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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CURSO DE PSICOLOGIA

PROJETO DE HUMANIZAÇÃO E SAÚDE: INVESTIGAÇÃO PRECOCE


DA CRIANÇA COM SINAIS DE TEA.

BRUNA DANTAS PINTO MORETH


FERNANDO SILVEIRA TORRES
JULIANA DE ABREU MARTINS ALENCAR
LARISSA PEIXOTO DE MEDEIROS
LUCAS GABRIEL VIDAL DE MATTOS
MARISOL RIBEIRO PAIVA SILVA
RAFAELA FERREIRA COELHO
VIVIANE PINHEIRO ANDRADE DA SILVA

RIO DE JANEIRO
Junho - 2023
BRUNA DANTAS PINTO MORETH
FERNANDO SILVEIRA TORRES
JULIANA DE ABREU MARTINS ALENCAR
LARISSA PEIXOTO DE MEDEIROS
LUCAS GABRIEL VIDAL DE MATTOS
MARISOL RIBEIRO PAIVA SILVA
RAFAELA FERREIRA COELHO
VIVIANE PINHEIRO ANDRADE DA SILVA

PROJETO DE HUMANIZAÇÃO E SAÚDE: INVESTIGAÇÃO PRECOCE


DA CRIANÇA COM SINAIS DE TEA.

Trabalho de Fundamentação Teórica e Elaboração de


Cartilha apresentado ao Centro Universitário Augusto
Motta, como requisito parcial à aprovação no Módulo 1 do
curso de Bacharelado em Psicologia.

Professora Mentora:
Prof.a Ms. Elen Mara Gomes De Léo

RIO DE JANEIRO
Junho - 2023
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO .....................................................................................................
1

1.1 TÍTULO DA CARTILHA .....................................................................................


2
1.2 OBJETIVO DA CARTILHA ................................................................................
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...........................................................................

2.1 O QUE É SAÚDE? ...........................................................................................


2.1.1 A saúde no Brasil ........................................................................................

2.2 A CULTURA NA SAÚDE ..................................................................................

2.3 A DESIGUALDADE SOCIAL AFETA A SAÚDE? .............................................

2.4 O QUE É HUMANIZAÇÃO? ............................................................................


2.4.1 A importância do SUS para a humanização na saúde .................................

2.5 A OBSERVAÇÃO CLÍNICA E INTEGRAL DO PEDIATRA E A HUMANIZAÇÃO


DO ATENDIMENTO ...............................................................................................

2.6 SINAIS PRECOCES DO TEA ...........................................................................

2.7 OS PROTOCOLOS DE RASTREIO: M-CHAT-R/F, CARS-2 E ATA ..............

2.7.1 Objetivos .....................................................................................................


2.7.2 Como devem ser aplicados? ......................................................................
2.7.3 Resultados ..................................................................................................
2.8 O ENCAMINHAMENTO PARA O ESPECIALISTA EM SAÚDE MENTAL E
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR ..........................................................................

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................

4 REFERÊNCIAS ..................................................................................................

APÊNDICE A – TABELAS ..................................................................................


APÊNDICE B – CARTILHA ..................................................................................
1- INTRODUÇÃO

O presente trabalho é a elaboração de uma Cartilha direcionada ao pediatra


do Sistema Único de Saúde (SUS), visando a humanização e saúde na investigação
precoce de crianças com sinais de Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A vulnerabilidade deste grupo está no diagnóstico, muitas vezes tardio, o
que inviabiliza o seu desenvolvimento neuropsicomotor, visto que esta criança teria
ganhos significativos caso fosse precocemente encaminhada a uma avaliação com o
especialista da área (neuropediatra ou psiquiatra infantil) e direcionada a uma
equipe de estimulação multidisciplinar é que pensou-se em uma cartilha que
orientasse o especialista infantil, pois é ele quem acompanha o crescimento desde o
pós natal e tem propriedade de fazer tais observações.
Com base na fundamentação teórica apresentada nesta cartilha; a
anamnese; as tabelas que apontam para os sinais precoces de TEA; e os protocolos
de rastreio; o pediatra será capaz de conduzir o paciente e sua família de forma
humanizada.

1.1 TÍTULO DA CARTILHA

Humanização e Saúde: investigação precoce da criança com sinais de TEA.

1.2 OBJETIVO DA CARTILHA

Esta cartilha tem por objetivo alertar o especialista em medicina infantil


quanto aos primeiros sinais de uma criança com o Transtorno do Espectro Autista
(TEA) e ao uso dos protocolos iniciais e específicos para este possível diagnóstico.
Sendo este profissional responsável pelo acompanhamento da saúde física,
seria também importante dedicar à consulta de rotina, mesmo com tempo limitado,
uma escuta atenta à família sobre eventuais queixas de problemas emocionais e
comportamentais do paciente. E que, a partir disso, verifique a necessidade da
aplicação de testes de rastreio que confirmem ou refutem uma hipótese diagnóstica.
Em caso positivo, que oriente a família de maneira humanizada e que encaminhe,
precocemente, para um neuropsiquiatra/psiquiatra, especialista em saúde mental.
Além disso, o/a pediatra terá respaldo, de acordo com as limitações dessa
criança, para direcioná-la a uma equipe multidisciplinar (Fonoaudiológico, Terapeuta
Ocupacional, Psicólogo e Psiquiatra ou Neuropsiquiatra) disponíveis no Sistema
Único de Saúde. Essa equipe poderá realizar as intervenções necessárias para o
desenvolvimento integral do indivíduo.

1.3 JUSTIFICATIVA PARA ELABORAÇÃO DA CARTILHA

‘O papel do pediatra na identificação precoce do autismo é


muito evidente, uma vez que é ele o profissional responsável
pelo acompanhamento das crianças desde os primeiros dias de
vida. Quanto mais cedo o pediatra identificar os sinais que
possam sugerir o diagnóstico do Transtorno do Espectro
Autista (TEA), mais rapidamente será iniciada a estimulação e
mais efetivos serão os ganhos no desenvolvimento
neuropsicomotor’. A declaração é da presidente do
Departamento Científico de Desenvolvimento e
Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP),
dra. Liubiana Arantes de Araújo, que, por ocasião do Dia
Mundial pela Conscientização sobre o Autismo (2 de abril), faz
um alerta sobre o assunto. (site da SBP no dia 03/04/18)

As pesquisas neurocientíficas contemporâneas e os avanços observados em


neurofisiologia, neuropsicologia, genética, psicofarmacologia e neuroimagem têm
trazido ao panorama do neurodesenvolvimento infantil a possibilidade de buscar
estratégias de abordagem diagnóstica e de intervenção remediativa nos transtornos
de desenvolvimento e especificamente no TEA, nos primeiros anos de vida.
A Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério da Saúde orientam a
aplicação do instrumento de triagem Modifield Checklist for Autism in Toddlers
(M-CHAT), validado e traduzido para o português em 2008. O M-CHAT (KLEINMAN
et al., 2008) é um teste de triagem e não de diagnóstico e é exclusivo para sinais
precoces de autismo, e não para uma análise global do neurodesenvolvimento. A
recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é o Questionário
Modificado para Triagem do Autismo em Crianças entre 16 e 30 meses, revisado,
com Entrevista de Seguimento (M-CHATR/F), podendo ser aplicado pelo pediatra,
na consulta de rotina. Seu objetivo é detectar o maior número de casos possíveis de
suspeita de TEA. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2023. p. 119)
O que propomos com esta cartilha é que o pediatra deva incluir no
acompanhamento do período pós-natal – além das observações quanto ao
desenvolvimento pondo-estatural, alimentar, higiênico, vacinal apanágio da boa
prática em puericultura - a observação do desenvolvimento neuropsicomotor.
Segundo Maia (2018) nas últimas décadas têm sido relatadas associações entre
fatores pós-natais e TEA, e neste estudo de caso controle em uma população
brasileira, comprovou-se associação com os seguintes fatores: ter nascido com
MFDG, IN, ausência de choro e episódio de convulsão.
O livro Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e
Multidisciplinar e a obra Saúde mental da criança e do adolescente (ROTTA, et al.,
2006) associam atrasos observados no neurodesenvolvimento como sinais de risco
para problemas pediátricos gerais, neurológicos e para a aprendizagem escolar.
Várias escalas padronizadas de desenvolvimento, foram formuladas e normatizadas
de acordo com o DSM-5 com a finalidade de tornar esta linha de critérios uma
conduta mundial na avaliação de crianças com risco de TEA. Tais escalas são: M-
CHAT-R/F (LOSAPIO & PONDÉ, 2008), SRS-2 (BARBOSA, 2015), ATA
(ASSUMPÇÃO JR., 1999), SCQ / ASQ-4 (SATO, 2008), PROTEA-R (PEREIRA,
2015), CARS-2 (APIN, 2008), ATEC (FREIRE, 2018), ADI-R e ADOS-2 (FRIGAUX,
2019).
Além das observações clínicas diretas e indiretas que o pediatra pode
acompanhar através dos registros na Caderneta da criança também é possível
aplicar, na consulta de rotina, o M-CHAT-R/F, CARS-2 e ATA (disponibilizados em
anexo), caso haja suspeita de TEA.
A observação do desenvolvimento infantil envolve a avaliação clínica de
aspectos motores, de linguagem, sócio pessoais, adaptativos e comportamentais e
deve ser analisado de acordo com o que se espera para uma determinada idade
cronológica. Por isso, saber diferenciar imaturidade de atraso é muito importante
para que o pediatra valorize e investigue os desvios significativos. Essa avaliação
precoce tem a finalidade de realizar um encaminhamento multidisciplinar
humanizado.

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O QUE É SAÚDE?

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, definiu saúde como um


estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como a
ausência de doença ou enfermidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).

Desta maneira, podemos perceber que ter saúde é um bem estar


biopsicossocial. Ou seja, vai muito além do que apenas um diagnóstico conclusivo
de exames, que apontam para a falta de saúde física, mas trata-se da harmonia
entre fatores biológicos, psicológicos, culturais, crenças etc. Exemplo: Um paciente
pode estar plenamente bem em seu estado físico, e adoecido mentalmente por
questões familiares, como uma revelação diagnóstica do autismo. De acordo com
PINTO et al. (2016) “a revelação diagnóstica do autismo torna-se um momento
complexo, delicado e desafiador para a família, assim como para os profissionais de
saúde responsáveis por essa missão.” A relação médico-paciente-família, na hora da
notícia, pode afetar a todos de forma humanizada minimizando o sofrimento familiar.

Em sentido mais abrangente, a saúde é resultante das condições de


alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte,
emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde.
(ANAIS DA 8a CNS, 1986).

Como vimos, essas condições de não saúde podem ainda ser afetadas por
sensações diversas, tais como:
O momento do diagnóstico de uma doença ou síndrome
crônica para a família é permeado por um conjunto de
sensações e sentimentos diversos, a exemplo da frustração,
insegurança, culpa, luto, medo e desesperança, principalmente
quando o paciente remete-se a uma criança. O nascimento de
um filho se constitui na formulação de um novo ciclo vital, o
qual passa a ser idealizado pelos pais e por toda a família.
Entretanto, quando ocorre alguma ruptura nesses planos todos
os membros familiares são afetados. (PINTO, et al., 2016)
2.1.1 A saúde no Brasil

No Brasil, a saúde só passou a ser considerada um direito de todos e dever


do Estado na Constituição de 1988 no art. 196, que diz: “A saúde é direito de todos e
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Em 1990, o
Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, que determinou os
parâmetros de como deveria funcionar o Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil é
o único país com mais de duzentos milhões de habitantes que oferece serviço de
saúde gratuito a toda a sua população (GABRIELA SARICE, 2023).

Em 6 de outubro/21 o Senado aprovou a PLS 169/2018, a fim de garantir o


atendimento integral para autistas na rede SUS, possibilitando o acesso ao
diagnóstico, a medicamentos e ao atendimento de uma equipe multidisciplinar
(SENADO, 2021)

O SUS é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do


mundo, abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão
arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante de órgãos, garantindo
acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2023).

2.2 A CULTURA NA SAÚDE

Podemos entender a cultura na saúde como os valores, crenças, práticas e


tradições que influenciam opiniões e comportamentos relacionados à saúde e ao
bem-estar das pessoas em uma determinada sociedade ou grupo.
A cultura pode incluir a forma como as pessoas entendem a saúde ou uma
doença, bem como o uso de remédios, paliativos, como elas buscam cuidados
médicos, como interagem com os profissionais de saúde, como lidam com doenças
crônicas e terminais, como percebem o envelhecimento e a morte, e como
promovem a saúde em suas comunidades.
A relação entre uma crença cultural e a interferência no âmbito da saúde
pode estar pautada no senso comum, mas também no meio científico, causando
sérios prejuízos à sociedade, como podemos observar na citação abaixo:

Em 1998 foi publicado na revista Lancet (WaKeField et al.,


1998) um artigo que associava a vacina tríplice – que protege
contra sarampo, rubéola e caxumba – ao autismo. o artigo
relatava que 12 crianças atendidas no Royal Free Hospital,
localizado ao norte de Londres, apresentaram sintomas de uma
nova síndrome, que relacionava autismo e a vacina tríplice. A
partir de sua publicação, o principal autor do trabalho, o médico
britânico Andrew Wakefield (1957-), usou seus dados para
advogar contra o uso da vacina tríplice e a favor de vacinações
individuais. Embora, quando publicado, tenha sido alvo de
críticas por parte da comunidade científica, o trabalho teve
grande repercussão na sociedade e levou ao surgimento de
movimentos antivacinas que se tornaram fortes, principalmente
nos estados Unidos da américa. (BARBOZA, 2017)

O médico precisou se retratar mesmo após doze anos de o artigo ter sido
publicado, a partir de denúncias e um longo processo de investigação “as
investigações mostraram que os dados foram forjados e alguns autores tinham
sérios conflitos de interesse, o que levou a revista a retirar o artigo de seus arquivos”
(BARBOZA, 2017).
A cultura na saúde pode ainda variar amplamente entre diferentes grupos e
comunidades, sendo influenciada por fatores como história, religião, gênero, raça e
etnia. Os indígenas entendem uma determinada doença de uma forma, já outro
grupo social entende de outra, compreender e respeitar a cultura na saúde é
fundamental para a prestação de cuidados de saúde eficazes e centrados no
paciente, bem como para a promoção da equidade em saúde.
Podemos também levar em consideração que os diferentes aspectos
culturais influenciam na reação das famílias diante do diagnóstico. É certo que a
insegurança e o medo podem afetá-las, mas irão reagir de maneira diferente de
acordo com o meio cultural em que estiverem inseridas, por exemplo, o grau de
esclarecimento acadêmico, status social, recursos financeiros, rede de apoio familiar
e de amigos a que tiverem acesso vai determinar a saúde emocional desta família.

2.3 A DESIGUALDADE SOCIAL AFETA A SAÚDE?

A desigualdade social é um problema de políticas públicas que afeta o


desenvolvimento da sociedade como um todo: na saúde, na educação, no lazer, na
economia, e na aquisição de elementos básicos para sobrevivência e bem-estar
pessoal e familiar.
SOUZA, et al. (2016) mostrou que a desigualdade social está associada a
um maior risco de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Essa associação
pode ser explicada pela falta de acesso a uma alimentação saudável e à prática de
exercícios físicos, além do acesso limitado a serviços de saúde de qualidade.

Os resultados evidenciam a existência de desigualdades


sociais importantes no risco de DCNT – ‘Doenças Crônicas
Não Transmissíveis’, com aqueles em condições
socioeconômicas mais baixas apresentando maior risco. Esses
achados destacam a importância da equidade na saúde e da
necessidade de políticas públicas que abordem as
desigualdades sociais como forma de prevenir e controlar as
DCNT no Brasil. (SOUZA, et al. 2016)

De acordo com FIORATI & DUTRA (2017), a desigualdade social no Brasil é


um fator determinante para o aumento da mortalidade infantil. O estudo apresentado
nesse artigo mostrou que a taxa de mortalidade infantil é maior entre as famílias
mais pobres do país, o que também pode ser atribuído à falta de acesso a recursos
básicos de saúde e educação.
Conforme o artigo Desigualdades sociais no acesso e utilização dos serviços
de saúde no Brasil, HEIMANN et al. (2019) a desigualdade social também pode
afetar o acesso aos serviços de saúde, limitando a um diagnóstico e tratamento
adequados:
A literatura indica que as desigualdades sociais estão
presentes em todo o processo de acesso e utilização dos
serviços de saúde, desde a procura pelo serviço, passando
pelo acolhimento e até a oferta de tratamento adequado.
Populações em situação de vulnerabilidade, como aquelas com
baixo nível de escolaridade, baixa renda e condições precárias
de moradia, têm menor acesso aos serviços de saúde e
enfrentam mais barreiras para a obtenção de cuidados de
qualidade.

2.4 O QUE É HUMANIZAÇÃO?

A humanização pode ser definida como o valor que um indivíduo tem a


respeito da vida humana de outrem, incluindo circunstâncias sociais, éticas,
psíquicas e educacionais. Segundo o novo dicionário Aurélio de Língua Portuguesa:

Humanização significa humanizar, tornar humano, dar condição


humana a alguma ação ou atitude, humanar. Também quer
dizer ser benévolo, afável, tratável. É realizar qualquer ato
considerando o ser humano como um ser único e complexo,
onde está inerente o respeito e a compaixão para com o outro
(FERREIRA, 2009).

Humanizar é, portanto, ter empatia e ajudar sem esperar nada em troca, ou


seja, é doar-se para o bem comum.

2.4.1 A importância do SUS para a humanização na saúde

A Política Nacional de Humanização (PNH) foi criada pelo Ministério da


Saúde, em 2003, e visa atuar de maneira transversal às demais políticas de saúde,
com o objetivo de sensibilizar e interferir na qualificação da atenção e administração
do SUS. “O HumanizaSUS, como também é conhecida a Política Nacional de
Humanização, aposta na inclusão de trabalhadores, usuários e gestores na
produção e gestão do cuidado e dos processos de trabalho.” (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2014).
A obra Saúde Mental da Criança e do Adolescente, da Sociedade de
Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ) descreve:
Princípios como acolhimento universal e o encaminhamento
implicado tem sido defendidos como estratégias de
humanização no Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto,
seja no campo público, seja na prática privada, o pediatra deve
sempre oferecer uma escuta aberta, articular-se com
profissionais médicos e não médicos e se envolver de modo
ativo no encaminhamento daqueles casos que avalie não
serem de sua alçada. O SUS é, por excelência, o espaço da
integralidade e da universalidade, do trabalho territorial, em
rede, multidisciplinar e intersetorial, mas esses princípios
podem e devem ser também aplicados à prática privada,
respeitando as suas peculiaridades. (ALMEIDA et al., 2019)

Compreende-se as dificuldades enfrentadas pelo especialista em saúde


infantil na realização de um atendimento humanizado, mas é necessário que esses
profissionais tenham uma postura permanente de reflexão e construção de uma
nova qualidade assistencial. ALMEIDA, et al., 2019 disserta:

Na tarefa de atender a esses princípios, pode ser difícil para o


pediatra conciliar a qualidade do cuidado com a pressão por
eficácia e resultados rápidos, em contextos de tempo escasso.
Contudo, geralmente é preciso resistir à tentação de dar uma
solução apressada em uma única consulta, sendo
recomendável que ocorram alguns encontros (com os pais sem
a criança, com a criança sem os pais, e com todos juntos) para
que se possa ter melhor ideia da natureza do problema e da
terapêutica necessária. Além disso, a passagem do tempo
pode mostrar se o sintoma da criança se mantém, desaparece
ou se modifica, e também se a urgência da família se sustenta.

Portanto, a humanização é um tema fundamental e em constante evolução.


Aos poucos, diversas políticas e práticas estão sendo implementadas em diferentes
países para que os cuidados de saúde sejam mais humanizados e respeitem as
pessoas como indivíduos, com suas próprias histórias e desejos.
Sendo assim, no Brasil, a Política Nacional de Humanização trouxe uma nova
forma de gestão e cuidado onde a humanização começa no trabalhador e tem
continuidade com o paciente. Podendo este ter um diagnóstico e assistência
humanizada; dar entrada na emergência com acolhimento e inclusão; e receber
informações diretas e a seus familiares.

2.5 A OBSERVAÇÃO CLÍNICA E INTEGRAL DO PEDIATRA E A


HUMANIZAÇÃO DO ATENDIMENTO

Em uma consulta de rotina e mera observação clínica da criança o pediatra


se atenta apenas a problemas perinatais, desnutrição ou alguma queixa de doença.
E faz observações de acompanhamento e preenchimento previstos na Caderneta de
Vacinação que contém os seguintes itens: perímetro encefálico, taxa de crescimento
e peso. Nesse caso, orienta à família quanto aos cuidados com a criança até a
próxima consulta, prescreve as vitaminas necessárias e sinaliza o cronograma de
vacinas.
Quando esse profissional observar fatores de risco ao desenvolvimento
neuropsicomotor é necessário que ele vá além das condutas estabelecidas acima. A
sugestão é que inicie a consulta com uma breve anamnese coletando dados desde
a gestação até a idade em que a criança chegar ao seu consultório. Nessa conversa
é importante coletar algumas informações, tais como: se a mãe fez
acompanhamento pré-natal; se a criança chorou ao nascer; sobre o APGAR (escala
que consiste em avaliar cinco aspectos da criança: cor, frequência cardíaca,
respiração, irritabilidade reflexa e tônus muscular – nos primeiros cinco minutos de
vida); se amamentou com leite materno; se os pais fizeram uso de entorpecentes; e
como foram os seus primeiros quinze dias de vida.
Assim, essa cartilha pretende oferecer ferramentas para que se detecte
sinais precoces do Transtorno do Espectro Autista, a fim de que o paciente possa
ser encaminhado para um possível diagnóstico. Constatando esta hipótese, possa
também ser direcionado a uma equipe multidisciplinar que fará a estimulação de sua
neuroplasticidade global.
Segundo Almeida et al. (2019, p. 12) é papel do pediatra oferecer aos
pacientes o cuidado de que necessitam, não limitando a avaliação e as intervenções
às questões da saúde física nem restringindo sua ação à prescrição de
medicamentos.
No entanto, é necessário que todo esse acolhimento da família e do paciente
seja feito pelo pediatra de maneira humanizada, visto que:

Ao receber a família e a criança, é importante estabelecer um


primeiro contato, uma relação de afeto e até de certa
cumplicidade, pois, na maior parte dos casos, estamos diante
de uma família sofrida com as queixas que terminaram por
levá-la até a consulta. Chega com um misto de pedido de
socorro associado à vontade de que o filho não tenha
problemas. (ROTTA, OHLWEILER, RIESGO, 2006, p. 66)

2.6 SINAIS PRECOCES DO TEA

O transtorno do espectro do autismo (TEA) é uma deficiência


de desenvolvimento caracterizada por prejuízos persistentes na
interação social e pela presença de padrões restritos e
repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades que
podem causar uma ampla gama de dificuldades na interação
social, comunicação e participação nas atividades diárias.
(MAENNER, 2023, p. 2)

Os sinais precoces de TEA podem ser observados desde o primeiro


trimestre de vida do bebê, pois apesar de cada indivíduo possuir a singularidade do
seu progresso neuropsicomotor, não podemos nos esquecer de que existe um
padrão nos marcos de desenvolvimento. E são a esses marcos que o pediatra
precisa estar atento durante as consultas.
A cartilha de Desenvolvimento neuropsicomotor, sinais de alerta e
estimulação precoce: um guia para profissionais de saúde e educação de (2023)
escrita pelo Ministério da Saúde aponta os comportamentos a serem observados a
partir do final do primeiro trimestre de vida.
Com o objetivo de facilitar o trabalho de identificação por parte do pediatra
de alguns sinais de alerta, reformulamos os dados presentes na Cartilha e
desenvolvemos tabelas que correspondem aos marcos de desenvolvimento (de 0 a
6 anos) e estão anexadas no apêndice A (PINHEIRO; MORETH, 2023).
Sabe-se que a criança se desenvolve cada uma a seu tempo, no entanto, o
que deve ser observado pelo pediatra é se ela realiza, dentro do intervalo de um
marco e outro, aquilo que é esperado para aquela faixa etária. Caso, o especialista
infantil perceba, ao assinalar as tabelas comportamentos atípicos fora do padrão
neuropsicomotor o mesmo poderá aplicar os protocolos apresentados no próximo
tópico para rastrear os sinais precoces de autismo.

2.7 OS PROTOCOLOS DE RASTREIO: M-CHAT-R/F, CARS-2 E ATA

O M-CHAT, o CARS-2 e o ATA são alguns dos protocolos de rastreio mais


simples que podem identificar, precocemente, os sinais de TEA em crianças de 0 a 6
anos de idade. Existem outros instrumentos mais específicos, que devem ser
aplicados por profissionais especialistas em autismo; analistas em ABA (Applied
Behavior Analysis – Analista do Comportamento); ou neuropsicólogo. No entanto,
esta cartilha não adentrará nesses protocolos mais complexos, visto que ela tem o
objetivo de auxiliar o pediatra no atendimento clínico a fazer observações iniciais no
paciente que apresentar tal demanda.

De acordo com a American Academy of Pediatrics e com a


Sociedade Brasileira de Pediatria, o rastreamento dos sinais do
autismo deve ser realizado entre os 18-24 meses de idade por
meio de instrumentos padronizados para tal finalidade. Caso a
criança seja identificada com sinais de risco de autismo, ela
deverá ser encaminhada para uma avaliação mais abrangente
de modo a confirmar o diagnóstico. Essa confirmação é
possível já no final do segundo ano de vida da criança.
(GUEDES apud SEIZE, 2021).

Apresentar-se-á agora, uma breve análise de cada protocolo de rastreio


mencionado neste capítulo. Serão abordados os seus objetivos; como devem ser
aplicados; e a análise de cada resultado.

2.7.1 M-CHAT

O M-CHAT é uma escala de rastreamento que pode ser


utilizada em todas as crianças durante visitas pediátricas, com
objetivo de identificar traços de autismo em crianças de idade
precoce. Os instrumentos de rastreio são úteis para avaliar
pessoas que estão aparentemente bem, mas que apresentam
alguma doença ou fator de risco para doença, diferentemente
daquelas que não apresentam sintomas. A M-CHAT é
extremamente simples e não precisa ser administrada por
médicos. A resposta aos itens da escala leva em conta as
observações dos pais com relação ao comportamento da
criança, dura apenas alguns minutos para ser preenchida, não
depende de agendamento prévio, é de baixo custo e não causa
desconforto aos pacientes. Essa escala é uma extensão da
CHAT. Consiste em 23 questões do tipo sim/não, que deve ser
autopreenchida por pais de crianças de 18 a 24 meses de
idade, que sejam ao menos alfabetizados e estejam
acompanhando o filho em consulta pediátrica. O formato e os
primeiros nove itens do CHAT foram mantidos. As outras 14
questões foram desenvolvidas com base em lista de sintomas
frequentemente presentes em crianças com autismo.
(LOSAPIO et al., 2008)
De acordo com Losapio, o método de aplicação do M-CHAT é simples e
pode ser feito durante a consulta

2.7.2

2.7.3 Resultados

2.8 O ENCAMINHAMENTO PARA O ESPECIALISTA EM SAÚDE MENTAL E


EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALMEIDA, Roberto Santoro; LIMA, Rossano Cabral; CRENZEL, Gabriela;


ABRANCHES, Cecy Dunshee de. Saúde mental da criança e do adolescente. 2.
ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2019.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION - APA. Manual diagnóstico e estatístico


de transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.

APIN, I., & GOLDMAN, S.. (2008). A escala CARS brasileira: uma ferramenta de
triagem padronizada para o autismo. Jornal De Pediatria, 84(6), 473–475.
https://doi.org/10.1590/S0021-75572008000700001. Acesso em: 05/05/2023.

ASSUMPÇÃO JR., F. B., KUCZYNSKI, E., GABRIEL, M. R., & ROCCA, C. C..
(1999). Escala de avaliação de traços autísticos (ATA): validade e confiabilidade de
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05/05/2023.

BARBOSA, I. G., RODRIGUES, D. H., ROCHA, N. P., SIMÕES-E-SILVA, A. C.,


TEIXEIRA, A. L., & KUMMER, A.. (2015). Propriedades psicométricas da Escala de
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BARBOZA, R., and MARTORANO, S.A.A. O caso da vacina tríplice e o autismo: o


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APÊNDICE A – TABELAS

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DO PRIMEIRO TRIMESTRE X


Não apresenta o sorriso social;
Apresenta um olhar vago, com pouco interesse;
Não observa e nem acompanha os movimentos dos objetos/coisas;
Ao menor ruído, realiza movimentos de sobressalto;
Presença de movimentos involuntários;
Apresenta atetose - fluxo contínuo de movimentos involuntários
lentos, contínuos e contorcidos das mãos;
Apresenta tremores das extremidades;
Exacerbação do reflexo da sucção;
Mantém sempre as mãos fechadas;
Não leva a mão à boca;
Não responde ou não reage a sons;
Não apresenta, até o final do primeiro trimestre, nenhum grau de
controle de cabeça.

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DO SEGUNDO TRIMESTRE X


Hipotonia do eixo do corpo;
Deficiência ou falta de controle cervical;
Hipertonia de membros;
Sem interesse ou extremamente lento na movimentação;
Não empurra com as pernas, quando os pés estão encostados na
parede ou em superfície dura;
Apresenta movimentos bruscos tipo: choque, tremor ou descarga;
Não vira a cabeça para localizar sons (4 meses);
Não dá risada/sorriso social;
Não reage quando chamado pelo próprio nome;
Não observa o movimento de objetos/coisas/pessoas;
Não tenta pegar objetos/brinquedos que estão ao alcance;
Não rola nem se movimenta em nenhuma direção;
Não emite nem reage a sons;
Apresenta dificuldade em levar objetos/brinquedos à boca;
Não demonstra afeto por seus cuidadores.

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DO TERCEIRO TRIMESTRE X


Pernas moles (hipotonia);
Pernas duras, com hipertonia (espasticidade);
Não é capaz de sentar (hipotonia de tronco);
Não suporta o peso nas pernas com apoio;
Persistência das mãos fechadas e polegares aduzidos;
Não transfere objetos/brinquedos de uma mão para a outra;
Não responde ao próprio nome;
Incapacidade de localizar sons/ruídos;
Não balbucia nem vocaliza;
Sorriso social empobrecido;
Não se interessa no momento de leitura de um adulto;
Não se interessa pela brincadeira “Cadê o bebê?/Achou?”
Não olha para onde você aponta;
Não participa de nenhuma brincadeira envolvendo dar e receber.

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DO QUARTO TRIMESTRE X


Não engatinha;
Não consegue ficar de pé com apoio;
Não procura objetos/brinquedos que viu serem escondidos;
Não aprende gestos como: balançar a cabeça dizendo não, acenar
dando tchau;
Não ponta objetos/brinquedos/pessoas;
Permanece muito parado ou mumificado;
Apresenta movimentos anormais;
Não fala sílabas; cessação do balbucio;
Não apresenta nenhuma tentativa de dialogar com o cuidador com
quem mais interage;
Encontra-se psiquicamente irritado ou inerte, com sorriso social
pobre;
Perdeu habilidades que já tinha adquirido.

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DO QUINTO TRIMESTRE X


Não engatinha;
Não consegue ficar de pé com apoio;
Não procura objetos/brinquedos que viu serem escondidos;
Não fala palavras simples como “mama” ou “papa”;
Não aprende gestos como acenar ou balançar a cabeça;
Não aponta para objetos;
Não faz contato visual;
Perdeu habilidades que já tinha adquirido;
Não busca interação, não reage ou se irrita ao contato com as
pessoas se com o ambiente;
Não responde ao olhar ou aos sons, à conversa e ao toque quando
é amamentada, alimentada, colocada no colo ou acariciada;
Demonstra maior interesse por objetos do que por pessoas;
Habitualmente fica isolada e não se interessa em brincar com
outras crianças;
Tem dificuldade na fala e em atender aos comandos;
Faz gestos e movimentos repetitivos;
Tem dificuldades para virar de bruços, sustentar a cabeça,
engatinhar e andar. Demora mais tempo que as outras crianças
para fazer essas ações;
Tem dificuldade para memorizar e realizar uma tarefa até o fim;
Tem dificuldade para aprender e selecionar problemas práticos
relacionados as atividades da vida diária;
Tem dificuldade com o sono ou com a alimentação;
Tem sensibilidade exacerbada a determinados ruídos de motores
de eletrodomésticos, furadeiras e fogos de artifício;
Não aceita o toque, não responde quando alguém fala seu nome e
apresenta baixa frequência de sorriso e reciprocidade social;
Apresenta muita agressividade;
Apresenta intensa agitação, impulsividade e falta de atenção;
Desafia com frequência e tem dificuldade de seguir as regras.

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DO SEXTO TRIMESTRE X


Perdeu habilidades que já tinha conquistado;
Não consegue andar;
Não aponta para objetos quando nomeados;
Não sabe a utilidade de objetos;
Não faz imitação;
Não aprende novas palavras;
Não apresenta um vocabulário de, no mínimo, seis palavra com
função;
Não percebe sons no ambiente;
Não liga ou percebe se os pais/cuidadores saem ou retornam;
Não aponta para mostrar coisas para outras pessoas;
Não possui jogo simbólico.

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DOS 2 ANOS X


Perdeu habilidades que já tinha adquirido;
Não consegue seguir comandos simples;
Não imita sons, gestos, expressões e palavras;
Não consegue andar/caminhar com firmeza;
Não conhece a utilidade e a função de objetos e brinquedos;
Não usa frases de 2 palavras (por exemplo, “beber água”);
Não fala nenhuma palavra;
Não sabe o que fazer com coisas comuns, como escova, telefone,
garfo, colher;
Não imita ações e palavras;
Isola-se, recusa-se a brincar com outras crianças;
Apresenta gestos/movimentos repetitivos;
Não faz contato visual;
Não tem atenção compartilhada.

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DOS 3 ANOS X


Perdeu habilidades que já tinha adquirido;
Cai muito ou tem dificuldades em subir/descer degrau;
Faz pouco contato visual, ou nenhum;
Não tem interesse por pessoas, brinquedos/objetos/coisas;
Demonstra interesse demasiado por algum objeto específico;
Não brinca de faz de conta;
Não responde/atende a comandos simples;
É demasiadamente “teimosa” e chora sempre que algo lhe é
negado; nem sempre controla a “birra”;
Não usa frases para se comunicar;
Não consegue manusear brinquedos/objetos e coisas simples;
Não consegue pular erguendo os 2 pés do chão;
Não é capaz de apontar partes de seu corpo;
Não é capaz de pedalar;
Não sabe seu primeiro nome;
Apresenta uma linguagem ininteligível;
Não controla a micção diurna.

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DOS 4 ANOS X


Perda de habilidades adquiridas;
Não demonstra interesse em jogos de faz de conta e jogos
interativos;
Não consegue contar uma história preferida;
Não segue comandos de 3 instruções;
Não entende dentro e fora, igual e diferente;
Não usa “eu” e “você” corretamente;
Faz pouco contato visual ou nenhum;
Tem resistência ao novo, à mudança de rotina;
Chora incessantemente quando algo lhe é negado ou,
aparentemente, sem motivo;
Não contém a birra;
Fala de forma incompreensível ou fala apenas palavras repetidas
de desenhos/filmes;
Não consegue pular no mesmo local;
Apresenta dificuldade para rabiscar;
Ignora outras crianças ou não responde a pessoas fora da família;
Não interage;
Resiste à troca de roupa, à hora de dormir e a ir ao banheiro.

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DOS 5 ANOS X


Perdeu habilidades que já tinha adquirido;
Não fala seu nome e sobrenome;
Não responde às pessoas, ou responde superficialmente;
Apresenta fala incompreensível;
Pouco vocabulário na hora da fala;
Não compreende o que é falado;
Não demonstra suas emoções.
Demonstra comportamentos extremos (ex.: timidez ou tristeza,
medo, agressividade);
Distrai-se com facilidade; tem dificuldade em se focar, por mais de 5
minutos, na atividade;
Não diz sobre as experiências ou atividades diárias;
Não consegue separar o real do imaginário;
Não utiliza plural e tempo passado corretamente;
Não brinca ou participa de uma série de atividades e jogos;
Não consegue desenhar;
Não realiza nenhuma atividade da vida diária ou da rotina (ex.: lavar
as mãos, escovar os dentes, se despir sem ajuda).

SINAIS DE ALERTA NO FINAL DOS 6 ANOS X


Perdeu habilidades que já tinha adquirido;
Não aprende habilidades novas;
Não responde às pessoas, ou responde superficialmente;
Apresenta fala cheia de erros na pronúncia ou na gramática, sem
conjugar os verbos de maneira adequada; não faz uso de plural,
nem de conectivos ou fala de forma incompreensível;
Pouco vocabulário na hora da fala;
Fala sem mudança de entonação e com ausência de expressões
faciais para demonstrar emoções na fala;
Não demonstra e/ou não controla suas emoções. Demonstra
comportamentos extremos (ex.: timidez ou tristeza, medo,
agressividade);
Sem iniciativa comunicativa;
Distrai-se com facilidade; tem dificuldade em se focar, por mais de
10 minutos na atividade;
Não diz sobre as experiências ou atividades diárias;
Não consegue separar o real do imaginário;
Não brinca ou participa de uma série de atividades e jogos;
Não consegue desenhar;
Não tem independência em realizar atividades da vida diária ou da
rotina.

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