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PSICOLOGIA SOCIAL

Psicologia Social

Psicologia social é um ramo da psicologia que estuda como as pessoas pensam, influenciam e se re-
lacionam umas com as outras. Surgiu no século XX como uma área de atuação da psicologia para
estabelecer uma ponte entre a psicologia e as ciências sociais (sociologia, antropologia, geogra-
fia, história, ciência política). Sua formação acompanhou os movimentos ideológicos e conflitos do sé-
culo, a ascensão do nazifascismo, as grandes guerras, a luta do capitalismo contra o socialismo, en-
tre outros.

Quanto ao objeto de estudo, a Psicologia Social Psicológica procura explicar os sentimentos, pensa-
mentos e comportamentos do indivíduo na presença real ou imaginada de outras pessoas.

Já a Psicologia Social Sociológica tem como foco o estudo da experiência social que o indivíduo ad-
quire a partir de sua participação nos diferentes grupos sociais com os quais convive.

Em outras palavras, os psicólogos sociais da primeira vertente tendem a enfatizar principalmente os


processos intraindividuais responsáveis pelo modo pelo qual os indivíduos respondem aos estímulos
sociais, enquanto os últimos tendem a privilegiar os fenômenos que emergem dos diferentes grupos e
sociedades.

Mesmo antes de estabelecerem-se como pertencentes à psicologia social, questões sobre o que
é inato e o que é adquirido no homem permeavam a filosofia, mais especificamente como questões
sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade (pré-científicas, segundo alguns autores), avaliando
como as disposições psicológicas individuais produzem as instituições sociais, ou como as condições
sociais influem o comportamento dos indivíduos. Segundo Jean Piaget, é tarefa dessa disciplina co-
nhecer o patrimônio psicológico hereditário da espécie e investigar a natureza e extensão das influên-
cias sociais.

Enquanto área de aplicação distingue-se por tomar como objetos as massas ou multidões e fenôme-
nos coletivos, como linchamento, racismo, homofobia, transfobia, lesbofobia, bifobia, fanatismo, terro-
rismo, ou a utilização do marketing e propaganda (inclusive política) e de técnicas em dinâmica de
grupo nas empresas, coletividades ou mesmo na clínica (terapia de grupos).

Nessa perspectiva, pode-se estabelecer uma sinonímia ou equivalência entre as diversas psicologias
que nos apresentam como sociais: comunitária, institucional, dos povos (etnopsicologia), das multi-
dões, dos grupos, comparada (incluindo a sociobiologia), etc..

Segundo Aroldo Rodrigues (um dos primeiros psicólogos brasileiros a escrever sobre o tema), "a psi-
cologia social é uma ciência básica que tem como objeto de estudo as manifestações comportamen-
tais suscitadas pela interação de uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa de tal
interação. A influência dos fatores situacionais no comportamento do indivíduo frente aos estímulos
sociais".

O que precisa ser esclarecido para entender a relação do “social” com a psicologia, quer concebida
como ciência da mente (psique), quer como ciência do comportamento, é como esse “social” pode
ser pensado e compreendido desde o caráter assistencialista ou gestão racional da indigência na
idade média até a emergência das concepções democráticas das ciências humanas no século XX,
passando pela formulação das questões sociais, em especial os ideais de liberdade e igualdade no
século das luzes e os direitos humanos.

Categorias Fundamentais Da Psicologia Social

A Psicologia Social - é a ciência que procura compreender os “como” e “porquês” do comportamento


social. A interação social, a interdependência entre os indivíduos e o encontro social.

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Seu campo de ação é, portanto, o comportamento analisado em todos os contextos do processo de


influência social. Uma pesquisa nos manuais de ensino e ementas das diversas universidades nos
remetem à:

- Interação pessoa/pessoa;

- Interação pessoa/grupo (os grupos sociais);

- Interação grupo/grupo. (enfoques nacionais, regionais e locais).

Estuda as relações interpessoais:

- Influências;

- Conflitos; comportamento divergente;

- Autoridade, hierarquias, poder;

- o pai, a mãe e a família em distintos períodos históricos e culturas;

- a violência doméstica, contra o idoso, o homem, a mulher e a criança.

Investiga os factores psicológicos da vida social:

- Sistemas motivacionais (instinto);

- Estatuto (status) social;

- Liderança;

- Estereótipos (estigma);

- Alienação;

- Identidade, valores éticos;

Teoria das representações sociais, a Produção de Sentido, Hegemonia Dialética Exclusão /Inclusão
Social.

Analisa os factores sociais da Psicologia Humana

- Motivação;

- O processo de socialização;

- As atitudes, as mudanças de atitudes;

- Opiniões / Ideologia, moral;

- Preconceitos;

- Papéis sociais;

- Estilo de vida (way of life - modo ou gênero de vida).

Naturalmente a subdivisão dos temas acima enumerados é apenas didática os mesmos estão intrin-
secamente relacionados. Observe-se também que muitos desses temas e conceitos foram desenvol-
vidos ou são também abordados por outras disciplinas (e inter-disciplinas) científicas seja das ciên-
cias sociais ou biológicas, cabe ao pesquisador na sua aproximação do problema ou delineamento da

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pesquisa estabelecer os limites e marco teórico de sua interpretação de resultados. Pode-se ainda
dar um destaque aos temas:

Agressão humana (violência);

Trabalho e Ação Social;

Relações de Gênero, Raça e Idade;

Psicologia das Classes Sociais – Relações de Poder;

Questões sociopolíticas;

Dinâmica dos Movimentos Sociais;

As Multidões ou Massas;

Saúde mental e justiça: interfaces contemporâneas;

Efeitos dos diferentes tipos de liderança: Os diferentes tipos de liderança provocam diferentes efeitos,
quer ao nível da produtividade do grupo, quer ao nível da satisfação dos membros do grupo.

Histórico

Em 1895, o cientista social francês Gustave Le Bon apresentou, em seu pioneiro trabalho sobre
a Psicologia das Multidões, a proposição básica para o entendimento de uma psicologia social: sejam
quais forem os indivíduos que compõem um grupo, por semelhantes ou dessemelhantes que sejam
seus modos de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem sido trans-
formados num grupo, coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que os fazem sentir,
pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individual-
mente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento. Essa proposição e
os argumentos de Le Bon para justificá-la, serviu de parâmetro para o estudo sobre Psicologia de
Grupo publicado por Sigmund Freud em 1921.

A questão teórica de Le Bon, com quem Freud dialogou era "massa", não "grupo". Um problema de
tradução entre o alemão e o inglês fez com que surgisse o termo "grupo" em Freud, embora não haja
evidências de que o mesmo tenha se preocupado com esta questão. Contudo essa categoria de ex-
plicação é retomada em diversos dissidentes da psicanálise como Carl Gustav Jung que introduziu o
conceito inconsciente coletivo - o substrato ancestral e universal da psique humana, e surpreendeu o
mundo com sua célebre interpretação do fenômeno dos discos voadores como um mito moderno
e Wilhelm Reich com sua análise da anomia (Escuta, Zé Ninguém!) e governos totalitários (Psicologia
das Massas e do Fascismo). A psicanálise dos governantes ou relação entre a psique individual e a
cultura ou civilização por sua vez é um tema frequente na obra de Freud e outros psicanalistas (E.
Eriksom, E. Fromm, etc.) que estudam a relação dessa ciência com a antropologia.

A relação entre a etnologia e psicologia é especialmente fecunda, inúmeros etnólogos investigaram e


tomaram como ponto de partida das suas pesquisas as teorias psicanalíticas e psicológicas a exem-
plo de Ruth Benedict Margaret Mead Malinowski Lévi-Strauss.

Por outro lado, observa-se também que psicologia desenvolveu sua notoriedade como disciplina cien-
tífica ao afirma-se como uma ciência natural em oposição às ciências sociais ou humanas nos finais
do século XIX. Crente na impossibilidade teórica da mente voltar-se sobre- se mesmo como sujeito
objeto de pesquisa Wilhelm Wundt propôs a psicologia como um novo domínio da ciência em 1874 no
seu livro Princípios de Psicologia Fisiológica e a criação de um laboratório de psicologia experimental
em Leipzig. Esse mesmo autor, contudo, suponha ser necessários estudos complementares voltados

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ao estudo da mente em suas manifestações externas, a sua Völkerpsychologie - Psicologia dos po-
vos / social ou cultural (10 volumes) escritos entre 1900 e 1920 com análises detalhadas da língua e
cultura. Três dos volumes são dedicados aos mitos e religião; dois à linguagem (hoje seria considera-
dos como psicologia linguística); dois à sociedade e um à cultura e história (a psicologia social de
hoje); um a lei (hoje a psicologia forense ou jurídica) e um à arte (um tópico que abrange as moder-
nas concepções de inteligência e criatividade).

Tal aspecto de sua obra vem sendo recuperada por sua aplicação e semelhança com os modernos
estudos de psicologia cognitiva. Segundo Farr é possível perceber o desenvolvimento posterior das
ideias de Wundt na psicologia social de G. H Mead e Herbert Blumer, os criadores do interacionismo
simbólico na Universidade de Chicago e Vygotsky na Rússia.

O grupo como objeto de estudos ganhou densidade na psicologia social durante a segunda guerra
mundial, com Kurt Lewin, considerado por muitos autores como fundador da psicologia social. Con-
temporâneo dos fundadores da psicologia da gestalt e integrante dessa teoria esse autor radicou-se
nos Estados Unidos a partir de 1933 onde chefiou no MIT Massachusetts Instituto de Tecnologia o
Centro de Pesquisa de Dinâmica de Grupo junto com uma série de autores que desenvolveram a es-
cola americana de psicologia social a exemplo de D. Cartwright que assumiu a direção do instituto
após a sua morte e Leon Festinger que desenvolveu a teoria da dissonância cognitiva explorando o
desconforto da contradição dos conflitos e estado de consistência interna ainda hoje referência para
os estudos de valores éticos em psicologia social.

A Dinâmica de Grupo ou ciência dos pequenos grupos, é para alguns autores o objeto e método da
psicologia social, limita-se, porém, ao estudo empírico da interação dentro dos grupos. Sendo, porém,
relevantes as suas contribuições sobre a estrutura grupal, os estilos de liderança, os conflitos e moti-
vações, espaço vital ou o campo de forças que determinam a conduta humana possuem diversas
aplicações e entre elas a psicologia infantil e a modificação de comportamentos seja para benefícios
dietéticos (estudos de pesquisa – ação realizados com Margareth Mead) seja para melhor a produtivi-
dade e desempenho nos ambientes de trabalho.

Na escola americana de psicologia social cabe ainda um destaque para William McDougall. Esse au-
tor, britânico que viveu 24 anos na América, foi um dos primeiros a utilizar o nome de psicologia so-
cial e comportamento (behavior) e representa a tendência evolucionista americana, pós efeito da teo-
ria da evolução de Darwin que veio a reforçar a tendência aos estudos de psicologia comparada e da
abordagem comportamental apesar da diferença essencial entre as proposições quanto utilização do
conceito de “instinto” como categoria explicativa aproximando-se portanto de um corrente represen-
tada por S. Freud e G. H. Mead.

George Hebert Mead inserido no pragmatismo James Peirce e Dewey americano o criador da teoria
do interacionismo simbólico em seu curso de psicologia social da Universidade de Chicago do qual
nos deixou o livro construído a partir de anotações de seus alunos Mind Self and Society é bem me-
lhor compreendido por sociólogos do que por psicólogos. Essa relação com a sociologia não vem só
do fato de seu curso e teoria ter sido continuado por um sociólogo Herbert Blumer e sua rejeição no
contexto do paradigma behaviorista, mas porque os conceitos de ato, ação e ator social são essenci-
almente úteis ao entendimento das políticas públicas e intervenções sociais. Sua importância vem
sendo reconhecida em nossos dias pela influência da sua teoria nos estudos e proposições Erving
Goffman autor de Prisões manicômios e conventos, um livro fundamental no processo de transforma-
ção do tratamento psiquiátrico (reforma psiquiátrica) e luta anti-manicomial em nossos dias.

A psicologia social rompe com a oposição entre o indivíduo e a sociedade, enquanto objetos dicotó-
micos que se autoexcluem, procurando analisar as relações entre indivíduos (interações), as relações
entre categorias ou grupos sociais (relações intergrupais) e as relações entre o simbólico e a cogni-
ção (representações sociais). Assim, apresenta como objeto de estudo os indivíduos em contexto,
sendo que as explicações são efetuadas tendo em conta quatro níveis de análise: nível interindividual

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(o indivíduo), o nível interindividual e situacional (interações entre os indivíduos ou contexto), o nível


posicional (posição que o indivíduo ocupa na rede das relações sociais), e o nível ideológico (cren-
ças, valores e normas coletivas).

Psicologia Social no Brasil

A psicologia social no Brasil tem início nos estudos etnopsicológicos de Nina Rodrigues em 1900, O
animismo fetichista dos negros africanos e As coletividades anormais, ou melhor, como coloca Lapla-
ntine nos estudos que revelam o confronto entre a etnografia e a psicologia. Materiais etnográficos
recolhidos a partir de observações muito precisas são interpretados no âmbito da psicologia clínica da
época. Nina Rodrigues considera os problemas da integração das populações europeias às advindas
da diáspora africana que segundo ele constituem o principal obstáculo para o progresso da sociedade
global.

Muitos autores brasileiros seguiram essa linha de raciocínio que oscilava entre os pressupostos bioló-
gicos racistas da degenerescência racial, uma interpretação psicológica (instabilidade do caráter re-
sultante do choque de duas culturas) até as modernas interpretações sociológicas iniciadas a partir
de 1923 com os estudos de Gilberto Freyre autor do reconhecido internacionalmente Casa grande e
senzala.

Com o título de Psicologia Social vamos encontrar o trabalho de Arthur Ramos que foi o professor
convidado para ministrar o curso de psicologia social na recém criada Universidade do Distrito Fede-
ral no Rio de Janeiro e logo desfeita pelo contexto político da época. Este não fugiu à clássica abor-
dagem do estudo simultâneo das inter-relações psicológicas dos indivíduos na vida social e a influên-
cia dos grupos na personalidade mas face a sua experiências anteriores nos serviços de medicina
legal e médico de hospital psiquiátrico na Bahia tinha em mente os problemas da inter-relação de cul-
turas e saúde mental (com atenção especial aos aspectos místicos - primitivos da psicose) reto-
mando-os a partir das proposições da psicanálise e psicologia social americana situando-se critica-
mente entre as tendências de uma sociologia psicológica e uma psicologia cultural.

A metodologia da psicologia social brasileira nos anos 50, assim como em toda a América Latina, im-
portava práticas e teorias da psicologia social produzida na América do Norte, adaptando o aparato
teórico-prático americano à realidade de cada país. Essa influência consolidava-se, principalmente,
devido ao fato de que os formadores em psicologia social brasileiros se especializavam em centros
de estudos norte-americanos.

Na década de 1960, fundou-se a Associação Latino-Americana de Psicologia Social (ALAPSO), tal


associação estreitou ainda mais os laços entre a produção latino-americana com a norte-americana;
estabelecendo ainda mais a psicologia estadunidense como seu principal referencial. Entretanto, ao
longo dessa década, surgiram movimentos opostos a esse alinhamento, dando mais ênfase à psico-
logia social local. Estimulados pelos regimes militares ditatoriais e pela acentuada desigualdade so-
cial presente na América do Sul, os psicólogos integrantes desses movimentos de oposição à visão
norte-americana passam a defender uma ruptura radical com a psicologia social tradicional. Pode-se
identificar esse fenômeno com a fundação da Associação Venezuelana de Psicologia Social
(AVEPSO) e a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO).

Essas instituições adotaram como referencial a Psicologia Social Crítica como perspectiva para os
desenvolvimentos de suas pesquisas. Um dos primeiros autores desse movimento foi Martin-Baró,
psicólogo e padre jesuíta espanhol, radicado em El Salvador, que em suas obras defendia uma psico-
logia social alinhada com a realidade social da América Latina. Martin-Baró entendia que a função do
psicólogo social seria conscientizar as pessoas e grupos, estimulando-os a desenvolver pensamento
crítico sobre a sua realidade, permitindo-os a ter maior controle sobre sua existência e assim lutar
pela diminuição das injustiças sociais.

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No Brasil, a partir do final da década de 1970, os psicólogos sociais brasileiros também participaram
do movimento de ruptura com o alinhamento norte-americano. Com diversas publicações como “Psi-
cologia Social: O homem em movimento” de Silvia Lane e Vanderley Codo até aos mais recentes ma-
nuais de Psicologia Social, adotou-se uma linha de desenvolvimento alinhada à Psicologia Social Crí-
tica, sendo que tal movimento constitui uma das principais correntes da Psicologia no Brasil, procu-
rando abordar os problemas sociais presentes no país como a violência doméstica, a pobreza, aban-
dono infantil, exclusão educacional e a grande desigualdade social.

A fundação da ABRAPSO, foi um importante passo para o desenvolvimento desse panorama para a
psicologia social nacional; as pesquisas produzidas pela associação enfatizavam problemas sociais,
econômicos e políticos. Dessa forma, pode-se dizer que a psicologia política brasileira cresceu em
conformidade com a psicologia social, uma vez que o corpus abrapsiano deu à psicologia política um
viés psicossocial. Nesse contexto, pode-se destacar a atuação de Silvia Lane, cuja obra sistematizou
o processo de politização da atuação profissional do psicólogo.

Nesse sentido, a produção da ABRAPSO na década de 1980 passou por um período de formação de
panoramas e de confrontos. Há uma polarização nas pesquisas da associação, onde um lado via-se
a psicologia social como analista neutro de padrões em meio às variáveis psicossociais, procurando
formar profissionais que solucionassem problemas de forma consciente. Por outro lado, propunha-se
uma psicologia social em construção, cujos paradigmas deviam ser sempre revisados, adequando
suas análises ao perfil sócio-histórico do objeto analisado, reconhecendo as subjetividades como
fruto de um indivíduo situado numa sociedade e num momento histórico. A partir da década de 80 co-
meçaram também a se desenvolver no Brasil os cursos de pós-graduação stricto-sensu, que exerce-
ram importante papel na estruturação de diferentes linhas de pesquisa na área de Psicologia Social,
assim como no aumento da produção científica brasileira em Psicologia Social

O Brasil na década de 1990 ainda possuía características da década anterior, como déficit econômico
e social e foi nessa época em que a Psicologia buscou responder as questões levantadas pela dé-
cada de 80, a partir de uma sistematização da diversidade com reflexões, novas ideias e preocupa-
ção com a imagem do psicólogo junto à população. A partir de reivindicações dessa época o psicó-
logo começou a ser visto como profissional da saúde, se aproximou de contextos sociais, engajou em
novos campos de trabalho não tradicionais; o que levou a um dos marcos significativos desse perí-
odo, a publicação pelo conselho federal de psicologia do livro “Psicólogo brasileiro – práticas emer-
gentes e desafios para a formação”.

Nas últimas décadas a psicologia social brasileira, segundo Hiran Pinel, foi marcada por dois psicólo-
gos bastante antagônicos: Aroldo Rodrigues (empirismo e que adotou uma abordagem mais de expe-
rimental-cognitiva, por exemplo, de propagandas etc.) e, mais recentemente Silvia Lane (marxista e
sócio-histórica).

Silvia Tatiana Maurer Lane e Aniela Ginsberg foram professoras fundadoras do Programa de Estudos
Pós-Graduados em Psicologia Social da PUC-SP o primeiro curso de mestrado e doutorado da área
a funcionar no Brasil, entre 1972 e 1983. Onde psicologia social é uma disciplina (teórica/prática) re-
ferendada em pesquisas empíricas sobre os problemas sociais brasileiros. Os textos desenvolvidos
por professores e autores escolhidos são adotados como bibliografia básica na maioria dos cursos de
Psicologia do Brasil e, também, em concursos públicos na área da saúde e educação. Receberam o
prêmio outorgado pela Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP), em julho de 2001.

Lane, que também foi presidente da ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social) no perí-
odo de 1980 a 1983, fez seguidores famosos e muito estudados na atualidade: Antônio da Costa
Ciampa (precursor nos estudos sobre identidade em perspectiva materialista histórica, cuja referência
de estudos inscrevem eminentes trabalhos de pesquisas inovadoras em diferentes àreas do conheci-
mento, favorecendo a amplitude da categoria de estudo identidade enquanto elementar para discus-
sões nas ciências humanas e da saúde de modo geral) Ana Bock e outros (mais ligados a Vigotski),

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como Bader Sawaia (que descreve minuciosamente as artimanhas da Exclusão social e o quanto é
falso e hipócrita a inclusão, encarada como "maquiagem" que cala a voz do oprimido); Wanderley
Codo (que estuda grupos minoritários, sofrimentos e as questões de saúde dos professores e profes-
soras); Maria Elizabeth Barros de Barros e Alex Sandro C. Sant'Ana (que se associam as ideias
de Foucault, Deleuze, Guattari entre outros); Carlos Eduardo Ferraço (que se associa com Boaven-
tura de Sousa Santos e Michel de Certeau); Hiran Pinel (que resgata tanto o existencialismo quanto o
marxismo de Paulo Freire) etc..

O psicólogo bielorrusso Vygotsky - um fervoroso marxista sem perder a qualidade de psicólogo e


educador - foi resgatado por Alexander Luria em parceria com Jerome Bruner nos Estados Unidos,
país que marcou - e marca - a psicologia brasileira. Em 1962 é publicado nos EUA, e após a saída
dos militares do governo brasileiro, tornou-se inevitável sua publicação no Brasil.

Os psicólogos sociais sócio-históricos, produzem artigos criticando o Estado e o modo neolibe-


ral de produção que tem um forte impacto na produção de subjetividades. As práticas são mais ativas
e menos desenvolvidas em consultórios, e a noção de psicopatologia mudou bastante, reconhecendo
como saudáveis as táticas e estratégias de enfrentamento da classe proletária.

Foi inaugurado em outubro de 2013, o IPA (Instituto de Psicologia Avançada), em Ribeirão


Preto (313 km de São Paulo). O instituto foi instalado num imóvel de dois andares, no bairro Alto da
Boa Vista. Foram investidos inicialmente R$ 700 mil, a capacidade de atendimento no centro é de 50
pessoas. O IPA teve uma presença ilustre no dia de sua inauguração, da ex-senadora Marina
Silva (PSB).

Críticas à Psicologia Social

Hoje em dia, a psicologia social tem recebido inúmeras críticas. Apontamos agora as principais:

a) Baseia-se num método descritivo, ou seja, um método que se propõe a descrever aquilo que é ob-
servável, fatual. É uma psicologia que organiza e dá nome aos processos observáveis dos encontros
sociais.

b) Tem seu desenvolvimento comprometido com os objetivos da sociedade norte-americana do pós-


guerra, que precisava de conhecimentos e de instrumentos que possibilitassem a intervenção na rea-
lidade, de forma a obter resultados imediatos, com a intenção de recuperar a nação, garantindo o au-
mento da produtividade econômica. Não é para menos que os temas mais desenvolvidos foram a co-
municação persuasiva, a mudança de atitudes, a dinâmica grupal etc., voltados sempre para a pro-
cura de "fórmulas de ajustamento e adequação de comportamentos individuais ao contexto social".

c) Parte de uma noção estreita do social. Este é considerado apenas como a relação entre pessoas –
a interação pessoal -, e não como um conjunto de produções humanas capazes de, ao mesmo tempo
em que vão construindo a realidade social, construir também o indivíduo. Esta concepção será a refe-
rência para a construção de uma nova psicologia social.

Uma nova Psicologia Social e Institucional

Com uma posição mais crítica em relação à realidade social e à contribuição da ciência para a trans-
formação da sociedade, vem sendo desenvolvida uma nova psicologia social, buscando a superação
das limitações apontadas anteriormente,

A psicologia social mantém-se aqui como uma área de conhecimento da psicologia, que procura
aprofundar o conhecimento da natureza social do fenômeno psíquico.

O que quer dizer isso?

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A subjetividade humana, isto é, esse mundo interno que possuímos e suas expressões, são construí-
das nas relações sociais, ou seja, surge do contato entre os homens e dos homens com a natureza.

Assim, a psicologia social, como área de conhecimento, passa a estudar o psiquismo humano, objeto
da psicologia, buscando compreender como se dá a construção deste mundo interno a partir das rela-
ções sociais vividas pelo homem. O mundo objetivo passa a ser visto, não como fator de influência
para o desenvolvimento da subjetividade, mas como fator constitutivo.

Numa concepção como essa, o comportamento deixa de ser "o objeto de estudo", para ser uma das
expressões do mundo psíquico e fonte importante de dados para compreensão da subjetividade, pois
ele se encontra no nível do empírico e pode ser observado; no entanto, essa nova psicologia social
pretende ir além do que é observável, ou seja, além do comportamento, buscando compreender o
mundo invisível do homem.

Além disso, essa psicologia social abandona por completo a diferença entre comportamento em situa-
ção de interação ou não interação. Aqui o homem é um ser social por natureza. Entende-se aqui cada
indivíduo aprende a ser um homem nas relações com os outros homens, quando se apropria da reali-
dade criada pelas gerações anteriores, apropriação essa que se dá pelo manuseio dos instrumentos
e aprendizado da cultura humana.

O homem como ser social, como um ser de relações sociais, está em permanente movimento. Esta-
mos sempre nos transformando, apesar de aparentemente nos mantermos iguais. Isso porque nosso
mundo interno se alimenta dos conteúdos que vêm do mundo externo e, como nossa relação com
esse mundo externo não cessa, estamos sempre como que fazendo a "digestão" desses alimentos e,
portanto, sempre em movimento, em processo de transformação.

Ora, se estamos em permanente movimento, não podemos ter um conjunto teórico onde os conceitos
paralisam nosso objeto de estudo. Se nos limitarmos a falar das atitudes, da percepção, dos papéis
sociais e acreditarmos que com isso compreendemos o homem, não estaremos percebendo que, ao
desempenhar esse papel, ao perceber o outro e ao desenvolver ou falar sobre sua atitude, o homem
estará em movimento, Por isso, nossa metodologia e nosso corpo teórico devem ser capazes de cap-
tar esse homem em movimento e intervir nas políticas públicas que organizam e reorganizam a vida
social aumentando ou diminuindo os efeitos da desigualdade social e miséria do mundo.

E, superando esse conceitual da antiga psicologia social, a nova irá propor, como conceitos básicos
de análise, a atividade, a consciência e a identidade, modo de vida que são as propriedades ou ca-
racterísticas essenciais dos homens e expressam o movimento humano. Esses conceitos e concep-
ções foram e vêm sendo desenvolvidos por vários autores soviéticos que produziram até a década de
1960.

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