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Fundamentos da Dinâmica de Grupos

INTRODUÇÃO

Característica do ser Humano: reunir-se em grupos

Necessidade de estudo sobre os problemas sobre a natureza


,funcionamento ,sucesso, e fracasso dos grupos.

Termo - Dinâmica de Grupo

"Uma ideologia política, interessada nas formas de organização e direção


de grupos."

"Conjunto de técnicas empregadas em programas de treinamento


,planejadas para o desenvolvimento de habilidades , de estabelecer boas
relações humanas , e de dirigir comissões e grupos ."

"Campo de pesquisa dedicado a obter conhecimento a respeito da


natureza dos grupos, das leis de seu desenvolvimento e de suas
interrelações com os indivíduos , outros grupos e instituições mais amplas."

Algumas especializações profissionais

Mediação nas relações trabalhistas

Educação de adultos

Relações humanas

Psiquiatria

Psicologia clinica, entre outras

Objetivos Básicos

UMA ETAPA DECISIVA PARA A PSICOLOGIA SOCIAL

Se situarmos em 1921 o início da verdadeira carreira de pesquisador de


Kurt Lewin, verificamos que consagrou mais ou menos oito dos vinte e
cinco anos de sua vida universitária, de 1939 a 1946, à exploração
psicológica dos fenômenos de grupo. E estes oito anos constituem um
marco decisivo na evolução da psicologia social. E tal modo que, vinte
anos após sua morte, a pesquisa em psicologia social continua inspirando-
se, em grande parte, nas teorias e descobertas de Kurt Lewin.
Precursores

Para destacar a colaboração de Kurt Lewin à psicologia social, é


importante lembrar rapidamente, de modo bastante esquemático, através
de que etapas, tentativas, rodeios e por vezes desvios, a psicologia social
foi sendo elaborada gradualmente.

Auguste Comte( 1793- 1857) , na França, tenta definir a sociologia, que


pretendia fundar e constituir uma ciência autônoma, declarando-se
contrário à edificação de uma nova ciência que ele foi o primeiro a chamar
de um nome novo na época: psicologia social. Ele acreditava que o social
deve absorver o psíquico, e segundo colocou não existiriam senão duas
ciências legítimas: a ciência da vida , a biologia, e a ciência da sociedade,
a sociologia. Para ele , então seria inútil construir uma ciência
intermediária, ou seja , a psicologia social.

Émile Durkheim (1858- 1917) define a psicologia social da seguinte forma:


"A Psicologia Social não é senão uma palavra que designa toda espécie de
generalidades, variadas e imprecisas, sem objeto definido". Ele era uma
pessoa rígida e dedicado às exigências do trabalho científico.

Sua atitude foi tão negativa quanto a de Augusto Comte. Contudo,


analisando sua obra, percebe-se sua preocupação em estabelecer a
autonomia da sociologia em relação às outras ciências do homem. Para
Durkheim a psicologia não pode ser senão individual. Gradualmente ele é
levado à conceber o social ou as realidades sociais como uma espécie de
hiperpsiquismo e a vida em sociedade como o estágio último da evolução
da vida psíquica.

Gabriel Tarde (1843- 1904), afirma o contrário: "a sociologia será uma
psicologia individual ou nada será". Para ele , contrariamente a Durkheim é
o individual quem explica em última instância o social e o coletivo: os
instintos de imitação das massas encontrariam sua explicação última no
instinto de invenção das elites.

Félix Le Dantec ( 1869- 1917) publica ao fim de sua vida um trabalho


sobre a vida em sociedade intitulado "O egoísmo", no qual tenta fazer a
síntese de suas descobertas em psicologia social. Ele também acreditava
que o social se explica pelos instintos psíquicos primitivos, o que o levará a
concluir com pessimismo: "o egoísmo é o fundamento e a hipocrisia sua
mola-mestra".

Gustave Le Bom ( 1841- 1931), em sua obras de psicologia social "O


homem e as sociedades" e a mais conhecida, "A psicologia das multidões",
chagará, por sua vez, a assimilar todo fenômeno de grupo a um fenômeno
hipnótico, considerando que as massas estão envolvidas, dominadas e
manipuladas pelas elites.

Pioneiros e Fundadores

São os franceses , sociólogos e filósofos sociais, os primeiros a introduzir o


termo "psicologia social" nas categorias mentais dos meios acadêmicos.
São eles igualmente que apresentam as primeiras interpretações
psicológicas dos fatos sociais. Por outro lado são os anglo - saxões que
elaboram de modo sistemático e articulado os primeiros tratados de
psicologia social.

William MacDougall (1871-1929) acreditava que "tudo que o sociólogo


observa na ordem social decorre de forças mentais que compete ao
psicólogo social determinar". Para ele os instintos sociais são inatos e
múltiplos. Segue referido que estes instintos evidenciam as condutas
sociais ou os comportamentos em grupo e os coletivos. Destaca então:

Psicologia individual: tem por objetivo destacar os traços fundamentais


do indivíduo humano.

Psicologia Coletiva: que trata especificamente do grupo e da mentalidade


de grupo

Psicologia social: estuda a influencia do grupo sobre o indivíduo

John Dewey é um filósofo da Educação e reclama com urgência a criação


de cátedras de psicologia social nas Universidades americanas num
célebre artigo intitulado "Need for social pychology" . A primeira
universidade a responder a seu apelo será Harvard, criando sua primeira
cátedra de psicologia social em 1917, para que será nomeado Henry Holt
como primeiro titular. Em 1920 William MacDougall torna-se seu sucessor.
A partir de 1920 o ensino e a pesquisa em Psicologia nos EUA inspiram-se
em grande parte nas teorias behavioristas

CONDIÇÕES QUE ESTIMULARAM O DESENVOLVIMENTO DA


DINÂMICA DE GRUPO

Dinâmica de grupo apareceu, como um campo identificável de pesquisa


nos Estados Unidos, no fim da década de 30.

KURT LEWIN (1890 – 1947) popularizou a expressão dinâmica de grupo,


com significativas contribuições tanto à pesquisa quanto à teoria.

Historicamente D.G é convergência de determinadas tendências nas


ciências e produto da sociedade específica em que surgiu.
A Sociedade Americana da década de 30 fornecia condições para o
desenvolvimento de um movimento mais intelectual dando o aparecimento
da D.G.

Dinâmica de Grupo enraizou-se principalmente nos EUA, e nos países do


noroeste da Europa, embora tenham aparecidos estudos importantes em
Israel , no Japão e na Índia.

CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O APARECIMENTO E


DESENVOLVIMENTO DA DINÂMICA DE GRUPO

Apoio da Sociedade

No final da década de 30 as condições culturais e econômicas dos EUA


favoreciam o aparecimento e o desenvolvimento da D.G. Atribuía-se
grande valor à ciência, a tecnologia, à solução racional dos problemas e ao
progresso.

Acreditava-se que a industria americana se desenvolve com muita rapidez,


não só por causa da abundância de recursos, mas principalmente porque
adquire métodos tecnológicos e administrativos.

Ainda na década de 30 destinavam recursos significativos para Ciências


Sociais. A utilização de testes de inteligência durante a Primeira grande
guerra, estimulou a pesquisa da capacidade humana e aplicação de
programas de testes nas escolas, na indústria e no governo. Começava a
crença de que a solução de "problemas sociais" poderia ser facilitada pela
pesquisa sistemática dos fatos.

Após a Segunda grande guerra começou rapidamente a expansão da D.G.


, havia setores importantes da Sociedade americana preparados para
apoiar financeiramente pesquisas, vindo apoio de instituições e fundações
acadêmicas do mundo dos negócios, do governo federal e de organizações
preocupadas com o aperfeiçoamento das relações humanas.

O primeiro trabalho especificamente denominado DINÂMICA DE GRUPO


foi realizado na Universidade de IOWA ( Child Welfare Research Station )
contou com a colaboração de psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais
e engenheiros industriais.

Interesse de Profissionais Liberais

Quando a dinâmica de grupo começou a surgir como campo distinto , os


líderes de algumas profissões liberais estavam bem preparados para
aceitar a idéia de que a pesquisa sistemática da vida coletiva poderia trazer
uma contribuição significativa para as suas especificações .
Consequentemente diversos profissionais liberais contribuíram para a
criação de uma atmosfera favorável para o financiamento das pesquisas de
dinâmica de grupo.

Quatro profissões desempenharam um papel especialmente importante na


origem e desenvolvimento da dinâmica de grupo:

SERVIÇO SOCIAL, PSICOTERAPIA DE GRUPO, EDUCAÇÃO E


ADMINISTRAÇÃO

Serviço Social

O serviço social é uma das primeiras a reconhecer que os grupos podem


serem orientados de forma a obterem de seus participantes , as
modificações desejadas.

O objetivo do Serviço Social inclusive finalidades diferentes como


"formação do caráter" , recreação construtiva, e retirar as crianças das
ruas.

Um dos primeiros estudos experimentais de grupos referia-se as resultados


de diferentes formas de lideranças no ajustamento de meninos e meninas
em alojamentos em acampamentos de verão.

Psicoterapia de grupo

A utilização de grupos para fins psicoterapeuticos ultrapassou os limites


estritamente médicos (ex. do movimento do A A ).

No desenvolvimento de uma forma especializada de psicoterapia de grupo


a teoria psicanalítica exerceu uma influência básica, mas não exclusiva. A
obra de Freud (principalmente: Psicologia Coletiva e Análise do Ego)
estabeleceu os princípios, mas muitas das técnicas para tratar os grupos e
grande parte de aceitação sobre processos de grupo foram contribuição de
pessoas provenientes do campo de Serviço Social.

Moreno também contribuiu através de suas técnicas de desempenho de


papéis (mais precisamente psicodrama e sociodrama) e a sociometria
foram algumas das primeiras contribuições para este campo, e tiveram
grande valor tanto na psicoterapia de grupo quanto na pesquisa de
dinâmica de grupo.

Educação

O objetivo da educação nas escolas públicas tornou-se a preparação das


crianças para a vida em sociedade. "Aprender fazendo" tornou-se slogan
popular através de projetos coletivos , atividades extracurriculares e
autogoverno dos alunos. Os professores procuraram ensinar capacidade
de liderança, cooperação, participação responsável e relações humanas.
Surgiu a concepção do professor como um líder de grupo, que influi na
aprendizagem dos alunos, não só por sua competência na matéria , como
também por sua habilidade em aumentar a motivação, estimular a
participação e criar entusiasmo.

Embora continue até hoje a controvérsia quanto a essa maneira geral de


encarar a educação, os educadores tinham acumulado no fim da década
de 30, um considerável conjunto de conhecimento sobre a vida dos grupos.
A dinâmica de grupo utilizou-se dessa experiência ao formular hipóteses de
pesquisa e seus especialistas estabeleceram estreitas relações de trabalho
com educadores e escolas de educação.

Administração

Todas em conjunto de especialidades reúnem-se sob o rótulo, todos


interessados pela direção de grandes organizações ( administrações
públicas, hospitalares, escolar) embora cada uma deva criar especialistas
em sua esfera específica de ação, todas tem necessidades de planejar
processos eficientes para coordenação de comportamento das pessoas.
Até 1930, os esforços para desenvolver os princípios de direção ignoravam
nitidamente a existência de grupos. A orientação individualmente foi
predominante até 1933.

Neste período apareceu o primeiro dos diversos livros de Mayo e


colaboradores onde trazia um programa extensivo de pesquisas iniciadas
em 1927 na fábrica HAWTHORNE da WESTERN ELETRIC CO. Como o
objetivo inicial era estudar a relação entre as condições de trabalho e a
incidência de fadiga nos operários. Introduziu-se uma série de variações
experimentais - Freqüência da pausa para descanso, quantidade de horas
de trabalho, natureza dos incentivos salariais com intenção de verificar sua
influência sobre fadiga e produtividade.

Os resultados deste programa de pesquisa levaram Mayo e seus


colaboradores a acentuar, principalmente a organização social do grupo de
trabalho, as relações sociais entre supervisor e os subordinados, os
padrões informais que dirigem o comportamento dos participantes dos
grupos de trabalho, os motivos e atitudes dos operários no contexto do
grupo.

Outra contribuição importante para essa visão da administração foi a teoria


sistemática da administração publicada em 1938 por BERNARD e
resultante de muitos anos de experiência como gerente de empresa
comercial.
BERNARD deixou claro que só se pode compreender satisfatoriamente e
modelar eficientemente a prática de administração e se conceber as
grandes organizações como instituições sociais compostas por pessoas
em interrelações sociais.

O aparecimento da Dinâmica de Grupo, no fim da década de 30, ocorreu


quando administradores e teóricos da organização começaram a acentuar
a importância dos grupos e das "relações humanas" na administração .

O desenvolvimento da D.G. teve apoio em diversos graus, em outros


campos da ação social, muitos dos quais não apresentaram elevado nível
de especialização, como apoiadores em proporcionar um fundamento
científico para o trabalho em relações intergrupais, saúde pública, forças
militares, educação religiosa, organização comunitária e linguagem.

DESENVOLVIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Além do apoio da sociedade a Dinâmica de Grupo se desenvolveu graças


também ao desenvolvimento das ciências sociais e das profissões liberais.

Uma premissa básica da Dinâmica de Grupo é o emprego de métodos


científicos no estudo de grupos. A crença da sociedade na possibilidade de
se realizar pesquisas empíricas com grupos de pessoas, de medir
fenômenos importantes, de manejar, para fins experimentais, as variáveis
de grupo e de descobrir as leis que governam a vida do grupo, foi
fundamental para o desenvolvimento da Dinâmica de Grupo.

Antes das últimas décadas do século dezenove, não havia muitas pessoas
dedicadas a observar e medir o comportamento humano ou realizar
experimentos nesse campo. O primeiro laboratório psicológico só foi
instalado em 1879.

A realidade dos grupos

Na década de 1930 surgiu o grande debate sobre a "mentalidade Coletiva".


Embora muitos tomassem parte, os nomes de Willliam Mc Dougall e Floyd
Allport são os mais estreitamente ligados a essa controvérsia. Num
extremo sustentava-se que um grupo pode continuar a existir, mesmo
depois de ter havido uma completa mudança dos seus participantes; que
apresenta características, tais como divisão de trabalho, sistema de valores
e estrutura de papéis, que não podem ser concebidas como características
individuais, e que as leis que governam essas características de nível
coletivo devem ser apresentadas em nível coletivo. Em direita oposição a
tudo isso, encontra-se a opinião de Allport, segundo a qual unicamente os
indivíduos são reais, enquanto grupos e instituições são "conjuntos de
ideais, pensamentos e hábitos, repetidos em cada mente individual, e
existentes unicamente nestas mentes". Portanto os grupos são abstrações
a partir de reuniões de organismos individuais. A insistência inicial na
realidade da "mentalidade coletiva", antes do desenvolvimento de técnicas
de pesquisa desses fenômenos, pouco contribuiu para seu estudo
científico. Allport, ao negar a realidade do grupo, exerceu, na verdade, uma
grande influência libertadora para os psicólogos sociais, pois dizia: "Não
nos imobilizemos ao insistir na realidade de coisas com que não podemos
lidar, através das técnicas de pesquisa atualmente existentes" .

Embora essa visão da realidade fosse demasiadamente limitada para


encorajar o estudo empírico das características dos grupos, estimulou o
desenvolvimento das técnicas de pesquisa que, posteriormente,
proporcionaram uma visão mais ampla da realidade cientificamente
analisável.

O desenvolvimento de técnicas de pesquisa começou na última metade do


século dezenove, com o aparecimento da psicologia experimental. Nos
anos seguintes, um número cada vez maior de aspectos da experiência e
do comportamento humano foi submetido a técnicas de mensuração e
experimentação. Naturalmente esses progressos tiveram importância não
só para o aparecimento da dinâmica de grupo, como também para o
desenvolvimento de todas as ciências do comportamento.

Nesse desenvolvimento geral, podemos observar três metodologias que


contribuíram para o aparecimento da Dinâmica de Grupo :

Experimentos de comportamento individual nos grupos

Observação controlada da interação social

Sociometria

ORIGENS DA DINÂMICA DE GRUPO

Projetos de Pesquisa

Em meados da década de 1930, as ciências sociais estavam maduras para


um rápido desenvolvimento da pesquisa empírica com grupos. E, de fato,
ocorreu nos Estados Unidos uma grande explosão dessa atividade, pouco
antes de sua entrada na Segunda Grande Guerra. Essa pesquisa, além
disso, passou a apresentar, nitidamente, as características hoje associadas
ao trabalho em dinâmica de grupo. Num período de aproximadamente
cinco anos, empreenderam-se vários e importantes projetos de pesquisa,
mais ou menos independentes um do outro, mas todos apresentando
esses aspectos distintivos. Examinaremos, agora, resumidamente, quatro
dentre os mais influentes.
Criação Experimental de Normas Sociais

Em 1936, Sherif publicou um livro contendo uma análise sistemática e


teórica do conceito de norma social e uma engenhosa pesquisa
experimental sobre a origem das normas sociais entre grupos de pessoas.
Provavelmente o aspecto mais importante do livro foi a reunião de idéias e
observações da sociologia e antropologia às técnicas da psicologia para a
experimentação de laboratório. Sherif começou por aceitar a existência de
costumes, tradições, padrões, regras, valores, modas e outros critérios de
conduta (que subordinou ao título geral de norma social)). Concordou,
também, com Durkeim, supondo que essas "representações coletivas"
tenham, do ponto de vista do indivíduo, características de exterioridade e
coerção. Ao mesmo tempo, concordou com F. H. Allport, supondo que as
normas sociais tenham sido freqüentemente tratadas como uma coisa
mística, e que o progresso científico só possa ser atingido sujeitando-se os
fenômenos a técnicas aceitáveis de pesquisa empírica. Propôs o exame
das normas sociais, realizado simultaneamente de duas maneiras: (a)
como o produto de interação social e (b) como estímulos sociais que
atingem todos os indivíduos, membros de um grupo com essas normas.
Assim concebidas, seria possível estudar experimentalmente a origem das
normas sociais e de sua influência sobre os indivíduos.

Ao formular o seu problema de pesquisa, Sherif apoiou-se nitidamente nos


resultados obtidos, no campo da percepção, pela psicologia guestaltista.
Observou que esse trabalho estabelecia não haver necessariamente uma
correlação fixa, ponto-por-ponto, entre o estímulo físico e a experiência e o
comportamento que provoca. O quadro de referência que a pessoa leva
para a situação tem influência significativa na sua maneira de ver. Sherif
propôs que, do ponto de vista psicológico, uma norma social funciona
como esse quadro de referência. Portanto, se duas pessoas com normas
diferentes enfrentam a mesma situação (por exemplo, um muçulmano e um
cristão diante de uma refeição de costeletas de porco), verão e reagirão de
maneira totalmente diferentes. Para ambas, contudo, a norma serve para
dar um sentido e apresentar uma maneira estável de reagir ao ambiente.

Depois de ligar as normas sociais à psicologia da percepção, Sherif


procurou saber como surgem as normas. Ocorreu-lhe que poderia
apreender esse problema se colocasse as pessoas numa situação sem
estrutura nítida, onde não poderiam valer de qualquer quadro de referência
ou norma social previamente adquiridos. Sherif assim apresentou o
objetivo geral de sua pesquisa.

... Que fará um indivíduo quando colocado numa situação objetivamente


instável, em que falta qualquer base de comparação, no que se refere ao
campo externo de estimulação? Em outras palavras, que fará ele quando
se eliminar o quadro de referência externo, quanto ao aspecto em que
estamos interessados? Apresentará uma miscelânea de julgamentos
insólitos? Ou estabelecerá seu próprio ponto de referência? Os resultados
consistentes nessa situação podem ser tomados como índices de um
quadro de referência subjetivamente desenvolvido...

No nível social, podemos ampliar o problema. Que fará um grupo de


pessoas na mesma situação instável? Os diferentes indivíduos do grupo
apresentarão uma miscelânea de julgamentos? Ou se estabelecerá uma
norma comum, peculiar à situação específica do grupo e dependente da
presença desses indivíduos reunidos e de sua influência mútua? Se
percebem, a tempo, a incerteza e a instabilidade da situação que
enfrentam como ordenada por um quadro de referência desenvolvido entre
eles no decorrer do experimento, e se esse quadro de referência é peculiar
ao grupo, podemos dizer que temos, pelo menos, o protótipo do processo
psicológico existente na formação de uma norma num grupo.

A fim de submeter essas questões à análise experimental, Sherif empregou


o que, em psicologia, se conhece como o efeito autocinético. Já se
demonstrara antes, na pesquisa de percepção, que, se um sujeito, numa
sala totalmente escura, olhar para um ponto de luz parado, logo depois
verá o ponto em movimento. Além disso, existem consideráveis diferenças
individuais na amplitude do movimento percebido. O experimento de Sherif
consistiu em colocar os sujeitos isolados na sala escura e obter os
julgamentos sobre os limites do movimento aparente. Verificou que, com a
repetição do teste, o sujeito estabeleceu limites para seus julgamentos e
que esses limites são específicos para cada pessoa. Sherif repetiu o
experimento, mas, desta vez, grupos de sujeitos observavam a luz e
apresentavam o julgamento em voz alta. Verificou que os limites individuais
de julgamento convergiam para um limite coletivo, específico do grupo. Em
novas variações, Sherif conseguiu demonstrar que " quando o indivíduo,
que estabeleceu antes, individualmente, limites e uma norma entre os
limites, é posto numa situação de grupo, com outros indivíduos, que
também vêem para a situação com seus limites e normas, estabelecidos
em sessões individuais, os limites e as normas tendem a convergir". Além
disso, " quando um membro de um grupo, posteriormente, enfrenta sozinho
a mesma situação – depois do estabelecimento dos limites da norma de
seu grupo – percebe a situação em função dos limites e da norma que
trouxe da situação coletiva".

O estudo de Sherif muito contribuiu para demostrar a possibilidade da


pesquisa experimental de fenômenos coletivos. Deve-se observar que não
procurou estudar as normas sociais existentes em qualquer grupo natural.
Ao contrário, formou novos grupos no laboratório e observou o
desenvolvimento de uma norma social inteiramente nova. Embora, para o
antropólogo e o sociólogo, a situação experimental de Sherif possa parecer
artificial, e mesmo trivial, exatamente esse artificialismo deu aos resultados
uma generalidade que não se obtém comumente, com a pesquisa
naturalista. Ao submeter à análise psicológica um conceito de nível
coletivo, como a norma social, Sherif contribuiu para suprimir o que
considerava uma infeliz separação categórica entre o indivíduo e o grupo.
E sua pesquisa permitiu estabelecer, entre os psicólogos, a idéia da
realidade de determinadas características dos grupos, pois, como concluiu,
" o fato de a norma, assim estabelecida, ser específica do grupo, sugere a
existência de uma base, nos fatos psicológicos, para os argumentos dos
psicólogos sociais e dos sociólogos, segundo os quais, nas situações
coletivas, surgem qualidades novas e supra-individuais."

O Alicerce Social das Atitudes

Nos anos de 1935-39, Newcomb dirigiu uma pesquisa intensiva, referente


ao mesmo tipo geral de problema que interessou a Sherif, mas com
métodos muito diferentes. Newcomb escolheu um ambiente " natural" em
vez de " laboratório" , a fim de estudar o funcionamento das normas sociais
e dos processos de influência social; para a obtenção dos dados, apoiou-
se, principalmente em técnicas de medida de atitudes, sociometria e em
entrevistas. O local de estudo foi o Bennington College; os sujeitos eram o
corpo discente, e o conteúdo das normas sociais era constituído pela
atitudes diante de questões políticas.

Inicialmente, estabeleceu-se que a atmosfera política dominante da


Universidade era "liberal" e que os estudantes, ao ingressar, vindos de
lares predominantemente "conservadores", traziam atitudes diversas das
aceitas na cultura da escola. Demonstrou-se o poder da comunidade
universitária para mudar as atitudes dos alunos, pelo fato de que, em cada
ano, os da última série eram mais liberais que os calouros. Todavia, o
aspecto mais significativo desse estudo foi a cuidadosa documentação das
maneiras pelas quais funcionam essas influências. Newcomb demonstrou,
por exemplo, como a comunidade "recompensa" os alunos, quando
adotam as atitudes aprovadas. Um teste do tipo sociométrico – onde os
alunos escolhem "os mais capazes de representar a Escola numa reunião
intercolegial" – revelou que os alunos escolhidos em cada classe eram,
nitidamente, menos conservadores que os não escolhidos. E os alunos
conhecidos como mais identificados com a Escola, como "bons cidadãos",
eram também relativamente mais liberais, em suas atitudes políticas.
Através de diversos recursos engenhosos, Newcomb conseguiu descobriu
o "papel subjetivo" do aluno, ou a sua auto-impressão quanto à relação
com a comunidade estudantil. A análise desses dados revelou várias e
diferentes maneiras pelas quais os alunos se acomodavam às pressões
sociais da comunidade. Nessa análise, apresentam um interesse
específico as provas de conflito entre lealdades coletivas quanto à
participação na comunidade escolar e à participação no grupo familiar,
assim como algumas das condições que determinavam a relativa influência
de ambas.

O estudo de Newcomb demonstra que as atitudes dos indivíduos estão


fortemente arraigadas nos grupos de que fazem parte, que a influência de
um grupo sobre as atitudes de um indivíduo depende da natureza da
relação entre o indivíduo e o grupo, e que, pelo menos em parte, os grupos
avaliam os membros segundo seu conformismo às normas do grupo.
Embora quase todas essas questões tenham sido formuladas, de uma ou
de outra forma, por autores da fase especulativa da ciência social, esse
estudo foi especialmente significativo porque apresentou provas
minunciosas, objetivas e quantitativas. Demonstrou assim – tal como já
fizera, de outra maneira, o estudo de Sherif – a possibilidade de realização
de pesquisa científica sobre aspectos significativos da vida do grupo.

Grupos na Sociedade de Esquina

Os fundamentos sociológicos e antropológicos da dinâmica de grupo estão


ainda mais evidentes no terceiro estudo importante dessa fase. Em 1937
Whyte mudou-se para uma das áreas superpovoadas e decadentes de
Boston e iniciou um estudo de três anos e meio dos clubes sociais,
organizações políticas e negócios ilícitos. Seu método foi o de "observador
participante", que teve o maior desenvolvimento na pesquisa antropológica.
Apoiou-se, mais especificamente, na experiência de Warner e Arensberg,
derivada dos estudos de "Yankee City". Conseguiu, de diversas maneiras,
ser admitido na vida social e política da comunidade e anotou fielmente os
vários acontecimentos que observou ou de que teve conhecimento. No
livro que escreveu, Whyte descreve, viva e minuciosamente, a estrutura, a
cultura e o funcionamento da "gang" de Norton Street e do Clube Italiano.
Documentou extensivamente a importância desses grupos sociais na vida
dos participantes e na estrutura política da sociedade mais ampla.

Na interpretação e na sistematização dos resultados, Whyte foi muito


influenciado pelo ponto de vista "interacionista", que estava sendo
desenvolvido por Arensberg e Chapple e, posteriormente, apresentado por
vários autores, entre os quais Chapple, Bales e Homans. A orientação –
derivada por Mayo e colaboradores dos estudos da Western Eletric –
encontra-se, também, evidente na análise que Whyte faz dos seus dados.
Embora não tenha feito qualquer esforço para quantificar as interações que
observou, o grande cuidado com minúcias deu muita objetividade à
apresentação das interações entre as pessoas observadas. Seus conceitos
de "ordem mais elevada" – como estrutura social, coesão, liderança e
status – ligam-se nitidamente a interações mais diretamente observáveis
entre pessoas, fornecendo-lhes um estreito elo com a realidade empírica.

Para o trabalho posterior em dinâmica de grupo, esse estudo apresenta


três aspectos importantes: (a) dramatizou e descreveu, meticulosamente, a
grande significação dos grupos, tanto para a vida dos indivíduos, quanto
para o funcionamento dos sistemas sociais mais amplos; (b) estimulou a
interpretação de características e processos coletivos, em função de
interações entre indivíduos; (c) formulou uma série de hipóteses sobre as
relações entre variáveis, tais como iniciativas da interação, liderança,
status, obrigações mútuas e coesão coletiva. Essas hipóteses orientaram
muitos dos trabalhos posteriores que Whyte realizou sobre grupos, assim
como as pesquisas de muitos outros cientistas.

Controle Experimental da Atmosfera do Grupo

O trabalho de maior influência, nos primórdios da dinâmica de grupo, foi o


de Lewin, Lippit e White. Realizadas na Iowa Child Welfare Research
Station, entre 1937 e 1940, essas pesquisas sobre a atmosfera de grupo e
estilos de liderança conseguiram uma síntese criadora das diversas
tendências e dos vários desenvolvimentos acima considerados. Ao
descrever o histórico dessa pesquisa, Lippitt observou que a discussão
quanto a "boa" liderança surgiu entre especialistas em educação, serviço
social e administração; observou que, com exceção dos estudos da
Western Electric, poucas foram as pesquisas realizadas para orientar a
ação nessas profissões. Ao propor o problema teórico, Lippitt partiu
explicitamente do trabalho anterior de psicologia social, psicologia clínica e
infantil, de sociologia, antropologia cultural e ciência política. E, ao planejar
a pesquisa, empregou, com grandes modificações, as técnicas existentes
de psicologia experimental, observação controlada e sociometria. Esse
trabalho, importante, apoiou-se muito nos progressos anteriores das
ciências sociais e das aplicações práticas, mas teve uma originalidade e
uma significação que, imediatamente, provocaram um impacto marcante
em todos esses campos.

O objetivo básico dessa pesquisa foi estudar as influências no grupo como


um todo, e em cada um dos participantes, de determinadas "atmosferas de
grupo" ou "estilos de liderança", experimentalmente provocados.
Organizaram-se grupos de crianças de dez e onze anos de idade, que
deviam reunir-se regularmente, durante um período de várias semanas,
sob a liderança de um adulto, que provocaria as diferentes atmosferas de
grupo. Ao criar esses grupos, procurou-se assegurar sua comparabilidade
inicial; na mediada do possível as características dos vários grupos foram
equiparadas, através da utilização do teste sociométrico, de observações
no recreio e de entrevistas com professores; a formação e as
características individuais dos participantes foram igualadas para todos os
grupos, através dos boletins escolares e de entrevistas com as crianças:
utilizaram-se as mesmas atividades coletivas e o mesmo ambiente físico
para todos os grupos.

O controle experimental consistiu em fazer com que cada um dos líderes


adultos se comportasse, em cada tratamento experimental, de maneira
preestabelecida; a fim de isolar as influências diferenciais das
personalidades dos líderes, cada um orientou um grupo em uma das
condições experimentais. Pesquisaram-se três tipos de liderança ou
atmosfera coletiva: a democrática, a antocrática e a permissiva ( "laissez-
faire").

A luz do conhecimento atual está claro que, em cada estilo de liderança,


combinaram-se muitas variáveis independentes. Todavia, talvez
exatamente por essa razão os efeitos produzidos no comportamento do
grupo tenham sido grandes e dramáticos. Nos grupos autocráticos, por
exemplo, ocorreram formas muito graves de aparecimento de bodes
expiatórios; no final do experimento, as crianças em alguns dos grupos
autocráticos resolviam destruir o que tinham construído. Além disso, cada
grupo desenvolveu um nível característico de agressividade, e ficou
demostrado que, quando um participante era transferido de um grupo para
outro, mudava a sua agressividade, a fim de aproximá-la do nível existente
no grupo. Permitiu-se uma interessante apreensão da dinâmica da
agressão, através de uma "explosão" emocional bastante violenta,
provocada quando alguns grupos, que reagiam com grande submissão à
liderança autocrática, receberam um novo líder, mais liberal.

Como se poderia esperar – sabendo-se que essa pesquisa era original e


se referia a questões emocionalmente carregadas de ideologia política - foi
imediatamente submetida a críticas, algumas justas, outras injustas.
Todavia, o principal resultado, para as ciências sociais e para as
aplicações especializadas, foi desvendar novos horizontes e elevar o nível
de aspiração. A criação no laboratório, de "sistemas políticos em miniatura"
e a demonstração de sua influência no comportamento e nas relações
sociais das pessoas demostraram que é possível submeter ao método
experimental os problemas práticos de direção dos grupos e que os
cientistas sociais poderiam empregar os métodos da ciência para resolver
problemas de significação vital para sociedade.

Para as pesquisas posteriores da dinâmica de grupo, teve importância


básica a maneira de Lewin formular o objetivo essencial desses
experimentos. Selecionou-se, para pesquisa, o problema de liderança, em
parte por sua importância prática na educação, no serviço social, na
administração e nas questões políticas. Apesar disso, ao criar no
laboratório os diferentes tipos de liderança, a intenção não foi copiar ou
simular um "tipo puro", que possa existir na sociedade. Ao contrário, o
objetivo foi descobrir algumas das mais importantes variações de
comportamento do líder e verificar como os vários estilos de liderança
influenciam as características dos grupos e comportamento dos
participantes. De acordo com Lewin, o objetivo "não era repetir uma
autocracia ou uma democracia determinada, ou estudar uma autocracia ou
uma democracia" ideal", mas criar ambientes para apreender a subjacente
dinâmica de grupo. Essa afirmação, publicada em 1939, parece ter sido a
primeira em que Lewin empregou a expressão "dinâmica de grupo".

É importante observar, cuidadosamente, como Lewin generalizou o


problema da pesquisa. Poderia considerar essa pesquisa, em primeiro
lugar, como uma contribuição à tecnologia da direção do grupo no serviço
social ou na educação. Ou poderia colocá-la no contexto da pesquisa de
liderança. Todavia, na realidade, propôs o problema da maneira mais
abstrata, como conhecimento da dinâmica subjacente à vida do grupo.
Acreditou ser possível construir um conjunto coerente de conhecimento
empírico a respeito da natureza da vida do grupo, que seria significativo
quando especificado para qualquer tipo determinado de grupo. Imaginou,
dessa maneira, uma teoria geral dos grupos, capaz de abranger questões
aparentemente muito diversas, tais como a vida familiar, equipes de
trabalho, salas de aula, comissões, unidades militares e comunidade. Além
disso, compreendia, como parte do problema geral de compreensão da
natureza da dinâmica do grupo, problemas específicos tais como liderança,
status, comunicação, normas sociais, atmosfera coletiva e relações
intergrupais. Quase imediatamente Lewin e seus colaboradores iniciaram
vários projetos de pesquisa, planejados para contribuir com informações
significativas para uma teoria geral da dinâmica de grupo. French dirigiu
um experimento de laboratório planejado para comparar os efeitos do
medo e da frustração em grupos organizados e em grupos
desorganizados. Bavelas realizou um experimento a fim de determinar se o
treino poderia modificar significativamente o comportamento real dos
líderes de grupos juvenis. Mais tarde, Bavelas sugeriu a Lewin um conjunto
de idéias que vieram a ser conhecidas como "decisão do grupo". Com a
entrada dos Estados Unidos na guerra, ele, French e Marrow analisaram a
decisão do grupo e técnicas semelhantes, vistas como meios para
aperfeiçoar a produção industrial; Margaret Mead interessou Lewin no
estudo de problemas ligados ao racionamento de alimentos durante a
guerra e, assim, Radke e outros realizaram experimentos de decisão
coletiva, como um meio de modificar hábitos alimentares.

KURT LEWIN

09/09/1890 - Nasce Kurt Lewin na Prússia


1914 - doutora-se em filosofia Universidade de Berlim

1926 - Primeira \Obra A investigação em psicologia sobre comportamento


e emoção.

1926 - Professor titular de Psicologia da Universidade de Berlim

1933 - Estatuto acadêmico tomado por poder nazista

1933 - Foge da Alemanha

1933 - Passa pela Inglaterra e vai para EUA convidado para ensinar na

Universidade de Stanford (Califórnia)

1934 - Professor de Psicologia na Universidade de Cornell –Nova York


Cátedra de psicologia de da criança na Universidade de Iowa direção de
um Centro de Pesquisa ligado ao departamento de Psicologia "Child
welfare research center" Publicação de dois trabalhos Ä dynamic theory of
personality" e "Principles of topological psycology"

1939 - Volta a Universidade de Stanford

1939 - Orientação das pesquisas alteram-se para psicologias dos grupos


que seja dinâmica e guestaltica

1940 - Torna-se professor na Universidade de Harvard

1945 - Funda a pedido do MIT um centro de pesquisas em dinâmica de


grupo, que se torna o mais célebre nos EUA

1947 ( 12 de fevereiro) – Com 56 anos morre Kurt Lewin

Pós Lewinianos

Professores G.W. Alport – Universidade de Harvard, D. Cartwright – da


Universidade de Michigan Mme Gertrud W. Lewin .Publicam dois tomos :
"Resolving social conflicts" e "Field theory in social science"

1959 - " Preeses Universitaries" de France publica capítulos de "Pycologie


dynamique"

Kurt Lewin procurou elucidar até sua morte : que estruturas, que dinâmica
profunda, que clima de grupo, que tipo de leadership permitem a um grupo
humano atingir autenticidade em suas relações tanto intra-grupais, assim
como à criatividade em suas atividades de grupo.
EVOLUÇÃO DA DINÂMICA DE GRUPO NO BRASIL

No Brasil, pode-se dizer que a Dinâmica de Grupo iniciou em 1960, pelo


Prof. Pierre Weil que introduziu o Laboratório de Sensibilidade Social, que
tem como principal objetivo desenvolver a qualidade de atuação do
indivíduo como membro e como líder. Esse trabalho foi realizado na Rede
Comercial Banco Lavoura de Minas Gerais. Aliás a experiência de
treinamento de Relações Humanas mais ampla no Brasil se deve ao Prof.
Pierre Weil, que veio para o Brasil, a convite do SENAC, onde passaria três
meses e por aqui está até hoje, pelo que se sabe dirigindo a UNIPAZ
(Universidade da Paz).

Já em l962, chegou ao Brasil a técnica do sensitivy training, aplicada por


Fela Moscovici, Francisco e Edela Lanzer de Souza e João Eurico Matta.

Em l965 aconteceriam duas publicações importantes sobre a teoria e a


prática dos grupos T, que é a abreviatura de Training Group, ou Grupo de
Treinamento, onde num pequeno grupo , relativamente não estruturado, os
indivíduos participam como aprendizes. As obras publicadas foram
"Laboratório de Sensibilidade – um estudo exploratório - feita por Fela
Moscovici e "Dinâmica de Grupo e Desenvolvimento de Relações
Humanas" do Prof. Pierre Weil.

Em 1967, São Paulo sediou o III Congresso Interamericano de


Administração de Pessoal, onde Fred Massarik, da UCLA, proferiu palestra
sobre Laboratório de Treinamento de Sensibilidade. Note-se que as
técnicas de Dinâmicas de Grupo iniciaram-se nas principais Escolas de
Administração de Empresas da década de 60

De 1967 a 1975, aconteceram muitas publicações importantes, tanto de


livros como de trabalhos e reportagens, os quais contribuíram em muito
para o desenvolvimento e reconhecimento da importância da Dinâmica de
Grupo.

Em 1975, Fela Moscovici lança a primeira edição do livro "


Desenvolvimento Interpessoal" e em 1976 foi realizado em Porto Alegre o
"I Encontro Regional de Psicologia Organizacional", com a participação de
Fela Moscovici fazendo a palestra de abertura com o tema
Desenvolvimento Interpessoal. O sucesso desta apresentação motivou um
grupo de pessoas a convidar Fela para coordenar em Porto Alegre um
grupo de formação.

Torna-se importante falar um pouquinho sobre Fela Moscovici, pois que foi
ela o precursora na publicação sobra a teoria e a prática dos grupos "T" na
obra Laboratório de Sensibilidade. Fela é professora de Psicologia
Aplicada à Educação e de Psicologia Social da Escola Brasileira de
Administração Pública, Bacharela em Pedagogia, com curso de pós-
graduação de Psicologia. É autora de vários artigos e monografias.

Em 1979 foi concluído o primeiro grupo de formação iniciado em Porto


Alegre e coordenado por Fela.

Em 1982, inicia o Grupo de Formação de Especialistas em


Desenvolvimento Interpessoal, coordenado por Fela Moscovici em Curitiba
e em l983 iniciam grupos de formação de especialistas tanto em Porto
Alegre como em Brasília. Ainda este ano é fundado o "Grupo de Estudos
Regional Sul – GERS.

Em 1986, foi fundada a Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo, em 03


de maio, em Assembléia Geral que decidiu também incorporar os estatutos
e associados do GERS.

Em 1988, começa a circular o "Irmanito", órgão oficial da SBDG, com


edição bimensal.

De 1989 a 1994 a SBDG não teve endereço fixo, pois quem estava na
Presidência assumia também o domicílio da SBDG. Porém a partir de 1994
a SBDG conseguiu locar um espaço próprio, o qual até hoje se mantém.

De 1996 em diante a SBDG começa a ter uma programação científica mais


constante, como " Quartas ao Vídeo" e Palestras realizadas por
profissionais e a eles oferecidas, também em 1997 teve início a publicação
dos cadernos da SBDG, cujo objetivo é a publicação de trabalhos
realizados pelos Grupos de Formação.

Bibliografia

CARTWRIGHT, D & ZANDER, A – Dinâmica de Grupo, SP, EPU, 1967

MAILHOT, G – Dinâmica e Gênese dos grupos. SP, Duas Cidades, 1976

Dinâmica de grupo - Pesquisa e teoria

MOSCOVICI, FELA – Laboratório de Sensibilidade

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