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Principais matrizes teóricas da Psicologia

Social

Apresentação
Na psicologia social, nos deparamos com olhares distintos sobre uma mesma temática. Perspectivas
diferentes despertam abordagens diferentes, que acabam por se complementar.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as metodologias de pesquisa dos autores que
marcaram a psicologia social com seus estudos. Você vai também, contemplar a contribuição da
multiplicidade teórica na psicologia social e como esta pluralidade conduziu a psicologia social para
a atualidade.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar as representações coletivas de Durkheim, mentalidades primitivas de Lévy e as


representações de Moscovici.
• Analisar as influências psicanalíticas, como a teoria das massas de Sigmund Freud e o
inconsciente coletivo de Carl Gustav Jung.
• Reconhecer a dimensão empírica e raízes metodológicas da psicologia social psicológica,
psicologia social sociológica e psicologia social crítica.
Desafio
Imagine que um amigo se mudou para outra cidade, mas vocês continuam mantendo contato. Um
dia desses, seu amigo lhe enviou um presente pelos serviços de entrega de correspondências. Ao
receber em sua casa uma grande caixa, embrulhada com papelão, plástico e madeira, você se vê na
necessidade de pegar algumas ferramentas para poder abrir o presente e saber o que ganhou do
amigo. Primeiro com uma tesoura, que foi muito eficiente para desembrulhar o plástico filme,
porém, não teve o mesmo efeito para o papelão, que teve que ser retirado com o auxílio de uma
faca de cozinha. Já para retirar a madeira de proteção, foi necessária a utilização de um serrote.
Retirando todos os obstáculos, pode ver o que o amigo havia lhe dado de presente.

A psicologia social, da mesma forma, se utiliza de várias ferramentas para entender a interação do
indivíduo com a sociedade. Explique a relação das várias correntes teóricas na abordagem da
psicologia social.
Infográfico
No Infográfico a seguir, você poderá visualizar como as correntes teóricas da psicologia social estão
relacionadas, conforme seus principais pensadores. Cada corrente é capaz de dar a sua contribuição
e sustentação nos três tipos de psicologia social, ou seja, a psicologia social psicológica, sociológica
e histórico-crítica.
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Conteúdo do livro
A psicologia social, na busca da compreensão dos fenômenos que envolvem o indivíduo e a
sociedade, construiu diferentes perspectivas, que acabam por se complementar. As representações
coletivas de Durkheim e depois as contribuições de Moscovici serão ponto de partida deste estudo.
Logo após, você irá estudar a teoria das mentalidades primitivas de Lévy-Bruhl e a contribuição da
visão psicanalítica.

Estas diferentes formas complementares de análises na psicologia social foram dando origem às
Psicologias Sociais psicológicas, sociológicas e histórico-críticas. Cada uma preocupando-se,
aprofundando e dedicando-se, um pouco mais, em uma determinada área da interação do individuo
com seu meio.

Leia o capítulo Principais matrizes teóricas da Psicologia Social e entenda a contribuição dessas
teorias.

Boa leitura.
PSICOLOGIA
SOCIAL

Daiane Duarte Lopes


Principais matrizes teóricas
da psicologia social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as representações coletivas de Durkheim, as mentalidades


primitivas de Lévy-Bruhl e as representações de Moscovici.
 Analisar as influências psicanalíticas como a teoria das massas de
Freud e o inconsciente coletivo de Jung.
 Reconhecer a dimensão empírica e raízes metodológicas da psico-
logia social psicológica, psicologia social sociológica e psicologia
social crítica.

Introdução
Na psicologia social, nos deparamos com olhares distintos sobre uma
mesma temática. Perspectivas diferentes despertam abordagens di-
ferentes, que acabam por se complementar. Neste capítulo, você vai
compreender as metodologias de pesquisa dos autores que marcaram
a psicologia social com seus estudos. Você vai também contemplar a
contribuição da multiplicidade teórica na psicologia social e como essa
pluralidade conduziu a psicologia social para a atualidade.

Representações coletivas

Representações coletivas em Durkheim


Émile Durkheim foi o primeiro teórico a utilizar o termo “representações”
com o objetivo de introduzir o tema da representação coletiva. Para Durkheim
(apud JACÓ-VILELA; SATO, 2007), as representações derivam da relação e
dos laços sociais que os indivíduos estabelecem entre si.
2 Principais matrizes teóricas da psicologia social

As representações superam as instâncias individuais, adquirindo realidade


e autonomia próprias. Socialmente, as representações coletivas sintetizam o
que os homens pensam sobre si mesmos e sobre a realidade que os cerca. Dessa
forma, mostra-se como conhecimento socialmente produzido. Originadas
de esforço coletivo, são livres das representações individuais, pois pontuam
novas ações refletindo a existência da sociedade.
Durkheim (apud RODRIGUES, 2000) acreditava em uma regulação dife-
rente entre as leis que explicavam os fenômenos sociais e os fenômenos indivi-
duais. Assim, as representações coletivas, por derivarem dos acontecimentos
sociais, se constituem em fato social e, assim, resulta de uma consciência
coletiva e não de uma consciência individual.
Durkheim (apud RODRIGUES, 2000) destaca o pensamento social como
um conjunto de pensamentos, que regeriam os indivíduos coletivamente;
assim sendo, o pensamento social atua sobre o pensamento individual, muitas
vezes o influenciando. O pensamento individual poderia ser entendido como
um fenômeno psíquico, mas que não se reduz a uma atividade cerebral, por
ter envolvido consigo um conjunto de percepções e ligações sensoriais que
contribuem para a formação do pensamento. Por exemplo, quando sentimos
um arrepio e conseguimos diferenciar, pelo pensamento, se estaríamos
com frio ou com medo. Dessa forma, o pensamento social não se abrevia à
soma dos pensamentos individuais, mas se estrutura a partir do encontro e
sincronia entre eles.
Assim, as representações atingem o terreno das práticas sociais. Para
resumir, o conceito de representações coletivas tanto é forma de conhecimento
quanto guia para as ações sociais. Os estudos de Durkheim sobre representações
coletivas inspiraram Moscovici (1978) a buscar na sociologia consonância para
a perspectiva individualista da psicologia social.

Representações em Moscovici
Para Moscovici (1978), a representação social é uma composição que o indiví-
duo faz para entender o mundo e para se comunicar, e dessa forma se expressa
como uma teoria. A representação social pode ser vista tanto na medida em
que está inserida em um contexto psicológico autônomo, como própria da
sociedade e da cultura que estamos vivendo.
A teoria das representações sociais se ocupa essencialmente com a interação
entre sujeito e objeto, buscando compreender como se desenvolve o processo
de construção do conhecimento, sincronicamente individual e coletivo na cons-
Principais matrizes teóricas da psicologia social 3

trução das representações sociais. Para Moscovici (1978), as relações sociais


construídas no cotidiano são produto de representações que são facilmente
apreendidas. Tomando assim uma dupla dimensão, sujeito e sociedade, dá-se
margem a uma variedade de conceitos sociológicos e psicológicos.
É uma teoria que se aproxima tanto como produto quanto como processo,
pois a representação é paralelamente o produto e o processo de uma atividade
mental pela qual um indivíduo ou um grupo restaura o real, confrontando e
atribuindo uma significação específica. Assim, a teoria das representações
sociais é uma proposta metodológica de leitura do conhecimento de senso
comum que se ocupa com o conteúdo das representações.
Abordada como processo, a teoria das representações sociais de Moscovici
reside no saber de que forma se constroem as representações, como se desen-
volve a inclusão do novo e do incomum, em ambientes em que prevalecem o
consenso. Conforme Moscovici (1978), envolve dois processos formadores:
a ancoragem e a objetivação.
O processo de objetivação torna “[...] real um esquema conceptual, (...) que
se dê a uma imagem uma contrapartida material [...]” (MOSCOVICI, 1978,
p. 110). Dessa forma, a objetivação consiste em dar corpo a um determinado
conceito. O processo de ancoragem envolve a integração cognitiva do objeto
expresso no sistema de um pensamento preexistente, dessa forma, por meio da
ancoragem tornamos familiar o conceito ou objeto representado. Acompanhe
na Figura 1 um esquema de como os processos de objetivação e de ancoragem
se relacionam com as representações sociais.

Estudante
Representação social
Objetivação

Estudante

Ancoragem

Figura 1. Relação entre as representações sociais, a objetivação e a ancoragem.


4 Principais matrizes teóricas da psicologia social

Mentalidades primitivas de Lévy-Bruhl


Os estudos de Lévy-Bruhl abordaram a investigação das leis de funcionamento
das representações coletivas, que apresentam condutas próprias e autônomas
das leis da psicologia fundadas sobre a análise do sujeito individual. Assumidas
por serem usuais aos indivíduos de determinados grupos sociais, por serem
repassadas como herança e por se sobressaírem aos indivíduos e lhes instigar
hábitos, virtudes e crenças, as representações coletivas se articulam e se dife-
renciam das representações construídas pelos indivíduos isoladamente. Como
exemplo, Lévy-Bruhl (apud FARR, 1998) destaca a “língua” para mencionar
uma distinção entre as instâncias coletivas e individuais. A língua não pode
existir sem os falantes e ao mesmo tempo é anterior a eles e se disponibiliza
de forma que seja possível cada indivíduo identificar sua fala.
Para esclarecer, Lévy-Bruhl (apud FARR, 1998) apresenta o funcionamento
da mentalidade primitiva propondo o estudo de quatro funções básicas que
compõem o processamento cognitivo: a memória, a abstração, a generali-
zação e a classificação. A memória possui uma importância significativa,
pois atende a necessidades reais de reprodução da cultura, possibilitando que
as inúmeras sínteses substantivas recebidas da tradição social possam estar
sempre presentes nas consciências individuais. A abstração possui uma função
que beira a mística. Sua principal característica é isolar os caracteres que
constituem um ser, dedicando atenção exclusiva às dimensões que englobam
tudo aquilo que ultrapassa o alcance imediato dos sentidos. A generalização
consiste resumidamente no resultado de um sentimento difuso de ligação
entre as coisas, os seres e os homens. A classificação possui também caráter
fundamentalmente místico, uma vez que consiste apenas no resultado de
abstrações e generalizações misticamente orientadas.

Em Durkheim (1895), o conceito de representações coletivas fez da sociedade um


corpo relativo e histórico.
Em Moscovici (1978), as representações puderam, sobretudo, abordar as práticas
sociais, atribuindo sentido e retirando o viés irracional.
Em Lévy-Bruhl (1947), destaca-se o conceito de mentalidade primitiva, que articula
as funções básicas do processamento cognitivo (memória, abstração, generalização
e classificação) para a constituição das representações coletivas.
Principais matrizes teóricas da psicologia social 5

Visão psicanalítica
A psicanálise começou a se ocupar com o social, mais especificamente os laços
sociais, com Freud e seu estudo intitulado “Psicologia das massas e análise do
eu” em 1921. Nesse estudo, Freud aborda a que se refere a noção de “massa”.
Inicialmente buscando diálogo com autores como Le Bon e McDougall. Em Le
Bon, Freud (apud MAYA, 2016) se inquieta com a ausência de resposta para a
seguinte questão: “Se os indivíduos do grupo se combinam em uma unidade,
deve haver certamente algo para uni-los, e esse elo poderia ser precisamente
a coisa que é característica de um grupo”. Com relação à organização da
massa de McDougall, ao olhar de Freud (apud MAYA, 2016), destaca-se uma
tese: “A tarefa consiste em procurar na massa as mesmas propriedades que
eram características do indivíduo e se apagaram pela formação de massa” e
introduz noções centrais que a clínica lhe forneceu, tais como identificação,
sugestão e libido.
Freud (1921) destaca a libido e o amor como forças que unem a massa,
junto à necessidade que tem o indivíduo de um outro. Assim, poderíamos
resumir todo o desenvolvimento de sua tese destacando que existe uma relação
analógica entre o que se passou no indivíduo e o que se passou na constituição
de uma massa, o que nos leva a pensar sobre o vínculo estabelecido entre a
massa e o indivíduo.

Inconsciente coletivo de Jung


Jung (2000) formulou uma teoria que incluía tanto o inconsciente pessoal
quanto o coletivo. O inconsciente pessoal é composto de memórias esquecidas,
experiências reprimidas e percepções subliminares é semelhante ao conceito
de inconsciente de Freud. Os conteúdos do inconsciente coletivo, também
conhecido como inconsciente impessoal ou transpessoal, são universais e não
se enraízam em nossa experiência pessoal. Jung (2000) define o inconsciente
como um processo, em que a psique se transforma ou se desenvolve pelo
relacionamento do ego com os conteúdos do inconsciente.
O inconsciente coletivo, que resulta das experiências comuns a todas as
pessoas, também inclui material de nossa genealogia pré-humana e animal.
Jung sugeriu que existe um nível de imagens no inconsciente comum a todas
as pessoas. Ele também descobriu uma íntima correspondência entre os con-
teúdos oníricos dos pacientes e os temas míticos e religiosos encontrados em
muitas culturas amplamente dispersas.
6 Principais matrizes teóricas da psicologia social

No filme O labirinto do Fauno, dirigido por Guillermo Del Toro em 2006, você
pode ver de forma bem explícita o conceito de inconsciente coletivo de Jung,
juntamente com as forças que unem as massas, como o amor e a libido de Freud.
O filme retrata uma história repleta de personagens místicos que oscilam entre
fantasia e realidade e possui como personagem central uma menina de 13 anos
em um cenário na década de 1940 na Espanha após a guerra civil. Além do olhar
psicanalítico, você pode identificar no filme os conceitos de Durkheim, Moscovici
e Lévy-Bruhl costurados a esse olhar.

Psicologia social sociológica, psicologia social


psicológica e psicologia social crítica
As contribuições de diferentes ciências em torno de teorias que lançam olhar
sobre o social geram uma das particularidades da psicologia social contem-
porânea, surgindo dessa forma uma visão de que a psicologia social possui
pluralidade em sua essência. Conforme essa tese, os autores da atualidade
destacam três possibilidades:
Psicologia social psicológica analisa os modos de ser dos indivíduos com
relação aos demais, mesmo que o entro não seja concreto, real, produzindo
conteúdos a partir da imaginação, bem como as influencias provenientes dessa
relação. Os psicólogos sociais simpatizantes com essa corrente teórica buscam
salientar os modos como cada indivíduo vivencia, interpreta e responde aos
acontecimentos.
Psicologia social sociológica busca na experiência social vivenciada pelo
indivíduo, nos grupos sociais nos quais está inserido uma compreensão acerca
dos fenômenos que os cercam. Assim, os psicólogos sociais com abordagem
sociológica voltam seus olhares sobre os acontecimentos decorrentes das
participações de diferentes grupos sociais na sociedade, bem como seu im-
pacto para esta.
Na psicologia social crítica ou psicologia social histórico-crítica, di-
ferentes posturas teóricas estão envolvidas para uma melhor compreensão
em torno da psicologia social que se delineia na atualidade, como o socio-
construcionismo e a psicologia discursiva. Essa vertente lança olhar sobre
os atravessamentos que conduzem os acontecimentos e comportamentos por
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meio das vivências sociais. Procurando unir conhecimentos, essa vertente teve
sua origem na América Latina e tem o propósito de produção e captação de
mudanças sociais. Emerge em situações de opressão e exploração presentes
nas sociedades, promovendo a garantia de direitos.

Poderíamos exemplificar da seguinte forma. Vamos imaginar que você vai a um show
da sua preferência:
A psicologia social psicológica buscaria olhar para a forma como você interagiu
com o show, bem como as emoções, as sensações e os comportamentos gerados
por essa interação.
A psicologia social sociológica buscaria compreender como o grupo que assistiu
ao show interagiu entre si e com o evento, assim como os movimentos e conteúdos
provindos dessa interação.
A psicologia social crítica ou histórico-crítica se posicionaria de forma mais analítica,
buscando compreender todos os movimentos que atravessam a relação que você
estabeleceu com o grupo social que assistia ao show.

DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. [S.l.: s.n.], 1895.


FARR, R. M. As raízes da psicologia social moderna. Petrópolis: Vozes, 1998.
FREUD, S. Psicologia das massas e análise do eu. Rio de Janeiro: IMAGO, 1921. v. XVIII.
JACÓ-VILELA, A. M.; SATO, L. (Org.). Diálogos em psicologia social. Porto Alegre:
ABRAPSUL, 2007.
JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo.Petrópolis: Vozes, 2000.
LÉVY-BRUHL, L. La mentalité Primitive. 14a ed. Paris: Presses Universitaires de France,
1947.
MAYA, B. E. Psicologia das massas: método analógico? Stylus, Rio de Janeiro, n. 32, p.
181-190, jun. 2016. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1676-157X2016000100017>. Acesso em: 21 fev. 2017.
MOSCOVICI, S. A representação social da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
RODRIGUES, A. Psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2000.
8 Principais matrizes teóricas da psicologia social

Leituras recomendadas
ÁLVARO, José Luis; GARRIDO, Alicia. Psicologia social: perspectivas psicológicas e
sociológicas. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
ASCH. S. E. Psicologia social. 4. ed. São Paulo: Nacional. 1977.
BAURUS-MICHEL. J. O sujeito social. Belo Horizonte: PUC Minas, 2004.
BERGER. P. L.; LUCKMANN. T. A construção social da realidade: tratado de sociologia
do conhecimento. 29. ed. Petrópolis: Vozes, 1966.
BOCK. A. M. B.; GONÇALVES, M. G. M.; FURTADO, O. (Org.). Psicologia sócio-histórica:
uma perspectiva crítica em Psicologia. São Paulo: Cortez, 2004.
CORGA. D. M. Uma história da psicologia social: sua diversidade. 1998. 269f. Tese (Dou-
torado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São
Paulo.1998.
FERREIRA. M. C. A psicologia social contemporânea: principais tendências e pers-
pectivas nacionais e internacionais. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 26, n. especial, p.
51-64, 2010.
FREUD. S. O mal-estar na civilização. Rio de Janeiro: Imago. 1930. v. XXI.
SÁ, C. P. Representações sociais: o conceito e o estado atual da teoria. In: SPINK, M.
J. (Org.). O conhecimento do cotidiano: as representações sociais na perspectiva da
psicologia social. São Paulo: Brasiliense, 1995.
Dica do professor
Freud é um importante personagem dos estudos da psicologia e, por meio da teoria psicanalítica,
deu importantes contribuições para a psicologia social. Assista ao vídeo e conheça um pouco sobre
sua vida.

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Exercícios

1) Sobre as representações coletivas em Durkheim, é correto afirmar que:

A) Em Durkheim, as representações derivam do indivíduo isolado da sociedade.

B) Em Durkhein, socialmente as representações coletivas são sintetizadas e presas ao esforço


individual.

C) Em Durkhein, as representações coletivas dos acontecimentos sociais resultam de uma


consciência coletiva, e não de uma consciência individual.

D) Para Durkheim, o pensamento social não atua sobre o pensamento individual.

E) De maneira geral, o pensamento social de Durkheim se abrevia à soma dos pensamentos


individuais.

2) Assinale a alternativa correta:

A) Para Moscovici (1978), a representação social é uma composição que o indivíduo faz para
entender a si mesmo e utiliza tal conhecimento na busca de transformar a sociedade, como
um representante dela.

B) Para Moscovici (1978), as relações sociais tomam uma dupla dimensão, Sujeito e Sociedade,
fazendo margem a uma variedade de conceitos filosóficos e psicológicos.

C) O processo de ancoragem envolve a integração cognitiva do objeto expresso no sistema de


um pensamento novo; dessa forma, através da ancoragem tornamos familiar o conceito ou
objeto representado.

D) A teoria das representações sociais de Moscovici reside no saber de que forma se constroem
as representações, como se desenvolvem a inclusão do antigo ao novo, em ambientes em que
prevalecem as discordâncias de pensamento.

E) As representações sociais se ocupam essencialmente com a interação entre sujeito e objeto.

3) Lévy-Bruhl (apud FARR,1998) apresenta o funcionamento da mentalidade primitiva


propondo o estudo de quatro funções básicas que compõem o processamento cognitivo: a
memória, a abstração, a generalização e a classificação. Das alternativas abaixo, assinale a
alternativa que está de acordo com o pensamento do autor em relação a estas quatro
funções básicas:

A) A memória atende a necessidades reais de reprodução da cultura.

B) A abstração tem por objetivo englobar todos os caracteres constituintes de um ser.

C) A generalização constitui o resultado de um sentimento difuso de isolamento entre as coisas.

D) A classificação possui caráter fundamentalmente místico, uma vez que consiste apenas no
resultado de objetivações e generalizações misticamente orientadas.

E) A abstração possui uma função que beira a mística. Sua principal característica é isolar os
caracteres que constituem um ser, dedicando atenção exclusiva às dimensões que englobam
tudo aquilo que não ultrapassa o alcance imediato dos sentidos.

4) Sobre a visão psicanalítica, é correto afirmar que:

A) A psicanalise começou a se ocupar com o social, com Durkheim.

B) No estudo intitulado “Psicologia das massas e análise do eu", em 1921, Le Bom e McDougall
abordaram o conceito de massa.

C) Freud (1921) destaca o desejo do indivíduo de viver em coletivo como a única força que une
a massa.

D) O inconsciente coletivo resulta das experiências comuns a todas as pessoas.

E) Jung (2000) formulou uma teoria que incluía uma espécie de inconsciente coletivo que unia
as massas. Este inconsciente era composto de memórias latentes e experiências postas em
práticas.

5) A Psicologia Social possui uma pluralidade conceitual em sua essência, dentre elas a
Psicologia Social Sociológica, Psicologia Social Psicológica e Psicologia Social Crítica. Assim,
assinale a alternativa correta a respeito destas correntes:

A) A Psicologia Social Psicológica busca salientar os modos como a coletividade vivencia,


interpreta e responde aos acontecimentos.

B) A Psicologia Social Crítica lança olhar sobre os atravessamentos que conduzem os


acontecimentos e comportamentos através do inconsciente coletivo.
C) Na Psicologia Social Sociológica, existe a busca da compreensão da experiência social
vivenciada pelo coletivo; nelas, os indivíduos não são o foco, visto que todos os
comportamentos individuais são reflexos do social.

D) O Socioconstrucionismo e a Psicologia Discursiva são algumas posturas teóricas presente na


Psicologia Social Crítica.

E) A Psicologia Social Sociológica ocupa-se de investigar apenas focada no indivíduo.


Na prática
Uma assistente social foi realizar uma visita domiciliar, a fim de averiguar as condições
socioeconômicas da família de Juliana, inscrita em programa de distribuição de renda. Consta no
cadastro que Juliana é mãe solteira de três crianças e faz faxinas em casas de amigos e vizinhos.
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Mesmo que suas condições socioeconômicas estejam aparentando ser boas, esta pessoa não possui
nada além de seus filhos e a boa vontade de terceiros. A assistente social, que, em um primeiro
momento, verifica uma aparência que indica boa situações de vida, ao estudar mais a fundo a vida
desta pessoa consegue verificar a necessidade de acompanhamento direto do CRAS para esta
família.

Assim como o caso acima, a psicologia social crítica busca ir além do aparente na vida dos sujeitos.
Busca vários olhares em torno das situações vividas, levando em consideração a história dos
indivíduos, a fim de compreender a realidade que os cerca. Não se contenta com o que está posto,
mas permite aprofundar o conhecimento e transformar a realidade destas pessoas.

Cada teoria presente na psicologia social se une para melhor compreender os fenômenos sociais.
No caso de Juliana, permite, mais do que entender os processos que a levaram a buscar o CRAS,
também procurar e almejar mudanças no estado de dependência desta família da "boa vontade" de
terceiros e possa, assim, ser uma família incluída nos processos sociais e conquistar independência.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Abordagens em Psicologia Social e seu ensino

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Considerações sobre a Teoria das Representações Sociais como


capítulo da História da Psicologia Social

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Freud, a Psicanálise e a Psicologia

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