psicossocial possíveis
(implicação social), dando a base para vida,como versou Fischer (1996).
As construções identitárias são caracterizadas pela busca tanto da per-
manência (continuidade de vida), quanto da mudança (ruptura de vida), e
pela tensão constante vivida neste processo entre a “multiplicidade de selves
expressos nas práticas discursivas e o fato que sob estas práticas discursivas
existe, também, uma individualidade relativamente estável” (Harré & Van
Longenhove, 1993, p. 82).
Como síntese, definimos construções identitárias como processos

de coconstrução contínua e compartilhada, não um ajustamento ou adap-


tação de uma pessoa (narrativas pessoais) a uma realidade (discursos
sociais), pois ambos não devem ser pensados como processos discursivos
delimitados e separados, mas antes como um único processo marcado
por um elo de continuidade do subjetivo ao social (e vice-versa). Assim,
a dualidade subjetivo-social seria uma unidade discursiva inseparável,
com dimensões distintas, pois tanto o subjetivo quanto o social seriam
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO37

polos extremos de uma mesma realidade discursiva processual global,


que é produzida através de processos de construção e significação no seio
das práticas e discursos sociais: do subjetivo ao social e vice-versa, num
movimento contínuo. A realidade é sempre processual e discursiva, nunca
substantiva (Ribeiro, 2017a, p. 272).

2.2.2 Conceitos de base específicos para área de pesquisa: de Trabalho,


Identidade e Carreira para Trabalhar, Construções Identitárias do
Trabalhar e Carreiras

A agenda de pesquisa em Trabalho, Identidade e Carreira tem, justa-


mente, nestes três conceitos, a base para suas pesquisas, reflexões e discussões.
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São três conceitos clássicos para o campo das ciências sociais e, especifica-
mente, para a psicologia. O que buscaremos apresentar, aqui, com potencial
novidade, é a sua compreensão a partir de uma perspectiva construcionista.
Devemos salientar, novamente, que construímos por meio de nossas pesquisas
possibilidades de narrativas sobre as temáticas estudadas a partir dos discursos
disponíveis, sempre de modo relacional, ou seja, buscando incluir todas/os as/
os envolvidas/os nesta relação de produção de sentidos e narrativas. Assim,
definimos os conceitos aqui apresentados como coconstruções das nossas
pesquisas, reflexões e discussões realizadas por meio de diálogo intercultural
e buscando a proposição de híbridos que poderão, ou não, ser validados inter-
subjetivamente para se tornarem parte do conjunto de significados e discursos
existentes no repertório interpretativo do nosso campo de estudos.
Fundamentados no princípio da lógica da responsabilidade relacional da/o
pesquisadora/dor que recomenda a problematização contínua da retórica da
verdade e da autoridade conferida, não temos a pretensão de universalização
e imposição destas proposições geradas como os novos conceitos a serem
adotados por todas/os, mas, antes, ampliar o vocabulário conceitual da área
de estudos em trabalho, identidade e carreira através do compartilhamento
de uma amplitude de inteligibilidades e práticas pela “descrição densa de um
contexto relacional singular estudado para que outras/os pesquisadoras/es
analisem a possibilidade de utilização dos conhecimentos produzidos em seu
próprio contexto” (Greene, 1990, p. 236), na noção de transferenciabilidade
de conhecimentos. O diálogo intersubjetivo é base deste princípio.
Com este posicionamento, iniciamos nossa agenda de pesquisas estudando
as formas tradicionais dos três principais conceitos de base específicos para nossa
área de pesquisa – Trabalho, Identidade e Carreira. Por meio de um processo
contínuo de reflexões, pesquisas e discussões, fomos, gradativamente, propondo
mudanças terminológicas e conceituais, principalmente inspiradas/os no life
38

design (Duarte et al., 2010; Ribeiro, Teixeira & Duarte, 2019) e na teoria da
psicologia do trabalhar (TPT, Duffy et al., 2016; Pires et al., 2020). As próximas
seções apresentam, historicizam e fundamentam nossas reconstruções concei-
tuais que operaram uma mudança de eixo conceitual de Trabalho, Identidade
e Carreira para Trabalhar, Construções Identitárias do Trabalhar e Carreiras.

2.2.2.1 Trabalhar, vida ativa do trabalhar e trabalhar decente significativo

Tradicionalmente falando, o campo de estudos do trabalho é vasto, antigo


e consolidado, gerando uma pluralidade de conceituações e reflexões que vão
do foco nas condições objetivas, sociais e materiais (e.g., foco na infraestrutura

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e superestrutura na teoria de Marx, 1867/1980) ao foco nas produções subjeti-
vas e psicológicas (e.g., construção subjetiva na perspectiva de Dejours, 1999).
Partindo da obra clássica de Hannah Arendt intitulada A Condição
Humana (Arendt 1958/1987), podemos, inicialmente, dizer que o trabalho
não é uma experiência unidimensional, nem tem seu foco na pessoa ou no
contexto, mas, antes, é multidimensional e se constrói como experiência na
relação entre as suas dimensões constituintes. Arendt (1958/1987), a partir
da filosofia, versa que o trabalho contribui para uma vida ativa que pode ser
compreendida como a possibilidade de existir e colaborar na construção de
si, do mundo e das relações daí derivadas, se constituindo como dimensão
fundante da condição humana de existência.
A condição humana se fundaria a partir de três dimensões. Em primeiro
lugar o labor (labour), que é a atividade repetitiva e reprodutiva com fins de
sobrevivência, sendo, assim, consumida no mesmo momento em que é produ-
zida, sem deixar nada duradouro para trás, alimentando as necessidades vitais
do processo de vida – torna os seres humanos em animal laborans. Em segundo
lugar, o trabalho propriamente dito (work), que visa a produção de bens duráveis
e permanentes na vida mundana, transformando a natureza em objetos humanos
– transforma o ser humano em homo faber. E, por último, a ação (action), que é a
possibilidade da construção da história subjetiva e social pelas trocas e laços que
o trabalho em sua totalidade possibilita – torna o ser humano um homo politicus.
As três dimensões são fundamentais e atuam interconectadas, constituindo uma
vita activa, entendida como “a condição de toda existência humana, que sempre
esteve e só pode estar ativa por causa dessa condição” (Faes, 2015, p. 345). A
ausência de uma delas, não permitiria a construção da condição humana.
O mundo moderno e, em parte, o mundo contemporâneo, reduziram
o trabalho às duas primeiras dimensões propostas por Arendt (1958/1987),
impedindo, pelos mais variados motivos, incluindo propostas conceituais, a
plena realização da condição humana, pelo fato de que a última dimensão – a
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO39

ação – é justamente a dimensão da relação e da transformação do mundo. Se


retiramos do trabalho sua produção relacional e sua capacidade de transfor-
mação do mundo, via ação, ele tem grandes chances de se tornar alienante e
reprodutor da ordem vigente – potencialmente fonte de sofrimento, opressão
e injustiça social (Hooley & Sultana, 2016).
Tomando como ponto de partida esta questão colocada por Arendt
(1958/1987) e inspiradas/os nos trabalhos de fundamentação construcionista
de David Blustein (2006, 2011, 2013, 2019) e colegas (Duffy et al., 2016),
propomos repensar a noção de trabalho e concebê-la como ação, ou seja,
corroborando a proposta construcionista de uma teoria relacional do traba-
lhar de Blustein (2011) que conceitua trabalho “como um ato inerentemente
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relacional” (p. 1), utilizando, então,

a concepção de “trabalhar” ao invés de “trabalho”, pois “trabalhar” é


uma concepção mais dinâmica e estruturante que indica ação e processo
em um determinado contexto (verbo que representa uma ação), enquanto
“trabalho” é uma concepção mais abstrata, estável e estruturada, construída
em um determinado contexto e incorporada em outros (substantivo repre-
sentando um estado). Assim, “trabalhar” representa o conceito abstrato
de “trabalho” em ação por meio de atividades humanas em um contexto
sócio-histórico específico (Ribeiro, Silva & Figueiredo, 2016, p. 2).

Desta maneira, novamente nos inspiramos na proposta da vita activa


de Arendt (1958/1987) e na proposta de analisar as experiências relacionais
baseadas no trabalho como forma para estudar o trabalhar de Blustein (2011),
somamos as proposições conceituais de Guichard et al. (2017) de conceber
uma construção ativa da vida, e preferimos utilizar a noção de vida ativa
do trabalhar ao invés de trabalho, pois a vida ativa do trabalhar é definida
como a dimensão da vida humana construída nas relações estabelecidas nos
contextos de trabalhar e que permitem tanto a continuidade de vida, quanto
rupturas e transformações, gerando a vida como processo contínuo de cons-
trução relacional (Gergen, 2009b).
Ao utilizarmos a preposição “do”, não fica delimitada a separação entre
eu e outra/o, pois se coloca o trabalho como qualidade da vida, não seu lugar
de expressão, como seria na expressão vida no trabalhar, ou seja, conceber
uma vida do trabalhar seria postular que a construção da vida é parte inerente
à atividade do trabalho e não pode ser separada da mesma, marcando a indis-
sociabilidade entre eu e outra/o, como propõe a perspectiva socioconstrucio-
nista, por isso utilizamos a preposição “do” em todos os conceitos propostos.
E, para completar, a vida ativa do trabalhar deve buscar sempre a realiza-
ção de um trabalho decente, não como postulado pela Organização Internacional
40

do Trabalho (International Labour Organization [ILO], 1999) pautada em cri-


térios objetivos focadas nas qualidades do trabalho formal assalariado, mas
transcendendo esta ideia, sem exclui-la, ao propor uma concepção psicossocial
e relacional do trabalho decente, como sugerido, internacionalmente por Blus-
tein, Masdonati e Rossier (2017), Blustein, Olle, Connors-Kellgren e Diamonti
(2016) e Pouyaud (2016), e nacionalmente pelas nossas publicações próprias
(Ribeiro et al., 2016; Ribeiro, Teixeira & Ambiel, 2019; Ribeiro, 2020a).
Diante disto, propomos a concepção de trabalhar decente significativo
para todas as pessoas (Blustein, 2019; Michaelson et al., 2014), ou seja, “um
trabalhar que seja significativo para elas e importante para sua comunidade”
(Savickas, 2005, p. 44) – significado, importância e dignidade seriam os

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princípios centrais a serem alcançados sempre na busca do bem comum (Blus-
tein, 2011), como apontou um/a participante em uma de nossas pesquisas:
“Trabalho decente é aquele que concilia crescimento pessoal e promoção de
bem-estar social” (Ribeiro, Teixeira & Ambiel, 2019, p. 236), ou seja, um fazer
que possa dar sentido à minha vida e impactar positivamente o mundo – um
trabalhar decente significativo.
É importante salientar novamente que o bem comum é um princípio
universal, mas sua delimitação deve ser contextual e coconstruída em relação
para não gerar opressões e injustiças. Por exemplo, no campo de estudos do
trabalhar, se postulamos, como bem comum um trabalhar decente baseado
na lógica do emprego e vivemos em um contexto, como o brasileiro, no qual
mais de 41% das pessoas que trabalham, o fazem sem proteção social e são
caracterizadas/os como informais, este bem comum será opressor, pois a
grande maioria das/os trabalhadoras/es não conseguirá ter um emprego ao
longo da trajetória de vida do trabalhar toda (Hooley & Sultana, 2016; Ribeiro,
2017c; Ribeiro & Fonçatti, 2017).

2.2.2.2 Vida ativa do trabalhar: construções identitárias, projeto,


trajetória e carreiras

Carreira e identidade são conceitos tradicionais na psicologia e nas ciên-


cias sociais e têm suas definições claramente postas. A identidade, como já
discutido, seria a resultante pessoal da relação eu-outra/o que permitiria o auto-
conhecimento (eu), o reconhecimento social (pertença social) e os intercâmbios
sociais (implicação social), como sintetizou Fischer (1996). E, a carreira, seria,
de um lado, o plano organizacional de estruturação da sequência de cargos e
funções numa dada empresa (dimensão objetiva proposta pela administração
e pela POT), e, de outro, o desenvolvimento psicológico das pessoas nas suas
trajetórias de trabalho (dimensão subjetiva proposta pela OPC).
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO41

Em geral, a sociedade definia que um conjunto limitado de pessoas teria


uma carreira, entre elas, empregadas/os formais em empresas e instituições
públicas e privadas e pessoas com identidade profissional de prestígio, como
médicas/os, militares e profissionais liberais (Ribeiro, 2014a, 2021a). A grande
maioria daquelas/es que trabalham teriam planos de subsistência, não carreiras,
como propõem Arulmani (2014) e Spink (2009).
Em ambas as conceituações, a dicotomia entre pessoa e contexto era
estruturante, mas a demanda por pensar a carreira de forma integrada e con-
textualizada foi, gradativamente, sendo consolidada a partir dos anos 1990 e
hoje é uma realidade tanto na administração e na POT, quanto na OPC. As
primeiras definem carreira como “sequência evolutiva das experiências de tra-
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balho de uma pessoa ao longo do tempo” (Arthur et al., 1989, p. 8), e a segunda
tem, principalmente baseada no paradigma do life design (Ribeiro, Teixeira &
Duarte, 2019), proposto a carreira como a narrativa das “‘trajetórias de vida’,
nas quais os indivíduos progressivamente projetam e constroem suas próprias
vidas, incluindo seus percursos profissionais” (Duarte et al., 2010, p. 394).
Inspirados sempre numa perspectiva socioconstrucionista, vimos cons-
truindo, gradativamente, uma concepção de carreira com base em alguns
princípios: (a) que a carreira é um fenômeno relacional, portanto, psicos-
social (Blustein et al., 2004; Schultheiss, 2003, 2007); (b) que a concepção
de carreira é um discurso dominante que pode ser reconstruído por meio
da coconstrução de narrativas alternativas, se tornando um híbrido (Latour,
1994); (b) que devemos pensar que toda trajetória de vida de trabalho deve
ser concebida como carreira (Ribeiro, 2014a); (d) que se a linguagem é ação
(performatividade), ampliar a concepção de carreira estendendo-a para todas/
os, provoca o questionamento social e, no limite, a mudança; e (e) que tería-
mos que incluir todas/os as/os envolvidas/os no mundo do trabalho na des-
construção, democratização e reconstrução conceitual (Rasera et al., 2004)
via diálogo intercultural (Santos, 2009). Em síntese, ampliar o vocabulário
conceitual de carreira busca cumprir a ética e a política relacional preconizadas
pela perspectiva socioconstrucionista (McNamee & Gergen, 1999).
Com base nestes princípios, entendemos a carreira de maneira relacio-
nal, por isso a concepção de carreira psicossocial, ou seja, ela se constrói, de
forma processual, por meio das práticas e sentidos gerados na relação com
contextos, atividades e significados do trabalhar de dada situação de trabalhar,
produzindo uma narrativa. Se constitui no continuum indissociável entre o
subjetivo e o social, tendo duas dimensões narrativas constitutivas: o projeto
e a trajetória de vida ativa do trabalhar.
O projeto constrói propósitos para a vida (construções identitárias) e
formas de realizá-lo (planos de ação), enquanto a trajetória articula as ações
42

cotidianas e os eventos da vida em unidades episódicas, sendo, simultanea-


mente, trajeto percorrido e trajeto a percorrer, que constroem uma história
de vida. Esta história de vida é construída por enredos que explicam a linha
de ação da trajetória de vida constituindo sentidos aos seus movimentos e
processos, e por temas que sintetizam os padrões de construção de sentido
das pessoas nas suas relações com o mundo – esta seria a definição proposta
de trajetória de vida ativa do trabalhar.

A trajetória possibilita a organização espaço-temporal, sendo uma narrativa


articuladora dos eventos da vida, que confere significado e coerência à
vida das pessoas, bem como possibilita o contato com suas construções
relacionais, estratégias de articulação espaço-temporais e temas e enre-

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dos de vida mais frequentes, se configurando num guia relevante para a
construção constante de si na relação com o mundo do trabalho através
dos projetos de vida. Permitiria a organização de acontecimentos e ações
em um todo, unificado, pela trajetória, através de um processo central de
articulação espaço-temporal (Ribeiro, 2014a, p. 125).

A dimensão do projeto de vida ativa do trabalhar é produzida por meio


de duas narrativas: construções identitárias do trabalhar e planos de ação
de vida ativa do trabalhar. “Os acontecimentos da vida constroem histórias
de vida, as quais, por sua vez, constroem identidades – episódio por episódio
– narrando às pessoas quem elas são” (Karreman & Alvesson, 2001, p. 65).
Assim, em primeiro lugar, as construções identitárias do trabalhar podem
ser compreendidas como

narrativas de si produzidas nas relações e ações no mundo do trabalho,


e articuladas com os discursos socialmente produzidos, sendo, simulta-
neamente, processo de construção contínuo e resultante deste processo,
que permitiriam a compreensão de si, dos outros e das possíveis relações
psicossociais estabelecidas (Ribeiro, 2014a, p. 123).

As construções identitárias do trabalhar teriam múltiplas bases psicos-


sociais de apoio para os processos de sua formação, entre elas, vocação seria
relacionada ao ser, profissão/ocupação ao fazer, organização ao contexto de
trabalhar, e carreira à trajetória de trabalhar. São a base para a construção dos
projetos de vida ativa do trabalhar juntamente com os planos de ação de vida
ativa do trabalhar entendidos como

narrativas antecipadoras de um processo de construção relacional no


mundo do trabalho, que busca a transformação da realidade psicossocial
através da ação e da relação com as produções discursivas sociais de
dada realidade sociolaboral, visando movimentar o processo contínuo de
construção da carreira (Ribeiro, 2014a, p. 115).
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO43

Assim, propomos que as carreiras, no plural para marcar sua heteroge-


neidade e diversidade, sejam entendidas como a

resultante das relações cotidianas de compartilhamento com outras/os de


práticas e discursos psicossocialmente estruturados sobre as carreiras (dis-
cursos ou macronarrativas sociais), que origina a coconstrução de práticas
discursivas cotidianas psicossociais possíveis nas relações psicossociais
(projetos de vida de trabalho – planos de ação e construções identitárias) e
as narrativas destas práticas, que devem ser legitimadas psicossocialmente
como articulações espaço-temporais reconhecidas e significadas nas rela-
ções eu-outras/os (trajetórias de vida de trabalho), se transformando em
narrativas de carreira significadas psicossocialmente como trajetórias de
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carreira (discursos socialmente legitimados como carreira), na concepção


ressignificada da carreira psicossocial (Ribeiro, 2014a, p. 140).

Em síntese, carreiras são compreendidas como as narrativas dos projetos


e trajetórias de vida ativa do trabalhar com um senso de identidade para si e
para as/os outras/os, coconstruídas em contexto relacional de dado espaço e
dado momento a partir dos significados e discursos disponíveis, podendo ser
narrativas de reprodução, ruptura ou transformação da ordem vigente e se
tornando monstros ou híbridos em função de um reconhecimento psicossocial
acontecer ou não.

2.3 Principais tipos de investigação: construção teórica, pesquisa


de campo e pesquisa de intervenção

Os principais tipos de investigação que utilizamos implicam numa


interpretação da realidade que é construída e sempre negociada na relação
psicossocial, ao criar a própria realidade com as narrativas e os discursos e
as práticas resultantes dessa relação. O foco se encontra no processo, uma
vez que “a pesquisa construcionista não descreve o que as coisas são, mas o
processo pelo qual são ativa e continuamente construídas entre as pessoas”
(Rasera & Japur, 2005, p. 24).
Assim considerando como uma teoria relacional, o processo de constru-
ção do conhecimento considera o entendimento de que não há uma organi-
zação a priori de métodos e técnicas para a condução de uma investigação.
A produção de conhecimento é entendida como um processo e a pesquisa
um desses processos, uma prática social em permanente movimento. Não há
verdade a ser encontrada e sim entendimentos possíveis a serem construídos
no decorrer da pesquisa, na qual a/o pesquisadora/dor possui uma relação
ativa com o fenômeno de estudo. A contribuição da pesquisa não se dá pela
produção objetiva de verdades universais, mas pela busca da possibilidade
44

de utilizar os diálogos gerados na pesquisa colaborando com a produção de


outros mais (Burr, 1995; Gergen, 1999; Gergen et al., 2015).
Segundo Spink (1999), os critérios de objetividade, rigor, generalização
e validade da pesquisa são redimensionados, sendo que, ao assumir que a
realidade é construída na interação, o conhecimento é uma produção contex-
tualizada, a neutralidade e a objetividade deixam de ser possíveis e o critério
de rigor passa a ser a descrição detalhada dos passos da investigação e dos
procedimentos realizados ao longo do estudo.
Deixam de ser aspirações da/o pesquisadora/dor a generalização e a
replicabilidade passando a preocupação para a aproximação com a realidade
investigada e com o processo social. Sendo que a/o pesquisadora/dor ocupa um
papel ativo no processo de produção da pesquisa, desafiado na postura crítica

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e reflexiva sobre como irá seguir na elaboração de sua pesquisa, os diálogos
a serem estabelecidos e promovidos, de como as coisas se apresentam e de
como poderiam ser diferentes.
Assim, a produção de uma pesquisa apoiada no construcionismo social
é compreendida como um processo de construção social, que visa ampliar os
sentidos sociais de um determinado campo de ação e não como a descoberta
de uma realidade pronta, acabada e estática.
Com base nestes princípios, nossa agenda de pesquisa realiza três moda-
lidades distintas de investigação, a saber: construção teórica, pesquisa de
campo e pesquisa de intervenção.

2.3.1 Construção teórica

A construção teórica busca compreender e analisar concepções já exis-


tentes a fim de reconstruí-las em função de contextos e momentos distintos
daqueles em que os conceitos foram forjados ou criar novos conceitos em
função da necessidade de compreender fenômenos psicossociais contem-
porâneos emergentes ainda não devidamente conceituados. O movimento
de transformação conceitual de nossa agenda de pesquisa partindo das tra-
dições teóricas do Trabalho, Identidade e Carreira e resultando na recons-
trução conceitual do Trabalhar, Construções Identitárias do Trabalhar e
Carreiras é um claro exemplo deste processo. Em nossa produção, temos
Ribeiro (2009c, 2014a, 2017a, 2017b, 2017c, 2020a) e Ribeiro e Fonçatti
(2017) como propostas de reconstrução conceitual de carreira, psicossocial
e trabalho decente.

2.3.2 Pesquisa de campo

A pesquisa de campo, como apresentado na seção 2.3, é coconstruída na


relação com o próprio campo de investigação, tendo como princípios centrais
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO45

a coconstrução, o foco no processo, o diálogo intercultural e a hermenêutica


diatópica, já discutidos na seção 2.2, sendo realizada o tempo todo em coo-
peração com as/os envolvidas/os no processo da pesquisa. Nossas principais
estratégias e instrumentos estão descrito nas seções subsequentes.

2.3.3 Pesquisa de intervenção

A pesquisa de intervenção é definida por Tripp (2005) como uma pesquisa


aplicada que tem início numa intenção de mudança ou inovação como práticas
a serem analisadas, lida com dados criados e é fundamentada numa avaliação
rigorosa e sistemática dos efeitos da prática conduzida suportada por métodos
científicos, não somente faz simples descrições dos efeitos destas práticas. Por
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isso, se diferencia de um relato de experiência. Visa, portanto, elaborar novas


forma de atuação e intervenção nos campos da OPC e da POT ao se valer de
maneira sistemática dos conhecimentos existentes, através de um movimento
de fazer e refazer o próprio processo da pesquisa, pois os modelos de inter-
venção elaborados são resultantes de aproximações teóricas e testes empíricos,
muitas vezes, por falta de modelos prévios. Em nossa produção, temos Ribeiro
(2011c, 2014b, 2016a, 2018a, 2020b), Ribeiro e Almeida (2019), Ribeiro et al.
(2017), Ribeiro et al. (2018), Ribeiro, Figueiredo e Almeida (2021), Ribeiro
e Ribeiro (2019) e Silva et al. (2016), como, por exemplo, propostas de inter-
venção para pessoas com sofrimento mental, trabalhadoras/es informais e em
situação de vulnerabilidade.

2.4 Principais estratégias metodológicas: enfoque qualitativo


narrativo, etnografia/netnografia e grounded theory (teoria
fundamentada)
A metodologia define o método a ser utilizado e a teoria do método.
Desta maneira, como já intensamente discutido no presente livro, temos a
perspectiva socioconstrucionista como nossa base metodológica e vimos rea-
lizando nossas pesquisas a partir de três modalidades coerentes com o cons-
trucionismo: enfoque qualitativo narrativo, etnografia/netnografia e grounded
theory (teoria fundamentada).

2.4.1 Enfoque qualitativo narrativo

Segundo Polkinghorne (1988), o enfoque qualitativo narrativo possibilita


a reconstrução da experiência de vida a partir das narrativas individuais, tanto
no que diz respeito à construção da vida ativa do trabalhar ao longo do tempo,
quanto em relação aos sentidos construídos com relação aos mundos do trabalho.
As narrativas autobiográficas revelam os significados coletivos, porque mostram
46

o modo como as pessoas se veem através do discurso social, o que permite que
seja possível coconstruir as histórias de vida e experiências significativas do dia
a dia de trabalhar das/os participantes. Alvesson e Willmott (2002) e Bendassolli
e Coelho-Lima (2015) afirmam que essas narrativas permitem que se acesse
o modo de interação das pessoas com as relações e os discursos sociais, o que
permite que se identifique as produções sociais deste discurso.
A narrabilidade é definida por Duarte et al. (2010) como a capacidade
da pessoa de narrar sua história com coerência e, com isso, construir papéis e
sentidos centrais norteadores de suas escolhas, atividades e prioridades de sua
vida ativa de trabalhar e se constitui na ação central a ser coconstruída pela/o
participante da pesquisa. A entrevista narrativa é o instrumento escolhido para
colocar em ação o método apresentado (Polkinghorne, 1988).

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2.4.2 Etnografia/netnografia

A etnografia é um método tradicional da antropologia, mas intensamente


estudado no campo da psicologia, principalmente da psicologia social. Sua
base é o trabalho de campo, e definimos campo a partir da proposta de P. Spink
(2003) que alarga a definição de campo e postula a ideia de um campo-tema.

Campo é o campo do tema, o campo-tema; não é o lugar onde o tema


pode ser visto – como se fosse um animal no zoológico – mas são as redes
de causalidade intersubjetiva que se interconectam em vozes, lugares e
momentos diferentes, que não são necessariamente conhecidos uns dos
outros. Não se trata de uma arena gentil onde cada um fala por vez; ao
contrário, é um tumulto conflituoso de argumentos parciais, de artefatos
e materialidades (p. 36).

Assim, o campo não deve ser reduzido ao momento em que a/o pesqui-
sadora/dor adentra as partes mais densas do campo, onde estão suas/eus infor-
mantes em um lugar específico. Assim, questionamos a premissa de campo
como ligada a um lugar específico em que a pesquisa se dá ou a uma pessoa
específica, ao qual a/o pesquisadora/dor precisaria ir para estar em campo.
Ao buscar tornar familiar aquilo que é desconhecido “já estamos no campo,
pois já estamos no tema” (P. Spink, 2003, p. 36). Subverte-se a ideia de que
o campo, enquanto lugar, tem um assunto: é o assunto que tem um campo, o
qual se estende para além do lugar: “campo, portanto, é o argumento no qual
estamos inseridos; argumento este que tem múltiplas faces e materialidades,
que acontecem em muitos lugares diferentes” (P. Spink, 2003, p. 28).
Fundamentados na concepção de campo-tema, a etnografia preconiza
o trabalho de campo através de contatos, incursões e interações intensas e
prolongadas de dada/o pesquisadora/dor com o campo-tema para, deste modo,
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO47

buscar compreender não apenas os aspectos concretos da vida material das/os


entrevistadas/os, mas, alinhando-se a uma perspectiva socioconstrucionista, o
modo como atribuem sentido às suas vivências e escolhas. Esta modalidade
de pesquisa ocorre por meio da vivência relacional direta com o fenômeno
a ser estudado em suas variadas dimensões. Em geral, utiliza entrevistas e
diários de campo como instrumentos de registro do campo (Figueiredo, 2016).
A partir das vivências contemporâneas marcadamente digitais, a etnogra-
fia clássica foi reconstruída, sendo proposta uma netnografia. A chamada net-
nografia, definida como “prática online da etnografia” (Kozinets, 2006, p. 279),
foi reconstruída para estudar fóruns, chats, blogs, entre outros, incluindo redes
sociais virtuais (os chamados sites de rede social ou SNS – Social Networking
Sites. Segundo Kozinets (2010), a experiência de estudar fenômenos on-line
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é diferente da presencial, a começar pelo fato de que as experiências sociais


face a face são diferentes daquelas realizadas on-line. De acordo com o autor,
haveria três diferenças importantes entre a etnografia tradicional e a netno-
grafia. Sendo a primeira quanto à entrada (entrée) no campo a ser estudado; a
segunda se refere à coleta de dados e às anotações de campo, pois a quantidade
de dados pode ser bem variada e temos a possibilidade de uso de técnicas e
ferramentas de análise de dados que já estão digitalizados; e, por último, a
mudança quanto aos aspectos éticos, pois as orientações de consentimento
livre e informado podem variar quanto as interpretações possíveis. Kozinets
(2010) atribui à etnografia tradicional a característica flexível e adaptável a
diferentes contextos e que, portanto, não necessariamente haveria a neces-
sidade de se cunhar um novo termo para a modalidade de pesquisa on-line.
Algumas/uns autoras/es utilizam denominações como etnografia virtual,
webnografia, etnografia digital e ciberantropologia sem optar pelo termo net-
nografia. A essência da netnografia é ser uma abordagem participativa para o
estudo da cultura e de comunidades on-line, diferenciando-a da mera coleta
e codificação de dados on-line (Barros Jr., 2014).

2.4.3 Grounded theory (teoria fundamentada)

A grounded theory (ou teoria fundamentada) surgiu como outros modelos


de investigação qualitativa no contexto dos estudos sociológicos e ligada a
tradição do interacionismo simbólico da Escola de Chicago que valorizava o
envolvimento da/o pesquisadora/dor no processo de investigação. A primeira
formulação da grounded theory, enquanto método de pesquisa qualitativa, foi
apresentado por Braley, Glaser e Strauss em 1967 no livro The Discovery of
Grounded Theory: Strategies for Qualitative Research. Enquanto método de
pesquisa qualitativa, busca a construção de teorias, conceitos, pressupostos e
proposições construídos a partir de dados de realidade em vez desses serem
48

extraídos das pesquisas e modelos teóricos existentes. Segundo Creswell


(2014, p. 77), “a intenção de uma pesquisa fundamentada é ir além da des-
crição e gerar ou descobrir uma teoria”.
Logo, os procedimentos e o desenvolvimento da teoria são gerados com
base na sistematização de obtenção de dados e análise comparativa constante
no decorrer da pesquisa. Envolve uma dinâmica processual não linear que, em
cada um dos passos a serem seguidos, proporciona um contínuo desenvolvi-
mento, no qual as etapas não podem ser pensadas isoladamente no processo
do pesquisar.
Dentro da perspectiva do construcionismo social, entendido como uma
teoria relacional, a abordagem metodológica da grounded theory gera desen-
volvimentos na medida que possibilita que o conhecimento siga a lógica da

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multideterminação e da polivalência, contribuindo para a produção de outros
conhecimentos em uma rede infinita (Gergen et al., 2015). Charmaz (2008),
ao apresentar a questão da contribuição da grounded theory para o constru-
cionismo social, orienta que a/o pesquisadora/dor procure a adequação das
necessidades da realidade investigada procurando utilizar as ferramentas e
procedimentos que a grounded theory oferece para contribuir com a realidade
que investiga procurando descrevê-la e apreendê-la sem esquecer que esse é
apenas um retrato possível de uma realidade dinâmica.
As etapas da pesquisa, conforme indica Tarozzi (2011), consistem em iden-
tificar uma área de investigação, definir a pergunta geradora da pesquisa, decidir
os métodos e instrumentos, coleta de dados e codificação aberta, amostragem
teórica, coleta de dados e codificação focalizada, codificação teórica, redação
de memorandos, redação do relatório, e avaliação da pesquisa.
Na grounded theory, a análise dos dados qualitativos organizados implica
em procedimentos específicos de codificação, sendo essa um processo de
divisão, conceitualização e organização dos dados, em que o exercício da
comparação e o questionamento são constantes. As/Os autoras/es denominam
essa etapa de grounded analysis e indicam que essa pode ser dividida em
codificação aberta, axial e seletiva.
A finalidade da codificação aberta consiste em analisar/compreender,
decompor, categorizar e identificar a categorização do texto. Os dados são
decompostos em unidades de análise, que na medida que são identificados
surgem as categorias descritivas. Em geral, a orientação da separação das
unidades de análise é realizada linha a linha de modo que podem ser encon-
tradas várias unidades de análise numa mesma resposta. A partir das unidades
de análise identificadas essas são agrupadas e identificadas e nomeadas as
categorias apresentadas.
No procedimento da codificação axial ocorre a reorganização das cate-
gorias conceituais e buscamos a relação e ligações entre elas, podendo ser
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO49

realizada de modo dedutivo ou indutivo. Neste momento, a/o investigadora/


dor alterna o processo de codificação entre a aberta e a axial, procurando
sempre ter flexibilidade para com os dados apresentados e buscando sempre
os mesmos para que consiga visualizar as categorias que estão emergindo.
As comparações e questionamentos auxiliam a identificar e desenvolver
as categorias e descobrir as características e propriedades bem como estabele-
cer as relações entre as categorias e subcategorias. Dependendo dos objetivos
da pesquisa e da temática em questão, a/o pesquisadora/dor pode encerrar a
análise nessa etapa.
Na codificação seletiva, o que realizamos é a identificação/seleção da
categoria central em torno da qual as outras categorias se integram, sendo
um nível mais abstrato, e que se exige é que integremos as categorias em
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uma teoria.

2.5 Principais instrumentos: diário de campo, entrevista em


profundidade/entrevista narrativa, grupos focais e pesquisa de
intervenção

Definimos instrumento de pesquisa como ferramentas práticas com base


em um modelo teórico utilizadas para produzir conteúdo a ser analisado em
nossas pesquisas. Temos realizado pesquisas usando, principalmente, como
instrumentos de pesquisa: diário de campo, entrevista em profundidade/entre-
vista narrativa, grupos focais e pesquisa de intervenção.

2.5.1 Diário de campo

O diário de campo é um instrumento que visa registrar tudo aquilo que


foi ouvido, visto, sentido, vivido e experienciado durante o trabalho de campo,
de maneira informal e não sistemática. Bogdan e Biklen (1994) indicam que
as notas de campo são caracterizadas por duas modalidades de materiais.
“O primeiro é descritivo, em que a preocupação é captar uma imagem por
palavras do local, pessoas, acções e conversas observadas. O outro é refle-
xivo – a parte que apreende mais o ponto de vista do observador, as ideias e
preocupações” (p. 152).
Segundo Medrado et al. (2014), o uso do diário de campo sugere que
as observações, inquietações e considerações que emergem no processo da
pesquisa e na relação com suas/eus interlocutoras/es sejam registradas sem
reservas, revelando aquilo que foi marcante para a/o pesquisadora/dor. Os
diários são práticas discursivas e, portanto, linguagem em ação, assumindo,
assim posição de participantes da pesquisa.
50

2.5.2 Entrevista em profundidade/entrevista narrativa

A partir de uma perspectiva compreensiva, as entrevistas são concebidas


como um momento de compartilhamento de conhecimentos entre pessoas. As/
os entrevistadas/os contribuem com a pesquisa trazendo seus saberes, distintos
em maior ou menor medida daqueles que a/o pesquisadora/dor possui e auxi-
liam na coconstrução da entrevista. Kaufmann (2013) aponta a importância
de uma relação dialógica com a/o entrevistada/o e a interação global da/o
pesquisadora/dor com o que ele nomeia de universo nativo, visando potencia-
lizar as chances de narrativas não superficiais por parte da/o entrevistada/o.
Para o autor, “o encontro no campo instiga à reflexão sobre si no pesquisado,
provoca um esboço reflexivo e autoexplicativo e, assim, pode nos revelar a

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teoria nativa” (Kaufmann, 2013, p. 8).
Através do emprego da metodologia qualitativa, buscamos construir,
portanto, narrativas autobiográficas da vida de trabalhar visando apreender
o não previsto pela/o pesquisadora/dor, as feições singulares dos fenômenos
estudados, sem deixar de emoldurar o que possa ser comum nos processos
estudados, estimulando o discurso livre das/os participantes e permitindo que
elas/es conduzissem a direção da narrativa.
Em geral, utilizamos uma entrevista aberta visando possibilitar a cons-
trução de uma narrativa espontânea pela/o participante da pesquisa a partir
de uma pergunta norteadora (Souza & Matos, 2004). Costumamos utilizar
a seguinte pergunta disparadora: “Conte a história da sua vida de trabalhar
desde o momento em que você considera que ela começou até o momento
atual da maneira mais detalhada que puder”. Em um primeiro momento, a/o
participante narra sua história de vida por meio de um diálogo livre com
eventuais interrupções da/o pesquisadora/dor para explicações, informações
adicionais e questões não exploradas (Van Langenhove & Harré, 1993). Esse
método de entrevista narrativa denomina-se heterobiografia, na qual a pessoa
reconstrói sua própria história (autobiografia) e, durante as narrativas, a/o
pesquisadora/dor intervém, caracterizando um processo decoconstrução da
narrativa autobiográfica. Assim, a narrativa heterobiográfica é construída por
meio da/o narradora/dor, mas conjuntamente com as/os pesquisadoras/es,
em um processo de coconstrução que possibilita a compreensão da conexão
temporal, episódica e significativa na mudança e continuidade das trajetórias
de vida ativa do trabalhar (Ribeiro, 2015b).

2.5.3 Grupos focais

Definimos grupo focal como “uma entrevista baseada na discussão que


produz um tipo particular de dados qualitativos gerados via interação grupal”
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO51

(Millward, 2010, p. 280). O fundamento principal do grupo focal está na interação


entre as/os participantes para construção de dados a partir de tópicos propostos
pela/o pesquisadora/dor. Em geral, utilizamos grupos focais para compreender-
mos como se formam percepções e atitudes a respeito de um fato, prática, serviços
ou produto (Dias, 2000) ou, em outras palavras, no entendimento de “concepções,
perspectivas, relatos, discursos e experiências” (Millward, 2010, p. 281).
Pereira (2019) aponta que o método do grupo focal pode ser usado de
forma isolada ou associada a outros métodos como observação participante,
entrevistas em profundidade ou o auxílio na construção de questionários,
dependendo do plano da pesquisa e de sua base epistemológica. Apresenta
como vantagem a possibilidade de observar, analisar e compreender proces-
sos de interação ocorrendo entre as/os participantes, nas quais, geralmente,
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ouvem as opiniões das/os outras/os antes de formar as suas próprias e, fre-


quentemente, fundamentam melhor sua opinião inicial ou mudam seu posi-
cionamento (Backes et al., 2011).

2.5.4 Pesquisa de intervenção

Como já descrito na seção 2.3.3, a pesquisa de intervenção busca elaborar


novas formas de atuação elaboradas com base em modelos de intervenção
criados a partir das resultantes das aproximações teóricas e de testes empí-
ricos por falta de modelos prévios, utilizando-se de maneira sistemática dos
conhecimentos existentes, através de um caminho de fazer e refazer o próprio
processo da pesquisa. Realizamos uma avaliação do processo sendo aponta-
das as consequências, efeitos, possibilidades e impossibilidades do modelo
proposto, conforme propõe Tripp (2005).

2.6 Principais estratégias de análise: análise de conteúdo, análise


narrativa e avaliação de processo

A análise dos dados ou compreensão dos fenômenos estudados, como


preferimos nomear, pressupõe, em primeiro lugar, uma sistematização dos
dados construídos pelo trabalho de campo visando identificar semelhanças e
diferenças, bem como contextualizá-los, compreendendo-os no contexto no
qual são produzidos (e.g. situação social das/os participantes, fase de vida,
contexto da entrevista etc.). E, em segundo lugar, a codificação dos fenômenos
estudados por meio da construção de categorias da análise em um processo
através do qual os dados brutos são elevados para um nível conceitual. Pode-
mos defini-las como categorias analíticas teóricas (determinadas aprioristica-
mente com base no conhecimento existente), categorias empíricas (derivadas
do trabalho de campo, mas nomeadas com base nos conhecimentos existentes),
52

e categorias êmicas (derivadas do trabalho de campo, mas nomeadas com base


nas próprias narrativas e sentidos produzidos pelas/os participantes). Temos
utilizado, principalmente, em nossas pesquisas, três estratégias distintas de
análise: análise de conteúdo, análise narrativa e avaliação de processo.

2.6.1 Análise de conteúdo

Em geral, utilizamos duas modalidades de análise de conteúdo do traba-


lho de campo realizado: a análise de conteúdo clássica proposta por Bardin
(1977) e a fabricação de teorias de Kaufmann (2013).
Em primeiro lugar, com base na análise de conteúdo de Bardin (1977),
realizamos análises verticais individualizadas; seguidas da categorização de

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unidades de registro (menor parte do conteúdo) em indicadores que representam
algo mais abstrato ou difícil de precisar como um comportamento, valor ou sig-
nificado, comuns e sintéticos, visando fornecer informações condensadas sobre
as categorias; e, em seguida, realizamos uma análise hermenêutica para com-
preender os conteúdos, possibilitando a construção de sínteses: frases ou ideias
que visam ilustrar retratos das possibilidades de trabalhar, construções identitárias
do trabalhar e carreiras no conjunto de participantes de cada pesquisa específica,
embasada nos contrastes entre os conteúdos categorizados das/os participantes.
E, em segundo lugar, realizamos a análise do campo de acordo com o
método proposto por Kaufmann (2013), que evita o rótulo de análise de con-
teúdo e prefere utilizar a proposta de uma fabricação da teoria. Em contraposição
ao pragmatismo da mera aplicação de técnicas, ganha destaque o caráter artesa-
nal do processo da pesquisa e o papel da/o pesquisadora/dor enquanto analista.
Sempre buscamos, a partir de uma decomposição do discurso, a identifi-
cação de núcleos de sentido – ou variáveis-chave, como nomeia o Kaufmann
(2013) – que permitissem uma compreensão mais aprofundada do fenômeno
estudado através de um processo de indução analítica.
Inicialmente, realizamos leituras flutuantes das transcrições do material
de campo, buscando identificar os temas que se repetem ao longo das narrati-
vas e que se mostram relevantes para a compreensão do fenômeno estudado.
No intuito de se facilitar o processo de análise, grifamos os temas em cores
diferentes e, ao lado de cada fala, escrevemos as possibilidades de análise
daí decorrentes. Às informações obtidas por meio de instrumentos mais for-
malizados, como as entrevistas, acrescentamos aquelas que emergiram nas
diversas conversas que tivemos, de maneira menos sistematizada.
A partir de então, formulamos eixos de discussão tratando de temáticas
que se repetiam ao longo das narrativas. Nesta proposta, as categorias de
análise não são definidas a priori, mas são coconstruídas a partir das nar-
rativas das/os participantes a respeito do fenômeno específico estudado. É
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO53

importante destacar que tais categorias, conquanto separadas para facilitar


a análise, aparecem em constante inter-relação na vida das/os participantes.
Posteriormente, seguimos para a análise propriamente dita, incluindo-se
aí inferências e interpretações das narrativas das/os participantes a partir do
referencial teórico proposto. A partir de então, realizamos um registro escrito
de cada material do trabalho de campo, abrangendo tanto as categorias gerais
de análise formuladas para a compreensão das narrativas e vivências das/os
participantes, quanto as particularidades trazidas por cada pessoa.
A última etapa da análise consiste no agrupamento das narrativas a partir
das temáticas comuns coconstruídas no campo. Contudo, sempre optamos por
dar espaço à heterogeneidade das vivências, destacando não apenas seme-
lhanças e convergências, mas também diferenças e dissonâncias.
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2.6.2 Análise narrativa

Esta modalidade de análise foca mais nos processos de construção nar-


rativos do que nos conteúdos que o constituem e, com base numa abordagem
narrativa qualitativa para coconstruir histórias proposta por Polkinghorne
(1988) e Van Langenhove e Harré (1993), buscamos, por meio de procedimen-
tos analíticos, construir taxonomias a partir dos elementos comuns narrativos
coconstruídos pelo trabalho de campo, resultando em padrões narrativos. Em
geral, a taxonomia resultante de padrões narrativos é baseada nos discursos
sociais centrais das narrativas pessoais das/os participantes sobre os processos
de trabalhar, construção identitárias de trabalhar e construção de suas carreiras,
cumprindo o propósito proposto de apresentar um retrato contextualizado dos
mundos do trabalho para explorá-lo e analisá-lo.

2.6.3 Avaliação de processo

Utilizamos a avaliação de processo como método para compreender,


codificar e analisar as resultantes das pesquisas de intervenção, nas quais
buscamos reconstruir modalidades existentes ou construir novas modalidades
de intervenção em OPC e POT, avaliando sua efetividade. Como já discutido,
para tal avaliação qualitativa da efetividade do processo de intervenção reali-
zado vimos utilizando dois métodos validados internacionalmente: LAQuA
(Life Adaptability Qualitative Assessment – Avaliação Qualitativa da Adap-
tabilidade de Vida, Di Fabio, 2015) e IMCS (Innovative Moments Coding
System – Sistema de Codificação de Momentos Inovadores, Cardoso et al.,
2014) que, por meio da análise das mudanças narrativas das pessoas atendidas
nas modalidades de intervenção propostas, categoriza estas mudanças e busca
avaliar a potencial efetividade do modelo proposto.
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CAPÍTULO 3
APRESENTAÇÃO DAS PRINCIPAIS
INVESTIGAÇÕES REALIZADAS
Neste terceiro capítulo, apresentamos nossos principais projetos de pes-
quisa visando dar corpo e significado para nossa agenda de pesquisa por meio
da descrição do nosso projeto de pesquisa central e de alguns dos estudos
derivados dele, tanto os estudos multicêntricos (nacionais e internacionais),
quanto os estudos singulares, todos de igual importância e que compõem
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nossa produção científica.

3.1 Projeto de pesquisa central: formas contemporâneas de


compreensão e construção das carreiras e das construções
identitárias do trabalhar no Brasil

A construção das carreiras e das construções identitárias do trabalhar são


fenômenos psicossociais marcantes dos mundos do trabalho e das/os traba-
lhadoras/es no Brasil e vem sendo pouco estudadas pela psicologia. Visando
contribuir com a agenda emergente de estudos sobre a temática apontada
no Brasil, a presente pesquisa propõe duas formas distintas de investigação:
uma pesquisa de campo que busca compreender o processo de construção das
carreiras e das construções identitárias do trabalhar de trabalhadoras/es com
características diversas como, por exemplo, classe social, gênero, raça, etnia,
deficiência, nível de qualificação, entre outras (Estudo I); e uma pesquisa
de intervenção que propõe, experimenta e consolida estratégias de aconse-
lhamento de carreira para estes diversos tipos de trabalhadoras/es e avalia
qualitativamente a efetividade do processo de intervenção realizado através
do LAQuA (Life Adaptability Qualitative Assessment – Avaliação Qualitativa
da Adaptabilidade de Vida, Di Fabio, 2015) e do IMCS (Innovative Moments
Coding System – Sistema de Codificação de Momentos Inovadores, Cardoso
et al., 2014), métodos validados internacionalmente.
Ambas as modalidades de pesquisa são trabalhos de campo, no sentido
que P. Spink (2003) postula através da ideia de um campo-tema, compreendido
como maneiras distintas de estar em contato com o fenômeno psicossocial a
ser estudado, ou seja, a/o pesquisadora/dor não vai ao campo, ela/e já estaria
no campo ao se aproximar do tema e dos confrontos entre as práticas discur-
sivas acerca do campo-tema.
56

A pesquisa em andamento vem buscando alcançar três níveis de contri-


buições. Um primeiro nível busca ampliar a sistematização em andamento
do campo de estudos das carreiras e das construções identitárias do trabalhar,
ainda pouco investigados na realidade brasileira (justificativa científica). Um
segundo nível busca poder auxiliar, de um lado, na reflexão e no planeja-
mento de políticas públicas de trabalho, emprego e renda e, de outro lado, no
planejamento das gestões organizacionais de carreira, seja no setor privado,
seja no setor público, para um conjunto de trabalhadoras/es, em geral, desas-
sistidos por programas de planejamento, orientação e aconselhamento de
carreira (justificativa social). E, um terceiro nível, busca o desenvolvimento
de tecnologias psicossociais pela proposição e avaliação de intervenções de

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orientação e aconselhamento de carreira voltadas aos mais variados tipos de
trabalhadoras/es que quase não têm auxílio público ou privado desta espécie
no Brasil, sendo mais tradicionais o campo da orientação profissional e do
coaching de carreira (justificativa técnico-profissional). O método utiliza duas
abordagens distintas: uma pesquisa de campo (Estudo I) e uma pesquisa de
intervenção (Estudo II).

3.1.1 Estudo I: pesquisa de campo

No Estudo I, a pesquisa de campo vem utilizando o enfoque qualitativo


narrativo (Polkinghorne, 1988) como estratégia investigativa para que as/os
participantes da pesquisa possam coconstruir suas histórias com as/os pesqui-
sadoras/es. São realizadas construções de narrativas autobiográficas da vida
ativa do trabalhar, visando apreender o não previsto pela/o pesquisadora/dor,
as feições singulares dos fenômenos estudados, sem deixar de emoldurar o
que possa ser comum nos processos estudados, estimulando o discurso livre
das/os participantes e permitindo que elas/es conduzam a direção da narrativa.
Isto se justifica, pois tanto as dimensões das construções das carreiras,
quanto das construções identitárias do trabalhar são fenômenos difíceis de
serem capturados, e as narrativas autobiográficas singulares da vida ativa
do trabalhar construídas pelas/os participantes em processo de coconstrução
com as/os pesquisadoras/es, permitem entrar em contato com a maneira que
cada pessoa é atravessada pelas relações e discursos sociais, ao reconstruir os
sentidos e estratégias por elas utilizadas em função da propriedade da narrabi-
lidade, ou seja, pela capacidade de narrar sua história de vida com um senso
de identidade e legitimidade psicossocial, como propõem Duarte et al. (2010),
Ribeiro, Teixeira e Duarte (2019), Savickas (2012) e Savickas et al. (2009).
Alvesson e Willmott (2002) apontam que ao estudar as narrativas singu-
lares, necessariamente, entramos em contato com a maneira que cada pessoa é
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO57

atravessada pelas relações e discursos sociais, criando um espaço de emergên-


cia das produções discursivas sociais, ou seja, a narrativa autobiográfica seria
uma singularidade (produções narrativas pessoais, que constroem sentido para
sua vida ativa de trabalhar), na qual as/os outras/os podem se ver (produções
discursivas sociais, que constroem os significados coletivamente compartilha-
dos). É desta maneira que a narrativa autobiográfica se constrói a partir da/o
narradora/dor, mas em processo de coconstrução com a/o pesquisadora/dor.
O estudo não busca generalizações estatísticas, mas procura explorar as
complexidades dos processos contemporâneos de construção da vida ativa do
trabalhar através das narrativas das/os próprias/os trabalhadoras/es partindo
do princípio que a extrapolação, a partir das narrativas, está mais baseada “na
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validade da análise que na representatividade de eventos” (Mitchel, 1983,


p. 190) e na convalidação entre estudos metodologicamente semelhantes rea-
lizados anteriormente.
As narrativas são submetidas a uma análise de conteúdo conforme pro-
posto por Bardin (1977), acolhendo sugestões adicionais de Van Langenhove
e Harré (1993), através das seguintes etapas:

a) Definição das unidades de análise através da seleção e sistematiza-


ção de unidades de registro (a menor parte do conteúdo, expresso
por frases ou ideias extraídas do texto relativas às dimensões das
construções da vida ativa do trabalhar);
b) Leitura flutuante individualizada de cada uma das transcrições bus-
cando sentidos e significados que informem sobre a experiência
processual de construção da vida ativa do trabalhar (análise vertical)
e propiciem a definição de indicadores através do levantamento de
trechos das narrativas (unidades de registro) que sejam centrais
para categorizar a construção da vida ativa do trabalhar realizada.
Os indicadores são algo específico e concreto que representam algo
mais abstrato ou difícil de precisar (variáveis abstratas) como um
comportamento, valor ou significado, comuns e sintéticos, visando
fornecer informações condensadas sobre os vários aspectos de cada
forma de construção das carreiras. As categorias são construídas
a partir dos núcleos comuns de sentido elaborados da leitura das
narrativas e auxiliam na sistematização e diferenciação de cada
processo de construção da vida ativa do trabalhar;
c) Elaboração de um quadro sintético com os principais indicadores
de cada categoria;
d) Relação das construções da vida ativa do trabalhar singulares identi-
ficadas com categorias similares já definidas em estudos anteriores,
58

a fim de verificar pertinências e incongruências entre as narrati-


vas e a síntese do descrito na literatura da área (análise horizon-
tal), conforme descrito em Ribeiro (2014a, 2015b) e Sullivan e
Baruch (2009);
e) Apresentação de retratos de possibilidades atuais de construção
da vida ativa do trabalhar no Brasil através da classificação das/os
participantes nas categorias construídas.

3.1.2 Estudo II: pesquisa de intervenção

Segundo Tripp (2005), a pesquisa de intervenção é: (a) uma pesquisa

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aplicada, (b) parte de uma intenção de mudança ou inovação, sendo, portanto,
práticas a serem analisadas, (c) trabalha com dados criados, e (d) envolve uma
avaliação rigorosa e sistemática dos efeitos da prática realizada apoiada em
métodos científicos, não somente faz simples descrições dos efeitos destas
práticas. Este último aspecto é o fator principal que diferencia a pesquisa de
intervenção dos relatos de experiência.
Desta maneira, por meio da pesquisa de intervenção visamos elaborar
novas forma de atuação em aconselhamento de carreira, utilizando-se de
maneira sistemática dos conhecimentos existentes, através de um caminho de
fazer e refazer o próprio processo da pesquisa, pois os modelos de interven-
ção elaborados são resultados de aproximações teóricas e testes empíricos,
muitas vezes, por falta de modelos prévios de aconselhamento de carreira
para tipos diversos de trabalhadoras/es em situações e condições distintas. É
realizada uma avaliação do processo de cada encontro e, colocado em ação o
modelo proposto de atuação em aconselhamento de carreira, são apontadas
as consequências, efeitos, possibilidades e impossibilidades para esse público
específico, através da análise do material coletado por método científico espe-
cífico. As intervenções vêm sendo realizadas no SOP-IPUSP.
Como já indicado, a avaliação qualitativa da efetividade do processo
de intervenção realizado (propostas de aconselhamento de carreira) se dá
por meio do LAQuA (Life Adaptability Qualitative Assessment – Avalia-
ção Qualitativa da Adaptabilidade de Vida) e do IMCS (Innovative Moments
Coding System – Sistema de Codificação de Momentos Inovadores), métodos
validados internacionalmente.
O LAQuA foi proposto por Di Fabio (2015) e visa “avaliar a mudança ou
a falta de mudança na narrativa de vida de um indivíduo ao longo do tempo”
(Di Fabio, 2015, p. 47) estando alinhada com a perspectiva socioconstru-
cionista – base teórica da nossa agenda de pesquisa e do presente projeto
de pesquisa. O LAQuA avalia mudanças narrativas ao longo do processo de
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO59

aconselhamento de carreira comparando a produção narrativa gerada no início


com aquela gerada ao final, através de um sistema de codificação qualitativa
baseado em cinco categorias de mudança, a saber:

a) Aumento da reflexividade (increased reflexivity) – aprofundamento


reflexivo sobre narrativas já construídas anteriormente;
b) Reflexividade revista (revised reflexivity) – surgimento de no-
vas narrativas;
c) Reflexividade aberta (open reflexivity) – ampliação narrativa;
d) Reflexividade aprimorada (enhanced reflexivity) – diversifica-
ção narrativa;
e) Sem mudança (no change).
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As narrativas de cada pessoa são analisadas ao longo do processo de


aconselhamento de carreira para verificar mudanças, ausência de mudanças
e tipos de mudança realizadas de forma qualitativa por meio do sistema de
codificação proposto.
E o IMCS visa avaliar mudanças pessoais por meio da análise do pro-
cesso de construção, desconstrução e reconstrução narrativa, conforme Duarte
et al. (2010) postularam. “O principal pressuposto desse modelo é que os seres
humanos moldam significados importantes em suas vidas e identidades cons-
truindo narrativas” (Cardoso et al., 2019, p. 525) para si e para as/os outras/
os. Mudança é entendida como “o surgimento de detalhes narrativos fora da
narrativa dominante e problemática” (Cardoso et al., 2014, p. 12), possibili-
tando uma transformação nos padrões narrativos denominada de momentos
inovativos (MIs), que são a operacionalização empírica das novidades na
identidade narrativa (Cardoso et al., 2019). De acordo com Cardoso et al.
(2014, p. 12), o IMCS discrimina cinco tipos de MIs:

a) Ação – “ações específicas que desafiam uma narrativa pes-


soal problemática”;
b) Reflexão – “sentimento ou pensamentos que refletem novas pers-
pectivas sobre a narrativa problemática e suas implicações para a
vida do cliente”;
c) Protesto – “confronto contra a narrativa problemática”;
d) Reconceitualização – “compreensão do processo de mudança”
e) Realização de mudanças – “desenvolvimento de mudança por meio
de novos planos, objetivos ou atividades”.

Os cinco tipos de MIs são uma construção contínua ao longo de três


níveis: “distanciando-se da narrativa saturada”, “novos significados centrados
60

em como a mudança poderia ser ampliada”, e “consolidando a mudança”


(Cardoso et al., 2019, p. 526). Por fim, o “MI faz a ponte entre o passado, o
presente e o futuro de uma forma significativa” (Cardoso et al., 2019, p. 527).

3.1.3 Principais resultados

Entre os principais resultados deste projeto de pesquisa central, pode-


mos citar: construções e (re)construções conceituais (pesquisa teórica), a
compreensão das novas formas da carreira na contemporaneidade (pesquisa
de campo), e propostas de intervenção em orientação e aconselhamento de
carreira (pesquisa de intervenção).

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3.1.3.1 Pesquisa teórica: construção conceitual

A carreira se consolidou como um conceito restrito ao plano organiza-


cional de movimentação e ascensão, entretanto com as transformações do
mundo do trabalho, a carreira se ampliou e a redução do conceito de carreira
ao plano organizacional, impediria a análise da grande parte das trajetórias
de trabalho na contemporaneidade.
Hall (1996) anunciava esta transição conceitual no título de seu livro The
Career is Dead, Long Live the Career. A Carreira está Morta, pois a carreira
organizacional não é mais o modelo hegemônico. Longa Vida à Carreira,
pois novos modelos surgiram, ampliando suas configurações no mundo do
trabalho e gerando novas possibilidades e restrições.
Diante desta demanda de investigação, primeiramente, o campo de estu-
dos da carreira, a partir das publicações já existentes, foi sistematizado através
de três produções (Ribeiro, 2009a, 2009c, 2011a), visando apresentar o estado
da arte deste campo de estudos. De forma complementar, a questão metodo-
lógica foi discutida em três momentos (Barros Jr. & Ribeiro, 2017; Ribeiro
et al., 2011; Ribeiro, 2016b), buscando analisar quais seriam os principais
recursos do método para compreender as carreiras contemporâneas. Esta tarefa
de sistematização do campo de estudos da carreira redundou no convite para
elaboração do verbete carreira para o Dicionário de Psicologia do Trabalho
e das Organizações (Ribeiro, 2015a).
Visando dar conta de explicar os contextos de construção das trajetórias
de vida ativa do trabalhar no Brasil marcados pela desigualdade socioeconô-
mica, pela informalidade e pelo baixo suporte do Estado realizamos estudos
de campo com populações brasileiras diversas, entre elas, pessoas com sofri-
mento mental (Ribeiro, 2013b), com deficiência (Ribeiro & Ribeiro, 2017),
ou em situação de desemprego (Mandelbaum & Ribeiro, 2017). Tivemos
como síntese central, a proposta publicada em formato de livro intitulada
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO61

Carreiras: Novo Olhar Socioconstrucionista para um Mundo Flexibilizado


(Ribeiro, 2014a), oriunda da Tese de Livre Docência de Marcelo Afonso
Ribeiro, e como parte integrante de capítulo de livro em língua inglesa para
ampliar o intercâmbio internacional (Ribeiro, 2016a). Esta visão de carreira
fundamentou todas as demais pesquisas realizadas posteriormente. Além disso,
a visão ontológica relacional e psicossocial subjacente ao conceito de carreira
proposto foi discutida em dois textos: um publicado no Brasil (Ribeiro, 2017a)
e outro nos Estados Unidos (Ribeiro, 2017b).
Partindo do princípio de que a origem etimológica da palavra carreira é
via carraria (Ribeiro, 2014a) que significa trajeto ou percurso e que o termo
foi historicamente reduzido ao percurso no interior das organizações, pro-
pusemos que ele fosse ampliado para mais variadas formas que este trajeto
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se constrói nas relações entre pessoas e mundo do trabalho. Desta maneira,


consideramos carreira toda e qualquer trajetória de vida ativa do trabalhar,
independente da formação educacional, tipo de vínculo de trabalhar (formal
e informal) ou característica do trabalhar desenvolvido.
Arulmani (2014) sugere o termo planejamento de subsistência (livelihood
planning) ao invés de carreira justificando que as trajetórias produzidas na
informalidade e por trabalhadoras/es de baixa qualificação não atenderiam
aos requisitos do que se considera uma carreira. Por que, então, manter a
concepção de carreira?
O termo carreira faz parte do vocabulário científico, administrativo e
cotidiano do trabalhar e legitima as trajetórias socialmente reconhecidas de
trabalhar. Assim, “ampliar o escopo da utilização do termo carreira para as
relações ampliadas e estendidas entre pessoas e mundo do trabalho, é contri-
buir na desconstrução de um discurso elitizado e na construção de um discurso
mais democratizador” (Ribeiro, 2014a, p. 75), porque

ao nomear uma variedade de trajetórias de trabalho como “carreiras”,


podemos reconhecê-las como trajetórias válidas e com legitimidade social,
o que, pode potencialmente gerar uma maior inclusão simbólica e mate-
rial de um conjunto diverso de pessoas no mundo do trabalho (Ribeiro &
Fonçatti, 2017, p. 201).

Sultana (2017) reforça este argumento ao dizer que há um perigo em dis-


tinguir estratégias de subsistência (livelihood plannings) de carreiras (careers),
pois através desta posição, “reproduzimos e legitimamos diferenças de valores,
status e poder construindo uma hierarquia no mercado de trabalho” (p. 13).
Como forma de ampliar o intercâmbio internacional e seguir com a
construção conceitual proposta, foram produzidos textos publicados em lín-
gua inglesa no exterior, que objetivaram analisar a pertinência no contexto
62

brasileiro de constructos teóricos do campo de estudos da carreira produzidos


na Europa e nos Estados Unidos.
Uma primeira publicação visou analisar quanto os conceitos tradicionais
de carreira tem dificuldade de auxiliar na compreensão das construções das
trajetórias de trabalho em contextos marcados pelo desemprego, informalidade
e pouca profissionalização, como é o contexto brasileiro (Ribeiro, 2016a). Uma
segunda publicação buscou compreender os conceitos de adaptabilidade de
carreira e resiliência de carreira em contextos vulnerabilizados, como o con-
texto brasileiro (Ribeiro, 2017c). Uma terceira publicação objetivou analisar o
conceito de carreira como gerador de injustiça social em função do gap entre
a teoria e a prática (Ribeiro & Fonçatti, 2017). E, finalmente, uma última

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publicação analisou a pertinência das teorias de carreira produzidas no Norte
global e a potencialidade teórica proposta pelo Sul global (Ribeiro, 2020d).
Por último, propusemos a discussão de questões contemporâneas como
a flexibilização da vida ativa do trabalhar e seus impactos nas construções
identitárias (Ribeiro, 2020e), a necessidade de ampliar a noção de trabalho
decente proposta pela Organização Internacional do Trabalho (International
Labour Organization, ILO, 1999) através de um olhar psicossocial (Ribeiro,
2020a; Rossier et al., 2020) e a OPC diante da crise gerada pela pandemia
(Ribeiro, 2020c, 2021b).

3.1.3.2 Pesquisa de campo: compreensão das novas formas da vida ativa


do trabalhar na contemporaneidade

Uma segunda contribuição oriunda da nossa agenda de pesquisa vincu-


lado ao presente projeto de pesquisa foi auxiliar na análise das novas formas
de carreira, que encontram poucos estudos na literatura especializada, pois
os estudos existentes são basicamente focados nas carreiras organizacionais
ou nas trajetórias de trabalhadoras/es com formação universitária, visando,
principalmente, contribuir na reflexão e no planejamento de políticas públicas
de trabalho, emprego e renda.
Um primeiro estudo visou sistematizar os diferentes discursos produ-
zidos sobre carreira na literatura especializada (Ribeiro, 2013a), tendo com
resultados quatro produções discursivas: carreira organizacional, carreira
profissional/ocupacional, carreira flexível e não carreira.
Um segundo estudo (Ribeiro, 2015b), que foi central para o presente
projeto de pesquisa, visou identificar, descrever e analisar formas contempo-
râneas de compreensão e construção das carreiras que vem sendo realizadas
na realidade brasileira através da produção de narrativas autobiográficas sobre
a trajetória de vida ativa do trabalhar de um grupo de 40 trabalhadoras/es
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO63

urbanas/os da cidade de São Paulo com formação universitária. Os principais


achados apontaram a existência de 5 padrões narrativos de construção das
carreiras que estão relacionados aos conceitos de carreira existentes, a saber:
nostalgia (carreira organizacional), possibilidade (carreira proteana e sem
fronteiras), fechamento (carreira profissional), instrumentalidade (carreira
transicional) e híbrido (carreiras híbridas).
Os principais resultados mostraram que um quarto das/os participantes
buscava estabilidade, continuidade e linearidade da carreira (Nostalgia), um
quarto procurou flexibilidade e descontinuidade (Possibilidade), cerca de 1/7
procurou uma carreira baseada na profissão/ocupação (Fechamento), cerca de
um terço construíram narrativas de carreira híbridas, e houve uma emergência
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frequente de crises (Instrumentalidade). A principal contribuição deste estudo


foi confirmar a característica híbrida das construções de carreira contemporâ-
neas produzidas em uma tensão constante entre estabilidade e flexibilidade,
bem como entre permanência e mudança, mas com base em padrões coletivos
(Ribeiro, 2015b).
De forma complementar, um terceiro estudo sobre jovens com forma-
ção universitária em início de carreira foi realizado (Knabem & Ribeiro,
2015; Knabem et al., 2018) e visou compreender as novas formas da car-
reira a partir de quem está iniciando sua trajetória de vida ativa do trabalhar,
apontando um misto de carreiras flexíveis e organizacionais, dependendo da
profissão desempenhada.
Um quarto conjunto de estudos (Cohen-Scali et al., 2020; Ribeiro et al.,
2020; Ribeiro, Silva & Figueiredo, 2016) visou compreender o que seria um
trabalhar decente e uma trajetória de trabalhar decente para jovens e adultas/os
trabalhadoras/es urbanas/os sem formação universitária, em geral, trabalhando
na informalidade. Como conclusão, as/os participantes buscaram o trabalho
de acordo com os princípios recomendados pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT). No entanto, em contextos de vulnerabilidade e suporte restrito
do Estado, esses princípios são construídos na comunidade e não oferecidos
pelo poder público, o que gera formas distintas de trabalhar decente (Ribeiro,
Silva & Figueiredo, 2016, p. 1).
E, por último, questões de gênero relativas às construções da vida ativa
do trabalhar entre mulheres foram estudadas (Almeida, 2020; Cavalcante,
2021; Ribeiro, Uvaldo & Silva, 2016).

3.1.3.3 Pesquisa de intervenção

A fim de integrar teoria e prática, realizamos algumas pesquisas de inter-


venção através da construção e início da experimentação de novas estratégias
64

de aconselhamento de carreira realizadas no SOP-USP. Basicamente, busca-


mos construir um modelo de intervenção que pudesse atender os mais varia-
dos públicos, não somente jovens de classe média e alta procurando auxílio
para sua escolha profissional, nem universitárias/os, nem profissionais com
formação universitária buscando repensar e replanejar suas carreiras para
realizar transições de carreira – público ainda predominante na OPC no Brasil
(Ambiel et al., 2017).
Neste sentido, após realizarmos algumas reflexões teóricas (Ribeiro,
2013b, 2018b) e apresentarmos uma proposta inicial de OPC com base no
construcionismo social (Ribeiro, 2011c) e na concepção de carreira psicosso-
cial proposta (Ribeiro, 2014a, 2016a), foi apresentada a proposta sociocons-
trucionista do aconselhamento de carreira intercultural (Silva et al., 2016), que

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já vem sendo aperfeiçoada (Ribeiro, 2018a) e potenciais estratégias a serem
utilizadas (Ribeiro, 2020b), bem como um modelo de OPC fundamentado
na interseccionalidade de classe, gênero/sexualidade e raça/etnia (Ribeiro &
Almeida, 2019; Ribeiro, Figueiredo & Almeida, 2021). Estes dois modelos
foram propostos para pensar intervenções com pessoas em situação de vulne-
rabilidade (Ribeiro, 2016b) ou trabalhando na informalidade (Ribeiro, 2018a;
Ribeiro & Ribeiro, 2019) ou ainda sem formação universitária (Ribeiro et al.,
2018). O modelo requer uma maior experimentação prática, bem como uma
avaliação sistemática do processo de aconselhamento de carreira proposto,
o que vimos realizando.

3.2 Estudos multicêntricos internacionais

Como forma de exemplificar estudos multicêntricos internacionais que


nosso grupo de pesquisa faz parte, apresentamos a pesquisa intitulada Per-
cepção de Trabalho Decente e Futuro entre Jovens com Baixa Qualificação
em Países dos Hemisférios Norte e Sul (Perception of Decent Work and the
Future Among Low Qualified Youths in Northern and Southern Countries) rea-
lizado pela rede de pesquisadoras/es de 18 países de 3 continentes (Américas,
Europa e África) como parte integrante das atividades da Cátedra UNESCO
em orientação e aconselhamento ao longo da vida (UNESCO chair on lifelong
guidance and counseling), da qual a USP participa representada por Marcelo
Afonso Ribeiro.
A parte da pesquisa da qual somos responsáveis visa compreender as
percepções de trabalho decente e futuro para um conjunto de jovens traba-
lhadoras/es com baixo nível de qualificação da cidade de São Paulo, Brasil,
e contrastá-los com a definição de trabalho decente do OIT, visando analisar
as relações, semelhanças e diferenças entre um discurso social coletivo ins-
tituído e as narrativas singulares das/os entrevistadas/os, e contribuir com as
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PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO65

discussões acerca da noção de trabalho decente e suas possibilidades e limites


em termos de concepção teórica e aplicação prática.
Nos interessa compreender os sentidos atribuídos ao trabalho para poder
cruzar estes sentidos com os significados produzidos por discursos institucio-
nais, como, por exemplo, a noção de trabalho decente da OIT (ILO, 1999) a
fim de analisar as pertinências e incongruências entre narrativas de trabalha-
doras/es de dado contexto específico e discursos genéricos produzidos por
instituições internacionais, pois, como indica Kaplan (2002, p. 180): “Os
instrumentos políticos operam como modos de discurso retóricos e normativos
para convencer os outros a agir”.
Para tal, foi realizado um estudo qualitativo de característica exploratória
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e descritiva seguido de procedimentos analíticos para construir categorias a


partir dos elementos comuns a toda a base de dados. A seleção das/os parti-
cipantes foi intencional, tendo como critérios de inclusão ser jovem traba-
lhadora/dor (50% mulheres e 50% de homens) com idade entre 20 e 25 anos
que trabalham, não estudam e têm um baixo nível de qualificação (ensino
fundamental incompleto/completo ou ensino médio incompleto) da cidade de
São Paulo, Brasil. O instrumento utilizado para coleta de dados foi a entrevista
semiestruturada com um roteiro estabelecido, baseada em tópicos flexíveis
que permitem perguntas abertas a fim de explorar experiências e atitudes
(Pope et al., 2002). O roteiro da entrevista semiestruturada visou estimular
a/o participante da pesquisa a narrar aspectos relativos ao seu cotidiano de
trabalho, bem como os significados e sentidos atribuídos ao mesmo, com foco
na percepção de trabalho decente. É formada por quatro partes que explora-
ram quatro aspectos da experiência da/o jovem ligados ao trabalho decente:
(1) Percepção do trabalho em geral (O que vocês acham que o trabalho é e
como acham que deveria ser?); (2) Seu próprio trabalho: descrição, avaliação,
explicações (Qual é o seu trabalho? Como o considera? É decente ou não?);
(3) Sua narrativa de vida (Como chegou a essa trajetória de trabalho? Quais
foram os principais eventos significativos para a construção desta trajetória?
Como vê seu futuro?), e (4) Sua identidade e relação atuais com outras esferas
da vida (Como você organiza sua vida a partir desse trabalho? Como ele se
relaciona com suas outras esferas de vida? Como deseja que sua vida possa
evoluir?). Para a interpretação e análise dos dados foi realizada uma análise
de conteúdo baseada na proposta de Bardin (1977).
Os principais resultados indicaram a compreensão de que o trabalho reali-
zado pelas/os participantes não era um trabalho decente, não seria estruturante
da vida, e que atenderia as necessidades de sobrevivência, mas impediria a
autodeterminação. As implicações do estudo apontaram para a necessidade de
contextualizar a concepção de trabalhar decente e reconstruir as práticas de
66

OPC e de gestão de pessoas de acordo com as características socioculturais


do público-alvo.
Os resultados desta pesquisa estão publicados de três maneiras. Os resul-
tados comparativos gerais estão em Cohen-Scali et al. (2020), os resultados
comparativos entre Brasil e Portugal estão em Ribeiro et al. (2020) e os
resultados nacionais estão publicados em Ribeiro, Costa e Gonçalves (2021).

3.3 Estudos multicêntricos nacionais

Um exemplo de estudo multicêntrico nacional em parceria com dois pes-


quisadores que não trabalham com base no construcionismo social, apontando
a abertura ao diálogo epistêmico do nosso grupo de pesquisa, foi a pesquisa

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intitulada Trabalho Decente no Contexto Brasileiro: Exploração de seus Sig-
nificados e Validação da Escala de Trabalho Decente realizada em parceria
com Marco Antônio Pereira Teixeira da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFGRS) e Rodolfo Ambiel da Universidade São Francisco (USF-SP).
Teve como objetivo explorar qualitativamente a noção de trabalho decente
no Brasil a partir de uma visão psicossocial e validar a Escala de Trabalho
Decente em contexto brasileiro.
Coube ao nosso grupo de pesquisa realizar o primeiro objetivo por meio
de uma análise de conteúdo a partir da proposta de Bardin (1977) das respostas
a questão aberta: Trabalho decente é aquele que atende aos padrões mínimos
aceitáveis para uma vida boa. Dada esta definição, quais componentes você acha
que um trabalho precisa para ser considerado decente ou aceitável? A análise
envolveu duas etapas: uma quantitativa e outra qualitativa. As respostas foram
analisadas e as expressões utilizadas para caracterizar trabalho decente foram
agrupadas em categorias (dimensões) de acordo com sua similaridade de sentido.
Conforme apontado em Ribeiro, Teixeira & Ambiel (2019), quatro novos
elementos emergiram em relação à definição de trabalho decente da OIT.

Em primeiro lugar, a questão do respeito como elemento fundante de


qualquer relação de trabalho. Em segundo lugar, a importância das condi-
ções dignas de trabalho em termos tanto objetivos (infraestrutura física e
material), quanto psicossociais (bom ambiente relacional, reconhecimento
e valorização dos trabalhadoras/es)... Em terceiro lugar, a importância da
dimensão psicológica da realização e de um trabalho com sentido para
todas/os – dimensão não sublinhada pela OIT... E, finalmente, como achado
mais significativo, a necessidade central de que um trabalho para ser con-
siderado decente tenha que articular tanto o desenvolvimento pessoal,
quanto social, ou seja, o adjetivo decente estaria vinculado a capacidade
que o trabalho teria de articular pessoas e sociedade a fim de construir um
mundo melhor (p. 238).
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO67

Podemos ver um exemplo do achado mais significativo na vinheta a


seguir: “Trabalho decente é aquele que concilia crescimento pessoal e pro-
moção de bem-estar social” (Ribeiro, Teixeira & Ambiel, 2019, p. 236).

3.4 Estudos singulares

Apresentaremos, aqui, os estudos das quatro coautoras do presente livro,


a partir dos resumos elaborados para suas teses de doutorado e dissertações
de mestrado, como forma de exemplificar estudos derivados do projeto de
pesquisa central.

3.4.1 Construção da carreira em egressas/os do ensino superior


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público: trajetórias e projeto de vida de trabalho

Em sua tese de doutorado, Andréa Knabem (2016) estudou os anos ini-


ciais de construção da carreira de egressas/os de uma universidade pública
brasileira visando contribuir com o aprimoramento da compreensão deste
período específico do processo de construção das carreiras. Teve, então, como
público analisado jovens (homens e mulheres) entre 27 e 31 anos com for-
mação superior, e utilizou a entrevista compreensiva como instrumento e a
grounded theory como método de análise.

Os estudos sobre a construção da carreira imprimem novas desafios aos


estudiosos da área da Psicologia, Psicologia Social do Trabalho e da
Orientação Profissional e de Carreira uma vez que o trabalho está cada
vez mais multifacetado e polissêmico na contemporaneidade. A partir
da contribuição do Construcionismo Social, a presente Tese buscou
compreender os anos iniciais da trajetória profissional e projeto de vida
de trabalho de egressos do Ensino Superior Público. O objetivo geral
da pesquisa foi analisar e compreender o processo da trajetória profis-
sional e do projeto de vida de trabalho do graduado do Ensino Superior
Público no mundo do trabalho com mais de cinco anos de formação.
Como objetivos específicos, temos a ampliação do entendimento sobre
a construção da carreira na perspectiva psicossocial do Construcionismo
Social, e a descrição da forma de ingresso no mundo do trabalho em
relação às dificuldades/facilidades encontradas e o projeto de futuro. A
abordagem da pesquisa foi qualitativa com embasamento da Grounded
Theory. Os egressos são do curso de Administração-Diurno, Turismo
e Psicologia da Universidade Federal do Paraná formados em 2008,
de ambos os sexos. Foram realizadas 25 entrevistas sobre a trajetória
profissional e o projeto de vida de trabalho complementadas pelo estudo
com um conjunto de 54 egressos dos mesmos cursos que responderam
68

um questionário enviado online utilizando o LimeSurvey. Os principais


resultados destacaram que nos movimentos laborais dos entrevistados,
existem elementos que indicam a presença de uma estabilidade, apesar
de uma constante injunção para a flexibilização da trajetória e dos pro-
cessos de construção de si no mundo. Destaca-se, também a importância
da escolha do curso como fator relevante para o sucesso no futuro em
função das diferenças entre as oportunidades oferecidas por diferentes
mercados de trabalho dos distintos cursos formativos; e a significância
das vivências durante a graduação como fator formativo e facilitador da
competência de construção de si no mundo e marcas importantes para as
primeiras experiências laborais. O início da vida profissional se dá por
combinações de possibilidades e limites que o contexto sociolaboral pro-

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piciou associada à busca de diversificação de espaços de trabalho frente
às possibilidades de atuação do profissional. A abertura de concursos
públicos possibilitou uma inserção com remuneração e continuidade de
formação ou mesmo busca de novos caminhos profissionais. As análises
realizadas apontam para a diversidade de experiências laborais após
a graduação, uma continuidade dos estudos com vistas a capacitação
para a inserção no mundo do trabalho, e o caráter predominantemente
social dos movimentos laborais. Assim, os primeiros passos das carreiras
contemporâneas guardam relação com o que se fazia tradicionalmente
como início de carreira, entretanto, também, apontam uma mistura de
formas para a construção das trajetórias e projetos de vida de trabalho
que articulam estratégias mais clássicas, como a busca de um emprego
público e a volta aos estudos como maneiras de ascensão na carreira,
com estratégias mais contemporâneas, como a aprendizagem no local
de trabalho (Knabem, 2016, p. 9).

3.4.2 A vida ativa de trabalhar de vendedoras e vendedores na cidade


de São Paulo

Em sua dissertação de mestrado, Paula Morais Figueiredo (2016) estu-


dou a vida ativa do trabalhar a partir da análise do cotidiano de trabalho de
vendedoras e vendedores ambulantes da rua Teodoro Sampaio, na cidade de
São Paulo enfocando suas rotinas, inventividades e múltiplas redes de socia-
bilidade. Teve, então, como público analisado homens e mulheres adultas/os
entre 50 e 59 anos com escolaridade entre o ensino fundamental e o ensino
médio que trabalhavam de maneira informal como vendedoras/es ambulantes,
utilizou a entrevista compreensiva como instrumento e os núcleos de sentido
como estratégia de análise.

A presente pesquisa tem como objetivo compreender o cotidiano de tra-


balho de vendedoras e vendedores ambulantes da rua Teodoro Sampaio,
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO69

localizada na cidade de São Paulo, através da perspectiva dos processos


organizativos, considerando a forma através da qual o trabalho é pensado
e realizado na prática diária das pessoas. Foi utilizada a abordagem qua-
litativa, a partir da realização de entrevistas compreensivas e, também,
incursões a campo, momento no qual a pesquisadora interagiu com as/
os vendedoras/es e frequentadoras/es da região e também pôde observar
seu cotidiano de trabalho. As entrevistas e demais interações enfatizaram
trabalhadoras e trabalhadores em suas vivências e percepções. A análise
das entrevistas permitiu constatar que este tipo de comércio possui normas,
objetivos e modos de organização próprios, que envolvem desde a esco-
lha dos produtos a serem vendidos, do local que estes serão comprados e
do ponto em que será realizada a venda até as múltiplas formas de atrair
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as/os clientes – a exemplo de bordões ou das frequentes negociações


por descontos. Assim, evidencia-se que qualidades como organização
e planejamento não se restringem a gestoras/es de empresas: ao contrá-
rio, são características humanas, utilizadas com bastante frequência por
trabalhadoras e trabalhadores – que se mostram capazes, portanto, de
gerir seu próprio trabalho e de configurar uma rotina singular. Quanto às
formas de se organizar o trabalho, observou-se uma heterogeneidade de
práticas e arranjos possíveis, haja vista que cada vendedora/or faz suas
escolhas levando em consideração a forma como o trabalho se articula
com outras esferas da sua vida e tomando como base suas experiências
cotidianas, numa espécie de inventividade dos processos organizativos do
trabalho. Destacaram-se algumas diferenças entre mulheres e homens na
organização de suas rotinas de trabalho: as primeiras têm jornadas mais
flexíveis e o principal motivo para esta diferença é a necessidade de se
conciliar o trabalho fora de casa com o trabalho doméstico e/ou o cuidado
com familiares. Na busca pela compreensão da forma como vendedoras e
vendedores ambulantes vivenciam seus cotidianos de trabalho, destacou-se
o caráter relacional da experiência de trabalho, que precisa ser analisada
levando-se em consideração outras dimensões e relacionamentos da vida
de cada pessoa, bem como o contexto social, cultural e econômico mais
amplo marcando a importância das suas múltiplas redes de sociabilidade
para sua atividade de trabalho (Figueiredo, 2016, p. 7).

3.4.3 A influência de discursos sociais sobre a construção das carreiras


de adultas/os jovens

Em sua dissertação de mestrado, Milena Sampaio Greve (2018) estudou


como discursos sociais dominantes, como empreendedorismo, individuali-
zação, flexibilização, entre outros, influenciam o início da carreira de jovens
profissionais igualmente visando contribuir com o aprimoramento da com-
preensão deste período específico do processo de construção das carreiras.
70

Teve, então, como público analisado jovens (homens e mulheres) entre 27 e


31 anos com formação superior, e utilizou as narrativas autobiográficas como
instrumento e o enfoque qualitativo narrativo como método de análise.

A presente pesquisa teve como objetivo compreender as possibilidades de


construção e transição de carreira de adultos jovens com cerca de cinco
anos de experiência de trabalho a partir das suas narrativas de vida de
trabalho e acessar qual a influência dos discursos sociais da atualidade
e sua relação com eles. A partir do Construcionismo Social, como base
epistemológica, e a partir de enfoque qualitativo narrativo, foram realiza-
das quatro entrevistas abertas com dois enfermeiros e duas profissionais
da área da Tecnologia da Informação, de classes sociais distintas e com

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formações em universidade pública e privada. Foram elaborados quatro
retratos de possibilidades de construção de carreira de adultos jovens na
contemporaneidade que apontam para a relevância da influência de dis-
cursos sociais relativos à instabilidade, à aceleração gerada pelo avanço
tecnológico e ao excesso de carga de trabalho. Encontrou-se diferenças na
influência de discursos sociais de acordo com a profissão e com a classe
social/tipo de universidade cursada. Os achados contribuem para a amplia-
ção da compreensão sobre as possibilidades de construções e transições
de carreira contemporâneas considerando as macronarrativas presentes na
atualidade e as narrativas dos adultos jovens que as vivenciam. Com isso
buscou-se contribuir para o campo da Psicologia Social do Trabalho e da
Orientação Profissional e de Carreira (Greve, 2019, p. 9).

3.4.4 Especificidades nas demandas de mulheres por orientação


profissional e de carreira

Em sua dissertação de mestrado, Maria Celeste de Almeida (2020) bus-


cou analisar as especificidades demandadas por mulheres para intervenções
de aconselhamento de carreira, visando aprimorar a compreensão das crises
de carreira e da construção das estratégias de aconselhamento. Teve, então,
como público analisado mulheres adultas entre 30 e 40 anos com formação
superior que haviam sido atendidas em aconselhamento de carreira, e utilizou
relatórios de atendimento como instrumento e a análise de conteúdo como
método de análise.

A presente pesquisa teve como objetivo, identificar a existência de especi-


ficidades nas demandas de mulheres que procuram auxílio em processos
de orientação profissional e de carreira (OPC). A pesquisa foi feita atra-
vés do Serviço de Orientação Profissional do Instituto de Psicologia da
Universidade de São Paulo (SOP-IPUSP) que é um serviço universitário
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO71

criado em 1970 para atender as demandas de estágios práticos para as/os


alunas/os do curso de psicologia na área de OPC oferecendo atendimento
à comunidade, atuando em conjunto com o LABOR (Laboratório de Estu-
dos sobre Trabalho e Orientação Profissional), auxiliando pesquisas nesta
área e atendendo gratuitamente jovens, adultas/os e universitárias/os. Para
embasamento teórico, foi utilizada a perspectiva teórica do socioconstru-
cionismo, e foi feita uma pesquisa qualitativa, através das narrativas reti-
radas dos relatórios de entrevista de triagem das participantes da pesquisa.
O resultado desta pesquisa apresenta dois pontos importantes a serem con-
siderados. O primeiro, confirma a literatura nacional e internacional sobre
o tema, e mostra a grande desigualdade entre a construção de carreira das
mulheres e dos homens, no que diz respeito à oportunidades de trabalho
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e salários, ficando claro o quanto as relações de gênero sobredeterminam


as demandas das mulheres que procuram um processo de orientação de
carreira, principalmente em função da maternidade, das relações afetivas e
da construção dos papéis de gênero pelas famílias de origem. O segundo,
original da presente pesquisa, se constituindo numa contribuição relevante,
foi ver quanto e como as relações de gênero (apoios) podem auxiliar na
construção da carreira das mulheres. Conclui-se também que é indiscutível
e de grande importância, a inclusão do gênero nas análises do campo da
orientação profissional e de carreira (OPC) (Almeida, 2020, p. vii).

Concluindo, o presente capítulo apresentou retratos das possíveis manei-


ras de pesquisar a vida ativa do trabalhar de públicos variados (jovens, adultas/
os, homens, mulheres, com formações e atividades de trabalhar variadas)
visando construir um campo de compreensão e análise do trabalhar, das cons-
truções identitárias do trabalhar e das construções das carreiras a partir da
perspectiva construcionista na articulação entre a OPC e a POT.
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CAPÍTULO 4
PRINCIPAIS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS
Neste quarto capítulo, apresentamos os resultados acadêmicos de nossas
pesquisas, citando nossas principais publicações com seus respectivos resumos
como forma de exemplificar como pensamos e praticamos ciência.

4.1 Publicações internacionais

4.1.1 Artigos
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Ribeiro, M. A. (2012). Las construcciones identitarias en el trabajo en la


contemporaneidad: retrato de un grupo de trabajadores urbanos en la ciudad
de San Pablo (Brasil). Psykhe, 21, 61-75.

O artigo visou identificar se (e como) tipos de construções identitá-


rias de trabalho descritos em trabalhos anteriores (nostalgia, fechamento,
possibilidade, híbrido e instrumentalidade) emergiam nas narrativas de 40
adultas/os com média de 47,5 anos de idade e 20 anos de carreira por meio
de entrevistas em profundidade e análise de conteúdo. Os achados apontam
um predomínio de tipos híbridos (35%), um equilíbrio entre a estabilidade
do tipo nostalgia e a flexibilidade do tipo possibilidade (25% cada um), uma
presença pequena do tipo fechamento focado na profissão (12,5%) e um único
caso de instrumentalidade (2,5%).

Ribeiro, M. A. (2013). Reflexiones epistemológicas para la Orientación Pro-


fesional en América Latina: una propuesta desde el Construccionismo Social.
Revista Mexicana de Orientación Educativa, 10(24), 2-10.

Neste ensaio, apresentam-se as principais bases ontológicas, epistemoló-


gicas e metodológicas da OPC analisando se respondem às necessidades con-
temporâneas do contexto latino-americano, que é marcado por desigualdades
e instabilidades sociais. As propostas existentes são organizadas nos enfoques
psicanalítico, sócio-histórico, construtivista, construcionista e objetivista.
Em seguida, são propostos alguns princípios teóricos e técnicos que visam
responder a essas demandas a partir da perspectiva do construcionismo social
baseada nos apontamentos anteriores do autor.

Ribeiro, M. A. (2013). Trabalho e “loucura”: articulações psicossociais


possíveis? Reflexões a partir do campo da Psicologia Social do Trabalho.
74

Universitas Psychologica, 12, 1269-1282. https://doi.org/10.11144/Javeriana.


UPSY12-4.tlas

Esse artigo se propõe a construir uma reflexão teórica das relações entre
trabalho e a loucura com base na proposta da psicologia social do trabalho.
Visa fazer proposições em termos teóricos, técnicos, programáticos e polí-
ticos, mostrando a importância da inclusão desse campo do saber no campo
interdisciplinar de estudos da temática. Como conclusão, aponta que o mundo
contemporâneo do trabalho é, ao mesmo tempo, o mundo da precarização
e o mundo das oportunidades, principalmente para pessoas que vivem com
sofrimento mental.

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Ribeiro, M. A. (2015). Contemporary patterns of career construction of a group
of urban workers in São Paulo (Brazil). Journal of Vocational Behavior, 88,
19-27. http://doi.org/10.1016/j.jvb.2015.02.008

O artigo sistematiza o quadro ontológico, epistemológico, metodológico


e ético da abordagem psicossocial da carreira com base no construcionismo
social. A proposta do levantamento e articulação das principais construções
de carreira propostas na literatura recente e a pesquisa de campo com 40 tra-
balhadoras/es urbanas/os da cidade de São Paulo. A proposição do conceito
de carreira psicossocial, a partir de uma perspectiva socioconstrucionista,
construída pela articulação entre duas dimensões subjetivas e sociais possibi-
litou o entendimento das carreiras como nostalgia, fechamento, possibilidade,
instrumentalidade e híbrida.

Ribeiro, M. A., Uvaldo, M. C. C., & Silva, F. F. (2015). Some contributions


from Latin American career counselling for dealing with situations of psycho-
social vulnerability. International Journal for Educational and Vocational
Guidance, 15(3), 193-204. http://doi.org/10.1007/s10775-015-9285-7

O artigo analisa algumas propostas latino-americanas e destaca como


entender o mundo do trabalho flexível, instável e potencialmente gerador de
vulnerabilidades no espaço do aconselhamento de carreira. Para pensar e lidar
com a tarefa de compreender e intervir em contextos de desigualdade onde
a vulnerabilidade psicossocial é gerada. Os resultados apontam que o acon-
selhamento de carreira deve ser interdisciplinar e psicossocial com práticas
contextualizadas e compromisso social, integrado às políticas públicas, como
iniciativas comunitárias e institucionais.

Ribeiro M. A., Silva, F. F., & Figueiredo, P. M. (2016). Discussing the


notion of decent work: Senses of working for a group of Brazilian workers
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO75

without college education. Frontiers in Psychology, 7, Article 207. https://


doi.org/10.3389/fpsyg.2016.00207

O objetivo deste artigo consistiu em compreender os sentidos que trabalha-


doras/es urbanas/os da região metropolitana de São Paulo atribuíam ao trabalhar
e, em seguida, comparar suas narrativas pessoais com o discurso de trabalho
decente proposto pela OIT. Para tanto, foi adotada uma metodologia qualitativa.
As narrativas das/os trabalhadora/es indicaram a busca por uma remuneração
justa, oportunidades de desenvolvimento de carreira e segurança, em conso-
nância com o discurso coletivamente estabelecido sobre trabalho decente pela
OIT. Entretanto, para elas/es, tais aspectos não são garantidos via Estado, mas
através de redes informais de relacionamentos, como a família e a comunidade.
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Ribeiro, M. A., Uvaldo, M. D. C. C., & Silva, F. F. (2016). Impact of gender


relations on the narrative patterns of working identity constructions: A case
study with Brazilian urban workers. Journal of Counsellogy, 5, 237-256.

Esse estudo visou compreender os principais padrões narrativos da cons-


trução identitária de trabalho e influências das relações de gênero. Foi realizada
a análise de conteúdo das narrativas de um conjunto de 40 trabalhadoras/es
urbanas/os através de uma abordagem qualitativa. Como resultado, foram
construídos cinco padrões narrativos: organizacional, profissional/ocupacional,
networking, híbrido e desidentificação. As conclusões apontam para a coe-
xistência entre modelos tradicionais de construção de identidade e modelos
flexíveis e híbridos. Destaca importante diferença de gênero que consiste na
maior tendência das mulheres em mudar.

Silva, F. F., Paiva, V., & Ribeiro, M. A. (2016). Career construction and
reduction of psychosocial vulnerability: Intercultural career guidance based
on Southern epistemologies. Journal of the National Institute for Career Edu-
cation and Counselling, 36, 46-53. http://doi.org/10.20856/jnicec.3606

Baseado nas ideias interculturais de Boaventura Souza Santos e numa


perspectiva construcionista social informada pelas epistemologias do sul, o
artigo se apoia em experiências e pesquisas em escolas públicas brasileiras
de ensino médio, destacando os fundamentos teóricos e práticos para uma
abordagem em orientação de carreira intercultural, que aborda a vulnerabili-
dade psicossocial e a injustiça social.

Ribeiro, M. A. (2018). Comprensiones híbridas y diálogo intercultural: dos


principios básicos para la construcción de propuestas contextualizadas en
76

orientación y asesoramiento para la carrera. Revista Mexicana de Orientación


Educativa, 15(34), 1-21. https://doi.org/10.31206/rmdo032018

A partir do construcionismo social, o artigo discute e propõe dois prin-


cípios básicos para a construção de enfoques contextualizados em orientação
e aconselhamento: hibridismo e interculturalidade. O questionamento do pre-
domínio de que essas práticas se fundamentam em epistemologias do Norte
global e desconsideram especificidades locais, geram práticas descontextua-
lizadas e dificultam uma perspectiva teórico-prática que auxilie o Sul global.
A proposta para os contextos latino-americanos indica que o quadro teórico
híbrido e intercultural facilitará e permitirá o pensar em qualquer contexto de
orientação e aconselhamento de carreira.

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Cohen-Scali, V., Masdonati, J., Disquay-Perot, S., Ribeiro, M. A., Vilhjálmsdóttir,
G., Zein, R., Busciarelli, J. K., Moumoula, I. A., Aisenson, G., & Rossier, J.
(2020). Emerging adults’ representations of work: A qualitative research in
seven countries. Emerging Adulthood, Article 2167696820963598. https://doi.
org/10.1177/2167696820963598

O artigo analisa as representações de 10 adultas/os emergentes sem


diplomas e acesso ao trabalho decente, entre 20-25 anos de idade em sete
países. Foram entrevistadas/os e os dados analisados por meio de análise de
conteúdo temática. Os resultados indicaram que associam trabalho decente
com duas qualidades específicas: a de o trabalho permitir que as necessidades
de sobrevivência estejam contempladas e a experiência de vida social positiva
no local de trabalho. Essas/es adultas/os emergentes entrevistadas/os desejam
ter oportunidades de exploração de identidade no local de trabalho, mas o
mercado de trabalho local nem sempre oferece essas oportunidades. Conclui
que para a orientação de carreira e aconselhamento ajudar jovens desfavore-
cidas/os é necessário pensar sua situação de trabalho presente e futura.

Ribeiro, M. A. (2020). Working identity constructions and workplace lear-


ning modes in a global South country: Exploring relations through a narra-
tive approach. Journal of Pedagogical Research, 3(1), 37-49. https://doi.
org/10.33902/JPR.2019.3

O artigo identifica e discute a relação entre trabalho, educação e modos


de subjetivação sistematizando a pesquisa narrativa qualitativa de entrevistas
com trabalhadoras/es urbanas/os da cidade de São Paulo. O estudo articulou três
padrões narrativos do modo de aprendizagem no local de trabalho com cinco
padrões narrativos correspondentes de construção de identidade de trabalho
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO77

marcados por dois movimentos opostos, igualmente significativos: busca de


estabilidade e uso de modos de aprendizagem formal e busca por flexibilidade e
uso de informações informais e relacionais como modos de aprendizagem. Além
disso, a inter-relação entre os modos definiu padrões narrativos de identidade
híbrida, e a ausência de modos de aprendizagem no local de trabalho delineou
padrões narrativos de identidade transicional, o que é entendido como uma crise
de transição. Conclui que os modelos tradicionais de construção de identidade
coexistem com modelos flexíveis, também como modos de aprendizagem formal
coexistem com modelos informais e relacionais. Sendo que os modos híbridos
surgem como uma fusão ou construção conjunta entre modos preexistentes.

Ribeiro, M. A. (2020). Integrating discursive validation in career counselling:


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an emancipatory strategy to foster decent working trajectories and social


justice. British Journal of Guidance & Counselling, 1-13. https://doi.org/10
.1080/03069885.2020.1836320

O objetivo da pesquisa foi propor a validação discursiva como uma


estratégia intermediária para a OPC para alcançar mudanças de narrativa e
reposicionamento social. Foram realizados estudos de caso e foi utilizado o
Innovative Moments Coding System (IMCS) para compreender os processos
de mudança nas narrativas das/os clientes durante a OPC. Como resultados, as/
os duas/ois clientes, trabalhadoras/es de baixa qualificação, passaram de uma
primeira percepção de sua trajetória de trabalho como uma sequência de traba-
lhos sem sentido, para o tipo de MI Reconceitualização, passando a entender
sua trajetória como uma carreira. O autor conclui que a validação discursiva
utilizada de maneira integrada ao processo de OPC é uma estratégia poten-
cialmente geradora de percepção do próprio lugar social e do contexto em que
se está inserido, abrindo possibilidade para transcender as barreiras políticas
e sociais para a construção de trajetórias de trabalho decente. Entende-se que
assim é possível promover uma prática de OPC socialmente comprometida.

Ribeiro, M. A., Cardoso, P., Duarte, M. E., Machado, B., Figueiredo, P. M.,
& Fonçatti, G. O. S. (2020). Perception of decent work and the future among
low educated youths in Brazil and Portugal. Emerging Adulthood, Article
216769682092593. https://doi.org/10.1177/2167696820925935

O artigo objetivou compreender e comparar a percepção de futuro e


trabalho decente entre jovens adultas/os de baixa qualificação do Brasil e de
Portugal. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 16 jovens de
cada país. Os resultados destacaram que a amostra brasileira buscava respeito,
melhores condições de vida, proteção e reconhecimento social, ao passo que a
78

amostra portuguesa almejava rendimentos dignos, integração social, suporte


familiar e autorrealização. Deste modo, em contextos marcados por maior
vulnerabilidade, o trabalho apresenta mais aspectos negativos do que opor-
tunidades para autodeterminação e reconhecimento social.

4.1.2 Capítulos de livros

Ribeiro, M. A., Silva, F. F., & Uvaldo, M. C. C. (2011). Novos rumos na


investigação das carreiras e do desenvolvimento vocacional: a necessidade
de uma abordagem qualitativa, etnográfica e longitudinal. In M. C. Taveira
(Org.), Estudos de Psicologia Vocacional – Readings (pp. 219-224). Almedina.

Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização


O capítulo discute o contexto do mundo do trabalho e da carreira pro-
pondo contribuir para pensar a investigação em psicologia vocacional e desen-
volvimento de carreira. Constata que as pesquisas precisam considerar estudos
extensivo das pessoas (desenvolvimento vocacional), das organizações do
trabalho (desenhos de carreira), e da relação entre ambos; ou seja, uma análise
do mundo do trabalho como dimensão psicossocial heterogênea constituída de
uma diversidade de contextos e dinâmicas de carreiras em relação às outras
dimensões sociais (família, educação, lazer, Estado). A proposta indicou um
momento de transição com necessidade de estudos interdisciplinares, qua-
litativos, exploratórios, longitudinais, etnográficos, e hermenêuticos para o
entendimento da carreira.

Ribeiro, M. A. (2016). Precariousness, flexibilization and vulnerability of work


as challenges to career counseling research: Some Brazilian contributions.
In J. Guichard, V. Drabik-Podgórna & M. Podgórny (Eds.), Counselling and
dialogue for sustainable human development (pp. 133-142). Marszalek.

O capítulo teve como objetivo analisar as mudanças no mundo do trabalho


e seus impactos no campo da OPC. Destacaram-se o aumento da precarização
e da vulnerabilidade psicossocial, bem como a distância entre a teoria aca-
dêmica, de um lado, e o cotidiano e as vivências das/os trabalhadoras/es, de
outro. O autor sugere a importância de se buscar compreender as necessidades
e desafios enfrentados pelas pessoas na contemporaneidade a partir de métodos
diversos, a exemplo dos estudos interdisciplinares, etnográficos e longitudinais.

Ribeiro, M. A. (2016). Career counseling for people in psychosocial situa-


tions of vulnerability and flexicurity: A social constructionist proposal. In
T. V. Martin (Ed.), Career development: Theories, practices and challenges
(pp. 79-110). Nova.
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO79

Neste capítulo, apresenta-se uma proposta teórica e técnica e um projeto


ético-político para a OPC frente à situação de vulnerabilidade psicossocial e
dos contextos de flexibilidade e instabilidade. Esses princípios foram inspi-
rados no paradigma do life design e ancorados na perspectiva construcionista
social. Apresenta-se essa proposta a partir da contextualização dos desafios
que o mundo do trabalho tem apresentado para as/os trabalhadoras/es, mar-
cados por flexibilidade e vulnerabilidade social. Em seguida, são apresenta-
dos os princípios do construcionismo social no que diz respeito a ontologia,
epistemologia, metodologia e projeto ético-político frente aos desafios con-
temporâneos, e os principais conceitos para a OPC: abordagem psicossocial,
realidade psicossocial, relação psicossocial, práticas, narrativas, discursos,
trabalho decente, vulnerabilidade social e carreira psicossocial.
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Barros Jr., A. C., & Ribeiro, M. A. (2017). Netnografia aplicada a la psicología


social del trabajo y de las organizaciones – un estudio en las redessociales
virtuales. In E. Renteria & S. Malvezzi (Eds.), Ejemplos de método en inves-
tigaciones sociales (pp. 37-68). Universidad del Valle.

O estudo apresentado neste capítulo visa responder à pergunta de como


a dinâmica narcisista pós-moderna se relaciona com a economia do desejo e o
prazer nas/os sujeitas/os desempregadas/os, no Facebook e LinkedIn usando
a netnografia, método que vem sendo utilizado para estudos qualitativos da
psicologia social e do trabalho.

Galvez, L. B., & Ribeiro, M. A. (2017). Migración e identidad: el caso de


trabajadores colombianos en Sao Paulo, Brasil. In E. Renteria & S. Malvezzi
(Eds.), Ejemplos de método en investigaciones sociales (pp. 73-92). Univer-
sidad del Valle.

A partir da constatação da existência de um fluxo migratório de origem


colombiana a países da América do Sul, o artigo visou descrever e compreen-
der as construções identitárias frente ao fenômeno da migração a partir da
experiência de oito pessoas colombianas que se mudaram para a cidade de
São Paulo, residindo nela por pelo menos três anos e realizando trabalhos
de características diferentes. A abordagem foi qualitativa e foram realizadas
entrevistas abertas a partir da pergunta norteadora “Como foi a construção
da sua trajetória de trabalho no Brasil?”, que foram analisadas a partir da
análise de conteúdo de Bardin. Como resultado, encontrou-se um panorama
de construções identitárias, posicionando as/os participantes em três pontos
em um continuum de possibilidades de posicionamento identitário frente
ao fenômeno da migração. O primeiro destaca um desenraizamento do país
80

de origem, sendo o país de destino a referência adotada. O segundo repre-


senta uma posição intermediária que concilia referentes híbridos dos dois
países. E o terceiro, mostra um enraizamento completo ao país de origem
que referencia as construções identitárias. As/Os autoras/es concluem que a
identidade foi compreendida como uma eleição do projeto de vida, abrindo
a possibilidade de reinvenção, ressignificação a partir da construção de luga-
res sociais diferentes dos do país de origem e, também que a migração e o
processo de adaptação a novos contextos implicam em formas diferentes de
transformação social.

Ribeiro, M. A. (2017). Understanding career resilience and career adapta-


bility in challenging and vulnerable contexts. In J. Maree (Ed.), Psychology

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of career adaptability, employability and resilience (pp. 397-414). Springer.

Esse capítulo teve como objetivo, compreender os constructos de


resiliência de carreira e adaptabilidade de carreira em contextos vulne-
ráveis e desafiadores como os países do Sul global. Foi feita uma análise
das pesquisas sobre construção de carreiras desenvolvidas na América
Latina baseada na noção de diálogo intercultural. O objetivo era produzir
conhecimento que mesclasse a epistemologia do construcionismo social
do Norte global com teorias contextualizadas do Sul global. Teve como
objetivo, ainda, contribuir para a agenda da justiça social na orientação e
aconselhamento de carreira.

Ribeiro, M. A. (2017). Reflecting upon reality in a psychosocial manner: Social


constructionist challenges for the fields of Career Guidance and Counseling
(CGC) and Work and Organizational Psychology (WOP). In A. M. Columbus
(Ed.), Advances in psychology research (vol. 132, pp. 113-143). Nova.

Neste capítulo, discutem-se os desafios que as mudanças sociais e no


mundo do trabalho na contemporaneidade trouxeram para o campo da OPC
e da POT. Dois objetivos são abarcados. O primeiro deles foi discutir a
relação entre o eu e as/os outras/os, propondo uma perspectiva psicossocial
para esta discussão em oposição à tradicional polarização entre o eu e a/o
outra/o, sendo, então, proposta uma perspectiva relacional, a partir de um
continuum entre psicológico e social. E, o segundo objetivo, foi analisar
como essa perspectiva psicossocial da realidade impacta os campos da
OPC e da POT, contribuindo para a ampliação da compreensão de análise
da realidade social e do trabalho atualmente a partir da perspectiva do
construcionismo social que promove a reflexão sobre a realidade a partir
de um olhar psicossocial.
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO81

Ribeiro, M. A., & Fonçatti, G. O. S. (2017). The gap between theory and
reality as a generator of social injustice. In T. Hooley, R. G. Sultana & R.
Thomsen (Eds.), Career guidance for social justice: Contesting neoliberalism
(pp. 193-208). Routledge.

Neste capítulo são discutidas as lacunas entre as teorias e práticas no


campo da OPC no Sul global. Tomando como referência o caso brasileiro,
os autores constatam que a importação irrefletida de teorias, conceitos e prá-
ticas oriundos de outros países tem contribuído para a manutenção de uma
agenda neoliberal, bem como para a redução das possibilidades de combate
à injustiça social. Nesse sentido, evidenciam a importância de que a teoria e
a prática neste campo tenham o compromisso social como objetivo. São des-
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tacados cinco princípios teóricos para a realização deste trabalho: ontologia


relacional, diálogo intercultural, narrabilidade, consciência crítica e a ideia
de sujeita/o de direitos.

Knabem, A., Ribeiro, M. A., & Duarte, M. E. (2018). Early career construc-
tion for Brazilian higher education graduates: Trajectories and working-life
projects. In V. Cohen-Scali, J. Rossier & L. Nota (Eds.), New perspectives
on career counseling and guidance in Europe: Building careers in changing
and diverse societies (pp. 105-118). Springer.

O capítulo sistematiza a pesquisa desenvolvida no contexto brasileiro


de transição da universidade para o trabalho com base na epistemologia do
construcionismo social com inspirações no paradigma life design e nas pro-
postas socioconstrucionistas no campo de estudos da carreira. A abordagem
metodológica consistiu na grounded theory (teoria fundamentada em dados),
entrevista compreensiva com 25 estudantes e survey on-line com 52 estudan-
tes. A análise da construção e compreensão da trajetória e do projeto de vida
de trabalho das/os egressas/os de Administração-Diurno, Psicologia e Turismo
permitiu a compreensão de que em seus contextos individuais e laborais se
engendram possibilidades referenciadas pelo contexto social e cultural na
relação com as pessoas, ou seja, as trajetórias e projetos de vida de trabalho
acontecem em processo de coconstrução da pessoa com o contexto, ou seja,
a construção da carreira é sempre relacional.

Ribeiro, M. A. (2018). Towards diversified ways to promote decent working


trajectories: A life and career design proposal for informal workers. In V.
Cohen-Scali, J. Pouyaud, M. Podgórny, V. Drabik-Podgórna, G. Aisenson,
J.-L. Bernaud, I. Abdou Moumoula & J. Guichard (Eds.), Interventions in
82

career design and education: Transformation for sustainable development


and decent work (pp. 180-201). Springer.

Este capítulo apresenta uma proposta que contribui com o desenvolvi-


mento do trabalho decente de duas maneiras principais: a contextualização
do trabalho decente, que não tem uma caracterização única e universal, e uma
abordagem relacional que considera e fortalece a realidade da/o orientanda/o.
Destaca a importância de estratégias comunitárias para além da visão psicoló-
gica ou psicossocial às quais a OPC não deve se reduzir. Compõem o escopo
teórico os conceitos de interculturalidade, ontologia relacional, narrabilidade
e posicionamento da/o orientanda/o como sujeita/o de escolhas, direitos e
discursos. Entre os aspectos técnicos apresentados estão o foco no processo

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de coconstrução entre orientanda/o e orientadora/dor, a hermenêutica diató-
pica, a legitimação da carreira socialmente e a consciência crítica. Conclui
com um estudo de caso.

Ribeiro, M. A., Fonçatti, G. O. S., & Uvaldo, M. D. C. C. (2018). Impacts


of a group-based career counseling model for unskilled adults in crisis: A
case study. In J.-L. Bernaud & A. Di Fabio (Eds.), Narrative interventions in
post-modern guidance and career counseling (pp. 87-118). Springer.

Este capítulo tem como objetivo investigar e discriminar os determi-


nantes pessoais e sociais da busca por OPC, bem como a efetividade de um
modelo de atendimento em grupo focado em adultas/os de baixa qualifica-
ção. A proposta de atendimentos partiu de um referencial psicodinâmico,
combinando a psicanálise crítica sul-americana com o life design e a teoria
da psicologia do trabalhar (TPT). O modelo utilizado buscou oferecer tanto
uma instrumentação subjetiva, quanto uma instrumentação objetiva – aliando,
assim, dimensões clínicas e operativas. Foram verificadas importantes con-
tribuições da OPC com grupos desprivilegiados, dentre as quais destacam-
-se o aumento da reflexividade e mudanças significativas nas narrativas no
decorrer do processo.

Ribeiro, M. A., & Almeida, M. C. C. G. (2019). A socio-constructionist career


counselling model grounded in the intersectionality of gender, class and
race/ethnicity. In J. Maree (Ed.), Handbook of innovative career counselling
(pp. 597-613). Springer.

Esse capítulo discute a proposta de um modelo de aconselhamento de


carreira através do socioconstrucionismo apoiado pela interseccionalidade de
gênero, classe e raça/etnia. Utiliza o estudo de caso de uma mulher negra de 30
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO83

anos de idade, com baixo nível socioeconômico e desempregada vivendo no


Brasil para analisar a eficiência do modelo. O modelo é baseado no paradigma
do life design, na teoria da psicologia do trabalhar (TPT) e nas teorias críticas
latino-americanas, sendo os princípios básicos, o diálogo intercultural e o
hibridismo. Está fundamentada em quatro fundamentos teóricos e sete funda-
mentos técnicos básicos apresentados e discutidos ao longo do caso estudado.

Ribeiro, M. A. (2020). Career development theories from the global South.


In P. J. Robertson, T. Hooley & P. McCash (Eds.), The Oxford Handbook
of Career Development (pp. 1-16). Oxford University Press. https://doi.
org/10.1093/oxfordhb/9780190069704.013.17
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A partir de estudos e trabalhos anteriores, o capítulo propõe sistematizar


a proposta de diálogo intercultural e discute a necessidade de contextualizar
teorias do Sul global para auxiliar as pessoas em suas questões de carreira e
trabalho e promover a justiça social. Apresenta teorias e práticas de carreira
produzidas no Sul global (América Latina, África e países em desenvolvi-
mento da Ásia) e discute a possibilidade de expandir as principais teorias de
desenvolvimento de carreira do Norte. Essas teorias podem ser entendidas
como uma contribuição do Sul para a agenda de justiça social.

Rossier, J., Aisenson, G., Chhabra, M., Cohen-Scali, V., Di Fabio, A., Heslon,
C., Masdonati, J., Ribeiro, M. A., & San Antonio, D. M. (2020). Lifelong
learning, counseling and life designing to promote careers for the future. In
UNESCO (Eds.), Humanistic futures of learning: Perspectives from UNESCO
Chairs and UNITWIN Networks (pp. 189-195). UNESCO.

As/Os autoras/es desenham alguns aspectos relevantes da OPC para


o futuro em um contexto mundial complexo, permeado por instabilidade e
mudanças constantes e aceleradas, com o objetivo de promover empodera-
mento e realização ao aconselhar carreiras sustentáveis combinando os níveis
individual, social e político. Destacam que para que uma carreira seja sus-
tentável, ela deve antecipar as consequências das ações individuais para o
planeta e se voltar para o objetivo da promoção da justiça social, ao invés de
focalizar apenas o mercado de trabalho. Defendem que para que as práticas
e teorias sejam interculturais, elas precisam considerar a contextualização, a
interseccionalidade e a coconstrução em um diálogo intercultural que permita
adaptações de acordo com o local onde as intervenções são propostas, visando
principalmente a inclusão de grupos sociais que não são priorizados nos discur-
sos predominantes. Concluem ressaltando a importância deste objetivo a partir
do nível individual, institucional e também na construção de políticas públicas.
84

4.2 Publicações nacionais

4.2.1 Artigos

Ribeiro, M. A. (2013). Sistematização das principais narrativas produzidas


sobre carreira na literatura especializada. Revista Brasileira de Orientação
Profissional, 14(2), 177-189.

O artigo apresenta as principais narrativas acadêmicas de estruturação dos


processos de construção das carreiras e as articula numa sistematização mais
abrangente. Os resultados permitiram a organização dos possíveis processos
de construção das carreiras em quatro produções discursivas genéricas, sendo

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duas delas marcadas por modelos tradicionais: organizacional (discurso da
nostalgia) e profissional/ocupacional (discurso do fechamento); uma por um
modelo flexível através de construções de rede (discurso da possibilidade) e
uma fora do continuum de construção das carreiras (discurso da instrumen-
talidade). Aponta que a heterogeneidade e a complexidade do mundo do tra-
balho atual demandam conceitos que consigam compreender esses aspectos,
ao mesmo tempo em que auxiliem na construção de categorias de análise de
seus fenômenos psicossociais.

Ribeiro, M. A. (2014). Orientação de carreira para jovens vivendo com sofri-


mento mental: possibilidades e limites. Revista Psicologia: Organizações e
Trabalho, 14(4), 428-440.

Esse artigo apresenta pesquisa de intervenção sistemática com grupo


potencialmente caracterizado como vulnerável psicossocialmente em função
da situação vivida – jovens vivendo com sofrimento mental. Concluí que o
estigma e a impossibilidade de construção de uma carreira ainda são predo-
minantes, mas a conjuntura de transição mundial parece estar criando novas
possibilidades às populações tradicionalmente vulnerabilizadas em função
da fragilização das estruturas vigentes e do surgimento de novas estruturas
mais receptivas ao diferente.

Ribeiro, M. A., Kanamura, A. M., Facchini, A. H., Boschetto, C. P., Lara,


J. S. A., & Lima Torres, R. (2017). Orientação profissional e de carreira em
cursinho pré-universitário comunitário: apresentação e análise de um projeto
de extensão de 10 anos. Revista de Cultura e Extensão USP, 16, 48-62.

Neste artigo são apresentados os resultados do Projeto de Orientação


Profissional (POP) realizado em um cursinho pré-universitário comunitário
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO85

do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) entre os


anos de 2006 e 2016. Foi realizada uma pesquisa qualitativa que consistiu
na adaptação não estruturada do MIs (Momentos Inovadores). Os resultados
revelaram que o POP apresentou contribuições significativas nos âmbitos
social, formativo e científico.

Ribeiro, M. A. (2020). Reforma trabalhista: uma análise psicossocial. Re-


vista de Psicologia da UFC, 11(2), 49-59. https://doi.org/10.36517/revpsiu-
fc.11.2.2020.5

O artigo teve como objetivo a realização de uma análise psicossocial


da Reforma Trabalhista aprovada em 2017. A partir da análise documental
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do texto, foi constatado que a Reforma Trabalhista privilegia aspectos como


flexibilização, individualização e livre negociação no trabalho. Deste modo,
acaba por beneficiar empresárias/os, assim como trabalhadoras/es de maior
qualificação e rendimentos médios. Entretanto, a flexibilização tem efeitos
negativos para parte significativa das/os trabalhadoras/es, e ameaça levar a
condição de desproteção, informalidade e precariedade a segmentos até então
mais protegidos da população.

Ribeiro, M. A. (2020). Contribuições da psicologia para repensar o conceito


de trabalho decente. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, 20(3),
1114-1121. https://doi.org/10.17652/rpot/2020.3.19488

Com base na psicologia, o presente artigo visou repensar o conceito de


trabalho decente, que é uma concepção objetiva e universalmente baseada
em fatores sociais e econômicos, proposta pela OIT. Foi feito levantamento,
sistematização e análise dos estudos de trabalho decente, a partir da psico-
logia, já publicados em bases de dados nacionais e internacionais de forma
exploratória, analítica e descritiva. Os principais resultados, apontaram que
trabalho decente é um tema incipiente de investigação na psicologia, podendo
esta, contribuir com os estudos gerais da temática, oferecendo uma visão
psicossocial e contextualizada para o conceito.

Ribeiro, M. A. (2020). Trabalho e orientação profissional e de carreira em


tempos de pandemia: reflexões para o futuro. Revista Brasileira de Orientação
Profissional, 21(1), 1-5. http://doi.org/10.26707/1984-7270/2020v21n101

O ensaio apresenta pontos para uma discussão breve e inacabada do


momento da pandemia para repensar as teorias e práticas da OPC e sua con-
tribuição ético-política. A discussão apresenta-se organizada sobre a indi-
vidualização da vida; aceitação do normal instituído; ideias excludentes de
86

liberdade de escolha e autonomia; pouca reflexão sobre o que é trabalhar; e a


uniformização e normatização do campo. O momento apresenta a possibili-
dade de resgate, recriação e ampliação da oferta da OPC contextualizada para
e com todas/os em um diálogo permanente e que retome o projeto inicial da
OPC como estratégia de transformação social proposto por Frank Parsons.

Pires, F. M., Ribeiro, M. A., & Andrade, A. L. (2020). Teoria da Psicolo-


gia do Trabalhar: uma perspectiva inclusiva para orientação de carreira.
Revista Brasileira de Orientação Profissional, 21(2), 1-11. http://doi.
org/10.26707/1984-7270/2020v21n207

O artigo colabora com a apresentação e discussão da psychology of wor-

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king theory (PWT), traduzida como teoria da psicologia do trabalhar (TPT),
proposta por David Blustein e colegas para a OPC. Destaca a necessidade
e atualidade da experiência psicossocial do trabalhar sendo que o conceito
fortalece uma concepção dinâmica que remete ao ato da experiência de uma
pessoa em dado contexto como uma dimensão relacional. A TPT abarca a
experiência de trabalhar de todas as pessoas e enfatiza os múltiplos fato-
res contextuais que afetam o acesso e as experiências de trabalho, com a
necessidade do trabalho decente como central para a teoria. Constitui um
dos primeiros textos de apresentação sistemática da TPT em português com
implicações para o campo da OPC.

Ribeiro, M. A., Figueiredo, P. M., & Almeida, M. C. C. G. (2021). Desafios


contemporâneos da orientação profissional e de carreira (OPC): a intersec-
cionalidade como estratégia compreensiva. Psicologia Argumento, 39(103),
98-122. http://doi.org/10.7213/psicolargum.39.103.AO05

O artigo buscou ampliar as discussões e práticas da OPC, dando atenção


às populações menos favorecidas. Para tanto, teve como objetivo analisar
as demandas trazidas por uma mulher negra e desempregada a partir de três
diferentes enfoques da OPC: traço-fator, life design e teoria da psicologia do
trabalhar (TPT). Os resultados indicaram que cada um dos enfoques contri-
buiria para uma compreensão parcial das questões trazidas no processo de
orientação. A partir destas considerações, foi proposta uma estratégia com-
preensiva de atuação com foco na interseccionalidade de gênero, classe e raça.

4.2.2 Capítulos de livros

Ribeiro, M. A. (2011). Algumas contribuições brasileiras para a Orientação


Profissional: o enfoque socioconstrucionista em Orientação Profissional –
uma proposta. In M. A. Ribeiro & L. L. Melo-Silva (Orgs.), Compêndio de
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO87

orientação profissional e de carreira: enfoques teóricos contemporâneos e


modelos de intervenção (vol. 2, pp. 53-79). Vetor.

Este capítulo discute uma proposta socioconstrucionista em OPC. Apre-


senta os princípios gerais do construcionismo social principalmente marcados
pela concepção da construção da pessoa pelas relações e práticas psicossociais,
propondo uma concepção de carreira baseada neste enfoque teórico como
carreira psicossocial. Em seguida, é apresentada uma proposta de quadro de
referência teórico-técnico para a OPC com base no construcionismo, trazendo
as bases metodológicas a partir da discussão de estratégia, tática e técnica
fundamentadas nesta perspectiva.
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Knabem, A., & Ribeiro, M. A. (2015). Transição universidade-mundo do


trabalho: trajetórias profissionais e projetos de vida de egressos do Ensino
Superior. In T. R. Raitz & P. Figuera-Gazo (Orgs.), Transições dos estudantes
(pp. 89-106). CRV.

O capítulo sistematiza a pesquisa com três estudantes egressas/os do


ensino superior sobre a transição universidade e mundo do trabalho, sendo o
objetivo apreender e analisar o processo da trajetória profissional e do pro-
jeto de vida da/o egressa/o no mundo do trabalho com mais de cinco anos
de formação numa perspectiva psicossocial. As entrevistas indicaram que as
primeiras experiências das/os entrevistadas/os com a transição da universidade
para o mundo do trabalho, as experiências profissionais iniciais e os caminhos
da construção da carreira, como preconiza a perspectiva do construcionismo
social, são fenômenos psicossociais que só poderiam ser analisados em seus
contextos específicos e não somente a partir de macronarrativas teóricas, que
parecem não dar conta de explicar a complexidade e pluralidade de experiên-
cias e fenômenos do mundo contemporâneo, mas através de sua articulação
com as narrativas das pessoas, as quais seriam uma fonte de informação
preciosa para a compreensão do mundo do trabalho e das vidas de trabalho.

Ribeiro, M. A. (2017). Psicossocial: continuum ontológico do processo rela-


cional. In N. Silva Jr. & W. Zangari (Orgs.), A psicologia social e a questão
do hífen (pp. 263-277). Edgard Blücher.

Esse ensaio teórico apresenta a postura híbrida proposta por Bruno Latour
de individual e social ao mesmo tempo, bem como a ruptura da separação
dicotômica entre ambos, ou seja, o “e” e não mais o “ou” relacionando-a com
várias/os outras/os autoras/es. Apresenta uma proposta de compreensão do
psicossocial como continuum ontológico do processo relacional, substituindo
88

a lógica moderna da polarização dicotômica entre duas estruturas distintas e


separadas (eu e outra/o) pela concepção do continuum com dois polos extre-
mos (extremo subjetivo e extremo social), onde não há separação possível
entre eu e outra/o.

Ribeiro, M. A., & Ribeiro, F. (2017). Pessoas com deficiência e mundo do


trabalho: uma nova possibilidade de relação na contemporaneidade? In S. Silva
& L. Digiampietri (Orgs.), (Re) Conhecendo a USP – contribuições do ensino,
da pesquisa e da extensão no campo das deficiências (pp. 203-214). FEUSP.

Neste capítulo discute-se as relações estabelecidas entre pessoas com


deficiência e mundo do trabalho a partir das práticas e estudos do CPAT-

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-IPUSP. Os resultados destacaram a necessidade de uma compreensão psi-
cossocial das pessoas com deficiência, bem como a importância de se levar
em consideração as vivências cotidianas e a interseccionalidade de gênero,
classe e raça/etnia.

Pereira, O. C. N., & Ribeiro, M. A. (2019). Políticas públicas de orientação


profissional: uma análise socioconstrucionista sobre a construção do projeto
de vida no Programa Ensino Integral (PEI). In M. P. Cordeiro, M. F. A. Lara,
H. A. Aragusuku & R. L. A. Maia (Orgs.), Pesquisas em psicologia e políticas
públicas – diálogos na pós-graduação (vol. 1, pp. 189-209). IPUSP.

Este capítulo teve como objetivo compreender a disciplina Projeto de


Vida no Programa de Ensino Integral (PEI) no estado de São Paulo a partir
de uma pesquisa qualitativa realizada em duas escolas da região metropoli-
tana de São Paulo. Como metodologia, optou-se pela análise documental de
apostilas, bem como a realização de grupos focais com estudantes do 3º ano
do ensino médio e professoras/es. Os resultados revelaram que o discurso
predominante nos documentos oficiais valorizava a formação universitária
como objetivo principal da disciplina, além de naturalizar o mundo do trabalho
e a lógica neoliberal. As narrativas de professoras/es e estudantes foi marcada
pela diversidade: parte questionava o discurso neoliberal e a meritocracia,
ao passo que parte reproduzia este tipo de discurso. Os autores destacaram,
ainda, a necessidade de se investir na formação das/os professoras/es que irão
ministrar a disciplina.

Ribeiro, M. A., & Ribeiro, J. F. M. (2019). Aconselhamento Life Design para


trabalhadores(as) informais adultos(as). In M. A. Ribeiro, M. A. P. Teixeira &
M. E. Duarte (Orgs.), Life Design: um paradigma contemporâneo em orien-
tação profissional e de carreira (pp. 109-134). Vetor.
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO89

O capítulo sistematiza a proposta de aconselhamento para trabalhadoras/


es informais adultas/os na perspectiva do life design. Fundamenta, teorica-
mente, a proposta na ontologia relacional, narrabilidade, carreira como projeto
e trajetória de vida de trabalho, diálogo intercultural e a concepção da/o orien-
tanda/o como sujeita/o de escolhas, discursos e de direitos. E, fundamenta,
tecnicamente, na articulação entre os discursos sociais e as narrativas pessoais,
no foco no processo, sendo esse processo sucessivo de coconstrução, e na
hermenêutica diatópica. Exemplifica a proposta com um estudo de caso de
uma trabalhadora informal.

Ribeiro, M. A. (2020). A imposição identitária como violência gerada pelo


trabalhar na contemporaneidade. In W. Zangari & N. Silva Jr. (Orgs.), Violên-
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

cia, intolerância e fanatismo – perspectivas psicossociais (pp. 87-95). CRV.

O presente capítulo apresenta as transformações já ocorridas na configura-


ção do mundo social do trabalho, configurando-o como um cenário heterogêneo,
plural e flexibilizado. Antes, havia modelos mais hegemônicos e reconhecidos
como um modelo a ser seguido. Atualmente não há mais um único modelo
predominante. Tem base na proposta de David Blustein que se refere a concep-
ção de trabalhar ao invés do trabalho, que indicaria ação e processo em dado
contexto. Apresenta três posicionamentos que rejeitam a flexibilidade como
modelo hegemônico e conclui que, uma vez que o discurso é de que o mundo
do trabalho é plural, a hegemonia de um modelo, então, não deveria acontecer.

Knabem, A., & Ribeiro, M. A. (2020). Orientação Profissional e de Carreira


nas universidades federais brasileiras: projetos e ações. In A. Knabem, C. S.
C. Silva & M. P. Bardagi (Orgs.), Orientação, desenvolvimento e aconse-
lhamento de carreira para estudantes universitários no Brasil (pp. 97-132).
Brazil Publishing.

O capítulo apresenta o levantamento dos projetos e ações de OPC ofere-


cidos às/aos estudantes de graduação nas universidades federais brasileiras. As
características desses projetos e ações variam na modalidade de atendimento
individual e/ou em grupo com diferentes enfoques. As instituições do Sul e
Sudeste em boa parte possuem projetos e ações de OPC, seguidas em menor
representatividade pelas do Nordeste, Centro-Oeste e Norte, sendo que três
universidades apresentam a disciplina de Planejamento de Carreira como
possibilidade de um espaço para pensar o futuro profissional ao longo do curso
e a transição da universidade ao mundo laboral. O espaço da OPC durante a
formação universitária possibilita a interlocução com o mundo do trabalho e
a criação e construção de projetos de vida e de trabalho.
90

Cavalcante, M. B. R. (2021). Conciliação trabalho-família: um estudo de


caso do cotidiano de mulheres executivas. In L. C. Oliveira-Silva & E. B. D.
Campos (Orgs.), Psicologia da carreira: práticas em orientação, desenvol-
vimento e coaching de carreira (pp. 137-152). Vetor.

O capítulo apresenta, a partir de uma análise do construcionismo social,


os desafios de conciliação trabalho-família de duas mulheres executivas, mães
e casadas em organizações privadas na cidade de São Paulo. Considera a pers-
pectiva do gênero como categoria de análise nas organizações, um panorama
das mulheres na liderança e a questão da conciliação trabalho-família e o
desenvolvimento da carreira das mulheres. Aponta que, enquanto instituições,
as organizações são atravessadas pelas relações de gênero, de raça e classe, e

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reproduzem desigualdades à medida que operam as normas e processos inter-
nos, contribuindo para manutenção da segregação das mulheres no mercado
de trabalho e para manutenção de estereótipos de gênero.

Ribeiro, M. A. (2021). Carreira: panorama dos principais enfoques teóricos.


In L. C. Oliveira-Silva & E. B. D. Campos (Orgs.), Psicologia da carreira:
fundamentos e perspectivas da psicologia organizacional e do trabalho
(pp. 13-34). Vetor.

O capítulo apresenta os principais enfoques teóricos e autoras/es de refe-


rência na área de estudos da carreira a partir dos campos da psicologia das
carreiras (psicologia vocacional), da POT e da administração. Retoma os
enfoques clássicos da gestão de pessoas, da OPC, e os enfoques contemporâ-
neos e críticos. Destaca com relação aos estudos de carreira, a constatação da
coexistência de modelos tradicionais e contemporâneos; a carreira enquanto
fenômeno psicossocial estudado pela psicologia das carreiras e pela POT; a
pluralidade de epistemologias e formas de conceber as carreiras; a existência
de uma trajetória na construção com a coexistência de enfoques teóricos clás-
sicos e contemporâneos; e, finalmente, que o campo de estudos das carreiras
ainda é recente nas pesquisas no Brasil.

4.2.3 Livros

Ribeiro, M. A. (2014). Carreiras: novo olhar socioconstrucionista para um


mundo flexibilizado. Juruá.

Esse livro apresenta o conceito de carreira, através de uma análise teórica


e prática, baseado na perspectiva construcionista social. Esse constructo é
considerado como muito importante para a vida do trabalho, principalmente
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO91

para o enfrentamento da heterogeneidade e da complexidade do mundo do


trabalho atual.

Mandelbaum, B. P. H., & Ribeiro, M. A. (2017). Desemprego: uma abordagem


psicossocial. Edgard Blücher.

O livro procura ampliar a compreensão do fenômeno do desemprego em


seus múltiplos determinantes e consequências. Os capítulos estão organizados
de forma a apresentar o entendimento do desemprego na contemporaneidade,
os impactos psíquicos e sociais, e a escuta da/o desempregada/o. A partir da
situação de Pedro, as/os autoras/es apontam a realidade do sistema econômico
de mercado e os impactos na vida social e as consequências nas dinâmicas
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familiares, sociais e culturais. O desemprego na organização capitalista vigente


enquanto fenômeno estrutural não pode ser reduzido a soluções individuais,
sendo que o olhar psicossocial possibilitará processos reflexivos individuais e
coletivos para a construção de modalidades de resistência e novas formas de
agir, existir e resistir na construção de espaços emancipatórios. Ao final, as/os
autoras/es apresentam uma seleção de filmes da temática e listam instituições
de informação e atendimento para a situação de desemprego.

Ribeiro, M. A., Teixeira, M. A. P. & Duarte, M. E. (Orgs.). (2019). Life Design:


um paradigma contemporâneo em orientação profissional e de carreira. Vetor.

Este livro é fruto de uma cooperação entre autoras/es brasileiras/os e por-


tuguesas/es e atendeu à necessidade de contextualizar a utilização do modelo
do life design na realidade brasileira. Apresenta-se o histórico do paradigma
localizado entre o construcionismo e o construtivismo, e as conceituações
teóricas do life design, a partir de suas bases conceituais, investigativas e
interventivas, que o localizam no campo do aconselhamento. Em seguida,
apresentam-se as intervenções e pesquisas sustentadas pelo life design desti-
nadas a diferentes públicos, entre eles: adolescentes, universitárias/os, traba-
lhadoras/es informais, e no contexto das organizações. Destaca-se, por fim,
que o paradigma do life design corrobora a Declaração Universal dos Direitos
Humanos ao favorecer, a partir da prática do aconselhamento, o princípio de
que só uma pessoa livre e, livre porque informada, é capaz de contribuir para
a construção de sociedades mais justas e promotoras de bem-estar.

Ribeiro, M. A. (2021). Orientação Profissional e de Carreira em tempos de


pandemia: lições para pensar o futuro. Vetor.

A partir de seis textos elaborados ao longo da pandemia de Covid-19 em


2020, o autor debate o papel da OPC e sua contribuição “para a construção
92

de um mundo mais justo e digno no atual contexto social, econômico, cultu-


ral e político” (p. 62). O faz a partir da discussão de três perguntas centrais:
quais são as respostas que a OPC deu aos problemas emergentes durante a
pandemia; quais seriam os principais desafios que a OPC terá de enfrentar
após a pandemia; e qual deve ser o papel da OPC na construção de sociedades
mais justas e solidárias. Os principais desafios da OPC seriam a necessidade
de contextualização e reformulação das teorias hoje destinadas às classes
médias e alta, focalizando processos de adaptação, autonomia e liberdade de
escolha; a inclusão de objetivos de construção e busca de emancipação; e a
articulação entre práticas on-line e estratégias sociocomunitárias a partir de
recursos sociais e comunitários já existentes, em razão da exclusão digital e
da ausência do Estado.

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4.3 Dissertações e teses

Ribeiro, R. N. (2015). Cuidador de idoso: discussão do processo de regula-


mentação da profissão pela análise discursiva de audiências públicas [Tese
de Doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo].

A autora teve como objetivos analisar o processo de regulamentação da


profissão de cuidadora/dor da pessoa idosa ocorrido no Senado e identificar
e discutir as possíveis consequências da aprovação do projeto de lei para a
sociedade brasileira. A base epistemológica da pesquisa foi o construcionismo
social e foi utilizado como instrumental analítico-conceitual as práticas discur-
sivas e produção de sentidos por meio da análise de duas audiências públicas
promovidas pelo Senado Federal para discutir o projeto de lei. Como resul-
tados principais, a autora destaca o reforço da obrigação estatal em relação à
assistência direta à/ao idosa/o e à formação da/o cuidadora/dor de idosas/os
com a regulamentação e a observação de conflito pelo mercado de trabalho
em função do fato de que profissionais regulamentadas/os tem, em seu escopo,
também funções que cuidadoras/es podem realizar.

Figueiredo, P. M. (2016). O cotidiano de trabalho de vendedoras e vende-


dores ambulantes da rua Teodoro Sampaio na cidade de São Paulo: rotina,
inventividade e múltiplas redes de sociabilidade. [Dissertação de Mestrado,
Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo].

Esta dissertação teve como objetivo compreender os processos organi-


zativos do cotidiano de trabalho de vendedoras/es ambulantes da cidade de
São Paulo a partir de entrevistas compreensivas e incursões a campo. Como
resultado, evidenciou-se uma heterogeneidade de formas através das quais o
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO93

cotidiano de trabalho era organizado. As narrativas das pessoas entrevistadas


indicaram que entender a complexidade da organização dos seus cotidianos
envolvia a articulação do trabalho com outras esferas das suas vidas. Eviden-
ciou-se, ainda, a importância das relações de gênero e a necessidade de se
investigar não apenas sobre o trabalho remunerado realizado nas ruas, mas
também o trabalho doméstico e de cuidado não remunerados. As redes de
solidariedade e a busca por garantias de sobrevivência não atreladas ao estado
mostraram-se de suma importância para a maioria das pessoas pesquisadas.

Galvez, L. B. (2016). Construções identitárias de trabalhadores migrantes


colombianos em São Paulo, Brasil [Dissertação de Mestrado, Instituto de
Psicologia, Universidade de São Paulo].
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Esta dissertação buscou, através de uma pesquisa qualitativa, compreen-


der as construções identitárias e motivações para a migração de colombianas/
os que trabalhavam na cidade de São Paulo. As possibilidades de construções
identitárias foram situadas em um continuum com três posições: uma cons-
trução caracterizada pelo desenraizamento em relação ao país de origem; um
posicionamento híbrido, em que os elementos para a construção da identidade
aparecem relacionados ao país de origem e ao país de destino; e uma cons-
trução referenciada sobretudo por elementos relacionados ao país de origem.
Dentre os aspectos motivadores das migrações, destacaram-se: violência no
país de origem, insatisfação econômica, busca por oportunidades de educação
e desenvolvimento de carreira, assim como liberdade de expressão da própria
orientação sexual.

Knabem, A. (2016). Construção da carreira em egressos do Ensino Superior


Público: trajetórias e projeto de vida de trabalho [Tese de Doutorado, Instituto
de Psicologia, Universidade de São Paulo].

A partir da contribuição do construcionismo social, a pesquisa buscou


compreender os anos iniciais da trajetória profissional e projeto de vida de
trabalho de egressas/os do ensino superior público. A abordagem da pesquisa
foi qualitativa com embasamento da grounded theory, sendo egressas/os do
curso de administração-diurno, turismo e psicologia da Universidade Federal
do Paraná formadas/os em 2008, de ambos os sexos entrevistadas/os sobre sua
trajetória profissional e projeto de vida de trabalho. As entrevistas foram com-
plementadas pelo estudo das/os demais egressas/os por meio de uma survey
on-line. Os principais resultados destacaram que nos movimentos laborais das/
os entrevistadas/os, existem elementos que indicam a presença de uma esta-
bilidade, apesar de uma constante injunção para a flexibilização da trajetória
94

e dos processos de construção de si no mundo. As análises apontam para a


diversidade de experiências laborais após a graduação, uma continuidade dos
estudos com vistas à capacitação para a inserção no mundo do trabalho, e o
caráter predominantemente social dos movimentos laborais.

Riascos Sanchez, W. A. (2017). Significados e sentidos de trabalho e carreira


de trabalhadores de seis países das Américas [Tese de Doutorado, Instituto
de Psicologia, Universidade de São Paulo].

Esta tese buscou compreender os sentidos e significados atribuídos ao


trabalho e à carreira a partir da perspectiva de trabalhadoras/es de seis países
do continente americano: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru.

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Foi realizada uma pesquisa qualitativa a partir de duas fontes: textos e notícias
de jornais, blogs e revistas virtuais; entrevistas com jovens trabalhadoras/es.
Os/as entrevistadas/os revelaram diferentes posicionamentos perante o traba-
lho e sinalizaram a relevância de outros elementos e dimensões da vida para
suas construções de sentidos de trabalho e carreira. As narrativas e práticas
discursivas dos textos e entrevistas aderiram em grande medida ao discurso
liberal, manifesto no uso de palavras como individualidade, independência e
autonomia – o que revela, de um lado, discursos que colocam uma referência
de trabalhadora/dor modelo e, de outro, a manifestação destas referências nas
narrativas pessoais e na subjetividade das/os trabalhadoras/es.

Cavalcante, M. B. R. (2018). Conciliação trabalho-família no cotidiano de


mulheres executivas: Uma perspectiva de gênero [Dissertação de Mestrado,
Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo].

Pesquisa realizada com objetivo de investigar os desafios de conciliação


trabalho-família de mulheres que ocupam posições de alta responsabilidade
em organizações privadas sediadas em São Paulo. Foram realizadas entrevistas
narrativas com base de conhecimento no construcionismo social. Foi observado
que as organizações se constituem como instituições atravessadas pelas relações
de gênero, assim como raça e classe, e reproduzem desigualdades, contribuindo
para a manutenção da segregação das mulheres no mercado de trabalho.

Greve, M. S. (2018). Transições de carreira na pós-modernidade: narrati-


vas de jovens adultos em São Paulo [Dissertação de Mestrado, Instituto de
Psicologia, Universidade de São Paulo].

Objetivou-se compreender as possibilidades de construção e transição


de carreira de adultas/os jovens com cerca de cinco anos de experiência de
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO95

trabalho a partir das suas narrativas de vida de trabalho e acessar qual a


influência dos discursos sociais da atualidade e sua relação com eles. A base
epistemológica foi o construcionismo social e a estratégia metodológica foi
o enfoque qualitativo narrativo de Polkinghorne (1988). Foram realizadas
quatro entrevistas abertas com duas/ois enfermeiras/os e duas/ois profissio-
nais da área da Tecnologia da Informação (TI), de classes sociais distintas e
com formações em universidade pública e privada. Foram elaborados quatro
retratos de possibilidades de construção de carreira de adultas/os jovens na
contemporaneidade que indicam a relevância da influência de discursos sociais
relacionados à instabilidade, à aceleração gerada pelo avanço tecnológico e
ao excesso de carga de trabalho, diferente conforme a profissão e a classe
social/tipo de universidade cursada.
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Pereira, O. C. N. (2019). A construção do projeto de vida no Programa Ensino


Integral (PEI): uma análise na perspectiva da Orientação Profissional [Dis-
sertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo].

A pesquisa, com base no construcionismo social, buscou analisar o con-


teúdo dos discursos social e narrativo produzido em documentos escolares
e nos grupos focais com professoras/es e estudantes da disciplina Projeto
de Vida nas escolas do Programa Ensino Integral (PEI) de duas escolas da
Região Metropolitana de São Paulo a partir da perspectiva da OPC. O estudo
indicou que disciplina se articula com o projeto da escola e a/o professora/
or tem papel central nas práticas, sendo que a análise em termos ideológicos
aponta para a base da meritocracia neoliberal, sendo a formação universitária
valorizada enquanto objetivo primordial do projeto de vida. A ausência de uma
reflexão da atual realidade e estrutura sociolaboral, o contexto histórico-po-
lítico e o impacto em grupos marginalizados são pontos serem considerados.
Aponta a necessidade da aproximação entre o programa e a OPC na questão
da formação de professoras/es para auxílio a construção do projeto de vida
das/os estudantes.

Almeida, M. C. C. G. (2020). Especificidades nas demandas de mulheres por


orientação profissional e de carreira (OPC) – Uma abordagem sociocons-
trucionista [Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade
de São Paulo].

A presente pesquisa teve por objetivo identificar a existência de espe-


cificidade nas demandas de mulheres que procuram auxílio em processos de
OPC com embasamento teórico na perspectiva do construcionismo social. A
pesquisa qualitativa analisou as narrativas retiradas dos relatórios de entrevista
96

de triagem realizadas no SOP-IPUSP. Apresentou dois principais resultados.


O primeiro confirma a literatura nacional e internacional mostrando a grande
desigualdade entre construção de carreira das mulheres e dos homens quanto
a salários e oportunidade de trabalho. E, o segundo, original da pesquisa, é
o quanto as relações de gênero e os apoios podem auxiliar na construção
da carreira da mulher. Conclui, ainda, a indiscutível inclusão de gênero nas
análises do campo da OPC.

4.4 Textos em blog

Ribeiro, M. A. (2020). Why a social justice informed approach to career

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guidance and counselling matters in the time of coronavirus: Reflections
from Latin America – The Brazilian case. http://careerguidancesocialjustice.
wordpress.com/2020/04/14/why-a-social-justice-informed-approach-to-ca-
reer-guidance-and-counselling-matters-in-the-time-of-coronavirus-reflec-
tions-from-latin-america-the-brazilian case/

O texto, produzido em abril de 2020, no contexto da crise mundial gerada


pelo coronavírus, propõe a discussão do campo da OPC a partir do contexto
da desigualdade social, informalização do trabalho e baixo suporte do Estado
que ocorre no Brasil e na América Latina. O autor foca sua análise nos mode-
los de Estado, modelos sociais, políticos e culturais, e no lugar do trabalhar
como centro das intervenções em OPC. Ao questionar as possíveis saídas,
indica que crise multidimensional gerada pela pandemia do coronavírus para
o campo da OPC deve considerar todas as pessoas como centro de qualquer
ação social e política para um mundo justo, humano e sustentável.

Ribeiro, M. A. (2020). Career construction paths in the post-pandemic:


Will anything really change? https://careerguidancesocialjustice.wordpress.
com/2020/08/12/career-construction-paths-in-the-post-pandemic-will-any-
thing-really-change/

Neste post, discute-se como a crise global do coronavírus está mudando


a maneira como as pessoas trabalham e o modo como a sociedade dá sentido
ao trabalho, a partir do contexto brasileiro de desigualdades sociais, informa-
lidade, desemprego e suporte restrito do Estado. A discussão é pautada sobre
três dimensões do mundo do trabalho que foram colocadas em questão pela
pandemia: O trabalho deveria ser prioritário sobre as outras dimensões da
vida? Deveríamos repensar a importância dada aos diferentes tipos de traba-
lho? Por fim, o autor, corroborando Jean Guichard, ressalta a necessidade da
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO97

contínua reflexão sobre a percepção dos custos que os projetos de cada uma/
um geram à humanidade e a necessidade de uma OPC promotora de justiça
social e emancipação.

Ribeiro, M. A. (2021). Why intersectionality is important for career gui-


dance? https://careerguidancesocialjustice.wordpress.com/2021/04/06/
why-intersectionality-is-important-for-career-guidance/

O post discute a necessidade de incluir a dimensão da interseccionali-


dade de classe, gênero/sexualidade e raça/etnia na forma de compreender as
carreiras e as vidas de trabalho e propõe algumas atitudes práticas necessá-
rias para tal, entre elas: conhecimento situado, olhar e ação interseccional,
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intervenção que se estende para o social, e a lógica da coconstrução via her-


menêutica diatópica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o livro Articulando a Orientação Profissional e de Carreira e a
Psicologia Organizacional e do Trabalho: Estudos Construcionistas sobre
Trabalhar, Construções Identitárias do Trabalhar e Carreiras, buscamos
apresentar e discutir o processo de construção e consolidação de uma agenda
de pesquisa realizada por um grupo de pesquisadoras/es dos mais variados
níveis de formação, introduzindo as diversas vicissitudes das práticas de pes-
quisar, principalmente a partir de um campo híbrido de investigação, como
constituímos nosso campo, ao articular duas áreas do saber distintas, mas
correlatas de muitas maneiras: OPC e POT.
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Assim, partindo dos eixos de discussão focados no Trabalho, Identidade


e Carreira e, de maneira processual, coconstruindo-os relacionalmente com
os campos estudados, na resultante atual do Trabalhar, Construções Identi-
tárias do Trabalhar e Carreiras, este livro, fundamentado nas perspectivas
socioconstrucionistas, almeja convidar a/o leitora/or a dialogar conosco a
partir de seus próprios referenciais e, de forma dialógica, reconstruí-los a
partir deste diálogo intercultural.
Numa narrativa que homenageia nossas/os autoras/es de base na Dedi-
catória, agradece a nossas/os principais parceiras/os nos Agradecimentos, e
apresenta e discute nossa história, nossa delimitação institucional, nossas prin-
cipais temáticas estudadas, nossa base teórica e metodológica (fundamentos
científicos, conceitos, principais tipos de investigação, estratégias metodoló-
gicas, instrumentos e estratégias de análise), nossas principais investigações
realizadas e produções científicas ao longo dos Capítulos coconstruídos a
várias mãos, a possibilidade do diálogo emerge da potencial relação consti-
tuída e esperamos que possa você, leitora e leitor, ter se posicionado nesta
relação, e possa se reinventar neste processo.
Desejamos que tenha tido um bom encontro relacional conosco e nos
vemos nos próximos diálogos, pois concebemos que o mundo e as relações
deveriam ser, parafraseando Paulo Freire (1970), forjado com as pessoas, não
para elas, nem por elas ou a despeito delas.
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REFERÊNCIAS
Almeida, M. C. C. G. (2020). Especificidades nas demandas de mulheres por
orientação profissional e de carreira (OPC) – Uma abordagem sociocons-
trucionista [Dissertação de Mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade
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INDICAÇÕES DE LEITURA
Língua portuguesa

Gergen, K. J. (2009). O movimento do construcionismo social na psicologia


moderna. Revista Internacional Interdisciplinar INTERthesis, 6(1), 299-325.

Escrito pelo proponente do construcionismo social no campo da psi-


cologia, Kenneth Gergen, o artigo visa apresentar o movimento constru-
cionista a partir de três pontos. Em primeiro, faz uma apresentação de suas
principais bases e princípios teóricos e conceituais pautados na lógica
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

relacional. Em segundo, localiza o construcionismo no interior da histó-


ria das ciências e da psicologia, principalmente discutindo a questão da
dicotomia subjetivo e social. E, em terceiro lugar, discute os impactos e as
consequências do construcionismo social para a investigação psicológica
e para a ciência em geral. É um excelente texto para iniciar os estudos
sobre o construcionismo.

Gergen, K. J., & Gergen, M. (2010). Construcionismo social: um convite ao


diálogo. Instituto NOOS.

Este livro é uma apresentação didática, densa e completa das principais


dimensões do movimento construcionista e suas implicações para a prática
profissional e investigativa em língua portuguesa. Destaca o caráter cola-
borativo e a lógica da construção social como lógica constitutiva do mundo
e das relações sociais. Tem cinco capítulos dedicados, respectivamente, a
apresentar e discutir os princípios teóricos do construcionismo, localizá-lo
como um movimento que partiu da crítica, mas vem buscando a reconstrução
do campo da psicologia, apresentar e refletir sobre os impactos, propostas
e desdobramentos do construcionismo para a prática profissional e para a
pesquisa científica, e, por último, salientar a necessidade da colaboração
para a construção do mundo. Leitura obrigatória e guia para introdução
ao construcionismo.

Rasera, E. F., & Japur, M. (2005). Os sentidos da construção social: o con-


vite construcionista para a psicologia. Paidéia, 15(30), 21-29. http://doi.
org/10.1590/S0103-863X2005000100005

O presente artigo se constitui numa introdução importante e didática


do construcionismo social no Brasil. Inicia com um histórico da origem
122

do movimento construcionista e sintetiza os quatro princípios comuns das


diversas perspectivas construcionistas: “(1) A especificidade cultural e
histórica das formas de se conhecer o mundo, (2) A primazia dos rela-
cionamentos humanos na produção e sustentação do conhecimento, (3) A
interligação entre conhecimento e ação, e (4) A valorização de uma postura
crítica e reflexiva”. Destaca, também, as implicações decorrentes destes
princípios: antiessencialismo, antirrealismo, linguagem como forma de
ação social, foco na interação e nas práticas sociais e foco no processo.
Por fim, discute as semelhanças e diferenças entre os diversos pensadoras/
es construcionistas, e apresenta as críticas à perspectiva: perda da ênfase
do pessoal na psicologia, negação da realidade objetiva, relativismo onto-

Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização


lógico, moral e conceitual, a negação da universalidade do conhecimento
e o perigo do elitismo. Outra leitura obrigatória e guia para introdução
ao construcionismo.

Ribeiro, M. A. (2014). Carreiras: novo olhar socioconstrucionista para um


mundo flexibilizado. Juruá.

O presente livro é uma aproximação compreensiva interessante dos


estudos do mundo do trabalho a partir do construcionismo, resultando na
proposição completa e complexa de conceituação das carreiras, defini-
das com base na sua dupla dimensionalidade: projeto de vida de trabalho
(constituído pelas construções identitárias de trabalho e pelos planos de
ação de vida de trabalho) e trajetória de vida de trabalho (constituído pelos
enredos e temas de carreira). O livro se divide em quatro capítulos: (1)
Apresentação do percurso conceitual do autor até chegar na perspectiva
construcionista, (2) A delimitação do campo de estudos da carreira, (3) A
proposição de uma conceituação construcionista da carreira, na qual são
discutidos os principais conceitos base do construcionismo social para
depois ser apresentada a construção do modelo analítico proposto das
carreiras, e (4) Apresentação de uma utilização do modelo analítico pro-
posto. Livro importante para interessadas/os na discussão construcionista
no campo dos estudos do trabalho.

Ribeiro, M. A. (2017). Psicossocial: continuum ontológico do processo rela-


cional. In N. Silva Jr. & W. Zangari (Orgs.), A psicologia social e a questão
do hífen (pp. 263-277). Edgard Blücher.

O presente capítulo de livro visou discutir a noção de psicossocial,


que é central para a psicologia e para a perspectiva construcionista.
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO123

Primeiramente, faz uma revisão crítica das diversas concepções das relações
eu-outras/os produzidas pela psicologia e elege a perspectiva construcio-
nista para construir uma base teórica para a concepção de psicossocial.
Propõe conceber o psicossocial como continuum ontológico do processo
relacional, ou seja, definido pela indissociabilidade entre subjetivo e social
(extremos de um mesmo continuum ao invés de dimensões separadas em
relação). Texto teórico-conceitual de alta complexidade e requer leituras
prévias para sua compreensão.

Spink, M. J. P. (2010). Linguagem e produção de sentidos no cotidiano. Centro


Edelstein de Pesquisas Sociais.
Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização

Neste livro, que está disponível on-line de forma gratuita através do


link https://static.scielo.org/scielobooks/w9q43/pdf/spink-9788579820465.
pdf, Mary Jane Spink, uma das principais referências dos estudos cons-
trucionistas no Brasil, apresenta um guia de compreensão da realidade
como construção social e da linguagem em ação como produtora de sen-
tidos, de forma densa, aprofundada e didática, bem como traz propostas
metodológicas com exemplos importantes de como fazer pesquisa a partir
de uma perspectiva construcionista. O livro é a síntese de um curso sobre
construcionismo social ministrado pela autora e encerra com a trans-
crição de dúvidas de alunas/os deste curso e as respostas e discussões
da autora. Livro fundamental para interessadas/os no tema e, principal-
mente, para pesquisadoras/es que desejam trilhar o caminho da pesquisa
de base construcionista.

Spink, P. K. (2003). Pesquisa de campo em psicologia social: uma perspec-


tiva pós-construcionista. Psicologia & Sociedade, 15(2), 18-42. https://doi.
org/10.1590/S0102-71822003000200003

Neste artigo, Peter Spink, referência nos estudos da psicologia do tra-


balho e autor pós-construcionista importante, problematiza a noção de tra-
balho de campo, definido como espaço e tempo delimitados no qual se faz
uma pesquisa e propõe a ampliação desta prática, postulando a ideia de
campo-tema numa visão pós-construcionista “onde o campo não é mais um
lugar específico, mas se refere à processualidade de temas situados”. Diz que
o campo deve incluir tanto as narrativas construídas, quanto as materiali-
dades existentes, pois “quando fazemos o que nós chamamos de pesquisa
de campo, nós não estamos ‘indo’ ao campo. Já estamos no campo, porque
já estamos no tema”. Do lugar às pessoas, de documentos à lembranças –
tudo é campo, porque tudo diz do tema da pesquisa. Inspirado na noção de
124

campo de Kurt Lewin e de matriz de Ian Hacking, incluindo suas próprias


elaborações pós-construcionistas sobre narrativas e materialidades, Peter
Spink produz texto base para a prática da pesquisa em psicologia social a
partir de uma perspectiva pós-construcionista.

Língua inglesa

Blustein, D. L. (2011). A relational theory of working. Journal of Vocational


Behavior, 79(1), 1-17. https://doi.org/10.1016/j.jvb.2010.10.004.

Em artigo fundamental para compreensão da atividade de trabalhar


numa lógica relacional embasada nos princípios construcionistas, David

Editora CRV - Proibida a impressão e/ou comercialização


Blustein, considerado um dos principais autores contemporâneos do campo
da OPC e proponente da Teoria da Psicologia do Trabalhar (TPT), apresenta
e discute sua teoria relacional do trabalhar enfatizando a necessidade de
pensar trabalho como ação (trabalhar) ao invés de estado (trabalho). Inicia o
artigo justificando a importância de uma concepção relacional do trabalhar,
identifica e discute os antecedentes e teorias de base para tal concepção, e
apresenta os princípios de sua teoria. Tem como objetivo principal propor
uma teoria que possa ampliar o campo de análise da OPC, principalmente
criando potencial explicativo para as carreiras e identidades de trabalho de
pessoas que não escolhem aquilo que fazem como trabalho. Outra leitura
importante para interessadas/os na discussão construcionista no campo dos
estudos do trabalho.

McIlveen, P., & Schultheiss, D. E. (2012). (Eds.) Social constructionism in


vocational psychology and career development. Sense.

Escrito por um conjunto eminente de pesquisadoras/es, este livro se cons-


titui na primeira e ainda principal apresentação da pluralidade de propostas
teóricas e práticas do campo da OPC a partir das perspectivas construcio-
nistas. Ao longo dos seus capítulos, são discutidas as principais propostas
teóricas de base construcionista no campo da OPC, e as conceituações e
aplicações de reflexividade, de práticas discursivas e do narrador dialógico.
Obra fundamental de introdução e aprofundamento das propostas constru-
cionistas no campo da OPC.

McNamee, S. (2012). From social construction to relational construction:


Practices from the edge. Psychological Studies, 57(2), 150-156. https://doi.
org/10.1007/s12646-011-0125-7
ARTICULANDO A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL E DE CARREIRA E A
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO125

Neste artigo, Sheila McNamee, autora renomada do campo constru-


cionista, faz o caminho histórico e conceitual para embasar a proposição,
primeiramente postulada por Kenneth Gergen, de construção relacional
como fundamento da compreensão da vida humana, anteriormente pensada
de forma dicotômica como construção subjetiva ou construção social.
Sintetiza três posicionamentos teórico-práticos para tal compreensão,
que “incluem (1) processos relacionais centralizadores que, por sua vez,
geram a expansão de (2) práticas colaborativas e participativas que abra-
çam visões de mundo alternativas por meio de uma (3) postura reflexiva”.
Conclui o artigo salientando da importância da possibilidade de com-
preender o mundo não a partir de verdades únicas e duradouras, mas da
vida no limite aberta a novas possibilidades relacionais como potenciais
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transformadoras do mundo ao criar maneiras diferentes de construção


conjunta de significados.
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ÍNDICE REMISSIVO
A
Aconselhamento de carreira 7, 13, 14, 18, 55, 56, 58, 59, 60, 64, 70, 74, 76,
80, 82, 89

C
Campo da OPC 14, 17, 19, 30, 78, 80, 81, 86, 96, 124
Carreiras 3, 7, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 26, 28, 31, 33, 37, 38, 40,
41, 42, 43, 44, 52, 53, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 64, 67, 68, 69, 70,
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71, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91,
93, 94, 95, 96, 97, 99, 101, 103, 104, 105, 106, 108, 109, 110, 111, 112, 113,
114, 115, 116, 117, 120, 122, 124, 129, 130
Coconstrução 21, 23, 25, 30, 31, 32, 36, 41, 43, 45, 50, 56, 57, 81, 82, 83,
89, 97
Concepção de carreira 14, 19, 41, 61, 64, 87
Construção 13, 14, 15, 17, 21, 22, 23, 26, 27, 31, 32, 34, 37, 38, 39, 42, 43,
44, 45, 47, 50, 51, 52, 53, 55, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 63, 65, 67, 68, 69, 70,
71, 75, 76, 77, 79, 80, 81, 83, 84, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 99,
102, 105, 108, 109, 111, 112, 117, 118, 121, 122, 123, 125
Construção das carreiras 13, 15, 55, 57, 62, 63, 67, 69, 84
Construcionismo social 13, 15, 20, 21, 23, 24, 25, 27, 28, 29, 30, 31, 35, 44,
48, 64, 66, 67, 70, 74, 76, 79, 80, 81, 87, 90, 92, 93, 94, 95, 103, 106, 112,
121, 122, 123, 129
Construções identitárias de trabalho 13, 20, 21, 22, 73, 122
Construções identitárias do trabalhar 3, 7, 13, 14, 15, 17, 22, 26, 31, 37, 38,
42, 44, 52, 55, 56, 71, 99
Cotidiano de trabalho 65, 68, 69, 92, 93, 105

F
Futuro 15, 35, 60, 64, 65, 67, 68, 77, 83, 85, 89, 91, 114

G
Gênero 7, 14, 55, 63, 64, 71, 75, 82, 86, 88, 90, 93, 94, 96, 97

I
Identidade 4, 13, 15, 17, 19, 20, 21, 22, 31, 35, 36, 37, 38, 40, 41, 43, 44, 56,
59, 65, 75, 76, 77, 80, 93, 99, 104, 109
128

Interseccionalidade 14, 64, 82, 83, 86, 88, 97, 115

M
Mundo do trabalho 41, 42, 60, 61, 67, 68, 74, 78, 79, 80, 84, 87, 88, 89, 91,
94, 96, 101, 108, 115, 122

N
Narrativa 21, 23, 27, 28, 31, 33, 34, 41, 42, 46, 49, 50, 51, 52, 53, 56, 57,
58, 59, 65, 76, 77, 99, 103

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Orientação profissional 3, 7, 13, 56, 67, 70, 71, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 91,
95, 99, 101, 103, 105, 107, 108, 109, 111, 112, 114, 115, 116, 118, 129, 130

P
Perspectiva construcionista 7, 21, 22, 23, 24, 28, 31, 37, 71, 75, 79, 90,
122, 123
Projeto de vida de trabalho 67, 81, 93, 108, 122
Psicologia do trabalhar 15, 19, 22, 38, 82, 83, 86, 111, 124
Psicologia social do trabalho 67, 70, 73, 74, 109, 112, 119
Psicossocial 14, 18, 20, 22, 23, 25, 26, 30, 31, 32, 33, 36, 40, 41, 42, 43, 44,
55, 56, 61, 62, 64, 66, 67, 74, 75, 78, 79, 80, 82, 85, 86, 87, 88, 90, 91, 109,
111, 112, 113, 122, 123

S
Sentido 14, 20, 21, 28, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 40, 42, 47, 49, 52, 55, 57,
64, 66, 68, 77, 81, 96, 111, 119

T
Trabalho decente 14, 22, 39, 40, 44, 62, 64, 65, 66, 67, 75, 76, 77, 79, 82,
85, 86, 114, 117, 119
Trajetória de vida 21, 22, 31, 40, 41, 42, 61, 62, 63, 89, 122

V
Vida ativa do trabalhar 14, 22, 31, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 45, 50, 56, 57, 58,
60, 61, 62, 63, 68, 71
Vulnerabilidade 14, 45, 63, 64, 74, 75, 78, 79, 118
SOBRE AS/OS AUTORAS/OS
Marcelo Afonso Ribeiro
Psicólogo, Especialista em Orientação Profissional, Mestre em Psicologia do
Desenvolvimento Humano, Doutor em Psicologia Social e Livre Docente em
Psicologia Social e do Trabalho pelo Instituto de Psicologia da Universidade
de São Paulo. Professor Associado do Departamento de Psicologia Social e do
Trabalho e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social do Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo, onde é pesquisador, orientador de mes-
trado e doutorado, docente de graduação e pós-graduação (lato e stricto sensu),
coordenador do Serviço de Orientação Profissional (SOP), do CPAT (Centro de
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Psicologia Aplicada ao Trabalho) e do Laboratório de Estudos do Trabalho e


Orientação Profissional (LABOR). É professor convidado do European Doctoral
Programme in Career Guidance and Counselling (ECADOC). Representante bra-
sileiro na Red Latinoamericana de los Profesionales de la Orientación. Membro
da UNESCO Chair of Lifelong Guidance and Counseling. Coordenador do GT
da ANPEPP “Carreiras: informação, orientação e aconselhamento”.

Andréa Knabem
É psicóloga, Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa
Catarina, Doutora em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da Uni-
versidade de São Paulo (IPUSP) com pós-doutorado no mesmo programa
(2020-2021). Docente da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no Setor
Litoral. Atua com projetos de pesquisa na perspectiva do construcionismo
social e em projetos de extensão na temática da Orientação Profissional e de
Carreira com universitárias/os. Membro do GT da ANPEPP “Carreiras: infor-
mação, orientação e aconselhamento” e da ABOP (Associação Brasileira de
Orientação Profissional). Pesquisadora do Laboratório de Estudos do Trabalho
e Orientação Profissional (LABOR – USP).

Maria Celeste de Almeida


Psicóloga e Mestre em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da Uni-
versidade de São Paulo. Trabalha com psicoterapia com adolescentes e adultos/
as, em consultório há mais de 30 anos. Atua também como Orientadora Pro-
fissional e de Carreira. Pesquisadora do Laboratório de Estudos do Trabalho
e Orientação Profissional (LABOR – USP).

Milena Sampaio Greve


Psicóloga e Mestre em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da Uni-
versidade de São Paulo. Especialista em Orientação Profissional e de Carreira
130

pelo Instituto Sedes Sapientiae. Atua em consultório particular com Orientação


Profissional e de Carreira e com Psicoterapia; em instituição escolar como
orientadora profissional; e no Instituto Sedes Sapientiae, onde é docente do
curso de Especialização em Orientação Profissional e de Carreira.

Paula Morais Figueiredo


Psicóloga e Orientadora Profissional. Mestra e Doutora em Psicologia Social
pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Professora con-
vidada do curso de especialização em Orientação Profissional e Carreira do
Instituto Sedes Sapientiae. Pesquisadora do Laboratório de Estudos do Tra-
balho e Orientação Profissional (LABOR – USP) e coordenadora do Núcleo
de Psicologia da Rede Emancipa.

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SOBRE O LIVRO
Tiragem não comercializada
Formato: 16 x 23 cm
Mancha: 12,3 x 19,3 cm
Tipologia: Times New Roman 10,5 | 11,5 | 13 | 16 | 18
Arial 8 | 8,5
Papel: Pólen 80 g (miolo)
Royal | Supremo 250 g (capa)
ARTICULANDO A
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
E DE CARREIRA E A PSICOLOGIA
ORGANIZACIONAL E DO TRABALHO
Estudos construcionistas sobre trabalhar,
construções identitárias do trabalhar e carreiras

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Este livro é parte componente da Coleção Fundamentos de Psicologia
Social, que visa apresentar e discutir as trajetórias de pesquisas e
produções conceituais e práticas dos diversos grupos do Departamen-
to de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da Uni-
versidade de São Paulo (PST-IPUSP). Neste segundo volume da cole-
ção buscamos apresentar a vanguarda de estudos sobre o trabalho,
identidade e carreira, bem como propostas de intervenção geradas,
que são base tanto para o campo da Orientação Profissional e de Car-
reira (OPC) quanto da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT).
Apresentamos e discutimos o histórico das temáticas estudadas,
nossa base teórico-conceitual fundamentada no construcionismo
social, nossos principais tipos de investigação e estratégias metodoló-
gicas, uma síntese dos estudos realizados e uma relação de nossas
principais publicações comentadas. Destina-se a pesquisadoras/es,
docentes, profissionais, estudantes, e interessadas/os em geral na
temática do trabalho, da identidade e da carreira e na construção de
práticas em OPC e POT, principalmente da psicologia, administração,
ciências sociais e educação.

ISBN 978-65-251-4499-3

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


INSTITUTO DE PSICOLOGIA 9 786525 144993

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