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A evolução histórica da Psicologia Social

Apresentação
Você sabia que a psicologia social surgiu entre o século XIX e o século XX, inicialmente abordada
como uma área de aplicação da Psicologia para estabelecer uma ponte entre a psicologia e as
ciências sociais (sociologia, antropologia)? Sua formação acompanhou os movimentos ideológicos e
conflitos do inicio do século, a ascensão do nazi-fascismo, as duas grandes guerras e a luta do
capitalismo sobre o socialismo. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai acompanhar um
panorama sobre a história da psicologia social desde sua base europeia, seu enraizamento nos
Estados Unidos, a crise na América Latina e suas inspirações trazidas da sociologia, política e
filosofia. Você irá entender o contexto histórico do surgimento da necessidade de pensar sobre a
influência dos aspectos sociais nos indivíduos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar a gênese da psicologia social.


• Reconhecer o momento histórico inicial, primeiros escritos, contribuições dos teóricos
europeus, influências angloamericanas e latinoamericanas.
• Analisar as influências sociológicas, políticas e filosóficas da psicologia social.
Desafio
Imagine uma pessoa que adquiriu um carro novo. Ela escolheu um carro branco, com ar
condicionado, vidros elétricos, perfeito para passeios. Depois de alguns dias andando pelas ruas da
cidade, resolveu fazer uma viagem por uma estrada rural até a cidade vizinha. Ao sair do espaço
urbano, nota que a estrada está em péssimas condições. Em alguns trechos, há grandes buracos.
Patinando em um buraco de lama, percebe que mais importante que vidros elétricos, era tração nas
quatro rodas. Ou seja, é um carro muito eficiente para as ruas do centro de sua cidade, mas não
para uma estrada rural.

Assim, é claro que uma psicologia social construída a partir de uma realidade estritamente diferente
da existente na América Latina não seria capaz de dar conta de fatores particulares desta última.

Pensando nisso, escreva sobre a crise da psicologia social na América Latina, discorrendo sobre a
árdua tarefa dos psicólogos sociais em aplicar uma teoria construída em condições distintas da
realidade local.
Infográfico
No Infográfico a seguir, você poderá visualizar como a psicologia social está estruturada nos
diferentes lugares do mundo, em especial na Europa, EUA, América Latina e no Brasil.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Conteúdo do livro
No texto a seguir, você poderá acompanhar os principais fatos que fizeram a história da psicologia
social no mundo, tendo como principais bases conceituais europeia e norte-americana, como
berços desta linha de estudo. Além disso, poderá acompanhar sua chegada na América Latina e no
Brasil. Também verá que a psicologia social produzida na sociedade norte-americana foi
insuficiente para dar conta da realidade latino-americana, forçando os psicólogos sociais brasileiros
a buscar uma nova abordagem que pudesse compreender as particularidades destes países. Leia o
capítulo A evolução histórica da Psicologia Social, do livro "Psicologia Social".
PSICOLOGIA
SOCIAL

Daiane Duarte Lopes


A evolução histórica
da psicologia social
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar a gênese da psicologia social.


„„ Articular momento histórico inicial, primeiros escritos, contribuições dos
teóricos europeus, influencias anglo-americanas e latino-americanas.
„„ Contextualizar as influências sociológicas, políticas e filosóficas da
psicologia social.

Introdução
Neste capítulo, você vai acompanhar um panorama sobre a história da
psicologia social desde sua base europeia, seu enraizamento nos Estados
Unidos, a crise na América Latina e suas inspirações trazidas da sociologia,
política e filosofia. A escrita se desenvolverá de forma que você possa
entender o contexto histórico do surgimento da necessidade de pensar
sobre a influência dos aspectos sociais nos indivíduos.

A gênese da psicologia social


A psicologia social surgiu precisamente no momento de transição do século
XIX para o século XX, inicialmente abordada como uma área de aplicação
da psicologia para estabelecer uma ponte entre a área e as ciências sociais
(sociologia, antropologia). Sua formação acompanhou os movimentos ideoló-
gicos e os conflitos do início do século, a ascensão do nazi-fascismo, as duas
grandes guerras e a luta do capitalismo sobre o socialismo.
Considerado um dos pais da psicologia moderna, Wilhelm Wundt (1832-
1920) era médico e psicólogo experimental e não só inaugurou a utilização e
os limites da análise experimental, como também abriu espaço para o estudo
do comportamento dos indivíduos e seu reflexo no mundo. Wundt escreveu
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sobre Völkerpsychologie (em português, “Psicologia popular ou cultural”) que


seria uma ciência psicológica criada para estudar fenômenos como magia,
cultura, linguagem e gestos, processos que, no entendimento de Wundt, não
poderiam ser compreendidos isoladamente.
Paralelamente aos estudos de Wundt, ocorreram os estudos de Émile
Durkheim (1858-1917), antropólogo e sociólogo, que propôs uma análise das
representações coletivas e defendia que esse campo pertencia à sociologia. No
entanto, Durkheim concordava com Wundt referindo ser um campo de estudo
da psicologia social os estudos da subjetividade e da cultura.
Tanto para Durkheim quanto para Wundt, a compreensão do conheci-
mento produzido estava relacionada diretamente a uma forma sociológica
de psicologia social, ou seja, como se desencadeia a experiência social que o
indivíduo vivencia a partir de sua participação nos diferentes grupos sociais
com os quais convive (Fig. 1).

Figura 1. A ilustração exemplifica a diversidade a qual a


psicologia social toma para si como campo de estudo.
Fonte: karavai/Shutterstock.com
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„„ 1879: Wundt funda o primeiro laboratório de pesquisas em psicologia, o Psycho-


logische Institut na Universidade de Leipzig.
„„ 1895: Durkheim publica seu livro Regras do método sociológico.
„„ 1900-1920: Wundt publica Völkerpsychologie (Psicologia popular ou cultural) em
10 volumes.

Momento histórico inicial, contribuições


e influências
O termo psicologia social foi utilizado pela primeira vez por James M. Baldwin
em 1887 em seus trabalhos sobre o desenvolvimento moral e social da criança
e em 1899 foi retomado por Edward Ross em uma conferência de estudos da
sociologia.

Primeiros escritos
O cientista social francês Gustave Le Bon (1841-1931) publicou Psicologia
das multidões (1895), originando um ponto de partida para o entendimento
da psicologia social: o conceito de mente coletiva, em que cada indivíduo,
ainda que com suas particularidades, quando ligado a um grupo, pensa e age
conforme o grupo.
A obra do psicólogo inglês William McDougall, An Introduction to So-
cial Psychology (em português, “Uma introdução à psicologia social”), com
uma perspectiva centrada no indivíduo, propôs que o social está inscrito na
natureza biológica do ser humano. A obra do sociólogo Edward Ross, Social
Psychology, an Outline and Sourcebook (em português, “Psicologia social,
um esboço e um livro-fonte”), sobre a compreensão do comportamento social,
explica como crenças, sentimentos e ações podem desencadear as interações
sociais. Também foram um marco teórico para a psicologia social.
Assim, a psicologia social tem sua gênese marcada pela coincidência de
uma “dupla paternidade” entre a psicologia e a sociologia.
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Contribuições europeias
Na Europa, berço da psicologia social, os estudos iniciaram focados nos grupos
e nas coletividades. Nesse momento inicial, a psicologia social demonstrou
uma identidade própria e mostrou, desde então, sua real e objetiva preocupação
com a estrutura social latente no indivíduo.
Os temas mais frequentes na abordagem da psicologia social europeia são
as relações de identidade social e as representações sociais. E, ainda hoje, é
difundida, aplicada e exercida por ser considerada significativamente válida
no contexto europeu.

Influências anglo-americanas e latino-americanas


Na América do Norte anglo-americana, prevalece um olhar individualista, em
que as atitudes e a percepção do indivíduo têm uma influência significativa na
abordagem da psicologia social. Vários teóricos aprofundaram seus estudos sobre
esse tema, entre eles estão: Heider (1946) com sua teoria do equilíbrio, em que “as
pessoas tendem a manter sentimentos e cognições coerentes sobre o mesmo objeto
ou pessoa”; Asch (1946), que escreveu sobre as percepções sociais, concluindo que
“a ordem com que as informações são recebidas afeta a formação da impressão
global”; e Festinger (1954), que desenvolveu a teoria da dissonância cognitiva, em
que “as pessoas são motivadas a procurar equilíbrio entre atitudes e ações”. Na
América do Norte, os estudos mais frequentes da psicologia social giram em torno
da cognição social, das atitudes, dos processos grupais ou da neurociência social.
Na América Latina, ainda no surgimento dos estudos em psicologia so-
cial, o indivíduo foi o foco. E por volta da década de 1970, uma abordagem
estimulada pelo contexto social vivido, em que conflitos e desigualdades
sociais e políticos eram relevantes, surgiu a necessidade de um olhar mais
individualizado sobre a psicologia social nesse cenário.
Martin-Baró (1942-1989) lançou olhar sobre uma psicologia social em
que o comprometimento com a realidade social esteja presente, bem como a
atuação do psicólogo social possa contribuir para a estruturação de identidades
pessoais, coletivas e históricas, ambicionando a promoção de mudanças. Essa
temática emerge dos conflitos vivenciados e da urgência de soluções práticas
contextualizadas e competentes. Questões como estereótipos, autoimagem,
identidades sociais, relações de gênero e poder social são abordadas sempre
na expectativa de resolução para os problemas vivenciados.
No Brasil, a psicologia social teve seu início influenciado por estudos
norte-americanos no final da década de 1970. No entanto, não tardou para que
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os psicólogos sociais rompessem com essa lógica de estudo, abraçando uma


temática com foco no contexto brasileiro, abordando assuntos como violência
doméstica, pobreza, crianças de rua, desigualdade e exclusão educacional.
Pensadores como Nina Rodrigues (1862-1906), Gilberto Freyre (1900-1987),
Arthur Ramos (1903-1949) e os antagônicos da atualidade Aroldo Rodrigues
e Silvia Lane desenvolveram seus referenciais teóricos em que o indivíduo é
concebido como uma criação histórica-social. Assim, indivíduo e sociedade se
influenciam de maneira recíproca. Contudo, essa inspiração teórica da psicologia
social, no Brasil, deixou à margem a cultura, aniquilando parte do potencial para
o desenvolvimento pleno de uma psicologia social efetivamente “brasileira”.

Até aqui você pôde perceber como são variadas as abordagens teóricas em torno
da psicologia social. Isso ocorre, pois estamos em constante transformação. Nosso
mundo interno se alimenta dos conteúdos que emergem do mundo externo e, como
nossa relação com o mundo externo é incessante, estamos sempre absorvendo, em
movimento, em processo de transformação.
Por isso, a psicologia social tem um papel importante para a compreensão dos indiví-
duos. Sua metodologia e seu corpo teórico captam o indivíduo em movimento e busca
intervenções em torno das políticas públicas que organizam e reorganizam a vida social
aumentando ou diminuindo os efeitos da desigualdade social e da miséria no mundo.

Influências sociológicas, políticas e filosóficas


da psicologia social
Precursores da sociologia, como Saint-Simon (1760-1825), Auguste Comte
(1798-1857), Herbert Spencer (1820-1903), Gabriel Tarde (1843-1904) e mesmo
Émile Durkheim (1858- 1917), consideraram em seus escritos tanto a psicologia
como a sociologia uma nova forma de fazer ciência. A partir desses olhares,
a sociologia se motivou a pensar sobre os aspectos psicológicos e individuais
da existência humana no campo social. Alguns pesquisadores da sociologia
visualizaram um espaço deixado pela psicologia logo no princípio do seu
surgimento. Tal movimento da sociologia provocou uma nova demanda na
psicologia, fazendo esta passar a se ocupar também com a temática social,
ocasionando o surgimento da psicologia social.
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Assim, a psicologia, ocupada em torno de aspectos sociais do comporta-


mento e suas motivações, passou necessariamente a se integrar à esfera da
política. A psicologia social e a política são territórios férteis e passíveis de
múltiplos olhares. As duas áreas têm ligações íntimas com as ciências sociais,
sendo ambas constituídas por meio dessa ciência, ao mesmo tempo em que
contribuem para expansão do seu campo teórico e prático. Associar fatores de
ordem social, política e psicológica, objetivando a compreensão da realidade
social de maneira integrada constitui os pontos de maior instigação para a
psicologia social e para a política e se compromete a estudar temas específicos,
como racismo, xenofobia, participação social, saúde pública e relações de poder.
O relacionamento da psicologia com a filosofia se dispõe a analisar questões
fronteiriças e controversas. A maneira como a psicologia, assim como a filo-
sofia, adentra o campo geral do conhecimento a posiciona em uma conjuntura
privilegiada para o diálogo com as mais diversas ciências. Inspirada pelo campo
teórico da filosofia, a psicologia social abrange um espaço privilegiado na
promoção de encontro entre as ciências. A conversação da psicologia social
com outros conhecimentos e saberes é produtiva e de fácil ligação entre as
ideias, problematizações e busca por soluções (Fig. 2).

Figura 2. Representação dos encontros que se atravessam na


constituição da psicologia social.
Fonte: Tetiana Savaryn/Shutterstock.com
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Para entender como a psicologia social não só se disponibiliza, mas também se alimenta
do diálogo com as demais áreas do conhecimento das ciências sociais, humanas e
biológicas, podemos refletir sobre os debates mais frequentes na atualidade, tais como:
questões de gênero, equidade, direitos sociais, violência, segurança, comunicação
ativa, escuta empática, democracia e inclusão.
Pensemos nas seguintes questões:
Quando você está em seu local de estudo, com seus colegas, amigos ou família,
de que formas o seu modo de pensar e de agir pode ser influenciado? Como o co-
nhecimento e as experiências alheias podem servir de ferramentas para a expansão
dos seus conhecimentos? Como as diferenças sociais, econômicas e políticas podem
ofertar maneiras diferentes de contextualizar as vivências sociais?
Em seu contexto social, na sua rotina diária, de que formas a psicologia social, a
sociologia, a política e a filosofia estão entrelaçadas?

ÁLVARO, J. L.; GARRIDO, A. Psicologia social: perspectivas psicológicas e sociológicas.


São Paulo: McGraw-Hill, 2006.
FARR, R. M. As raízes da psicologia social moderna. Petrópolis: Vozes, 2008.
RODRIGUES, A. Psicologia social. Petrópolis: Vozes, 2000.
Conteúdo:
Dica do professor
No início da psicologia social brasileira eram utilizadas as teorias importadas de outras regiões do
mundo, em especial a norte-americana. Com teorias produzidas em outros contextos sociais, era só
uma questão de tempo para que os teóricos comprovassem sua ineficácia perante contextos
socioculturais, políticos e econômicos, como os encontrados na América Latina. Uma destas
personalidades que contribuíram para um novo olhar da psicologia social foi Silvia Lane. Neste
vídeo você vai conhecer um pouco sobre esta brilhante professora, que trouxe uma nova visão para
a psicologia social latino-americana e brasileira.

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Exercícios

1) Sobre o momento inicial da psicologia social, é correto afirmar que:

A) O termo psicologia social foi utilizado pela primeira vez por Edward Ross, em 1887, em seus
trabalhos sobre o desenvolvimento moral e social da criança.

B) Gustave Le Bon (1841-1931) publicou "Psicologia das Multidões", em 1895, o ponto de


partida para o entendimento da psicologia social.

C) Uma das primeiras obras escritas na linha da psicologia social foi a de William McDougall, que
trazia uma perspectiva centrada no coletivo, mais que no indivíduo.

D) Um dos marcos teóricos da psicologia social foi a obra de Edward Ross, onde explicou como
as interações sociais não são afetadas pelas crenças e sentimentos dos indivíduos.

E) A psicologia social tem sua gênese marcada pela coincidência de uma “dupla paternidade”
entre Edward Ross e Gustave Le Bon.

2) Em relação à psicologia social europeia, assinale a alternativa correta:

A) A Europa pode ser considerada o berço da psicologia social. Os estudos iniciaram focados no
indivíduo e nos grupos sociais.

B) No momento inicial da psicologia social europeia existia uma real e objetiva preocupação com
a cultura social e individual das pessoas.

C) Os temas mais frequentes na psicologia social europeia são as relações de identidade social e
as representações sociais.

D) Na Europa prevalece um olhar individualista, onde as atividades e a percepção do indivíduo


possuem uma influência significativa na abordagem da psicologia social.

E) Um dos principais teóricos europeus foi Heider (1946).

3) Na América do Norte, a psicologia social recai sobre:

A) Na América do Norte, a psicologia social gira apenas em torno dos escritos de Heider (1946).
B) Na América do Norte, ainda no surgimento da psicologia social, o foco de estudo era a
sociedade na qual o individuo estava inserido, buscando tratar temas como gênero e etnia.

C) Na América do Norte, a psicologia social gira apenas em torno dos escritos de Asch (1946).

D) Na América do Norte, a psicologia social gira apenas em torno dos escritos de Festinger.

E) Na América do Norte, a psicologia social gira em torno da cognição social, atitudes, processos
grupais ou a neurociência social.

4) É correto afirmar que, na América Latina, a psicologia social:

A) Tem por foco de análise as relações capitalistas.

B) As temáticas estudadas possuem como foco principal as práticas descontextualizadas do


cotidiano do indivíduo.

C) Devido ao contexto social vivido, onde conflitos e desigualdades sociais e políticos eram
relevantes, surgiu a necessidade de um olhar da psicologia social na organização capitalista.

D) Teve como um de seus representantes o teórico Martin-Baró (1942-1989), que indicava que
a atuação do psicólogo social deveria contribuir para a estruturação de identidades pessoais,
coletivas e históricas.

E) Seguiu, em seu início, a influência norte-americana e depois os psicólogos sociais


abandonaram esta abordagem, com exceção do Brasil, que persiste até hoje influenciado por
autores como Heider (1946), Asch (1946) e Festinger (1954).

5) Sobre as Influências sociológicas, políticas e filosóficas da psicologia social, assinale a


alternativa correta.

A) Os precursores da sociologia como Saint-Simon (1760-1825), Augusto Comte (1798-1857),


Herbert Spencer (1820-1903), Gabriel Tarde (1843-1904) e, mesmo, Émile Durkheim (1858-
1917), consideraram em seus escritos, a sociologia como uma nova forma de fazer ciência,
mas não consideravam o mesmo em relação a psicologia.

B) A psicologia social e a política, possuem ligações intimas com o capitalismo, servindo como
propagadoras da ideologia dominante.

C) A sociologia se motivou a pensar sobre os aspectos psicológicos e individuais da existência


humana no campo social.
D) Associar a psicologia social e política, para compreensão da realidade social, permite estudar
temas como organização partidária nacional.

E) A psicologia social inspirada pelo campo teórico da filosofia, abrange um espaço privilegiado
na promoção de encontro entre o indivíduo e a sociedade.
Na prática
Uma família residente em um bairro na periferia de uma grande cidade brasileira, encontra-se com
problemas relacionados com o abuso de bebidas alcoólicas e violência intrafamiliar. O marido de
Ana, constantemente chega em casa com alto grau de embriaguez.

Quando questionado por sua esposa, a respeito de sua maneira de beber, ele fica furioso, a ponto
de agredi-la. Na escola o filho mais novo do casal, demonstrou comportamento um tanto diferente
do habitual.

Sua professora entrou em contato com a rede de proteção social da comunidade, e uma Assistente
Social foi realizar uma visita domiciliar. Na residência de Ana, a profissional explica o motivo da
visita e constata violência intrafamiliar, que é negada incessantemente pela dona de casa.

Ana, explica que é normal o fato de seu marido querer beber, pois ele trabalha em um emprego que
além de estressante lhe pagam pouco. E o uso de álcool deixa seu cônjuge relaxar. Também afirma,
que a culpa dele se irritar e agredi-la, é dela mesma, pois não deveria chateá-lo com estas
bobagens, visto que todo mundo bebe e passa do limite às vezes.

Disse para a Assistente Social, que preferia viver assim, do que ter que enfrentar as dificuldades de
encontrar emprego, sendo que, por ela não ter estudo, ficaria ainda mais difícil sobreviver sem o
apoio do esposo.

À primeira vista, o comportamento de negação da situação vivenciada por dona Ana, pode ser
recebida com indignação por uma pessoa comum. Mas como profissionais, que dispomos de senso
crítico cientifico, devemos ter um olhar mais aprofundado sobre o caso descrito a cima.

A psicologia social brasileira, a partir da década de 1970, começa a se preocupar com fatores que
envolvem as violências, as questões de gênero, e os processos de subjetividades interiorizadas e
desencadeadas por diversos fatores, econômicos, políticos, filosóficos, culturais da realidade social
latino-americana. No caso de dona Ana, não querer aceitar que está sofrendo violência
intrafamiliar, também decorre de sua interação com as permissividades e organizações sociais.

Veja a análise das falas de ana:

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O encaminhamento desta família para a rede de serviços da proteção social especial, se faz
necessário. Assim, o acompanhamento pela equipe do Centro de Referência Especializado de
Assistência Social (CREAS), bem como o Serviço do Centro de Atendimento Psicossocial – álcool e
drogas (CAPS-AD) será de fundamental importância, uma vez que o caso desta família se enquadra
neste tipo de proteção.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

História da psicologia social

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Psicologia Social

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