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A TEORIA DAS

REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS
----------- Grupo 3 ------------
Anna Fernandes, Alaíde Morisa, Andressa Lira, Bruna Serqueira, Clara Costa
Julia Lima, Liliane Almeida, Luiza Ayres e Valdézio José
A PSICOLOGIA SOCIAL CLÁSSICA X PSICOSSOCIOLOGIA
< contexto histórico >

A Psi Social moderna se deselvolveu principalmente nos EUA através de um


viés mais behaviorista

Na Europa: Tarde e LeBon: fenômenos de massa e de influência

Ex: Ideais nazistas X Lewin e Asch

2ª Guerra Mundial:
o foco deixa de ser comportamental e passa a ser sobre os processos
mentais subjacentes

Consciência como centro de debate


A PSICOLOGIA SOCIAL CLÁSSICA X PSICOSSOCIOLOGIA
< contexto histórico >

Psicologia social "americana"


Surgimento de estudos sobre atitudes, influência social e
percepção social

Teoria da Dissonância Cognitiva: o homem é uma criatura mais


racionalizante que racional (Moscovici, 1986, p. 38)

OBS: após restrição no campo de investigação, o foco recai sobre o indivíduo

As relações entre grupos foram


substituídas por relações entre pessoas"

(Moscovici, 1986, p. 40)


QUEM FOI MOSCOVICI?
Autor da teoria das representações sociais, elaborada na
década de 60;

Estudou as diversas maneiras pelas quais a psicanálise era

Serge Moscovici (1925 - 2014)


percebida, difundida e propagandeada ao público

Sua obra mais famosa é o


parisiense;
livro "A Sociedade contra a
Natureza"
Buscava compreender como o conhecimento é produzido,
mas principalmente em analisar seu impacto nas práticas
sociais.
QUEM FOI
MOSCOVICI?
A cognição social passa a ser o foco de interesse de estudo,
analisando as informações que um individuo tem sobre o outro.

Para Moscovici, o sujeito não é um processador de informações


externas, ou um produto de sua realidade, mas um agente ativo no
processo de apropriação da realidade.

Como o homem compreende e se relaciona com a realidade,

como interpreta e dá sentido ao mundo que vive".

Explicações do senso comum são conhecimentos produzidos dessas


interpretações que buscam respostas para sua relação com o mundo.
MOSCOVICI
BUSCOU ROMPER:
Com concepção do saber popular como um saber menor.

Tal concepção é ligada a uma perspectiva evolucionista.

Em contrapartida, Moscovici busca resgatar as dimensões


históricas e culturais na pesquisa psicossocial.
FUNDAMENTOS QUE EMBASARAM
A TEORIA DE MOSCOVICI:
O senso comum surge a partir de processos de
objetivação e ancoragem, seguindo uma
ordem natural e que tem função identitária.

Sujeito ativo
O sujeito remodela e categoriza as informações
as quais ele é confrontado e o faz no contexto de
um conjunto de relações com outros indivíduos
e, é claro, a respeito de objetos 'socialmente
importantes' para ele"
"SOCIEDADE BIFURCADA"

Uma maioria de especialistas e uma maioria de amadores,


consumidores do conhecimento absorvido através de uma
educação sucinta ou através da mídia. A oposição entre o
pensamento standard e o que não é, entre o pensamento
instruído do científico e o pensamento 'ingênuo' do
homem da rua é, definitivamente, menos de ordem lógica
ou orgânica do que de ordem social.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Inviável conviver em sociedade e não ter ideias sobre as coisas

concepções e opiniões que temos a respeito dos diversos objetos sociais

modo de tornar o desconhecido algo palpável

teorias desenvolvidas no senso comum , dependentes de cultura e história

senso comum x conhecimento científico


teoria das representações x representações
TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS:
POR QUE CONSTRUÍMOS REPRESENTAÇÕES?
1- PRESSÃO À INFERÊNCIA: O SUJEITO ESTÁ SEMPRE BUSCANDO O CONSENSO COM SEU
GRUPO, DE FORMA QUE ISSO INFLUENCIA A NATUREZA DOS JULGAMENTOS, PREPARANDO
RESPOSTAS PRÉ-FABRICADAS E FORÇANDO O CONSENSO DE OPINIÃO

2- FOCALIZAÇÃO: O MODO COMO APREENDO INFORMAÇÕES DEPENDE DOS AS


EXPERIÊNCIAS CULTURAIS E HISTÓRICAS QUE VIVI, E CADA GRUPO ATRIBUI O SEU
VALOR A DETERMINADO OBJETO POR CONTA DISSO

3- DEFASAGEM E DISPERSÃO DE INFORMAÇÃO: REFERE-SE ÀS CONDIÇÕES DE ACESSO E


EXPOSIÇÃO À INFORMAÇÃO SOBRE O OBJETO (QUANTIDADE DE INFORMAÇÕES
DISPONÍVEIS E CONDIÇÕES OBJETIVAS DE ACESSO)
DIMENSÕES DA
REPRESENTAÇÃO
COMO SE CONSTRÓI
1 Atitude 1 Objetivação: transformação
do desconhecido em algo
2 Informação familiar

3 Campo de Representação: 2 Ancoragem: assimilação do novo


formado pela atitude e pela com o que já existe
informação
QUAL A FUNÇÃO DAS
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS?
a) Função do Saber: explicar, compreender e dar sentido à realidade social, e
torná-la familiar;

b) Função de Orientação: guias de conduta que orientam as práticas sociais e


precedem o desenvolvimento da ação. Não depende da realidade, mas como o sujeito
representa essa realidade;

c) Função Identidária: um grupo pode ser definido e diferenciado do outro grupo


através da representação, o que permite uma identidade grupal e sensação de
pertencimento;
d) Função Justificadora: uma vez que são guias de conduta, são usadas
para justificar os comportamentos relativos a determinado objeto.
A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES
SOCIAIS E O RACISMO

Conceito de raça

SER BRANCO, OU SEJA, OCUPAR Pressupostos falsos ou imaginários passaram a ter


O LUGAR SIMBÓLICO DE
BRANQUITUDE, NÃO É ALGO
efeitos concretos tão poderosos a ponto de regular
ESTABELECIDO POR QUESTÕES práticas cotidianas, percepções, comportamentos e
GENÉTICAS, MAS SOBRETUDO
POR POSIÇÕES E LUGARES desigualdades entre diferentes grupos humanos
SOCIAIS QUE OS SUJEITOS
OCUPAM
Estudos indicam que o ideal de igualdade racial em
que os brasileiros são socializados opera para
SCHUCMAN, L. Estudo Psicossocial
da branquitude paulistana manter e legitimar as desigualdades raciais
O que é ser branco para você?” (Lia)

“Posso responder o que é ser branco,


eu gosto da minha cor e gosto das
minhas atitudes”.

“Tem a ver com as atitudes?” (Lia)

CONVERSAÇÃO “Não, vou dizer assim, eu gosto da


minha cor e gosto das minhas
SCHUCMAN, L. Estudo Psicossocial da atitudes. O que eu faço na minha vida,
branquitude paulistana sou uma pessoa que trabalho, não
faço coisa errada, então gosto muito
das atitudes da minha sobrevivência,
sempre tento fazer o bem, sempre
tentando as coisas certas.” (Vinicius)
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Dyer (1988) aponta que os estudos que apenas olharam e focaram os
grupos minoritários contribuíram com a ideia de norma dos grupos
hegemônicos, ou seja, olhar apenas para os negros e indígenas, nos
estudos de relações raciais, ajudou a contribuir com a ideia de um
branco cuja identidade racial é a norma
Pergunta 1
A função identitária, de acordo com Serge Moscovici, refere-se ao papel que as
representações sociais desempenham na construção, manutenção, e preservação da
identidade individual e coletiva de um grupo. Elas fornecem aos indivíduos um senso
de pertencimento e uma base compartilhada de quem são e como se relacionam com
os outros, ao fornecerem narrativas, símbolos, e idéias que possibilitam a
interpretação de sua própria história e cultura. Trazendo essa reflexão para o cenário
brasileiro, em um país onde a brancura é vista como ideal, influenciados por uma
visão eurocêntrica de identidade, sendo um de seus principais mecanismos o
apagamento histórico dos povos originários e ancestrais africanos. A partir do
conceito de função identitária acima descrito, quais estrátegias e dispositivos
podemos observar utilizados pelo movimento negro na construção e preservação de
sua identidade grupal e combate ao apagamento histórico da cultura afro-brasileira?
Pergunta 2
Para os estudos de Moscovici (1965), as representações sociais se baseiam no dito de que:
sempre quando ouvimos ou vemos algo, institivamente, supomos que isso não é casual, mas que
este algo deve ter uma causa e um efeito. Isso faz com que tenhamos a necessidade de
decodificar todos os significados que existem em nosso ambiente social, ocasionando o caminho
pela busca da causalidade. Porém, os grupos são capazes de distorcer a causalidade. Moscovici,
inclusive, utiliza-se do exemplo do holocausto, a qual foi criada uma narrativa em que fazia-se
parecer que: se os judeus estão sendo presos é porque eles deveriam ser culpados de algo,
existia um motivo. É dessa forma que grupos dominantes tentam manipular a situação das
representações sociais, fazendo parecer que existem boas razões para tais atos e atitudes.
Assim, caberia dizer que a perpetuação de privilégios da branquitude se enquadra nessa
situação? E, diante dessa situação, de que modo ocorre essa distorção da causalidade?
Pergunta 3
Moscovici esteve interessado em explorar a variação e a diversidade das idéias coletivas nas sociedades
modernas, essa própria diversidade reflete a falta de homogeneidade dentro dessas sociedade, em que as
diferenças refletem uma distribuição desigual de poder e geram uma heterogeneidade de representações.
Mais frequentemente, as representações sociais emergem a partir de pontos duradouros de conflito,
dentro das estruturas representacionais da própria cultura, por exemplo, na tensão entre o
reconhecimento formal da universalidade dos direitos do homem, e sua negação a grupos específicos
dentro da sociedade. Portanto, as representações são sempre um produto da interação e comunicação e
elas tomam sua forma e configuração específicas a qualquer momento, como uma consequência do
equilíbrio específico desses processos de influência social. Há uma relação sutil aqui, entre
representações e influências comunicativas. Com isso Moscovici tem seu foco principal em argumentar
que não apenas a criação coletiva está organizada e estruturada em termos de representações, mas que
essa organização e estrutura é tanto conformada pelas influências comunicativas em ação na sociedade,
como, ao mesmo tempo, serve para tornar a comunicação possível. Precisamente, devido a essa
interconexão, as representações podem também mudar a estabilidade de sua organização e estrutura,
depende da consistência e constância de tais padrões de comunicação, que as mantêm.
Seguindo essa premissa, a situação do negro no Brasil é marcada por diversos mecanismos sociais perversos, que
atuam em nível cultural, econômico e político acentuando a sua exclusão social. As relações de convívio social
passam a ser conflituosas na medida em que não se tem explícito qual é o pertencimento do negro nessa
sociedade, pois a sua posição real de exclusão está camuflada pelo discurso demagógico de democracia racial. De
fato, era de se esperar que na primeira metade do século XX, período em que surgiram as primeiras teorias sobre o
preconceito, a expressão de formas mais abertas de discriminação, uma vez que o discurso ideológico
predominante girava em torno da crença aceita e defendida pela própria ciência, de uma hierarquia biológica entre
as raças. Com relação às características desse discurso, Martinez e Camino (2000) constataram que estudantes
universitários, ao classificarem seu grau de preconceito em uma escala de 10 pontos, consideram que,em média,
seu preconceito é de apenas 3,3 pontos, enquanto o grau médio de racismo da sociedade brasileira seria igual a
7,8 pontos. Levando esses autores a concluir que o discurso ideológico que organiza a representação das relações
raciais no Brasil descreve uma dissociação cognitiva cuja característica central é o fato das pessoas negarem que
são preconceituosas atribuindo a responsabilidade do preconceito a uma abstração: a sociedade brasileira. Com
isso o “racismo à brasileira” cumpre seu papel ideológico mascarando as práticas discriminatórias. Sendo assim, o
sucesso de uma ideologia está relacionado aos discursos cotidianos (ou às teorias de senso comum, na ótica de
Moscovici, 1976) que procura justificar empiricamente o seu próprio sucesso. Portanto, quais são as
características dos discursos racistas e as condições sociais em que são implementados esses discursos no Brasil?
Pergunta 4

Um dos processos que geram as Representações Sociais é o de ancoragem. A Ancoragem é o


processo no qual o indivíduo avalia e rotula um objeto com a finalidade de classificá-lo em categorias
conhecidas, tornando o reconhecimento viável e menos ameaçador. Entretanto, essa ação possui
consequências e de acordo com capítulo "Ancoragem e Objetivação, ou os dois processos que geram
Representações sociais" ao nomearmos algo, nós o confinamos a um conjunto de limites linguísticos,
espaciais e comportamentais [...], Nós levaremos nossa interferência ao ponto de influenciá-lo, pelo
fato de formarmos exigências específicas relacionadas às nossas expectativas". Tendo em vista que a
construção identitária do indivíduo, suas aprendizagens e condutas são construídos em meio social,
como a noção de ancoragem influência no desenvolvimento psíquico de um indivíduo negro e
periférico numa sociedade pautada no racismo como a nossa ?
Pergunta 5
Moscovici definiu a objetivação como o segundo processo de construção das
representações sociais, definindo tal como o processo através do qual o que era
desconhecido se torna conhecido, abstrato se torna concreto e um conceito se
torna uma imagem ou núcleo. A objetivação implica em três momentos: seleção e
descontextualização (dispersão de informações), formação de um núcleo
figurativo (construção de um modelo figurativo a partir da transformação do
conceito) e naturalização dos elementos (elementos construídos socialmente são
postos na realidade do objeto). Tendo tais classificações em mente, como
podemos categorizar dentro da objetivação da representação social os
esteriotipos, microagressões e discriminação da raça negra do Brasil? O que isso
implica no dia a dia da classe dominante em contraste com a dominada ?
Referências
DUVEEN, Gerard. Introdução. O poder das ideias. In Serge Moscovici. Representações sociais:
investigações em psicologia social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007, pp. 7-28.

MOSCOVICI, Serge. Ancoragem e objetivação, ou os dois processos que geram representações


sociais. Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis, RJ: Vozes,
2007, pp. 60-78.

MOSCOVICI, Serge. Causalidades de direita e de esquerda. Representações sociais:


investigações em psicologia social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007, pp. 78-98.

SANTOS, Maria de Fátima. A teoria das representações sociais. In: Maria de Fátima de Souza
Santos e Leda Maria de Almeida (Org.). Diálogos com a teoria das representações sociais.
Recife: Ed. Universitária da UFPE/Ed. Universitária da UFAL, 2005, v. 1, p. 13-38.

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