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IBADEP

Instituto Bíblico da Assembleia de Deus Ensino e Pesquisa

www.IBADEP.com
Rua IBADEP, S/Nº - Vila Eletrosul / Bairro IBADEP
Cx. Postal 248 85980-000 - Guaíra – PR
Fone/Fax: (44) 3642-6642
E-mail: ibadep@ibadep.com
Coord. Pastor M. Douglas Scheffel Jr.

Aluno(a): ___________________________________________________
DIRETORIA

CIEADEP

Pr. Perci Fontoura


Presidente
Pr. Isaias Cardoso dos Santos
1º Vice-Presidente
Pr. Antônio Batista Maia
2º Vice-Presidente
Pr. Daniel Sales Acioly
1º Secretário
Pr. Samuel Azevedo dos Santos
2º Secretário
Pr. Antonio Ferreira
1º Tesoureiro
Pr. Izaias Rodrigues Porto
2º Tesoureiro

IBADEP
Pastor Douglas Junior
Coordenador
Psicologia Pastoral

Copyright © 2017. IBADEP – Instituto Bíblico da Assembleia de Deus –


Ensino e Pesquisa.

Diagramação:
Equipe Ibadep

Projeto e desenvolvimento:
Pastor Douglas Junior

Psicologia Pastoral. IBADEP, 2017. 216 p.


Inclui Bibliografia.

Autor.
Pr. Robson José Brito

Contato:

Email: ibadep@ibadep.com
Web Site: www.ibadep.com
Fone: (44) 3642 - 6642

1ª Edição – Janeiro/2017
Todos os direitos reservados ao IBADEP
Direitos e Deveres do Aluno
São direitos do aluno:

1. Estar devidamente matriculado no curso de sua escolha;


2. Conhecer o funcionamento do curso por meio da leitura e aceitação
do termo constante no sistema online do IBADEP;
3. Receber, mediante solicitação e pagamento de valor previamente es-
tipulado, a carteirinha de estudante;
4. Ter acesso ao sistema online do IBADEP, onde poderá acessar seus
dados bem como acompanhar o lançamento de suas notas referentes
as matérias estudadas;
5. Receber o certificado do curso que houver concluído com êxito, me-
diante o atendimento dos padrões especificados no manual do curso,
bem como os abaixo mencionados.
5.1 O recebimento do certificado está condicionado a:
5.1.1 Conclusão do curso com aproveitamento de todas as matérias
dentro da média prevista no Manual Geral para Cursos do IBADEP.
Obs. As notas deverão estar lançadas no Sistema Online do IBADEP;
5.1.2 Solicitação e preenchimento de requerimento específico junto
ao responsável pelo núcleo de estudos da igreja, que deverá enviar o
requerimento devidamente preenchido ao IBADEP;
• O requerimento de certificado, bem como outros documentos en-
contra-se também disponível para download no endereço www.iba-
dep.com/downloads
• Alunos da modalidade de curso individual deverão solicitar seu cer-
tificado diretamente ao IBADEP mediante preenchimento e envio do
requerimento;
5.1.3 Envio prévio de toda a documentação exigida, conforme cons-
tante no Manual Geral para Cursos do IBADEP;
São Deveres do Aluno:

1. Assistir às aulas e aceitar a orientação sadia da palavra de Deus, in-


dividualmente ou através do Monitor(a); portando-se de forma ética
para com os professores e colegas de classe;
2. Honrar o nome de Deus, da Igreja, e do IBADEP, divulgando os
trabalhos do IBADEP e convidando novos alunos;
3. Submeter-se às provas e aos trabalhos previstos para o curso e dedi-
car tempo ao estudo diário, conforme o previsto para cada modali-
dade de curso;
4. Entregar toda a documentação exigida;
5. Atentar para os prazos de carência de cada curso, a fim de que, em
caso de desistência, possa retornar ao curso com aproveitamento das
matérias já estudadas;
6. Acompanhar suas notas junto ao monitor do núcleo ou diretamente
através o sistema online do IBADEP;
7. Estar ciente de que, será considerado concluinte, apenas o(a)
aluno(a) que possua, nos registros junto à sede administrativa do
IBADEP, todos os documentos exigidos e todas as notas referentes
às disciplinas que formam a grade curricular do curso concluído,
estando estas dentro da média prevista no manual geral para cursos
do IBADEP
8. Estar ciente de que a certificação do curso não implica na ascensão
do concluinte ao ministério, seja este como Pastor, Missionário, Diá-
cono ou outro; tal ascensão ministerial é prerrogativa da igreja onde
o concluinte servir como membro.
9. As convenções que adotam os cursos do IBADEP como pré-requi-
sito para a consagração de obreiros, poderá valer-se de avaliação
própria, contudo, o concluinte somente terá direito a certificação do
IBADEP se houver passado pelo sistema de avaliação previsto no
manual do curso que houver concluído.
Informações mais detalhadas poderão ser encontradas no manual
geral para cursos do IBADEP, disponível para download no site
www.ibadep.com bem como em todos os demais canais de comuni-
cação do IBADEP.
Cremos

1. Em um só Deus, eternamente subsistente em três


pessoas: O Pai, Filho e o Espírito Santo. (Dt 6.4; Mt
28.19; Mc 12.29).
2. Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra
infalível de fé normativa para a vida e o caráter cris-
tão (2Tm 3.14-17).
3. Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária
e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os
mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm
8.34 e At 1.9).
4. Na pecaminosidade do homem que o destituiu da gló-
ria de Deus, e que somente o arrependimento e a fé
na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que
pode restaurá-lo a Deus (Rm 3.23 e At 3.19).
5. Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé
em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e
da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do
Reino dos Céus (Jo 3.3-8).
6. No perdão dos pecados, na salvação presente e per-
feita e na eterna justificação da alma recebidos gra-
tuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado
por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13;
3.24-26 e Hb 7.25; 5.9).
7. No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo in-
teiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor
Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6 e Cl 2.12).
8. Na necessidade e na possibilidade que temos de vi-
ver vida santa mediante a obra expiatória e redentora
de Jesus no Calvário, através do poder regenerador,
inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos
capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de
Cristo (Hb 9.14 e 1Pd 1.15).
9. No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado
por Deus mediante a intercessão de Cristo, com a
evidência inicial de falar em outras línguas, confor-
me a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
10. Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo
Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme
a sua soberana vontade (1Co 12.1-12).
11. Na Segunda Vinda premilenial de Cristo, em duas
fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para
arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Gran-
de Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua
Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo duran-
te mil anos (1Ts 4.16. 17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc
14.5; Jd 14).
12. Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal
de Cristo, para receber recompensa dos seus feitos
em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10).
13. No juízo vindouro que recompensará os fiéis e con-
denará os infiéis (Ap 20.11-15).
14. E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e
de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25.46).
Metodologia de Estudo
Para um bom aproveitamento, o aluno deve ser
consciente que a dedicação de tempo e esforço no estu-
do das Sagradas Escrituras proporcionará o crescimen-
to na graça e sabedoria divina.
Você é o autor de sua história!
Consciente desta realidade se prepara para as pro-
vas ou trabalhos por fazer.
Siga o roteiro como estudar esta matéria e com-
prove os resultados.

1. Devocional:

a) Inicie o estudo com uma oração, agradecido ao Se-


nhor pela oportunidade concedida de ser um Salvo
e estudar a sua Palavra para melhor servi-lo no seu
Reino.
b) Peça a orientação e revelação do Espírito Santo en-
quanto estuda para ser revelado ao seu coração as
verdades eternas da Palavra de Deus!
c) Para melhor aproveitamento do estudo, seja organiza-
do, leia com atenção e medite nas lições.

2. Local de estudo:

Disponibilize um lugar adequado para estudar. Que


deve ser:
a) Arejado e com boa iluminação (de preferência, que a
luz venha da esquerda);
b) Isolado da circulação de pessoas;
c) Silencioso.
3. Disposição:

Tudo o que fazemos por opção alcança bons resul-


tados. Conscientize-se da importância dos itens abaixo:
a) Estabelecer um horário de estudo extraclasse, divi-
dindo-se entre as disciplinas do currículo (dispense
maior tempo às matérias que tiver maior dificulda-
de);
b) Reservar diariamente tempo para descanso e lazer.
c) Concentre-se na matéria estudada;
d) Adote postura correta (sentar-se à mesa, tronco ere-
to), para evitar o cansaço físico;
e) Não passar para outra lição antes de dominar bem o
que estiver estudando;
f ) Não abuse da capacidade física e mental.

Quando perceber que está cansado e o estudo não alcan-


ça um bom rendimento, faça uma pausa para descansar.

4. Aproveitamento das aulas:

Cada disciplina apresenta características próprias,


envolvendo diferente comportamento raciocínio, ana-
logia, interpretação, aplicação ou simplesmente habili-
dades motoras.
Exigindo sua participação ativa.
Para melhor aproveitamento, procure:
a) Colaborar para a manutenção da disciplina na sala-
de-aula;
b) Participe ativamente das aulas e pergunte quando
algo não ficar bem claro;
c) Anotar as observações complementares do monitor
em caderno apropriado;
d) Anotar datas de provas ou entrega de trabalhos.
5. Estudo extraclasse:

Observando as dicas dos itens 1 e 2, você deve:


a) Fazer diariamente as tarefas indicadas;
b) Rever os conteúdos do dia;
c) Prepare as aulas da semana seguinte (caso você tenha
alguma dúvida, anote-a para apresentá-la ao monitor
durante a aula). Não deixe que dúvidas se acumulem.
d) Materiais que poderão ajudá-lo:
• Mais que uma versão ou tradução da Bíblia Sagrada;
• Atlas Bíblico;
• Dicionário Bíblico;
• Enciclopédia Bíblica;
• Livros de História Geral e Bíblica;
• Dicionário de Língua Portuguesa;
• Livros e apostilas que tratem do assunto.

e) O estudo, sendo em grupo, tenha sempre na mente:


• A necessidade de prestar colaboração pessoal;
• O direito de todos os integrantes opinarem.

6. Como obter melhor aproveitamento em


avaliações:

a) Revise a matéria antes da avaliação;


b) Permaneça calmo e seguro (você estudou!);
c) Concentre-se no que está fazendo;
d) Não tenha pressa;
e) Leia atentamente as questões;
f ) Resolva primeiro as questões mais acessíveis;
g) Revise tudo antes de entregar a prova.
Bom Desempenho!

Abreviaturas
a.C. – antes de Cristo.
ARA – Almeida Revista e Atualizada
ARC – Almeida Revista e Corrida
AT – Antigo Testamento
BLH – Bíblia na Linguagem de Hoje
BV – Bíblia Viva
c. – Cerca de, aproximadamente
cap. – capítulo; caps. – capítulos
cf. – confere, compare
d.C. – depois de Cristo.
ex. – por exemplo.
fig. – Sentido Figurado
gr. – grego
hb. – hebraico
IBB – Impressa Bíblica Brasileira
i.e. – isto é
km – Símbolo de quilômetro
lit. – literal, literalmente.
LXX – Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento)
MSS – manuscritos
NT – Novo Testamento
N. T. – Nota do Tradutor
NVI – Nova Versão Internacional
p. – página
ref. – referência; refs. – referências
ss. – e os seguintes (isto é, os versículos consecutivos
de um capítulo até o seu final. Por exemplo: 1Pe 2.1ss,
significa 1Pe 2.1-25).
séc. – século (s)
v. – versículo; vv. – versículos
ver – veja
Índice
Capítulo 1

Psicologia Secular e Psicologia Pastoral.............................15

Capítulo 2

Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro ........................69

Capítulo 3

Motivos que Levam as Pessoas Buscarem


o Aconselhamento Espiritual – I .......................................131

Capítulo 4

Motivos que Levam as Pessoas Buscarem


o Aconselhamento Espiritual – II ......................................163

Referências Bibliográficas...................................................216
14

Capítulo

Psicologia Pastoral

15
Psicologia Pastoral

16 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Quais são as raízes da


Psicologia Pastoral? 1 1
Capítulo
O que é Psicologia e qual é a
etimologia dessa expressão?

A disciplina de Psicologia Pastoral Neste capítulo veremos;


não é estritamente teológica, tendo suas
raízes no mundo secular, por isso, antes • Psicologia Pastoral.
• Ramos da Psicologia Secular.
propriamente de adentrarmos no im- • Base e Exercício da Psicologia
portantíssimo campo da Psicologia Pas- Pastoral.
toral, é válido que saibamos sobre a ori- • Recursos do Pasto
gem da palavra “psicologia”, bem como
se faz necessário estudarmos mesmo
que seja panoramicamente sobre a ma-
téria secular da Psicologia Geral.
Às vezes, ouvimos o termo “Psicolo-
gia” em diversos contextos, por exem-
plo: “aquele pastor teve muita psicologia
para lidar com aquele caso”; “aquela pes-
soa não tem psicologia para falar com as
pessoas”; “ele foi internado por que tem O ícone abaixo indica:
sérios problemas psicológicos”.
No primeiro e no segundo exemplos, Atenção e Foco
o termo “psicologia” é usado no senti-
do de “tato, jeito”; no terceiro o radical
“psicológico” tem o sentido de “mente”,
“problemas psicológicos” tem o signi-
ficado de “problemas mentais, do comportamento”. Assim, vemos
que expressão está em nosso cotidiano.
Mas qual é o seu significado real? Apelemos para a etimologia1
da palavra para responder isso. As palavras gregas formadoras des-
se termo são psiché, “alma”, a “mente”, e logía, “estudo de”.

1   O estudo das palavras, de sua história, e das possíveis mudanças de seu significado.

17
Psicologia Pastoral

A psicologia, pois, é a ciência que estuda o comportamento e as


experiências dos organismos vivos. O termo comportamento re-
fere-se à reação de algum organismo ao seu meio ambiente, que
pode ser observado por uma pessoa. E a palavra experiência alu-
de2 aos eventos internos que só podem ser notados pelo próprio
1 indivíduo, mediante a memória e a percepção. Esse conhecimento
interior, entretanto, pode ser grandemente aumentado com a ajuda
de um conselheiro ou psicoterapeuta, ou então quando um amigo
perspicaz3 nos observa e dá os seus conselhos. Podemos conceituar
a disciplina em foco a partir de três definições básicas.
Primeira: A psicologia é a ciência que estuda e descreve a mente
humana em qualquer de seus aspectos, operações, poderes, fun-
ções, natureza inerente4 e manifestações;
Segunda: A psicologia é a investigação sistemática dos fenôme-
nos mentais, mormente5 aqueles associados à consciência, ao com-
portamento e aos problemas enfrentados pelas pessoas para ajusta-
rem-se ao seu meio ambiente com frequência hostil;
Terceira: A psicologia estuda o agregado das emoções, dos pen-
dores6 e dos padrões de conduta que caracterizam um indivíduo
ou um tipo de pessoa. É a ciência dos fenômenos psíquicos e do
comportamento. Entende-se por comportamento uma estrutura
vivencial interna que se manifesta na conduta.
As antigas especulações sobre a alma e a capacidade intelectual
do homem foram complementadas desde o século XIX por uma
nova ciência, a psicologia, que estabeleceu métodos e princípios
teóricos aplicáveis ao estudo e de grande utilidade no estudo e tra-
tamento de diversos aspectos da vida e da sociedade humana.
A teoria psicológica tem caráter interdisciplinar por sua íntima
conexão com as ciências biológicas e sociais e por recorrer, cada vez
mais, a metodologias estatísticas, matemáticas e informáticas. Não
existe, contudo, uma só teoria psicológica, mas sim uma multipli-
cidade de enfoques, correntes, escolas, paradigmas7 e metodologias
concorrentes, muitas das quais apresentam profundas divergências
entre si.

2   Fazer alusão; referir-se.


3   Que vê bem; que observa; penetrante. Dotado de agudeza de espírito, ou que denota essa qualidade; fino,
sagaz; observador. Inteligente, talentoso.
4   Que está por natureza inseparavelmente ligado a alguma coisa ou pessoa.
5   Principalmente, sobretudo; maiormente.
6   Propensão, inclinação, tendência.
7   Modelos, padrões.

18 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Nos últimos anos têm-se intensificado a interação da psicologia


com outras ciências, sobretudo com a biologia, a linguística, a in-
formática e a neurologia. Com isso, surgiram campos de aplicação
interdisciplinares, como a psicobiologia, a psicofarmacologia, a in-
teligência artificial e psiconeurolinguística.
1

História da Psicologia Secular

Quais as origens da Psicologia?


Como se deu a evolução da Psicologia como
disciplina autônoma?

Quando buscamos os primórdios da Psicologia e da Psiquiatria


vamos perceber que a reflexão sistemática sobre a alma e sobre a
atividade psíquica originou-se na Grécia antiga, ao tempo em que
surgia a filosofia, que englobava então tudo o que se pretendia co-
nhecer sistematicamente sobre o universo.
A alma, entendida como princípio vital que anima os seres, se
situava, segundo a teoria filosófica formulada por Platão, no ponto
que comunicava o mundo sensível com o mundo da razão.
Aristóteles, autor de um tratado sobre a alma, estabeleceu alguns
princípios clássicos da Psicologia, como os mecanismos do conhe-
cimento e a distinção entre as qualidades anímicas8.
A partir de suas teorias, Tomás de Aquino formulou, na Idade
Média, a distinção entre vida vegetativa, sensorial, intelectual e vo-
litiva9. As duas últimas manifestas nas faculdades do raciocínio e da
vontade livre, são exclusivas do homem.
Posteriormente, o pensamento racionalista esforçou-se por se-
parar a observação empírica dos fenômenos psicológicos das espe-
culações metafísicas.

8   Pertencente ou relativo à alma; psíquico.


9   Respeitante à volição ou à vontade.

19
Psicologia Pastoral

René Descartes e Gottfried Wilhelm Leibniz introduziram a fi-


losofia racionalista na psicologia, enquanto Immanuel Kant contri-
buiu com uma teoria sobre os processos cognitivos baseada nos da-
dos fornecidos pela sensibilidade, os quais se ordenariam segundo
formas a priori da estrutura mental.
1 Sobre a base do pensamento racionalista, os filósofos do sécu-
lo XVIII enfocaram a psicologia da perspectiva do empirismo e
centralizaram-se na observação das experiências sensíveis e suas
manifestações. Com John Locke, Thomas Hobbes e David Hume,
a Psicologia começou a consolidar-se como disciplina autônoma,
com suas áreas de estudo específicas e separadas de outros ramos
do saber.
A teoria do associacionismo, elaborada principalmente por
Hume, distinguiu entre sensação, representação e ideia e foi de-
senvolvida também por outros destacados pensadores, como John
Stuart Mill.
Há formas mais simples e outras mais elaboradas de se distingui-
rem as fases na história da psicologia. Uma forma simples consistiria
em considerar dois grandes períodos: o filosófico-especulativo e o
científico. O primeiro tem raízes no pensamento grego e se estende
até o final do século XIX ou princípio do XX, conforme o critério
escolhido para delimitação do começo da psicologia científica.
Como marco inicial do período científico poder-se-ia fixar um
dentre dois momentos: a consagração do método experimental
como procedimento possível e adequado à problemática psicológi-
ca caso em que Wilhelm Wundt seria seu iniciador, ou o uso siste-
mático do conceito de comportamento como objeto da pesquisa e,
nesse caso, estaria em evidência John B. Watson.
Os filósofos antigos, gregos e medievais procuravam, antes de
tudo, dar resposta aos problemas fundamentais acerca da natureza
da alma, sua relação com o corpo, seu destino depois da morte, a
origem das ideias etc.
Somente com o advento do espírito científico e, principalmente,
com a constatação de que há possibilidade de encontrar fórmulas
suficientemente precisas entre variação do estímulo físico, mudan-
ça fisiológica e reação psíquica, é que começou o trabalho pioneiro
de Gustav Fechner, Hermann Helmholtz e Wilhelm Wundt: a psi-
cofísica e a psicofisiologia.

20 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Para Wundt, o objeto da psicologia era a consciência; entendia a


ciência como estudo da estrutura ou das funções detectáveis na ex-
periência interior, nos processos psíquicos de sensação, percepção,
memória e sentimentos. A essa concepção da psicologia opuseram-
se psicólogos científicos posteriores, em particular os behavioristas,
para os quais só pode haver ciência a partir do que é externamente
observável (no caso, o comportamento).
1
Vale retomar a ideia de que a psicologia científica experimen-
tal iniciou-se na segunda metade do século XIX, com os trabalhos
do já mencionado Wundt. Seus esforços foram orientados para a
formulação de leis gerais sobre a percepção e a sensação. O pro-
pósito de medir as funções detectáveis da experiência interior deu
origem à psicofisiologia e à psicofísica, impulsionadas entre outros
por Gustav Theodor Fechner.
Alguns discípulos de Wundt afirmaram a possibilidade de apli-
car o método experimental às atividades psíquicas superiores, con-
cepção a que se opuseram os psicólogos posteriores, para os quais
só o diretamente observável, isto é, o comportamento, pode ser ob-
jeto de estudo científico.
No final do século XIX, Sigmund Freud formulou a teoria psica-
nalítica, que, centrada na investigação dos mecanismos mentais in-
conscientes, esboçou uma explicação geral da estrutura da persona-
lidade. A psicanálise elaborou também uma terapêutica específica,
que foi modificada e aperfeiçoada pelos seguidores de Freud. Basi-
camente, a teoria psicanalítica postula a existência de mecanismos
inconscientes de repressão que, ao impedirem a manifestação de
conflitos internos entre as diferentes instâncias da personalidade,
dão lugar a diversos transtornos.
A psicologia da Gestalt ou da forma partiu de uma ideia de per-
cepção como totalidade, na qual os diferentes elementos se inte-
gram numa estrutura formal e não como simples soma de partes.
Com o tempo, a teoria foi aplicada ao estudo do pensamento, da
aprendizagem, do comportamento e dos demais aspectos da ativi-
dade psíquica.
No começo do século XX, psicólogos como Alfred Binet insti-
tuíram técnicas de medição da inteligência, o que originou a espe-
cialidade conhecida como psicometria. As pesquisas de Ivan Pavlov
sobre os reflexos condicionados desembocaram nos estudos sobre
a aprendizagem da escola behaviorista, que partiu da experiência
objetiva e rejeitou a análise da consciência e as técnicas de intros-
pecção para centralizar-se na conexão entre o estímulo e a resposta

21
Psicologia Pastoral

do organismo. Na segunda metade do século XX, a crise da escola


behaviorista deu lugar ao apogeu da psicologia cognitiva, que cen-
trou seus estudos nos processos intermediários que existem entre o
estímulo e a resposta.

1
Paralelamente à evolução das teorias sobre o funcionamento
psíquico, a psiquiatria se separou desde o final do século XVIII das
concepções tradicionais sobre a loucura e sobre as doenças men-
tais e iniciou seu caminho como ramo da medicina científica. Emil
Kraepelin fez a primeira classificação e descrição sistemática dos
sintomas clínicos das doenças mentais, cujo tratamento recebeu
um grande impulso com o surgimento das técnicas psicanalíticas,
ao mesmo tempo em que se enriquecia com a adoção de psicofár-
macos e técnicas como o relaxamento, a hipnose e a dinâmica de
grupos, também empregadas pelos psicólogos.
Paralelamente à evolução das diferentes escolas psicológicas e
psiquiátricas, a psicologia ampliou progressivamente suas áreas de
aplicação e chegou a fornecer subsídios para disciplinas tão díspa-
res10 como educação, trabalho, estatística, sociologia e economia.
Geraram-se assim disciplinas subordinadas à psicologia e capa-
zes de levar à prática muitas das conclusões a que se havia chega-
do depois de séculos de estudo teórico. Em cada um dos ramos da
psicologia aplicada registra-se, além disso, uma subdivisão que em
alguns casos chega a determinar uma complexa estrutura secundá-
ria de especialidades.

Principais Escolas de Psicologia

Uma das maneiras de classificar as especialidades em que se di-


vidiu a psicologia é segundo os conteúdos examinados por cada
área. Assim, as principais disciplinas psicológicas seriam a psico-
logia da:

Sensação, da percepção, da inteligência, da aprendizagem,


da motivação, da emoção, da vontade e da personalidade.

10   Desigual, diferente, dessemelhante.

22 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Outra divisão possível se faz segundo o critério de examinar es-


ses mesmos conteúdos quanto a sua relação com o funcionamento
do organismo (psicologia fisiológica); ou quanto a sua manifesta-
ção no decorrer da evolução (psicologia do desenvolvimento); ou
quanto à comparação desses processos nos diversos graus de evolu-
ção animal pode esclarecer o comportamento humano (psicologia
comparada); ou, ainda, quanto ao condicionamento que esses pro-
1
cessos impõem à vida social do homem, ao mesmo tempo em que
as diversas formas da convivência social influem na manifestação
concreta dos mesmos (psicologia social).
Os pioneiros da psicologia científica, Wundt, William James e
Edward B. Titchener se incluem na escola estruturalista, para a qual
o importante é determinar os dados imediatos da consciência: as
características principais e específicas dos processos de consciência
e seus elementos fundamentais.
A corrente funcionalista, à qual pertenciam os americanos John
Dewey, Robert S. Woodworth, Harvey A. Carr e James R. Angell,
privilegia o estudo das funções mentais, em detrimento de sua
morfologia e estrutura. Em vez de investigar somente “o que é”, o
psicólogo estudará “para que serve” e “como se efetua” o processo
psíquico.
Na década de 1910, John B. Watson lançou a corrente behavio-
rista. Criticava tanto o funcionalismo quanto o estruturalismo, que
ele julgava serem demasiado subjetivos e imprecisos e propôs o es-
tudo exclusivo do comportamento (em inglês behavior), ou seja,
daquilo que é observável na conduta do homem. Segundo ele, seria
cientificamente observável a ação de um estímulo sobre o organis-
mo e a reação deste em face do estímulo. A relação entre estímulo
e reação teria seu protótipo nos reflexos incondicionado e condi-
cionado.
Tanto o estruturalismo quanto o behaviorismo clássico procu-
ravam reduzir o estudo da psicologia ao estudo dos elementos do
comportamento. Contra essa dissecação11 da vida psíquica insur-
giu-se a corrente fundada por Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wol-
fgang Köhler, chamada psicologia da forma ou Gestaltpsychologie.
Partindo da investigação das percepções, os gestaltistas formula-
ram o princípio segundo o qual o conjunto dos fenômenos psíqui-
cos apresenta características que não podem ser inferidas das partes
isoladamente.

11   Análise minuciosa; exame rigoroso.

23
Psicologia Pastoral

Muitos psicólogos europeus - como Max Scheler, Frederick J.


Buytendijk e Maurice Merleau-Ponty - seguem a corrente fenome-
nológica, cujos caminhos foram explorados por Franz Brentano e
Edmund Husserl já no século XIX.

1
A fenomenologia em psicologia consiste em captar a vivência
do outro diretamente no comportamento onde está incluída a sig-
nificação do ato. Portanto, os psicólogos devem analisar tal com-
portamento sem procurar “atrás” dele o fenômeno psíquico, mas
tentando descobri-lo no próprio fenômeno, pois o mundo fenome-
nal pode ser analisado diretamente, por ser um dado tão imediato
quanto o “eu”.

24 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
1
1. Psicologia estuda o comportamento e as experiências dos orga-
nismos vivos. Nesse sentido, o “comportamento”
a) Refere-se à reação de algum organismo ao seu meio ambien-
te, que pode ser observado por uma pessoa
b) Menciona às ocorrências internas e externas que não podem
ser notadas pelo individuo, mediante a inteligência
c) Cita a ação do organismo, não em seu meio ambiente, porém
não pode ser observado em hipótese alguma
d) Alude aos eventos internos que só podem ser notados pelo
próprio indivíduo, mediante a memória e a percepção

2. Quanto à conceituação da Psicologia, é incoerente dizer que


a) É a ciência que estuda e descreve a mente humana em qual-
quer de seus aspectos, operações, poderes, funções, natureza
inerente e manifestações
b) É a investigação sistemática dos fenômenos mentais, mor-
mente aqueles associados à consciência, ao comportamento
e aos problemas enfrentados pelas pessoas para ajustarem-se
ao seu meio ambiente com frequência hostil
c) Estuda o agregado das emoções, dos pendores e dos padrões
de conduta que caracterizam um indivíduo ou um tipo de
pessoa.
d) É a ciência dos fenômenos físicos e genéticos. Entende-se por
genético uma estrutura relativa ou pertencente à gênese, à
geração

3. No final do século XIX, formulou a teoria psicanalítica


a) Gustav Theodor Fechner
b) Gustav Fechner
c) Sigmund Freud
d) Hermann Helmholtz

25
Psicologia Pastoral

4. A teoria psicanalítica é centrada


a) Na investigação dos mecanismos mecânicos do corpo, esbo-
çou uma explicação da anatomia do ser humano
b) Na investigação dos mecanismos mentais inconscientes, es-

1 boçou uma explicação geral da estrutura da personalidade


c) Na investigação dos mecanismos animais, esboçou uma ex-
plicação geral sobre os gêneros de animais do mundo
d) Na investigação dos mecanismos da consciência do ser hu-
mano, esboçou uma explicação geral da estrutura da perso-
nalidade

5. No começo do século XX, psicólogos como Alfred Binet institu-


íram técnicas de
a) Medição da inteligência, o que originou a especialidade co-
nhecida como psicometria
b) Relações e ações recíprocas entre o soma e a mente nos ani-
mais, o que originou a especialidade conhecida como psico-
biologia
c) Estudo das relações funcionais entre a mente e os fenômenos
físicos, o que originou a especialidade conhecida como psi-
cofísica
d) Simultaneidade psíquica e social, o que originou a especiali-
dade conhecida como psicossocial

Marque “C” para certo e “E” para errado

6. ( ) A disciplina de Psicologia Pastoral é estritamente teo-


lógica, tendo suas raízes na Igreja Primitiva, posteriormente
no mundo secular
7. ( ) As principais disciplinas psicológicas seriam a psico-
logia da sensação, da percepção, da inteligência, da aprendi-
zagem, da motivação, da emoção, da vontade e da personali-
dade
8. ( )A fenomenologia em psicologia consiste em captar a
vivência do outro diretamente no comportamento onde está
incluída a significação do ato.

26 • Capítulo 1
Anotações

Anotações

27
Psicologia Pastoral

28 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Ramos da Psicologia Secular


Quais os ramos mais relevantes da Psicologia?
1
Panorama das Diferentes Áreas da Psicologia Secular

O século XX foi marcado pelo tempo das especializações. As


grandes ciências se ramificaram, tendo em vista a quantidade tão
elevada de conhecimento adquirido e acumulado pelo ser humano.
Se de um lado a especialização exagerada pode levar o especialista
a perder a noção do todo; por outro lado, pode se aprofundar em
áreas que se ele estivesse detendo-se genericamente no cômputo12
geral do universo de sua ciência seria impossível.
Com a Psicologia isso não foi diferente, vários foram os desdo-
bramentos que os estudiosos fizeram, dadas às exigências de merca-
do e à demanda por determinados segmentos. Assim, destaco aqui
os ramos mais relevantes da ciência em apreço.

1 - Psicologia da Religião.

É o estudo sistemático dos fenômenos religiosos como formas


da experiência humana;
É o estudo das emoções, das atitudes, dos padrões de compor-
tamento, das avaliações, quando associados às crenças e às práticas
religiosas; Também estuda o impacto dessas crenças sobre o desen-
volvimento da personalidade, e igualmente estuda os padrões das
necessidades e desejos levados em conta por religiões particulares.
Esse ramo da psicologia investiga a conversão e as experiências
místicas que modificam as vidas das pessoas e a maneira delas pen-
sarem. Interessa-se especialmente pelos estados de consciência, pe-
los fenômenos psíquicos, pelas visões e pelos alegados encontros
com seres espirituais.

12   O efeito de contar; apuração.

29
Psicologia Pastoral

As emoções da ansiedade e do temor, mormente no que diz res-


peito ás doutrinas do pecado e do julgamento, encontram-se entre
seus interesses. A exaltação religiosa, a experiência do sagrado e a
experiência com seu oposto, que são as manifestações demoníacas
e os estados mórbidos13, também são assuntos de seus estudos.
1 Os psicólogos céticos estão convencidos de que todas as coisas
investigadas são meros estados da mente das pessoas, não sendo
coisas objetivas. Mas os estudos sobre o misticismo, sobre as expe-
riências perto da morte e até sobre alguns operadores de milagres
mostram a objetividade das experiências e dos objetos religiosos.
Lembra-nos muito bem R. N. Camplin que Freud tinha a certeza de
que os estados religiosos são provocados por certas emoções nega-
tivas, como o temor e a ansiedade, projetados pelos pais a crianças
medrosas.
Os ataques de Freud contra a religião em geral (embora ele tives-
se sido um judeu) têm feito com que teólogos mostrem-se hostis à
psicologia e à psicoterapia. Mas essa hostilidade está desaparecen-
do, e o discernimento de Freud quando às profundezas da psique
humana está provendo valiosas informações. O tipo de psicologia
ensinado por Jung tem-se mostrado especialmente útil no acon-
selhamento pastoral. Os estudos de Freud sobre os sonhos (ele foi
pioneiro no estudo científico quanto a essa área) têm-nos alertado
para a rica herança representada pelo mundo dos sonhos, tanto no
aspecto espiritual quanto no emocional, a qual tem sido usada nas
curas ou como orientação.
Algo interessante para os obreiros evangélicos, no que tange aos
estudos da Psicologia da Religião, é a ideia defendida por muitos
estudiosos como R. N. Champlin: Eles crêem que a essência da fé
religiosa reside no misticismo, do qual a inspiração e a revelação
são subcategorias. Entenda-se como manifestação do misticismo
os arrebatamentos de sentidos descritos na Bíblia e testemunhados
por alguns cristãos em sua experiência de vida.
O misticismo é representado no Antigo Testamento como o pro-
fetismo, o que também se verifica com o Novo Testamento, exce-
tuando que ali temos a experiência e a expressão mística do Filho
de Deus, o qual transcende infinitamente aos profetas.

13   Relativo a doença.

30 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

William James realizou um trabalho monumental em sua análi-


se sobre as experiências místicas religiosas, que apresentou em seu
famoso livro The Varieties of Religious Experience. Trata-se de um
estudo cuidadoso, sensível e intenso sobre a vida religiosa, com base
nas experiências dos místicos e dos crentes ordinários. Suas análi-
ses levaram-no a encarar a perspectiva religiosa como dependente
de algo além ou acima da razão e da experiência humana ordinária,
1
através da percepção dos sentidos. Outrossim, ele demonstrou a
unidade das experiências religiosas básicas, apesar das muitas divi-
sões da religião organizada, formada por grupos distintos, e, algu-
mas vezes, hostis entre si.
Essa unidade das experiências religiosas básicas aponta para o
fato de que ali há certas realidades e não apenas imaginações de
mentes invadidas pelo medo e pela ansiedade, que, segundo Freud
pensava, seriam os fatores inspiradores da fé religiosa.

2 - Psicologia Aplicada.

Durante muito tempo a Psicologia Aplicada foi considerada


como um ramo da psicologia no qual os fatos e os métodos da ciên-
cia eram aplicados aos problemas práticos da vida diária. Entretan-
to, o adjetivo “aplicado” conduz a uma impressão errônea das rela-
ções entre a psicologia pura e a aplicada, sugerindo que esta última
toma de empréstimo à primeira seus princípios e leis. Na realidade,
os princípios da Psicologia Aplicada são muitas vezes independen-
temente derivados, a partir do esforço de solução de problemas prá-
ticos.
A utilização dos métodos e resultados da psicologia científica na
solução prática dos problemas do comportamento humano é cha-
mada Psicologia Aplicada. Embora, desde o nascimento, a psico-
logia científica tenha sido empregada nos diversos ramos da ativi-
dade humana, sua aplicação acelerou-se principalmente a partir da
II Guerra Mundial, durante a qual os psicólogos foram solicitados
a colaborar na seleção, preparação e readaptação dos combatentes
para as mais variadas tarefas. Na atualidade, em todas as atividades
importantes aplicam-se os conhecimentos psicológicos.

31
Psicologia Pastoral

Existem, portanto, entre outras, a psicologia clínica, educacio-


nal, do trabalho, jurídica, do esporte, ambiental, hospitalar, comu-
nitária, institucional e a do lazer, há também a psicopedagogia e a
terapia familiar. As mais destacadas são, sobretudo, as três primei-
ras, tanto pelo número de psicólogos que se dedicam a elas, quanto
1 pela influência que exercem na vida contemporânea.
Podemos aceitar que a Psicologia Pastoral seja um desdobra-
mento da psicologia aplicada.

3 - Psicologia Educacional.

Também chamada Psicologia Escolar, a Psicologia Educacional


dedica-se ao exame psicológico do educando, do educador e dos
processos educativos, elabora e sugere instrumentos e meios psi-
cologicamente adequados para que a educação possa ter melhor
resultado.
Apesar de se estender a qualquer situação educativa, ganhou
terreno principalmente dentro dos limites da educação escolar.
Seu desenvolvimento acelerou-se depois que Alfred Binet elaborou
o primeiro teste de inteligência e Thorndike investigou as leis de
aprendizagem. Além dessas fontes, a psicologia educacional ali-
menta-se ainda das técnicas do aconselhamento e das técnicas da
psicologia institucional.
O exame psicológico dos alunos, para distribuí-los em classes de
acordo com suas capacidades reais, a análise das matérias leciona-
das, a pesquisa dos sucessos e insucessos escolares, a investigação
das aptidões específicas das crianças excepcionalmente bem-dota-
das ou portadoras de dificuldades físicas e psíquicas são alguns dos
campos em que a psicologia educacional traz sua contribuição.
Também é outro ramo da Psicologia que pode muito ser empre-
gado na Educação Cristã nas igrejas evangélicas.

32 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

4 - Psicologia do Desenvolvimento.

O estudo longitudinal do desenvolvimento procura compreen-


der tanto a época do aparecimento dos processos psicológicos,

1
quanto às características dos principais estágios da evolução psí-
quica. Iniciou-se com as pesquisas sobre a psicologia da criança,
mas os trabalhos de George Coghill, Z. Y. Kuo e outros mostraram
a necessidade de levar em conta também os dados obtidos sobre o
desenvolvimento psíquico dos animais, principalmente no terreno
do desenvolvimento motor.
Alguns autores antigos consideravam o desenvolvimento unica-
mente como um acréscimo em quantidade e complexidade; teorias
posteriores, ao contrário, afirmam que as modificações qualitativas
e descontínuas surgem nos vários níveis da evolução. Isto levou a
caracterizar os níveis de evolução em termos de “padrões de desen-
volvimento”. Admite-se que existam formas gerais comuns a todos
os membros da mesma espécie, as quais durante certo período ca-
racterizarão seu comportamento psíquico.
Estudos sobre a vida embrionária tanto do homem quanto dos
animais mostram que os primeiros movimentos são descoordena-
dos e envolvem o organismo inteiro. Depois, por individuação e
por influência de fatores internos, na concepção de Coghill, ou mais
pela influência de fatores excitantes externos, na teoria de Kuo, as
reações vão especificar-se em ordem precisa, definida.
Assim, o desenvolvimento motor vai de movimentos amplos
que envolvem todo o membro até as atividades finas de coordena-
ção motora.
Todas as teorias concordam que a regularidade do desenvolvi-
mento constitui uma prova da presença de fatores internos, isto é,
de fatores de maturação. Isso explica, no dizer de Arnold L. Gesell,
por que a criança senta-se antes de ficar em pé, desenha um círculo
antes de conseguir copiar um quadrado e fabula14 antes de poder
dizer a “verdade”.
Influências externas desfavoráveis, como, por exemplo, ser im-
pedida de movimentar os membros, atrasam sua locomoção, mas,
uma vez liberada, rapidamente recupera o que perdeu e se iguala às
outras crianças de mesma idade.

14   Historiar ou narrar sem critério; inventar.

33
Psicologia Pastoral

A Psicologia do Desenvolvimento pesquisa especificamente o


desenvolvimento corporal, a aquisição das habilidades motoras,
a evolução da linguagem e da inteligência, o ajustamento social e
emocional.

1
Um dos estudos mais precisos sobre as características diferen-
ciais de cada ano de vida foi realizado por Gesell e seus colabora-
dores. Outros, como Jean Piaget e Maurice Debesse, preferiram es-
tudar mais globalmente o desenvolvimento, ressaltando as próprias
vivências internas das crianças e adolescentes.
Vale ressaltar que a Educação Cristã pode se valer dos postula-
dos da Psicologia do Desenvolvimento para ampliar a eficácia dos
programas de Educação Cristã de nossas igrejas.

5 - Psicologia Social.

A personalidade não se desenvolve nem se manifesta no vazio,


mas em estreita interação com outras personalidades. A disciplina
científica que estuda a personalidade em interação é a Psicologia
Social.
Autores antigos tiveram uma visão mais atomística da relação
entre a personalidade e a sociedade. Muitos consideravam que a
Psicologia Social começa depois que a personalidade se forma gra-
ças às forças internas e aos mecanismos de aprendizagem. Concep-
ção mais recente, sem negar a importância desses fatores, ressalta
que a personalidade, sob todos os pontos de vista, desde o nasci-
mento, está sendo condicionada cultural e socialmente.
Outro tema preferido da Psicologia Social moderna é a investi-
gação do status, isto é, a posição que alguém ocupa no grupo, e do
rôle, ou seja, o comportamento esperado do indivíduo por um gru-
po humano. Para que uma pessoa seja bem ajustada, considerada
como normal, é necessário que saiba desempenhar seus rôles, seus
“papéis sociais”, e encontre suficiente grau de satisfação emocional
na vivência desses papéis.
Muitas pesquisas investigam não tanto a influência da cultura e
da sociedade sobre a personalidade, mas os processos que caracte-
rizam a organização comportamental dos grupos, a interação dos
membros de um grupo. Especial atenção é consagrada ao estudo
dos chamados pequenos grupos e grupos primários, como seria o
grupo familiar, o grupo de irmãos etc. Nessas circunstâncias, ob-

34 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

têm-se medidas bastante precisas das diversas forças que interagem.


Dentre os estudos das grandes coletividades, ocupa lugar espe-
cial o do estudo da massa, que se caracteriza por certa “homoge-
neidade mental”, sensibilidade e excitabilidade de seus integrantes.
A concepção mais aceita para explicar as reações muitas ve-
zes violentas e mutáveis que ocorrem nesse tipo de coletividade é 1
a hipótese baseada em premissas freudianas: sob a pressão social,
acumula-se o sentimento de frustração, mas as pessoas que, indi-
vidualmente, reprimiriam essa frustração, quando reunidas em
grupo, massa, sob a “ilusão da universalidade”, descarregarão sua
agressividade.

6 - Psicologia Clínica.

Conquanto a expressão psicologia clínica não seja a mais ade-


quada, trata-se de uma especialidade que veio atender a uma aguda
necessidade social de ajustamento de crianças, adolescentes e jo-
vens no lar, na escola e no trabalho. O desenvolvimento educacio-
nal e econômico e a multiplicação de problemas profissionais da
sociedade moderna ressaltaram a importância do ajustamento psi-
cológico em todas as ocupações e relações humanas, desde a mais
tenra idade, incrementando a investigação científica no seu domí-
nio e o interesse por suas aplicações práticas.
A Psicologia Clínica colabora no diagnóstico e no tratamento
das pessoas desajustadas ou com problemas emocionais. Para o
diagnóstico, os psicólogos empregam, além de testes, a entrevista
clínica. O tratamento se efetua por meio das diversas técnicas psi-
coterápicas. A maior parte dos psicoterapeutas emprega a psicaná-
lise ou técnicas derivadas das diversas correntes analíticas; alguns
empregam teorias de aprendizagem, inclusive o condicionamento;
outros, finalmente, elaboram seus métodos baseados na fenomeno-
logia. Entre esse, sobressai Carl R. Rogers, que elaborou a técnica
“não-diretiva”, ou “centrada no cliente”.
No início da aplicação da psicoterapia, predominaram as técni-
cas psicoterapêuticas individuais, nas quais cada cliente era atendi-
do por um psicoterapeuta. A preparação dos psicoterapeutas inclui
conhecimento teórico sobre a personalidade normal e anormal, e
estágio prático supervisionado.

35
Psicologia Pastoral

Em certas correntes, como na psicanálise, é indispensável que o


futuro psicólogo clínico se submeta à psicoterapia antes de aplicá-la
aos outros. Nas décadas de 1960 e 1970, cresceu sobremaneira o
número das técnicas psicoterápicas de grupo.

1
A elaboração de várias baterias de testes de inteligência verbal e
de desempenho viso-motriz (performance15) equipou o psicólogo
clínico com recursos válidos para o exame e psicodiagnóstico.
Criaram-se numerosos testes de personalidade e de aptidão, que
enriqueceram ainda mais o acervo16 técnico e científico da psicolo-
gia clínica.
O emprego da estatística tornou possível a padronização e a ve-
rificação da fidedignidade e validade dos testes de aplicação coleti-
va e individual, com instruções escritas que permitiam a auto-apli-
cação e com apresentação especial que pedia o relacionamento e a
comunicação com o examinador, modalidade mais apropriada ao
exame individual do psicólogo clínico.
A validade psicológica do teste, sua consistência psicodiagnósti-
ca nas aplicações sucessivas e a natureza dos processos psicológicos
investigados vincularam cada vez mais a psicologia clínica à me-
todologia psicológica científica, evitando que ela se tornasse uma
disciplina de aplicação prática rotineira, fundamentada apenas na
experiência empírica. Daí, o absurdo de movimentos que estão em-
pregando o chamado G12 fazerem a regressão (prática seríssima
e até perigosa) sem estarem cientificamente preparados para isso!

7 - Psicologia do Trabalho.

Também chamada de Psicologia Industrial, a Psicologia do


Trabalho visa à utilização, à conservação e ao aprimoramento dos
recursos humanos da indústria, desenvolve e aplica princípios e
métodos psicológicos relativos ao aumento da produção, ao incre-
mento da satisfação e ajustamento pessoal, e ao melhoramento das
relações humanas dentro da comunidade de trabalho.
O trabalho do psicólogo industrial começa antes da admissão
do trabalhador na empresa: a seleção de pessoal. A pessoa, uma vez
aceita por parte da direção da empresa, será seguida pelo psicólogo

15   Atuação, desempenho.


16   Patrimônio, riqueza, cabedal.

36 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

em sua colocação, treinamento, promoção, readaptação e na análise


das causas de sua eventual demissão.
As investigações psicológicas relativas ao trabalho mostram que
o trabalhador deve executar sua tarefa em ambiente propício, o que

1
diz respeito ao local de trabalho, suas cores, iluminação, tempera-
tura e ventilação adequada à natureza do trabalho e ao número dos
trabalhadores, como também o mobiliário e as máquinas em dis-
posição racional, permitindo movimentos fáceis e seguros. As pes-
quisas relativas à prevenção de acidentes confirmaram a hipótese
segundo a qual há certos indivíduos com maior predisposição para
sofrer acidentes e que testes e métodos apropriados de seleção são
capazes de identificar essas pessoas antecipadamente.
O rendimento do trabalhador pode ser muitas vezes aumentado
graças à melhor coordenação de seus movimentos. Para maior efi-
ciência esses devem ser o mais simples possível, dentro das condi-
ções particulares de trabalho; devem seguir a coordenação natural
dos músculos e membros para evitar esforço inútil e devem manter
determinado ritmo.

8 - Psicologia Animal.

Também chamada Psicologia Comparada, a psicologia animal


tem como uma de suas finalidades a de precisar o degrau do desen-
volvimento em que determinada espécie deve ser situada. A maior
contribuição da Psicologia Animal decorre do fato de que os estu-
dos efetuados sobre animais permitem responder muitas perguntas
relativas à psicologia humana.
A palavra de Deus declara no livro de Jó 12.7: “Mas, pergunta
agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves dos céus,
e elas to farão saber”.

37
Psicologia Pastoral

38 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

9. São ramos da psicologia: 1


a) Psicologia da Química; Psicologia Dirigida; Psicologia Animal;
Psicologia do Desenvolvimento; Psicologia Social; Psicologia
Clínica; Psicologia Educacional; Psicologia do Trabalho
b) Psicologia da Religião; Psicologia Aplicada; Psicologia Ani-
mal; Psicologia do Envolvimento; Psicologia da Condição;
Psicologia Anímica; Psicologia Educacional; Psicologia do
Trabalho
c) Psicologia da Religião; Psicologia Aplicada; Psicologia Animal;
Psicologia do Desenvolvimento; Psicologia Social; Psicologia
Clínica; Psicologia Orientacional; Psicologia do Estudo
d) Psicologia da Religião; Psicologia Aplicada; Psicologia Animal;
Psicologia do Desenvolvimento; Psicologia Social; Psicologia
Clínica; Psicologia Educacional; Psicologia do Trabalho

10. Ramo da psicologia que se interessa especialmente pelos esta-


dos de consciência, fenômenos psíquicos, visões e alegados encon-
tros com seres espirituais
a) Psicologia da Religião
b) Psicologia da Anímica
c) Psicologia do Desenvolvimento
d) Psicologia Aplicada

11. Quanto a Psicologia Social, e incoerente afirmar que


a) E a disciplina científica que estuda a personalidade em inte-
ração
b) Um de seus temas preferido é a investigação do status, isto é, a
posição que alguém ocupa no grupo, e do rôle, ou seja, o com-
portamento esperado do indivíduo por um grupo humano
c) Visa a utilização, a conservação e o aprimoramento dos re-
cursos humanos, desenvolve e aplica princípios e métodos
psicológicos relativos ao aumento da produção, ao incremen-
to da satisfação e ajustamento pessoal

39
Psicologia Pastoral

d) Muitos consideravam que começa depois que a personalida-


de se forma graças às forças internas e aos mecanismos de
aprendizagem

1
12. É coerente dizer que é o ramo da psicologia que colabora no
diagnóstico e no tratamento das pessoas desajustadas ou com pro-
blemas emocionais
a) Psicologia Educacional
b) Psicologia Clínica
c) Psicologia do Desenvolvimento
d) Psicologia Aplicada

13. O trabalho do psicólogo industrial começa


a) Após a admissão do trabalhador na empresa: no recrutamen-
to
b) Antes da demissão do trabalhador na empresa
c) Após a demissão do trabalhador na empresa: no cumprimen-
to do aviso prévio
d) Antes da admissão do trabalhador na empresa: a seleção de
pessoal

Marque “C” para certo e “E” para errado

14. ( ) A utilização dos métodos e resultados da psicologia


científica na solução prática dos problemas do comporta-
mento humano é chamada Psicologia Aplicada
15. ( ) A Psicologia Educacional pesquisa especificamente o
desenvolvimento corporal, a aquisição das habilidades moto-
ras, a evolução da linguagem e da inteligência, o ajustamento
social e emocional
16. ( ) A maior contribuição da Psicologia Animal decorre
do fato de que os estudos efetuados sobre animais permitem
responder muitas perguntas relativas à psicologia humana

40 • Capítulo 1
Anotações

Anotações

41
Psicologia Pastoral

42 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Base e Exercício da Psicologia Pastoral


Conceito e Base da Psicologia Pastoral

P sicologia Pastoral é a disciplina que integra os 1


cursos teológicos de nível mais avançado que o bá-
sico e que se ocupa em estudar o comportamento e
as experiências humanas em sua psique sob a ótica
espiritual. Essa matéria subsidia o líder espiritual
a analisar a influência do meio ambiente sobre as
pessoas que estão sob sua autoridade espiritual.
Esse estudo oferece noções ao obreiro de Deus de como ajudar
as pessoas na sua relação com os seus eventos psíquicos internos, os
quais só podem ser sentidos pelo próprio indivíduo, através do uso
da memória e do uso da percepção. Dessa forma, o líder evangélico
pode ser um instrumento de Deus para que os cristãos aumentem o
conhecimento de si próprios pelo Aconselhamento Pastoral. Con-
sequentemente, isso favorecerá a melhoria das relações dos crentes
entre si. Assim, o conselheiro cristão deve estudar as emoções, deve
analisar as virtudes e observar os padrões de conduta que caracteri-
zam um indivíduo ou um tipo de pessoa que procura seus serviços
ministeriais.

Amor: Base da Psicologia Pastoral.

Um pastor com mais de 50 anos de ministério declarou, dentre


outras coisas, que se fosse começar seu ministério novamente pro-
curaria sempre se lembrar de que o chamado dele não é para con-
trolar a fé das pessoas, mas para amá-las dentro do reino de Deus.
Em Jeremias 12.10-11 vemos Deus se queixando dos pastores
que não têm compaixão. Sem compaixão eles se tornam destruido-
res das vinhas de Deus. Diz o texto: “Muitos pastores destruíram a
minha vinha, pisaram o meu campo e tornaram em desolado de-
serto o meu campo desejado. Em assolação o tornaram, e a mim
clama na sua desolação; toda a terra está assolada, porquanto não
há ninguém que tome isso a peito. Sobre todos os lugares altos do
deserto vieram destruidores; porque a espada do SENHOR devora
desde um extremo até outro extremo da terra; não há paz para ne-
nhuma carne”.

43
Psicologia Pastoral

É muito fácil perder um coração compassivo17. Compaixão é


uma das palavras mais usadas no Novo Testamento para descrever
os sentimentos de Jesus. As pessoas devem sentir nosso amor por
elas, se tiverem de reagir ao nosso ministério. Elas precisam sentir a
expressão de nossa compaixão nas crises, mágoas e anseios.
1 Há um surpreendente alívio em acreditar que Deus opera mu-
dança em vidas. Meu trabalho como pastor de um rebanho que
Deus me confiou não é mudar as pessoas. Devo amar as pessoas
e aceitá-las. É trabalho do Espírito Santo convencer, condenar e
converter. Se eu as amo, logo meu ministério produzirá mudanças
naturalmente nas pessoas que ouvem minhas pregações e escutam
meus ensinos. Oswald Chambers escreveu: “Tenha cuidado para
não fazer o papel de hipócrita despendendo seu tempo tentando
fazer dos outros justos antes de você mesmo adorar a Deus”.
Um crente espiritual não requer que as pessoas creiam nesta ou
naquela doutrina, mas que elas tenham suas vidas conformadas à
vontade e semelhança de Cristo.
É um alívio quando um servo de Cristo se compenetra de que o
serviço não é para mudar as pessoas ou controlá-las, mas para prover
um relacionamento que liberta as pessoas, para que compreendam que
a liberdade em Cristo é que as livra de toda prisão e sujeição.
No início, o ministro se inclina a pregar a verdade, como a com-
preende sem importar-se a quem e onde ele fere ou magoa. Com
algumas pessoas, a maturidade espiritual, paciência, compaixão e
misericórdia se tornam mais importantes. Tenho orado muitas ve-
zes: “Senhor, permite-me falar a verdade em amor. Se não puder
dizê-la em amor, ajuda-me a não dizê-la”.
As saudações de Paulo nas Epístolas são “graça e paz”. Quando
escreve aos pastores, ele escreve; “graça, misericórdia e paz” (2Tm
1.2; Tt 1.4). Estudar Psicologia Pastoral sem ter desenvolvido a mul-
tiplicação da graça, da misericórdia e da paz não valerá absoluta-
mente nada. Amemos os servos de Deus!

17   Que tem ou revela compaixão; condolente.

44 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Amado no Reino.

Temos que amar as pessoas, pois alcançaremos tantas quantas


tenhamos a capacidade de amar. “O amor nunca falha”.
Andrew Blackwood, em seu livro The Voice from de Cross (A
Voz da Cruz), conta uma história aprazível18 de como o amor de um 1
pregador mudou uma comunidade inteira.
Duas comunidades rurais situam-se cerca de oito quilômetros
distantes uma da outra, sob o mesmo sol e nuvens. Os fazendeiros
de cada distrito cultivam as mesmas espécies de plantações. Eles
enfrentam os mesmos problemas ano após ano. Metade das pessoas
de uma comunidade tem parentesco com metade das pessoas da
outra. As duas vizinhanças são tão parecidas como podem ser as vi-
zinhanças, em tudo, exceto num importante aspecto. Numa comu-
nidade há contenda. O corpo de bombeiros, o conselho da escola e
os sitiantes estão sempre se desentendendo. Na outra comunidade
há harmonia, carregando cada um o fardo do outro, cada um fazen-
do o que é possível.
A diferença entre as duas comunidades pode ser determinada
pela influência de um homem, um ministro que viveu na comuni-
dade das boas relações por muitos anos. Ele não era nenhum gênio
do púlpito, nem era um organizador de igreja. Mas uma coisa ele
fazia constantemente e bem. Ele refletia o amor de Cristo. Ele ama-
va as pessoas.
Quando chegou à pequena igreja, ele encontrou uma congre-
gação dilacerada pela dissensão, numa vizinhança permeada pelo
ódio. Embora não deixasse de condenar, ele amava ambas as par-
tes em cada disputa e procurava guiá-las a uma solução temente
a Deus. Ele amava as pessoas quando eram detestáveis, e algumas
vezes elas o eram de forma surpreendente. Procurava o lado bom
nas mais desprezíveis delas, e incentivava as pessoas boas a serem
melhores. Ele viveu para ver uma comunidade transformada.
De uma igreja isolada no topo da colina, onde ele labutava com
amor, uma contínua corrente de homens e mulheres jovens abraça-
va as vocações cristãs. Os que decidiam ficar em casa viviam como
cristãos. Talvez tudo isto pareça uma pequena façanha, mas consi-
deremos o que acontece sem amor.
Há alguns anos um jovem líder brilhante e talentoso foi enviado
ao campo missionário. Ele era crítico e autoritário. Era facilmen-

18   Sentir prazer, contentamento; contentar-se, deleitar-se.

45
Psicologia Pastoral

te irritável e impaciente. Criava atritos por agir de forma errada


e provocava as pessoas. Por fim, as pessoas escreveram à junta de
missões pedindo que ele fosse chamado de volta, uma vez que era
mais um estorvo do que uma ajuda.

1
Depois que a junta se reuniu e discutiu o que deveria ser feito, o
secretário escreveu uma carta ao jovem missionário: “Você perma-
necerá com uma condição. A condição é que você leia 1 Coríntios
13 cada dia durante o próximo ano”. Antes que o ano chegasse á
metade, ocorreu uma transformação. As mesmas pessoas que es-
creveram pedindo sua demissão escreveram posteriormente pe-
dindo sua continuação. Passados alguns anos, as mesmas pessoas
escreveram à junta pedindo que ele fosse designado pastor regional.
E ele serviu por mais de cinquenta anos como um líder eficiente da
Igreja de Cristo.

Transbordamento.

O verdadeiro trabalho pastoral é o fluxo do amor espontâneo.


Sem amor, nenhuma habilidade do mundo ajudará; com amor, nenhu-
ma quantidade de erros levará a pessoa a falhar. “O amor nunca falha”.
Um jovem pastor começou num local difícil de uma grande ci-
dade. Parei ali para vê-lo. Quando conversávamos no parque da ci-
dade, ele disse: “Tenho um pacto com Deus de amar cada pessoa
que Ele enviar para minha igreja”.
Não surpreende que Deus esteja fazendo milagres de regenera-
ção, e que pessoas estejam vindo ouvir sua mensagem e receber sua
ajuda.
Numa grande conferência inter-denominacional, um pequeno
grupo reuniu-se para orar entre as sessões. No último dia um pas-
tor confessou que tinha ido à conferência em busca de ajuda. Se ele
não encontrasse ajuda, deixaria o ministério. “E Deus mostrou-me
aqui”, disse ele, “que eu não amo meu rebanho. Fico agitado e irado
com seu comportamento. Deus mostrou-me que devo, com o amor
de Cristo, voltar e amar meu povo”. Ele recebeu uma oração com
imposição de mãos e algum mês mais tarde enviou uma carta aos
organizadores daquele evento, na qual dizia: “As coisas estão flo-
rescendo por aqui. Deus tem-me dado um grande amor por meu
rebanho”.

46 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Malcolm Muggeridge entende que a maior doença hoje não é


a lepra ou a tuberculose, mas sim o sentimento de ser indesejado,
desprotegido e abandonado por todo mundo. E o maior mal é a
falta de amor, a terrível indiferença para com os que vivem em ne-
cessidade à beira da estrada. Para esses precisamos permitir que o
amor de Cristo flua por nosso intermédio.
1

47
Psicologia Pastoral

Recursos do Pastor

1 Quais as oportunidades de agir na psique do


povo de Deus que o pastor vislumbra em seu
ministério?

Valorização das Oportunidades

O Dr. Paul W. Pruyser especialista em “cuidados pastorais” disse


que o pastor evangélico tem uma tendência de criticar a si mesmo
e negar sua capacidade.
Normalmente, os líderes espirituais não valorizam as oportuni-
dades que o exercício de sua liderança lhes faculta. Em geral, eles
reclamam dizendo que tem que representar muitos papéis, mas não
são especialistas em nenhum. Os pastores frequentemente sentem
que seu trabalho é de amador, e também sentem que são amadores
no mundo dos profissionais.
Dr. Pruyser enfatizou que o pastor nunca deve desprezar seus
recursos (que, aliás, são extremamente ricos) como pastor. Ele nos
deu uma lista dos recursos que temos como pastores.
Logo no início de meu ministério pus isso em prática e tem sido
de grande proveito para glória do nome do Senhor e edificação do
corpo de Cristo.

O pastor tem direito de iniciativas.

Ele tem o direito e o privilégio de iniciar contato com qualquer


membro de sua igreja, e outros além desse. Outros profissionais têm
que esperar o povo necessitado chegar a eles. O médico atende os
doentes, quando estes chegam a ele. O psicólogo ouve as pessoas com
problemas sérios, somente quando chegam ao seu consultório. Toda-
via, o pastor tem acesso ao povo no sentido bem íntimo, às suas vidas
pessoais, aos seus lares, etc. Ele é privilegiado por ter oportunidade de

48 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

detectar e eliminar as situações que apresentam dificuldades em poten-


cial entre seu povo, antes que elas se avolumem.
O pastor tem a vantagem de uma atividade chamada “conver-
sa pastoral”. Esta “conversa” não quer dizer bate-papo ou conversa

1
leve. Conversa pastoral quer dizer comunicação significante, ouvir
com paciência, encorajar suavemente a pessoa para abrir o coração,
demonstrar um espírito de amor.
Esta conversa pode acontecer em qualquer lugar. Assim, não
tem que ter uma estrutura formal. Não preciso como pastor esperar
para ministrar as pessoas somente quando a casa delas está caindo
ou depois de caírem em pecado.

O pastor tem a vantagem de poder abrir seu gabinete.

O líder espiritual pode muito bem em um determinado dia abrir


seu gabinete, anunciando ao povo que em determinado dia ou em
determinados dias da semana ele estará à disposição para quem
quiser conversar com ele em seu escritório pastoral.
Somente as conversas pastorais, vistas no item anterior, quase
sempre informal, não são suficientes para o servo de Deus que pas-
toreia orientar todos os que carecem de aconselhamento.
Nas conversas feitas nas casas dos membros, no ambiente de
trabalho deles, ou nos finais de culto (feitas por sobre os bancos,
apressadamente, normalmente sendo interrompidas pelos irmãos
que querem cumprimentar o pastor) não surtem tanto efeito. Mas,
quando essa conversa é feita reservadamente, em um ambiente
onde se tem privacidade19 e certa formalidade os resultados pare-
cem ser mais frutíferos.
Muitas igrejas elogiam seus pastores por serem pregadores elo-
quentes e ungidos, por serem administradores competentes e ho-
nestos, por dirigirem maravilhosamente os cultos; mas, choram e
gemem porque os pastores não têm tempo para o povo.
Quando o pastor reserva um período para aconselhamento es-
pecífico, anuncia isso ao povo e leva com disciplina e seriedade esse
ministério, as igrejas são grandemente beneficiadas. Muitos crentes
estão com pecados encobertos, não conhecem seu pastor direito,
nunca receberam uma oração e ministração de bênção específica

19   Vida privada; vida íntima; intimidade.

49
Psicologia Pastoral

feita pelo seu pastor (o que é de um valor espiritual grandíssimo!)


por que seus pastores não dão a eles o tempo que merecem. Por
isso, é de grande importância de se abrir o gabinete pastoral em
algum dia ou em alguns dias específicos para receber o povo. Bem
entendido: para atender os carentes de uma palavra pastoral. Não
1 para se encher o gabinete pastoral de bajuladores, murmuradores
ou fofoqueiros!
Em igrejas grandes, obviamente, o pastor presidente sozinho
não dará contas de atender a todos, daí é preciso seguir o conselho
de Jetro, escolher companheiros capazes e cheios do Espírito Santo,
treiná-los e delegar-lhes tal responsabilidade também.
Um aspecto importante dessa atividade é a preocupação ética (o
que veremos em lições seguintes): Nem sempre a esposa do pastor
poderá estar junto com ele no aconselhamento de mulheres. O que
fazer nesse caso?
Muitas igrejas resolveram esse problema colocando uma porta
de vidro no gabinete pastoral, ou pondo um visor na porta ou em
uma das paredes do gabinete pastoral, há igrejas cujas paredes fize-
ram toda uma parte da parede da sala onde ele aconselha sistema-
ticamente com um pedaço da parede todo de vidro fumê20. Isso dá
transparência ética à conversa particular do pastor com qualquer
pessoa.
O autor desse livro, nesse tipo de atendimento, já ganhou algu-
mas almas para Jesus; outros foram batizados ou renovados no Es-
pírito Santo; outros curados de suas enfermidades; outros tiveram
demônios expulsos de suas vidas.
Quando nos dispomos para atender o povo de Deus, o Senhor
honra a nossa disposição!

20   Vidro escurecido, que, embora transparente, suaviza a passagem da luz.

50 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
1
1. Psicologia Pastoral não
a) É a disciplina que integra os cursos teológicos de nível menos
avançado
b) Estuda o comportamento e as experiências humanas em sua
psique sob a ótica espiritual
c) Subsidia o líder espiritual a analisar a influência do meio am-
biente sobre as pessoas que estão sob sua autoridade espiritual
d) Oferece noções ao obreiro de Deus de como ajudar as pesso-
as na sua relação com os seus eventos psíquicos internos, os
quais só podem ser sentidos pelo próprio indivíduo, através
do uso da memória e do uso da percepção

2. A Base da Psicologia Pastoral é


a) A técnica, pois o pastor no exercício do aconselhamento pas-
toral deve dominar as técnicas da psicanálise, caso contrário
nunca conseguirá aconselhar bem as pessoas
b) O amor, pois estudar Psicologia pastoral sem ter desenvol-
vido a multiplicação da graça, da misericórdia e da paz não
valerá absolutamente nada
c) O conhecimento bíblico e teológico, pois no momento do
aconselhamento não é tão importante ouvir o aconselhando,
mas sim, citar o máximo de referências bíblicas, pois a fé vem
pelo ouvir e ouvir da Palavra
d) A Psicologia Secular, pois o pastor no exercício do aconselha-
mento pastoral deve saber um pouco das vária correntes da
Psicologia, pois um conhecimento panorâmico dessa matéria
ajudará fazer dele um psicoterapeuta

51
Psicologia Pastoral

3. “O verdadeiro trabalho pastoral é o fluxo do ________ espontâ-


neo. Sem ________, nenhuma habilidade do mundo ajudará; com
________, nenhuma quantidade de erros levará a pessoa a falhar.
‘O ________ nunca falha’”. As lacunas destas frases devem ser com-
pletadas com a palavra:
1 a) Esforço
b) Trabalho
c) Conhecimento
d) Amor

4. São recursos que o pastor deve aproveitar para detectar proble-


mas e orientar as pessoas que estão debaixo de sua autoridade es-
piritual:
a) Informantes infiltrados no meio do povo para detectar os
problemas; a repreensão dirigida a uma pessoa específica no
momento da pregação, corrigindo o faltoso de público no
púlpito; o exercício corretivo e disciplinar do Dom espiritu-
al da profecia para revelar pessoas com pecados encobertos
dentro da igreja
b) Iniciativa de ir ao encontro dos membros da igreja; a chama-
da “conversa pastoral”; abrir o gabinete para sistematicamen-
te atender o povo; ocasiões de celebração do seu povo; as ho-
ras de crise; aproveitamento das ministrações no momento
das ordenanças da igreja no sentido pastoral
c) Técnicas de psicanálise e até da regressão para ir a fundo nos
problemas das pessoas; memorização e citação do maior nú-
mero de versículos bíblicos, o que sozinha já resolve muitos
problemas
d) Infelizmente, o pastor não possui muitos recursos para de-
tectar problemas e orientar as pessoas que estão debaixo de
sua autoridade espiritual

5. Conversa pastoral não quer dizer


a) Comunicação significante
b) Ouvir com paciência
c) Conversa leve
d) Encorajar suavemente a pessoa para abrir o coração

52 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Marque “C” para certo e “E” para errado

6. ( ) Estudar Psicologia Pastoral sem ter desenvolvido a


multiplicação da graça, da misericórdia e da paz não valerá

7. (
absolutamente nada
) O pastor tem acesso ao povo no sentido bem íntimo, às
1
suas vidas pessoais, aos seus lares, etc., assim como todos os
médicos, psicólogos e outros profissionais
8. ( ) Em igrejas grandes, obviamente, o pastor presidente so-
zinho não dará contas de atender a todos, daí é preciso seguir
o conselho de Jetro, escolher companheiros capazes e cheios
do Espírito Santo, treiná-los e delegar-lhes tal responsabili-
dade também

53
Anotações

Anotações

54
Psicologia Pastoral

O pastor tem a vantagem de participar das ocasiões de


celebração do seu povo.

Este é um privilégio que o advogado, o médico, o dentista e o


psicólogo não possuem. Eles encontram seus clientes somente nos
momentos de crise, nos tempos em que há problemas, enquanto 1
que o pastor participa também das ocasiões de alegria de seu reba-
nho, seja no casamento, no nascimento dos filhos, nos aniversários
de nascimento e casamento, nas formaturas, nas promoções, etc.
Esta é uma das atribuições do ministério pastoral.

O pastor tem trabalho importante nas horas de crise.

O tempo de crise gera ambiente negativo, em contraste com o


ambiente positivo das celebrações. Nos tempos de crise, quase sem-
pre o pastor se vê diante de problemas relacionados com doenças,
mortes, desemprego, separações, divórcios, guerras, processos le-
gais, acidentes e outras situações de grande angústia.

O pastor pode aproveitar as ordenanças da igreja no


sentido pastoral.

Muitos ministros usam os cultos do batismo e da Ceia do Se-


nhor como tempo de explicação de sua posição doutrinária. Por
outro lado, estas duas celebrações podem ser aproveitadas para fins
pastorais. Há implicações pastorais no conceito de um dando sua
vida pelos outros, segundo o exemplo de Jesus? Há implicações pas-
torais na ideia de morte e ressurreição? Há oportunidades pastorais
ligadas às visitas feitas aos candidatos para o batismo e suas famí-
lias? Eu acho que existem muitas.

55
Psicologia Pastoral

O pastor tem oportunidades maravilhosas para usar sua


pregação e seu ensino no sentido pastoral.

Infelizmente, alguns pastores pregam aos crentes criticando-os

1 ou simplesmente desafiando-os a se dedicarem mais às atividades


da igreja. Domingo após domingo, o povo sai com suas dúvidas e
culpas, com seus problemas nas situações da vida não atendidos.
Isso por que tais pastores não fazem pregação “pastoral”. O que é
pregação pastoral?
Não é um novo método de pregar, nem mesmo uma nova es-
trutura para o sermão. É cuidado pastoral através da pregação, o
tipo de pregação que está tentando alcançar o povo na sua situação
de vida. Esse tipo de pregação trata, dentre outros, de pelos cinco
problemas centrais enfrentados pela membresia de qualquer con-
gregação:

Crises da vida: a enfermidade, a morte, o sofrimento causado


pela aflição, os distúrbios emocionais, a aflição matrimonial,
os problemas da velhice, não realização profissional, o sentido
da vida etc.

Isolamento espiritual: ansiedade, tédio1, ociosidade2, vida


atribulada, desânimo, hostilidade, culpa, etc.

Grandes assuntos da fé, aplicados à vida do povo: a providên-


cia de Deus, a palavra de Deus para o mundo moderno, a sig-
nificação da oração na prática, etc.

Problemas pessoais: insegurança, tentação, indignidade, rela-


ções humanas, aceitação pelos outros.

Problemas da sociedade: cidadania cristã, crises raciais e cul-


turais, pobreza, competição e cobiça.

56 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

O pastor deve aproveitar com fidelidade o seu trabalho


para preparar (aperfeiçoar, treinar) o povo de Deus.

O pastor é aquele que sustenta o seu povo, fornece-lhe ideias e


informações, encorajando-o nas crises de desânimo. Este trabalho
pode ser feito através das organizações, dos aconselhamentos par-
ticulares ou em grupos.
1
O estudo da Psicologia Pastoral levará a reafirmar a consciência
de que a Igreja é um organismo vivo, dinâmico. Vive não somente
porque crê e para crer. Vive para servir.
No Novo Testamento, não há lugar para igrejas de “turistas”.
Também não há lugar para os que adquirem o “bilhete de passa-
gem” da salvação e se sentam no trem tranquilamente, a esperar
que Jesus regresse ou que Deus os leve. Jesus nos chama a crer nEle
como Salvador. Também a crer nEle como Senhor. E por isso nos
chama a ser como Ele: “Porque até o Filho do Homem não veio para
ser servido, mas para servir...” (Mc 10.45).
Paulo afirma que o Espírito Santo reparte seus dons (sobrena-
turais) “a cada um”. Estes são dados para a “edificação” de todo o
corpo. Concedidos para que cada um cumpra, pelo menos, uma
função específica, ou seja, que todo o crente tenha pelo menos uma
área de serviço na igreja (1Co 12 a 14; Rm 12.3-8; 1Pe 4.10).
O próprio Espírito Santo estabelece a função dos ministérios na
igreja. Diz que os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores
e mestres, têm seu propósito. Ele os dá para “preparar o povo de
Deus para o serviço cristão...” (Ef 4.11-12). Os pastores, então, não
são dados à igreja para que façam todo o trabalho, mas para aperfei-
çoar ou amadurecer os irmãos para que eles façam a obra de Deus.
Como a Psicologia Pastoral nos ajuda a conhecer as pessoas
pode ser uma ferramenta eficaz para nos mostrar quais as poten-
cialidades de nossos liderados. E aqui se chega à visão de Alberto
Barrientos, a um dos pontos mais delicados do trabalho pastoral.
Quando um pastor se queixa desta maneira: “Tenho de fazer tudo
nesta igreja. Ninguém me ajuda”; quando somente a esposa do pas-
tor dirige os cultos do Círculo de Oração por anos e anos, somente
ele faz o trabalho evangelístico, visita os irmãos, ora pelos enfermos
e ajuda aos necessitados, a culpa não é da igreja. O problema está no
próprio trabalho pastoral que centraliza a tarefa e não sabe motivar,
orientar, treinar e mobilizar sua gente.

57
Psicologia Pastoral

A Psicologia Pastoral nos desperta a reconhecer o valor dos ou-


tros ao nosso redor. Por isso, é importante estudar essa disciplina a
fim de verificar como podemos organizar e mobilizar as capacida-
des dos crentes.

1
O pastor deve ser autêntico, humano.

Muitos membros de nossas igrejas têm no pastor a figura de um


semideus, que mora além do pecado, tem melhor comunhão com
Deus do que os outros, e não sofre problemas como um ser humano
comum.
Quase sempre o próprio pastor é o responsável por essa ideia
feita pelo povo. O medo de mostrar sua falibilidade, de modo que
sejam vistos como seres humanos, na suposição de que o povo não
vai mais respeitá-los, forçam os pastores a assumir uma postura
olímpica, de homem acima do bem e do mal. Mas perderiam real-
mente o respeito do rebanho, se mostrassem que são humanos su-
jeitos a falhas?
Minha experiência mostra o contrário. Descobri que quando co-
mecei a me abrir, compartilhando algumas lutas pessoais e as lições
que aprendi com elas, confessando algumas das minhas fraquezas,
as pessoas começaram a chegar a mim com seus problemas. “Ele é
como nós”. “Ele vai entender meus problemas”. “Se ele pôde vencer,
posso também”.
Não podemos levar o povo a pensar que como líderes nós so-
mos verdadeiros robôs teleguiados do céu, ou andróides espirituais
na terra. Somos como Elias sujeito as paixões (Tg 5.17), mas, com
nosso ministério, na dependência do Espírito Santo, poderemos ser
instrumentos de Deus para que chova a graça do Senhor sobre as
pessoas sob nossa liderança.
Os líderes espirituais mais frutíferos não são os que se mostram
como super-homens de Deus na face da terra, mas sim, homens
que reconhecem suas debilidades21, que mostram seus erros, arre-
pendimentos e acertos, levando o povo do Senhor a compreender
a necessidade de se depender da graça de Deus e de viver em santi-
dade, em Cristo.

21   Qualidade ou estado de débil; falta de vigor ou energia (física ou psíquica); fraqueza.

58 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Psicologia Pastoral & Relacionamento


dos Membros da Igreja
1
Quais as implicações da Psicologia Pastoral
no relacionamento entre os membros da igreja?

É muito comum pensar que uma igreja é um grupo de pessoas


que se reúne para louvar o Senhor. Esta é uma meia verdade. A
Igreja é muito mais que gente reunida sob um mesmo teto. E é mui-
to mais que um grupo que confessa verbalmente uma mesma fé.
Os coríntios, uma igreja primitiva, criam em Cristo e se reuniam
para louvá-lo. Mas eles:
• Viviam divididos em facções, em disputas uns com os outros,
sem disciplina;
• Tinham diversas práticas sem importar-se com os demais. To-
mavam a Ceia do Senhor, mas humilhavam os pobres;
• Possuíam todos os dons do Espírito, mas os usavam para des-
tacar a si próprios.

A eles Paulo disse: “Experimentem e julguem a si mesmos, para


ver se estão firmes na fé” (2Co 13.5).
De outra igreja primitiva, a de Jerusalém, diz Lucas que: “todos
continuavam juntos; tinham todas as coisas em comum; repartiam o
dinheiro de acordo com a necessidade de cada um; nas casas partiam
o pão; comiam com alegria e humildade” (At 2.42-46).
Da igreja em Colossos Paulo afirmou que se alegrava de ver que
estavam unidos e firmes na fé em Cristo (Cl 2.5). Assim, vemos que
uma igreja local é muito mais que um grupo que confessa verbal-
mente uma mesma fé.

59
Psicologia Pastoral

O Líder Espiritual como incentivador do amadurecimento


das relações entre os membros da igreja.

Em nossos dias, à ênfase do crescimento numérico das igrejas

1 devem ser acrescentados os devidos complementos.


Um grupo cristão que não desenvolve relacionamentos novos e
próprios do Espírito Santo, não somente pode ser um engano, mas
é um escândalo para o mundo. O crescimento numérico deve estar
sempre acompanhado por um amadurecimento nos relacionamen-
tos. E se este objetivo não estiver claro na obra, seja ela missionária
ou pastoral, o trabalho não somente é parcial, mas falta-lhe verda-
deiro conteúdo.
Esta é a razão pela qual ainda que se abram igrejas facilmente
hoje, por todos os lados, com a mesma facilidade muitas morrem.
Outras vão se apagando até ficar reduzidas a um grupo pequeno.
Como disse Alberto Barrientos, “outras não são mais que ninhos
de problemas”.
Formar uma igreja não é somente converter pessoas a reuni-las.
É necessário aplicar às igrejas o mesmo princípio das árvores: pre-
cisam ser endireitadas desde pequenas. Assim, é necessário ensinar
à igreja, desde seu nascimento, quais são suas áreas de relaciona-
mento, como alcançá-las e como mantê-las. Portanto, é necessário
ensinar primeiramente aos irmãos como relacionar-se com Deus.
Mas, juntamente com isso, como relacionar-se uns com os outros e
com a igreja como comunidade de fé e de serviço, para que traba-
lhem juntos para Deus e para as pessoas.
Devem aprender a manter a ordem interna. Devem aprender a rela-
cionar-se com o ministério da igreja e sujeitar-se a ele. Que aprendam
também a relacionar-se com os vizinhos, colegas de estudo, compa-
nheiros de trabalho, de esporte, com os amigos e familiares.
Há igrejas em que se celebram cultos muito “quentes”, o ambien-
te litúrgico é de “fogo puro”. Mas, as pessoas entram e saem sem se
importar com e nem saber quem está ao seu lado. O culto é nada
mais que uma cerimônia que, diz-se, dirige-se a Deus, mas não leva
em conta que essa adoração a Deus deve estar intimamente relacio-
nada com a expressão de amor ao irmão (1 Jo 4.20).
Um culto que tenda somente ao relacionamento com Deus e
que, ao mesmo tempo, não abra as portas ao relacionamento de uns
com os outros, pode ser uma simples falsificação do culto cristão.

60 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Basta recordar que a própria Mesa do Senhor na Igreja Primitiva


não tinha a formalidade e a frieza existente em muitas igrejas hoje.
Pelo contrário, era uma refeição em conjunto, uma festa de amor
no Espírito dirigida a Deus, e também uma manifestação de grande
amor de uns para com os outros. O estudo da Psicologia Pastoral
pode nos despertar a isso.
1
O Líder Espiritual deve ser instrumento para direção do
povo de Deus.

Por ser tão grande a tarefa de Deus e a tarefa de seu povo na terra
necessita-se orientação. A Bíblia afirma em repetidas oportunida-
des que o próprio povo de Deus pode perder seu sabor e seu rumo.
Por ser constituído de seres humanos, ainda que arrependidos, às
vezes a força do pecado e do mundo faz com que percam de vista
seus objetivos principais. E às vezes o cansaço, próprio do ser hu-
mano, faz com que ele fuja à luta, ou que se refugie em um lugar de
segurança e comodidade (Mt 5.13; Hb 10.35-39).
Por isso, o Espírito Santo, que é o Guia do povo de Deus, distri-
bui dons a “cada um” (1 Co 12.7; 1 Pe 4.10). Mas também dá minis-
térios a mestres (Ef 4.11). Eles dão direção ao povo.
Deus quer que seu povo cresça em número através do arrepen-
dimento e fé em Jesus, para que a visão apocalíptica de uma mul-
tidão incalculável seja uma realidade (Ap 7.9-17). Mas, Ele igual-
mente quer que essas pessoas não somente creiam e se salvem. Ele
quer que se formem à imagem de seu Filho (2 Co 3.18; Ef 4.13). E
Ele quer que aprendam a edificar e a sobre-edificar o edifício de
Deus (1 Co 3.9-15). E quer que seu povo aprenda a ser verdadeira
luminária no mundo (Mt 5.14-16). E, inclusive, Deus quer que seu
povo se prepare agora para servir no reino vindouro de Jesus (1 Co
6.2-3). A obra pastoral se fundamenta nesta verdade. E quem estu-
da Psicologia Pastoral deve lembrar-se disso. É necessário guiar o
povo de Deus em direção a esses “pastos”.
A tarefa, então, não é fácil nem simples. A imagem tradicional que
se tem do pastor é a daquele que guia o povo à tranquilidade e quietu-
de. Às vezes, esta imagem tem tomado formas de paternalismo e con-
formismo. É a de alguém que cuida, protege, e ainda superprotege o
povo de qualquer coisa que o contamine ou lhe “tire a paz”.

61
Psicologia Pastoral

Muitos grupos têm promovido um modelo de pastor do tipo


que é pago para fazer tudo. Dessa forma, o povo é mais nada que
um grupo passivo, que não participa ativamente da realização dos
planos de Deus. O fundamento bíblico do pastorado é muito sério:

1 • Requer dos pastores que antes de serem servidores sejam ver-


dadeiros seguidores e imitadores de Jesus (1 Co 11.1);
• Requer deles que sejam modelos da igreja;
• Requer deles que sejam visionários, porque sem visão o povo
perece;
• Requer deles que tenham uma visão dinâmica da igreja para
comprometê-la nos planos de Deus;
• Requer deles não se deixarem levar por atitudes pessoais ou co-
letivas que queiram fazer da igreja outra coisa que não seja o
que Deus tem proposto;
• Requer dos pastores que estes conheçam também sua cultura, a
maneira de ver, sentir e reagir das pessoas de seu meio. E assim,
com os princípios da Palavra divina e com a direção do Espíri-
to, planejem uma ação pastoral que seja fiel à vontade divina e
adequada à situação em que vivem.
• Requer capacidade para motivar, treinar e mobilizar o povo
para os propósitos celestiais (Ef 4.12).

Assim, a Psicologia Pastoral deve ser vista como uma matéria


acessória do pastorado e não uma substituição do trabalho pasto-
ral. É uma ferramenta para o pastor, não pode ser algo que venha
a fazer como que ele perca a sua vocação ministerial. O pastor não
foi chamado para ser psicólogo. E o estudo de cinco compêndios de
Psicologia não fará dele um psicólogo. Assim como se um psicólogo
apenas por ter feito um curso de Teologia não poderá ser conside-
rado um pastor.
Os pastores devem ter consciência de sua chamada ministerial
para que não entrem em frustração. A partir desse ponto de vista,
pensamos nos pastores como aqueles que foram postos pelo Espí-
rito Santo em uma igreja para dirigi-la, e que estão convictos de tal
coisa (At 20.28). Passaram por aulas de uma instituição teológica
ou não; ostentam algum título ou não; se forem presidentes ou não,
isso é secundário ou complementar. O que interessa são as convic-
ções fundamentais da obra e a prática delas. O treinamento teórico
pode ir-se dando de muitas maneiras. Os títulos são secundários.

62 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

O fundamental é que Deus está muito ocupado, e, apressado no


mundo e necessita que seu povo esteja com ele. E necessita que nós,
pastores, saibamos cumprir totalmente a tarefa proposta.
E quando falamos que o pastor tem a responsabilidade de sub-

1
meter-se a Jesus para ser um instrumento através do qual o povo do
Senhor receba a direção da vontade de Deus para sua vida logo nos
lembramos da dimensão de maior aplicabilidade do exercício da
Psicologia Pastoral que é o Aconselhamento Pastoral, que veremos
especificamente na próxima lição.

63
Psicologia Pastoral

64 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

9. É errado 1
a) O pastor usar sua pregação e seu ensino no sentido pasto-
ral, tratando das crises da vida: a enfermidade, a morte, o
sofrimento causado pela aflição, os distúrbios emocionais, a
aflição matrimonial, os problemas da velhice, não realização
profissional, o sentido da vida etc.
b) A pregação pastoral tratar do isolamento espiritual: ansieda-
de, tédio, ociosidade, vida atribulada, desânimo, hostilidade,
culpa, etc.
c) O pastor não se preocupar no exercício da pregação pastoral
em abordar problemas da sociedade, tais como: cidadania cris-
tã, crises raciais e culturais, pobreza, competição e cobiça
d) O pastor em sua pregação pastoral tratar de assuntos da fé,
aplicados à vida do povo: a providência de Deus; a palavra
de Deus para o mundo moderno; a significação da oração na
prática; insegurança; tentação; indignidade; relações huma-
nas; aceitação pelos outros

10. O pastor como estudante da Psicologia Pastoral perceberá que


no exercício do seu ministério deve
a) Entender que Elias tinha paixões (Tg 5.17), mas, ele viveu em
outra dispensação, hoje, na dependência do Espírito Santo,
Deus espera mais de nós, devemos nos comparar a super-ho-
mens de Deus na face da Terra
b) Mostrar-se como ser humano autêntico, pois assim as pesso-
as começam a se identificar mais com o pastor e abrir-se-ão
mais com ele
c) Tomar cuidado para não demonstrar sua falibilidade, de
modo que a igreja o respeite
d) Mostrar ao povo que tem melhor comunhão com Deus do
que os outros

65
Psicologia Pastoral

11. É incoerente dizer que


a) O crescimento numérico das igrejas deve estar sempre acom-
panhado por um amadurecimento nos relacionamentos
b) Formar uma igreja não é somente converter pessoas a reu-

1 ni-las. É necessário aplicar às igrejas o mesmo princípio das


árvores: precisam ser endireitadas desde pequenas
c) O culto é nada mais que uma cerimônia que dirige-se a Deus,
sem levar em conta que essa adoração deve estar intimamen-
te relacionada com a expressão de amor ao irmão
d) Um culto que tenda somente ao relacionamento com Deus e
que, ao mesmo tempo, não abra as portas ao relacionamento
de uns com os outros, pode ser uma simples falsificação do
culto cristão

12. Estudando Psicologia Pastoral somos despertados para a


ideia de que:
a) É muito errado encaminhar crentes a um cristão que seja
profissional da psicologia, pois um pastor ungido pode resol-
ver todos os problemas mentais das pessoas
b) Requer dos pastores que conheçam também sua cultura, a
maneira de ver, sentir e reagir das pessoas de seu meio. E as-
sim, com os princípios da Palavra divina e com a direção do
Espírito, planejem uma ação pastoral que seja fiel à vontade
divina e adequada à situação em que vivem
c) Requer que os pastores tenham uma visão unilateral da igreja
para comprometê-la aos planos do pastor. Por isso, o conse-
lheiro deve tomar atitudes pessoais ou coletivas
d) A obra pastoral se fundamenta na necessidade de os pastores,
antes de serem servidores sejam verdadeiros psicólogos (1Co
11.1)

66 • Capítulo 1
Psicologia Pastoral

13. A Psicologia Pastoral deve ser vista


a) Como uma matéria acessória do pastorado e não uma substi-
tuição do trabalho pastoral; é uma ferramenta para o pastor,
não pode ser algo que venha fazer ele perder a sua vocação

1
ministerial
b) Como uma disciplina fácil que com a leitura de cinco com-
pêndios de Psicologia e atendendo muitos irmãos por sema-
na um pastor pode tornar-se um psicólogo na prática
c) Como uma disciplina de importância secundária, visto que
nem o povo de Deus e nem a igreja precisa de conhecimentos
da psicologia, o que a igreja precisa e do poder de Deus para
crescer
d) Como uma disciplina dificílima e, portanto, todo conselheiro
cristão é praticamente obrigado matricular-se em curso se-
cular de bacharelado em Psicologia

Marque “C” para certo e “E” para errado

14. ( ) “Pregação Pastoral” não é um novo método de pregar,


nem mesmo uma nova estrutura para o sermão. É cuidado
pastoral através da pregação, o tipo de pregação que está ten-
tando alcançar o povo na sua situação de vida
15. ( ) O estudo da Psicologia Pastoral levará a reafirmar
a consciência de que a Igreja é um organismo estático, fixo.
Vive somente porque crê e para crer. Vive para ser servida
16. ( ) A Psicologia Pastoral nos desperta a reconhecer o va-
lor dos outros ao nosso redor. Por isso, é importante estudar
essa disciplina a fim de verificar como podemos organizar e
mobilizar as capacidades dos crentes

67
Anotações

Anotações

68

Capítulo

O Aconselhamento
Pastoral e o Conselheiro

69
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

70 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Ser pastor, de fato, é


ser conselheiro?
2
Capítulo
Aexperiência de toda a pessoa que tem
amigos, vizinhos, companheiros de tra-
balho, de estudo ou de qualquer outra 2
natureza mostra que de algum modo Neste capítulo veremos;
todos os seres humanos acabam aconse-
lhando. • Ser pastor, de fato, é ser conse-
Há muitos casos em que duas pessoas lheiro?
que viajam em um ônibus, avião ou a pé, • A Necessidade de um Ministério
de Aconselhamento.
começam a se conhecer e nessa circunstân- • Quais as qualidades espirituais
cia surgem conversas informais, trocam-se mais importantes que o conselhei-
experiências, problemas e sofrimentos. E, ro precisa desenvolver?
nessa mesma circunstância, surge uma pa- • O conselheiro Espiritual deve ser
lavra espontânea de ajuda, de orientação, extremamente escrupuloso quan-
to à ética sexual.
de conselho. O mundo dos relacionamen-
tos entre os seres humanos está carregado
dessas experiências.
Se nessas circunstâncias do cotidiano
o aconselhamento emerge naturalmen-
te, que dirá então nas relações entre os O ícone abaixo indica:
membros da igreja local, que são moti-
vados pelo Evangelho a se ajudarem mu-
tuamente. Assim, se os crentes de modo Atenção e Foco
geral são solicitados a dar conselhos,
certamente, o pastor será muito mais
requerido. Se isso não acontecer alguma
coisa errada está ocorrendo com essa
igreja ou com esse pastor. Por isso, o pastor deve procurar ser um
conselheiro, mas também fazer de sua igreja uma equipe de obrei-
ros nesta área.
Deve-se aceitar que nem todos poderão atender todos os casos
e problemas. Mas o pastor pode motivar os irmãos, dar-lhes algum
treinamento para que, em seu viver diário, possam ajudar seus se-
melhantes. A igreja, nesse sentido, aumentará consideravelmente

71
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

sua esfera de serviço. Vemos esse princípio de delegação contido na


orientação que Jetro deu a Moisés (Êx 18.19-27).
As pessoas sempre esperam encontrar um conselheiro em um
líder religioso. E todo o pastor, depois de certo tempo de exercer o
ministério, percebe que uma de suas funções mais importantes vem
a ser a de aconselhar.
Essa realidade não só deve ser muito bem reconhecida, mas
deve receber a devida atenção. O aconselhamento no trabalho pas-
toral desempenha um papel de enorme importância. Ser pastor é
ser conselheiro.
2 O pastorado deve ser entendido, não como o trabalho exclusivo
de uma pessoa em particular, mas de toda uma equipe que o pastor
está treinando e dando oportunidade para se desenvolver. Quando
isso acontece a função de aconselhar adquire um valor ainda maior.
Porque toda a pessoa é, por sua condição humana, um conselhei-
ro. Não o será talvez em termos profissionais. Mas sim na prática
diária.
O tema do aconselhamento é bastante amplo e delicado. É as-
sunto para um ou vários livros específicos. O espaço presente nos
possibilita unicamente esboçar alguns aspectos de uso comum para
o pastor que não tem podido ter orientação nesta área. E, também,
a levar aqueles que têm uma chamada para o ministério ver a neces-
sidade de estudarem e treinarem-se continuamente na Psicologia
Pastoral.
O líder espiritual jovem deve planejar seu ministério com uma
visão clara de chegar a ser um bom conselheiro. E o pastor expe-
riente não deve se contentar com o que já sabe, mas ampliar e reno-
var seus conhecimentos e procedimentos, ao mesmo tempo em que
os compartilha e, assim, treina muitas pessoas.

72 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Conceito de Aconselhamento Pastoral


O que é aconselhamento pastoral?

Explicação e Base Bíblica

Aconselhamento pastoral é o processo de orientação espiritual


com base nos princípios da doutrina cristã em que um pastor au- 2
xilia o orientando nos momentos de tomar decisões na vida, ou
quando este precisa fazer escolhas diante de crises e conflitos, bem
como nas circunstâncias em que o líder espiritual percebe que o
orientando deve ser corrigido por algum pecado cometido.
Muitas vezes, obtém-se um resultado eficaz com apenas um en-
contro, ocasião na qual se tem o desencadeamento da resolução do
problema. Em outros casos, faz-se necessário um amplo e comple-
to diagnóstico da situação, com mais de um encontro, nos quais o
orientando pode confessar pecados ou expressar livremente seus
anseios, preocupações, tensões emocionais, e bem assim os seus
planos positivos de escolha, cabendo ao orientador criar condições
para que tudo isso possa ser discutido com franqueza e amor, à luz
dos princípios bíblicos. Assim, aconselhamento pastoral é um en-
cargo sagrado e um relacionamento terapêutico entre o pastor que
aconselha e o congregado, o membro da igreja e às vezes até pessoas
que não pertençam à congregação que vão até o pastor para receber
orientação.
O Dr. Richard Dobbins observa que o pastor desfruta de singu-
lar posição para convincentemente influenciar as imagens horripi-
lantes22 que alguém tenha de Deus, as ideias estropiadas23 do ego, os
hábitos destrutivos e as mágoas do passado.
Além de promover a cura, o pastor ajuda o aconselhado a de-
senvolver o potencial divino que Deus tem para a vida do mesmo.
Dessa forma, o pastor torna-se um terapeuta da alma e do espírito.
A palavra “terapia”, do grego therapeuo, sugere que a cura acor-
re no contexto de um relacionamento curativo. Deus nos trouxe a
cura quando Ele se encarnou em nosso mundo. Semelhantemente,

22   Horrorizar, apavorar, aterrar.


23   Que se estropiou; aleijado, mutilado.

73
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

o pastor capacitado pelo Espírito emprega os dons de comunicação


para administrar a graça de Deus com fidelidade (1 Pe 4.10).
Por meio da empatia24 precisa, o pastor fica profundamente en-
volvido com o aconselhamento, enquanto, ao mesmo tempo, ofere-
ce esperança, conforto, orientação, confrontação e oportunidade de
crescimento. Pense sobre o impacto que esse tipo de relacionamen-
to curativo pode proporcionar!
Tentativas em definir ou descrever o que seja aconselhamento
cristão têm a tendência de enfatizar a pessoa que presta ajuda, as
técnicas ou habilidades que são usadas e as metas que o aconselha-
2 mento procura atingir. Dessa perspectiva, para Gary Collins, em
seu livro Excellence and Ethics in Counseling (Excelência e Ética no
Aconselhamento) o conselheiro cristão: é servo de Jesus Cristo pro-
fundamente dedicado e guiado pelo Espírito (e cheio do Espírito);
é alguém que aplica suas habilidades, treinamento, conhecimento
e discernimentos dados por Deus; tem a tarefa de ajudar os outros
a alcançar saúde pessoal, competência interpessoal, estabilidade
mental e maturidade espiritual.

24   Tendência para sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra
pessoa.

74 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Base Bíblica do Aconselhamento

Há base bíblica para o ministério de


aconselhamento?

No Antigo Testamento o estudante atento das Escrituras per-


ceberá que a única fonte segura de conselho é o próprio Deus. Ele
escolhia homens e os capacitava a falarem Sua vontade ao povo. Os
2
profetas Amós e Jeremias declararam essa ideia: “Certamente o Se-
nhor JEOVÁ não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo
aos seus servos, os profetas” (Am 3.7); “porque quem esteve no con-
selho do SENHOR, e viu, e ouviu a sua palavra? Quem esteve atento
à sua palavra e a ouviu? [...] Mas, se estivessem no meu conselho,
então, fariam ouvir as minhas palavras ao meu povo, e o fariam vol-
tar do seu mau caminho e da maldade das suas ações” (Jr 23.18,22).

As expressões ligadas à ideia de aconselhamento no AT.

Dada à dificuldade gráfica para registrar os caracteres hebraicos


e pela dificuldade de se fazer a transliteração das expressões ori-
ginais da língua hebraica, iremos apenas citar a ideias contidas no
Antigo Testamento já na língua portuguesa.
A palavra “conselho” na nossa versão ARC aparece 106 vezes no
Antigo Testamento. E o radical do verbo aconselhar – “aconselh”
aparece 18 vezes na versão ARC. Sem nos preocupar com a etimo-
logia dos termos em hebraicos (também sem nos referir a “Conse-
lho” quando este significa reunião ou decisão colegiada quer seja da
Santíssima Trindade, quer seja dos homens), dessas 124 passagens
destacaremos adiante as principais.
Em Gênesis 41.37, vemos que o conselho de José agradou a corte
de Faraó. José é mostrado como conselheiro, pois ele exorta seus
irmãos a não brigar pelo caminho (Gn 45.24). No mesmo sentido
de José, diante de homens poderosos, Daniel declara ao monarca
Nabucodonosor, em outras palavras: “Ó rei, aceite o meu conselho.
Deixe de pecar e faça o que é certo; acabe com as suas maldades e

75
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

ajude os pobres. Assim talvez o senhor possa continuar a viver em


paz e felicidade” (Dn 4.27).
O já citado conselho que Jetro ministrou a Moisés orientando-o
a delegar funções a auxiliares é um grande exemplo de um conselho
não pedido, mas bem aceito com humildade pelo grande legislador
dos hebreus, conforme vemos no capítulo 18 do livro de Êxodo.
Em 2 Samuel 15.31 temos Davi orando para que o Senhor
“transtorne em loucura o conselho de Aitofel”. Com isso, ele reco-
nhece que Deus soberanamente descarta o que o homem mal pro-
põe. Além do mais em 2 Samuel 17.14, depois de Absalão escolher
2 o conselho de Husai em detrimento ao de Aitofel, o autor do livro
de 2 Samuel faz o seguinte comentário teológico: “Pois ordenara o
Senhor que fosse dissipado25 o eficaz conselho de Aitofel, para que o
mal sobreviesse contra Absalão”.
Vemos ainda no AT Natã como padrão de corajoso e bom con-
selheiro ao corrigir Davi quanto ao seu pecado de homicídio con-
jugado com o de adultério (2 Sm 12). Também quando, em outra
ocasião, ele fala com Bate-Seba, a mãe de Salomão. Parafraseando26
suas palavras Natã perguntou: “Você soube que Adonias, o filho de
Hagite, se fez rei?”. E o rei Davi não está sabendo de nada! Vou lhe
dar um conselho: se você quiser salvar a sua vida e a vida do seu
filho Salomão, vá agora mesmo falar com o rei Davi e diga o seguin-
te: “Rei Davi, o senhor não jurou que o meu filho Salomão seria rei
em seu lugar e que seria ele quem haveria de sentar no seu trono?
Então, como é que Adonias se tornou rei?” (1 Re 1).

Profetas e Sacerdotes como conselheiros no Antigo


Testamento.

De um lado, os profetas falavam ao povo o que ouviam de Deus,


quase sempre exortando ao arrependimento. Um exemplo disso é
o texto de Isaías 6.8,9, onde lemos: “Depois disso, ouvi a voz do
Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então,
disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Então, disse ele: Vai e dize a
este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas
não percebeis”.

25   Que se dissipou; desfeito; desaparecido.


26   Explicar desenvolvendo.

76 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Da mesma forma a escritura de Jeremias 25.4,5: “Também vos


enviou o SENHOR todos os seus servos, os profetas, madrugando
e enviando-os (mas vós não escutastes, nem inclinaste os ouvidos
para ouvir), dizendo: Convertei-vos, agora, cada um do seu mau
caminho e da maldade das suas ações e habitai na terra que o SE-
NHOR vos deu e a vossos pais, de século em século”.
Por outro lado, os sacerdotes falavam a Deus, o que ouviam do
povo, em geral pedindo o perdão de Deus em favor das pessoas.
Parafraseando as palavras do profeta Malaquias, vemos: “Os sacer-
dotes devem ensinar a verdade a meu respeito, e todos devem pedir
conselho a eles para saberem o que é direito, pois os sacerdotes são
os mensageiros do Deus Todo-Poderoso” (Ml 2.7). 2
As passagens de Êxodo 28.29, 30, 38 da mesma forma confir-
mam essa verdade, senão vejamos: “Assim, Arão levará os nomes
dos filhos de Israel no peitoral do juízo sobre o seu coração, quando
entrar no santuário, para memória diante do SENHOR continua-
mente. Também porás no peitoral do juízo Urim e Tumim, para
que estejam sobre o coração de Arão, quando entrar diante do SE-
NHOR; assim, Arão levará o juízo dos filhos de Israel sobre o seu
coração diante do SENHOR continuamente. [...] E estará sobre a
testa de Arão, para que Arão leve a iniquidade das coisas santas, que
os filhos de Israel santificarem em todas as ofertas de suas coisas
santas; e estará continuamente na sua testa, para que tenham acei-
tação perante o SENHOR”.
Ainda no Antigo Testamento vemos o livro de Provérbios como
um dos livros de sabedoria, que exalta a importância dos bons con-
selhos, na vida do ser humano. Podemos destacar pelo menos três
ideias básicas a esse respeito apresentadas por Salomão. O acon-
selhamento dá segurança ao povo: “Não havendo sábia direção, o
povo cai, mas, na multidão de conselheiros, há segurança. Onde
não há conselho os projetos saem vãos, mas, com a multidão de
conselheiros, se confirmarão” (Pv 11.14; 15.22).
O aconselhamento também torna as pessoas mais sábias: “O ca-
minho do tolo é reto aos seus olhos, mas o que dá ouvidos ao con-
selho é sábio [...] com os que se aconselham se acha a sabedoria”
(Pv 12.15; 13.10b). Ademais as palavras salomônicas declaram que
o conselho traz alegria: “... alegria tem os que aconselham a paz”
(Pv 12.20b).

77
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Os conselheiros no NT e os termos empregados.

No Novo Testamento, o povo de Deus é chamado em 1 Pedro


2.9, de “sacerdotes reais”. Vemos nesse texto grande doutrina redes-
coberta por Martinho Lutero. Cada crente é um sacerdote, o qual ti-
nha como uma das atividades no AT a de interceder pelos homens,
ou seja, abençoava-os se interpondo27 entre eles e o Senhor. Além
da intercessão, há uma atividade na qual mais o crente da atual dis-
pensação se interpõe entre Deus e um carente quando esse cristão
aconselha uma pessoa?
2 Vemos no Novo Testamento duas palavras gregas mais utilizadas
para a ideia do ato de aconselhar, são elas: parakaléo; e noutetéo.

Parakaléo: A expressão grega parakaléo literalmente signifi-


a) ca “chamar ao lado”, mas também utilizada com cinco outros
sentidos, que passo a expor adiante.

Exortar a permanecer na fé: “confirmando o ânimo


dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé” (At
14.22a); “Antes, exortai-vos uns aos outros todos os
1°)
dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que
nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado”
(Hb 3.13).

Exortar doutrinariamente: “retendo firme a fiel pala-


vra, que é conforme a doutrina, para que seja podero-
so, tanto para admoestar com a sã doutrina como para
2°)
convencer os contradizentes” (Tt 1.9); “Rogo-vos, po-
rém, irmãos, que suporteis a palavra desta exortação,
porque abreviadamente vos escrevi” (Hb 13.22).

27   Colocar-se entre; meter-se de permeio.

78 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

3°)
Confortar, encorajar: “E, saindo da prisão, entraram
em casa de Lídia, e, vendo os irmãos, os confortaram,
e depois partiram” (At 16.40); “... Paulo chamou a si os
discípulos e, abraçando-os,... exortando-os com mui-
tas palavras” (At 20.1,2); “Mas Deus, que consola os
abatidos, nos consolou com a vinda de Tito; e não so-
mente com a sua vinda, mas também pela consolação
com que foi consolado de vós, contando-nos as vossas
saudades, o vosso choro, o vosso zelo por mim, de ma-
neira que muito me regozijei” (2 Co 7.6,7). 2
4°)
Consolar, edificar: “Pelo que vos exortai uns aos ou-
tros e edificai-vos uns aos outros, como também o fa-
zeis” (1 Ts 5.11); “Bendito seja o Deus e Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus
de toda consolação, que nos consola em toda a nossa
tribulação, para que também possamos consolar os
que estiverem em alguma tribulação, com a consola-
ção com que nós mesmos somos consolados de Deus”
(2 Co 1.3,4); “o qual [Tíquico] vos enviei para o mes-
mo fim, para que saibais do nosso estado, e ele console
os vossos corações” (Ef 6.22).
5°)
Solicitar em nome do amor: “todavia, peço-te, antes, por
caridade, sendo eu tal como sou, Paulo, o velho e tam-
bém agora prisioneiro de Jesus Cristo. Peço-te por meu fi-
lho Onésimo, que gerei nas minhas prisões” (Fm 9,10).

Vale lembrar que o Messias (Cristo), dentre outros títulos, vete-


ro-testamentariamente, no nono capítulo do Livro do Profeta Isaías,
versículo seis, é chamado de “MARAVILHOSO CONSELHEIRO”
(sem vírgula entre as duas expressões: “maravilhoso” é adjetivo, e
“conselheiro” é substantivo).
Sabemos que Jesus cumpriu plenamente esse papel, através de
todo o Seu ministério. Sua mensagem no Sermão do Monte é ape-
nas um exemplo disto. Faz-se digno de lembrança que Cristo, após
a última ceia, promete aos discípulos um “outro Consolador” (pa-
rákleto). Segundo o original, seria um Consolador da mesma qua-
lidade que Jesus havia sido. Esta é a referência à vinda do Espírito

79
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Santo, com Seu ministério atual sobre a Igreja de Deus.


O apóstolo João deixou essa ideia bem clara na narrativa
do Evangelho de sua autoria. É o que lemos em João:
14.16,26: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador,
para que fique convosco para sempre”, “Mas aquele Consolador, o
Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas
as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito“;
15.26: “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai
vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai,

2 testificará de mim”;
16.7,8: “Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá,
porque, se eu não for o Consolador não virá a vós; mas, se eu for
enviar-vo-lo-ei. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado,
e da justiça, e do juízo”.

Noutetéo: A Segunda expressão original noutetéo


b)
literalmente tem três significados.

Admoestar: ou seja, repreender com brandura3 , con-


forme as referências que se seguem: Atos 20.31: “Por-
tanto, vigiai, lembrando-vos de que, durante três anos,
não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a
cada um de vós”; Romanos 15.14: “Eu próprio, meus
irmãos, certo estou, a respeito de vós, que vós mesmos
estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimen-
to, podendo admoestar-vos uns aos outros”; 1 Coríntios
4.14: “Não escrevo essas coisas para vos envergonhar;
mas admoesto-vos como meus filhos amados”; 1 Tessa-
1°) lonicenses 5.12,14: “E rogamo-vos, irmãos, que reconhe-
çais os que trabalham entre vós, e que presidem sobre
vós no Senhor, e vos admoestam, Rogamo-vos também,
irmãos, que admoesteis os desordeiros4 , consoleis os de
pouco ânimo, sustenteis os fracos e sejais pacientes para
com todos”; Tito 3.10: “Ao homem herege, depois de uma
e outra admoestação, evita-o”; Efésios 6.4: “E vós, pais,
não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na dou-
trina e admoestação do Senhor”; Em Hebreus 10.25b:
“...,admoestando-nos uns aos outros e tanto mais quanto
vedes que se vai aproximando aquele Dia”.

80 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Instruir, ensinar: Paulo usou o termo nesse sentido em


duas passagens, Colossenses 1.28; 3.16a, onde lemos: “a
quem anunciamos, admoestando a todo homem e en-
sinando a todo homem em toda a sabedoria; para que
2°)
apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo”; e
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em
toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns
aos outros”.

Advertir: que significa “censurar levemente”: “Todavia,


não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como ir- 2
3°) mão” (2Ts 3.15); “Ora, tudo isso lhes sobreveio como
figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já
são chegados os fins dos séculos” (1Co 10.11).

Nesse sentido, o aconselhamento é dever de todo cristão. É o


que depreendemos de Hebreus 3.13: “Antes, exortai-vos uns aos
outros todos os dias, durante o tempo que se chama hoje, para que
nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado”; e como já vi-
mos de Hebreus 10.25: “não deixando a nossa congregação, como é
costume de alguns, antes, admoestando-nos uns aos outros; e tanto
mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia”.
Vemos que todas as epístolas do NT foram escritas de
algum modo com o objetivo de aconselhar os primeiros crentes,
em praticamente todas as dimensões da vida. Dessa forma, o que
nos anima é saber que o Espírito Santo capacita a alguns irmãos de
forma especial, através do dom de exortação, conforme vemos em
Romanos 12.8: “ou o que exorta, use esse dom em exortar...”. Lem-
brando que “exortar” não é maltratar, ou agredir verbalmente (1 Ts
5.11).
Paulo exortava contundentemente28, mas com lágrimas (At
20.31; 2 Co 2.4). Quando a exortação é feita nesse padrão, ela pro-
duzirá fortalecimento! (At 15.32 – 1 Ts 3.2).

28   Incisivo, decisivo.

81
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

A distinção entre conselho e repreensão.

É muito importante diferenciar o aconselhamento da repreen-


são. O pastor muitas vezes confunde esses procedimentos. Na rea-
lidade são duas coisas distintas ainda que não deixem de ter certa
relação.
A repreensão se relaciona mais que tudo com o andar errôneo
de um cristão. Sua situação é declarada e ele é chamado em nome
do Senhor a corrigir seus passos. É de caráter moral. O aconselha-
mento trata com problemas da vida, com situações de crise, não
2 importa se há ou não implicações morais.
A repreensão é muito vertical, pois o pastor ou um irmão vão
em busca do que anda em pecado e lhe expõem sua situação. O
aconselhamento espera que a pessoa em necessidade venha em
busca de ajuda.
Através da repreensão declara-se o que está errado e o que deve
ser feito. Através do aconselhamento ajuda-se a pessoa a descrever
sua situação, a encontrar suas causas e a buscar soluções.
Além das diferenças básicas expressadas, há outro aspecto a ser
reconhecido. O pastor não é apenas conselheiro. É também um re-
preensor29. Esta função é necessária e prescrita pela Bíblia. Ainda
mais: o Espírito Santo reparte dons não apenas a pastores, mas a
outros irmãos (Rm 12.8; 1 Tm 4.13; 2 Tm 4.2; Hb 3.13). O pastor
não pode apenas ficar em seu escritório, a esperar que venham pro-
curá-lo e que ali se resolvam muitos problemas. Às vezes, é sua res-
ponsabilidade ir mais longe. É de sua responsabilidade repreender
ou exortar. Esta é uma tarefa difícil e penosa. Mas é tão necessária e
importante quanto o aconselhamento.

Os diferentes tipos de conselho.

Podemos distinguir os conselhos em diferentes aspectos:

29   Repreendedor. Que envolve repreensão; repreensivo.

82 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Quanto à Sua Natureza:


Conselho Preventivo - Quando o conselho tem como objetivo aler-
tar a pessoa aconselhada de um perigo iminente30 de modo a orien-
tá-la a deixar de praticar algo que seja fora da vontade de Deus para
sua vida; ou quando visa incentivar a pessoa a praticar ou continuar
praticando algo que seja benéfico para sua vida. Diz–nos o sábio
provérbio: “É melhor prevenir do que remediar”. Precisamos enten-
der que aconselhamento espiritual é uma eficaz prevenção contra o
pecado. Às vezes, fazemos críticas aos que pecam e os punimos im-
piedosamente. E alguns obreiros quando excluem ou disciplinam
alguém o fazem até com arrogância. Mas, a verdade é que, de modo
2
geral, aconselhamos pouco.

Conselho Terapêutico - Quando o aconselhamento funciona como


remédio para tentar sanar um problema consumado por terceiro, o
que não chega ser uma repreensão.

Podemos destacar três motivos que parece nos levar a não aconse-
lharmos como convém:

Primeiro - Falta de amor aos problemáticos, que, em alguns ca-


sos, envolvem-se involuntariamente, em problemas.
Segundo - Falta de interesse pelo próximo, pela família e pela
igreja.
Terceiro - Falta de capacidade ministerial, pelo não cumprimen-
to da recomendação do Apóstolo Paulo a Timóteo, conforme já
vimos em 2 Timóteo 2.15.

Tipos de conselho quanto à Motivação:


• Conselho Solicitado - quando o conselho é pedido pela pessoa
aconselhada.
• Conselho Oferecido - quando o conselho é dado pelo obreiro

30   Que ameaça acontecer breve; que está sobranceiro; que está em via de efetivação imediata; impendente.

83
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

sem que o aconselhado o peça. Às vezes, o Espírito Santo nos


manda aconselhar alguém: e quando isto acontece precisamos
obedecer à voz do Espírito, pois, caso contrário, Deus nos co-
brará pelas consequências da nossa omissão.

Tipos de conselho quanto ao Alcance:

• Conselho Individual - quando dirigido a uma única pessoa;


2 • Conselho Coletivo: Quando dirigido a duas ou mais pessoas,
ou seja, ministrado a um grupo. Nesse sentido, o Culto de En-
sino, a Escola Bíblica Dominical e os Seminários podem ser
valiosíssimas oportunidades para ministrar orientação ao reba-
nho do Sumo Pastor.

Objetivos do ministério de aconselhamento


espiritual.

É preciso salientar31 que todo obreiro do Senhor deve ser um


conselheiro espiritual. Destaquemos então quais os objetivos bíbli-
cos que Deus tem para o ministério de aconselhamento cristão.
Já vimos que aconselhamento espiritual, feito na direção do Es-
pírito Santo, é de suma importância para a vitória na guerra Es-
piritual, na qual estamos inseridos. Mas, podemos ainda destacar
mais três objetivos bíblicos para exercermos o trabalho de aconse-
lhamento das almas que Deus coloca sob nossa responsabilidade.
Analisando esses objetivos, estamos, automaticamente, enten-
dendo a importante missão do obreiro do Senhor como conselheiro
espiritual. Dessa forma, vejamos então os objetivos para o exercício
do aconselhamento espiritual:

Evitar que o povo caia: conforme Provérbios 11.14: “Não


(1) havendo sábia direção, o povo cai mas na multidão de con-
selheiros há segurança”.

31   Tornar bem visível ou distinto.

84 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Evitar contendas, através do uso da sabedoria: Salomão


também declara em Provérbios 13.10: “Da soberba só
(2)
provém a contenda, mas com os que aconselham se acha a
sabedoria”.

Estabelecer a confirmação de projetos santos: “Onde


(3) não há conselho os projetos saem vãos, mas com a multi-
dão de conselheiros se confirmarão” (Pv 15.22).

Produzir cura para a alma: Felizmente, o pastor conta


com um elemento com o qual não contam muitos espe-
2
cialistas dessa área, que é o Senhor e a fé nEle. Quando
este fator é levado em consideração torna-se possível
perdoar a si mesmo e aos outros. Daí há condições para
haver cura de feridas emocionais que coloca a pessoa em
uma nova posição diante da vida.
(4)
O aconselhamento pode assim abrir a porta não apenas
para encontrar causas e soluções às crises, mas para mi-
nistrar libertação interior. É necessário lembrar sempre
que o evangelho é libertador e procura formar pessoas
livres e maduras em Cristo, a fim de que aprendam a “es-
colher o melhor” e a tomar as melhores decisões por si
mesmas.

Tomar as decisões de modo autônomo: O conselho espi-


ritual deve estimular o amadurecimento do aconselhado
para que, em situações futuras, possa resolvê-los por si
(5) mesmo. Muitas pessoas, por diferentes razões, tendem
a ser dependentes de outras nas tomadas de decisões.
Elas se sentem incapazes ou temerosas para decidir e es-
peram que alguém lhes diga o que devem fazer.

Alberto Barrientos ressalva32 que se um pastor não reconhece


bem esses casos e não adota uma atitude adequada, acabará esta-
belecendo um relacionamento de dependência daquela pessoa para

32   Dar ressalva a; prevenir com ressalva.

85
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

com ele. E, por outro lado, na realidade não a estará ensinando a ser
verdadeiramente livre e responsável.
O aconselhamento, então, deve ser entendido como um meio
para a maturidade da pessoa em uma situação de crise, no qual ela
própria é o personagem principal. Ao atuar como conselheiro o
pastor deve, na medida do possível, se limitar a guiar o processo.
Há casos em que necessariamente o conselheiro desempenha uma
função extremamente destacada, mas são exceções.

86 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

1. O pastor deve procurar ser um conselheiro, mas também


a) Se ver que o caso é muito complicado pode deixar tudo nas
mãos de Deus
b) Deve ter consciência que há casos que não tem solução mes-
mo, então, a melhor atitude é não se preocupar demasiada-
mente, pois há muitos problemas no ministério e se for deter- 2
se a todos os problemas o obreiro ficará muito estressado
c) Fazer de sua igreja uma equipe de obreiros nesta área
d) Deve deixar claro para a igreja que somente ele próprio pode
aconselhar visto que é o “anjo de Deus” que o Senhor colocou
diante do rebanho, pois caso ele delegue a responsabilidade
do aconselhamento a outras pessoas sua autoridade espiritu-
al estará correndo perigo

2. É coerente dizer que


a) O pastor experiente não deve se contentar com o que já sabe,
mas ampliar e renovar seus conhecimentos e procedimentos,
mas não deve orientar os conselheiros com menos prática no
ministério do aconselhamento
b) Quando o pastorado é entendido, não como o trabalho de
uma pessoa em particular, mas de toda uma comunidade
cristã, a função de aconselhar adquire um valor ainda maior
c) O pastor jovem não deve planejar seu ministério com uma
visão clara de chegar a ser um bom conselheiro
d) Poucas pessoas são - por sua condição humana - conselhei-
ras; pois é preciso profissionalismo para aconselhar, nesse
caso a teoria é muito mais importante que a prática diária

87
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

3. Os diferentes tipo de conselho


a) Quanto à sua natureza: Conselho Preventivo e Conselho Te-
rapêutico; quanto à motivação: Conselho Solicitado e Con-
selho Oferecido; quanto ao alcance: Conselho Individual e
Conselho Coletivo
b) Quanto à sua natureza: Conselho Individual e Conselho Co-
letivo; quanto à motivação: Conselho Solicitado e Conselho
Oferecido; quanto ao alcance: Conselho Preventivo e Conse-
lho Terapêutico

2 c) Quanto à sua natureza: Conselho Preventivo e Conselho Te-


rapêutico; quanto à motivação: Conselho Individual e Con-
selho Coletivo; quanto ao alcance: Conselho Solicitado e
Conselho Oferecido
d) Quanto à sua natureza: Conselho Solicitado e Conselho Ofe-
recido; quanto à motivação: Conselho Preventivo e Conselho
Terapêutico; quanto ao alcance: Conselho Individual e Con-
selho Coletivo

4. Vemos no Novo Testamento duas palavras gregas mais utilizadas


para a ideia do ato de aconselhar, são elas:
a) Therapeuto; e psiché
b) Parakaléo; e noutetéo
c) Aconselh; e therapeuto
d) Noutetéo; e psiché

5. Nos objetivos para o exercício do aconselhamento espiritual, não


se deve
a) Evitar que o povo caia
b) Evitar contendas, através do uso da sabedoria
c) Produzir cura para a alma
d) Tomar as decisões de modo dependente

88 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Marque “C” para certo e “E” para errado

6. ( ) Aconselhamento pastoral é o processo de orientação


espiritual com base nos princípios da doutrina cristã em que
um pastor auxilia o orientando nos momentos de tomar de-
cisões na vida, ou quando este precisa fazer escolhas diante
de crises e conflitos, bem como nas circunstâncias em que o
líder espiritual percebe que o orientando deve ser corrigido
por algum pecado cometido
7. ( ) A repreensão trata com problemas da vida, com situ-
ações de crise, não importa se há ou não implicações morais. 2
O aconselhamento se relaciona mais que todo com o andar
errôneo de um cristão. Sua situação é declarada e ele é cha-
mado em nome do Senhor a corrigir seus passos. É de caráter
moral
8. ( ) Conselho Terapêutico - Quando o aconselhamento
funciona como remédio para tentar sanar um problema con-
sumado por terceiro, o que não chega ser uma repreensão

89
Anotações

Anotações

90
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

A Necessidade de um Ministério de
Aconselhamento
Por que há uma tendência de as pessoas procurarem pri-
meiramente o pastor para as preocupações relacionadas à
saúde mental?

Em nosso mundo altamente complexo, para ser bem sucedido 2


no lidar com os rigores da vida diária, cada vez mais pessoas estão
se voltando ao aconselhamento da saúde mental. Apesar do fato de
estarem disponíveis numerosos profissionais que oferecem acon-
selhamento (conselheiros profissionais, psicólogos, psiquiatras33,
os assistentes sociais), a maioria das pessoas prefere aconselhar-se
com seu pastor. Com efeito, a tendência em procurar primeiro o
pastor para as preocupações relacionadas à saúde mental tem per-
manecido relativamente constante durante as últimas três décadas.
Por quê?
Tipicamente, porque o pastor é mais acessível do que os pro-
fissionais ligados à saúde mental e porque já desfruta de um rela-
cionamento com os membros da congregação. Assim o pastor tem
uma entrada natural nas casas e vidas dessas pessoas nas transições
previsíveis da vida (por exemplo, nascimento, casamento, morte),
bem como em tempos de crise pessoal ou familiar.
Os pastores são confrontados regularmente com uma magnitu-
de e complexidade de problemas relacionados com a saúde men-
tal semelhante aos encontrados por profissionais ligados à saúde
mental. Nesses problemas incluem-se assuntos como: problemas
relacionados com a fé; problemas sexuais; depressão; ansiedade /
preocupações; problemas com a criação de filhos; escolha de facul-
dade / profissão / emprego; problemas familiares; uso de álcool ou
de drogas; aconselhamento pré-matrimonial e matrimonial; cons-
ternação por motivo de morte.
Em Provérbios 20.18 lemos: “Cada pensamento com conselho
se confirma, e com conselhos prudentes faz a guerra”, também em
Provérbios 24.6, ainda verificamos que “com conselhos prudentes
tu farás a guerra, e há vitória na multidão dos conselheiros”. Salo-

33   Especialista em psiquiatria: Parte da medicina que trata do estudo e do tratamento das doenças mentais.

91
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

mão deveria estar se referindo à guerra material, nestes dois versí-


culos. Mas podemos aplicar isso para o campo espiritual:
Hoje, os membros do corpo de Cristo travam uma guerra espi-
ritual e somente com conselhos prudentes é que podemos vencer.
Nós, obreiros, devemos ser sábios conselheiros cristãos para o povo
de Deus, lembrando-nos sempre que “as armas da nossa milícia não
são carnais. Mas sim poderosas em Deus, para destruição das for-
talezas” (2 Co 10.4).
O pastor, mesmo que não ande anunciando que quer aconse-
lhar, pode ganhar a confiança das pessoas. Para isto, nada melhor
2 que chegar sempre cedo para as reuniões, saudar os irmãos com
carinho e interesse. Quando ocasional e informalmente alguém lhe
contar uma dificuldade, deve escutar com atenção e interesse. Dar
alguma palavra breve de estímulo ou orientação, fazer uma oração
ou buscar outro meio necessário. As pessoas procuram quem de-
monstra amor e interesse por seus problemas.

Cuidados Prioritários a Serem Tomados no


Ministério do Aconselhamento

Uma das áreas ministeriais na qual o pastor poderá mais se frus-


trar é a do aconselhamento pastoral, pois nela vemos os pecados, os
conflitos, as decepções, as ideias erradas sobre Deus que as pessoas
têm. A resolução delas irá depender em parte da unção de Deus na
nossa vida de aconselhamento, mas não somente disso: irá depen-
der também do exercício da vontade do aconselhando em aban-
donar o pecado, em renunciar o ego em exercer a fé. E isso nem
sempre acontece como gostaríamos. Por isso, o obreiro do Senhor
que quer se lançar nas mãos de Deus para ser um conselheiro, que
produza fruto e seu fruto permaneça, deverá tomar algumas pre-
cauções.
O pastor-conselheiro deve ver com muita seriedade a Psicologia.
Em nossos dias, a Igreja Cristã se vê invadida pela psicologia
popular; conferências religiosas, onde a Bíblia deveria ser a princi-
pal atração, com frequência serve de ocasiões em que algum orador
apresenta uma psicologia cristã popular, que dizem disfarçadamen-
te ser capaz de fazer de todo pastor um conselheiro habilitado.

92 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Como para com todo autor, nem tudo se pode concordar com
o que escreve o Dr. N. R. Champlin, mas penso que ele acerta em
cheio quando assevera que “uma grande onda de literatura tem
acompanhado isso, e uma certa superficialidade tem tomado con-
ta das mentes de pastores que se põem à praticar sua psicologia
misturada com teologia. Apesar da prática talvez o quadro em ge-
ral. Apesar de ser bom que todo pastor tenha alguma noção des-
ses termos, é melhor deixar a questão aos cuidados de conselheiros
profissionais, que conhecem realmente a psicologia, especialmente
a verdadeira ciência, e não alguma versão bíblica, que só destaca
alguns aspectos dessa ciência”.
As próprias ideias de Freud têm sido de grande valor nessa área, 2
apesar de hostilidades. “... o trabalho de Freud tem rendido um
grande benefício para a Teologia e para a Psicologia Pastoral. Sua
exploração sistemática dos efeitos dos motivos inconscientes sobre
a percepção e o comportamento tem mostrado a complexidade da
conduta humana, servindo de corretivo dos pontos de vista de Pe-
lágio sobre a vontade, que têm penetrado traiçoeiramente na Igreja.
Isso tornou necessário um reestudo da natureza da liberdade, da
responsabilidade e da culpa”.
Freud poderia ser intitulado de calvinista psicológico, porque
ele revelou as profundezas da depravação humana, que se manifesta
até mesmo nas crianças. Por outro lado, psicologicamente falando,
ele muito fez por explorar os vastos poderes da criatividade huma-
na, e assim deixou claro que o homem não é apenas uma criatura
sujeita aos caprichos da maldade, porquanto também é dotada de
grande potencialidade para o bem.
Essa circunstância alerta-nos para algo que já sabíamos: O ho-
mem não é apenas um ser depravado. Também é uma criatura de
grande capacidade criativa, capaz de desempenhar um importante
papel na vida.
Quem atua no ministério do aconselhamento deve ter consciên-
cia que nem todas as pessoas que recebem seu conselho irão obede-
cer a Palavra de Deus.
O pastor David Wilkerson, da Times Square Church, na
Brodway – Nova Iorque, vinculado à Assembleia de Deus america-
na, em uma de suas mensagens intitulada “Change Me, Lord!” –
“Transforma-me, Senhor!”, apresenta um desabafo que ora ou outra
todo pastor também faz.
Pregou Wilkerson: “Ultimamente tenho me sentido desencora-
jado com aquilo que nós cristãos chamamos de aconselhamento.

93
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Atualmente, há mais conselheiros competentes que em toda a his-


tória da igreja. Há milhões de livros do tipo ‘Como aprender a...’
bem como manuais que tratam de relacionamento, que oferecem
conselhos espirituais para todo assunto, desde casamento até pre-
paro físico ou educação de filhos. Porém, tragicamente, há mais
pessoas, casamentos e famílias da igreja com problemas, do que em
qualquer época anterior. Os transtornos nos lares cristãos de hoje
são indescritíveis. Caro ouvinte, não deveria ser assim. Permita que
eu diga de cara, que não sou contra aconselhamento cristão.
Muitas pessoas respondem ao aconselhamento que recebem,
2 e estão tendo suas vidas, casamentos e lares curados. Na verdade,
aconselhamento se tornou um ministério importante na igreja de
Jesus Cristo. Quase todas grandes igrejas do país têm pelo menos
um conselheiro de tempo integral na equipe. Aqui na Igreja de
Times Square temos alguns conselheiros. Vejo mais cristãos pro-
blemáticos que não respondem em absoluto a nenhum aconselha-
mento que recebem. São atendidos por semanas, até meses, sem
resultados.
O pastor ou o conselheiro pode levá-los passo a passo nas Es-
crituras, mostrando a verdade clara da Palavra de Deus. Pode lhes
dizer: ‘Aqui está o que Deus diz sobre o seu problema. Ele diz que
você deve fazer isso...’ Ele os confronta com a realidade de que se
não abandonarem seu pecado, incorrerão no julgamento de Deus.
Contudo, nada disso funciona. Por quê? Porque há um véu espiri-
tual sobre os olhos destas pessoas. Possuem uma terrível cegueira
quanto à sua própria culpa, e à necessidade de mudar.
Muitas famílias cristãs estão se pegando à tapas, numa briga
amarga. Alguns estão na verdade processando o outro na Justiça,
levando os parentes para o tribunal. Mães estão se afastando das
filhas, pais não falam com os filhos. Todos declaram amar a Jesus
mesmo assim, se entregam à raiva, à amargura e ao impropério34.
Vira um caos. Desde que comecei no pastorado, já fui pego em
meio à muitas rixas de família. E posso testemunhar que poucas
destas guerras se resolvem sem intervenção sobrenatural. Por quê?
Porque todos querem que o outro mude. Um diz: ‘Por que ele é
tão teimoso? É terrível. Ele precisa mudar’ Aí, ouço algo parecido
vindo do outro lado: ‘Como ela pode ter um coração tão duro? Ela
sabe que estou fazendo o melhor possível. É isso que eu recebo por
ser bom para ela?’. A culpa é sempre da outra pessoa; o outro é que
precisa mudar. É por isso que eu acho que nenhum aconselhamento

34   Ato ou palavra repreensível, ofensiva, vergonhosa; vitupério.

94 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

terá impacto, até que o povo de Deus se decida a fazer uma coi-
sa. Todos nós temos de fazer nossa esta oração, diariamente e em
sinceridade: ‘Ó Deus transforma-me’. Passamos muito tempo oran-
do: ‘Deus, transforme as minhas circunstâncias... Mude os meus
colegas... Mude a situação familiar... Mude as condições da minha
vida...’. Porém raramente fazemos a oração mais importante: ‘Trans-
forma-me, Senhor. O problema real não é o meu cônjuge, o meu
irmão, o meu amigo. Quem precisa de oração sou eu’. Deus conduz
os passos e as vidas de todos os Seus filhos.
Ele não permite que algo nos suceda simplesmente por casuali-
dade ou pelo destino. E isso significa que ele permitiu a nossa crise.
O que Ele está tentando lhe dizer através disso? Ele está dizendo 2
que você precisa mudar. Queira ou não, todos estão no processo de
mudança, de um jeito ou de outro.
Dentro da área espiritual, inexiste essa coisa de mero viver; es-
tamos continuamente sendo transformados, para o bem ou para
o mal. Ou está nos tornando mais como o nosso Senhor, ou mais
como o mundo ou estamos crescendo em Cristo, ou nos desvian-
do. E então, você está se tornando de espírito mais brando35, como
Jesus? Você olha a cada dia para o espelho em seriedade e ora: ‘Se-
nhor, quero me amoldar à Tua imagem em todas as áreas da minha
vida’? Ou a sua amargura já fez raízes, levando à rebeldia e a um
coração endurecido? Você aprendeu a se defender da condenató-
ria palavra de Deus e da voz do Espírito? Está agora jogando pela
boca, coisas que você antes achava que um cristão não seria capaz
de dizer? Você está se endurecendo para valer? Se isso lhe descreve,
quero lhe dizer de maneira simples: você jamais receberá libertação
a menos que você mude. Sua vida vai ficar mais caótica, e a sua
situação vai piorar.
Pare de criar caso, de apontar para os outros, de se justificar.
Deus não o encontrará até que você desperte e admita: ‘Nada vai
mudar em mim, a menos que eu mude’. Clame em oração ao Se-
nhor com honestidade: ‘Transforma-me, ó Deus. Vá fundo no meu
íntimo, e mostre-me onde falhei e me desviei. Exponha o meu or-
gulho, a minha teimosia e o meu pecado. Ajude-me a abandonar
tudo isto’. Quantos especialistas, conselheiros, noites de solidão e
esforço infrutífero você terá ainda de suportar antes de despertar
para a verdade? Se alguma cura ou restauração vai acontecer, você
necessita assumir a responsabilidade. O seu milagre depende da sua
mudança”.

35   Meigo, manso.

95
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Creio ser oportuna a veemência do reverendo D. Wilkerson.


Essa frustração não é somente observada na realidade nova-iorqui-
na onde ministra o referido profeta de Deus, é nossa também! Daí,
a urgente necessidade de quem se ocupa no ministério do aconse-
lhamento pastoral de estar debaixo da unção do Espírito Santo, pois
caso não haja a unção de Deus e sua intervenção sobrenatural nada
ocorrerá na vida dos aconselhandos.
No nosso caso do Brasil, soma-se ao problema apresen-
tado acima, a terrível situação de muitas pessoas. Quando adverti-
mos de seu pecado e de seus erros, abrimos a Bíblia e mostramos,
2 com amor, como ela precisa mudar sua vida, ela parece olhar para
a Bíblia como se fosse algo distante dela, uma teoria impraticável. E
acaba preferindo entrar em uma portinha qualquer aonde alguém
irá lhe profetizar uma mensagem gostosa aos ouvidos que não o
compromete, mas o acomoda em seu pecado preferido.
Profetizam esses videntes: “Eis meu servo que eu tenho um pla-
no na sua vida... Eis que tua vitória irá chegar... Eis que pus um
anjo ao teu lado para lhe ajudar, etc., etc., etc.”. Por isso, carecemos
da dependência do Espírito Santo para aconselharmos com uma
profunda autoridade espiritual, para que nossas palavras não sejam
jogadas ao tempo e sejam infrutíferas. Mas, ao mesmo tempo lem-
brar que alguns preferiram o pecado!
O ministério do aconselhamento exige dependência do Espírito
Santo, sem a qual fracassará.
Na obra O Pastor Pentecostal: um mandado para o século XXI
(CPAD), em seu texto: “Aconselhamento pessoal no poder do Espí-
rito”, bem questiona o pastor e conselheiro Donald Lichi: O pastor
pode ser eficiente ao aconselhar e simultaneamente estar em atitu-
de de oração? Podemos ouvir com um coração de compaixão e, ao
mesmo tempo, estar falando com o Espírito Santo? Sim! Mas temos
de disciplinar-nos para isso. Manter o coração em atitude de oração
ao longo da seção de aconselhamento é tarefa difícil, mas não desis-
ta nem deixe de tentar! Um interessante ditado observa:
“Tudo o que valha a pena ser feito é digno que seja feito errado
até que aprendemos a fazê-lo direito!”.
O nome que Jesus usou com mais frequência para se referir
ao Espírito Santo, parákletos, tem sido traduzido por “advogado”,
“consolador”, “ajudador” e “conselheiro”. O pastor que entra em um
relacionamento de aconselhamento, indubitavelmente ministrará
em cada uma dessas maneiras. O pastor deve ser motivado a exigir
as mesmas qualidades de Jesus, conforme Isaías 9.6, o Maravilhoso

96 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Conselheiro (relembre que não há vírgula entre os dois termos!).


Jesus sabia o que significava viver (e aconselhar) de certa manei-
ra que proporcionasse ao poder eterno do Espírito Santo atender às
necessidades do ferido e necessitado. As Escrituras registram que
Ele não esmagaria cana quebrada e não apagaria o pavio que fume-
ga (Mt 12.20). Antes, Ele aceitaria o que as pessoas eram e então as
transformaria em algo melhor.
Jesus serviu de modelo à serena habilidade de ouvir as pessoas.
Ele era compassivo, contudo confrontou a hipocrisia categorica-
mente. Jesus comunicou amor; perdão e a certeza de que o aconse-
lhado poderia mudar. Ao morrer por nós, Jesus nos fez saber que
somos de grande valor. Ele conhecia a diferença entre aceitação e
2
aprovação. Ele aceitava as pessoas, mas, ao mesmo tempo, desapro-
vava os comportamentos pecadores que mantinham. Ele foi fiel ao
avisar sobre as consequências das escolhas destrutivas da vida.
Jesus, cheio do Espírito Santo, também encontrou pessoas em
situações de crise. Ele as confrontou com compaixão: o jovem e
rico, em crise existencial, perguntava o que tinha que fazer para
herdar a vida eterna; Zaqueu foi pego em crise profissional; a mu-
lher apanhada em adultério enfrentava crise moral; Marta e Maria
enfrentavam a crise da morte do irmão delas, Lázaro; Nicodemos
enfrentava crise espiritual.
O membro ou congregado da igreja vem à sessão de aconselha-
mento esperando ouvir uma palavra do servo de Deus e obter sabe-
doria e conselho de Deus sobre assuntos de interesse pessoal.
Uma mensagem hesitante e inconsciente levará o aconselhamen-
to a ter uma consciência inconstante, indiferente da vida. Declara
Donald Lichi que o pastor que consistentemente revela a mente do
Espírito ao aconselhado ajudará a formar uma consciência mais fi-
dedigna naquele que é aconselhado.
José e Daniel foram chamados para dar conselhos. Ambos ora-
ram a respeito do conselho que deram. Reconheciam que depen-
diam de Jeová para dar o conselho que deram, e ambos eram conhe-
cidos como homens em quem o Espírito de Deus habitava. Assim,
do mesmo modo, o pastor que por escolha consciente e momento a
momento submete-se, responde, obedece, renuncia a si mesmo e é
sensível e flexível nas mãos de Deus será conhecido como homem
em quem o Espírito de Deus habita. O mesmíssimo Espírito Santo
que habitava e capacitava os profetas e os apóstolos estão hoje pre-
sentes na vida do pastor que está cheio do Espírito.

97
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

A consciência e a confiança no poder do Espírito Santo consti-


tuem o destino do pastor pentecostal que está envolvido no acon-
selhamento cristão. Mas o que torna cristão o aconselhamento cris-
tão? Há diferença vasta entre o cristão que dá o aconselhamento
verdadeiramente cristão, bíblico e capacitado pelo Espírito.
Deus deseja que o pastor tenha uma mente bem treinada e um
coração guiado pelo Espírito Santo (1 Co 12.12-31). Para verdadei-
ramente aconselhar no poder do Espírito Santo, o pastor deve ter
um coração, mente e alma que desesperadamente busquem a Deus.
O pastor precisa ter uma consciência de Deus, fruto de um coração
2 dado ao estudo e oração. Sua vida de exemplificar e servir de mode-
lo de uma tentativa ativa em utilizar os recursos do Espírito Santo
antes, durante o aconselhamento.
Para aconselhar com a mente, coração e poder do Espírito Santo,
o pastor tem que andar no Espírito. Pelo batismo com o Espírito
Santo, ele é sensibilizado aos charismata, as demonstrações extraor-
dinárias da presença e poder divinos concebidos ao crente pelo Es-
pírito Santo. Entretanto, somente com um relacionamento contí-
nuo com o Espírito Santo é que o pastor obterá uma familiaridade
com as operações e maneiras do Espírito Santo.
As Escrituras são claras ao ensinar que o pastor deve ser alta-
mente disciplinado no corpo, mente, expressão emocional, relacio-
namentos interpessoais e no cultivo de uma vida interior rica. O
equilíbrio nas áreas da vida física, intelectual, emocional, social e,
a mais importante, espiritual, é que permitirá que o pastor evite o
esgotamento no ministério.

98 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

9. É incerto afirmar que


a) Em nosso mundo altamente complexo, para ser bem suce-
dido no lidar com os rigores da vida diária, cada vez mais
pessoas estão se distanciando do aconselhamento, principal-

2
mente da saúde mental
b) Apesar do fato de estarem disponíveis numerosos profissio-
nais que oferecem aconselhamento (conselhos profissionais,
psicólogos, psiquiatras, os assistentes sociais), a maioria das
pessoas prefere aconselhar-se com seu pastor
c) A tendência em procurar primeiro o pastor para as preocu-
pações relacionadas a saúde mental tem permanecido relati-
vamente constante durante as últimas três décadas
d) As pessoas procuram o pastor devido a maior acessibilidade
do que os profissionais ligados à saúde mental e também por
desfrutar de um relacionamento com os membros da congre-
gação

10. Assinale com coerência. Uma das áreas ministeriais na qual o


pastor poderá mais se frustrar é a
a) Da exposição da Palavra, pois nela vemos os pecados, os con-
flitos, as decepções, as ideias erradas sobre Deus que as pes-
soas têm
b) Do aconselhamento pastoral, pois nela vemos os pecados, os
conflitos, as decepções, as ideias erradas sobre Deus que as
pessoas têm
c) Da orientação para obreiros, pois nela vemos os pecados, os
conflitos, as decepções, as ideias erradas sobre Deus que os
obreiros têm
d) Da escritura de livros, pois nela vemos os pecados, os confli-
tos, as decepções, as ideias erradas sobre Deus que as pessoas
têm

99
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

11. Em nossos dias, a Igreja cristã se vê invadida pela psicologia


popular; oradores apresentam uma psicologia cristã popular, que
dizem disfarçadamente ser capaz de fazer de todo pastor um con-
selheiro habilitado. Para tanto, escreveu: “uma grande onda de li-
teratura tem acompanhado isso, e uma certa superficialidade tem
tomado conta das mentes de pastores que se põem à praticar sua
psicologia misturada com teologia”
a) Donald Lichi
b) David Wilkerson

2 c) Dr. N. R. Champlin
d) Alberto Barrientos

12. Quanto ao nome que Jesus usou com mais frequência para se
referir ao Espírito Santo, parákletos, assinale a alternativa que não
condiz com seu significado
a) “Apascentador”
b) “Consolador”
c) “Ajudador”
d “Conselheiro”

13. Assinale a assertiva incoerente


a) Declara Donald Lichi que o pastor que consistentemente
revela a mente do Espírito ao aconselhado ajudará a formar
uma consciência mais fidedigna naquele que é aconselhado
b) José e Daniel foram chamados para dar conselhos. Ambos
oraram a respeito do conselho que deram. Reconheciam que
dependiam de Jeová para dar o conselho que deram, e ambos
eram conhecidos como homens em quem o Espírito de Deus
habitava
c) Deus deseja que o pastor tenha uma mente bem treinada e
um coração guiado pelo Espírito Santo (1Co 12.12-31). Para
verdadeiramente aconselhar no poder do Espírito Santo, o
pastor deve ter um coração, mente e alma que desesperada-
mente busquem a Deus
d) Somente o equilíbrio na área espiritual é que permitirá que o
pastor evite o esgotamento no ministério

100 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Marque “C” para certo e “E” para errado

14. ( ) O pastor, mesmo que não ande anunciando que


quer aconselhar, pode ganhar a confiança das pessoas. Para
isto, nada melhor que chegar sempre cedo para as reuniões,
saudar os irmãos com carinho e interesse. Quando ocasional
e informalmente alguém lhe contar uma dificuldade, deve
escutar com atenção e interesse. Dar alguma palavra breve
de estímulo ou orientação, fazer uma oração ou buscar ou-

2
tro meio necessário. As pessoas procuram quem demonstra
amor e interesse por seus problemas
15. ( ) Freud poderia ser intitulado de calvinista psicológi-
co, porque somente destaca os vastos poderes da criatividade
humana sem comentar nas profundezas da depravação hu-
mana, que se manifesta até mesmo nas crianças
16.( ) Segundo o conselheiro Donald Lichi: É impossível o
pastor ser eficiente ao aconselhar e simultaneamente estar em
atitude de oração; e, poder ouvir com um coração de compai-
xão e, ao mesmo tempo, estar falando com o Espírito Santo.

101
Anotações

Anotações

102
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

O Conselheiro Pastoral
Quais as qualidades espirituais mais importantes
que o conselheiro precisa desenvolver?

Explicação e Base Bíblica 2


O alerta de Deus de 2 Timóteo 2.15 não se restringe somente ao
jovem pastor Timóteo, mas a todos nós que trabalhamos na obra do
Senhor. Exige o Dono da obra nesta escritura: “Procura apresentar-
te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergo-
nhar, que maneja bem a palavra da verdade”.
Para o apóstolo Paulo a linha construtiva que
Timóteo deveria seguir era aquela totalmente dife-
rente da praticada pelos péssimos obreiros que se
opunham ao tempo de Timóteo. O pastor de Éfeso
deveria apresentar-se a Deus aprovado nos testes
do ministério. Digno de destaque é o tempo verbal
empregado por Paulo “apresentar-te”, isto é, o verbo
está na voz reflexiva, logo, quem está trabalhando
no ministério deve preocupar-se em preparar-se (a
si próprio) para o ministério.
O obreiro não deve ficar esperando somente do seu líder ou da
instituição a que serve para ter condições e oportunidades de pre-
paro para o exercício do trabalho ministerial. É o próprio servo de
Deus que deve investir em seu ministério. Deus chama; Deus con-
sagra; a igreja separa; o Senhor confirma; mas quem se prepara é o
próprio obreiro chamado.
Nesse sentido, a área do aconselhamento pastoral exige alguns
requisitos cuja posse o obreiro somente a terá com um interesse
redobrado por sua autopreparação; das inúmeras qualidades que
poderíamos elencar para que um obreiro seja um bom conselheiro,
destacarei apenas onze principais.

103
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

1. O conselheiro espiritual deve ser disciplinado.

As disciplinas espirituais da vida cristã foram descritas por Ri-


chard Foster em seu consagrado livro Celebração da Disciplina.
Nesse importante estudo, Foster traça as seguintes disciplinas es-
pirituais:
• Disciplinas interiores: meditação, oração, jejum e estudo;
• Disciplinas exteriores: simplicidade, isolamento, submissão e
serviço;

2 • Disciplinas coletivas: confissão, adoração, orientação e ce-


lebração.

O propósito exclusivo das disciplinas espirituais é levar-nos a


um lugar diante de Deus, onde a presença do Espírito Santo nos
transforme na mesma imagem de Jesus Cristo (Rm 8.26-29). Como
Foster observa: “As disciplinas espirituais são uma maneira de se-
mear no Espírito [...], as quais só podem levar-nos ao lugar onde
algo pode ser feito; elas são os meios da graça de Deus”.
O pastor tem de ser sério no que se refere ao desenvolvimento de
“hábitos santos”, que o levem a ter um relacionamento transforma-
dor com o Espírito Santo. Não poucas vezes os pastores confundem
a obra que fazem para Deus com o andar com Deus. William Law
(1686-1761) escreveu que se vamos orar ao Espírito de Deus, “te-
mos de fazer desse Espírito o governante de todas as nossas ações”.
Nossas vidas devem ser tão santas quanto nossas orações.
Também é bom enfatizar que quem não desenvolver e exercer
domínio próprio jamais será conselheiro frutífero. Ele deve domi-
nar seus próprios desejos, seus sentimentos de culpa, sua ansie-
dade, seus ressentimentos, sua sexualidade e suas frustrações. De
outro modo, seria como um cego que guia outro cego. Não poderia
ajudar os outros. “Médico, cura-te a ti mesmo”, e em seguida você
poderá curar os outros.
Também o conselheiro cristão deve conhecer as técnicas do
aconselhamento pastoral. Deve estar disposto a dedicar tempo ao
ministério do aconselhamento. O processo de aconselhamento re-
quer tempo: isso jamais deve ser esquecido.

104 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

2. O conselheiro deve aplicar-se a ler e estudar tudo o que


se relaciona sobre a psicologia humana.

O pastor é acertadamente recomendado a ler livros, frequen-


tar seminários e, se possível, obter treinamento mais formal sobre
aconselhamento bíblico. Consideráveis benefícios são obtidos me-
diante estudos mais acadêmicos sobre a ciência do comportamento.
Se aceitarmos que toda a verdade é a verdade de Deus, então
também percebemos que, às vezes, a verdade foi “encontrada por
acaso” (descoberta), operacionalizada e aperfeiçoada pelo não–re-
generado, que pode não reconhecer ou dar a glória de Deus (cf. Rm 1). 2
Contudo, o pastor que está fundamentado na Palavra de Deus
tem condições de aprofundar-se com a confiança nas ciências com-
portamentais, determinar o que se alinha com as Escrituras e per-
mitir que a verdade descoberta e operacionalizada sirva ao crente
no âmbito relacional do aconselhamento.
Aqui está um exemplo de como a “verdade” foi descoberta ou
operacionalizada pelo não–regenerado. Certo artigo publicado na
outra América por pesquisadores que dizia respeito à prática de
furto por crianças declarou que, por meio de vários estudos de pes-
quisa, determinaram que se fosse exigido que a criança restituísse
acima do que roubou, o comportamento dado a fazer roubos dimi-
nuiria em muito no futuro.
Claro que, sabendo o que as Escrituras têm a dizer no Antigo
Testamento (Lv 6.1-5) sobre roubo e restituição, tive de rir. Os auto-
res tinham apenas “descoberto” a verdade.
Não se tratava de verdade inédita. Assim, as ciências comporta-
mentais podem ajudar o pastor na operacionalidade da verdade em
benefício do aconselhado cristão.
Lembre-se de que o Espírito Santo não contradirá a Palavra es-
crita de Deus. Com efeito, o Espírito Santo só vai confirmar o Livro
que Ele escreveu (Mc 12.36; 2 Tm 3.16,17; 1 Pe 1.11; 2 Pe 1.21).
Conquanto o estudo das ciências comportamentais possa ser
proveitoso, o pastor sensato terá a mesma atitude que os cristãos
bereanos36 tiveram, os quais foram elogiados por terem sido dili-
gentes em examinar “cada dia nas Escrituras se estas coisas eram
assim” como Paulo dizia (At 17.11).

36   Cristãos de Beréia, cidade da Macedônia, 80 Km distante de Tessalônica e o centro mais populoso da
província.

105
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

3. O conselheiro deve ser uma pessoa espiritual.

Entenda-se por “espiritual” um servo de Deus que conjuga uma


vida ungida à competência técnica, bem como compaixão à oração.
O aconselhamento cristão é um encargo sagrado e um relacio-
namento terapêutico entre o pastor que aconselha e o congrega-
do, membro ou simpatizante da igreja que recebe aconselhamento.
Gerard Egan declara: “Os conselheiros servidores são eficientes à
proporção que seus aconselhandos ficam em melhor posição para

2
lidar com suas circunstâncias problemáticas e/ou desenvolver no-
vos recursos e oportunidades em suas vidas com mais eficiência”.
O doutor Richard Dobbins sempre está a observar que “o pastor
desfruta de singular posição para convincentemente influenciar as
imagens horripilantes que alguém tenha de Deus, as ideias estro-
piadas do ego, os hábitos destrutivos e as mágoas do passado”. Além
de promover a cura, o pastor ajuda o aconselhado a desenvolver o
potencial divino que Deus tem para a vida do aconselhado.

4. O conselheiro cristão deve estar preocupado


na produção do fruto do Espírito não somente no
aconselhado, mas também em si próprio.

Aconselhar no poder do Espírito produzirá o fruto do Espírito


no pastor e no aconselhado (Gl 5.16-26). O pastor sabe que a ver-
dadeira liberdade ocorre à medida que o estilo de vida do crente
conforma-se ao que o Espírito Santo procura produzir. Com co-
ragem e clareza, o pastor exorta o aconselhado a optar pelos tipos
de escolhas de vida que evitam a imoralidade, o egocentrismo, os
vícios etc.
Qual é o resultado de vivermos uma vida capacitada pelo Es-
pírito? Resposta clara e constrangedora aparece na paráfrase da
Bíblia, feita por Engenhe H. Peterson, intitulada The Message (A
mensagem): “Ele produz dons em nossas vidas, de maneira muito
semelhante ao fruto que dá no pomar – coisas como a feição pelos
outros, exuberância pela vida, serenidade. Desenvolvemos uma es-
pontaneidade em mantermos constantes ao que fazemos um senso
de compaixão no coração e uma convicção de que uma santidade
básica permeia coisas e pessoas. Encontramo-nos envolvidos em

106 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

compromissos de lealdade, não precisando forçar nossa maneira de


viver, capaz de ordenar e dirigir nossas energias com sabedoria” (Gl
5.22,23).
O pastor cheio do Espírito experimentará um amor pelas coisas
que Deus ama e um ódio pelas coisas que Deus odeia. O pastor
cheio do Espírito entristecer-se-á por aquilo que entristece o Espí-
rito Santo.
Por exemplo, o Espírito Santo se entristece por fatos como es-
quecer-se de Deus (Dt 32.18), e queixar-se e murmurar (Nm 14.27),
pôr a paciência de Deus em prova mediante desobediência cons-
ciente (Êx 16.28; Sl 78.41) e uma contínua falta de fé e confiança
(Nm 14.11; Sl 78).
2
Adicionalmente, como Efésios 4.30-32 ressalta, o Espírito Santo
se entristece com o modo como os crentes se comportam uns para
com os outros. Ele também se entristece quando vê o falso orgulho,
a hipocrisia, a injustiça e o legalismo (2 Co 3.6).
Por outro lado, o pastor que aconselha no poder do Espírito San-
to deve antecipar momentos inauditos em situações de aconselha-
mento difíceis. Quando parece não haver resposta certa, ou melhor,
ou quando o processo parece estar travado, o pastor dependerá do
Espírito Santo para ter discernimento ou para sugerir áreas de in-
vestigação e opções previamente não consideradas. O Espírito San-
to concede poder, ensina, guia, conforta e dá convicção de pecado.
O pastor que aconselha no poder do Espírito Santo será o canal
do ministério do Espírito ao aconselhado. O pastor deve incentivar
o aconselhado a deixar que o Espírito Santo tenha acesso em toda
a vida do aconselhado: a cura de feridas do passado, poder para
enfrentar as lutas do presente e esperança de um futuro glorioso.
Portanto, se o coração do pastor for reto, se um desejo de ministrar
estiver presente e se houver um andar consciente no Espírito, o re-
sultado inevitável será conselho piedoso no poder do Espírito.
Lichi ainda ensina que “o pastor que deseja aconselhar no poder
do Espírito Santo tem de ansiar por duas coisas: ser como Jesus,
responder imediatamente à unção do Espírito Santo”. Simplesmen-
te não há outra maneira de satisfazer as muitas necessidades dos
membros, congregados da igreja e as outras pessoas que procuram
o pastor-conselheiro.

107
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

5. O conselheiro deve ser sociável.

Outro requisito indispensável para o aconselhamento eficaz,


conforme o Dr. Paul Hoff é sociabilidade. O pastor-conselheiro
deve ser tratável, social e acessível. As pessoas recorrem a alguém
que as conheça, e a quem elas por sua vez conheçam e apreciem. De
outro modo não se sentiriam à vontade relatando seus problemas e
expondo-lhes seu coração.
É necessário que o pastor se mostre amigo e interessado sincera-
mente pelos problemas das pessoas. O ministro do evangelho pode
2 conversar com os membros de sua igreja e conhecê-los em visitas
pastorais e em ocasiões sociais.
Alguns pastores, porém, sentem-se inseguros conversando com
as pessoas, e inconscientemente as distanciam.
Uma das características de uma pessoa sociável é a capacidade
de saber ouvir. Sem essa capacidade ninguém conseguirá aconse-
lhar. É preciso, com a graça de Deus, saber escutar as angústias do
povo, é um valor muito pouco cultivado, hoje em dia. Já vi muitos
cursos ensinando as pessoas falar. Por que não existem cursos para
ensinar as pessoas a ouvirem? Todos correm ninguém tem tempo.
O bom conselheiro precisa ouvir com calma, precisa estar dis-
ponível. Muitas vezes, só o fato de o aconselhado desabafar, ele pró-
prio reconhece as saídas para o seu problema, sem que digamos
uma só palavra. Bem disse Tiago: “Sabeis estas coisas, meus amados
irmãos. Todo homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tar-
dio para se irar” (Tg 1.19).
Há pessoas que ninguém as ouve, quando chegam ao gabinete
pastoral falam, falam, falam... – somente o fato de o conselheiro
ouvi-las já as deixa aliviado. Aprofundaremos isso na Lição 4.

6. O conselheiro deve conhecer o poder transformador


do amor de Cristo em sua própria vida e na dos outros.

Quem se dispõe no ministério de aconselhamento deve ser sen-


sível às suas necessidades e entender os seus desejos, problemas e
frustrações. O bom conselheiro escuta atentamente o que o acon-
selhado lhe diz e tenta ver as coisas segundo a perspectiva deste.
Respeita o aconselhado e tem interesse nele como “uma pessoa”, e

108 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

não como se ele fosse somente um “caso” a ser solucionado. Ele tem
uma vida exemplar, digna de respeito; destaca-se por sua sobrieda-
de, discrição e otimismo. Relaciona-se bem com sua esposa e com
outras pessoas. Já tem provado a sua fidelidade para com Deus e
saído vitorioso em seus próprios problemas. Sabe utilizar os recur-
sos espirituais: a Bíblia, as promessas de Deus, a oração e o perdão.
Tem fé no poder redentor de Deus e na solicitude divina que opera
para o bem de cada crente.
Conhece o poder transformador do amor de Cristo e de seus fi-
lhos. Já viu Deus mudar muitos e sabe que continuarão restaurando
outros tantos.
2
7. É preciso que o conselheiro espiritual
tenha sensibilidade.

Essa sensibilidade é traduzida de um lado no entendimento dos


motivos da natureza humana e os de sua conduta. Aprende obser-
vando as pessoas, lendo livros e pela experiência. Por outro lado
deve entender-se a si mesmo e reconhecer suas imperfeições e sua
condição de ser humano. Se não entender bem a si mesmo, não
poderá compreender os outros.
A sua sensibilidade levá-lo-á a não ser precipitado. E com certe-
za será prudente, pois, caso contrário poderá precipitar-se ao acon-
selhar os outros. E é importante frisarmos que conselhos precipi-
tados dados e tomados sem oração, sem leitura da palavra e sem
direção do Espírito Santo, têm gerado muitas catástrofes. É bom
evitarmos isso!

8. O conselheiro deve ser uma pessoa séria.

O aconselhamento deve ser revestido de seriedade. Há nas igre-


jas pessoas que gostam de falar de coisas sem importância, ou falar
de outras pessoas. O pastor precisa adotar uma política séria que
não se preste a insignificâncias, e muito menos a problemas pelos
quais não há nada a fazer. Assim os irmãos, com o passar do tempo,
reconhecerão as características desse ministério.

109
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

São comuns nas igrejas os irmãos procurarem o pastor para


dizer-lhe que deve visitar fulano para o “aconselhar...”, ou ciclano
porque não anda bem; ou beltrano porque têm dificuldades com
seu marido. Quando o pastor se precipita e crê que tem de “meter o
nariz” em todos os assuntos, logo se machuca. Por isso deve esperar
que as pessoas busquem ajuda, e se ele sente que deve tomar a ini-
ciativa, deve ter razões muito claras, a direção de Deus e saber como
vai agir. Mas, vale lembrar que ser sério não é ser mal humorado.

110 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

1. Quanto à preparação do obreiro conforme determinada em 2 Ti-


móteo 2.15: A expressão que melhor completa o raciocínio “Deus
chama; Deus consagra; a igreja separa; o Senhor confirma...” é :
a) É o pastor é quem tem a maior responsabilidade de preparar
seus obreiros auxiliares
b) Quem se prepara é o próprio obreiro chamado
c) É a Convenção a que o obreiro pertence a nível estadual é
2
quem tem a responsabilidade de prepara-lo
d) Não é preciso estudar, pois o Espírito Santo coloca tudo o que
precisamos em nossa boca, no momento certo

2. O conselheiro espiritual deve ser disciplinado. O propósito exclu-


sivo da disciplina espiritual é levar a pessoa que exerça o ministério
de aconselhamento a
a) Um lugar diante de Deus, onde a presença do Espírito Santo
nos transforme na mesma imagem de Jesus Cristo
b) Um lugar diante de Deus, onde a presença do Espírito Santo
o capacite a utilizar toda a técnica da psicanálise
c) Um lugar diante de Deus, onde a presença do Espírito San-
to ajude o conselheiro cristão a exigir dos aconselhados que
obedeçam criteriosamente os bons costumes da sua denomi-
nação
d) Um lugar que nos dê segurança material

3. As disciplinas espirituais da vida cristã foram descritas por Ri-


chard Foster em seu consagrado livro Celebração da Disciplina.
Nesse importante estudo, Foster só não traça a seguinte disciplina
espiritual:
a) Disciplinas interiores: meditação, oração, jejum e estudo
b) Disciplinas exteriores: simplicidade, isolamento, submissão e
serviço
c) Disciplinas coletivas: confissão, adoração, orientação e cele-
bração

111
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

d) Disciplinas indutivas: adoração, oração, jejum e submissão

4. É certo dizer que


a) O conselheiro espiritual necessariamente não precisa ser uma
pessoa espiritual, ou seja, um servo de Deus que conjuga uma
vida ungida à competência técnica, bem como compaixão à
oração
b) O conselheiro cristão deve estar preocupado na produção do
fruto do Espírito somente no aconselhado, não tanto em si
2 próprio
c) O conselheiro deve ser tratável, social e acessível porque as
pessoas recorrem a alguém que as conheça, e a quem elas por
sua vez conheçam e apreciem pois, do contrário as pessoas se
distanciaram dele
d) O conselheiro espiritual necessariamente não precisa desen-
volver competência técnica, pois no exercício da compaixão
e da oração, o Senhor o ensina todas as coisas

5. É preciso que o conselheiro espiritual tenha sensibilidade. Sobre


isso, é correto dizer que
a) Essa sensibilidade é traduzida de um lado no entendimento
dos motivos da natureza humana e os de sua conduta
b) O conselheiro espiritual pouco aprende observando as pes-
soas, lendo livros e pela experiência
c) Essa sensibilidade é traduzida no zelo em procurar excluir de
imediato as pessoas que estiverem em pecado na igreja
d) Quem ministra aconselhamento espiritual deve entender-se
completamente a si mesmo e não ter imperfeições

Marque “C” para certo e “E” para errado

6. ( ) O conselheiro cristão não precisa conhecer as técnicas


do aconselhamento pastoral. E nem deve estar disposto a de-
dicar tempo ao ministério do aconselhamento, pois o proces-
so de aconselhamento requer tempo

112 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

7. ( ) Uma das características de uma pessoa sociável é


a capacidade de saber ouvir. Sem essa capacidade ninguém
conseguirá aconselhar
8. ( ) O bom conselheiro escuta atentamente o que o aconse-
lhado lhe diz e tenta ver as coisas segundo a perspectiva des-
te. Respeita o aconselhado e tem interesse nele como “uma
pessoa”, e não como se ele fosse somente um “caso” a ser so-
lucionado

113
Anotações

Anotações

114
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

9. O conselheiro Espiritual deve ser extremamente


escrupuloso quanto à ética sexual.

Todos conhecem os danos inacreditáveis que sobrevêm à vida,


família, congregação e comunidade do ministro quando este viola a
ética sexual. Também devemos continuamente lembrar-nos de que
temos a obrigação de manter alto o padrão ético a fim de proteger
nosso testemunho cristão e o precioso corpo de crentes a quem ser-
vimos.
O pastor Wayde I. Goodall, em seu texto “Ética Sexual no Mi-
nistério”, contido no compêndio “O Pastor Pentecostal”, apresenta a 2
pesquisa de opinião feita em 1988 pela revista Leadership que in-
vestigou quase mil pastores americanos e um número equivalente
de assinantes leigos da revista Christianity Today.
O resultado da pesquisa foi horrível. Doze por cento dos pasto-
res dos 23 por cento dos assinantes afirmaram ter relações sexuais
extramatrimoniais. Quase um quarto (23 por cento) dos pastores
admitiu ter tido alguma forma de comportamento “sexualmente
impróprio” durante o tempo em que estavam no ministério da igre-
ja. Dessas pessoas com as quais os pastores estiveram sexualmente
envolvidos, 69 por cento provinham de suas próprias congregações,
incluindo 17 por cento a quem aconselhavam.
A atração física e emocional foi mencionada por 78 por cento dos
pastores pesquisados como a principal razão para o adultério, enquan-
to que a insatisfação matrimonial foi anotada por 41 por cento.
Parece que nunca foi feita uma pesquisa desse porte no Bra-
sil. Esperamos que nossa realidade não seja tão ruim quanto essa
descoberta pela Revista Christianity Today nos Estados Unidos da
América! Mas, vale alertar que o momento do aconselhamento es-
piritual tem sido motivo de queda para muitos pastores e líderes
que não têm tido alguns cuidados no que tange à ética sexual.
Há situações que requerem grande cautela do conselheiro. Essas
situações devem ser tratadas com cuidado, com muita compreen-
são da pessoa e sem forçar o andamento da entrevista. Há algo mais.
Quando uma mulher pede conselhos a um homem, e se de alguma
maneira chega-se a considerar o tema sexual, as precauções devem
ser extremas. Há vários casos de certas mulheres que empregam
este meio para provocar o interesse do conselheiro. E pode ser que o
conselheiro em algum momento encontre um motivo de tentação.

115
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

A dinâmica que pode ocorrer nessas entrevistas é muito variada,


e requer verdadeiro discernimento espiritual, muita sinceridade e
retidão. Assim, inspirado em alguns questionamentos de auto-a-
valiação propostos pelo pastor Wayde I. Goodall apresento adiante
alguns conselhos para se manter uma postura ética do ponto de
vista sexual diante daqueles que são atendidos pelo conselheiro es-
piritual.

Quem aconselha deve inicialmente fechar as principais bre-


2 a) chas onde o inimigo quer entrar em nossa vida, na área se-
xual.

Em primeiro lugar, quem aconselha deve dedicar tempo e entre-


gar-se a atividades com seu cônjuge como uma maneira de fortale-
cer o casamento, reduzindo assim a possibilidade de pecar sexual-
mente. Raras vezes alguém se entrega à tentação sexual quando se
sente satisfeito física e emocionalmente no casamento. Paulo ins-
trui os casados sobre essa verdade em 1 Coríntios 7.1-5. Contudo,
a desobediência de um dos cônjuges à orientação de Paulo não é
justificativa para um caso extraconjugal.
Todo o prestígio das Escrituras exige fidelidade e pureza moral,
não importando o quanto um cônjuge possa se sentir abandonado.
A segunda ação a ser tomada para impedir a intromissão37 do
Diabo em nosso ministério de aconselhamento é procurar manter
seu devocional diário de oração e estudo da Palavra de Deus.
Um devocional feito regularmente é defesa contra os ataques
de Satanás. É decisivo que mantenhamos uma vida particular de
oração e estudo da Palavra de Deus. A maioria dos ministros que
fracassa moralmente não tem uma vida devocional estável.
A terceira estratégia é ter alguém de extrema confiança para
prestar contas. Tiago 5.16 declara: “Confessai as vossas culpas uns
aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis”. Sugiro que os
alunos desse curso leiam o texto “O pastor e a prestação de contas”
no já citado livro “O Pastor Pentecostal”, publicado pela CPAD.
A quarta atitude é evitar contato físico com pessoas do sexo opos-
to. Tal ação entre conselheiros não é apenas tendências sexuais, mas
é prática que arrisca posterior indiscrição sexual. O mesmo Tiago

37   Ato de intrometer (-se); intrometimento.

116 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

nos fala: “Havendo a concupiscência concebida, dá à luz o pecado;


e o pecado, sendo consumado, gera a morte” (Tg 1.15).
A quinta postura não se refere a todo conselheiro, mas somente
àqueles que já foram abusados, explorados ou molestados sexual-
mente. Se um ministro já passou por essa experiência traumática,
seria bom que o discutisse com um conselheiro cristão qualificado.
Precisamos levar a Cristo a dor, a perda, a raiva e a autoestima
ferida para que sejam curadas, a fim de que não passemos o mesmo
sofrimento aos outros. Um pastor-conselheiro cheio de compaixão
pode ajudar-nos a fazer isso.
2
Quem aconselha deve se acautelar para não se considerar
b)
acima de toda e qualquer tentação.

A pessoa que não se cuida com isso, está pisando em terreno


perigoso. Mesmo o Senhor, em seu estado humano, foi tentado (Hb
4.15). Sabemos que Jesus usou as Escrituras como defesa quando
foi tentado (Lc 4.1-13).
A já citada pesquisa feita pela revista Leadership descobriu que,
nas igrejas americanas, dez por cento dos ministros investigados
evitavam situações de tentação sexual a cada semana, enquanto 25
por cento o evitavam mensalmente. Também foi feita a pergunta:
“Com que frequência no último ano você olhou pornografia ou ma-
terial sexualmente explícito na mídia (impresso, em vídeo ou em
filmes)?”. Dois por cento disseram regularmente, 11 por cento dis-
seram “às vezes”, 17 por cento disseram “raramente”, 9 (uma vez por
ano), 32 por cento disseram “quase nunca” e 38 por cento disseram
“nunca”.
A tentação é uma realidade na vida do ministro, da mesma for-
ma que o é na vida de qualquer pessoa. Devemos constantemente
precaver-nos contra qualquer coisa que dê brecha à tentação, ao
pecado. O que as pessoas absorvem pelos olhos, pelos ouvidos ou
pelas conversas tornam-se parte de suas vidas.
Quem aconselha não deve fazer perguntas desnecessárias
c) ou procurar saber detalhes da vida sexual de uma pessoa
aconselhada.

117
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Fuja da tentação de iniciar a conversa sobre problemas, prefe-


rências ou fantasias sexuais com a finalidade de satisfazer curiosi-
dade. Quem aconselha não deve compartilhar detalhes de sua pró-
pria vida sexual.
Perigosíssimo é fazer comentários sobre características sexuais
ou físicas ou suposto desempenho sexual da pessoa que se está
aconselhando. Isso é pecado de exploração sexual. Os ministros
têm de usar de extrema precaução, quando discutirem qualquer as-
sunto sexual, especialmente com pessoa do sexo oposto. Lembre-se
da resolução38 de Jesus em Mateus 15.18:
2
“Mas o que sai da boca procede do coração,
e isso contamina o homem”.

Quem aconselha deve vencer a tentação de querer abusar


d) da autoridade e grau de perícia que tem sobre os membros
da congregação.

Sempre devemos lembrar que as pessoas para quem ministra-


mos nos colocam normalmente em um pedestal. Se usarmos do
nosso poder como ministros para tirarmos vantagem de um con-
gregado, estaremos nos inserindo em problemas. Nosso padrão
deve ser a regra de ouro: “Tudo o que vós quereis que os homens
vos façam, fazei-lho também vós” (Mt 7.12).

Quem aconselha deve tomar cuidado redobrado com as


e)
pessoas que já foram vítimas de abuso sexual.

38   Decisão, deliberação.

118 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Como muito temor de Deus e respeito, devemos admitir que tal


pessoa possa estar mais vulnerável a se tornar vítima outra vez. Os
ministros devem ter o cuidado de evitar o comportamento sexual-
mente questionável de pessoas que já sofreram esse abuso.
A dor pela qual essas pessoas têm passado é algo que só o Senhor
pode curar completamente. Um ministro que venha tirar vantagem
de tal pessoa está causando danos não apenas trágicos, mas tam-
bém pecaminosos. O conselheiro cristão Gary Collins observa em
seu livro Excellence and Ethics in Counseling (Excelência e Ética
no Aconselhamento): Significativos danos pessoais, matrimoniais,
profissionais e financeiros são sofridos pela grande maioria daque-
les que se envolvem sexualmente com pessoa ligada ao ministério. 2
Estudo feito por psicólogos do estado americano da Califórnia
que trabalharam com clientes que haviam se envolvido sexualmen-
te com outros terapeutas, revelou que noventa por cento dessas víti-
mas tinham sofrido efeitos adversos. Onze por cento precisaram de
hospitalização e um por cento havia cometido suicídio. A avaliação
direta das vítimas de abuso por terapeutas também mostra níveis
significativos e difusos de dificuldades pessoais em ajustar-se so-
cialmente, aumento do uso de drogas e abuso de álcool, divórcio e
conflitos matrimoniais e incapacidade de servir-se com eficácia da
subsequente terapia; esses são os danos comuns relatados.
O pastor Wayde I. Goodall alerta gravemente que aqueles servos
de Deus que atuam no ministério do aconselhamento devem estar
cônscios da sutil sedução consciente ou subconsciente proveniente
das vítimas de abuso sexual: membros da congregação que já foram
abusados sexualmente podem não saber distinguir o abraço sensual
do não sensual. O mínimo medo pode levá-los a sentir medo, dor,
ou estímulo sexual, ou retrospecto.
O aconselhamento compartilhado com outro conselheiro pode
minar a tentação de render-se à falta de respeito dos limites, à de-
pendência, ao ardil e à sedução feita por pessoas de personalidades
doentias.
Segundo alguns especialistas da área, aconselhando com desor-
dens de personalidade constituem a maioria daquelas pessoas que
fazem falsas acusações de envolvimento sexual com conselheiros.
Se o conselheiro já foi tentado sexualmente por um mem-
bro da congregação, quando esta lhe pede conselho, deve
f)
encaminhar essa pessoa a outro conselheiro cristão confi-
ável e buscar ajuda para si mesmo.

119
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Um ministro deve imediatamente encaminhar a outros conse-


lheiros pessoas ou casos nos quais se sinta sexualmente tentado.
Um conselheiro cristão também pode ajudar o ministro com esse
problema a descobrir porque tem essa inclinação nessa área. Deus
nos ensina a fugir da imoralidade (2 Co 6.12-20; 1 Ts 4.3-7; 5.22).

Quem aconselha deve tomar cuidado para que o aconse-


g)
lhado não se apegue exageradamente a si.

2 Quem aconselha deve tomar cuidado com a “transferência” e


seu poder de gerar atitudes lisonjeiras no aconselhado. Previna-se
da tentação de querer despertar em si o sentimento de que só você
pode salvar a pessoa a quem aconselha.
Um dos princípios éticos para se evitar criar a dependência do
aconselhado é não exigir que ele volte em outra seção de aconselha-
mento. Isso quem deve resolver livre e espontaneamente é própria
pessoa que recebe a orientação. Exceção a essa regra é o Discipu-
lado de verdades básicas ou de pré-batismo (aliás, segundo os mis-
siólogos tem sido a forma melhor de crescimento maduro de igrejas
locais).
O apego exagerado do aconselhado para com o conselheiro é
perigosíssimo. Tanto quanto possível, o ministro deve aconselhar
com seu cônjuge, membro de ministério ou integrante de sua equi-
pe. Não aconselhe pessoas do sexo oposto em restaurantes ou ou-
tros tipos de estabelecimento. Por isso, como já foi citado em aula
anterior, muitos pastores evitaram problemas colocando um visor
ou vidro fumê em parte da parede do gabinete, de modo que as
pessoas pudessem ver o que se passa dentro (sem ouvir a conversa,
é claro).

Quem aconselha deve ter um plano de fuga para escapar


h)
de alguma situação que parecer questionável.

120 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

José não caiu porque fugiu! Confie em Deus para prover um es-
cape na contingência de você encontrar-se em conjuntura de pos-
sível comprometimento (1 Co 10.13). Antes que tal lance ocorra,
ensaie como sairá do perigo. Planejamento e reflexão prévia são
boas estratégias.
Conselheiros seculares que são incapazes de resistir à tentação
sexual na prática do aconselhamento são recomendados a não acon-
selhar nessa área. Os ministros devem ter ainda mais preocupação
em serem circunspetos39 por causa do sagrado encargo que lhes foi
confiado. Aqueles que desonram a Deus, traindo a confiança dos
membros da congregação através da má conduta sexual, devem sair
imediatamente de sua função de pastor. Tais indivíduos precisam 2
desesperadamente de ajuda, e as pessoas que são aconselhadas pre-
cisam desesperadamente de cura imediata.

Quem aconselha deve tomar precauções para evitar cir-


cunstâncias que possam ser erroneamente interpretadas
h)
(ou aumentadas) como relacionamentos impróprios com
uma criança ou com uma pessoa do mesmo sexo.

Graças a Deus não temos tido notícias de escândalos semelhantes


aos da Igreja Católica, mas os nossos obreiros e líderes da igreja não es-
tão imunes à acusação de homossexualismo e abuso sexual de crianças.
A mídia está repleta de relatos de integrantes de organização religiosas,
os quais usam o cenário da igreja como meio para conduta imprópria
e imoral com congregados e membros mais jovens.
Os líderes da mocidade, dos adolescentes e os que trabalham
com crianças devem evitar ficar sozinhos com crianças ou adoles-
centes de ambos os sexos. Passar muito tempo com uma pessoa do
mesmo sexo pode encorajar a fofoca e destruir a eficácia do seu
ministério.
Finalizando esse ponto devo considerar que é extremamente
constrangedor ter que escrever nesse nível acerca da ética sexual
que se exige no ministério do aconselhamento. Mas, a crescente
frequência de problemas nessa área exige que falemos francamente
e sem rodeios. Assim, se nós nos cuidarmos adequadamente com
cada um desses conselhos teremos bom fundamento para propor-
cionar ajuda física, emocional e espiritual aos membros da congre-
gação que o Senhor nos confiou. Porém, mesmo que sejamos éticos

39   Que olha à volta de si. Que procede com circunspeção; ponderado, prudente.

121
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

e saudáveis nessa área, devemos deixar que o Espírito Santo faça a


obra por nosso intermédio, à medida que nos disponibilizamos a
atender as cruciais necessidades emocionais de sua pregação.
Homens com formação acadêmica em psicologia e aconselha-
mento, com os melhores preparos humanos que estes podem ofere-
cer, ainda assim falham moralmente em seu ministério. Só o desejo
de ajudar os outros não basta. Esse desejo deve ser incitado pelo
Espírito Santo. O ministério de aconselhamento ou de ajuda deve
ser capacitado por esse mesmo Espírito.

2 10. O conselheiro espiritual deve desenvolver senso de jus-


tiça e imparcialidade em seus juízos.

Muitas vezes, o conselheiro espiritual precisa resolver conflitos


de interesses que envolvem duas ou até mais pessoas.
Neste momento, o obreiro do Senhor não pode torcer o juízo
favorecendo injustamente determinada pessoa porque ele se sim-
patiza mais com ela; ou porque ela o trata melhor que as outras pes-
soas envolvidas no problema; ou porque é seu parente; ou porque
é pobre; ou porque a pessoa tem mais condições financeiras que as
demais envolvidas no problema; ou por qualquer outro motivo que
Satanás use, no sentido de tentar o obreiro do Senhor a fazer algu-
ma espécie de distinção.
Nessas situações difíceis é preciso que o ministro de Deus seja
imparcial, para que ele não peque, torcendo aquilo que é justo. A
Palavra de Deus é bem clara nesse particular em Levítico 19.15;
João 13.10; Malaquias 2.9; 1 Timóteo 5.21.

11. É imprescindível que o conselheiro espiritual seja extre-


mamente sigiloso.

O trabalho de aconselhamento exige sigilo e reserva absoluta.


Muitos casos nem sequer devem ser conhecidos pela esposa do pas-
tor, a menos que ela tenha algo a fazer com relação ao caso. Não se
devem, também, usar tais casos como ilustrações nos sermões da
própria igreja.
O conselheiro deve saber guardar segredos. Alguns crentes que
têm problemas, não recorrem a certos pastores, porque seus proble-
mas seriam divulgados na igreja, ou pior, seriam usados como ilus-

122 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

trações no sermão do próximo domingo. Mesmo que o pastor não


mencione o nome da pessoa, os outros membros descobrirão logo
quem é o irmão ou irmã que tem tais problemas. É fundamental
que o pastor nunca conte segredos, a nenhuma outra pessoa, nem
que seja a sua esposa. O pastor indiscreto é indigno de sua vocação.
Ninguém quer que suas confissões se transformem em ilustrações
de mensagens!
As pessoas que têm problemas não recorrem ao pregador cujas
mensagens dão ênfase à censura e exigem duramente uma santida-
de que se transforma em “santarronice”. Esse não é o tipo de con-
selheiro a quem elas poderiam contar os aspectos mais íntimos de
sua vida. Essas pessoas querem ser incentivadas e ajudadas, e não 2
censuradas. O espírito de crítica pode ser um sintoma de insegu-
rança e de frustração.
O dever de manter sigilo é tão importante para um pastor como
tão respeitado pela sociedade democrática que a própria legislação
se ocupou de inserir essa exigência em seu ordenamento jurídico
como veremos adiante.
O obreiro tem direito legal de manter sigilo.
Ideias elementares de Ética Pastoral é que o líder espiritual
não exponha a vida dos outros; que ele respeite a privacidade das
pessoas que compõem rebanho que o Senhor lhe confiou; isto é o
obreiro do Senhor deve ser extremamente sigiloso.
Mas, suponhamos que um descrente procure um dirigente de
congregação, com o objetivo de receber do obreiro um conselho, e
esta pessoa venha a confessar ao obreiro um homicídio (ou qual-
quer outro crime) que o próprio aconselhando tenha cometido e,
em seguida, fugiu das autoridades.
Logicamente, de acordo com o que a Palavra de Deus recomen-
da, o conselheiro espiritual deverá destacar ao confesso a condena-
ção que a Bíblia faz para o pecado por ele praticado; mostrará a ele
também a necessidade de um genuíno arrependimento; mostrará
ainda a disposição de Deus em perdoá-lo, através de Cristo; decla-
rará também que ele precisa abandonar definitivamente a vida de
pecado; enfim, o obreiro aprovado deverá mostrar-lhe todo o plano
de salvação; e, além de tudo isto, o conselheiro deverá orientar esta
pessoa que se entregue às autoridades (o que é imprescindível!).

123
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Todavia, faço alguns questionamentos, a partir deste drástico


exemplo hipotético, a fim de discutirmos a garantia do direito do
obreiro a manter o sigilo:
Como o obreiro deste drástico exemplo foi procurado na quali-
dade de conselheiro espiritual, ele deve guardar sigilo do fato nar-
rado pelo criminoso, caso este não venha se apresentar às autorida-
des? O obreiro deve procurar a polícia e delatá-lo?
O que fazer se a polícia ou qualquer outra autoridade, que sus-
peite que o obreiro que sabe de algo àquele respeito, perguntar,
perquirir40 e insistir para que o obreiro se manifeste sobre o caso?
2 Diante da insistência da autoridade, deve o conselheiro delatar41 o
criminoso ou não? O que a lei brasileira diz a respeito disso? As res-
postas a estas indagações se encontram no artigo 207 do Código de
Processo Penal Brasileiro, que preceitua: “São proibidas de depor as
pessoas que, em razão de função de ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessa-
da, quiserem dar seu testemunho”.
O obreiro tem direito legal de não participar do corpo de jura-
dos do tribunal do júri caso seja sorteado para isso.
A este respeito assim diz a lei: “Os jurados serão escolhidos den-
tre cidadãos de notória idoneidade. Mas, são isentos do serviço do
júri: [...] quando o requerem e o juiz reconhecer a necessidade da
dispensa-os médicos e os ministros de confissão religiosa...” (Artigo
436 do Código de Processo Penal Brasileiro, Parágrafo Único, Inci-
so XI, alínea “a”).
O obreiro tem direito legal de se eximir de ser testemunha em
litígios civis caso seja já arrolado para tal incumbência.

Dois artigos de nossa legislação tratam disso:


• “A testemunha não é obrigada depor de fatos a cujo respeito, por
estado ou profissão, deva guardar sigilo” (Artigo 406, inciso II, do
Código de Processo Civil Brasileiro).
• “Ninguém pode ser obrigado a depor de fatos, a cujo respeito, por
estado ou profissão, deva guardar segredo” (Artigo 144 do Código
Civil Brasileiro).

40   Investigar com escrúpulo; inquirir minudentemente; pesquisar, indagar, perscrutar, esquadrinhar.
41   Denunciar, revelar (crime ou delito).

124 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Portanto, vemos que legalmente os obreiros do


Senhor são resguardados de manter sigilo, quando
agem no exercício do ministério (somente nesse
caso!). Isto além de nos tranquilizar, do ponto de
vista da cidadania, também nos confere uma maior
responsabilidade, quanto ao aspecto espiritual des-
se direito. Certamente, Deus regeu as autoridades
de nosso país para que garantissem o direito de si-
gilo, por parte do ministro do evangelho, para que
mais vidas tivessem a possibilidade de ouvirem do
amor do Senhor e da salvação produzida por Jesus.
2

125
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

126 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

9. É certo afirmar que


a) Desde que o conselheiro espiritual seja uma pessoa de ora-
ção, não há risco de que venha cair na área sexual
b) O conselheiro espiritual deve preocupar-se mais com a inti-
midade com seu cônjuge que com manutenção de um devo-
cional diário de oração e de estudo da Palavra de Deus 2
c) O conselheiro cristão não deve prestar conta de sua vida ínti-
ma para ninguém, visto que não há pessoas preparadas para
ouvir esse tipo de assunto
d) O momento do aconselhamento espiritual tem sido motivo
de queda para muitos pastores e líderes que não têm tido al-
guns cuidados no que tange à ética sexual

10. Quanto ao aconselhamento espiritual na área dos problemas da


vida sexual dos aconselhados é coerente dizer que
a) Quem aconselha deve iniciar a conversa sobre problemas,
preferências ou fantasias sexuais com a finalidade de saber
como dar um conselho mais preciso
b) Quem aconselha pode compartilhar detalhes de sua própria
vida sexual a fim de que o aconselhado se identifique com o
conselheiro, ganhando assim sua confiança
c) Para quem aconselha é perigosíssimo fazer comentários so-
bre características sexuais ou físicas ou suposto desempenho
sexual da pessoa que se está aconselhando. Isso é pecado de
exploração sexual
d) Não há perigo para o conselho na atitude de usar bastante da
autoridade e do grau de perícia que tem sobre os membros da
congregação, pois as pessoas a quem o pastor aconselha não
o colocam em um pedestal

127
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

11. É incoerente dizer que


a) Se o conselheiro já foi tentado sexualmente por um membro
da congregação, quando esta lhe pede conselho, não deve en-
caminhar essa pessoa a outro conselheiro cristão, com isso
ganhará confiança
b) Quem aconselha deve tomar cuidado redobrado com as pes-
soas que já foram vítimas de abuso sexual
c) Quem aconselha deve tomar cuidado para que o aconselha-
do não se apegue exageradamente a si

2 d) Quem aconselha deve tomar cuidado com a “transferência” e


seu poder de gerar atitudes lisonjeiras no aconselhado

12. Não exigir que o aconselhado volte em outra seção de aconse-


lhamento é
a) Um dos princípios éticos para se evitar a amizade do aconse-
lhado
b) Um dos princípios éticos para se evitar criar a dependência
do aconselhado
c) Um dos princípios éticos para se evitar criar a inimizade do
aconselhado
d) Um dos princípios éticos para se evitar criar a independência
do aconselhado

13. É imprescindível que o conselheiro espiritual seja extremamen-


te sigiloso. Através dessa afirmação assinale a assertiva incerta
a) O obreiro tem direito legal de manter sigilo
b) O obreiro tem direito legal de não participar do corpo de ju-
rados do tribunal do júri caso seja sorteado para isso
c) O obreiro tem direito legal de se eximir de ser testemunha
em litígios civis caso seja já arrolado para tal incumbência
d) O obreiro é obrigado a depor se o aconselhado cometera ho-
micídio, roubo, etc.

128 • Capítulo 2
O Aconselhamento Pastoral e o Conselheiro

Marque “C” para certo e “E” para errado

14. ( ) A tentação é uma realidade na vida do ministro, da


mesma forma que o é na vida de qualquer pessoa. Devemos
constantemente precaver-nos contra qualquer coisa que dê
brecha à tentação, ao pecado. O que as pessoas absorvam pe-
los olhos, pelos ouvidos ou pelas conversas tornam-se parte
de suas vidas
15. ( ) Somente homens com formação acadêmica em psico-
logia e aconselhamento que não falham moralmente em seu
ministério 2
16. ( ) O artigo 207 do Código de Processo Penal Brasileiro
preceitua: “São obrigadas deporem as pessoas que, em razão
de função de ministério, ofício ou profissão, devam guardar
segredo”

129
Anotações

Anotações

130

Capítulo

Motivos que Levam


as Pessoas Buscarem o
Aconselhamento Espiritual
I

131
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

132 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Que motivos levam


as pessoas a procurar
o aconselhamento 3
pastoral? Capítulo
São muitos os motivos que levam
uma pessoa a procurar um pastor para
o aconselhamento. Iremos analisar doze
problemas mais comuns que aparecem
Neste capítulo veremos;
ao pastor em seu ministério de aconse-
lhamento pastoral.
• Motivos levam as pessoas a procu-
Nesta lição, apresentaremos os pri-
3
rar o aconselhamento pastoral.
meiros quatro conflitos mais comuns e • Os Problemas das Relações Entre
na próxima lição veremos os seguintes. Pais e Filhos.
Nesta seção, estudaremos: os problemas • Os Problemas Enfrentados no
matrimoniais; os problemas das rela- Começo da Fé Cristã Pelos Novos
ções entre pais e filhos; os problemas e Convertidos.
dificuldades com relação à fé; os proble-
mas enfrentados no começo da fé cristã
pelos novos convertidos. Veremos cada
um deles com seus respectivos desdo-
bramentos.

O ícone abaixo indica:


Os Problemas Matrimoniais
Atenção e Foco
Um casal que enfrenta uma crise
pode ter uma ou várias causas, que, na
verdade, apenas orienta(m), mas não
chega ao mais profundo. Por detrás de
cada um desses fatores pode haver outros elementos relacionados
que poderiam ser as causas verdadeiras do problema e as quais se
devem atacar. Enumero aqui as causas mais aparentes dos proble-
mas conjugais.

133
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

1 - O sexo.

Este fator é bastante comum nos problemas do lar. Acontece um


desajuste nas relações do casal. A mulher se sente insatisfeita. O ho-
mem se sente rejeitado. Não há liberdade de participação mútua (1
Co 7.3-5). Essas situações causam tensões entre o casal, recrimina-
ções, afastamento físico e emocional. Há casos, em que a situação
avança tanto que pode provocar a infidelidade e o rompimento do lar.
Quando o sexo é um fator de tensões deve-se buscar em que área
da vida sexual o casal não tem conseguido ser feliz como é o plano
de Deus. Em termos gerais, poderiam ocorrer uma ou várias das
seguintes:
Falta de educação sexual. Geralmente mulheres e homens tam-
bém chegam ao casamento sem ter uma ideia do papel que desem-
penha o sexo. Disso provêm os abusos que, com frequência, os
3 homens cometem na noite de núpcias e que causam sérias dificul-
dades posteriores. Também ocorrem sentimentos de culpa, atuação
passiva da mulher e incompreensão mútua.
Conceitos religiosos errados. A tradição católica com profundas
raízes do maniqueísmo42 filosófico diz que a matéria é mal e pe-
caminosa, e, portanto, as relações sexuais também são. Essa ideia
exerce uma influência muito poderosa em nosso povo. Bem analisa
Alberto Barrientos, em seu livro Trabalho Pastoral, que o problema
citado se agrava quando combinado com a crença popular de que
o pecado original, a tal “mordida na maçã”, foi a união sexual de
nossos primeiros pais.
O próprio fato de a Igreja Romana apresentar Maria, a mãe de
Jesus, como virgem depois do parto, e a rejeição total da possibili-
dade de que ela tivesse tido mais filhos, se enquadra neste padrão
doutrinário (Mc 3.31-35; Mt 13.53-56). As mais afetadas têm sido
as mulheres, para quem o sexo se limita à reprodução. Muitas de-
las chegam ao casamento com uma atitude negativa ou de reser-
va quanto ao sexo, pela razão já apontada. E isto faz com que sua
participação seja limitada, inexpressiva ou indiferente (Gn 1.26-28;
2.18-25; Hb 13.4; 2 Co 7.1-9; 1 Tm 4.3-5; 1 Pe 3.1-7).

42   Doutrina do persa Mani ou Manes (séc. III), sobre a qual se criou uma seita religiosa que teve adeptos
na Índia, China, África, Itália e S. da Espanha, e segundo a qual o Universo foi criado e é dominado por dois
princípios antagônicos e irredutíveis: Deus ou o bem absoluto, e o mal absoluto ou o Diabo.

134 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Traumas. Podem ocorrer experiências como: uma mulher que,


quando menina, foi molestada por algum homem; tentativas de
abuso ou de estupro; viu um homem nu; foi expiada nua e coisas
semelhantes. Essas situações podem constituir um choque tão forte
que deixam a mulher com medo dos homens, ou ainda com repug-
nância dele, e isto a impede de atuar de igual para igual para com
seu marido, quando se casar.
Sentimentos de culpa. Mulheres que tiveram relações sexuais
antes do casamento; homens que, sendo cristãos, tiveram relações
extraconjugais; homens e mulheres que, sem ser homossexuais, ti-
veram alguma experiência dessa natureza, muitas vezes não conse-
guem livrar-se da culpa, vergonha ou raiva. Sobrevêm as indiferen-
ças, e ainda em casos extremos até a “impotência”.
Medo de engravidar. Este fator é muito conhecido em todos os
lares e produz sérias dificuldades se não for tratado com franqueza
e realismo.
Ressentimentos. Muitas vezes, tanto o homem como a mulher,
3
se “esfriam”, se afastam ou se negam sexualmente, simplesmente
por uma “vingança”. Alguma coisa ofendeu um deles, isso não foi
resolvido, não foi falado, foi guardado e é usado como arma. É ób-
vio que, ao detectarem-se as causas, deve-se atacá-las. Muitas vezes,
uma pessoa ou casal requererá uma reeducação sexual. Deve-se su-
gerir a leitura de algum livro simples que oriente a respeito, ou ter
uma sessão especial para explicar este assunto.
Há igrejas que têm programas de educação sexual. Orien-
tam-se os jovens desde os primeiros anos da adolescência. Ofere-
ce-se um curso de jovens desde os primeiros anos da adolescência.
Promove-se um curso de várias sessões ou semanas aos casais de
noivos. E para os adultos casados, têm-se conferências e diálogos
sobre este assunto, além da consulta particular que se pode oferecer.
Um bom programa de educação sexual na igreja é a melhor preven-
ção contra problemas futuros.
Nos casos de sentimentos de culpa, ressentimentos ou traumas
– quando se consegue que a pessoa descubra e reconheça o fator
causante – a fé no Senhor, a aceitação de seu perdão, a aceitação da
paz e da possibilidade de voltar a começar a vida em Cristo, são re-
cursos incalculáveis com que conta o pastor como conselheiro (Lc
15.11-24; Jo 8.1-11; 2 Co 5.17; Sl 51; Jo 1.7-9).
É recomendável que cada família tenha algum texto sobre este
assunto. Atualmente esta literatura existe em abundância e há des-
de as obras pornográficas (que devem ser veementemente repudia-

135
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

das!) até as bastante científicas e as evangélicas.


Há obras simples, econômicas e objetivas. Ninguém melhor que
o pastor pode selecionar esta literatura e fazer as recomendações
para cada caso, para cada idade e para a maneira de utilizar essa
boa literatura. Se a igreja local puder manter uma biblioteca será de
grande valia para a edificação das famílias.

2 - Problemas econômicos.

O lar é uma escola da vida. É nele em que se constrói ou se des-


trói o êxito das gerações futuras. Assim sendo, é indispensável uma
boa administração doméstica para que a vida dos componentes do
lar seja o reflexo de uma vida espiritual equilibrada.

3 Em primeiro lugar, a destruição de muitos casamentos começa


nas finanças, pelos seguintes motivos genéricos:
• Gastar mais do que se ganha;
• Não ganhar o suficiente para as necessidades básicas;
• Gostar de estar comprando coisas desnecessárias ou de luxo;
• Pagar contas alheias, ser fiador de outros;
• Não saber trabalhar ou não ter mão-de-obra qualificada que se
possa exigir uma remuneração melhor;
• Haver na família pessoas que podem trabalhar, mas vivem “en-
costadas”;
• Situações imprevisíveis como um incêndio, roubo, morte do pai;
• Irresponsabilidade no trabalho;
• A necessidade de ambos terem de trabalhar fora de casa.

Em segundo lugar, os casais que se perdem na economia do-


méstica o fazem porque, normalmente, não entenderam o que disse
Abraão Lincoln: “Nunca evitaremos as dificuldades se gastarmos
além do que possuímos; quem gasta tudo o que tem, termina gas-
tando o que não tem”.
Geralmente, perdem-se não sabendo distinguir as diferentes es-
pécies de despesas. O conselheiro cristão deverá orientar as pessoas
nesse particular. E como podemos enumerar os gastos de um lar,
por prioridade? Vejamos:

136 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

• Despesas indispensáveis e improrrogáveis: alimentos, produtos


de higiene e limpeza; gás de cozinha, gastos com o transporte
de ida e volta ao trabalho; aluguel ou prestação da casa própria,
taxas de água e de luz, etc.; tratamento de saúde e gastos com
educação.
• Despesas indispensáveis, porém prorrogáveis: compra de rou-
pas, calçados, etc.; aquisição ou manutenção de aparelhos do-
mésticos, móveis e utensílios para a casa.
• Despesas eventuais, porém inevitáveis: viagem a passeio ou por
problema de doenças de parentes; presente de aniversário ou
casamento, etc.
• Dispensáveis: despesas com supérfluos: aparelho de som, fil-
madora, decoração, etc.; quaisquer equipamentos para fins de
lazer. (BRITO - Apostila sobre Família Cristã)

3
3 - A intervenção de terceiros.

Quando em um lar há outras pessoas que tomam as decisões ou


que influem constantemente nelas, podem aparecer os problemas.
Tais pessoas podem ser sogros, cunhados, avós ou amigos muito ín-
timos. O velho ditado: “Quem casa quer casa” é muito válido. Cada
lar deve aprender a fazer sua própria vida.
O casal desde antes de se casar deve reconhecer em que medida
um ou outro, ou ambos, são dependentes econômica ou espiritual-
mente de outros, e procurar libertar-se dessas ataduras. E da mes-
ma forma os pais devem limitar sua participação em um novo lar
ao mínimo possível.

4 - Os filhos.

Ainda que os filhos sejam uma bênção dos céus, às vezes, bus-
cam problemas. Não eles mesmos, mas as atitudes dos pais. As de-
savenças nesta área podem ocorrer por diferentes razões:
• A despreocupação do homem por sua esposa durante a
gravidez. Há mulheres que sofrem muito durante este
período e os homens se comportam com grande indi-
ferença.

137
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

• Em alguns casos são os homens que, durante a gravidez


da esposa, sentem uma variedade de mal-estar. Uma ati-
tude desconsiderada ou zombeteira por parte da mulher
pode acarretar situações difíceis.
• A falta de participação conjunta do casal na educação
dos filhos. Não há diálogo entre eles, não há diretrizes,
não há acordos. Surgem assim as atitudes indiferentes,
violentas ou parciais.
• Geralmente os casais começam a notar mais claramen-
te seus erros quando os filhos entram na adolescência.
Nessa época eles mostram de diferentes maneiras, o que
ressentem de seus pais. Os pais se acusam mutuamente e
os problemas se agravam por apresentar vários aspectos,
pois os filhos entram em jogo. Diante desta situação é
mais importante prevenir que curar. E a igreja pode aju-
3 dar grandemente na redução de problemas no lar devido
aos filhos, quando promove regularmente estudos bíbli-
cos e seminários sobre a educação no lar.

5 - A religião.

Podem causar problemas e atitudes como as seguintes:


• Intolerância de um dos cônjuges para com a fé do outro;
• Menosprezo do cônjuge cristão para com o que não crê;
• O cônjuge cristão se “dedica tanto à igreja” que descuida de seu lar;
• O legalismo religioso pelo qual na casa não se pode fazer outra
coisa a não ser ler a Bíblia, orar, obrigam-se os filhos a frequen-
tar a igreja (não levam os filhos a servir a Deus por amor, mas
sim, por obrigação). Levam os filhos a obedecer aos usos e cos-
tumes da igreja local por força e não por amor, sem explicar o
porquê deles.

Como se vê, os problemas por causa da religião podem ocorrer


tanto onde os cônjuges são de religião diferente como onde ambos
são cristãos.

138 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

A religião por si só não é um elemento que soluciona problemas.


Às vezes, cria problemas ou os agrava, conforme forem as atitudes.
Por isso, o conselheiro espiritual deve ter em mente as recomenda-
ções da Palavra de Deus, em vários casos:
• Quando a situação se torna intolerável para o cristão e se es-
gotam todos os recursos, deve-se lembrar que Deus nos tem
chamado à paz (1 Co 7.10-15).
• Um dos cônjuges não é cristão, mas respeita o outro e quer vi-
ver com ele (1 Co 7.16; 1 Pe 3.1-7).
• O descuido do lar para atender a igreja (1 Tm 5.8).
• O lar deve ter vida espiritual, mas não uma saturação de religio-
sidade e de formas externas. O evangelho não é um código de
proibições e deveres, mas é vida de Jesus manifestando-se em
cada crente pela presença e ação do Espírito Santo (Gl 2.16-17;
3.1-5; 5.1-6; 5.22-23).
3
6 - Ciúmes.

Por que os cônjuges são acometidos de ciúmes? Dentre muitas,


podemos destacar algumas causas, procurando apresentar qual ini-
ciativa o conselheiro espiritual deverá tomar:
• Falta de segurança em relação ao comportamento do cônjuge.
Neste caso, o conselheiro cristão deve orientar os cônjuges a te-
rem comunicação bem aberta, a prestarem contas uns para com
o outro, de sua vida fora de casa; a terem cuidado com atitudes
que geram dúvidas.
• Complexo de inferioridade, que se caracteriza com o ciumento
subestimando-se, achando os outros superiores a si, achando
que o cônjuge não está satisfeito. Quem está aconselhando deve
levar o ciumento a crer o que a Bíblia diz ao seu respeito; deve
levá-lo a valorizar suas próprias qualidades; incentivá-lo a pro-
curar uma comunicação bem aberta sobre o relacionamento
conjugal.
• Infância vivida em ambiente de engano. As lembranças da in-
fância em ambientes de fraude e traição. O pastor deve condu-
zir a pessoa à cura interior; e ao perdão; e levar o aconselhando
a estabelecer um ambiente de confiança.

139
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

• Uso eventual da mentira no dia-a-dia também gera ciúmes.


Quando se tornam uma constante as “mentirinhas” no lar: tan-
to entre os cônjuges como dos pais para os filhos, a mentira
gera desconfiança. Quem ministra o aconselhamento ajudará
essa pessoa a resolver esse problema se levar os casais a terem
uma atitude tríplice: abandonar de vez a prática das “mentiri-
nhas”; repreender toda mentira; e viver a verdade.
• Projeção do que há no inconsciente. Explicando: a pessoa tem
pensamentos de imoralidade e adultério e acaba pensando que
todos também os têm, principalmente seu cônjuge.

No aconselhamento esta pessoa deve ser orientada a suplicar


de Deus a presença do Espírito Santo, estando em confissão cons-
tante, bem como manter a comunhão com Deus: relacionando-se
pessoalmente com o Espírito Santo; orando; lendo a palavra e bons
3 livros; e congregando.
Possessividade exagerada. Isso se traduz normalmente por se ter
sentimento de posse exacerbado e doentio para com o cônjuge; por
ter o outro como um objeto; por não respeitar a individualidade
do(a) companheiro(a). Assim, o orientador espiritual incentivará
quem chega a si com esse tipo de problema a passar a ver seu cônju-
ge como a Bíblia diz que ele/ela é; e a respeitar seu cônjuge.
Provocação: Isso é uma grande infantilidade, o desejo de fazer
com que o outro sinta ciúme, querendo receber “massagem” no ego.
O pastor deve no aconselhamento incentivar as pessoas a atentar
para os graves perigos que correm por isso; bem como deve levar o
aconselhando a exercer um amor verdadeiro.
Não suprimento das necessidades do cônjuge também gera ciú-
mes. Como se caracteriza? Com a falta de atenção que deveria se
dar ao cônjuge e com ausência da vida e das decisões do parceiro.
Logo, o ministro deve levar essas vítimas do ciúme a entender as
necessidades do cônjuge (homem / mulher – são diferentes); e in-
centivá-los a estarem mais presentes na vida do(a) companheiro(a).

140 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

7 - A terceira idade.

Chamamos assim a época, quase sempre a partir dos cinquenta


anos, quando os cônjuges vêem seus filhos já grandes, casados, e
eles ficam sós. Acabam sofrendo a chamada “síndrome43 do ninho
vazio”. Para alguns casais, esta é uma época muito difícil.

Essa situação pode ser causada por pelo menos três motivos:
• Quando os filhos saem de casa, a mulher, que talvez, vivia única
e exageradamente para eles, sente-se só e a vida perde o senti-
do.
• Quando a mulher, por causa dos partos, por causa da meno-
pausa, ou em função de outros fatores, diminui a libido44, desin-

3
teressando-se sexualmente por seu marido, e perde esse nível
de relacionamento com ele. Se o marido está em boas condi-
ções, é muito perigoso que o afastamento sexual de sua esposa
o afaste dela emocionalmente e o ponha em uma situação de
tentação diante de outras possibilidades.
• Às vezes, apesar das condições físicas normais, há casais que,
por ideias errôneas, acham que a função sexual já não tem va-
lor. Descuidam-se dela e vão se afastando um do outro.

8 - Situações inesperadas.

Situações como a separação temporária pela transferência de


um cônjuge a outro lugar devido a seu trabalho; fracasso em um
negócio ou empreendimento; incêndio da casa e perda de tudo por
descuido evidente; morte de um filho e o não se conformar com o
sucedido, etc. Essas ocasiões podem ser causas de problemas entre
o casal.
A separação, especialmente quando prolongada, pode trazer
tentações e oportunidades de criar relações extraconjugais. Nos
fracassos em empreendimentos, se um dos cônjuges recrimina o
outro, trata-o como “incompetente”, “inútil”, “incapaz”, etc., não só

43   Conjunto de características ou de sinais associados a uma condição crítica, suscetíveis de despertar reações de
temor e insegurança.
44   Instinto ou desejo sexual.

141
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

o afundará ainda mais, mas fará com que se sinta rejeitado por seu
companheiro. A morte de um filho (ou de algum parente próximo),
quando não aceita como parte da vontade divina, causa, às vezes,
ressentimento contra Deus, afastamento dele e queixas contínuas
no lar. Para o cristão existe a possibilidade de considerar cada caso,
ver o que pode ser evitado no futuro, saber que com Deus sempre
se pode começar e que mesmo a morte não é derrota para os que
crêem (Rm 8.28; Hb 10.32-36; Tg 4.13-15).

142 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

1. Um texto Bíblico adequado para utilizar no aconselhamento de


casais com problemas relacionados a vida sexual seria:
a) 1 Coríntios 7.3-5
b) Hebreus 10.32-36
c) 1 Timóteo 5.8
d) Marcos 3.31-35

2. É coerente afirmar que


a) É exagero dizer que os traumas da infância podem constituir 3
um choque tão forte que deixam a mulher com medo do ho-
mem, ou ainda com repugnância dele, o que irá prejudicar
seu desempenho sexual
b) É recomendável que cada família tenha algum livro texto
cristão sobre Educação Sexual, e ninguém melhor que o pas-
tor pode selecionar esta literatura
c) Pouquíssimos crentes têm sentimentos de culpa por terem
tido relações sexuais antes do casamento, pois Jesus liberta-
nos de tudo isso instantaneamente no momento da conver-
são
d) Se procurado, o pastor conselheiro não deve dar conselhos
na área da administração financeira para os casais, porque
essa é uma área muito melindrosa e porque a Bíblia fala mui-
to pouco sobre isso

3. Quanto à organização de gastos por prioridade no lar, é correto


dizer que
a) Despesas indispensáveis e improrrogáveis: alimentos, produ-
tos de higiene e limpeza; gás de cozinha, gastos com o trans-
porte de ida e volta ao trabalho; aluguel ou prestação da casa
própria, taxas de água e de luz, etc.; tratamento de saúde e
gastos com educação

143
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

b) Despesas indispensáveis, porém prorrogáveis: despesas


com supérfluos: aparelho de som, filmadora, decoração, etc.;
quaisquer equipamentos para fins de lazer
c) Despesas eventuais, porém inevitáveis: compra de roupas,
calçados, etc.; aquisição ou manutenção de aparelhos domés-
ticos, móveis e utensílios para a casa
d) Dispensáveis: viagem a passeio ou por problema de doenças
de parentes; presente de aniversário ou casamento

4. É errado dizer que quanto aos problemas enfrentados pelo casal


motivados pelos filhos...
a) Há a tendência de estes problemas se avolumarem quando
os filhos entram no período da vida denominado de “adoles-
cência”
3 b) Podem ser causados pela despreocupação do homem por sua
esposa durante a gravidez
c) Pode relacionar-se com a participação conjunta do casal na
educação dos filhos
d) As igrejas que promovem regularmente estudos bíblicos e
seminários sobre a educação no lar pouco têm colhido de
frutos bons na melhoria da relação familiar

5. O conselheiro deve estar atento para ajudar os casais vítimas do


ciúme conjugal. Nesse sentido, assinale abaixo a alternativa que ex-
pressa o que não podem ser consideradas como causas profundas
desse grave problema:
a) Provocação; não suprimento das necessidades do cônjuge
b) Uso eventual da mentira no dia-a-dia; projeção do que há de
negativo no inconsciente; possessividade exagerada
c) Beleza excessiva de um dos cônjuges; a posse de bens e di-
nheiro
d) Falta de segurança em relação ao comportamento do cônju-
ge; complexo de inferioridade; infância vivida em ambiente
de engano

144 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Marque “C” para certo e “E” para errado


6. ( ) Geralmente mulheres e homens chegam ao casamento
sem ter uma ideia do papel que desempenha o sexo. Disso
provêm os abusos que, com frequência, os homens cometem
na noite de núpcias e que causam sérias dificuldades poste-
riores. Isso é falta de educação sexual!
7. ( ) A destruição de muitos casamentos começa nas finan-
ças, pelos seguintes motivos genéricos: gastar mais do que se
ganha; não ganhar o suficiente para as necessidades básicas;
gostar de estar comprando coisas desnecessárias ou de luxo;
pagar contas alheias, ser fiador de outros; não saber trabalhar
ou não ter mão-de-obra qualificada que se possa exigir uma
remuneração melhor; haver na família pessoas que podem
trabalhar, mas vivem “encostadas”; situações imprevisíveis
como um incêndio, roubo, morte do pai; irresponsabilidade
no trabalho; a necessidade de ambos terem de trabalhar fora
de casa
3
8. ( ) O lar deve ter vida espiritual, uma saturação de religio-
sidade e de formas externas. O evangelho não é um código de
proibições, porém de deveres

145
Anotações

Anotações

146
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Os Problemas das Relações Entre Pais


e Filhos
Geralmente, o relacionamento entre pais e filhos se agrava quan-
do seus filhos chegam à adolescência. Alberto Barrientos fala com
muita propriedade sobre isso. Diz esse escritor que os pais presumem
que tudo vai bem no transcorrer de sua criação. De repente, os pais
são sacudidos pelas novas atitudes do adolescente: rebeldia; incons-
tância; idealismo às vezes extremo; ausência de sociabilidade; desin-
teresse pela religião e o consequente interesse por outras coisas que
não a fé, etc., casos em que quase nada mais pode ser feito.
Há algumas verdades que o pastor precisa ensinar no púlpito de
sua igreja. E, às vezes, é preciso ministrar tais verdades individual-
3
mente. É melhor o conselho preventivo do que o conselho curativo.
Vejamos adiante quais são.
Os pais desde antes que nasça um filho, preci-
sam assumir o fato de que em suas mãos está a for-
mação de uma pessoa. O filho não é simplesmente
o fruto do amor. Como diz Barrientos é “um verda-
deiro empreendimento, uma obra que se projeta e
se vai formando durante muitos anos”.
O casal deve ver, com quinze ou vinte anos de antecedência, um
filho livre e que use bem sua liberdade. Deve ver um filho capaz
de enfrentar o mundo por si mesmo. Deve ver um filho que pos-
sa tomar decisões por si mesmo e de forma responsável. Deve ver
um filho que possa relacionar-se com os demais de forma normal
e criativa. E deve ver em seu filho alguém que possa formar um lar
próprio e estável. A menos que um casal entenda o que se propõe
a fazer com seus filhos, será difícil que cumpra sua função. Os pais
precisam saber em que direção está indo com relação a seus filhos.
A pergunta que se deve fazer a um pai é: O que você pretende
fazer de seu filho? O estabelecimento de um relacionamento har-
monioso com os filhos começa ainda antes do berço.
Hoje, se recomenda que o homem se familiarize muito com o
ventre de sua esposa quando grávida. Que o toque, que procure
ouvir as batidas do delicado coraçãozinho. Que o marido esteja pre-

147
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

sente e, se possível, que ajude no momento do parto.


O carinho, o afago, as palavras ao recém-nascido não devem vir
só da mãe, mas também do pai. Durante os seis aos doze primeiros
meses de vida da criança são colocadas as bases para a capacidade
de relacionamento que ela terá no futuro. A presença e atenção do
pai e da mãe juntos, são fatores determinantes nesse período. Esse
relacionamento deve manter-se e amadurecer. A criança pode ser
pequena e estar apenas começando a conhecer seu mundo próxi-
mo: o pai e a mãe, seu quarto, sua casa, sua vizinhança. Mas não é
por ser pequena que deixa de ser uma pessoa. Então, deve ser trata-
da como tal, só que de forma adequada à sua idade.
O relacionamento se alimenta de muitos aspectos. Ensinar-lhe
a falar, a caminhar. O contato físico. Às vezes, algumas repreen-
sões. Também, a aprovação e o estímulo por coisas muito pequenas.
Conforme vão crescendo, a conversa sobre os temas de interesse da
3 criança. Ela quer entender tudo. Quer expressá-los em palavras. Por
isso, afirma-se que, ao chegar á idade de quatro anos, ela adquiriu
a maior quantidade de conhecimentos para a vida. Então, quando
seus pais são seus primeiros professores, estabelece-se, também,
uma relação afetiva de valor permanente.
O relacionamento também é alimentado através do lazer sadio,
das caminhadas e dos passeios juntos. Essas “aventuras”, às vezes
sem importância para os “grandões”, são para a criança um víncu-
lo que a liga poderosamente a seus pais. Estas experiências quase
nunca se apagam da memória da criança e por isso têm um valor
emocional muito grande.
O relacionamento também é alimentado por regras. Especial-
mente quando estas são estabelecidas com amor e discernimento. A
criança sabe reconhecer que é castigada por ser amada. E ela gosta
disso. Por isso, aprende a respeitar e obedecer a seus pais, pois com-
preende que isso lhe faz bem.
E este fator desempenha um papel muito importante para o pe-
ríodo da adolescência, quando, pela natureza de sua idade, ela se
torna rebelde. Então, saberá reconhecer e aceitar a autoridade dos
pais naquilo que for necessário.
Toda a aplicação de castigo deve ser conversada com o filho; re-
quer uma advertência prévia; não se deve ameaçar, repetidamente,
sem cumprir o castigo; deve-se procurar saber qual é o meio que dê
resultados melhores com a criança.

148 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

O relacionamento se alimenta do interesse, do reconhecimento


e do estímulo que os pais dêem à criança por cada ato ou tarefa que
esta realize.
Quando a criança só é chamada para ser repreendida porque
não fez bem sua tarefa, ou porque teve uma nota baixa no boletim,
ou por qualquer outro motivo, e não é aprovado por tudo o que faz
de bom ela vê injustiça em seus pais. E, quando isto continua, vai-
se criando pouco a pouco um ressentimento contra eles. Isso brota
com grande força durante a adolescência.
Quando a criança é estimulada por todo o ato de simpatia, ser-
viço, amor, cortesia, não só se sente entusiasmada diante da vida,
mas também se liga internamente a seus pais. Vê neles seu apoio,
seus amigos e aqueles que a ensinam a viver. Uma atitude positiva e
constante dos pais nesse sentido é um fator de união que dura por
toda a vida.
Vale lembrar que a criança aprende o que vê. E aprende por imi-
tação. Este fator é uma espada bigúmea45, e os cristãos devem dar-
3
lhe muita atenção. Quando se pergunta a muitos jovens adolescen-
tes por que não querem frequentar a igreja, por que se rebela contra
as coisas de Deus, estes expressam que na realidade não é com Deus
nem com a fé que eles estão chateados. Estão chateados com o que
têm visto em seus pais, pois vêem que com sua boca dizem uma
coisa, mas na realidade diária do lar e do trabalho eles vivem outra.
Há outro lado da moeda: por ser a criança um grande imitador,
e por ter em seus pais seu modelo máximo, ela desejará ser como
seus pais se estes lhe oferecerem um exemplo digno e estável. Os
filhos, então, respeitá-los-ão e os admirá-los-ão. E desejarão seguir
seus passos. E mesmo chegada à adolescência haverá uma ponte li-
gando pais e filhos, pela qual se comunicarão e conseguirão chegar
a um acordo.
A chegada da adolescência será fácil para os pais que colocaram
boas bases durante a infância. Nesse período, será necessário que
os pais se lembrem de que todos passaram por esses anos difíceis.
Que o jovem já não quer andar de mãos dadas com os pais, nem
sequer andar com eles. Que ele, ainda que ocultamente admire seus
pais, quer ser diferente, quer ser ele mesmo, e vai manifestar isso de
algum modo. Que para ele surgem novos interesses e novos ideais
que nem sempre são os que os pais têm. Que em um dia estão de
um jeito e no outro mudam.

45   Que tem dois gumes; bigume.

149
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Nessas condições, os pais devem reconhecer com naturalidade


que seus filhos atravessam uma época da vida, natural e comum
a todos. Que cabe especialmente aos pais revestir-se de paciência
diante das mudanças emocionais dos jovens, já que isso passa de-
pois de alguns anos. Que, além disso, é principalmente da respon-
sabilidade dos pais serem muito flexíveis e adaptáveis. E que isso
requer deles sabedoria e “diplomacia46”. E que devem estar conti-
nuamente abertos e abrindo o diálogo com seus filhos. Que devem
ser francos e humildes, tanto para chamar a atenção dos filhos e
pedir-lhes que corrijam ações ou atitudes, como para reconhecer
diante deles seus erros e pedir-lhes perdão.
Muitos pais não conseguem entrar em acordo com seus filhos
nesta idade porque tomam uma posição de “autoridade” má com-
preendida, e somente dão ordens, e às vezes, muito mal dadas. Tal-
vez, a melhor posição seja a de ver-se horizontalmente, em um pla-

3
no de igualdade e de amizade, de onde será mais fácil ajudar o filho
a encontrar sua verdadeira identidade.

46   Astúcia ou consumada habilidade com que se trata qualquer negócio.

150 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Os Problemas e Dificuldades com Relação a Fé

De forma muito breve citaremos alguns problemas muito co-


muns entre os cristãos, relacionados com a fé. Lanço mão daqueles
apresentados por Alberto Barrientos e acrescento outros.

1 - O sofrimento.

Muitas vezes o cristão, pela forma como o evangelho lhe foi


apresentado no início, pensa que, ao aceitar Cristo, a vida se torna
um mar de rosas. Na realidade, esse conflito é causado por uma
evangelização mal feita, que não apresenta toda a verdade do evan-
gelho. Por isso, ao evangelizar, deve-se oferecer o quadro mais am-
plo possível para que a pessoa, conhecendo tanto a dádiva como a
3
exigência de Deus ao pecador, depois não estranhe tudo o que lhe
sobrevenha.
Além disso, deve-se lembrar de que o sofrimento às vezes é ne-
cessário para que se conheça a graça de Deus, que se compreenda a
situação de outras pessoas que sofrem e que se possa ajudá-las, para
que se aprenda a depender de Deus e para que seja aperfeiçoado à
imagem do Seu Filho Jesus Cristo.
Não se deve buscar o sofrimento, mas se ele vier, deve-se ado-
tar uma atitude positiva, pela qual ele seja aceito e enfrentado com
inteligência e fé. Muitas vezes também sofremos, não porque Deus
o permita, mas por nosso próprio pecado, negligência ou falta de
planejamento. O conselheiro espiritual deve ter em mente as se-
guintes passagens bíblicas, no momento do aconselhamento: Lucas
14.25-33; Mateus 5.10-12; Tiago 5.11; 2 Coríntios 1.3-11; o Livro de
Jó; Hebreus 2.10; 12.2; 1 Pedro 4.13; 5.9.

151
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

2 - Desânimo.

É muito comum escutar dos irmãos frases como estas:


• Por que será que não sinto vontade de orar?
• Não sinto vontade de ir à igreja?
• Não sinto vontade de cumprimentar os irmãos?
• Sinto vontade deixar de me envolver com os irmãos e com a
igreja?

Às vezes, o cristão se esquece que nem tudo na vida é sentir von-


tade. Há muitas coisas que se fazem todos os dias, não porque se
sinta o desejo, mas por muitas outras razões. As emoções são uma
parte da vida, mas não tudo. O pensamento também guia nossa

3 conduta. Assim, o cristão tem de aprender a guiar sua conduta como


nova pessoa, não somente pelo que dita seus sentimentos, mas, pelo
que Deus lhe diz através de sua Palavra e por outros meios.
Se um cristão se ressente com outro, seus sentimentos feridos o
afastam dele e tiram-lhe a vontade de ver e falar com aquela pessoa.
Mas como Deus diz à sua mente que para ser perdoado deve-se pri-
meiramente perdoar. Também o Senhor lhe fala que para adorá-Lo
deve-se primeiramente estar em paz e em amor com o irmão, ele
então deve se guiar pelos preceitos da voz de Deus e não de seus
sentimentos. Assim, é preciso ensinar ao cristão desde o princípio
o equilíbrio que deve haver entre os sentimentos e o pensamento
quanto à direção de sua vida. O conselheiro deve saber manejar
bem a Palavra no que tange esse conflito: Filipenses 1.9-11; 4.8-9; 2
Pedro 1.5-10.

3 - Quedas em pecado.

O irmão que comete uma falta séria, e o reconhece, precisa, so-


bretudo, ser assegurado da promessa do perdão divino. Se a pessoa
se arrepende, confessa sua falta e a deixa, a promessa de Deus é
que ela é perdoada (Pv 28.13). Então, é responsabilidade de quem
errou crer em Deus e considerar-se limpo. Há crentes que insistem
em chorar seus pecados, por dias, por semanas e ainda por anos,
depois de já terem pedido perdão, se arrependido e abandonado
o pecado. Isto não é normal, nem próprio da fé cristã. Ao aceitar

152 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

o perdão divino deve-se encerrar o assunto de uma vez por todas.


Nem sequer voltar a comentá-lo. Aquilo foi esquecido por Deus.
Portanto, deve ser esquecido pelo irmão, que deve prosseguir com
sua vida em Cristo. Parte da restauração do que caiu é também se
sentir perdoado pelo pastor e pela igreja. Estes devem igualmente
aprender a esquecer o que foi confessado.
É, além disso, a reafirmar o amor e o companheirismo (1 Jo 1.7-
9; 2.1; Pv 28.13; 1 Co 5.1-13 cf. 2 Co 2.5-11; Gl 6.1).

4 - Sentir-se tentados.

Há muitas razões pelas quais um cristão pode sentir-se tentado.


Para muitos o simples fato de “sentir-se tentado” faz com que se

3
sinta mal perante Deus. Consideram-se impuros e indignos. Con-
tudo, o pastor conselheiro deve ter em mente vários textos sobre
este assunto, no momento do aconselhamento:
• A tentação pode ser um incentivo ao próprio pecado (2 Sm 11.1-4).
• A tentação pode ser um incentivo a não fazer o bem (Mt 4.1-11;
Tg 4.17; Rm 12.19-21).
• A tentação pode ser um incentivo a não seguir em direção ao
alvo que Deus tem proposto em Jesus Cristo (1 Tm 5.15; Hb
10.35-39).
• A tentação pode provir tanto da própria pessoa, como do diabo
ou do mundo (Mt 4.1-11; Tg 1.14; Ef 2.1-3).
• A tentação em si não é pecado (Tg 1.12-15; 5.17).
• O cristão não deve sentir-se envergonhado, nem afastado, nem
abandonado por Deus quando é tentado (Hb 2.14-18; 4.14-16).
• A tentação pode ser suportada (1 Co 10.13; Tg 1.12; Hb 4.15).
• O cristão não deve expor-se intencionalmente a situações ou
lugares em que entre a tentação (2 Tm 2.22).
• Nas condições normais de vida, de trabalho, de estudo, de via-
gens, etc., sempre haverá tentações. Deve-se aprender a enfren-
tá-las sem temor e controlar a vida pelo poder de Deus (Dn
1.1-8; Mt 5.14-16; 1Jo 2.13-14; 4.4; 2 Tm 1.7).
• Os irmãos podem e devem ajudar-se mutuamente com conselhos,
companheirismo e oração para evitar quedas (Tg 5.16; Gl 6.1-2).
• A tentação deve ser enfrentada com oração e fé, mas também, bus-

153
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

cando atividades criativas, de serviço e lazer sadio. A juventude


especialmente precisa de ação, passeios, oportunidades variadas
de serviço à igreja, aos irmãos, à comunidade, etc.

5 - Não ter certeza da salvação.

Algumas pessoas acusam os crentes de arrogantes quando di-


zemos que temos a certeza de salvação. Mas, pela fé temos essa
convicção: não é pelos nossos méritos! É pela graça do Senhor! (Ef
2.8,9). Entretanto, muitos até dentro das igrejas evangélicas não têm
a certeza de salvação por vários motivos: Buscam a salvação através
da observância da lei - através das suas próprias obras; ou por que
lhes falta o novo nascimento; ou porque há pecado encoberto na
vida; ou por lhes faltar fé no sangue de Jesus.
3 O conselheiro espiritual deve estar preparado para ajudar tais
pessoas. O que deve fazer quem ministra o aconselhamento para
com essas pessoas?
• Deve levá-las a serem sensíveis à ação do Espírito Santo, pois “o
mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos
de Deus” (Rm 8.16).
• Deve confrontá-las com a Palavra de Deus, fazendo-as a tirar
da mente a ideia errada que muitos têm de que é impossível ter
uma absoluta segurança da salvação nessa vida. Jesus garantiu
que quem ouve e crê na Palavra e no Pai Celeste tem a vida
eterna: João 3.36 diz: “Aquele que crê no Filho tem a vida eter-
na...”; João 5.24 confirma: “Na verdade, na verdade vos digo que
quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte
para a vida”. Ainda João 6.47 garante: “Na verdade, na verdade
vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna”.
• Motivar o aconselhando a depositar inteira fé em Deus: Salmos
62.1,2,5-7: “A minha alma espera [heb. Está calada para com
Deus] somente em Deus; dele vem a minha salvação. Só ele é
a minha rocha e a minha salvação; é a minha defesa; não serei
[...] abalado. Ó minha alma, espera somente em Deus, porque
dele vem a minha esperança. Só ele é a minha rocha e a minha
salvação; é a minha defesa; não serei abalado. Em Deus está a
minha salvação e a minha glória; a rocha da minha fortaleza e o
meu refúgio estão em Deus”.

154 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Também o conselheiro espiritual deve estar atento ao fato de que


há pessoas dentro da igreja que nunca irão ter certeza de salvação:
• Quem não ama aos irmãos, conforme 1 João 3.11,14: “Porque a
mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos ame-
mos uns aos outros; [...] Nós sabemos que já passamos da mor-
te para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama
permanece na morte”.
• Quem não obedece a Palavra de Deus por amor como vemos
em 1 João 2.3-5: “Ora, sabemos que o temos conhecido por
isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu
o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e
nele não está a verdade. Aquele, entretanto, que guarda a sua
palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor
de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que
permanece nele, esse deve também andar assim como ele an-
dou”. Também 1 João 5.3: “Porque este é o amor de Deus: que 3
guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não
são pesados”.
• Quem volta constante e conscientemente aos pecados da vida
passada – 2 Coríntios 5.17: “E, assim, se alguém está em Cristo,
é nova criatura [criação] as coisas antigas já passaram; eis que
se fizeram novas”.

155
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Os Problemas Enfrentados no Começo da Fé


Cristã Pelos Novos Convertidos

O conselheiro espiritual deve dar uma atenção especial àquele


que está dando seus primeiros passos na fé cristã. O novo converti-
do é como uma criança recém-nascida, e seu tratamento é diferen-
ciado em relação aos outros membros da igreja.
Eles precisam de alimento leve. Observemos que Paulo teve uma
preocupação diferenciada com eles, quando escreveu aos coríntios:
“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a
carnais, como a meninos em Cristo. Com leite os criei, e não com
manjar47, porque ainda não podíeis, nem tão pouco ainda agora po-
deis” (1 Co 3.1-2). Assim verificamos o que o novo convertido é
como o recém-nascido, o qual deseja leite, como também lemos 1

3
Pedro 2.2: “Desejai afetuosamente como meninos novamente nas-
cidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades cres-
cendo”.
O leite ajuda o bebê desenvolver-se, contudo as pessoas não têm
um desenvolvimento idêntico. Essa diferenciação também acontece
no campo espiritual, pelo que o obreiro do Senhor precisa ser sensí-
vel a isso. É bom que reflitamos que esse fato não acontece somente
hoje, na igreja do primeiro século já havia este problema (Hb 5.12-
14 e 6.1a). Caso o ministro de Deus se defronte com crentes desta
natureza é preciso que tenha paciência e disposição para aplicar vi-
taminas necessárias a fim de ajudá-los no crescimento.
O pastor como conselheiro eficaz irá proporcionar o crescimen-
to do novo convertido em quatro aspectos:

A doutrina bíblica de um modo geral: a doutrina da sal-


vação; da regeneração; da santificação; do arrebatamen-
1) to da igreja; das duas ordenanças da igreja (batismo em
águas e da Ceia do Senhor), do batismo com o Espírito
Santo, dos dons espirituais; etc.

Sobre os costumes da igreja local. Assim, é uma obriga-


ção para o obreiro saber diferenciar, com graça de Deus
(2)
e muito bem, doutrina Bíblica de costumes humanos ou
de dogmas.

47   Comida sólida

156 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Sobre as heresias, que podem destruir sua fé, pois o novo


convertido ainda não tem estrutura para suportar os
(3)
ventos de doutrina que assopram constantemente sobre
si, conforme vemos em Efésios 4.14.

Sobre a contribuição: o novo convertido deve ser ensina-


do a contribuir, mas isto deve ser feito com cautela, sem
(4) coerção5 . Devemos mostrar-lhe que a contribuição é uma
obra de fé e de amor de cada um, a qual tem como con-
sequência muitas bênçãos sobre a vida do contribuinte.

Certa vez, um obreiro disse que quem não fosse dizimista não
seria digno de participar da Ceia do Senhor e, em virtude disso,
quase um grupo de pessoas desviou-se da igreja.
Por todas essas necessidades do novo convertido as igrejas que
3
mais crescem descobriram que devem oferecer um programa siste-
mático de Discipulado aos seus novos convertidos.

157
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

9. É incoerente dizer que


a) Os pais desde antes que nasça um filho, precisam assumir o
fato de que em suas mãos está a formação de uma pessoa. O
filho não é simplesmente o fruto do amor
b) O casal deve ver, com quinze ou vinte anos de antecedência,
um filho livre e que use bem sua liberdade
c) Deve o casal ver um filho capaz de enfrentar o mundo sem-
pre dependente dos pais
3 d) O casal deve ver um filho que possa relacionar-se com os
demais de forma normal e criativa. E deve ver em seu filho
alguém que possa formar um lar próprio e estável

10. O estabelecimento de um relacionamento harmonioso com os


filhos é de suma importância, portanto, é incorreto dizer que
a) O relacionamento se alimenta de muitos aspectos. Ensinar-
lhe (a criança) a falar, a caminhar. O contato físico. Às vezes,
algumas repreensões
b) O relacionamento é alimentado através do lazer sadio, das
caminhadas e dos passeios juntos. Estas experiências quase
nunca se apagam da memória da criança e por isso têm um
valor emocional muito grande
c) O relacionamento somente não é alimentado por regras. Es-
pecialmente quando estas são estabelecidas com certos casti-
gos
d) O relacionamento se alimenta do interesse, do reconheci-
mento e do estímulo que os pais dêem à criança por cada ato
ou tarefa que esta realize

158 • Capítulo 3
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

11. É errado dizer que


a) Ao evangelizar uma pessoa se deve mostrar ao evangelizado
que ao aceitar Cristo, a vida se torna uma benção, onde não
há sofrimento
b) Ao evangelizar, deve-se oferecer o quadro mais amplo pos-
sível para que a pessoa, conhecendo tanto a dádiva como a
exigência de Deus ao pecador, depois não estranhe tudo o
que lhe sobrevenha
c) Ao evangelizar, deve-se lembrar que o sofrimento às vezes
é necessário para que se conheça a graça de Deus, que se
compreenda a situação de outras pessoas que sofrem e que
se possa ajudá-las, para que se aprenda a depender de Deus
e para que seja aperfeiçoado à imagem do Seu Filho Jesus
Cristo
d) Muitas vezes também sofremos, não porque Deus o permita,
mas por nosso próprio pecado, negligência ou falta de plane- 3
jamento

12. Para crentes que enfrentam o problema do desânimo na fé, pas-


sagens que podem ser utilizadas para ajudá-los:
a) Filipenses 1.9-11; 4.8-9; 2Pedro 1.5-10
b) Filipenses 2.9-11; 4.8-9; 2Pedro 1.5-10
c) Filipenses 3.9-11; 1.8-9; 2Pedro 1.5-10
d) Filipenses 3.9-11; 4.8-9; 2Pedro 3.5-10

13. Sentir-se tentado também é um problema muito comum entre


os cristãos, relacionados com a fé. Portanto, com relação à tentação
é incerto afirmar que:
a) Pode ser um incentivo ao próprio pecado
b) Pode ser um incentivo a não seguir em direção ao alvo que
Deus tem proposto em Jesus Cristo
c) Pode provir tanto da própria pessoa, como do diabo ou do
mundo
d) Pode ser insuportável e em si é pecado

159
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - I

Marque “C” para certo e “E” para errado

14.( ) Geralmente, o relacionamento entre pais e filhos se


facilita quando seus filhos chegam à adolescência
15. ( ) Para com as pessoas que não ter certeza da salvação o
conselheiro deve levá-las a serem sensíveis à ação do Espírito
Santo; deve confrontá-las com a Palavra de Deus, fazendo-as
a tirar da mente a ideia errada que muitos têm de que é im-
possível ter uma absoluta segurança da salvação nessa vida e
motivar o aconselhando a depositar inteira fé em Deus
16. ( ) O pastor como conselheiro eficaz irá proporcionar o
crescimento do novo convertido em quatro aspectos: a dou-
trina bíblica de um modo geral; sobre os costumes da igreja
local; sobre as heresias e sobre a contribuição

160 • Capítulo 3
Anotações

Anotações

161
Anotações

Anotações

162

Capítulo

Motivos que Levam


as Pessoas Buscarem o
Aconselhamento Espiritual
II

163
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

164 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

4
Que outros motivos levam
as pessoas a procurar o
aconselhamento pastoral?
Capítulo
Explicação e Base Bíblica

Citei na aula anterior, dentre vários ou-


tros, quatro problemas mais comuns que Neste capítulo veremos;
aparecem ao pastor em seu ministério
de aconselhamento pastoral. Agora, nes- • Outros motivos que levam a pro-
sa lição, apresento mais nove conflitos curar o aconselhamento pastoral.
mais comuns com os quais o pastor con- • O Problema Gerado Pelo Pecado
selheiro se depara. Oculto

Nesta seção estudaremos: doen- • Exemplo Metodológico de Aconse-


lhamento Pastoral
ças psicossomáticas; as enfermidades
da mente e os distúrbios emocionais; a
4
• Como descobrir Causas Simples.
confissão de pecados; a ansiedade e as
preocupações; o medo e a insegurança;
os problemas gerais dos jovens; as difi-
culdades vividas pelos jovens de lares
cristãos; as disputas entre os irmãos. Ve-
remos cada um deles de per si.
O ícone abaixo indica:

Atenção e Foco

165
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Os Problemas Gerados Pelas Doenças


Psicossomáticas

O termo psicossomático se origina de duas expressões gregas:


psique: mente; soma: corpo; logo, “doença psicossomática” em pa-
lavras bem simples, seria a “enfermidade que nasce na mente e re-
percute em forma de um mal no corpo do ser humano”.
A cada dia se compreende melhor como a mente pode produzir
variados distúrbios no corpo. O Dr. McMillen, em seu livro A Pro-
visão Divina Para Sua Saúde, Editora Fiel, diz-nos: A tensão emo-
cional, invisível na mente, capaz de produzir no corpo mudanças
assombrosamente visíveis que podem chegar a ser graves e mortais.
No começo deste século, a infecção era a mais importante causa
de enfermidades graves, debilitantes e crônicas. Agora, decorridos
oitenta anos, a tensão emocional tomou-lhe o lugar. Com efeito,
muitas vezes o estresse reduz a capacidade do indivíduo de comba-
ter com êxito as infecções.
O homem busca a paz, a resolução de seus problemas, o fim do
estresse, mas a paz não vem em comprimidos! Isto é lamentável,
porque a ciência médica reconhece que emoções como o medo,
4 tristeza, inveja, ressentimento e ódio são responsáveis pela maioria
de nossas doenças. As estimativas variam de 60 a 100%. A tensão
emocional pode causar pressão alta, papeira tóxica, enxaqueca, ar-
trite, apoplexia, doenças cardíacas, úlcera gastro-intestinal e outras
doenças sérias, por demais numerosas para serem mencionadas.
Continua dizendo o Dr. McMillen que como médico, ele pode
receitar remédios a partir dos sintomas destas doenças, mas, “nós
médicos, não podemos fazer muito pela causa fundamental – agi-
tação emocional. É lamentável que a paz não venha em comprimi-
dos!”.
Ao recebermos, no gabinete pastoral, pessoas com doenças psi-
cossomáticas, ouvindo-as com paciência, discernimento e amor,
notaremos que as suas maiores dores não são físicas, por maior que
seja o ferimento ou a extensão de seus tumores.
Eles sempre confessam ter uma dor na alma que nenhum me-
dicamento pode aliviar ou curar. Sofrem de complexo de culpa, de
ódio, de desejo de vingança, de solidão e de muitos outros proble-
mas emocionais e espirituais que causaram suas doenças, ou que
estão ajudando a complicá-las.

166 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

O Dr. McMillen volta a nos falar sobre as doenças causadas por


uma vida emocional desordenada: “Um estudo revelou em um hos-
pital, através de entrevistas com paciente sofrendo de colite mu-
cosa, que o ressentimento é a característica mais proeminente da
personalidade, ocorrendo em 96% das vítimas”.
Há 19 séculos, o apóstolo Paulo não somente pregou contra as emo-
ções de ciúmes, inveja, egocentrismo, ambição, ira, frustração, ressenti-
mento e ódio, mas também deu seu antídoto: o amor (1 Co 13).
O amor é o único antídoto capaz de salvar o homem de muitas
doenças produzidas pelas emoções de nossa natureza terrena. Sa-
bemos que sem salvar a alma, sem dar razão de viver ao homem, de
nada adiantará salvar seu corpo. Será por pouco tempo. Somente
Jesus pode curar a alma, dar a paz mesmo em meio ao sofrimento
e a razão para viver, enchendo um coração amargurado com seu
amor e dando vida para sempre. Eis a importância do aconselha-
mento ungido pelo Espírito Santo.
O conselheiro espiritual pode trazer do Médi-
co dos médicos cura espiritual e também emocio-
nal, auxiliando a medicina para a cura integral do
homem. A Bíblia nos mostra que Deus tem a cura
para as doenças psicossomáticas.
4
O Problema das Doenças Mentais e dos Distúrbios
Emocionais

Na maioria dos casos, a doença mental é de origem genética.


Assim como acontece com as doenças físicas, a pessoa também
herda a predisposição à doença mental, e não a própria doença.
A doença mental envolve os neurotransmissores do cérebro. Essas
substâncias, que transmitem impulsos elétricos entre as células do
cérebro, afetam a maneira como a pessoa pensa e sente. Um dis-
túrbio que atinja os neurotransmissores resulta em perturbações
no pensamento (como a esquizofrenia) ou perturbações no humor
(incluindo as grandes depressões e as psicoses bipolares/maníaco –
depressivo).
As boas novas são que, com medicação apropriada, a vasta maio-
ria das pessoas com perturbações mentais pode levar uma vida nor-
mal. Lembre as pessoas desse fato. O pastor conselheiro deve pedir
discernimento ao Espírito Santo para quando um aconselhado dá

167
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

indícios de estar acometido de uma doença que exige um tratamen-


to especializado possa encaminhá-lo para um profissional dessa
área. Nesse mesmo sentido, precisamos discernir doença mental de
distúrbio emocional; discernir tristeza de depressão (muito banali-
zado ultimamente); discernir perturbação de possessão; discernir
doença mental de distúrbio emocional; discernir efeitos de anoma-
lias psíquicas dos efeitos de drogas.

1 - Alguns Sinais de Doenças Mentais.

Alucinações e delírios estão relacionados com doenças mentais.


Tipicamente, são experiências visuais ou audíveis não compartilha-
das ou validadas pelas outras pessoas. A pessoa acometida com tais
distúrbios vê ou ouve coisas que os outros não vêem ou ouvem.
Alucinações podem envolver um ou qualquer combinação dos cin-
co sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar. Há uma diferença
entre esses tipos de experiência e uma fé saudável. Muitos crentes
acreditam que as pessoas podem ter visões e ouvir a voz de Deus.
Essas experiências são parte preciosa de nossa herança pentecostal.
4 Deus nos fornece diretrizes bíblicas para ajudar a discernir se
tais experiências são realmente da parte dEle ou se são sintomas de
doenças mentais. Por exemplo, sabemos que Jesus não aparecerá a
alguém em visão e pedirá que essa pessoa cometa assassinato ou
suicídio ou execute qualquer ato destrutivo. Obviamente, essa não
é uma visão de Deus. É uma alucinação e sintoma de perturbação
mental.
Nenhuma voz proveniente de Deus jamais dirá a um ministro
que o mundo só pode ser alcançado por seu ministério. Trata-se de
delírio de grandeza e sintoma sério de doença mental.
Os psicólogos e psiquiatras cristãos alertam que como os delí-
rios frequentemente lidam com assuntos ligados à perseguição e
grandeza, são mais difíceis de serem discernidos do que as outras
ilusões de natureza estranha. Contudo, se as diretrizes apresentadas
nas Escrituras forem cuidadosamente seguidas, a distinção entre o
que Deus diria a uma pessoa e pensamento delusório48 do mental-
mente doente pode ser alcançada com facilidade. Ainda que os de-
lírios resultantes de doenças mentais possam ser mascarados como
revelações de Deus, não o são.

48   Enganador, ilusório.

168 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Richard D. Dobbins, um experiente terapeuta da Assembleia de


Deus dos Estados Unidos, em seu texto Quando o pastor precisa de
ajuda profissional, publicado no compêndio O Pastor Pentecostal
(CPAD) testemunha que há vários anos atrás, um jovem altamente
talentoso lhe foi encaminhado pelos seus irmãos do campo ecle-
siástico sob sua responsabilidade para uma avaliação psicológica.
Aquele rapaz acreditava que Deus abria as portas do ministério
para ele de uma maneira extraordinária. Em mais de uma ocasião,
tinha aceitado dois compromissos diferentes para pregar em duas
partes diferentes do país para a mesma noite. Além disso, havia
comprado passagens de avião de ida e de volta para ambos os des-
tinos. Alguns pastores o acusavam de ser mentiroso e julgavam que
era um mau caráter.
Contudo, se estivesse mentindo, é altamente improvável que
comprasse com o próprio dinheiro duas passagens de avião para
dois destinos diferentes no mesmo aeroporto e no mesmo dia.
Assim, Dobbins declara que descobriu que o referido jovem so-
fria de psicose bipolar, uma forma de doença mental que muitas
vezes resulta nesse tipo de comportamento inacreditavelmente es-
tranho. Quando foi apropriadamente medicado, não teve mais de-
lírios de grandeza.
Pessoas que sofrem de distúrbio bipolar têm a tendência de não
4
aceitar medicação quando estão “no ponto alto”, na fase maníaca da
perturbação maníaco–depressiva. Essa fase da doença dá aos pa-
cientes uma sensação exagerada de bem-estar desfrutada por eles.
Por se sentirem bem, não tomam o medicamento. Visto que duran-
te esse período é provável que tomem decisões inacreditavelmente
tolas, que podem afetar a vida de outras pessoas, é a ocasião em
que os pacientes, suas famílias e os profissionais da saúde têm de
trabalhar juntos para impedir que tal pessoa tome decisões insanas.
Até que Deus dê às vítimas de perturbações mentais uma for-
ma mais perfeita de cura, elas precisam estar sob medicação e ser
acompanhadas pelo médico recomendado.
A ciência médica tem feito tremendos avanços no combate as
doenças mentais. Na maioria dos casos, mesmos as pessoas que
sofrem de esquizofrenia (a forma mais temida de doença mental),
podem continuar vivendo produtivamente com a ajuda de medi-
camentos. Claro que, nos ambientes pentecostais, ainda há muito
preconceito relacionado ao ato de se tomar medicamentos para
doenças mentais.

169
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

O ministro conselheiro tem papel importante a desempenhar


na remoção desse estigma junto aos congregados que procuram
sua ajuda. Entretanto, até que a igreja assuma uma perspectiva
mais compassiva em relação aos membros do Corpo de Cristo que
precisam desse tipo de tratamento, é provavelmente melhor que o
membro da igreja que esteja sob alguma forma de medicação com
psicotrópicos mantenha esse fato em segredo.
Richard D. Dobbins, na mesma obra citada anteriormente, de-
clara que alguns crentes nutrem a ideia errônea de que os médicos
podem substituir com medicamento o exorcismo ou libertação,
desse modo encobrindo a atuação que os espíritos demoníacos pos-
sam ter na doença mental. Entretanto, sempre que esteja implicada
a possessão ou opressão demoníaca, oração e jejum são elementos
essenciais na expulsão do demônio ou libertação necessária para
dar o alívio desejado. Não obstante, pelas Escrituras podemos ter
por certo que os espíritos malignos, sendo seres sobrenaturais, são
imunes aos remédios deste mundo, como as injeções e comprimi-
dos. Se a doença mental é a responsável pelos sintomas sentidos
pela pessoa, geralmente a medicação é muito eficaz. Portanto, por
que deveríamos negar aos pacientes o alívio que o medicamento
pode lhes proporcionar por medo de estarmos camuflando com sé-
4 rios problemas espirituais?
Agora, se o Espírito nos fez discernir que o problema é eminen-
temente espiritual, o que temos a fazer é orar, jejuar e ministrar
libertação.

2 - Alguns sinais de distúrbios emocionais.

Diferente das doenças mentais, os distúrbios emocionais não


acometem permanentemente os neurotransmissores. É o resul-
tado de um modo distorcido de encarar a vida, que normalmen-
te tem origem na infância da pessoa. Paulo diz que ninguém vê a
vida como ela realmente é. Cada pessoa olha a vida por um espelho
embaçado ou uma lente desfocada49 (1 Co 13.12). Contudo, alguns
adotam uma visão de vida tão desvirtuada, que resulta em medo
doentio, ansiedade, raiva, hostilidade, culpa e/ou depressão.

49   Diz-se de imagem sem nitidez, por erro de focalização ou por efeito intencional de desfocalização.

170 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Claro que todos nós, de vez em quando, experimentamos uma


ou outra dessas emoções. Isso significa que todo o mundo é emo-
cionalmente perturbado? Não. Lembre-se de que o distúrbio emo-
cional é identificado por um comportamento emocionalmente
extremo: explosões de raiva, de medo e de ansiedade são paralisa-
dores e produzem culpa mutilante e/ou depressão.
A perturbação emocional é determinada pelo grau e duração do
extremo das emoções. Quando o grau e a duração do distúrbio in-
terferem com a capacidade da pessoa de se comportar adequada e
produtivamente no cumprimento de suas funções na vida, dizemos
que a pessoa está emocionalmente perturbada.
Quais seriam as causas dos distúrbios emocionais? Os distúr-
bios emocionais frequentemente têm origem em traumas ocorridos
no passado da pessoa. Episódios de guerra, molestamento sexual,
abuso físico, entre morte ou divórcio dos pais, abuso verbal, trai-
ção, rejeição, fracassos pessoais e empresariais, doenças trágicas e
acidentes são tipos de experiências que estão por detrás de muitas
perturbações emocionais. O inimigo tira vantagem do choque e/ou
vergonha envolvidos em tais experiências para invocar silêncio so-
bre elas. Desse modo, tais eventos do passado tornam-se segredos
pessoais ou familiares enigmáticos e muito bem guardados.
Com o tempo, tendem a ficar cada vez mais distorcidos e até 4
mais tragicamente exagerados. Satanás constrói sua fortaleza nesses
segredos do passado. Ele reforça o segredo através do silêncio. Se
as vítimas desejam ser livres, o silêncio tem de ser quebrado e os
segredos trazidos à atenção confidencial do pastor-conselheiro. A
negação e a repressão nunca desguarnecerão esses redutos. Tais en-
cobrimentos só aumentam seu poder incapacitador ou destruidor
da habilidade da pessoa em celebrar a paz e a alegria do Reino.
Para acabar “com as coisas de menino” (1 Co 13.11) e esquecer
“das coisas que atrás ficam” (Fp 3.13), esses segredos devem ser ex-
postos à graça saradora de Deus.

171
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

172 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

1. É correto afirmar que


a) A ciência médica reconhece que emoções como o medo,
tristeza, inveja, ressentimento e ódio são responsáveis pela
maioria de nossas doenças
b) O estresse somente atua na mente do indivíduo não chega a
prejudicar o restante do corpo
c) A mente pode ser capaz de produzir no corpo mudanças as-
sombrosamente visíveis, mas nunca podem chegar a ser gra-
ves e mortais
d) A cada dia se compreende melhor que a mente pode produ-
zir cura e nunca distúrbios no corpo

2. É incoerente afirmar que


a) A tensão emocional pode causar pressão alta, papeira tóxica,
enxaqueca, artrite, apoplexia, doenças cardíacas, úlcera gas-
tro-intestinal e outras doenças sérias, por demais numerosas
4
para serem mencionadas
b) O médico pode receitar remédios através a partir dos sinto-
mas das doenças, mas, não pode fazer muito pela causa fun-
damental – agitação emocional
c) Ao recebermos, no gabinete pastoral, pessoas com doenças
psicossomáticas, ouvindo-as com paciência, discernimento e
amor, notaremos que as suas maiores dores são as físicas
d) Há 19 séculos, o apóstolo Paulo não somente pregou contra
as emoções de ciúmes, inveja, egocentrismo, ambição, ira,
frustração, ressentimento e ódio

173
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

3. É certo dizer que


a) O amor é o único antídoto capaz de salvar o homem de mui-
tas doenças produzidas pelas emoções de nossa natureza ter-
rena
b) Na maioria dos casos, a doença mental não é de origem gené-
tica
c) A doença mental envolve os neurotransmissores do cérebro.
Essas substâncias, que transmitem impulsos elétricos entre as
células do cérebro, afetam diretamente os pés e as pernas das
pessoas
d) A meditação costuma aumentar as perturbações mentais,
pois a pessoa normalmente deve forçar para realizar uma in-
terpretação bíblica a contento

4. A pessoa acometida de alucinações e delírios


a) Vê ou ouve coisas que os outros não vêem ou ouvem
b) É envolvida somente sua visão e sua audição
c) Frequentemente lida com assuntos ligados à perseguição e

4
grandeza, é mais fácil se discernir do que as outras ilusões de
natureza estranha
d) Nunca confunde com as revelações de Deus

5. Não acometem permanentemente os neurotransmissores. É o re-


sultado de um modo distorcido de encarar a vida, que normalmen-
te tem origem na infância da pessoa
a) Doenças mentais
b) Psicoses bipolares/maníaco – depressivo
c) Esquizofrenia
d) Distúrbios emocionais

174 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Marque “C” para certo e “E” para errado

6. ( ) Alucinações podem envolver um ou qualquer combina-


ção dos cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar
7. ( ) Pessoas que sofrem de distúrbio bipolar têm a tendên-
cia de aceitar medicação somente quando estão “no ponto
alto”, na fase maníaca da perturbação maníaco–depressiva
8. ( ) A perturbação emocional é determinada pelo grau e
duração do extremo das emoções. Quando o grau e a dura-
ção do distúrbio interferem com a capacidade da pessoa de se
comportar adequada e produtivamente no cumprimento de
suas funções na vida, dizemos que a pessoa está emocional-
mente perturbada

175
Anotações

Anotações

176
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

O Problema Gerado Pelo Pecado


Oculto
Quando uma pessoa profundamente esmagada pelo seu senti-
mento de culpa encontra a Pessoa de Jesus, recebendo dele o seu
perdão, aceitando que a morte de Cristo na cruz foi em seu lugar,
para libertá-lo, pode confessar-lhe seus pecados, recebendo a vida
e gozando de sua paz. É importante verbalizar, desabafar, colocar
para fora com tristeza seus pecados e receber o perdão de Deus.
Seria uma espécie de vômito verbal. “Se confessarmos os nossos pe-
cados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar
de toda injustiça” (1 Jo 1.9).
A confissão é terapêutica (Tg 5.14-16) porque tira um peso de
sobre as costas do aconselhando e o pastor-conselheiro é o instru-
mento de Deus para ministrar arrependimento, mudança de vida
e perdão; e tudo isso tem início na culpa construtiva seguida da
confissão de pecado anteriormente oculto.

4
O Problema da Ansiedade e das Preocupações

Na Revista “Caminhada Diária”, da Editora Sepal, lemos que de


acordo com dados científicos, um denso nevoeiro que cubra sete
quarteirões com uma altura de aproximadamente quatro metros, é
composto quimicamente de menos de um copo de água. Essa quan-
tidade de água é dividida em aproximadamente sessenta bilhões de
gotículas. Uma visão clara só é possível quando a neblina levanta.
Um copo de preocupação faz exatamente a mesma coisa.
O demasiadamente ansioso, passa a ver os problemas de modo
exacerbado50 e desesperador. Fica ansioso, desesperado e encolhido
diante das lutas; sem conhecer as causas, sua mente agiganta-os,
deixando-se dominar por este fantasma.

50   Tornar mais intenso, mais veemente, mais violento, etc.; agravar, avivar.

177
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

O conselheiro deve conhecer a Palavra de Deus para ministrar


aos aflitos, pois nela encontramos a sua solução para a ansiedade e
preocupação:
“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam
conhecidas, diante de Deus as vossas petições, pela oração e pela
súplica, com ações de graça. A paz de Deus, que excede todo o en-
tendimento, guardará os vossos corações e as vossas mentes em
Cristo Jesus” (Fp 4.6,7). Veja também no Santo Evangelho de Jesus
Cristo, segundo escreveu Mateus 6.25-34; e 1 Pedro 5.7.

O Problema do Medo e da Insegurança

Muitos procuram os conselheiros espirituais por que estão terri-


velmente inseguros amedrontados e estão em estafa pela constante
tensão em que vivem sempre ansiosos e preocupados. A ansiedade,
causada pelo medo e pela insegurança, pode causar problemas fí-
sicos (desde dor de cabeça até paralisia), problemas psicológicos e
também espirituais. De nada adianta medicar o efeito, sem tratar a

4
causa. Somente quando estamos nas mãos de Deus, podemos ver
os problemas, as tribulações, como bênção na escola de Deus (Rm
5.1-5). Ele usa os problemas e age através deles para o nosso bem.
O conselheiro espiritual deve levar o medroso e inseguro que lhe
procura a crer nisso.

Os Problemas Gerais dos Jovens

Nós estamos vivendo em dias extremamente difíceis, e esta di-


ficuldade se revela mais fortemente para a juventude. Esse é o seg-
mento da Igreja que mais carece do amparo e ajuda por parte dos
obreiros do Senhor. Mas, infelizmente, alguns ministros do evan-
gelho se esquecem de que outrora também foram jovens e viveram
em épocas e ambientes diferentes; porém, agora, querem que os jo-
vens andem como eles andavam antigamente; querem que se trajem
como eles se vestiam; que conversem como eles conversavam no
passado.
Tudo isso é praticamente impossível. Se quisermos que a juven-
tude nos ouça, temos que ser amigos deles, procurando entender

178 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

seus problemas e, principalmente, sabendo aproveitar o lado po-


sitivo que os jovens possuem. Certo pastor, de muita experiência
ministerial, afirmou: “Não devemos cortar as asas dos jovens, mas
sim, ensiná-los a voar”.
Um dos segmentos da igreja que tem sido esquecido e negli-
genciado é os adolescentes. O termo “adolescência” vem do verbo
latino adolescere, que significa, cresce até a maturidade. Usamos
essa palavra para designar o período de mudanças que vai dos 10
anos até a maturidade. Podemos dividir esse período de desenvol-
vimento em 4 fases:
(1ª) Pré-adolescência - dos 10 aos 12 anos;
(2ª) Adolescência inicial - dos 13 aos 15 anos;
(3ª) Adolescência média - dos 16 aos 18 anos;
(4ª) Última adolescência - dos 18 aos 21 anos.

Cada fase é caracterizada por certas alterações do organismo e


mudanças na personalidade em geral, como os desejos, as necessi-
dades, os interesses, os hábitos...

4
O pastor deve reconhecer as necessidades dos adolescentes e a
igreja deve se preocupar com isso. A igreja também deve ensinar as
carências dos teens. E quais são? Enumero pelo menos dez necessi-
dades dos adolescentes:

De sentir o amor de seus pais porque o calor de seu afeto


(1) nutre o sentimento de amor do filho, da mesma maneira
que os alimentos nutrem seu organismo.

De um lar aconchegante e estável; um ambiente seguro


(2) no qual possa abrigar-se, para restabelecer a calma de
seus sentimentos perturbados pela crise.

De fé, de ideais e de um sistema de valores que lhe per-


(3) mitam encontrar e realizar algo que dê sentido para sua
vida.
De orientação e apoio de seus pais para avaliar situa-
ções, tomar decisões, ser fiel às suas determinações,
(4)
consolidar seu próprio sistema de valores e realizar seus
ideais.

179
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

De ter um lugar com privacidade onde possa recolher-


(5)
se para explorar seu mundo interior.

De pais compreensivos, dispostos a escutar suas confi-


(6) dências, compreender seus sentimentos, perdoar suas
falhas e ajudá-lo a corrigi-las.

De ter oportunidades para exercer sua liberdade; po-


rém, também precisa de controle para estabelecer os
(7)
limites que ainda não é capaz de fixar e respeitar por si
mesmo.

De pertencer a um grupo de amigos sadios, alegres e


entusiastas, com quem possa compartilhar as atividades
(8)
comuns à idade e dar um salto para a vida adulta em um
ambiente livre de vícios e de perigos.

De momentos que lhe propiciem a canalização de suas


(9)
4
energias trasbordantes no esporte e no lazer.

De que sua família entenda seus conflitos. Desconcerto,


confusão, angústia, perplexidade, indecisão, preocupa-
ção e insegurança são alguns dos sentimentos que in-
(10)
vadem os pais quando percebem os primeiros sinais da
adolescência sem seus filhos. (BRITO, Adolescente não
é Aborrecente!)

Os Problemas Vividos Pelos Jovens de Lares


Cristãos

Há um problema muito comum que afeta os jovens que crescem


em lares cristãos. Muitos deles cresceram em um ambiente de paz
familiar e não se envolveram no pecado em suas formas grosseiras.
Quando se fala a eles de conversão e mudança de vida, não conse-
guem entender e ficam confusos.

180 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Parte da razão desses casos é a forma unilateral como nós, pre-


gadores e ensinadores, proclamamos e ensinamos o evangelho.
Quase sempre partimos do pecado e da necessidade de uma mu-
dança total. Ainda que isto seja certo e seja necessário proclamá-lo,
muitas vezes nos esquecemos da situação daqueles jovens que, mes-
mo sendo pecadores por natureza e necessitados de um Salvador,
são pessoas cuja condição é diferente.
Muitos deles apenas conheceram as mentiras típicas da infância
ou da juventude; algumas raivas e coisas semelhantes. Isto, ainda
que seja pecado, não deixou raízes profundas na vida para que eles
se sintam grandes e corruptos pecadores.
É necessário fazer com que esses jovens conheçam sua condi-
ção de pecadores, sua necessidade de crer em Jesus como Salvador
e Senhor e batizar-se e receber o Espírito Santo. Mas esta, talvez,
seja uma experiência muito simples. Não será dramática como a
conversão de uma pessoa que conheceu as profundezas nojentas do
mal. Porém, mais importante é o que vem depois. É ter Jesus como
verdadeiro modelo e alvo de suas vidas. E permitir que o Espírito
Santo os modele diariamente conforme a imagem do filho (2 Co
3.16-18). Então a vida cristã adquire verdadeiro sentido, não pela
violenta experiência da conversão vivida por outros, mas por uma
visão, um relacionamento com Jesus como Salvador e Senhor de
suas vidas, do mundo, da história e de todas as coisas.
4
Com relação ao que foi dito acima, deve-se proporcionar à mo-
cidade meios de serviço a Deus, à igreja, aos semelhantes e à pátria.
A fé não pode ser expressa somente dentro das paredes de um tem-
plo. O jovem deve encontrar oportunidades múltiplas de exercê-la
onde vive, estuda, trabalha ou faz um lazer cristão. Uma igreja não
pode manter-se unicamente à base de cultos. Deve haver um pro-
grama sério e estruturado de formação que leve a servir e a fazer da
fé exercício de implicações muito amplas.

O Problema Representado por Disputas Entre os


Irmãos

Já que este aspecto foi mencionado nos capítulos sobre relacio-


namento e disciplina aqui nos limitaremos ao seguinte. Bem fez o
pastor Barrientos em elencar esse problema como algo que aparece
para o conselheiro tratar.

181
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

A igreja precisa de um programa formativo para os novos cris-


tãos. Nele se ensina a relacionar-se dentro do corpo de Cristo.
O melhor remédio para este mal que afeta muitas igrejas é um
programa formativo inicial, o Discipulado, descrito pelos missiólo-
gos como a forma mais eficaz de crescimento da igreja, atualmen-
te. Assim, ajudam-se as pessoas a libertarem-se de suas atitudes
passadas para com os outros, e a cultivar novas atitudes, conforme
o exemplo de Jesus Cristo. De outro modo o pastor agirá sempre
como um “bombeiro”: apagando incêndios, o que gerará grande
prejuízo, pois essa não deve ser a tônica do trabalho pastoral.

Os Enfermos

Muitas vezes, o pastor deverá ministrar aconselhamento com


caráter de consolação àqueles que estão com sua saúde abalada.
Nem sempre essas pessoas irão procurar o pastor em seu gabinete.
É, normalmente, o pastor que notando a ausência do irmão doente
aos cultos, ou quando é avisado por alguém que procura o com-

4 balido para lhe manifestar uma palavra de consolo, de ânimo (e


isso também é aconselhamento). Quando uma pessoa está em uma
cama, tolhido de seu bem estar, é um momento que está muito ca-
rente de um atendimento espiritual. E o líder espiritual não pode se
furtar da responsabilidade de exercer a misericórdia.
Veremos três circunstâncias nas quais o pastor-conselheiro irá
se relacionar com os enfermos em seu ministério com exercício da
misericórdia.

1 - O crente enfermo sendo atendido em sua casa.

A visita ao enfermo cristão deve ser feita seguindo alguns cui-


dados:
• Telefone para a família marcando o melhor horário;
• Seja agradável e simpático; isso deve ser demonstrado revelan-
do ao enfermo que você quer se identificar com a sua dor;
• Procure ouvir o doente com paciência;
• Leia textos bíblicos adequados para essa hora de sofrimento;

182 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

• Ore a Deus pelo enfermo – até quando Deus não nos mandar
objetivamente o contrário – como pentecostais, devemos rogar
pela cura divina, pois Jesus nos prometeu que este sinal seguiria
aos que crêem. Caso contrário, Deus poderá nos revelar que Ele
não irá curar o enfermo. É bom relembrar que nesses dois casos
opostos, o conselheiro deverá ter em mente textos adequados
para ler, a fim de estimular a fé e o encorajamento do enfermo.
• Continue em contato para avaliar o estado do enfermo e tam-
bém consolar e animar a família.

2 - O crente enfermo sendo atendido no hospital.

O conselheiro ao atender um irmão internado deve estar atento


para os mesmos passos dados acima, no item anterior. Mas, além
deles, deve se preocupar com a apresentação no estabelecimento
hospitalar. Deve informar-se do horário destinado para as visitas
pastorais. Procure apresente-se com simpatia e clareza, dizendo o
seu nome e sua função na portaria. Procure não exigir seus direitos
com rispidez como bem diziam os antigos: “é melhor um mau acor-
do que uma boa demanda”. 4
3 - O enfermo não crente internado no hospital.

Às vezes, somos solicitados por não cristãos em um hospital ou


o Senhor nos toca a fim de exercermos visitas evangelísticas nos
hospitais que assim permitem. Neste caso o visitador conselheiro
deve ter três atitudes preliminares:
• Preocupar-se com sua postura física e asseio. O seu interesse é
comunicado por: contato visual, natural e contínuo; pela pos-
tura física (corpo ligeiramente inclinado para frente) tom e ve-
locidade de voz adequada.
• Estar pronto a mostrar sensibilidade quanto às necessidades
imediatas do paciente. Lembre-se de ficar atento a alguma ex-
pressão dita pelo paciente, a partir da qual você poderá apre-
sentar-lhe o evangelho.

183
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Procurar ser encorajador sempre. Encorajamento é a habilida-


de de produzir esperança no enfermo, através da Palavra de Deus.
Ajude-o a descobrir sentido no seu sofrimento, comparando-o com
a segurança no Deus que o ama e que o tem completo controle e
direção para a sua vida. A esperança em Deus dará ao paciente um
coração alegre e confiante, trazendo-lhe bons efeitos psicossomáti-
cos. Exalte o poder de Deus na solução de seu problema. Estimu-
le-o a confiar nos médicos e no tratamento e muito principalmente
na misericórdia de Deus.
Em segundo lugar, vale apresentar os passos que devem ser se-
guidos para uma visita evangelística em uma unidade hospitalar.
São bem didáticas as fases apresentadas pela capelã hospitalar Eleny
Vassão, em seu livro No Leito da Enfermidade, da editora Cultura
Cristã. Eleny ensina cinco estágios:

1. Apresentação
Avalie se esse é o melhor momento para entrar na enfermaria;
apresente-se com simpatia e clareza, dizendo o seu nome e sua fun-
ção no hospital.
4
2. Envolvimento
Pergunte ao paciente seu nome e estabeleça com ele uma conversa
amiga, estimulando a falar. Caso o paciente esteja deprimido e calado
pergunte-lhe se ele permite que você o ajude. Se estiver ao seu alcance
faça-o, mesmo que seu pedido seja para você voltar em outra hora.
Demonstre-lhe seu interesse real, sendo caloroso e agradável, envol-
vendo-se em seu sofrimento, compartilhando sua dor.

3. Escavação
Procure coletar dados para saber como aplicar corretamente
uma resposta bíblica, que atenda aos seus problemas reais;
Ouça-o: Se você se empenhar em aprender a ouvir com sensibi-
lidade, discernimento e simpatia, facilmente ganhará a atenção e a
amizade do visitado. Ao ouvi-lo, pergunte a si mesmo:

184 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

“O que ele está querendo dizer?” Atente para: as experiências, os


fatos, para o comportamento, para os sentimentos.
Observe-o em seus movimentos, tom de voz, respostas fisioló-
gicas do sistema nervoso autônomo (tiques, suor, lábios secos, mão
úmida, tremores, voz trêmula), a tensão facial, seu olhar, suas lá-
grimas.

4. Apresentação da mensagem

Esse momento deverá fluir normalmente, como continuidade


de seu relacionamento de amizade com seu visitado. Você aplicará
a resposta bíblica à sua necessidade emergente, captada através da
“palavra – chave” (aquela expressão a partir da qual você pode ini-
ciar a apresentar o plano da salvação), que sair da boca dele.
Peça-lhe licença para abrir sua Bíblia e ler o que Deus diz sobre
aquele assunto. Você pode, também, aplicar uma história bíblica
que enfatize esse assunto.
Pode, também, parafrasear versículos bíblicos de maneira a tor-

4
ná-los mais compreensíveis ao ouvinte.
Apresente-lhe a pessoa de Jesus como Salvador, Amigo e Senhor
para a sua vida. Convide-o a assumir um compromisso com Ele,
entregando-lhe sua vida.

5. Ministração

Ore com o paciente e por ele, usando palavras simples e objeti-


vas, apresentando ao Senhor suas necessidades.
Incentive-o continuar a orar sozinho e em vários momentos do
dia. Se for possível, discipule-o. Ajude-o a aprender a ler a Bíblia
diariamente e colocá-la em prática no seu dia-a-dia.
Você deve estar atento para o tempo da visita. Isso é muito im-
portante. Use em média de 10 a 15 minutos em todo o processo.
Faça com que o enfermo deseje seu retorno, e não que o evite da
próxima vez. Dê-lhe tarefas curtas de leitura bíblica, que serão com-
partilhadas na próxima visita (se você tem um plano de visita siste-
mática, acertado previamente com o hospital).

185
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

186 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta
9. Podemos afirmar que
a) A confissão é terapêutica (Tg 5.14-16) porque tira um peso
de sobre as costas do aconselhando e o conselheiro pastor é
o instrumento de Deus para ministrar arrependimento, mu-
dança de vida e perdão
b) São passagens especificamente adequadas para ministrar
a pessoa que sofre com ansiedade exagerada: Fp 1.6,7; Mt
16.25-34; e 1 Pe 4.7
c) A ansiedade, causada pelo medo e pela insegurança, rara-
mente causará problemas físicos
d) Os jovens da igreja, filhos de crentes, criados no temor de
Deus, costumam ser pessoas livres de problemas que mere-
çam a atenção cuidadosa do pastor conselheiro

10. É correto que


a) O pastor evite ministrar aconselhamento com caráter de con-
solação àqueles que estão com sua saúde abalada
4
b) O pastor deve aconselhar somente as pessoas que o procu-
ram em seu gabinete
c) Do ponto de vista ético, antes de visitar um membro da igreja
enfermo é aconselhável telefonar para a família marcando o
melhor horário
d) O pastor deve evitar ler textos bíblicos para o enfermo, pois
deve ser o mais breve possível em uma visita a um doente

11. Para visitar um enfermo não crente internado no hospital é pre-


ciso ter três atitudes preliminares:
Preocupar-se com sua _____________ e asseio.
Estar pronto a mostrar _____________ quanto às necessidades
imediatas do paciente.
Procurar ser _____________ sempre.
As lacunas devem ser preenchidas respectivamente com os seguin-
tes requisitos:

187
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

a) Posição ética, curiosidade, pontual


b) Postura física, sensibilidade, encorajador
c) Posição social, curiosidade, bem falante
d) Postura física, curiosidade, rápido

12. São as fases apresentadas pela capelã hospitalar Eleny Vassão,


em seu livro No Leito da Enfermidade
a) Apresentação; formalismo; aprofundamento pessoal; apre-
sentação da mensagem e ministração
b) Apresentação; formalismo; envolvimento; escavação e desfecho
c) Apresentação; envolvimento; aprofundamento pessoal; mi-
nistração e desfecho
d) Apresentação; envolvimento; escavação; apresentação da
mensagem e ministração

13. Orar com o paciente e por ele, usando palavras simples e objeti-
vas, apresentando ao Senhor suas necessidades, é na fase
a) Da apresentação, segundo Eleny Vassão
4 b) Da escavação, segundo Eleny Vassão
c) Da ministração, segundo Eleny Vassão
d) Da apresentação da mensagem, segundo Eleny Vassão

Marque “C” para certo e “E” para errado

14.( ) Quando uma pessoa está em uma cama, tolhido de


seu bem estar, é um momento que está muito carente de um
atendimento espiritual. E o líder espiritual não pode se furtar
da responsabilidade de exercer a misericórdia
15. ( ) Procurar coletar dados para saber como aplicar cor-
retamente uma resposta bíblica, que atenda aos problemas
reais do enfermo, é na fase da escavação, segundo Eleny Vas-
são
16. ( ) Devemos estar atentos para o tempo da visita de um
enfermo. Use em média de 10 a 15 minutos em todo o pro-
cesso

188 • Capítulo 4
Anotações

Anotações

189
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Exemplo Metodológico de
Aconselhamento Pastoral
Quais os passos para realizar uma entrevista?
Como fazer um aconselhamento pastoral?

A Ministração do Aconselhamento

Na Lição 2, vimos que aconselhamento pastoral é um encargo


sagrado e um relacionamento terapêutico entre o pastor que acon-
selha e o congregado, o membro da igreja e às vezes até pessoas
que não pertençam à congregação que vão até o pastor para receber
orientação.
Também conceituei aconselhamento pastoral como o processo
de orientação espiritual com base nos princípios da doutrina cristã
4 em que um pastor auxilia o orientando nos momentos de tomar
decisões na vida, ou quando este precisa fazer escolhas diante de
crises e conflitos, bem como nas circunstâncias em que o líder es-
piritual percebe que o orientando deve ser corrigido por algum pe-
cado cometido.
Vimos também que nem sempre se obtém um resultado eficaz
com apenas um encontro, ocasião na qual se tem o desencadea-
mento da resolução do problema.
Em outros casos, faz-se necessário um amplo e completo diag-
nóstico da situação, com mais de um encontro (desde que o acon-
selhado tome a iniciativa), nos quais o orientando pode confessar
pecados ou expressar livremente seus anseios, preocupações, ten-
sões emocionais, e bem assim os seus planos positivos de escolha,
cabendo ao orientador criar condições para que tudo isso possa ser
discutido com franqueza e amor, à luz dos princípios bíblicos.
Entre vários modelos metodológicos de aconselhamento
apresento um que julgo bem prático, é o apresentado no livro Tra-
balho Pastoral – Princípios e Alternativas, a partir do qual, fiz al-
guns acréscimos e adaptações. Vale lembrar que não se trata de um
padrão taxativo, mas sim, um referencial ilustrativo, e, portanto,

190 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

não se exige que o conselheiro espiritual siga-o à risca. Mas, julgo


ser prático e eficaz. O conselheiro pode utilizar esse exemplo e fazer
as mudanças na prática, de acordo com as necessidades do momen-
to; poderá adaptar inverter ou aumentar alguma fase. Além do mais
é preciso ter em mente que sempre precisamos ter a consciência que
dependemos do Senhor e lembrar-se da garantia que Jesus nos deu:
“... Aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu
nome, vos ensinará todas as coisas...” (Jo 14.26).
Esse exemplo metodológico que proponho como referen-
cial constitui-se dos seguintes tópicos:

1. Ouvir com paciência e atenção;


2. Conhecer o lado externo da situação;
3. Reconhecer os fatores que entram em jogo;
4. Descobrir causas simples;
5. Descobrir causas profundas;

* A fase 4 e 5 podem se operar simultaneamente.

6. Confrontar o aconselhado com passagens bíblicas;


7. Orientar o aconselhado a obedecer a Palavra de Deus;
4
8. Ajudar a pessoa a fazer um plano;
9. Orar com a pessoa, ministrando-lhe vitória e incentivá
-la a continuar orando;
10. Continuar intercedendo pelo aconselhado;
11. Avaliar o(s) resultado(s).

* A fase 10 e 11 podem se operar simultaneamente.

191
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Adiante, apresento em forma de diagrama esses estágios de um


modelo ilustrativo para um aconselhamento pastoral.

Ouvir com Paciência e Atenção


ß
Conhecer o Lado Externo da Situação
ß
Reconhecer os Fatores que Entram em Jogo
ß
Descobrir Causas Simples Descobrir Causas Profundas
ß
Confrontar o Aconselhado com Passagens Bíblicas
que se Relacionem às suas Necessidades
ß

4 Orientar o Aconselhado a Obedecer a Palavra de Deus


ß
Ajudar a Pessoa a Fazer um Plano ou Propor-se um Alvo
Realista que Tentará Alcançar nos Dias Seguintes
ß
Orar com a Pessoa, Ministrando-lhe Vitória e Incentivá-la a
Continuar Orando
ß
Continuar Intercedendo Pelo Avaliação do(s)
Aconselhado Resultado(s)

Vejamos cada uma dessas fases per si.

192 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Ouvir com Paciência e Atenção

Inicialmente, vale enfatizar que para o conselheiro desenvolver


a capacidade de escutar, já deve ir se disciplinando em seu dia-a-
dia para desenvolver a predisposição de querer ouvir os outros, nas
situações corriqueiras da vida. Certos líderes jamais poderão ser
bons conselheiros espirituais, pois têm cinco atitudes horríveis:
• Não ouvem tão bem quanto falam;
• Interrompem os outros quando estão falando;
• São agressivos;
• Gostam de impor suas ideias;
• Não compreendem as outras pessoas além do seu ângulo de
visão.

Bem disse o apóstolo Tiago no capítulo 1 de sua Epístola, versí-


culo 19: “Sabeis isto, meus amados irmãos; mas todo o homem seja
pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. E em Pro-
vérbios 18.13: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha”. À
medida que você for se inteirando na arte de ouvir, irá acumulan-
do conhecimentos sobre a pessoa humana e interagindo com mais
espontaneidade. Em meu livreto: Segredo para a verdadeira pros-
4
peridade, Editor Orfeu, apresento alguns conselhos práticos para
tornar-se um bom ouvinte:
• Respire antes de falar. Infelizmente, quando conversamos, ao
invés de prestarmos atenção ao que o próximo está nos falando,
estamos arquitetando nossos argumentos;
• Desenvolva a capacidade de ouvir. A pessoa com quem se está
conversando ficará mais calma. Assim, há possibilidade de se
comunicar bem melhor;
• Torne-se um ouvinte melhor - não queira responder as pergun-
tas de modo muito rápido - Isso fará o conselheiro espiritual
mais paciente. Sentir-se-á menos pressão sobre si nas relações
com as outras pessoas;
• Preste atenção quando alguém estiver falando com você. Não
prestar a atenção nos outros é falta de respeito e falta de edu-
cação;
• Não fale sem refletir nas consequências de suas palavras;
• Vença a tentação de criticar os outros, antes de ouvi-los;

193
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

• Saiba que você pode aprender com todos;


• Acostume-se a não interromper as pessoas quando estiverem
falando;
• Procure a verdade na opinião dos outros;
• Determine nunca começar uma discussão.

Inicialmente, desejo destacar as atitudes para se ouvir melhor


no momento da entrevista propriamente dita. Para se ouvir bem o
aconselhando é preciso, durante a entrevista, ter em mente os se-
guintes aspectos:
• Propiciar um clima de confiança. Dar atenção integral à pessoa,
com o olhar, gestos naturais e postura não tensa. Não fique ape-
nas com o corpo presente, mas mantenha também a sua mente
atenta.
• Que a pessoa se sinta ao nível do conselheiro. Para isto é melhor
usar um par de cadeiras ou poltronas, ou um de frente para o
outro em uma mesa. Alguns conselheiros colocam atrás de si
um quadro decorativo para que o aconselhado tenha um lugar
onde fugir com os olhos, pois muitas vezes falará coisas ao con-
4 selheiro muito constrangedor e, às vezes, até dolorosas, e, sendo
assim não conseguirá o tempo todo encarar fixamente o olhar
no conselheiro. Nesse sentido, vale lembrar que o conselheiro
não está, ali, na posição policial de delegado ou escrivão. Não
estamos ouvindo a pessoa para escrever um interrogatório, mas
sim, para demonstrar que Deus a ama e quer salvá-la.
• Seja um bom ouvinte e não interrompa a pessoa, até que ela
tenha terminado de falar. Lembre-se que pequenas pausas na
conversa, sejam por indecisão no falar ou até mesmo para cho-
rar, não querem dizer que a pessoa terminou de expor seu pen-
samento. Portanto, aguarde a hora certa para responder.
• Se for necessária a sua orientação e liderança na conversa faça
isto sutilmente, perguntando com habilidade, para obter infor-
mações úteis. Isso faz com que o aconselhado perceba que você
está ouvindo-o. Mas, não interrompa a pessoa envolva-se no
assunto. Não corte o relato a não ser que seja para fazer alguma
pergunta esclarecedora ou que falte para completar o quadro.
Não mude de assunto até que a pessoa o tenha esgotado por
completo, ainda que você esteja ansioso para falar algo.

194 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

• Procure entender a opinião da pessoa, mesmo que não coincida


com a sua. Dê margem a diferenças. Escute sem preconceitos.
Há pessoas que se sentem aliviadas de sua carga pelo simples
fato de que alguém as escuta com interesse e amor.
• Esta atitude vai ajudar o conselheiro a dar uma orientação
equilibrada. Não dê opiniões como: “que mau...”, “que horror...”,
“meu Deus, você fez isso...”, “Misericórdia...”, etc. Use palavras
da outra pessoa, por exemplo: “você” e “seu”. Se o conselheiro
utilizar “eu, meu”, “minha”, “mim” você estará trocando o centro
da atenção do aconselhado, isso seria conversar e não ouvir.
• Vá captando, entre os detalhes do relato, os possíveis assuntos
centrais relacionados, para depois, ajudar a pessoa a ver o pro-
blema como um todo, sem prender-se em detalhes insignifican-
tes, a menos que seja necessário.
• Tenha em mente, e transmita à pessoa, que é possível enfrentar
a situação e até resolvê-la.
• Ore em espírito pedindo ao Senhor discernimento do ponto
principal do problema, discernindo e afastando os fatos que
não são centrais. O Espírito Santo pode lhe ajudar a discernir
em silêncio aspectos que a pessoa poderia encobrir e que cor-
respondem a seu modo de ver o assunto.
4
Em tempo, vale destacar a importância da capacidade para ouvir
as confissões de pecado. Muitas vezes, os membros da igreja até es-
tão dispostos a confessarem suas faltas, mas não o fazem por causa
de nós mesmos (obreiros). Fato lamentável é quando as vítimas de
graves pecados confiam no ministro de Deus e confessam seus de-
litos; mas, o obreiro, por não saber colher a confissão do pecador,
acaba estragando o que seria uma grande oportunidade de vitória
para o Reino de Deus.
Daí, a importância de destacarmos adiante cinco atitudes que
o conselheiro espiritual deve tomar, afim de que tome a confissão
de forma mais sincera e espiritualmente eficaz possível, para que o
inimigo seja derrotado:

• Mostrar-se amigo da vítima do pecado, sem agressão;


• Ser sábio nas interrogações, sempre utilizando textos da Bíblia
Sagrada, que poderão auxiliar o culpado a fazer uma confissão,

195
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

sem reservas, e sem omitir nenhum pedaço de suas atitudes pe-


caminosas;
• Mostrar o valor espiritual da confissão, do ponto de vista Bíblico.
• Estar e demonstrar estar interessado em ajudar aquele que con-
fessa;
• Ter e demonstrar confiabilidade. É bom enfatizarmos que o
culpado observa muito isto.

Já estudamos anteriormente que não ouvimos as pessoas como


policiais em uma delegacia, os quais precisam lavrar um inquérito.
Entretanto, muitas vezes, existem lobos e joios dentro das igrejas co-
locam obreiros inexperientes em situações complicadíssimas. Con-
fessam e depois dizem que não pecaram, dizem que o pastor está
perseguindo, etc. (quando for preciso aplicar-lhes uma medida dis-
ciplinar). Por isso, é preciso pedir discernimento ao Espírito Santo!
Muitos pastores se livraram de sérios problemas porque, depois de
ouvirem uma confissão, reduziram-na a termo e solicitaram que o
confesso espontaneamente assinasse. Nesse caso, vale lembrar que
não é aconselhável que depois de se colher uma confissão escrita se
transfira para o livro ata de uma reunião de obreiros utilizando-se
4 expressões que especifiquem atos pecaminosos, tais como: “Fulano
adulterou...”, “Beltrano matou...”, “Ciclano roubou...”.
É melhor que se escreva o termo genérico: “José de Tal desobe-
deceu a Palavra de Deus”. Isso tudo evitará que o líder e a igreja não
sejam expostos ao ridículo diante dos tribunais seculares.

Conhecer o Lado Externo do Problema

Começa-se por aqui. Vamos nos ater às ilustrações propostas


por Barrientos, pela didática que nos oferece. Por exemplo:
Situação 1: Um casal procura o pastor. O marido diz: “Minha
esposa e eu brigamos dia e noite. Eu estou cansado desta vida
e vamos nos separar”. A esposa responde, com raiva: “Ele não
gosta mais de mim. Faz tempo que nem dorme comigo”.
Situação 2: Em outro caso um irmão diz ao pastor: “Vou sair
desta igreja. Não sinto amor aqui. Todos são hipócritas...”.
Outro irmão, preocupado: “Meu filho tem catorze anos. Não

196 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

quer mais vir à igreja. Antes só cantava corinhos. Agora está


encantado pela música rock”.

Ao compartilhar suas dificuldades, as pessoas geralmente ex-


pressam o superficial, aquilo que está evidente. Às vezes, emitem
opiniões como: “Tudo vai mal”, “Não há amor”. Algumas pessoas
compreendem as causas de sua situação, mas a grande maioria só
vê o que acontece, o que experimentam, e é isso o que expressam.
Bem orienta o pastor Alberto Barrientos que é necessário saber
escutar e saber fazer perguntas para ter uma visão bastante ampla
do que acontece. Especialmente, é importante dar atenção aos fatos
principais, sem preocupar-se com detalhes minuciosos. Há pessoas
que, quando relatam algo, detalham tanto que se pode perder a vi-
são dos fatos mais importantes.
Através disso começamos a conhecer o lado externo da situa-
ção. E para os iniciantes nessa tarefa de aconselhamento poderia
ser muito fácil, ao escutar certas coisas, começar a “receitar” Bíblia.
Por exemplo, um casal que briga frequentemente. O pastor
poderia pegar a Bíblia, citar uma passagem que fala sobre a paz,
exortá-los a controlar-se e a pensar no mau testemunho que dão a
seus vizinhos. Mas, ele buscou as causas pelas quais o casal fica com
raiva e briga? Se na sessão de aconselhamento, não se chega a esse
4
ponto, a solução oferecida é tão superficial como o relato de que
“brigam muito”. E o que pode fazer uma solução desse tipo é algo
assim como colocar tampa num caldeirão com água fervente.
Conhecer o lado externo de um problema humano é como olhar
uma árvore a certa distância. Nota-se a forma e o tamanho da árvo-
re como um todo; nota-se a forma, a cor e a distribuição das folhas;
seus frutos e parte de sua ramagem e tronco. Nada mais.

197
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Reconhecer os Fatores que Relacionam ao


Problema

“Fator” é aquele fato, evento ou circunstância que contribui para


um resultado. Quando uma pessoa aflita chega ao conselheiro espi-
ritual, desabafando ou pedindo uma orientação, a primeira coisa a
ser feita é identificar os fatores que se relaciona à luta que o aconse-
lhando está enfrentando.
Alberto Barrientos para ilustrar como cumprir essa fase do
aconselhamento cita alguns exemplos. Um casal que está com pro-
blemas poderia citar coisas como as seguintes:
Situação 1 - Ele: “O dinheiro que ganho não dá para nada.
Ela gasta tudo num instante”. Ela: “Ele não me dá quase nada
para os gastos da casa. Quer que eu faça milagres com o pou-
quinho de dinheiro que me dá”.
Situação 2 - Ele: “Acho que minha mulher gosta de outro ho-
mem. Ela se deita muito depois de mim e se vira de costas
para mim. De manhã se levanta antes que eu acorde”. Ela:

4 “Somente ele se satisfaz”.


Situação 3 - Ele: “Desde que minha esposa se converteu a
essa religião tudo vai indo mal. Lá em casa não se pode mais
escutar rádio nem ver televisão; não se pode fazer nada. Tudo
é igreja e oração”. Ela: “É que ele não quer buscar a Deus, e
como diz a Bíblia, ‘o homem carnal não entende as coisas de
Deus’”.

Nos exemplos anteriores, vê-se muito facilmente, que há três


fatores que podem ser detectados: (1) econômico, (2) sexual e (3)
religioso. Portanto, descobrir os fatores nem sempre é tão simples
como o temos descrito. Às vezes, o relato das pessoas é tão confuso
que demoramos a perceber os fatores.
Com frequência, são vários os fatores que entram em jogo, não
apenas um. Estão inter-relacionados. Deve-se discernir, também, se
entre tais fatores há um que é o predominante e o verdadeiro núcleo
do assunto.
Os problemas humanos têm diferentes ramificações; são com-
plexos e cada pessoa é diferente uma das outras. Ainda quando apa-
rentemente duas ou mais pessoas tenham uma situação semelhante,

198 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

deve-se conhecer cada uma, interpretá-la e buscar soluções de acor-


do com sua realidade.
Quando se descobrem os fatores principais que estão criando
problemas, já se começa a pisar em terreno firme. Ao chegar a este
ponto, é preciso que não somente o conselheiro, mas também a pes-
soa que busca ajuda, tenha discernido e concordem acerca de quais
são os fatores centrais, sejam eles econômicos, sexuais, religiosos,
etc. A partir deste ponto pode-se passar ao passo seguinte.

199
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

200 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

1. A primeira fase de um possível modelo metodológico, abordado


no livro estudado é
a) Ouvir com paciência e atenção
b) Conhecer o lado externo da situação
c) Descobrir causas simples
d) Descobrir causas profundas

2. Certos líderes jamais poderão ser bons conselheiros espirituais,


pois têm cinco atitudes horríveis: Não _______ tão bem quanto fa-
lam; _______ os outros quando estão falando; são ________; gos-
tam de _______ suas ideias; e não compreendem as outras pessoas
além do seu _____________.
a) Pregam; desmerecem; ativos; expor; aspecto exterior

4
b) Ouvem; interrompem; agressivos; impor; ângulo de visão
c) Oram; interrompem; astutas; julgar; parâmetro doutrinário
d) Ensinam; surpreendem; enérgicas; comunicar; aspecto inte-
rior

3. Quanto aos conselhos práticos para tornar-se um bom ouvinte


do pastor Robson José Brito, assinale o incorreto
a) Fale antes de respirar. Infelizmente, quando conversamos, ao
invés de arquitetarmos nossos argumentos, estamos prestan-
do atenção ao que o próximo está nos falando
b) Desenvolva a capacidade de ouvir. A pessoa com quem se
está conversando ficará mais calma; acostume-se a não inter-
romper as pessoas quando estiverem falando
c) Procure a verdade na opinião dos outros; determine nunca
começar uma discussão
d) Vença a tentação de criticar os outros, antes de ouvi-los; Sai-
ba que você pode aprender com todos

201
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

4. Para se ouvir bem o aconselhando é preciso, durante a entrevista,


ter em mente vários aspectos. Destaque o aspecto incoerente
a) Propiciar um clima de confiança
b) Que a pessoa nunca se sinta ao nível do conselheiro
c) Procure entender a opinião da pessoa, mesmo que não coin-
cida com a sua
d) Se for necessária a sua orientação e liderança na conversa
faça isto sutilmente, perguntando com habilidade, para obter
informações úteis

5. É incoerente dizer que


a) Quando uma pessoa aflita chega ao conselheiro espiritual,
desabafando ou pedindo uma orientação, a primeira coisa a
ser feita é identificar os fatores que se relaciona à luta que o
aconselhando está enfrentando
b) Com frequência, são vários os fatores que entram em jogo,
não apenas um. Estão inter-relacionados. Deve-se discernir,
também, se entre tais fatores há um que é o predominante e o
verdadeiro núcleo do assunto
4 c) Quando se descobrem os fatores principais que estão criando
problemas, já se começa a pisar em terreno firme. Ao chegar
a este ponto, é preciso que não somente o conselheiro, mas
também a pessoa que busca ajuda, tenha discernido e con-
cordem acerca de quais são os fatores centrais
d) “Fator” não pode ser confundido como sendo aquele fato,
evento ou circunstância que contribui para um resultado

Marque “C” para certo e “E” para errado

6. ( ) Em Tiago 1.19 está escrito: “Responder antes de ouvir


é estultícia e vergonha”
7. ( ) Pequenas pausas na conversa, sejam por indecisão no
falar ou até mesmo para chorar, querem dizer que a pessoa
terminou de expor seu pensamento. Portanto, seja rápido em
responder
8. ( ) Descobrir os fatores nem sempre é tão simples. Às
vezes, o relato das pessoas é tão confuso que demoramos a
perceber os fatores

202 • Capítulo 4
Anotações

Anotações

203
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Descobrir Causas Simples


Em muitos casos, há causas bastante simples que, uma vez reco-
nhecidas, podem ser facilmente superadas. É o caso de problemas
financeiros. É possível que o “x” da questão seja que o casal não
saiba administrar seu dinheiro. Um acusa o outro e ambos se abor-
recem. Mas não vêem o que acontece.
Para chegar a este ponto também será necessário que o conse-
lheiro leve as pessoas a descrever esta causa. Talvez, nunca tenham
preparado um orçamento familiar com base no que entra e nos gas-
tos básicos que precisam ter. Então, reconhecida esta causa, deve-se
sugerir que eles mesmos se proponham a fazer seu orçamento e
comprometam-se a submeterem-se a ele.
Contudo, deve-se reconhecer que nem toda a pessoa, por iden-
tificar a causa de um problema, ainda que seja tão simples como a
descrita, realiza a solução a que se propõe. Por isso, o aconselha-
mento pode incluir mais uma ou várias sessões (caso parta a ini-
ciativa disso do aconselhado) com o fim de escutar das pessoas se
4 fizeram o orçamento, se estão se submetendo a ele, se há algum
detalhe relacionado que valha a pena reconsiderar, e animá-las a
seguir em frente.
Caso elas tenham enfrentado o assunto e a situação esteja me-
lhorando, não precisam mais do aconselhamento. Assim, como
esse exemplo, há uma infinidade de casos, que podem ser resolvi-
dos com sabedoria, pois são de caráter muito superficial, e de uma
solução relativamente simples e prática.

Descobrir Causas Profundas

Essas são motivos mais complicados, os quais não se resolvem


com uma sugestão prática, como a do caso anterior. Requerem um
tratamento mais adequado.
Ao se tomar o mesmo caso anterior – dificuldades no lar devidas
ao dinheiro – poderiam ser descobertos outros fatores que reque-
rem outras soluções.

204 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

O homem maneja o dinheiro. Ele o dá à mulher na medida em


que esta vai precisando, e sempre de má vontade. Mas ele faz assim
porque tem um conceito definido do papel do homem e da mulher
em geral. Ele se sente “o rei da criação”, ele sabe como fazer tudo. De
forma geral, considera a mulher inferior ao homem em dignidade
e capacidade, e crê que deve manter sua esposa resignada a ele de
todas as maneiras.
Por sua vez, a mulher se sente humilhada, desprezada, e sem
direitos. Sua condição de igualdade não é reconhecida. Os proble-
mas surgem. Aparentemente por causa do dinheiro. Mas no fundo
trata-se de outra coisa totalmente diferente. A causa está nas atitu-
des, especialmente do homem para com a mulher em geral, e con-
sequentemente, para com sua própria esposa. Então, a solução não
está em aconselhá-los a usar o dinheiro com critério. Deve-se levar
o homem a uma reflexão séria sobre a dignidade da mulher; levá-lo
a reconhecer os padrões culturais “machistas” que têm influenciado
na formação de suas atitudes; e, à medida que ele reconheça e aceite
sua situação, levá-lo a despojar-se de tais atitudes e substituí-las por
outras mais reais e mais dignas, mais de acordo com a Palavra de
Deus.
Aqui reside uma possibilidade muito grande para os que con-
fiam em Deus. Sendo que a causa mais profunda constitui toda
uma estrutura mental e emocional, talvez de toda uma vida, não
4
somente pode-se chegar a descobri-la e reconhecê-la, mas é preciso
libertar-se dela. Assim, como um pecador vai a Jesus para receber
perdão e limpeza e a possibilidade de começar uma vida nova pelo
poder de Deus que opera nEle, também é importantíssimo que es-
sas atitudes sejam descobertas e levadas ao Senhor!
Que se peça libertação ao Espírito Santo, e que a pessoa ado-
te novas atitudes e persevere nelas! Ministra-se a libertação e pro-
põem-se alvos. É básico neste processo: orar reconhecendo o que
não está bem; especificando isso em voz alta diante do Senhor; pe-
dindo perdão por isso, e pedindo uma mudança de atitudes.
Contudo, deve-se lembrar que, às vezes, as atitudes velhas que-
rem voltar a governar. O próprio Satanás procurará ressuscitar
aquilo para causar problemas. Isso é muito comum, por isso é im-
portante realizar uma ou mais sessões de avaliação (caso o aconse-
lhado queira voltar e tome espontaneamente essa iniciativa). Nesses
encontros haverá oportunidade de expressar o que está acontecen-
do, se as dificuldades estão sendo superadas, e se há assuntos re-
lacionados que ainda não se consegue controlar. Daí surgirá reco-

205
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

mendações, estímulo para continuar, oportunidade de orar, etc.


Para descobrir causas profundas será de grande valia para o con-
selheiro espiritual conhecer os chamados “mecanismos de defesa
do inconsciente”, teorizado por Sigmund Freud (1856-1939), na sua
prática de medicina em Viena, quando criou a Psicanálise.
“Há uma força dentro do homem que conspira para que ele rea-
lize seus desejos e ao mesmo tempo tranquilize sua consciência.
Essa força usa mecanismo que procuram aliviar o conflito, negando
ou falsificando a realidade. [...] O pastor-conselheiro deve lembrar
que não é por falta de sinceridade que as pessoas recorrem a esses
mecanismos, pois na maioria dos casos, os mecanismos funcionam
inconscientemente” (HOFF).
Indico que estudem isso na obra “O Pastor como conselheiro”,
de Paul Hoff, Editora Vida. Nessa obra, o autor cita dez mecanismos
de defesa do inconsciente, explicando-os detalhadamente.
São eles:
Repressão – quando o ser humano se esquece o que não gosta que
lhe seja desagradável ou aquilo que está associado com o desagra-
dável.

4 Projeção – quando a pessoa se sente incomodada por ter algum de-


feito moral ou por cometer alguma falta, alivia seu sentimento de
culpa atribuindo seu mal a outra pessoa.
Racionalização – consiste em formular razões aceitáveis, mas não
reais, para sua conduta ou para sua incapacidade de conseguir algo,
criando desculpas ao nosso favor e tentando explicar as nossas li-
mitações em termos adequados, para nos livrarmos da culpa, é uma
“camuflagem mental”.
Regressão – com esse mecanismo a pessoa que se encontra em di-
ficuldades ou frustrada, regressa à conduta infantil, que antes lhe
servia para resolver alguns problemas.
Substituição – funciona quando o indivíduo não tem coragem ou
oportunidade de descarregar sua ira diretamente contra aquele que
o provoca. Então ele transfere sua emoção contra outrem.
Sublimação - É a canalização das energias muito fortes que a pes-
soa tem, resultantes de impulsos ou instintos muito fortes em al-
gumas pessoas, que assim o fazem por não poder expressá-los de

206 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

maneira direta, o que pode ser tanto construtivo como destrutivo.


Compensação – com esse mecanismo a pessoa tenta compensar
suas deficiências, sejam elas físicas sociais ou intelectuais, desen-
volvendo aspectos positivos de sua capacidade, quando essa com-
pensação é exagerada prejudica demasiadamente quem a utiliza.
Identificação – quando uma pessoa tenta incluir em sua personali-
dade as características de outra pessoa.
Fantasia – Alguns escapam de suas limitações e frustrações fanta-
siando que são eles os que vencem sempre, e que são admiradas e
que satisfazem seus desejos.
Formação de Reação – quando um instinto se disfarça em outro
que é seu contrário.

Orientar o Aconselhado a Obedecer a Palavra de Deus

Confrontar o aconselhado com passagens bíblicas que se rela-


cionem às suas necessidades. Nesse estágio da entrevista de acon-
selhamento, é que irá se exigir que o conselheiro cumpra a ordem
4
da Segunda Epístola a Timóteo capítulo 2, versículo 15: “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. Segundo o
exegeta John Kelly, “maneja”, no grego é orthotomein (literalmente
“cortar retamente”).
Essa expressão é achada na Bíblia somente nessa passagem e na
Septuaginta - Provérbios 3.6 e 11.5. De um lado, alguns argumen-
tam, com base em seu significado literal, que a figura de Paulo deve
ser a de um pedreiro cortando uma pedra (aqui, “a palavra da ver-
dade”) conforme o padrão correto (isto é, o padrão do evangelho).
Por outro lado, alguns intérpretes notando que o obreiro é um
lavrador agrícola, seguem João Crisóstomo em supor que é a me-
táfora de um arado cortando um sulco reto. Entretanto, nas duas
passagens em Provérbios o verbo usado com o hodous (estradas)
e claramente significa “cortar uma estrada reta”, ou “fazer uma es-
trada em uma direção reta”. Há também muitos exemplos do verbo
“cortar” sendo usado para fazer estrada, uma interpretação possível,
portanto, é que Paulo está admoestando Timóteo, quando prega o
evangelho (e podemos dizer também quando aconselha), a seguir

207
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

um caminho estreito, sem ser desviado por disputas acerca de me-


ras palavras ou por conversa ímpia.
O obreiro deve ter em mente as passagens bíblicas adequadas e
relevantes para confrontar profundamente a pessoa que está sendo
orientada. Se tiver dificuldade de memorizar as referências, é inte-
ressante que faça uma lista das necessidades mais comuns nos acon-
selhamentos. Vale verificar as referências apresentadas na Lição 3,
quando iniciamos nossos estudos sobre os motivos que levam as
pessoas a procurar o Aconselhamento Espiritual. Além daquelas re-
ferências ali apresentadas, o conselheiro deverá acrescentar outras a
sua listagem particular para facilitar seu trabalho.
Confrontar com a verdade bíblica, para que haja arrependimen-
to, procurando sempre apoiar seu posicionamento, com passagens
bíblicas (2 Sm 12.12,13; Sl 51.2-4,10). É preciso crer que a Palavra
de Deus pode modificar qualquer situação. Não existe “buraco tão
profundo”, que o Senhor não possa estender Sua mão e livrar al-
guém de lá (Mt 19.26; Mc 10.27; Lc 1.37; 18.27). Deus nos dá cen-
tenas de promessas na Bíblia, para que confiemos mais nEle, tendo
uma esperança cada vez maior, com relação ao que Ele ainda fará
(Rm 15.13).

4 Podemos destacar algumas razões para se confrontar o aconse-


lhado com os textos sagrados da Bíblia Sagrada:
• E a fonte geradora de fé é a Palavra de Deus (Rm 10.17). Logo,
precisamos confrontar as pessoas que nos procuram frente à
Verdade escrita do Todo-Poderoso.
• Quando confrontamos a pessoa frente à Palavra Deus, Jeová
irá falar educadamente ao seu coração, e esperará uma resposta
positiva de modo espontâneo - (Ap 3.20). À medida que vamos
confrontando o aconselhando com a Palavra, mais o Senhor
baterá a porta do seu coração.
• As Escrituras mostram ao aconselhado como ele é na realidade
(Hb 4.12). Isso poderá sensibilizá-lo diante de Deus. E capaci-
tá-lo-á a ouvi-Lo mais. A tradução feita na Bíblia Viva do déci-
mo segundo versículo de Hebreus quatro deixa isso ainda mais
claro: “Tudo quanto Deus nos diz é cheio de força viva: é mais
cortante de que o punhal mais afiado, e corta rápido e profundo
em nossos pensamentos e desejos mais íntimos em todos os
seus detalhes, mostrando-nos como somos na realidade”.
• A Palavra é a comida que sustenta o espírito dos famintos que
nos procuram. Se a pessoa comer pouco desse alimento, con-

208 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

tinuará fraca. Mas, caso se nutra dela, terá gozo e alegria, pois
passará a ouvir mais o Senhor (Dt 8.3; Jr 15.16).
• Aqueles que ouvirem nosso conselho, embasado na Palavra,
será bem aventurado, mais prosperidade gozará.

Isso porque a verdadeira prosperidade se instala na vida quando


o crente obedece a Sagrada Escritura e medita nEla para ter convic-
ção de que está obedecendo ao Senhor. Essa atitude afina o espírito
humano com o Espírito de Deus (Js 1.6-9).

Ajudar a Pessoa a Fazer um Plano ou Propor-se


um Alvo Realista que Tentará Alcançar nos Dias
Seguintes

Quando a pessoa chega ao gabinete pastoral, normalmente quer


uma direção, um norte. O conselheiro espiritual depois de basear
suas orientações na Palavra escrita de Deus deve ajudar a pessoa
a dimensionar um projeto para a solução de seus problemas. O
aconselhamento ungido pelo Espírito Santo mostra caminhos para
o orientando a preparar um empreendimento de ações com fim de-
4
terminado a perseguir a vontade de Deus para sua vida. Às vezes,
Deus orientará poucas ações, em outras ocasiões o Senhor condu-
zirá a um conjunto de métodos e medidas para execução de um
intento que desencadeará a solução de seus dilemas. O ponto de
convergência do conselho inspirado por Deus será sempre a von-
tade exequível51, boa, perfeita e agradável do Senhor (Rm 12.1,2).
Apesar de contarmos com ajuda divina, o problema mais deli-
cado no aconselhamento é propor soluções para os problemas que
afligem o aconselhando. Por isso, sempre o referencial para propor-
mos as soluções será a Palavra escrita. Se já tiver dados suficientes
para uma conclusão, confronte com muito amor o aconselhado,
com textos sagrados pertinentes à sua necessidade.
Não fuja do problema central. Não enfoque apenas os proble-
mas, mas também as soluções de Deus. Mostre que a solução de
qualquer problema passa pela obediência integral à Palavra de
Deus. Alguns problemas surgem, devido ao mau uso da “agenda”
da pessoa.

51   Que se pode executar; executável, factível; possível:

209
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Verifique se não existem atividades demais, sem critério de prio-


ridades. Se não souber responder algo e der a solução ao problema,
seja honesto e confesse isto. Diga que vai estudar melhor o assunto
ou até mesmo, pedir auxílio a um conselheiro mais experiente. Se
houver necessidade, dê tarefas práticas, para serem avaliadas em
próximos encontros (caso o aconselhado queira lhe procurar no-
vamente).
Todavia, muitas vezes, um pastor precisará da ajuda de um pro-
fissional ou simplesmente precisará encaminhar a pessoa a ele. Para
isso é preciso discernimento; é preciso ter um profissional evangé-
lico (psiquiatra ou psicólogo), cujos métodos se ajustem à Palavra
de Deus. Se isso não for observado, poderá acontecer um desastre.
Deus está levantando alguns profissionais na área da saúde que
têm sido uma bênção para o Reino de Deus. Entretanto, é preci-
so ponderar, que há ainda situações nas quais nenhum profissional
consegue atingir o alvo imediatamente. Esse trabalho não é como
o de quem conserta o motor de um veículo que, tendo à mão o
manual de montagem e funcionamento, pode chegar à solução. No
ser humano há motivações irracionais e outras que são expressa-
mente ocultadas. E, portanto, nem todo o aconselhamento alcança
seu objetivo.
4 Há algo muito importante que o conselheiro pode fazer que lhe
seja útil na tarefa: através do estudo e da experiência, ir formando
quadros de elementos relacionados com problemas comuns. Isto
será como um “mapa” que o ajudará a ter pontos de referência co-
muns.
Com o passar do tempo, o conselheiro espiritual terá muitas ex-
periências maravilhosas que glorifiquem o nome do Senhor, pois a
base de nosso conselho sempre é embasada no Livro dos livros, e a
verdade dEle sempre produz resultados. Esse é o grande conforto
e motivação que temos para continuar aconselhando àqueles que
Deus coloca diante de nós.

210 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Orar com a Pessoa e Incentivá-la a Continuar


Orando

O conselheiro deve exercer o ministério sacerdotal de todo o


cristão (1 Pe 2.9). Isso significa orar pelo aconselhado, abençoá-lo:
ministrando-lhe salvação; perdão; cura; consolo; edificação; recon-
ciliação. Por incrível que pareça, há líderes espirituais que ainda não
entenderam o poder que eles têm sobre a vida de seus liderados.
Mas, muitos já aprenderam e experimentaram que a “oração do jus-
to pode muito em seus feitos” (Tg 5.16b).
Se a pessoa não souber orar, o pastor-conselheiro deve fazê-lo
por ela, de modo que possa repetir em voz alta. Pode-se dar, então,
alguma passagem bíblica para ser memorizada e repetida – para
que reflita nela – e possa assim seguir uma nova caminhada com a
confiança de que triunfará.
Existem problemas que não se resolvem em um estalar de de-
dos, pois envolvem muitas circunstâncias ou outras pessoas. Daí, a
importância de se incentivar o aconselhado a ele continuar orando.

4
Continuar Intercedendo Pela Pessoa

O servo de Deus que se dispõe a comprometer-se a atuar no mi-


nistério de aconselhamento deve colocar-se no lugar de outro junto
ao Pai Celeste e pleitear a sua causa como se fosse própria. O motivo
primeiro desse tipo de oração é ver as circunstâncias alteradas na
vida de outrem.
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam depreca-
ções, orações, intercessões e ações de graças por todos os ho-
mens” (1 Tm 2.1).
Em Tiago 5.16 lemos: “orai uns pelos outros, para que sa-
reis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”.
Deus é indiscutivelmente soberano, mas disse John Wes-
ley: “Parece que Deus é limitado por nossa vida de oração -
Parece que Ele nada pode fazer em prol da humanidade a não
ser que alguém Lhe peça”.

211
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Muitos conselheiros da Bíblia Sagrada deram exemplo de serem


intercessores. Penso principalmente em três deles:
Samuel como conselheiro intercedeu por Israel. É o que vemos em
1 Samuel 7.5 “Disse mais Samuel: Congregai todo o Israel em Mis-
pa, e orarei por vós ao SENHOR”; e em 1Samuel 12.23: “E, quanto a
mim, longe de mim que eu peque contra o SENHOR, deixando de
orar por vós; antes, vos ensinarei o caminho bom e direito”.
Neemias também orou por Israel: “E sucedeu que, ouvindo eu essas
palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive
jejuando e orando perante o Deus dos céus”. “Porém nós oramos ao
nosso Deus e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de noite,
por causa deles” (Ne 1.4; 4.9).
Paulo orou também por seus aconselhados da igreja de Éfeso: “Não
cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas mi-
nhas orações” (Ef 1.16). O mesmo apóstolo intercedeu pelos Fili-
penses: “fazendo, sempre com alegria, oração por vós em todas as
minhas súplicas” (Fp 1.4). Da mesma forma para com os Colos-
senses: “Por esta razão, nós também, desde o dia em que ouvimos,
não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do pleno
4 conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento
espiritual” (Cl 1.9).
Portanto, O conselheiro espiritual que continua orando por
aqueles a quem aconselha realizar-se-á como conselheiro e seus li-
derados serão excepcionalmente abençoados por Deus.

212 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Avaliar

O conselheiro deve verificar os resultados dos conselhos que ministrou.


• Os aconselhados cresceram?
• Estão mais santos?
• Tiveram suas almas saradas?
• Estão mais fortes?
• Venceram a ansiedade?
• Abandonaram o pecado?
• Converteram-se a Cristo?
• Puderam perdoar e receberam o perdão?

Obviamente, nem todos se abrem para a Palavra e nem todos re-


nunciam o pecado, mas é importante notar que quando as pessoas
obedecem aos mandamentos do Senhor os líderes são os primeiros
a se regozijar, pois Deus os usou para ministrar bênçãos ao povo!
Os resultados do aconselhamento não só avaliam a condição dos
aconselhados, mas também do conselheiro. Por isso, o conselheiro
deve sempre estar se avaliando e pedindo a graça do Senhor para
que o Seu ministério frutifique!
4
Finalmente, vale lembrar que o Senhor nos julgará pelas moti-
vações com as quais fizemos algo em favor da Sua obra. A Palavra
de Deus nos diz que o Senhor “é galardoador dos que o buscam”
(Hb 11.6). “Ele não é injusto para se esquecer das nossas obras” (Hb
6.10), “pois da Sua morada contempla todos os moradores da terra
e todas as suas obras” (Sl 33.14,15), e tudo é registrado nos céus
(Ap 20.12). “O Senhor retribuirá a cada um segundo a sua obra” (Sl
62.12) “e, infalivelmente cumprirá as promessas, pois Ele é fiel” (Hb
10.23), e “vela pela Sua Palavra para cumpri-La” (Jr 1.12). “Portan-
to, queridos irmãos e queridas irmãs, continuem fortes e firmes.
Continuem ocupados no trabalho do Senhor, pois vocês sabem
que todo o seu esforço nesse trabalho sempre traz proveito” (1Co
15.57,58 - BLH). Que Deus lhe abençoe poderosamente!

213
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

Questionário
Assinale com “X” a alternativa correta

9. Por exemplo, o “x” da questão no casal em não saber administrar


seu dinheiro. Um acusa o outro e ambos se aborrecem. Mas não
vêem o que acontece. Isso é um exemplo de
a) Causa simples
b) Causa profunda
c) Causa complexa
d) Causa incompreensível

10. Para descobrir causas profundas será de grande valia para o


conselheiro espiritual conhecer os chamados
a) “Mecanismos de ataque do inconsciente”, teorizado por Sig-
mund Freud (1856-1939)
b) “Mecanismos de defesa da consciência”, teorizado por Wi-

4 lhelm Wundt (1856-1939)


c) “Mecanismos de ataque da consciência”, teorizado por Wi-
lhelm Wundt (1856-1939)
d) “Mecanismos de defesa do inconsciente”, teorizado por Sig-
mund Freud (1856-1939)

11. Quanto aos mecanismos de defesa do inconsciente de Paul Hoff


é incerto dizer que
a) Repressão – quando o ser humano se esquece o que não gosta
que lhe seja desagradável ou aquilo que está associado com o
desagradável
b) Projeção – quando a pessoa se sente incomodada por ter al-
gum defeito moral ou por cometer alguma falta, alivia seu
sentimento de culpa atribuindo seu mal a outra pessoa
c) Racionalização – quando uma pessoa tenta incluir em sua
personalidade as características de outra pessoa
d) Regressão – com esse mecanismo a pessoa que se encontra
em dificuldades ou frustrada, regressa à conduta infantil, que
antes lhe servia para resolver alguns problemas

214 • Capítulo 4
Motivos que levam ao Aconselhamento Espiritual - II

12. É certo que


a) O conselheiro deve exercer o ministério sacerdotal de todo o
cristão (1Pe 2.9), intercedendo pela pessoa a quem ele acon-
selha
b) Se a pessoa não souber orar, é aconselhável que somente o
pastor-conselheiro ore pelo aconselhando
c) Muito coerente as palavras sobre oração ditas por John Knox:
“Parece que Deus é limitado por nossa vida de oração - Pare-
ce que Ele nada pode fazer em prol da humanidade a não ser
que alguém Lhe peça”
d) O conselheiro deve deixar que somente Deus avalie os resul-
tados dos conselhos que ministrou

13. É coerente dizer que, na última fase da metodologia apresentada


na Lição 4 do livro estudado, o conselheiro deve verificar
a) Os resultados dos conselhos que ministrou
b) Se houve milagre na vida do aconselhado
c) Se o aconselhado está frequentando a igreja
d) Se o aconselhado se tornou membro da denominação
4
Marque “C” para certo e “E” para errado

14.( ) Paul Hoff cita dez mecanismos de defesa do incons-


ciente. São eles: repressão; projeção; racionalização; regres-
são; substituição; sublimação; compensação; identificação;
fantasia e formação de Reação
15. ( ) Dá-se o nome de Substituição ao mecanismo de defesa
que entra em ação quando o ser humano se esquece o que
não gosta, que lhe é desagradável ou aquilo que está associa-
do com o desagradável
16. ( ) Os resultados do aconselhamento não só avaliam a
condição dos aconselhados, mas também do conselheiro. Por
isso, o conselheiro deve sempre estar se avaliando e pedindo
a graça do Senhor para que o Seu ministério frutifique

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Referências Bibliográficas

Psicologia Pastoral
Referências Bibliográficas

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda; Novo Aurélio Século XXI. 3a Ed. Rio de
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DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 2ª Ed. São Paulo – SP: Edições Vida
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CAVALCANTI, Eleny Vassão de Paula Aitken. No leito da Enfermidade – Manual de
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HOFF, Paul. O Pastor como Conselheiro. São Paulo - SP: Editora Vida, 1996.
LICHI, Donald. Aconselhamento pessoal no poder do Espírito. In: O Pastor Pentecos-
tal: um mandado para o século XXI. Rio de Janeiro - RJ: CPAD, 1999. pp. 569 a 575.
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Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda, 2001.
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tal: um mandado para o século XXI. Rio de Janeiro - RJ: CPAD, 1999. pp. 569 a 575.
Sugestão Bibliográfica para aprofundamento, além das acima citadas:
ADAMS, Jay E. O manual do conselheiro Cristão. Editora Fiel, 3a Ed., São Paulo - SP, 1988.

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