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A todas as crianças, que são a esperança do futuro com um mundo mais humano e
gentil.
AGRADECIMENTOS
À Profª Myrian Romero por ter sido minha estrela guia na orientação desta
monografia e por todo aprendizado e acolhimento durante o curso de pós-graduação.
Ao Manoel José Pereira Simão e Adriana Fiuzza, por terem embalado meu
sonho com olhar amoroso, tornado possível meu ingresso na pós-graduação em
Psicologia Transpessoal .
Ao meu marido Ciro Medeiros Bruno pelo apoio, pela dedicação e cuidado
durante todo o curso. Pela Paz-Ciência e por tocar minha vida impulsionando meu
crescimento e a minha liberdade.
Aos meus pais pelo exemplo precioso e inspirador, pelo carinho e por sempre
estimularem muito a arte e a sensibilidade.
A todos os seres visíveis e invisíveis que tocaram meu ser nessa trajetória de
escuta do sopro divino, por suavemente me guiar e amparar no caminho essencial.
Nosso receio mais profundo não é de que sejamos
inadequados. Nosso receio mais profundo é de que o nosso
poder não tenha limites. É a nossa Luz, não a nossa sombra
que mais nos amedronta. Quem sou eu para ser genial,
grandioso, talentoso e admirável? Na verdade quem é você
para não o ser? Seu agir pequeno não serve ao mundo. Não
há nada de esclarecedor em se diminuir para que as outras
pessoas não se sintam inseguras perto de você. Nós
nascemos para tornar manifesto o Brilho e ele está em cada
um de nós! E à medida em que deixamos nossa luz brilhar
inconscientemente, damos aos outros a permissão para fazer
o mesmo. À medida em que nos libertamos dos nossos
próprios medos e limites auto impostos, a nossa Presença,
automaticamente, liberta o outro.
Palavras-chaves:
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................11
2 PSICOLOGIA TRANSPESSOAL ...........................................................................14
2.1 – HISTÓRICO ..........................................................................................................14
A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL .............................................................................15
2.2 – ABORDAGEM INTEGRATIVA TRANSPESSOAL ...........................................16
2.2.1 – SISTEMATIZAÇÃO DA AIT ...........................................................................16
2.2.2 – ASPECTO ESTRUTURAL ..............................................................................17
CONCEITO DE UNIDADE ................................................................................ 17
CONCEITO DE VIDA......................................................................................... 18
CONCEITO DE EGO .......................................................................................... 19
ESTADOS DE CONSCIÊNCIA ......................................................................... 20
CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA ............................................................... 23
Consciência de vigília: ..................................................................................... 24
Pré-consciente: ................................................................................................. 24
Inconsciente psicodinâmico: ........................................................................... 24
Inconsciente ontogenético: .............................................................................. 24
Inconsciente transindividual: ......................................................................... 24
2.3.2 – ASPECTO DINÂMICO..................................................................................26
EIXO EXPERENCIAL ........................................................................................ 26
REIS ..................................................................................................................... 27
RAZÃO ................................................................................................................ 27
EMOÇÃO ............................................................................................................. 28
INTUIÇÃO ........................................................................................................... 28
SENSAÇÃO ......................................................................................................... 30
EIXO EVOLUTIVO (ORDEM MENTAL SUPERIOR) .................................... 30
RECURSOS TÉCNICOS DE APLICAÇÃO ................................................... 31
INTERVENÇÃO VERBAL ............................................................................. 31
IMAGINAÇÃO ATIVA ................................................................................... 31
REORGANIZAÇÃO SIMBÓLICA ................................................................. 31
DINÂMICA INTEGRATIVA .......................................................................... 32
AS SETE ETAPAS INTEGRATIVAS ............................................................. 32
RECURSOS ADJUNTOS................................................................................. 33
3 ABRAHAM MASLOW .............................................................................................35
3.1 HISTÓRICO ..............................................................................................................35
3.2 PROCESSO PRIMÁRIO, SECUNDÁRIO E TERCIÁRIO ......................................36
PROCESSO PRIMÁRIO ..............................................................................................36
PROCESSO SECUNDÁRIO ........................................................................................37
PROCESSO TERCIÁRIO ............................................................................................37
EXPERIÊNCIAS CULMINANTES ..............................................................................38
EXPERIÊNCIA DE PLATÔ.........................................................................................40
MECANISMOS DE DEFESA ......................................................................................40
COMPLEXO DE JONAS .............................................................................................41
A RELAÇÃO DO PROJETO DAS HISTÓRIAS DO ANJO PÓ- DE- ESTRELA
COM O COMPLEXO DE JONAS ...................................................................... 44
DESSACRALIZAÇÃO ..................................................................................................44
HISTÓRIAS TERAPÊUTICAS ......................................................................................45
HISTÓRIAS ..................................................................................................................46
A PRÁTICA DE CONTAR HISTÓRIAS ........................................................... 46
O PODER TERAPÊUTICO DAS HISTÓRIAS ............................................... 47
DIVERSOS OLHARES SOBRE HISTÓRIAS COMO RECURSO
TERAPÊUTICO................................................................................................ 48
O PROJETO DAS HISTÓRIAS .......................................................................... 50
OS QUATRO PRINCÍPIOS NORTEADORES DAS HISTÓRIAS DO ANJO PÓ-DE-
ESTRELA .....................................................................................................................51
TERAPÊUTICO ................................................................................................... 51
PEDAGÓGICO .................................................................................................... 53
CULTURAL ......................................................................................................... 54
ALEGRIA E ENTRETENIMENTO SAUDÁVEL ............................................. 55
A PRIMEIRA HISTÓRIA: O ANJO PÓ-DE-ESTRELA - A ORIGEM ......... 55
4 CONSIDERAÇÕES ESSENCIAIS OU FINAIS .....................................................58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA...........................................................................59
11
1 INTRODUÇÃO
O caminho essencial...
Minha infância foi repleta de arte e natureza. Cresci numa chácara onde eu mesma
fabricava vários de meus brinquedos. Ao lado de minhas irmãs, vivia maravilhosas
aventuras e inventávamos brincadeiras especiais. Até hoje recordo-me do escorrega de
tabatinga que fazíamos. Era uma delícia, chegávamos em casa barro puro. Brincávamos
também de fazer piqueniques no morro, de tecer cordões das conta de lágrimas que
colhíamos do pé, de batizar os bichinhos da chácara e de montar peças de teatro que
apresentávamos para a família, nas quais fazíamos tudo, da roupa até o cenário.
Desde pequena, adorava cuidar das pessoas. Preparava chá com ervas do quintal
quando alguém adoecia em minha casa. Tinha um sonho muito pouco típico de criança:
queria visitar cada quarto do hospital e levar algo de bom que trouxesse aconchego para os
doentes. Parecia um sonho (im)possível. Quem deixaria uma criança...? Mas eu realizei!
Eu cantava num coral da escola e, no Natal, fomos cantar no hospital para os doentes.
Fiquei muito feliz!
E foi nesse lugar, onde os livros da natureza estavam muito presentes1, que uma
árvore de Natal ganhara um enfeite divino, cheio de luz, através da visita de um passarinho
que construíra seu ninho em um de seus galhos. Neste lugar, iniciei minha preciosa jornada
em busca de caminhos terapêuticos inovadores na arte de cuidar do Ser.
Lá “aconteSia” (no aconteSer que brota do Ser, que vem de Deus, da unicidade) um
projeto muito especial o Doutores da Alma, onde eu me reunía com os jovens para ações
sociais, práticas de reflexão, jogos cooperativos e contemplação... Fazíamos a leitura
silenciosa de nossos propósitos de vida. Era muita energia reunida por um mundo melhor,
por caminhar juntos, pela felicidade...
Os ventos sopraram para outros caminhos. Mudei-me para o Estado de São Paulo e
ingressei na Pós-graduação em Jogos Cooperativos, onde surgiu o personagem Anjo Pó-
de-Estrela e em seguida o projeto das histórias terapêuticas.
1
A maestria se encontra em escutar a sincronicidade, cochicho dos eventos entrelaçados numa unidade aberta
e indissociável, que desvela sentidos sutis. É fazer a ponte entre os reinos capaz de comungar com o todo.
Deus dorme nos minerais, sente nos vegetais, sonha nos animais, desperta no ser humano, canta na Aleluia
nos anjos e desfruta de si mesmo no sábio (CREMA 2009).
13
brincadeira do anjo da guarda através de mensagens e presentes para todos os alunos da
classe. Nosso personagem foi um cuidador secreto sem fronteiras, visitando almas e
aquecendo corações.
2
Jung chamava sincronicidade de coincidência significativa, o tempo se apresenta como continuidade
concreta, contendo qualidades e condições básicas que podem se manifestar em locais diferentes com relativa
simultaneidade, num paralelismo que não se explica de forma casual.Jung apud (GUERREIRO, 2009).
14
2 PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
2.1 – HISTÓRICO
Como essa natureza humana é boa ou neutra, e não má, é preferível expressá-la e
encorajá-la, em vez de a suprimir. Se lhe permitirmos que guie a nossa vida,
cresceremos sadios, fecundos e felizes. Se esse núcleo essencial da pessoa for
negado ou suprimido, ela adoece, por vezes de maneira óbvia, outras vezes de
uma forma sutil, às vezes imediatamente, algumas vezes mais tarde (MASLOW,
1968, p. 28).
A PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
CONCEITO DE UNIDADE
Conceito de Unidade
Cartografia da Consciência
Estados de Consciência
Segundo Saldanha (2006), quando o indivíduo ignora que ele faz parte da unidade,
ele se apega aos objetos de prazer e passa a ter medo de não tê-los, de perdê-los ou de não
reavê-los, manifesta estados desarmônicos e experimenta sentimentos de tensão e
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ansiedade, o que pode provocar uma baixa resistência imunológica levando às doenças
auto-imunes, patologias cardíacas, síndromes mentais entre outras.
Maslow afirma que quando o homem reconhece essa dimensão transpessoal, resgata
a sua inteireza e vivencia o sentimento de unidade com o cosmo. Isto gera um estado mais
harmonioso e de paz, levando-o a novas reflexões sobre o conceito de vida.
Posteriormente, Maslow ampliou o conceito para “consciência de unidade” Nagelshmidt,
1996 (apud Saldanha, 2008, p.278):
CONCEITO DE VIDA
O conceito de vida, por sua vez, caracteriza a dimensão atemporal. “Tudo é vida,
energia, formas diversas de existência, algo que não é definido, nem se sabe, quando
começou ou quando terminará” (SALDANHA, 2008, p. 168).
Para Weil a vida é um pulsar contínuo no qual nascer, morrer e renascer fazem
parte de um processo. Possibilita mudar ou, ainda, rever valores e crenças do
indivíduo, o qual é um ser transformador de energia em um sistema evolutivo
com eterna continuidade. Weil, 1989 (apud Saldanha, 2008, p. 164)
Saldanha (2006) utilizou o referencial de Weil para conceituar vida num contexto
transpessoal.
Sob o aspecto biológico, a vida é pautada por duas etapas inerentes a todo ser vivo
em seu processo de evolução, que são a morte e o renascimento. Morrer e renascer, a vida
é pautada nesta verdade, morre a flor para nascer o fruto, morre a lagarta para nascer a
borboleta, morre o rio para renascer no mar.
“Em Transpessoal a morte é a transição, a passagem de uma forma para outra, acrescendo
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elementos de maior alcance na escala universal e mantendo a essência indivisível do
elemento anterior que consiste na vida em si própria” (SALDANHA, 2006, p.112).
CONCEITO DE EGO
Segundo Leloup (1997), o estado mental que antecede a criação do ego, é chamado
de "unidade indiferenciada", que é esse espaço amplo, livre, luminoso que está ligado a
uma inteligência primordial e é chamado de indiferenciado, justamente por não haver
consciência desse espaço. Quando os processos do ego adquirem supremacia e controlam
sua psique, há perda de si mesmo, de sua natureza essencial.
Segundo Saldanha (2006), além dessas etapas temos o subproduto do ego que é a
auto-imagem, que ocorre da identificação do ego com a emoção que se estrutura e se
solidifica e que passa a agir como uma identidade separada do ego. A auto-imagem se
alimenta da energia do ego e ele vai se impregnando da auto-imagem. Passa a agir como se
fosse outra pessoa e a sua capacidade de percepção e apreciação de si, do outro e do mundo
a sua volta fica limitada. Há uma fragmentação, o indivíduo não acessa o supraconsciente e
não vivencia a sua essência verdadeira.
Um ego rígido, que alimenta uma auto-imagem forte, por melhor que esta seja,
tornará o indivíduo robotizado, uma pessoa que se identifica com a idéia de si
mesmo e, não, com a realidade dos seus sentimentos, experiências e ações. A
vida fica dividida entre imagem e realidade, entre o que se pensa que é e o que se
é de fato (Saldanha, 2006, p. 117).
Um indivíduo em contato com ele mesmo vive a vida de forma flexível como ela é,
não tem a necessidade da auto-imagem ou de um ego rígido que lhe diga o que fazer e o
que ele é. Se sua mente está sem idéias rígidas, preconceito ou ordens, ela está em contato
direto com a experiência real do mundo, vive o momento presente, sente, pensa, age e vive
uma vida saudável em diferentes níveis.
ESTADOS DE CONSCIÊNCIA
Pierre Weil afirma que "a percepção da realidade é em função do estado de consciência
do indivíduo" (SALDANHA, 1999 p. 57).
Para a transpessoal o trabalho com sonhos é muito amplo, podendo esta linguagem
ser usada de muitas formas: técnicas de incubação de sonho, sonhos lúcidos e ainda a
ampliação dos mesmos.
d) Estado de consciência sono profundo: o cérebro emite neste estado ondas delta de
1 a 4 ciclos por segundo; aqui o indivíduo entra num estado de inconsciência total, ele
perde contato com o mundo externo.
CARTOGRAFIA DA CONSCIÊNCIA
Saldanha opta pela cartografia de Kenneth Ring (1978), por ser bem descritiva. Ela
dá as definições de cada dimensão:
24
Consciência de vigília:
Pré-consciente:
Inconsciente psicodinâmico:
Inconsciente ontogenético:
Inconsciente transindividual:
- Vácuo: é o estado de o puro ser; não há palavras para definir esta vivencia; é a fusão da
pequena mente com a mente cósmica. Saldanha ao citar Grof nos diz: [...] “o vácuo é
vivenciado como subjacente a toda criação, além do tempo e do espaço, além do bem e
do mal” (Saldanha, 2007, p. 127).
EIXO EXPERENCIAL
Eixo Evolutivo
REIS
A autora relata que quanto mais o indivíduo integrar o REIS durante a jornada de
sua vida, menos ele será influenciado pelo inconsciente coletivo. No entanto, o primeiro
passo é vivenciar a integração e o eixo experiencial, o qual pode ser trabalhado não só na
clínica, mas também na educação, nas organizações e áreas da vida em geral, como bem
abordado por Saldanha (2008).
RAZÃO
EMOÇÃO
Segundo Daniel Goleman (1996), em seu livro “Inteligência Emocional”, cada tipo
de emoção que vivenciamos nos predispõe para uma ação imediata, cada uma sinaliza para
uma direção que, nos recorrentes desafios enfrentados pelo ser humano ao longo da vida,
provou ser a mais acertada. O autor relata ainda que a emoção é o nosso radar para o
perigo. Se nós e nossos ancestrais esperássemos que a mente racional tomasse uma
decisão, é possível que tivéssemos desaparecido como espécie humana.
INTUIÇÃO
"No latim, “intueri” significa “ver dentro” e indica uma percepção imediata de
um objeto ou algo presente." (SALDANHA, 2008, p.189).
29
Assagioli afirma que a intuição capta a essência “do que é”, sem considerar
outros aspectos. Assim, acredita que tenha um caráter de autenticidade (SALDANHA,
2008).
Assigioli afirma ainda que existem muitos tipos de intuição: as sensoriais, que
estão mais relacionadas aos estímulos provenientes do ambiente e dos diferentes níveis de
personalidade; as de idéias, que vêem à mente como quando uma luz se acende; as
estéticas, em que o artista mescla cores, texturas, transpõe notas e formas; as religiosas,
místicas e as científicas, em que intuição e raciocínio se interpenetram. Estas últimas estão
mais relacionadas aos aspectos transpessoais.
Sob o ponto de vista transpessoal, Saldanha (2008), comenta que a intuição tem
sua origem no supraconsciente, ou seja, um espaço psíquico superior ligado às experiências
culminantes, intuições, conhecimentos e idéias transpessoais, que formam um conjunto de
conteúdos, os quais não se encontram disponíveis na consciência de vigília. Portanto,
vivenciar esses aspectos, permite que o ser possa experienciar outros níveis de consciência
e acessar uma sabedoria interior conectada com uma ordem mental superior, o que
favorece o processo evolutivo. Desta forma, caracterizam-se como um dos diferenciais
dessa abordagem quando aplicado à educação e à clínica.
Indo mais além, a intuição permite abstrair a concepção do ser, sem levar em
conta suas características individuais, como por exemplo: a cor sem forma, o particular do
universal, o temporal do atemporal. Isto significa que a inteligência é capaz de
compreender o ser em seu aspecto abstrato e universal, pela intuição. Possibilita, ainda,
descobertas e insights através das experiências subjetivas, consideradas introspectivas e
daquelas vivenciadas com o mundo externo, que são as extrospectivas; o que leva à
compreensão daquilo que não se conhece e passa-se a conhecer e daquilo que estuda e
vive, dos quais se faz a apreensão e o enriquecimento da consciência (SALDANHA,
30
2008).
SENSAÇÃO
INTERVENÇÃO VERBAL
IMAGINAÇÃO ATIVA
Trata-se de dar uma possibilidade ao inconsciente para que ele desenvolva imagens
mentais, aparentemente aleatórias, que são criadas e contornadas pelas motivações mais
profundas dos diferentes níveis do próprio indivíduo. Potencializando aspectos da
consciência de vigília, atualiza-se uma separação mais ampla da realidade e estima-se a
presença da ordem mental superior. Todos os exercícios são precedidos e facilitados por
uma pequena sensibilização ou um relaxamento simples de contato com a respiração. Eles
removem obstáculos à criatividade e à intuição, facilitando sua canalização e expressão,
operacionalizando esses elementos na vida cotidiana do indivíduo.
REORGANIZAÇÃO SIMBÓLICA
DINÂMICA INTEGRATIVA
Tais etapas são sensibilizadas através de um nível imaginário vivencial com base em
diálogos durante as jornadas míticas de fantasia, imaginação ativa, psicodrama interno,
trabalho corporal e sensorial, personificação de conteúdos apreendidos, grafismo,
representação simbólica, objetivação de conteúdos, psicodrama transpessoal e outros. Esse
processo ocorre através da mobilização de diferentes níveis do ser: do eixo experiencial,
bem como da abertura para o eixo evolutivo, ou da dimensão superior de consciência
humana.
RECURSOS ADJUNTOS
3 ABRAHAM MASLOW
3.1 HISTÓRICO
Abraham Harold Maslow foi o mais velho de sete filhos de pais judeus. Nasceu em
1° de abril de 1908, em New York. Graduou-se na Universidade de Wisconsin e recebeu o
título de doutor (PhD) em 1934. Sua tese tratava do relacionamento entre a dominância e o
comportamento sexual entre os primatas. Posteriormente, realizou extensa pesquisa sobre o
comportamento sexual humano, inspirado na noção psicanalítica de que o sexo é de
importância central para o comportamento humano, acreditando que a compreensão do
funcionamento sexual iria melhorar o ajustamento humano.
O objetivo dele era provar que os seres humanos são capazes de fazer algo maior
do que guerra, preconceitos e o ódio. A partir de 1943, orientou-se para os
estudos das motivações, tornando-se um dos mais considerados especialistas em
comportamento humano e motivação, pioneiro na sustentação da hierarquia das
necessidades e do conceito de auto-realização. (SALDANHA, 2006, p.47)
Quanto mais aprendemos sobre as tendências naturais do homem, mais fácil será
dizer-lhe como ser bom, como ser feliz, como ser fecundo, como respeitar a si próprio,
como amar, como preencher as suas mais altas potencialidades (MASLOW, [s.d.], p. 29).
Maslow afirmava que grande parte das neuroses são causadas pela criatividade
reprimida, os potenciais subaproveitados bloqueando os elementos saudáveis do ser
humano. Além disso, acreditava na idéia de que indivíduos saudáveis e satisfeitos consigo
mesmos, são auto-realizados e que, portanto, essas pessoas aceitam a si mesmas e aos
outros pelo que são, criando um clima e situação de convivência saudável, se realizando
como ser humano, uma vez que suas necessidades possam ser atendidas.
36
Maslow definiu o crescimento como: “os vários processos que levam a pessoa
no sentido de sua individuação”. Envolvia não só a satisfação progressiva de
necessidades básicas até o ponto que desapareciam, mas também motivações
específicas de talentos, capacidades criadoras e potencialidades constitucionais
(FRICK, 1975, p. 169).
Saldanha (2006) a partir dos estudos de Freud afirma que o processo primário é
característico da infância, embora possa continuar de certa forma na fase adulta; é
representado por alusão, analogias, e não existe um sentido ou uma preocupação com o
tempo. Não há o conceito linear de tempo, não há moralidade e não há dúvidas. Fantasia e
realidade não se distinguem.
PROCESSO PRIMÁRIO
PROCESSO SECUNDÁRIO
PROCESSO TERCIÁRIO
EXPERIÊNCIAS CULMINANTES
Acrescenta-se que indivíduos auto-atualizadores não são perfeitos, sem defeitos, já que é ilusão
acreditar que existem seres perfeitos. Nem sábios ou santos podem ser perfeitos, posto que
compartilham dos problemas dos seres humanos comuns (MASLOW, 1970, p. 176).
Para Maslow (1994, p. 135), a síntese dos valores do ser (S) nas experiências culminantes
são:
EXPERIÊNCIA DE PLATÔ
Maslow descreveu ainda as experiências “platô”, que representam uma maneira nova
e mais profunda de encarar e vivenciar o mundo, envolvendo mudança de atitude
gradativa, diferente da experiência culminante, a qual pode durar poucos minutos, algumas
horas, raramente mais do que esse tempo, e é intensa.
MECANISMOS DE DEFESA
Maslow afirmava que o homem seria um ser com habilidades, capacidades e poderes
adormecidos e que o adormecimento acontece não só por termos aspectos patológicos, mas
também por bloquearmos esses elementos saudáveis inerentes a todo e qualquer ser. A
impossibilidade, ou dificuldade, de expressarmos nossa criatividade e de atualizarmos
nossos potenciais como ser humano realizado, traz como conseqüência as neuroses.
COMPLEXO DE JONAS
Jonas pôde abrir-se à transcendência, mas se fechou e cortou as próprias asas. Mas,
algumas vezes, quem corta suas asas é a sociedade, ou seja, o meio que habita. Jonas tem
medo de ser diferente, de ser único e afasta-se de sua vocação profunda.
Ele recebe o convite para levantar e despertar quando ouve o chamado para ir a
Nínive, terra de seus inimigos, dizer ao povo para cessarem os conflitos, ou em breve não
existirá mais Nínive. Jonas é convidado à cooperação através do gesto misericordioso de
despertar e salvar o povo o qual intitulava de seus inimigos. Jonas não quer ouvir a voz
profunda e quer permanecer deitado. Ele foge de sua palavra interior e entra num barco que
42
está partindo para Társi e adormece no porão.
Muitos têm medo de mudanças, mesmo que esta mudança as abra a uma
existência melhor e mais feliz. O abandono dos antigos hábitos, a perda do
conhecido, cria em algumas pessoas um clima intolerável de insegurança. Não
há realmente segurança senão no previsível, mesmo que isto signifique
infelicidade e sofrimento. O desejo de segurança é muito pronunciado nos
psicóticos. Em sua infância lhes foi ensinado que toda mudança é uma
ameaça. A separação da mãe ou do ambiente familiar foi-lhes apresentado como
o equivalente da morte e do caos. Esta noção vai criar, nestas pessoas, um medo
de toda e qualquer mudança. Muita segurança impede a evolução da pessoa,
mas muita liberdade vai causar também muita angústia. A criança não sabe mais
quais são seus limites. Portanto, o medo de não ser como os outros vai gerar um
outro medo: o medo de conhecer-se a si mesmo. (Fonte: LELOUP, site oficial.)
Jonas é engolido por uma baleia e passa três dias e três noites nas profundezas de si
mesmo. (LELOUP, 2003). “É no coração da profundidade que Jonas vai gritar e apelar
para Deus. Jonas tem medo de amar. Só quando vai além dos próprios limites é que ele
reencontra o Ser que o faz aceitar a sua missão”. (Weil, Leloup, Crema, 2003, p.70).
Jonas vai a Nínive e anuncia a lei do carma: “Todas as causas provocam efeitos. Se
continuarem com essa atitude de violência e de desprezo, isso acarretará na destruição da
grande cidade”. (WEIL, LELOUP, CREMA, 2003, p.70).
O povo de Nínive o escuta e a cidade não é destruída. Jonas, ao invés de ficar feliz, fica
triste e furioso com Deus. Jonas acredita que a justiça seria a cidade ser destruída como
consequência natural dos atos daquele povo. Não compreende a misericórdia de Deus.
Jonas tem medo do sucesso, de superar seus pais e de deixar de ser amado por eles.
43
Tememos o sucesso e suas repercussões, pelo medo de ultrapassarmos nossos
pais, seja em felicidade, em educação, em fortuna ou em status. Podemos, assim,
nos tornarmos uma ameaça para nossos pais e sermos rejeitados por eles. Vocês
percebem que é sempre a presença desta criança em nós que tem medo de não
ser amada, que tem medo de não ser reconhecida. Um psicólogo como Fenichel
verá, como uma causa profunda do medo de vencer, o sentimento de
indignidade. Temos, pois, de observar em nós a nossa relação com o
sucesso. Nosso desejo do sucesso e nosso medo do sucesso. E neste medo do
sucesso talvez esteja incluído um sentimento de indignidade – esta depreciação
de si mesmo que talvez seja a herança de um certo número de julgamentos que
nos foram dirigidos. Quando se repete a uma criança que ela nunca será nada,
que ela não é inteligente ou que não sabe cantar, ela integrará esta
programação. E se um dia ela chegar ao sucesso, inconscientemente, ela pensa
que este sucesso não é justo. Citando Finchel: “O sucesso pode significar a
realização de alguma coisa imerecida, que acentua a inferioridade e a culpa. Um
sucesso pode implicar não somente em castigo imediato, mas também em
aumento de ambição, levando ao medo de futuros fracassos e de sua
punição.” Para Karen Horner, o medo do sucesso resulta do medo de suscitar
inveja nos outros, com perda conseqüente do seu afeto. Alguns têm medo de
vencer porque não querem que os outros sintam ciúmes dele, o que é muito
arcaico. Os gregos expressavam isso da seguinte maneira: “Os deuses têm inveja
do sucesso dos homens.” Porque eles consideravam que o sucesso dos homens
retirava as suas prerrogativas. A maioria dos primitivos pensa que muito
sucesso atrai para o homem um perigo sobrenatural. Heródoto, em particular, vê
em todos os lugares da história a obra da inveja divina. Quando os homens e
mulheres são muito ambiciosos, atraem toda sorte de infelicidades. Só está
seguro o homem que é obscuro. “Para viver feliz, viva escondido”, para viver
feliz, viva deitado. (Fonte: LELOUP, Site oficial)
Nínive era a cidade inimiga de seu povo. Ir a Nínive representava trair seus irmãos.
”Jonas tem medo de ser diferente e essa diferença é o que ele realmente é, medo da
autenticidade”. Jonas foge do seu propósito de vida (WEIL, LELOUP, CREMA, 2003,
p.70).
Jonas indaga, por que foi retirada a árvore, sua sombra. Argumenta que prefere
morrer a viver sem ela. E Deus responde a Jonas.
“Você sofre pelo fim de uma árvore cuja duração foi de uma noite e um
dia que não lhe custou nenhum trabalho. E eu não terei pena de Nínive
onde vivem mais de 120 mil homens que não distinguem uma mão da
outra, como muitos animais?!” (WEIL, LELOUP, CREMA, 2003, p.70).
“Às vezes uma palavra, uma frase ou uma história soa tão bem, tão perfeita, que
faz com que nos lembremos, pelo menos por um instante, da substância da qual somos
feitos, e do lugar que é o nosso verdadeiro lar” . (ESTES,1997).
“Somos poeira que dança na Luz. É o Universo... uma multidão de poeiras, uma multidão
de átomos e de mundos que dançam na claridade da mais pura Luz.” (LELOUP)
Nosso personagem, O Anjo Pó- de- Estrela, tem sua origem no Big Bang e seu
maior desafio é acalmar as tempestades cósmicas, onde aspiradores e espanadores
cósmicos o separaram de sua família e amigos. Os pós-de-estrela pulam de estrela em
estrela, tentando se segurar e sobreviver ao desequilíbrio cósmico. O pó de estrela
representa todo o potencial, o tesouro vocacional e a centelha divina.
Assim, nosso personagem iniciará uma mágica aventura na Terra, que começa na
segunda história. Nesta descobrirá a origem do desequilíbrio que gera as tempestades
cósmicas. Encontrará as causas na raça humana, que vem deixando evaporar o pó-de-
estrela. O pó-de-estrela evapora em função da grande quantidade de humanos que estão
aprisionados pelo “Complexo de Jonas”, pelo esquecimento de si mesmo, transformando o
sonho de Deus em pesadelo afastando-se da bem-aventurança e deixando guiar-se pela
fragmentação interior. Nosso personagem, de maneira divertida, conduzirá seus leitores a
viagens profundas de contato com o pó-de-estrela, despertando os potenciais na tarefa de
relembrar a promessa individual a serviço do propósito maior da existência.
DESSACRALIZAÇÃO
A plena realização consiste em Ressacralizar, o que significa ver o outro sob uma
espécie de eternidade, reconhecendo o sagrado, o eterno e o simbólico. Maslow traz-nos
alguns exemplos, como: olhar a mulher com M maiúsculo, com tudo o que isso implica;
dissecar um cérebro como um objeto, mas também com valor simbólico, como uma figura
de discurso vendo seus aspectos poéticos.
HISTÓRIAS TERAPÊUTICAS
Mellon corrobora com essa idéia ao relatar que de um simples conto pode brotar o
estímulo necessário para desencadear uma mudança, restaurando um tesouro de poderes
que está vivo dentro de cada um de nós.
“Criar e narrar histórias é, antes de tudo, ajudar a guiar e a transformar a vida das pessoas”.
(MELLON, 2006, orelha do livro)
Nancy Mellom relata que, em sua experiência com adultos e crianças, tem observado
que as imaginações desse início de milênio são normalmente permeadas pelo medo e por
obsessões, além de se apresentarem irregulares. A autora afirma que apesar disso podem se
tornar saudáveis e radiantes através de estímulos e inspiração abastecidos por elementos
sábios e antigos do mundo da imaginação.
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A visão interior de imaginar, pensar por imagens, pode e deve constituir-se
em um recurso de aprendizagem em diversas áreas do conhecimento escolar.
Numa possível pedagogia da imaginação que nos habitue a controlar a própria
visão interior sem sufocá-la. Feldman 1998 (apud Saldanha; p.31).
HISTÓRIAS
A prática de contar histórias provavelmente teve início nas cavernas, com a família
reunida em volta do fogo e o homem contando suas bravatas. Com certeza existiam vários
tipos de contadores. Aqueles mais expressivos, detalhistas e cheios de emoção eram os que
ganhavam maior atenção na prática de proporcionar o saborear do conteúdo da história.
De acordo com, Dohme, 2010, alguns aspectos internos da criança podem ser trabalhados
através das histórias, tais como:
· Senso crítico: por meio das histórias, as crianças conhecem diversas culturas, classes
sociais, raças e costumes - visão de outras realidades fará com que lancem um olhar mais
integral e, assim, possam ter uma atuação mais autônoma.
Uma das fases da vida em que são acumuladas essas tensões emocionais é na
infância. A criança não possui recursos internos para entendê-los plenamente e
regular seu nível de emoções, além de não possuírem vias cognitivas como os
adultos para externarem seus conflitos. Assim, pode manifestar comportamento
cruel, agressivo, dificuldade de aprendizado, enurese noturna, fobias, entre
outros fatores. (Sunderland, 2005)
3
A sombra é uma luz que não pode se doar. É um amor que não pode se comunicar. Quando a energia do
amor não pode se doar e se comunicar ela se volta contra nós. Ela nos rói, ela nos destrói interiormente.
(Leloup, 2009, p.180)
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1- Inconsciente pessoal:
2- Inconsciente coletivo:
"O inconsciente coletivo é formado pelos instintos e arquétipos que são elementos
psíquicos coletivos ou transpessoais, comuns a todos os seres humanos".
Expressando a ideia acima de outra forma, é como se cada ser humano nascesse com
a história das experiências humanas de milênios impressa na psique, mas não de forma
atualizada, mas sim como possibilidades.
Nos mitos e contos de fada, como no sonho, a alma fala de si mesma e os arquétipos
se revelam em sua combinação natural, como "formação, transformação, eterna recriação
do sentido eterno" (JUNG, 2000, p.214)
“Os textos sagrados são textos do inconsciente, eles não falam somente ao mundo da
razão, ao mundo das explicações, mas falam ao mundo dos sentidos, através de imagens e
símbolos” (LELOUP, 2009.)
Uma história, por si só, abre a possibilidade de contato com o jardim secreto do
imaginário, onde não existem limites e nem tempo. Oferece também a oportunidade de
cada um reconhecer e viver a sua própria história, de forma pessoal e única. Pois, além de
povoar a imaginação, traz consigo: sonhos, vitórias, derrotas, ensinamentos, experiências,
percepções, sentimentos, esperanças e temores.
Dizem que o que todos procuramos é um sentido para a vida. Não penso que seja
assim. Penso que o que estamos procurando é uma experiência de estar vivos, de
modo que nossas experiências de vida, no plano puramente físico, tenham
ressonância no interior do nosso ser e da nossa realidade mais íntimos, de modo
que realmente sintamos o enlevo de estar vivos. Joseph Campbell em entrevistas
com Bill Moyer.
Pinkola (1994) relata que, através da poesia, cuja linguagem também trafega pelo
universo de metáforas, os poetas atuam como visionários e historiadores da vida psíquica.
Em muitos casos, suas observações e insights são tão penetrantes que suplantam as
hipóteses da psicologia acadêmica, tanto em precisão como em profundidade. ”As histórias
são como bálsamos medicinais”.
Rubem Alves, afirma que o objetivo da história é dar à criança símbolos através dos
quais ela possa falar de seus medos. Ele diz que é mais fácil falar de si mesmo fazendo de
conta que fala de bichos, plantas e flores. (Alves, 1999)
Nancy Mellon em seu livro "Corpo em Equilíbrio" discorre sobre o poder do mito e
das histórias para despertar e curar as energias adoecidas no físico e no espiritual. Segundo
essa autora, a contação de histórias é uma arte terapêutica que pode trazer à tona a
sabedoria inata que existe em cada ser humano. Através das histórias, amplia-se o
conhecimento interior tornando as pessoas mais conscientes de si mesmas.
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“Aparentemente, há algo nessas imagens iniciatórias tão necessário à
psique que se elas não são supridas a partir de uma fonte exterior, pelo
mito e o ritual, serão anunciadas continuamente pelo interior”. (JOSEPH
CAMPBELL apud Mellon, p.103).
"Céu em cima
Céu em baixo
Estrelas em cima
Estrelas em baixo
Percebe-o
E rejubila-se"
O Projeto das histórias do Anjo Pó-de-Estrela teve início em 2009, com objetivo de
ser uma referência amorosa para as crianças, que contribua para educar para a condição
humana. Desde então, diversas literaturas, cursos e experiências vem compondo esta
criação.
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OS QUATRO PRINCÍPIOS NORTEADORES DAS HISTÓRIAS DO ANJO PÓ-
DE-ESTRELA
Os princípios norteadores da história que foi escrita, bem como das demais
subseqüentes, são o Terapêutico, o Pedagógico, o Cultural e o do Entretenimento, com o
objetivo de promover uma atuação no sentido da integração do Ser. Estes princípios
reúnem algumas teorias de autores como Abrahaw Maslow, Vera Saldanha, Nancy Melon,
Margô Sunderland, Terry Orlick, Carl Jung, Clarissa PinKola Estés, Humberto Maturana,
Roberto Crema, Laureano Guerreiro e Jean Leloup.
TERAPÊUTICO
Quanto mais mágicas, mais oníricas forem as histórias, melhor. Quanto mais
diferentes modos de pensar e ver a realidade, quanto mais variadas e
extraordinárias forem as situações que elas contam, mais se ampliará a gama de
abordagens simbólicas possíveis para todos os problemas que nos afligem
.Corso, Diana Lichtenstein – “Fadas no Divã” (Porto Alegre, 2006)
Para Maslow, é necessário que se alcance uma fusão, uma síntese dos processos
primários e dos secundários, do consciente e do inconsciente, do eu profundo e
do eu consciente, e de uma maneira graciosa e frutífera que, embora não tão
comum, é factível. Essa fusão gerará indivíduos a quem o inconsciente deixa de
atemorizar, podendo viver suas fantasias; imaginação; desejo de realizar-se; seu
feminino; sua qualidade poética; sua extravagância; podem nela regredir a
serviço do ego. É uma regressão voluntária saudável na qual o indivíduo dispõe,
a qualquer momento, da criatividade. (SALDANHA, 2006, p. 59)
Embora os contravalores sejam mais fortes nos indivíduos neuróticos, todos nós
os temos e deveríamos fazer as pazes com tais impulsos interiores, para que
pudéssemos, então, transformá-los em outros sentimentos, como admiração,
gratidão, compreensão, adoração etc... por meio de uma análise e do trabalho
consciente o que nos ajudaria a aceitar os valores do Ser em nós mesmos e no
outro, trazendo soluções ao complexo de Jonas.(Maslow, s.d).
4- Estimular o Autoconhecimento.
Segundo Maslow, a criança que é ajudada a descobrir que tipo de pessoa é, qual é o
seu estilo, qual é a sua melhor aptidão e quais são os seus limites, tem seu potencial
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favorecido. melhorando a aceitação de si e dos outros. Isso resulta em aceitar a
diversidade de forma natural e harmoniosa, favorecendo maior absorção, fascinação e
perseverança no que está fazendo ou aprendendo em todas as diferentes etapas, ao longo de
sua existência.
PEDAGÓGICO
4
Na evolução de um ser humano, o medo não superado, o desejo bloqueado, vão gerar patologias. O medo
superado, o desejo não bloqueado, vão permitir a evolução. (LELOUP, 2009)
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outras. A construção dessas pontes constitui um exercício permanente de
revisão filosófico-pedagógica de nossas atividades, programas e demais
intervenções, praticadas diariamente, na escola, na empresa, na comunidade, no
clube, na universidade, com a família, com os outros e... com a gente mesmo.(
Brotto, Fábio, 2001, p.3)
CULTURAL
Nestas histórias também vão acontecer passeios por lugares diferentes e por
culturas diferentes, de forma sutil, leve e imparcial, aproximando povos e culturas e
contribuindo para que as crianças desde cedo identifiquem uma visão comum para um
melhor futuro para o planeta.
Para Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama, “não podemos mais invocar as barreiras
nacionais, raciais ou ideológicas que nos separam, sem repercussões destrutivas.
Dentro do contexto de nossa nova interdependência, considerar os interesses dos
outros é claramente a melhor forma de auto-interesse”. (Tenzi Gyatso apud
Brotto Fábio, 1997, p.27)
As crianças criativas, para Maslow, parecem ser as que têm vozes que lhes
dizem o que é correto e o que não é. Já as crianças que têm baixa criatividade,
mesmo com um coeficiente intelectual elevado, apresentam dificuldades de
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expressão, de aprendizado e de entendimento do que está acontecendo no
momento presente e em seu universo interior.
Nascemos para contar uma estória e para cumprir uma promessa que fizemos
num belo e estrelado dia além do tempo e do espaço, diante de uma Testemunha
de Luz. A tarefa mais importante da existência é a de recordar a estória única,
que encarnamos para vivificar e que traz, no seu coração, o pote de ouro da
missão que viemos realizar e ofertar à própria Vida. (CREMA, 2012- O Anjo Pó-
de-estrela-A Origem)
Ao longo da produção desta monografia foi concluída a primeira obra deste projeto,
que recebeu o título de "O Anjo Pó-de-Estrela - A Origem" e que foi publicada
recentemente. Parte da teoria abordada nesta pesquisa foi aplicada ao livro e ao projeto de
oficinas para educadores e para crianças.
Concluo este trabalho lembrando que nascemos para brilhar como as crianças e ser
humanos em nossa totalidade e com uma citação de Abraham Maslow:
“Se você se contentar com menos do que pode ser, será infeliz pelo resto da vida”
(Abraham Maslow)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
1- ALVES, Rubens. A história dos três porquinhos: recontada por Rubem Alves.
Ilustração de André Ianni.São Paulo: Paulus, 1933.
7- CORSO, Mário, Diana. Fadas No Divã: Psicanálise nas Histórias Infantis Porto. Alegre,
Artmed, 2006.
11- DELORS, Jacques (org.). Educação: um tesouro a descobrir. 10 ed. São Paulo:
Cortez; Brasília, DF: MEC: UNESCO, 2006.
15- DOHME, Vânia. Técnicas de contar histórias: Um guia para desenvolver as suas
habilidades e obter sucesso na apresentação de uma história. Petrópolis: Vozes, 2010.
16- ESTES, Clarissa. Mulhers que Correm Com os Lobos. Rio de janeiro: Rocco, 1994.
18- FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da Personalidade. São Paulo: Harbra,
1986.
19- FRICK, W. B. Psicologia humanista; entrevistas com Maslow, Murphy e Rogers. Rio de
Janeiro: Zahar, 1975,
21- GUERREIRO, Laureano. Educar para a condição humana. Lorena, SP. Diálogos do
ser, 2009.
25- JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 197
31- MASLOW, Abraham Harold. Introdução à psicologia do ser. 2. ed. Rio de Janeiro:
Livraria Eldorado Tijuca, 1968.
42- WALSH, R.; VAUGHAN, F. (Org.). Caminhos além do Ego; uma visão transpessoal.
43- XAVIER, Marion. Site Scielo no artigo Arendt, Jung e Humanismo: um olhar
interdisciplinar sobre a violência. São Paulo, 2008.