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Na primeira aula do seminário 5, Lacan faz um breve retorno aos seminários anteriores: o

seminário 1 foi dedicado aos escritos técnicos de Freud, apresentando a função do simbólico;
o segundo valorizou a insistência repetitiva como algo oriundo do inconsciente, sendo que a
consistência disso esta na estrutura de uma cadeia significante; no terceiro a psicose foi
fundamentada numa carência significante primordial, compreendendo o mecanismo essencial
da redução do grande Outro, do Outro como sede da fala ao outro imaginário. È uma suplência
do simbólico pelo imaginário; No seminário 4, localizou o objeto a como metonímico, pois o
objeto do desejo é objeto do desejo do Outro, sendo o desejo sempre o desejo de outra coisa.
Freud aponta as relações do inconsciente com o significante e a partir disso Lacan investiga
qual a função do significante no inconsciente nas formações do inconsciente.

Um discurso não é apenas uma matéria, uma textura, mas requer tempo, tem uma dimensão
no tempo, uma espessura. Não podemos contentar-nos, em absoluto, com um presente
instantâneo, pois toda nossa experiência vai contra isso, assim como tudo o que dissemos. Por
exemplo, quando começo uma frase, vocês só compreenderão seu sentido quando eu a houver
concluído. É absolutamente necessário – essa é a definição de frase – que eu tenha dito a
ultima palavra para que vocês compreendam a situação primeira.

Uma vez que que se entra na roda do moinho de palavras, o discurso sempre diga mais do que
aquilo que se diz.

Além disso, pelo simples fato de ser fala, o discurso funda-se na existência, em algum lugar, do
termo de referência que é o plano da verdade- da verdade como distinta da realidade, o que
faz entrar em jogo o possível surgimento de novos sentidos, introduzidos no mundo ou na
realidade. Não se trata de sentidos que estejam presentes ali, mas dos sentidos que a verdade
faz surgir neles, que ela literalmente introduz.

Lacan traduz o termo o termo Witz como uma tirada espirituosa, aproxima e ao mesmo tempo
diferencia da tradução do Witz, como chiste. A tirada espirituosa é, vez por outra, objeto de
uma certa depreciação – é leviandade, falta de seriedade, extravagancia, capricho. É possível
localizar em “Chiste e sua relação com o inconsciente”, que a economia desse livro baseia-se
em que Freud parte da técnica do chiste e volta sempre a ela.

Lacan cita o Livro de Heinrich Heine, Reisebilder, imagens de viagem, e resgata de obra o
termo Familionario, que surge em uma passagem da historia relatada na obra. Afirma que
familionario é uma tirada espirituosa, onde é possível esquematizar o discurso, dizendo que
ele parte do Eu e vai para o Outro. A tirada espirituosa tem relação com alguma coisa que se
situa profundamente no nível do sentido.

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